40 - Pedido de Ingresso como Amicus Curiae - Pedido de Ingresso como Amicus Curiae 1.pdf
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E ... · exercícios, e depois se dispôs a me...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E ... · exercícios, e depois se dispôs a me...
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
LICENCIATURA EM MÚSICA
JURACY PEREIRA DA SILVA
INSTRUMENTOS MUSICAIS COM ADAPTAÇÕES ELETRÔNICAS:
POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS COM AUTISMO
Recife
2018
2
JURACY PEREIRA DA SILVA
INSTRUMENTOS MUSICAIS COM ADAPTAÇÕES ELETRÔNICAS:
POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS COM AUTISMO
Projeto de pesquisa submetido à avaliação como
requisito parcial para aprovação na disciplina MU943 – Trabalho de Conclusão de curso em
Ensino de Música-TCC2, no curso de Licenciatura
em Música da Universidade Federal de
Pernambuco.
Orientadora: Prof. Dra. Viviane dos Santos Louro
Recife
2018
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, a minha esposa, sua vovô
e todos aqueles me auxiliaram e acompanharam e incentivaram
a minha formação pessoal e profissional.
4
AGRADECIMENTOS
Sou grato pela vida e pelas pessoas que fazem parte dela, mas acima de tudo grato a Deus por
me conceder tudo isso.
Aos meus pais que em suas orações intercederam pela minha vitória, e minha esposa que
sempre me apoiou e incentivou a terminar meus estudos para que pudesse ingressar na
faculdade e alcançar a formação profissional.
A minha querida orientadora Profª Drª Viviane dos Santos Louro pelos conhecimentos
teóricos, pelo exemplo de educadora, pela amizade, oportunidade e apoio durante todo o
processo de construção do meu TCC.
Ao professor e diretor do João Pernambuco Abraão Marreira, que me incentivou a ingressar
na UFPE. Também ao meu professor de violão Antero Madureira, que através do seu
testemunho e carreira profissional, me aconselhou a seguir em frente como educador musical.
Aos irmãos; Elias, Juca, Otávio e todos que intercederam a Deus, em meu favor e
compartilharam suas experiências musicais colaborando para meu desenvolvimento e
percepção musical.
A minha amiga e professora, Marineide Rodrigues Gomes que durante a minha passagem
pelo João Pernambuco, como professora de harmônia sentava ao meu lado para esclarecer os
exercícios, e depois se dispôs a me ajudar para realizar as provas de ingresso para o curso de
licenciatura em música da UFPE.
Ao meu tio Luciano Pereira Pontes que ao termino de meu ensino médio me deu uma valiosa
contribuição na área da informática para que eu pudesse me atualizar na web e redes sociais.
Ao professor Flávio Medeiros que me incentivou na criação dos instrumentos musicais a
partir de materiais recicláveis, e sempre citava meu trabalho em suas aulas.
Aos professores; Maria Aida, Cristiane Galdino, Ricardo Brafman, e demais professores, que
com muita paciência e dedicação, ensinaram-me não somente o conteúdo programado, mas
5
também o sentido da amizade e do respeito.
A Lucas Barbosa que sempre me orientava, tirando dúvidas e auxiliando em muitas
atividades, também a Geanne Soares, Debora Lima, Josiane Vieira, Helena Gama. A todos os
amigos que direta ou indiretamente participaram da minha formação, o meu muito eterno
agradecimento, obrigado! Amigos e amigas pela contribuição valiosa durante toda jornada eu
agradeço com um forte abraço.
6
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Tipos de Tecnologia Assistiva ..............................................................................17
Quadro 2. Possibilidades de Tecnologia Assistiva voltada para a educação musical
inclusiva.................................................................................................................... ................18
Quadro 3. Tipos de instrumentos musicais..............................................................................19
Quadro 4. Atividades realizadas sumariamente com o aluno com autismo na pesquisa.........29
Quadro 5. Dificuldades e habilidades do aluno voluntário ....................................................30
LISTA DAS AULAS
Aula 1. Marcha musical e Tocando com as mãos e os pés......................................................31
Aula 2. Desenhando os instrumentos com o lápis sonoro e Tocando os instrumentos
desenhados com o lápis sonoro.................................................................................................32
Aula 3. Organização temporal..................................................................................................33
Aula 4. O som dos instrumentos musicais................................................................................34
7
LISTA DE ABREVIATURAS
APA – American Psychiatric Assiciation. Em português, Associação Americana de
Psiquiatria
AUMI - Adaptive Use Musical Instruments. Em português, Instrumentos musicais usados
Adaptáveis
CID – Classificação Internacional de Doenças
DSM 5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição
MIT - Massachusetts Institute of Technology. Em português, Instituto de Tecnologia de
Massachusetts
PVC - Policloreto de Vinila
SCRs – Silicon Controlled Rectifier. Em português, Retificador de Silício
TA - Tecnologia Assistiva
TIC - Tecnologia da informação e Comunicação
TEA – Transtorno do Espectro Autista
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
USB - Universal Serial Bus, em português. “Porta Universal”
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
8
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo investigar as possibilidades de uso pedagógico musical de
três instrumentos musicais criados/adaptados eletronicamente, para serem utilizados com uma
criança autista. Na pesquisa, é apresentado o processo de construção e adaptações desses
instrumentos (Bongô eletrônico, Lápis sonoro e Metalofone eletromagnético) e os 4 encontros
pedagógicos realizados com uma criança autista de 6 anos de idade, na cidade de Recife.
Como metodologia, utilizamos a pesquisa aplicada que envolve o uso prático dentro de algum
contexto, que no caso, foi a educação especial. Os resultados apontaram que dos 3
instrumentos o lápis sonoro funcionou melhor para trabalhar a percepção auditiva
discriminando os sons graves e agudos.
Palavras chaves: Instrumentos musicais adaptados; autismo; educação musical especial.
9
ABSTRACT
This research intends to investigate the pedagogical use of three musical instruments created /
adapted electronically for use with an autistic child. In the research, the construction process
and adaptations of these instruments (electronic Bongô, sonorous Pencil, and Electromagnetic
Metalofone) and the 4 pedagogical meetings with a 6-year-old autistic child in the city of
Recife are presented. As a methodology, we use applied research that involves practical use
within some context, which in this case was special education. The results indicated that of
the 3 instruments the musical pencil worked best to work the auditory perception by
discriminating the bass and treble sounds.
Keywords: adapted musical instruments; autism; inclusive music education.
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11
1. AUTISMO, INSTRUMENTOS MUSICAIS ELETRÔNICOS E INCLUSÃO
MUSICAL
1.1. O Transtorno do Espectro Autista...............................................................................14
1.2. Tecnologia Assistiva e Instrumentos musicais adaptados e acessíveis........................15
1.3. Instrumentos musicais criados e adaptados para serem aplicados nesta pesquisa........25
1.3.1. Bongô eletrônico......................................................................................................26
1.3.2. Lápis sonoro................................................................................................................27
1.3.3. Metalofone eletromagnético.........................................................................................27
2. METODOLOGIA
2.1. Desenho metodológico e atividades aplicadas..............................................................28
2.2. Perfil do aluno participante...........................................................................................29
3. RESULTADOS..................................................................................................................30
4. DISCUSSÃO......................................................................................................................35
5. CONCLUSÃO...................................................................................................................37
REFERÊNCIAS......................................................................................................................38
APENDICE
Termo de Consentimento Livre e esclarecido...........................................................................43
11
INTRODUÇÃO
Há muito tempo a tecnologia se tornou parte do mundo da música. O Theremim é um
dos primeiros instrumentos musicais, completamente eletrônico, controlado sem qualquer
contato físico pelo músico. Seu nome vem do seu inventor, o russo Léon Theremin, que
patenteou seu dispositivo em 1928 (SOUZA, 2014).
Hoje em dia, o uso de instrumentos eletrônicos, que combinam interfaces gestuais1 e
síntese sonora2 realizada por computadores, é facilitado pela disponibilidade e disseminação
de softwares3 versáteis, com capacidade de processamento em tempo real. Basicamente a
descrição de instrumentos musicais eletrônicos consiste em osciladores4 que são formados por
diversos componentes eletrônicos responsáveis por gerar uma enorme gama frequências que
são convertidas em sinais elétricos através de transdutores (NEWTON C. BRAGA, 2014a).
Existem vários tipos de circuitos osciladores que são empregados na geração de sons musicais
como é o caso de um teclado ou órgão eletrônico, sem falar em inúmeros sintetizadores que
utilizam osciladores na geração de sinais digitais conferindo-lhes uma grande fidelidade na
produção de sinais sonoros.
Os circuitos osciladores também podem ser empregados em uma infinidade de
criações para instrumentos musicais e adaptações nos instrumentos musicais convencionais,
que podem ser utilizados por pessoas com deficiência, facilitando o acesso ao aprendizado
musical. Um exemplo é de um teclado confeccionado para pessoas que não possuem
dissociação de movimentos dos dedos, ou motricidade fina. Este teclado possui uma oitava e
teclas mais largas medindo 5,5cm e está acoplado a um teclado comum. Esta adaptação
eletrônica foi desenvolvida por engenheiros para um centro de reabilitação de São Paulo
(LOURO, 2003; RODRIGUES, 2018).
Segundo Cavalheiros (2002) atualmente, a inclusão social é uma grande preocupação
tanto no Brasil quanto em outros países. Diante dessa realidade, Valente (2005, p. 91)
completa: “podemos entender que a música, por ser algo representativo em todas as culturas
precisa fazer parte dessa inclusão”. Por isso, criar ou adaptar instrumentos musicais através
das diversas tecnologias que produzam solução de problemas se tornou um desafio para que o
1 Interface gestual: é qualquer movimento físico detectado através de sensores, sem a necessidade mecanismos
tradicionais, como mouses ou canetas específicas (SAFFER, 2009). 2 Síntese sonora pode ser definida como a geração de um sinal que cria uma desejada sensação acústica. 3Softwares programas que comandam o funcionamento de um computador.
4 Osciladores são circuitos eletrônicos responsáveis por gerar correntes elétricas que são convertidas em sons
audíveis através de um alto-falante.
12
professor de música possa inserir pessoas com deficiências ou transtornos 5em sua prática
pedagógica. Esta ação nos convida a refletir sobre o sistema no qual a educação musical está
inserida, alinhando com a seguinte afirmação: „‟música é para todos‟‟. Conforme Gardner
(1994; 1995), em princípio, todos são capazes de aprender música, pois ela é inerente ao ser
humano.
Dentre o público de inclusão temos as pessoas com transtornos do espectro autista
(TEA) que vem crescendo significativamente, esses indivíduos podem se beneficiar com a
música tanto no âmbito terapêutico, quanto pedagógico, porque as atividades musicais podem
contribuir no desenvolvimento de aspectos verbais, gestuais, comunicação, reorganização
linguística, teoria da mente, reorganização psicomotora e desenvolvimento do processamento
auditivo central (CRAVEIRO DE SÁ 2003; SAMPAIO, 2015). Portanto, os educadores
musicais precisam se munir de conhecimento para lidar com esses alunos, utilizando
tecnologias e instrumentos acessíveis que podem ser muito interessantes porque estes
indivíduos têm especial interesse em interagir com a tecnologia.
No caso do autismo, citamos o uso da Tecnologia Assistiva (TA) utilizada para
identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar
habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida
independente e inclusão (BERSCH E TONOLLI, 2006). Para pessoas com autismo, a TA
pode contribuir na Comunicação Alternativa (CA), com o uso de pranchas de comunicação
que é um recurso usado para ampliar o repertório comunicativo e que envolve habilidades de
expressão e compreensão. Também, todo aparato tecnológico promovido pela TA pode ser
amplamente utilizado por pessoas com autismo no processo de ensino/aprendizado, seja
musical ou geral.
De acordo com Miranda (2016), o uso de instrumentos musicais criados ou adaptados
para processos pedagógicos e performáticos inclusivos ou direcionados para pessoas com
autismo, podem ser inseridos como uma das possibilidades da TA, como é o caso de
instrumentos como o SoundBeam, makeymakey, Skoog, Arduino, entre outras plataformas
digitais desenvolvidas para o uso na educação musical, a ser citado um exemplo: a lousa
Pimu6. Mas, ainda é novo o uso desses recursos dentro da aula de música direcionado ao
5 Deficiência é o termo usado para definir a ausência ou disfunção de uma estrutura cognitiva, fisiológica ou
anatômica, já o transtorno se refere a alterações mentais que afetam a saúde psíquica e afetam o comportamento. 6http://www.pimu.com.br/
https://www.soundbeam.co.uk/
https://makeymakey.com/
http://skoogmusic.com/
https://www.arduino.cc/
13
público com deficiência ou transtorno, devido à falta de conhecimento dos profissionais da
educação musical em como usa-los de forma eficiente.
Dada as colocações acima, propomos a seguinte problemática para esta pesquisa:
como utilizar instrumentos musicais adaptados ou criados no contexto da aula de música
para crianças com autismo? Portanto, esta pesquisa tem por objetivo geral: Investigar
possibilidades de uso de instrumentos musicais criados e adaptados eletronicamente para
aulas de música com criança com autismo. Já nossos objetivos específicos são: 1. Apresentar
de forma minuciosa o processo de construção e adaptação de 3 instrumentos musicais
acessíveis; 2. Demonstrar como esses instrumentos podem ser utilizados na prática
pedagógica musical com um aluno autista; 3. Promover uma discussão acerca da
acessibilidade pedagógica musical tendo como ponto de partida os instrumentos construídos.
Como metodologia, utilizamos a pesquisa aplicada, que tem como foco a aplicação
prática baseada em teorias, conhecimentos, métodos e técnicas acumuladas das comunidades
de pesquisa para um propósito específico, que procura encontrar soluções para problemas do
cotidiano, geralmente direcionado para um problema (TEREZA E WERLANG 2017).
Portanto, usamos três instrumentos adaptados eletronicamente com uma criança autista de seis
anos de idade em quatro encontros pedagógicos musicais.7
De acordo com Luciana Steffen (2014), o número de publicações voltadas para a
educação musical inclusiva ainda é muito pequeno diante das necessidades. E a maior parte de
trabalhos publicados tem o seu foco voltado às práticas da musicoterapia. Portanto, o trabalho
se justifica pelo motivo de apresentar instrumentos musicais criados e adaptados para
acessibilizar e/ou facilitar o ensino de música para pessoas com deficiência ou transtornos.
Sendo assim, o trabalho será de valia para que a prática musical seja repensada para públicos
diversos, bem como, contribua na formação de professores no que tange o ensino musical
inclusivo e também, abre novos caminhos para o fazer musical de pessoas com dificuldades
acentuadas, diminuindo com isso, o preconceito e ampliando a idéia de diversidade e inclusão
(MORAES, 2013; LOURO, 2006).
Para concluir, esta pesquisa está dividida da seguinte forma: na introdução -
abordamos brevemente o assunto tratado na pesquisa e delimita, objetivos, metodologia,
justificativa e divisão do trabalho; No capitulo 1:descrevemos as questões mais particulares
do autismo e sobre o uso de instrumentos musicais adaptados; No capitulo 2; há a exposição
7 A pesquisa foi realizada na cidade de Recife, Pernambuco.
14
detalhada da metodologia empregada nesta pesquisa; O capitulo 3 apresenta os resultados e o
capitulo 4 promove uma breve discussão sobre a temática deste trabalho; Para finalizar, o
capitulo 5 traz em tópicos as conclusões da pesquisa;
1. AUTISMO, INSTRUMENTOS MUSICAIS ELETRÔNICOS E INCLUSÃO
MUSICAL
1.1. O Transtorno do Espectro Autista
O autismo é um transtorno8que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e
meio e 3 anos, embora os sinais inicias às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida. O
distúrbio afeta a comunicação, capacidade de aprendizado e adaptação social da criança. De
acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), aproximadamente
24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, dentre elas iremos destacar
somente o autismo que atualmente, pelo DSM-59, é denominado por Transtorno de Espectro
Autista (TEA) (APA,2014).
O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do
comportamento e de entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas, geralmente,
aparecem antes dos 3 anos de idade e compromete a imaginação, socialização e comunicação.
Tudo isto associado a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados,
chamados também de estereotipias (GESCHWIND, 2009). Conforme o DSM – 5, para que
uma pessoa seja diagnosticada com TEA, é preciso que o indivíduo apresente pelo menos 6
(seis) de doze sintomas contidos nesse manual, e pelo menos dois sintomas devem estar
relacionados a interação social, um na área de comunicação e outro na área de
comportamentos, e ainda ter atraso em qualquer dessas áreas (APA, 214).
As causas que provocam o autismo são desconhecidas. A complexidade desse
transtorno e os sintomas e severidade podem variar (espectro). Apesar de nenhum gene ter
sido identificado como causador do autismo, pesquisadores estão procurando mutações do
8Um transtorno é descrito como uma condição mental ou psicológica que pode afetar várias áreas da vida de um
indivíduo, como a interação social. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Protocolo
Facultativo à Convenção sobre os direitos das pessoas com Deficiência – Decreto Legislativo nº 186/2008 –
Decreto nº 6.949/2009. 9A nova classificação americana para os transtornos mentais, DSM-5 é uma sigla inglesa, Diagnostic and
Statistical Manual, que significa Manual de Diagnóstico e Estatística e o número 5 da sigla é usado para indicar
que já foram feitas cinco revisões.
15
código genético que as crianças com autismo possam ter herdado. A compreensão das
alterações dos mecanismos do cérebro autista pode estimular a elaboração de novas e mais
adequadas estratégias sociais para estes pacientes (ZILBOVICIUS, 2006). Assim, novas
conexões neurais podem se formar a partir de estímulos efetuados por terapia, com intuito de
compensar ou amenizar as falhas de comunicação entre estas áreas.
As principais características do autismo são: isolamento social, atraso de linguagem,
dificuldade na teoria da mente10
e uso de estereotipias ou rotinas. Consequentemente, os
processos de aprendizagem ficam prejudicados, desde noções básicas de higiene até o
conteúdo escolar e ainda podem apresentar um comportamento social impróprio com atitudes
inadequadas para o contexto. O autismo é conhecido popularmente pelo isolamento social,
que pode se agravar com o passar dos anos caso não passe por tratamentos terapêuticos
adequados, podendo gerar comorbidades11
, tais como depressão e ansiedade, dentre outros
(APA, 2014).
O tratamento pode ser realizado através de terapias, que podem auxiliar na redução
dos sintomas típicos do TEA. Para melhorar a interação social, também são usadas terapias
em grupo e terapia comportamental que facilitam as atividades diárias e ainda sessão de
fonoaudiologia para melhorar a dicção e a comunicação. Ainda de acordo com Assumpção e
Pimentel (2000), podem ser utilizados medicamentos, objetivando a redução dos sintomas
relativos ao comportamento, tais como irritabilidade, agressividade, agitação, dentre outros
(SANTIAGO, 2017).
1.2. Tecnologia Assistiva e Instrumentos musicais adaptados e acessíveis
Hoje em dia o número de pessoas com TEA em sala de aula vem aumentando e por
esse motivo, os docentes precisam estar capacitados para receber e incluir esse público. A
falta de preparação pode dificultar a falta de percepção das necessidades do aluno (JORDAN,
2005). Atualmente, oferecer recursos que possibilitem o acesso de pessoas com deficiência ou
algum tipo de transtorno na educação musical se tornou um desafio para os professores de
música, tendo em vista o fato de que ainda existem poucas pesquisas e livros que abordam o
10Teoria da mente é a capacidade cognitiva para atribuir estados mentais a outras pessoas e predizer o
comportamento das mesmas em função destas atribuições (Premack &Woodruff, 1978). 11Comorbidade é o termo utilizado para designar o diagnóstico de duas ou mais patologias relacionadas em um
mesmo indivíduo.
16
tema música e deficiência ou música e inclusão, sendo esse material, em sua grande maioria,
ainda da área de musicoterapia (LOURO, 2006).
A luz inclusiva pode trafegar por vários campos de conhecimento para reunir inúmeras
possibilidades a favor do fazer musical. Nesse sentido, a Tecnologia Assistiva é um recurso
fundamental que deve dialogar com a aula de música (MIRANDA, 2016; LOURO, 2018). “A
tecnologia pode ser entendida de muitas maneiras diferentes, mas o seu cerne é „‟produzir
solução para problemas. Assim, é necessário detectar o problema, debater e traçar modos para
desenvolver ou contornar a questão” (MIRANDA, 2016, p. 101).
A Tecnologia Assistiva é uma expressão nova, que se refere a um conceito que ainda
está em processo de construção e organização. Tecnologia Assistiva é uma área do
conhecimento, interdisciplinar, que engloba:
Produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação
de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CAT,
2006).12
Segundo Louro (2006, p.73):
“A TA pode ser comercializada em série, confeccionada sob encomenda ou
desenvolvida artesanalmente. Se produzida para atender um caso especifico,
é denominada individualizada. Ela pode também ser conceituada como
geral, quando aplicada à maioria das atividades que o usuário desenvolve
(como um sistema de assento que favorece diversas habilidades do usuário),
ou especifica, quando utilizada em uma única atividade (por exemplo,
instrumentos para alimentação, órtese para auxiliar a execução de
determinado instrumento musical, entre outros).”
A Tecnologia Assistiva vem conquistando um espaço importante na educação
especial, no Brasil, e nos últimos anos podemos verificar o aumento de estudos sobre esta
temática (BARNES; 2001 et al).
12 http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes/tecnologia-assistiva
17
A TA é dividida em categorias, conforme colocado no quarto 1.
Quadro 1. Tipos de Tecnologia Assistiva (BERSCH, 2018)13
.
Principais tipos de TA,
segundo áreas de
aplicação
Descrição
Adaptações para
Atividades da Vida
Diária e da Vida Prática
Dispositivos que auxiliam no desempenho de tarefas de autocuidado,
como o banho, o preparo de alimentos, a manutenção do lar,
alimentação, vestuário, entre outras.
Sistemas de
Comunicação
Permitem o desenvolvimento da expressão e recepção de mensagens.
Existem sistemas computadorizados e manuais. Variam de acordo com o
tipo, severidade e progressão da incapacidade.
Dispositivos para
Utilização de
Computadores
Existem recursos para recepção e emissão de mensagens, acessos
alternativos, teclados e mouses adaptados, que permitem a pessoas com
lesões físicas operar computadores.
Unidades de Controle
Ambiental
São unidades computadorizadas que permitem o controle de
equipamentos eletrodomésticos, sistemas de segurança, de comunicação,
de iluminação, em casa ou em outros ambientes.
Adaptações Estruturais
em Ambientes
Domésticos, Profissionais
ou Públicos
São dispositivos que reduzem ou eliminam barreiras arquitetônicas,
como por exemplo; rampas, elevadores, entre outros.
Adequação da Postura
Sentada
Existe um grande número de produtos que permitem montar sistemas de
assento e adaptações em cadeiras de rodas individualizados. Permitem
uma adequação da postura sentada que favorece a estabilidade corporal,
a distribuição equilibrada da pressão na superfície da pele, o conforto, o
suporte postural.
Adaptações para Deficits
Visuais e Auditivos
São lentes de aumento, telas aumentadas, sistemas de alerta visuais,
amplificadores e outros.
Equipamentos para a
Mobilidade
São as cadeiras de rodas e outros equipamentos de mobilidade, como
andadores, bengalas, muletas e acessórios. Ao selecionar um dispositivo
de auxílio à mobilidade, este deve ser adequado à necessidade funcional
do usuário, avaliando-se força, equilíbrio, coordenação, capacidades
cognitivas, medidas antropométricas e postura funcional.
Adaptações em Veículos
Incluem as modificações em veículos para a direção segura, sistemas
para acesso e saída do veículo, como elevadores de plataforma ou
dobráveis, plataformas rotativas, plataformas sob o veículo, guindastes,
tábuas de transferência, correias e barras.
13disponível em http://www.assistiva.com.br/
18
Além dos recursos acima, podemos encontrar inúmeras adaptações que podem auxiliar
na questão de educação musical inclusiva. Essas também podem ser consideradas Tecnologias
Assistivas (quadro 2).
Quadro 2. Possibilidades de Tecnologia Assistiva voltada para a educação musical inclusiva a partir
de Louro (2003, 2006, 2016, 2018).
Tipo de TA
Descrição
Dispositivos e
Adaptações
instrumentais
Alterações no instrumento musical ou para o instrumento musical. Por
exemplo, uma adaptação que é feita para flauta que vai ser tocada por uma
pessoa que possui somente um braço.
Órteses
Quando a pessoa utiliza um aparelho prescrito e fabricado por profissionais da
área de saúde para estabilizar ou promover uma função física, que poderá
ajudar na execução de um instrumento musical.
Mobiliário
Quando há alterações em móveis (cama, mesa, cadeira) com a finalidade de
facilitar o estudo da música ou posicionamento da pessoa com deficiência
física para a aprendizagem teórica ou pratica instrumental. Ex: mesa adaptada
para cadeira de rodas, cadeiras especiais ou estantes adaptadas, para o uso de
partituras.
Instrumentos
acessíveis
Criação de instrumentos específicos para pessoas com deficiências ou
instrumentos digitais que podem ser de fácil acesso a pessoas com deficiência.
Sofwares ou
adaptações no
Computador
Recursos digitais tais como a programas musicais, permitindo a escrita musical,
programação e gravações de arranjos musicais.
Pranchas de
comunicação
Fazem parte da „‟Comunicação Alternativa‟‟ que por sua vez, associa à
Tecnologia Assistiva. São formadas por símbolos que são apontados pela
pessoa com deficiência, para uma efetiva comunicação.
Adaptações
Pedagógicas
Modificações feitas para contemplar pessoas com deficiência intelectual e
visual, que muitas vezes precisam de flexibilidade no conteúdo pedagógico,
para que possam ser incluídos dentro do currículo escolar.
Alterações
musicais
Discretas mudanças na escrita musical frente a obra original, de maneira a não
alterar seu conteúdo e sentido primordial, fazendo transposição da altura de
notas, omitindo algumas notas de passagem, pequenas alterações rítmicas,
mexer no aspecto visual da escrita usando cores ou tamanho das notas.
Alteração técnico-
musical
Quando há modificações no dedilhado, distribuição das vozes, andamento,
dinâmica, posicionamento das mãos, etc. Como exemplo de citação e o caso do
violonista pernambucano (Neneu) que devido a sua deficiência toca o violão
deitado em cima de uma plataforma como se fosse um piano.
19
Como vimos, adaptações de instrumentos ou criações de instrumentos acessíveis
também é foco da TA. Nesse caso, precisamos entender que há tipos diferentes de
instrumentos musicais, conforme o quadro 3. Para cada tipo de instrumento, teremos
possibilidades distintas de adaptações, bem como, para saber qual adaptação promover,
precisamos saber qual tipo de deficiência a pessoa apresenta, para depois de estudar o seu
caso, direcionar a adaptação para o melhor tipo de instrumento. Além disso, precisamos saber
se o instrumento a ser adaptado tem uma finalidade somente pedagógica, ou seja, para ser
utilizado em contexto de sala de aula com pequenos grupos, ou se a proposta é artística
performática, pois nesse segundo caso, a adaptação não pode modificar a proposta original da
qualidade sonora e técnica do instrumento.
Quadro 3. Tipos de instrumentos musicais.
Tipo de instrumento Descrição Exemplos
Cordofones
São aqueles que o som é
produzido pela vibração de
cordas tensionadas.
Violão, cavaquinho, bandolim, piano
acústico, violino, violoncelo, harpa,
berimbau, Cítara etc.
Aerofones
São aqueles que o som é
produzido pela vibração de
uma coluna de ar.
Flauta, trompete, trombone, clarinete,
saxofone, oboé, fagote etc.
Membranofones
Nos membranofones o som e
produzido em uma
membrana tensionada.
Bateria, caixa, tarol, atabaque, bongô, cuíca,
pandeiro, tambores, kazoos, etc.
Idiofones
Os idiofones e a própria
vibração do corpo do
instrumento que produz o
som.
Agogô, afoxé, bloco sonoro, xilofones,
metalofones, reco-reco, triângulo, xequerê,
maracás, matraca, pratos etc.
Eletrofones
São aqueles que o som é
produzido por meio de uma
corrente elétrica através de
um alto falante.
Contra baixo, guitarra, teclados,
sintetizadores, ondas de martenot, bateria
eletrônica, theremim etc.
No que se refere a aplicabilidade pedagógica musical de instrumentos adaptados ou
acessíveis vamos citar um caso de adaptação em um violão (figura 1) que foi realizada pelo
músico e professor Reinaldo Amorim Casteluzzo14
. Ele criou o violão terapêutico de 12
cordas, de modo que todo conjunto de cordas já estão afinadas para produzirem acordes
14https://pt-br.facebook.com/public/Reinaldo-Amorim https://twitter.com/RCasteluzzo
20
distintos, dessa forma, este violão pode ser tocado usando apenas uma das mãos para tanger
os acordes necessários acompanhando uma determinada música. Este violão adaptado foi
trabalhado na luthieria15
para permanecer com a mesma estética do violão tradicional, mas
exercendo a função de três violões e usando uma afinação chamada cebolão16
. A sua
adaptação foi bem sucedida porque pessoas com deficiências em uma das mãos passaram a
tocar o instrumento somente tangendo as cordas sem a necessidade de formar os acordes com
a outra mão. A sua adaptação permite que a pessoa toque três acordes, mas que podem ser
expandidos para mais acordes com o auxilio de um capotraste17
que é um dispositivo que
prende as cordas em uma determinada região do braço do instrumento para transpor as notas.
Figura 1. Violão projetado para ser tocado apenas com uma das mãos18
.
Ao falar sobre outras adaptações, podemos imaginar uma geração de novos
instrumentos musicais que podem ser construídos ou adaptados para inserir as pessoas com
algum tipo de deficiência ou transtornos. Estas adaptações podem envolver partes eletrônicas
ou não, para tornar possível o seu manuseio em uma aula de educação musical.
Durante a pesquisa desse trabalho encontramos a publicação de um relato de
experiência realizada por estudantes do projeto de extensão Paramec19
do departamento de
engenharia mecânica da UFMG, Uberlândia, (2014). Este grupo de estudantes conseguiu criar
e adaptar um suporte que é formado por partes mecânicas e eletrônicas que encaixado no
braço de uma guitarra, permite, de forma simples, a formação de acordes, chamado de
Suporte Facilitador de Acordes (figura 2). Todo conjunto possui botões que acionam um
sistema de roldanas que prendem as cordas formando os acordes.
15 Profissão artística que engloba a produção artesanal de instrumentos musicais. 16 Tipo de afinação usada na viola caipira para se obter alturas diferentes. 17 Peça que prende as cordas do violão em forma de pestana para se tocar em outra tonalidade. 18 https://www.cifraclubnews.com.br/noticias/141146-musico-brasileiro-cria-violao-que-pode-ser-tocado-com-
uma-so-mao.html). 19Tecnologia a serviço da sociedade. Projeto da UFMG desenvolve equipamentos para pessoas com deficiência,
a baixo custo.
21
Figura 2. Protótipo do Suporte Facilitador de Acordes posicionado em uma guitarra.20
Além das possíveis adaptações dos instrumentos musicais, também podemos encontrar
alterações que são feitas no instrumento, como é o caso de um teclado tradicional que foi
alterado para ser acoplado em outro teclado que possui teclas com dimensões maiores (fig.3).
Dessa forma, uma pessoa que não possui dissociação de movimentos dos dedos, ou
motricidade fina poderá tocar o instrumento sem nenhum impedimento (LOURO, 2018).
Figura 3.Teclado adaptado. Em cima: teclado normal, embaixo:
teclado com teclas em proporções maiores - 5,5 cm cada21
20http://www.periodicos.usp.br/rto/article/download/87223/96393/). 21 Retirado de Louro (2018, p.76).
22
Além desses instrumentos, existem instrumentos eletrônicos acessíveis tais como:
● Makey Makey– trata-se de um acionador digital estruturado em uma plaquinha pequena,
semelhante a um joystich de vídeo game, com setas e dois círculos desenhados. Ela é
cheia de furos para conectar os fios ali e, depois, aos objetos que ganharão vida para
interagir com um desenho de um piano que aparece na tela do computador. Estes objetos
podem ser quaisquer coisas que possam conduzir uma pequena corrente elétrica, tais
como gelatinas, frutas, massinha de modelar, ou o próprio corpo humano (figura 4).
Figura 4.MakeyMakey acoplado a gelatinas que tocam o som de um piano.22
Lousa Pimu- é um quadro que possui 24 pontos musicais que podem ser configurados
sonoramente da maneira que o usuário quiser. Por meio de um dispositivo USB esses pontos
são ativados quando ligados à borda da lousa. Isso pode ser feito com tinta, massinha de
modelar ou até mesmo com o dedo ou outros materiais condutivos. Ao tocar o ponto o som é
acionado e o mesmo cessa, quando a ligação é interrompida (figura 5).
Figura 5. Lousa Pimu permite tocar musica pintando.23
22https://growingupbilingual.com/2016/education/makey-makey/
23https://www.hypeness.com.br/2017/08/brasileiro-cria-a-primeira-lousa-musical-do-mundo-para-compor-
atraves-da-tinta/
23
Skoog - Para muitas crianças a barreira para fazer música é a habilidade física, necessária
para tocar um instrumento tradicional. No caso do Skoog (figura 6) essa barreira é quebrada,
porque este instrumento permite fazer música com qualquer parte do corpo. O Skoog possuí
tecnologia TIC (Tecnologia da informação e Comunicação) e é um instrumento musical em
forma de um cubo, confeccionado em material macio, maleável que se conecta ao iPad. Os
usuários podem tocar, apertar, chacoalhar ou encostar nele com qualquer parte do corpo para
produzir música desde o primeiro contato.
Figura 6. Skoog - instrumento que pode ser usado na educação musical inclusiva.24
Soudbeam- é um dispositivo desenvolvido pela The Soundbeam Project/EMS, que emite uma
série de feixes ultra-sônicos.25
Quando esta emissão ultra-sônica é interrompida através dos
movimentos de uma pessoa, o aparelho produz sons, melodias, e músicas (figura 7).
Figura 7. Soundbeam reage aos movimentos feitos no ar e emite sons e música a partir deles.26
24https://www.alamy.pt/foto-imagem-skoog-instrumento-musical-desenvolvido-pela-universidade-de-
edimburgo-criancas-que-nao-sao-capazes-de-reproduzir-os-instrumentos-tradicionais-30118093.html 25Ultra-som é um fenômeno vibratório da mesma natureza física que o som, mas com frequências acima do
limite máximo da audibilidade. 26https://www.google.com.br/search?q=sound+beam&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwin4ve8hK
neAhWEEpAKHVSHCL4Q_AUIDygC&biw=1280&bih=918#imgrc=TtJwODJzCcEEWM:
24
Aumi (Adaptive Use Musical Instruments) - é um software27
de computador que capta gestos
e movimentos faciais de uma pessoa através de uma webcam. O software AUMI (figura 8)
rastreia os movimentos do usuário e produz sons e cria padrões rítmicos a partir desses
movimentos. O Aumi pode ser usado por qualquer pessoa, mas o seu foco tem sido trabalhar
com crianças com deficiências físicas profundas e autismo.
Figura 8. Imagem do AUMI em uma demonstração em vídeo do software28
.
Todos os instrumentos acima relatados, principalmente os eletrônicos e acessíveis,
podem ser utilizados com pessoas com autismo, pois a atração de crianças autistas por
dispositivos tecnológicos é frequentemente relatada pelos pais e médicos. As novas
tecnologias da informação, considerando o uso na medida certa, ao contrário do que se
pensava, podem ajudar as crianças a incrementar o aprendizado e a interação social (LIMA
“e” CASTRO, 2012a).
Portanto, a musicalização para este público, com o apoio da tecnologia, é importante e
por vezes, essencial, pois se apropria de recursos como sons, timbres, vozes e instrumentos
musicais diversos, propiciando aos indivíduos com TEA que aprimorem suas habilidades
musicais, além de contribuir no desenvolvimento global, em aspectos como organização
cognitiva, espacial, social, emocional e com a comunicação.
Diante de tudo que vimos, podemos destacar a importância na formação dos
professores em tomar conhecimento dessas novas tecnologias que estão disponíveis no
mercado, bem como, pensarmos em desenvolver novos materiais e instrumentos adaptados
conforme a necessidade de nossos alunos (certamente, tendo profissionais qualificados para
isso).
27 Programas que comandam o funcionamento de um computador. 28http://approach.rpi.edu/2011/03/25/music-at-work
25
Para encerrar, precisamos ter claro que esses instrumentos podem ser utilizados em
diversos contextos: educação musical inclusiva ou especial29
, musicoterapia, entretenimento,
estimulação global ou performance artística. No caso desta pesquisa, o foco é o uso
pedagógico musical no contexto da educação especial, não tendo como pretensão a
contribuição na saúde ou desenvolvimento global do indivíduo. É comum as pessoas
confundirem educação musical com musicoterapia quando o público são pessoas com
deficiências ou transtornos, como é o caso do TEA. Mas, por mais que possam ter
semelhanças no trabalho de ambas as áreas diante de alunos com autismo, essas duas
vertentes possuem conceitos e objetivos muito diferentes.
Bruscia, K. E. (2000), comentam que a musicoterapia é a aplicação cientifica das
possibilidades da música que pode auxiliar os processos de recuperação psicofísica das
pessoas. Por outro lado, coloca educação musical como o modo de sensibilizar e desenvolver
integralmente o educando e capacitá-lo para tornar possível seu sucesso ao conhecimento e
prazer musical.
De acordo com as afirmações dos autores acima, podemos perceber a diferença que se
dá entre esses dois enfoques, isto é, o procedimento, intenção e objetivos de ambas as áreas
são distintas, mesmo que os resultados da educação musical e da musicoterapia sejam
aparentemente similares. Diante destas exposições, cabe a cada profissional pensar a melhor
forma de utilizar os conceitos e instrumentos adaptados ou acessíveis para sua realidade e
seus objetivos.
1.3. Instrumentos musicais criados e adaptados para serem aplicados nesta pesquisa
Neste trabalho, foram utilizados três instrumentos musicais criados por mim. O
primeiro instrumento que montei foi o bongô eletrônico com o intuito de usá-lo para ditados
rítmicos com alguns alunos dentro da sala de aula. O processo de criação ocorreu através de
pequenas experiências, que envolveram a montagem de pequenos circuitos eletrônicos, que
produzem som através da corrente elétrica em um alto falante. O segundo instrumento
confeccionado, foi o lápis sonoro (que já existe no mercado), mas a minha versão de
montagem foi modificada eletronicamente e adaptada para trabalhar pequenas melodias e
29 Educação inclusiva: sistema educacional onde há crianças com e sem deficiências inseridas no ambiente
escolar. Educação especial: grupos estudantis somente com pessoas com deficiências.
26
também a percepção auditiva quanto aos sons graves e agudos. Já o terceiro instrumento
produzido e que levou mais tempo foi o metalofone eletromagnético, porque sua montagem,
consiste em duas partes: uma artesanal e outra eletrônica (que gera o movimento das barras
sonoras30
através da indução eletromagnética). Outro fato muito importante para a construção
destes instrumentos é que quase todo material usado veio da reciclagem de peças eletrônicas e
tem baixo custo.
1.3.1.Bongô eletrônico
Instrumento musical construído a partir de um oscilador eletrônico chamado duplo
„‟T‟‟ circuito que gera sinais de áudio amortecido para serem produzidos por um alto-falante.
Este instrumento ao invés de um bongô tradicional que é feito de madeira e tem um peso
considerável, e bem leve e portátil podendo ser ligado a qualquer caixa amplificada e tocado
com (figura 9).
Figura 9. Foto do bongô eletrônico.
Dimensões: 12x10cm peso: 220gm
(retirado do arquivo pessoal do pesquisador).
1.3.2. Lápis sonoro eletrônico
É um lápis eletrônico que permite fazer música enquanto se escreve ou desenha. O
circuito original foi desenvolvido pelos gênios do MIT (Massachusetts Institute of
Technology). A minha versão de montagem foi aperfeiçoada e customizada para o contexto
da educação musical inclusiva, usando uma caixa patola31
que comporta um oscilador
eletrônico responsável por gerar sinais sonoros. Essencialmente é um sintetizador musical
bastante simplificado que utiliza as propriedades condutivas do grafite para criar diferentes
30 Também chamado de, teclas do metalofone 31 Gabinete plástico usado para comportar montagem de um circuito eletrônico
27
sons. O resultado é um brinquedo divertido que transforma qualquer pedaço de papel em um
instrumento musical (figura 10).
Figura 10. Foto do Lápis sonoro eletrônico.
Dimensões; 7x5cm Peso; 70gm (retirado do arquivo pessoal do pesquisador).
1.3.3. Metalofone eletromagnético
Este modelo é uma versão de metalofone estruturado sobre uma caixa de madeira com
duas barras de metal que produzem duas notas musicais, dó e sol. Em um instrumento
convencional ele é tocado com baquetas nas mãos que percutem as barras. Em nosso projeto o
mesmo instrumento foi construído para ser tocado tanto por baquetas ou pisando acionadores
que ficam posicionados no chão. Estes acionadores ou chaves push button NA, quando
acionados pelos pés fecham um circuito eletrônico formado por indutores e Tiristores
unilaterais ou SCRs32
(Diodo Controlado de Silício) que vai gerar um campo eletro-magnético
expulsando do seu interior uma pequena baqueta metálica, que por sua vez vai percutir as
barras sonoras (figura 11).
Figura 11. Foto do Metalofone eletromagnético.
Dimensões; 12x17cm, Peso; 400gm (retirado do arquivo pessoal do pesquisador).
32 Componentes eletrônicos a base de silício.
28
2. METODOLOGIA
2.1. Desenho metodológico e atividades aplicadas
A metodologia escolhida foi a “pesquisa aplicada”, que tem por foco a aplicação
prática baseada em teorias, conhecimentos, métodos e técnicas acumuladas das comunidades
de pesquisa para um propósito específico, que procura encontrar soluções para problemas do
cotidiano, geralmente direcionado para um problema (TEREZA E WERLANG, 2017). Nesse
caso, nos munimos do embasamento teórico da Tecnologia Assistiva para criarmos e
aplicarmos pedagogicamente 3 instrumentos musicais para uma criança com diagnóstico de
autismo.
O critério de inclusão para a pesquisa foi: ser diagnosticado com Transtorno do
Espectro Autista e ter interesse em aprender música. Como o objetivo do trabalho não é
averiguar o aprendizado em si, no sentido de rendimento, mas sim, verificar as possibilidades
de uso dos instrumentos, não nos ativemos ao potencial cognitivo e motor do aluno
participante, nem nos preocupamos se o mesmo já possuía conteúdos musicais previamente
aprendidos.
Foram ofertados 4 encontros pedagógicos musicais para um estudante voluntário
T.C.M. com 6 anos de idade, com autismo. Os encontros foram realizados semanalmente no
salão de festa do condomínio de apartamentos onde ele reside (Recife). Este espaço possui:
uma cozinha, banheiros, mesas, cadeiras, ar condicionado, janelões de vidro com cortinas e
vista para uma piscina que fica bem de frente pra o salão. Outro detalhe a ser destacado é que
este ambiente se tornou parte da rotina de todas as atividades trabalhadas com o menino.
As aulas que os instrumentos adaptados foram utilizados, ocorreram nos dias 17 e 24
de Setembro e dias 1 e 8 de outubro de 2018, sendo cada aula com duração de quarenta
minutos. Antes do início das aulas, a mãe do menino assinou o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido que encontra-se no apêndice. O voluntário chegou até a pesquisa através
da indicação de uma clínica de fonoaudiologia em Recife, portanto trata-se de uma amostra
por conveniência.
Cada aula teve conteúdo musical específico levando em consideração o potencial do
aluno, sendo que o primeiro encontro foi para mapear as habilidades e dificuldades do
voluntário e apresentar de forma lúdica os instrumentos que seriam utilizados nas aulas. Os
29
demais encontros tiveram o foco mais direcionado para as questões musicais escolhidas para
trabalhar nas aulas conforme o quadro 4. Sendo assim, precisa ficar claro que não
pretendemos desenvolver uma metodologia, mas sim, somente descrever possibilidades de
uso dos instrumentos em questão, a partir da experiência pedagógica da criança que participou
desta pesquisa.
Quadro 4. Atividades realizadas sumariamente com o aluno com autismo na pesquisa.
Aula Objetivos musicais gerais Ação realizada/ instrumento utilizado
1 Mapeamento das dificuldades e
habilidades do aluno para
planejamento do uso dos
instrumentos nos próximos
encontros.
Conversa inicial com cuidadora do aluno; observação
do comportamento da criança, sondagem do
repertório musical ouvido pelo do aluno e
brincadeiras musicais diversas para observação das
questões cognitivas e motoras.
2 Pulsação Metalofone eletromagnético.
3 Altura Lápis sonoro que emite sons.
4 Timbre Bongô eletrônico, Lápis sonoro e Metalofone
eletromagnético.
As aulas foram fotografadas e filmadas, bem como, foram feitas anotações no decorrer
da mesma, que a posteriori foram organizadas em uma ficha de anotações que compõem os
resultados desta pesquisa.
2.2. Perfil do aluno participante
Participou da pesquisa o aluno com as iniciais T.C.M., do sexo masculino com 6 anos
de idade com Transtorno do Espectro Autista (CID 10: F84)33
. Seu diagnóstico se deu aos 5
anos de idade e atualmente seu comportamento é bastante inquieto e possui dificuldade em se
concentrar no que lhe é oferecido como atividade, por dispersar-se facilmente. Tem
dificuldades em lidar com as frustações, frequentemente reagindo com choro e birra quando
contrariado (quadro 5).
Expressa-se verbalmente com boa articulação de palavras, porém com palavras e
33Classificação Internacional de Doenças para o autismo infantil (disponível em:
http://www.medicinanet.com.br/cid10/1569/f84_transtornos_globais_do_desenvolvimento.htm
30
“falas” fora de contexto. Tem bom potencial cognitivo aprendendo com facilidade palavras e
cores. De acordo com seu laudo médico, apresenta comportamento de hiperatividade com
padrão de movimento (estereotipia) acentuado, além de atenção fragmentada. As alterações
em relação às questões sensoriais do ambiente, impactam sua atenção, comportamento,
interação e comunicação. A criança gosta de explorar bastante o ambiente e apresenta
interesses diversos, porém demonstra bastante interesse por música. Esta via de comunicação
tem ampliado seu tempo de atenção e concentração.
Quadro 5. Dificuldades e habilidades do aluno voluntário (retirado do laudo médico e observações em
aulas).
Dificuldades Habilidades
Apresenta comprometimentos na comunicação,
sociabilização e teoria da mente.
Realiza as atividades de musicalização em
tempo recorde
Apresenta ecolalia tardia, ou seja, repete frases
ouvida depois de um tempo.
Consegue memorizar em sequência os
personagens e elementos de determinadas
músicas e depois sequencia-los.
Não consegue ficar focado muito tempo em uma
atividade.
Apresenta afinação e consegue cantar a escala
maior nos 12 semitons.
Apresenta sensibilidade exacerbada aos sons
muito agudos trazendo desconforto
(hipersensibilidade auditiva).
Consegue tocar de ouvido no teclado, ou
metalofone o tema do vídeo PBS Kids e
pequenas melodias que já ouviu.
3. RESULTADOS
Para facilitar a organização e leitura dos resultados, criamos uma ficha de anotação
com os dados do que foi realizado em cada encontro. As quatro fichas encontram-se abaixo na
ordem das aulas aplicadas.
31
Aula 1 Dia 17 de Setembro de 2018 Duração: 40 minutos
Atividade 1
Marcha musical
Atividade 2
Tocando com as mãos e os pés
Objetivo Trabalhar o pulso da música através
do corpo dentro do espaço físico
Trabalhar pulso musical e coordenação
motora.
Descrição Para esta atividade, o professor
cantou e caminhou de acordo com o
pulso da música sugerida, depois o
professor pede para que o aluno faça
o mesmo
Em continuidade ao primeiro exercício, o
professor pediu para o aluno ouvir, e
agora tentar marcar o pulso da música
cantada, utilizando o instrumento
proposto
Música usada Sopa do Neném (1ª faixa do CD
bafafá 2017 palavra cantada)
Sopa do Neném (1ª faixa do CD bafafá
2017 palavra cantada)
Instrumento
criado
Metalofone Eletromagnético Metalofone Eletromagnético
Instrumentos
convencionais
Violão e pandeiro Violão e pandeiro
Outros
materiais
pedagógicos
Mini amplificador, mp3, cartelas,
cubos de EVA
Mini amplificador, mp3, cartelas, cubos
de EVA
Espaço e
mobiliário
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Resultados
Atividade 1: o aluno apresentou dificuldades iniciais de orientação espacial, marchando
aleatoriamente, mas após várias repetições da mesma atividade ele conseguiu marcar o passo de
acordo com o pulso da música e começou a mostrar interesse pela linguagem musical.
Atividade 2: o aluno começou a perceber que poderia acionar o metalofone eletromagnético
usando as mãos ou os pés, para marcar o pulso musical, melhorando atenção e coordenação motora,
além de manter a pulsação.
Comportamento do aluno: Como é característica de quase todos autistas, neste primeiro encontro
o aluno se portou de forma inquieta, conseguindo focar nas atividades somente em pequenos
intervalos de tempo.
Observações: Durante essa aula pude perceber que a criança além de gostar da música sugerida, ele
começou a fazer sequência dos elementos que aparecem durante a música, e também a tocar outros
instrumentos musicais que disponibilizei durante o encontro.
32
Aula 2 Dia 24 de Setembro de 2018 Duração: 40 minutos
Atividade 1
Desenhando os instrumentos com
lápis sonoro;
Atividade 2
Tocando os instrumentos desenhados com
o lápis sonoro;
Objetivo Explorar os sons que os desenhos
produzem, utilizando o lápis musical
Trabalhar a percepção auditiva quanto
aos sons graves e agudos, produzidos
pelo lápis musical
Descrição Para esta atividade, o professor pediu
para o aluno cobrir o desenho de um
teclado e uma trombeta usando o
lápis sonoro que emite sons de
diversas alturas conforme a pressão
exercida sobre o mesmo
Esta atividade é a continuação da
primeira. Solicitei ao aluno correr a ponta
do lápis sobre o desenho do teclado e a
trombeta, e depois assinalar com a mão
para baixo quando o som era grave, e
para cima quando o som era agudo.
Música usada Não foi utilizada nenhuma música Não foi utilizada nenhuma música
Instrumento
criado
Lápis sonoro Lápis sonoro
Instrumentos
convencionais
Violão e pandeiro Violão e pandeiro
Outros
materiais
pedagógicos
Bolas coloridas, baldes, quebra
cabeça para montagem
Bolas coloridas, baldes, quebra cabeça
para montagem
Espaço e
mobiliário
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Resultados
Atividade 1: Após a realização das atividades utilizando o Lápis sonoro, o aluno passou a
discriminar os sons graves e agudos em outro instrumento, como teclado e metalofone convencional
e melhorou a percepção auditiva de sons e palavras
Atividade 2: Idem atividade 1
Comportamento do aluno: Neste segundo encontro o aluno já mostrava mais foco e atenção nas
atividades trabalhadas e cobrava repetição da primeira atividade.
Observações: Durante estas atividades pude perceber o incomodo que os sons muito agudos
causavam ao menino, neste caso a gama de sons produzidos pelo lápis teve que ser alterada, através
de um filtro eletrônico que atenua os agudos extremos.
33
Aula 3 Dia 01 de Outubro de 2018 Duração: 40 minutos
Atividade 1
Organização temporal
Atividade 2
Organização temporal
Objetivo Adquirir noções de duração e ritmo Adquirir noções de duração e ritmo
Descrição O professor realizou a audição e
posterior acompanhamento do ritmo
das músicas infantis, do repertório do
aluno, usando um pandeiro de garrafa
pet, e para o menino foi disponibilizado
o bongô eletrônico para que o mesmo
fosse explorado durante a atividade
O professor realizou a audição e
posterior acompanhamento das
músicas infantis, do repertório do
aluno usando um pandeiro de garrafa
pet, depois o professor pede para o
menino tentar acompanhar o ritmo
utilizando o bongô eletrônico
Músicas usadas Pastorzinho, Brilha brilha estrelinha,
Marcha soldado e PBS Kids
Pastorzinho, Brilha brilha estrelinha,
Marcha soldado e PBS Kids.34
Instrumento
criado
Bongô eletrônico Bongô eletrônico
Instrumentos
convencionais
Violão e pandeiro Violão e pandeiro
Outros
materiais
pedagógicos
Mini amplificador, mp3, notas musicais em EVA
Espaço e
mobiliário
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Resultados
Atividade 1: Após as atividades propostas podemos conferir uma significativa melhora na questão
da coordenação motora dos dedos usados para tocar o instrumento, porém a percepção rítmica dos
sons precisaria ser mais trabalhada para obtermos êxito.
Atividade 2: Idem atividade 1
Comportamento do aluno: Durante as atividades, de vez em quando, o menino largava os
instrumentos e saia correndo pelo salão, mas depois ele voltava e pedia pra tocar novamente.
Observações: Pelo motivo de repetir a mesma atividade por mais de três vezes, pude perceber a
aceitação do aluno pelo bongô eletrônico, pela simplicidade em se tocar o instrumento.
34https://www.youtube.com/watch?v=lzKLBKnRNeg
https://www.youtube.com/watch?v=_NQau6IMnwA
https://www.youtube.com/watch?v=PRHeTR1sHXE
https://www.youtube.com/watch?v=bxmeIn65A8A
34
Aula 4 Dia 08 de Outubro. 2018 Duração: 40 minutos
Atividade 1
O som dos instrumentos musicais
Atividade 2
O som dos instrumentos musicais
Objetivo Estimular a percepção descritiva de
timbres
Estimular a percepção descritiva de
timbres
Descrição Para a realizar esta atividade
disponibilizei três instrumentos;
Lápis sonoro, Bongô eletrônico e
Metalofone eletromagnético, em
seguida pedi para que o aluno tocasse
e falasse o nome de cada um e deles
para memorizar o timbre dos
mesmos;
Em continuação a atividade anterior,
toquei os instrumentos por traz de um
biombo (fora das vistas do menino),
e pedi que ele falasse o nome de cada
um deles
Música usada Não foi utilizada nenhuma música Não foi utilizada nenhuma música
Instrumentos
criado
Lápis sonoro, Bongô eletrônico e o
Metalofone eletromagnético
Lápis sonoro, Bongô eletrônico e o
Metalofone eletromagnético
Instrumentos
convencionais
Violão e pandeiro Violão e pandeiro
Outros
materiais
Mini amplificador
Espaço e
mobiliário
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Mesa e cadeiras para realização da
atividade
Resultados
Atividade 1: Musicalmente o aluno apresentou melhoras em relação a percepção timbrística dos
instrumentos.
Atividade 2: idem atividade 1
Comportamento do aluno: Depois da atividade, a capacidade de atenção foi um aspecto que
melhorou, bem como a troca de turno35
, e o nível de estresse diminuíram colaborando para o
desenvolvimento da criança.
Observações: Em relação aos instrumentos adaptados e utilizados para esta última atividade,
quero destacar a funcionalidade destes instrumentos que teve como foco o uso pedagógico
musical.
35Significa que uma pessoa fala, enquanto a outra escuta, então ocorre a troca de turno e quem estava escutando
agora responde e quem estava falando agora só escuta.
35
4. DISCUSSÃO
Em relação aos dados obtidos nesta pesquisa, podemos concluir que alguns
instrumentos musicais criados, foram mais eficazes do que outros na aplicabilidade musical
com o menino em questão. Pelas quatro aulas oferecidas percebemos que os melhores
resultados obtidos foram com o metalofone eletromagnético e o lápis sonoro. Nas atividades
propostas com o metalofone eletromagnético a criança apresentou organização em relação ao
planejamento motor, pelo fato de que este instrumento foi tocado de três maneiras diferentes,
usando uma baqueta para percutir, usando o movimento das mãos sobre os acionadores
posicionados sobre uma mesa e por último, pisando os acionadores que são dispostos no chão.
A organização e o planejamento motor de uma criança, de acordo com Parker (1992), podem
ser vistas em diversas tarefas que envolvem coordenação unimanual, bimanual ou
intermembros, como por exemplo, na dança e atividades de acompanhamento musical. A
tarefa rítmica requer do executante uma representação interna do padrão temporal do evento
percebido (GALLAHUE & OZMUZ, 2001).
Já os melhores resultados foram obtidos nas atividades que envolveram o uso do lápis
sonoro, que depois de confeccionado teve que ser ajustado através de um filtro eletrônico para
atenuar os sons muito agudos que ele produz, porque a criança tem sensibilidade exarcebada a
tais sons, mas apesar de tudo ele gosta de usar o lápis para desenhar e recobrir desenhos. O
que de acordo com Silva (2010), este vínculo afetivo dos autistas por determinados objetos
pode servir como uma via de comunicação para estabelecer e manter as trocas de ações com
essas crianças. Além da questão afetiva podemos perceber que durante alguns encontros com
o aluno, muitas atividades foram bem sucedidas pelo fato de que a criança teve uma noite de
sono reparadora conforme o relato de sua mãe, isso vem corroborar com Terry Katz (2010),
uma especialista em distúrbio do sono de crianças com autismo. Porque o sono é necessário
para lembrar o que aprendemos, organizar nossos pensamentos, se envolver em tarefas de
funcionamento executivo, e reagir rapidamente, trabalhar com precisão e eficiência.
O terceiro instrumento usado para as atividades de musicalização foi bongô eletrônico,
mas o menino não conseguiu alcançar os objetivos da atividade proposta com este
instrumento, pois com este tipo de aluno é preciso fazer várias repetições com a mesma
atividade para provocar mudanças no substrato neural36
através da prática (KARNI, 1997).
Segundo Geretsegger et. al. (2012), a prática de atividades musicais com crianças
36O conjunto de estruturas cerebrais que subjaz a comportamentos específicos ou estados psicológicos.
36
autistas oportunizam desenvolvimento de habilidades como atenção compartilhada, atenção
conjunta, imitação e reciprocidade, estimulando a linguagem e competência social. Este fato
pôde ser comprovado durante o processo de aulas e observação do comportamento da criança,
assim podemos identificar pequenas mudanças que passaram a fazer diferença no contexto
social da criança. Estas diferenças ocorreram através de atividades musicais que favoreceram
a qualidade atencional, inicio de comunicação e interação da criança. Outras características
peculiares ainda precisam ser trabalhadas, como a falta de iniciativa, para se comunicar,
pouco contato visual, comportamentos repetitivos e aumento do vocabulário expressivo.
Atualmente, a necessidade de se ter uma educação inclusiva que contemple a
diversidade tem sido tema de debate por diversos setores da nossa sociedade. No que diz
respeito a inclusão na música, este assunto deve ser tratado com mais interesse tendo em vista
atender diversos públicos. Louro (2006, p. 30), destaca que “o ensino da música não está
restrito somente a execução de um instrumento musical‟‟, todas as pessoas podem e devem
ser incluídas no processo de aprendizagem. Para isso, a autora comenta a importância do
professor, profissional que deve sempre estar pesquisando e investigando sobre novas
alternativas metodológicas para o ensino de música para todos.
Durante esta pesquisa, encontramos o uso de instrumentos musicais adaptados para
serem usados em uma clínica de musicoterapia para a reabilitação de pacientes. Esse trabalho
foi desenvolvido por uma equipe de alunos da UFMG com intuito de desenvolver adaptações
em instrumentos musicais usando materiais alternativos de baixo custo, tais como, sucata de
aparelhos eletrônicos, plásticos, vidros, metais, fios, madeiras e PVC, e criaram dez
instrumentos musicais e duas adaptações. Os clientes beneficiados com as adaptações eram
pessoas com TEA, Síndrome de Down, paralisia cerebral, déficit intelectual, depressão e
outros transtornos (BORTOLUS, 2015). Isso nos mostra que o uso de instrumentos musicais
criados ou adaptados para a musicoterapia é algo já empregado e pesquisado academicamente.
No entanto, a criação de instrumentos musicais, dentro da educação musical, não é uma
prática muito incentivada, a não ser, para casos de alunos com patologias severas e que por
isso necessitam de instrumentos específicos (LOURO, 2003, 2018; MIRANDA, 2016,
OSTROWER F. 2012).
Louro (2005), comenta que a música não deve ser um privilégio de poucas pessoas,
mas seria somente uma questão de respeitar as possibilidades de cada indivíduo e adaptar tal
fazer para àqueles que possuem dificuldades acentuadas. Os dados obtidos nesta pesquisa
confirmam as idéias de Louro (2005, 2013) pois conseguimos em apenas 4 encontros
37
demonstrar que com instrumentos adaptados de forma simples e econômica, podemos
concretizar alguns conceitos musicais e torna-los mais compreensíveis para uma criança com
autismo. Portanto, é somente questão de interesse e informação por parte dos profissionais da
área de educação musical. De acordo com Bang (1991), as pessoas com deficiência têm o
direito moral, cívico e legal de receber um nível de educação artística semelhante aos das
pessoas sem deficiências. Schambeck (2017), completa essa ideia mencionando que a
inclusão é o paradigma da diferença e igualdade, na qual precisamos oferecer as mesmas
oportunidades com o olhar nas potencialidades e não nas limitações e para tal, a escola precisa
se adaptar e ter recursos que oportunizem a todos os alunos a participar, dentre esses recursos,
pontuamos os instrumentos musicais criados ou adaptados para facilitar o aprendizado
musical.
6. CONCLUSÃO
Concluímos neste trabalho que:
De todos os instrumentos que melhor funcionou pedagogicamente para o aluno
autista foi o lápis sonoro devido ao vinculo afetivo da criança pelo lápis;
O êxito com o bongô eletrônico e o metalofone eletromagnético poderiam ter sido
alcançados, se tivesse tido mais tempo para ser aplicado mais vezes.
Para o desenvolvimento de uma prática docente inclusiva não existe uma receita
pronta, bem como, não é uma tarefa fácil de ser desenvolvida devido o grande
desafio que o professor de música precisa enfrentar para tornar significativa a
educação musical para todos. Sendo assim, é preciso repensarmos a educação
musical e inserirmos cada vez mais na formação do professor de música, práticas
diversas e disciplinas que incentivem as muitas possibilidades adaptativas
pedagógicas musicais para que o direito das pessoas com deficiências e transtornos
possa ser de fato cumprido.
38
REFERÊNCIAS
ÁVILA, B. G.; et al.Usabilidade em tecnologia assistiva: estudo de caso num sistema de
comunicacão alternativa para crianças com autismo/Usability in assistivetechnology: a
casestudyofanalternative communication system for childrenwithautism. Revista
Latinoamericana de Tecnología Educativa-RELATEC,2013v. 12, n. 2, p. 115-129.
Bang, Claus. Um mundo de som e música. In: RUUD, Even. (org). Música e saúde. Trad.
Vera Bloch Wrobel, Glória Paschoal de Camargo, Miriam Goldfeder. São Paulo: Summus,
1991.
BERSCH, R. Assistiva Tecnologia e Educação. 2018, disponível em:
http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html#categorias
BORTOLUS MV. Et Al. Tecnologias Sonoras Terapêuticas São Paulo 2015. Disponível
em: file:///C:/Users/jps%20eletronica/Downloads/87223-Texto%20do%20artigo-168488-1-
10-20150417.pdf
BRITO, M. F. ENSINO DE INSTRUMENTO MUSICAL PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA: Processos de ensino e aprendizagem, 11ª Conferência Regional Latino-
Americana de Educação – ISME de 08 a 11 de agosto de 2017 UFPB
BERSCH, R.; TONOLLI, J. C. Introdução ao conceito de Tecnologia Assistiva e modelos
de abordagem da deficiência. Porto Alegre: CEDI - Centro Especializado em
Desenvolvimento Infantil , 2006. Disponível em: <Disponível
em: http://www.bengalalegal.com/tecnologia-assistiva >.
BARNES, K. J.; TURNER, K. D. Team collaborative practices between teachers and
occupational therapist. The American Journal of Occupational Therapy., United States,
v.55, n.1, p.83-89, 2001.
BRUSCIA, K. E. Definindo Musicoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.
Disponível em: http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-
content/uploads/2016/10/revista-completa-Revista-de-Musicoterapia-XV-15-2013.pdf
CAMINHA, Vera Lúcia. Et all. Autismo: vivências e caminhos. 2016 1ª ed. São Paulo:
Blucher.Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Protocolo Facultativo
à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Decreto Legislativo nº
186/2008 – Decreto nº 6.949/2009 Disponível
em:http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/convencaopes
soascomdeficiena.pdf Acesso em: 01 nov. 2018.
CAVALHEIROS, R. A luta dos portadores de deficiência.Diário de Cuiabá. Disponível em
<WWW.sace.org.br Acesso em 01 de nov. 2018.
39
CRAVEIRO DE SÁ, Leomara. A Musicoterapia na neuropsiquiatria infantil: os estados
autísticos. In: IX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MUSICOTERAPIA. Anais… 1998, p. 70-
80. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-
content/uploads/2016/11/8-A-Musicoterapia-na-Neuropsiquiatria-Infantil-os-Estados-
Aut%C3%ADsticos.pdf>.
FERNANDES, Flávia Gonçalves; et. Sistema para auxílio na alfabetização de crianças
com autismo utilizando realidade aumentada para dispositivos móveis. 2014.
Disponível em: <http://www.ceel.eletrica.ufu.br/artigos2014/ceel2014_artigo007_r01.pdf> .
Acesso em: 29/10/2015.
FINCK, Regina. Ensinando música ao aluno surdo : perspectivas para ação pedagógica
inclusiva 2009 Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/18266?show=full
Acesso em 05 de set. 2018.
GARDNER, H. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. (1994; 1995)
Disponível em; file:///C:/Users/jps%20eletronica/Downloads/36735-Article%20Text-43272-
1-10-20120808.pdf
GALLAHUE, D.L.; OZMUZ, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês,
crianças e adolescentes e adultos. São Paulo, Ed. Phorte, 2001.
GALVÃO, Filho; TEÓFILO Alves. Tecnologia assistiva para uma escola inclusiva: 2009
Disponível em <http://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/TeseTeofiloGalvao.pdf>.
Acesso em 26 Out. 2018.
GARDNER, Howard; Teoria das Múltiplas Inteligências: Breve resenha e reflexões
criticas. Disponível em: <<https://chasqueweb.ufrgs.br/~leticiastrehl/HowardGardner.pdf>
Acesso em: 06 de jun. 2019.
GERETSEGGER, M, H. U. Gold C. R. controlled trial of improvisational music therapy’s
effectiveness for children with autism spectrum disorders (TIME-A): studyprotocol. BMC
Pediatrics. 2012; 12(2): 1-9. Disponível em:
https://bmcpediatr.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-2431-12-2
GESCHWIND, N., GALABURDA, A. M. Cerebral Dominance: The Biological
Foundations, Cambridge, M. A. : Harvard University Press, 1985.
HORNBOSTEL, Erich M. von & SACHS, Curt Sachs. Systematik der Musikinstrumente. Ein
Versuch, vol. xlvi, 1914, pp.553-590. Classification of Musical Instruments: Anthony
Baines and Klaus P. Wachsmann (trad.). The Galpin Society Journal, v.14, Mar.1961, p. 3-29.
JORDAN, R. (2005). Managing Autism and Asperger's syndrome in current educational
provision. Pediatric Rehabilittion, 8, 104 - 112.
KARNI, A., Adult cortical plasticity and reorganization. Sclençe and Medic 33, 1997.
Disponível em: file:///C:/Users/jps%20eletronica/Downloads/Siqueira_me.pdf
40
KATZ, Terry Editor: Coffee and Cigarettes. ... Add a bio, trivia, and more. Update
information for TerryKatz » ... 2010 Abraham's Children (Documentary).
Ostrower F. Criatividade e processos de criação.27a ed. Petrópolis: Vozes; 2012
LIMA, Jetur Castro; NUNES Oliveira Alessandra. A música como fonte representativa de
informação: o caso da Fonoteca Satyro de Mello no Centur/ Fcptn, (2016) v. 5, n. 1.
LIMA E CASTRO; MUSIC SPECTRUM: IMERSÃO MUSICAL PARA CRIANÇAS
COM AUTISMO. Manaus 2013. Disponível em:
https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/2919/1/DAVID%20WASHINGTON%20FREITAS%
20LIMA.pdf
LOURO, V. S. Educação musical e deficiência: propostas pedagógicas. São José dos
Campos: Ed. do autor, 2006.
LOURO, Viviane. Educação musical e o aluno com deficiência_discutindo a prática e
propondo adaptações pedagógicas.07 de junho de 2013. Disponível em:
https://musicaeinclusao.wordpress.com/2013/06/07/louro-viviane-educacao-musical-e-o-
aluno-com-deficiencia-discutindo-a-pratica-e-propondo-adaptacoes-pedagogicas-2/
LOURO, Viviane.Música e Deficiência: levantamento de adaptações para o fazer musical
de pessoas com deficiências físicas. Disponivel em:
https://musicaeinclusao.files.wordpress.com/2016/06/louro-viviane-mc3basica-e-
deficic3aancia_levantamento-de-daptac3a7c3b5es-para-o-fazer-musical-de-pessoas-com-
deficic3aancias.pdf Acesso em: 06 de jul. 2018
LOURO, Viviane. Jogos e atividades para educação musical inclusiva. São Paulo: Editora Som, 2018.
LUIZ M. C. Vilaça1; Pesquisa e ensino: considerações e reflexões UNIGRANRIO 2010
Disponível em: http://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/26/pdf_23 Acesso em: set. 2018.
MIRANDA, Marcílio. Música e Inclusão: Múltiplos Olhares. São Paulo: Editora som 2016.
MARINHO, D. C. et. al. AFTER SPINAL CORD INJURY 2010 Disponível em:
http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistatriangulo/article/view/153/182.
Acesso em 03 de out. 2018.
MARINHO, D. C. Cruz; Tecnologia Assistiva para as Atividades de Vida Diária na
tetraplegia completa C6 pós-lesão da Medula Espinal USFSC jul. 2010. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/302934477_Tecnologia_Assistiva_para_as_Ativida
des_de_Vida_Diaria_na_tetraplegia_completa_C6_pos_lesao_da_Medula_Espinal Acesso
em: 05 set. 2019.
41
MENDES, E. Pinheiro; et. all. MÚSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: JOGOS
ADAPTADOS 17º ENCONTRO REGIONAL SUL DA ABEM.13 de outubro de 2016
Disponivel em:
http://abemeducacaomusical.com.br/conferencias/index.php/xviiregsul/regs2016/paper/viewF
ile/1687/772 Acesso em: 04 de mai. 2018
MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis:
Vozes, 2003.
NEWTON C. Braga. Art.499 - Osciladores – O que é preciso saber?2014a. Acesso em: 11
fev. 2017 Disponível em: https://aprendapiano.com/som-acustico/
PARKER, H. Children's motor rhythm and timing: a dynamical approach. In: J.J.
Summers (Ed.), Approaches to the study of motor control and learning. Advances in
Psychology, v.84, 1992.
RODRIGUES, C. da Costa; et. all. TECNOLOGIAS SONORAS TERAPÊUTICAS
Publicado pela revista: Terapia ocupacional da USP 24 abr. 2015. Disponível em:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26i1p153-158 Acesso em: 06 de jun. 2018.
SILVA, E. C. C. Autismo e troca social:A construção do conceito de Tecnologia
Assistiva: alguns novos interrogantes e desafios.2010 UFPE.
SILVA, Tânia Música e crianças com NEE. 2018. Disponível em:
https://taniasilvasilva.wikispaces.com/file/view/A+m%C3%BAsica+e+crian%C3%A7as+co
m+NEE.pdf
SOUZA, Cláudio Manoel Duarte de. A cultura do dj, música e tecnologias. 2014. In:
http://www3.ufrb.edu.br/linklivre/wp-
ccntent/uploads/2014/08/LINKLIVREbook_1final.pdf#page=25.
SANTIAGO, M. Souza; As pesquisas Nacionais sobre o Ensino e Inclusão Musical de
Pessoas com Transtorno do Espectro Autista: Mapeamento e Categorização. Fev. 2018
UFPE.
SCHAMBECK, Regina Finck; Formação no contexto inclusivo: relatos de processos de
pesquisa na iniciação à docência em música; CONGRESSO NACIONAL DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 23., 2017, Manaus. Anais...
Manaus: UFAM, 2017.
TEREZA, L. Fleury e WERLANG, Sérgio Pesquisa aplicada – reflexões sobre conceitos e
abordagens metodológicas Maria 2017 Disponível em:
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/18700/A_pesquisa_aplicada_co
nceito_e_abordagens_metodol%C3%B3gicas.pdf Acesso em: out. 2018
VALENTE, Heloísa de Araújo Duarte. Música é informação! Música e mídia a partir dos
conceitos de R. Murray Shafer e Paul Zumthor. In: SILVA, Rafel Souza (Org.). Discursos
simbólicos da mídia. São Paulo: Loyola, 2005. Disponivel em:
<https://books.google.com.br/books?id=kFpSoZJXv4UC&pg=PA29&lpg=PA29&dq=VALE
NTE,+2005,+p.+91&source=bl&ots=8JImEwwUcz&sig=qAye5FgUsPQy7Oi_b6O4sfT4cYo
42
&hl=pt-
BR&sa=X&ved=2ahUKEwi13N7Wj8fdAhUJQpAKHW21DjEQ6AEwA3oECAcQAQ#v=on
epage&q=VALENTE%2C%202005%2C%20p.%2091&f=false>
VIANA, V. S. ; MARIA C. G. A. A EDUCAÇÃO MUSICAL INCLUSIVA NA ESCOLA
DE EDUCAÇÃO BÁSICA: O QUE O PROFESSOR DE MÚSICA PRECISA SABER?
II CINTEDI II CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA /16 a 18
de novembro de 2016 UFPE.
ZILBOVICIUS Mônica et al. Autismo: neuroimagem. 2006/ Disponível em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:lRBrh_oHA_wJ:www.scielo.br/sciel
o.php%3Fscript%3Dsci_arttext%26pid%3DS1516-44462006000500004+&cd=1&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br
ZENKER L. I. Joly; Música e Educação Especial: uma possibilidade concreta para
promover o desenvolvimento de indivíduos 2003. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/4166 Acesso em: 07 de jul. 2018.
43
APÊNDICE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da pesquisa: Instrumentos musicais com adaptações eletrônicas: possibilidades de uso
pedagógico para crianças com autismo
Aluno pesquisador: Juracy Pereira da Silva
Orientação: Prof. Dra.Viviane dos Santos Louro - UFPE
1- Natureza da pesquisa: descritiva e exploratória de abordagem qualitativa.
3- Participantes da pesquisa: T. C. M.
4- Objetivo da pesquisa:Investigar as possibilidades de uso pedagógico musical de 3
instrumentos musicais criados para um aluno autista
Envolvimento na pesquisa:
5- Sobre as entrevistas ou testes aplicados: Será realizada entrevista semi-estruturada, a
partir de um roteiro com perguntas pré-estabelecidas e será utilizado um gravador de áudio
para fazer a gravação a fim de que as respostas sejam transcritas com 100% de fidedignidade
como realmente foram relatadas, aos pais do aluno pesquisado para verificar, a partir da ótica
dos pais, a funcionalidade desses instrumentos no processo de aprendizagem do aluno;
6- Sobre as aulas: Serão realizados 4 encontros pedagógicos musicais para um estudante
voluntário T.C.M. com 6 anos de idade, com autismo. Nessas aulas serão utilizados os
instrumentos musicais acessíveis criados pelo pesquisador para intervenções musicais que
visem o aprendizado musical e desenvolvimento global de habilidades motoras e cognitivas do
aluno em questão. Tais instrumentos não oferecem riscos a criança e são construídos com
material reciclável, esterilizados e atóxicos. Os instrumentos serão utilizados para contribuir
na coordenação motora, interesse emocional, atenção, concentração, aspectos cognitivos como
raciocínio lógico, tomada de decisão, abstração e memória. Os instrumentos selecionados são:
a. Bongô eletrônico
b. Lápis musical
c. Metalofone eletromagnético
7- Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente
confidenciais. Somente o pesquisador e orientador terão conhecimento. Os mesmos garantem
que o nome e demais informações jamais serão divulgados, também, garantem a plena
liberdade ao participante a recusa-se em participar ou retirar seu consentimento, em qualquer
fase da pesquisa, sem penalizações alguma;
8- Benefícios: a participação não trará nenhum benefício financeiro direto. Espera-se que
através dos resultados deste estudo, possa haver uma contribuição para melhorar a área de
educação musical.
9- Pagamento: o Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa,
bem como nada será pago por sua participação.
44
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar
desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem.
Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
De acordo com os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto
meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de
consentimento, e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste
estudo.
_____________________________________________
RG ou CPF:
Nome do Participante da Pesquisa
_____________________________________________
RG ou CPF:
Assinatura do Participante da Pesquisa
____________________________________
RG ou CPF:
Assinatura do Orientador
_____________________________________________
RG ou CPF:
Assinatura do aluno pesquisador
_____________________________________________
Local, data
Contato do aluno pesquisador: