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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA
RONYATTA WEICH TEOBALDO
DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM BOVINOS NA REGIÃO NORTE DO BRASIL
CUIABÁ 2015
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RONYATTA WEICH TEOBALDO
DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM BOVINOS NA REGIÃO NORTE DO BRASIL Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Daniel de Paula
Sousa
CUIABÁ 2015
Aos meus pais Jair Teobaldo e Ivanir Weich, pelos ensinamentos e amor.
Às minhas irmãs Indayá e Tayla, pelo companheirismo e carinho.
Ao meu namorado Maurício Silva Rosa, pelo amor e compreensão.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela sabedoria, coragem, determinação e dedicação para iniciar e
concluir o Curso de Graduação em Zootecnia.
Aos meus pais, Jair Teobaldo e Ivanir Weich, pela paciência e compreensão
durante os momentos de angustia e por não medirem esforços para que meus
sonhos fossem e sejam realizados.
Às minhas irmãs, Indayá e Tayla, pela paciência em me aturar nos meus dias
de nervosismo, pelo companheirismo e amor.
Ao meu namorado, Maurício, por todo amor, compreensão, paciência em
aguentar os dias de experimento na fazenda, viagens, angustias e choros. Obrigada
por me apoiar nas minhas decisões, por ser o meu amor, meu amigo, enfim, o meu
porto seguro.
À Universidade Federal de Mato Grosso, por possibilitar a realização de um
sonho.
À Empresa Vitamais Nutrição Animal, pela oportunidade de estágio, pelo
conhecimento adquirido e as amizades construídas. Ao sr Pedro Santana, Hugo
Santana, Fabíola Santana, Fabrício de Souza, Alexandre Foroni e Edson Gonçalves,
os quais contribuíram de forma significativa para a minha formação, não medindo
esforços para disponibilizar conhecimento e, além disso, contribuir para o meu
crescimento pessoal.
Ao NERP pelo aprendizado em reuniões, cursos e viagens, pelas amizades
construídas ali, por fazer eu sentir e lutar pelo NERP como uma família.
Ao professor, orientador e amigo Daniel de Paula, pela paciência,
ensinamentos, “puxões de orelha” e incentivo. Obrigada por acreditar em mim.
Aos professores do curso de Zootecnia, Luciano Cabral, Nelcino de Paula,
Joadil de Abreu (orientador durante 2 anos. Obrigada por toda ajuda e
ensinamentos), Carlos Eduardo, Janaína, Janessa, Rosemary, Maria Fernanda,
Lisiane, Vânia, Heder e Alexandra Potença, obrigada por tudo que foi proporcionado.
À Isis Scatolin que foi meu primeiro ensinamento na prática. Obrigada pelas
dúvidas tiradas, conversas jogadas fora, noites me ensinando e preparando para as
apresentações do NERP, por nunca se recusar à transmitir o conhecimento.
Ao Alan (Zé Botinha), pela grande amizade que me proporcionou e
proporciona, por todo apoio e carinho, por dividir as angustias e alegrias.
Ao pessoal da pós-graduação, aos que eu tive o prazer de ajudar no
experimento Joelson, Camilla Miranda e Wagner (Cinquentinha,
“A amizade é tudo...”). Obrigada por contribuírem com toda formação, profissional e
pessoal. Aos que eu tive o prazer de conviver e aprender, Gessy (Gessynha), Leni
(Lena), Pedro Tsuneda (Japa), Fabiana Wingert (Gaúcha) e Luis Eduardo (Fio).
Aos estagiários e ex estagiários do setor de Bovino de Leite, Isabela (Isa),
Camila Garcia (Camilinha), Rayanne (Ray), Ana P., Anna Flávia, Bruna Gomes,
Amanda Ribeiro, Luiz Henrique (Mineiro), Armando, Amanda Menezes (Mandinha),
Juliam Kelly (Kel), Karine (Kah), Bruna Rosa, Jhonata e aos agregados do leite,
Silvio (Silveira), Pedro Ivo (Pedrão), Alan (Zé Botinha), Flávia Godoes (Flavicha),
pelos momentos de ajuda, amizade, risadas, brigas, choros e churrascos, pela
companhia nas ordenhas às 5:00 h da manhã e nos abates.
Às grandes amizades que construí Pedrão, Kel, Mineiro, Armando, Isa e
Camilinha. Obrigada por todo companheirismo, levarei vocês sempre comigo.
Aos amigos da “Toca do Jão”, Gustavo (Gu), Agostinho (Guira), Rafael
(Rafão), Renata (Re), Juliana (Ju), Kyron (Cabral), Mariana (Máh), Igor, Indayá,
Maurício (Mau, amor) e Daniel (Monge), por todo companheirismo e amizade, pelas
despedidas e retornos. Obrigada por alegrarem os meus dias e tornar um pouco
mais fácil.
“O plantio é LIVRE, a colheita OBRIGATÓRIA”
Provérbio Chinês
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Empresa Vitamais Nutrição Animal Ltda., localizada em Ji-Paraná - RO .. 15
Figura 2. Medidor automático de umidade de grãos de milho ................................... 18
Figura 3. Resultado negativo para aflatoxina realizado com o kit comercial ............. 19
Figura 4. Visita aos pastos da propriedade ............................................................... 22
Figura 5. Palestra ministrada ao proprietário e funcionários ..................................... 23
Figura 6. Cocho coberto e com local para armazenamento de suplemento ............. 25
Figura 7. Manejo do gado no curral seguindo os preceitos de bem-estar animal ..... 25
Figura 8. Marcação dos animais a ferro quente ........................................................ 26
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Níveis de minerais em forrageiras da região Norte do Brasil .................... 23
Tabela 2. Fornecimento de minerais por meio de suplemento da linha mineral básica
e linha tecnológica ...................................................................................... 24
Tabela 3. Leitura de cocho realizada no confinamento ............................................. 28
LISTA DE ABREVIATURAS
BPF – Boas Práticas de Fabricação
Ca – Cálcio
Cab – Cabeça
CCS – Contagem de Células Somáticas
Cl – Cloro
cm – Centímetros
Co – Cobalto
Cu – Cobre
Fe – Ferro
g – gramas
HACCP – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (sigla em inglês)
I – Iodo
K – Potássio
Kg – Quilogramas
km² - Quilômetro²
Ltda. – Limitada
m² - Metros²
Mg – Magnésio
Mn – Manganês
Mo – Molibdênio
MS – Matéria Seca
Na – Sódio
P – Fósforo
PNA – Programa Nutricional Anual
ppb – Partes Por Bilhão
ppm – Partes Por Milhão
pH – Potencial Hidrogeniônico
RO – Rondônia
S – Enxofre
Se – Selênio
Zn – Zinco
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
2. OBJETIVO ............................................................................................................. 3
3. REVISÃO ............................................................................................................... 4
3.1.Fósforo (P) ............................................................................................................ 5
3.2. Sódio (Na) ............................................................................................................ 6
3.3. Potássio (K) .......................................................................................................... 7
3.4. Magnésio (Mg) ..................................................................................................... 7
3.5. Cobalto (Co) ......................................................................................................... 9
3.6. Cobre (Cu) .......................................................................................................... 10
3.7. Manganês (Mn) .................................................................................................. 10
3.8. Zinco (Zn) ........................................................................................................... 11
3.9. Selênio (Se) ........................................................................................................ 11
3.10. Fornecimento do suplemento mineral .............................................................. 12
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ................................................................................. 15
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ............................................... 17
5.1. Fábrica de Ração ............................................................................................... 17
5.2. Assistência técnica ............................................................................................. 21
5.3. Confinamento ..................................................................................................... 26
6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 30
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
RESUMO
A criação de bovinos de corte a pasto no Brasil possibilita uso reduzido dos recursos
econômicos, em sistemas extensivos de produção. Apesar do baixo custo de
implantação e manutenção, as forrageiras tropicais utilizadas em pastejo geralmente
não atendem as necessidades dos bovinos, tanto em proteína e energia, quanto em
minerais, quando se objetiva maiores produtividades em sistemas mais intensivos.
Deficiências minerais reduzem desempenho animal e podem causar, desde
distúrbios amenos até doenças graves e óbito dos animais. Objetivou-se relatar os
principais sistemas de produção de bovinos de corte no estado de Rondônia e as
principais deficiências minerais observadas na região Norte. São descritos, além
disso, as atividades realizadas em estágio realizado na empresa Vitamais Nutrição
Animal Ltda., localizada no município de Ji-Paraná – RO. O estágio foi realizado no
período de 16 de março a 08 de junho de 2015, totalizando 480 horas. A
suplementação mineral adequada permite maiores produtividades de bovinos
criados a pasto. No entanto, fatores de manejo como por exemplo, localização dos
cochos e frequência de fornecimento do suplemento mineral interferem nos
resultados desejados. O acompanhamento técnico correto permite reduzir erros de
manejo, aumentar a eficiência de uso dos recursos produtivos e a lucratividade dos
sistema de produção.
Palavras-chaves: forrageiras, mineralização, suplemento
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1. INTRODUÇÃO
O reduzido uso de recursos econômicos nos sistemas extensivos de
produção de bovinos a pasto (CARVALHO, ZEN e TAVARES, 2009) é importante
característica apresentada pela pecuária desenvolvida no Brasil, compreendendo
95% de todo rebanho.
As pastagens tropicais utilizadas no país não atendem as exigências
nutricionais dos bovinos, em proteína, energia e minerais, o que resulta em
deficiências em diferentes escalas, desde distúrbios produtivos, reprodutivos quanto
clínicos (TOKARNIA, DÖBEREINER e PEIXOTO, 2000).
Os minerais estão envolvidos basicamente em todos os processos
bioquímicos do organismo, desde a manutenção do metabolismo basal até funções
reprodutivas (WILDE, 2006).
Sendo assim, as funções básicas apresentadas pelos minerais no organismo
animal são como componente estrutural de tecidos corporais; componente de fluidos
corporais com funções na regulação do equilíbrio ácido-básico, pressão osmótica e
permeabilidade de membrana, bem como, catalisadores de sistemas enzimáticos
(UNDERWOOD e SUTTLE, 1999).
A concentração de minerais nos pastos e a necessidade de suplementação
para atender as exigências de bovinos sofre influência dos minerais presentes no
solo, tipo de forrageira utilizada, categoria animal, interação entre alguns elementos,
entre outros fatores (TOKARNIA, DÖBEREINER e PEIXOTO, 2000).
O declínio da concentração de minerais na planta ocorre à medida que a
planta amadurece em virtude da diluição e da translocação de nutrientes para o
sistema radicular. No entanto, a concentração de cálcio permanece quase
inalterada, o que pode contribuir para que ocorra antagonismo entre os elementos
(McDOWELL, 1999).
A ingestão em excesso de um único elemento mineral é incomum em
ambientes naturais e a interação de elementos ocorre com maior frequência, o que
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ocasiona desequilíbrio entre os elementos. O cobre é influenciado pela ingestão de
altas concentrações de molibdênio e enxofre em razão da formação de tiomolibdato
no rúmen, o qual é reativo ao cobre e forma complexos insolúveis de baixa absorção
(UNDERWOOD e SUTTLE, 1999).
Sendo assim, as deficiências minerais observadas em animais em sistemas
de pastejo devem ser analisadas conforme a região geográfica em que são
estudadas em virtude da diversidade de fatores que afetam os teores de minerais
nos alimentos, o que implica em diferentes necessidades de suplementação mineral.
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2. OBJETIVO
Relatar sobre as deficiências minerais encontradas na região Norte do Brasil,
associando à importância do uso da suplementação mineral.
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3. REVISÃO
As pastagens tropicais utilizadas como principal fonte de alimento para os
ruminantes apresentam grande potencial de produção (SALES et al., 2011), porém,
geralmente não atendem as exigências nutricionais dos bovinos, tanto em proteína e
energia, como em minerais, os quais causam deficiências de variados graus e
limitam o desempenho produtivo (TOKARNIA et al., 2000).
Conrad et al. (1985) demonstraram em estudo realizado em condições
tropicais que os elementos minerais com maiores frequências de deficiência são
cálcio (Ca), fósforo (P), sódio (Na), cobalto (Co), cobre (Cu), iodo (I), selênio (Se) e
zinco (Zn). Quanto ao Brasil, as deficiências mais comuns estão relacionadas ao P,
Na, Cu e Co.
Os minerais são classificados em essenciais e não essenciais, macro e micro
minerais. Segundo McDonald, Edwards e Greenhalgh (2002) para um mineral ser
considerado um elemento essencial é necessário que a sua função tenha sido
provada no organismo e quando retirado este da dieta resulta em uma anomalia
estrutural e/ou fisiológica, acompanhadas por alterações bioquímicas, que pode ser
revertida quando o mineral é adicionado novamente a dieta.
Os macrominerais apresentam concentração maior do que 50 mg/kg de tecido
animal e são expressos em g/kg de suplemento. São o Ca, P, magnésio (Mg), Na,
potássio (K), enxofre (S) e cloro (Cl). Os microminerais, ou elementos traços
apresentam concentrações menores do que 50 mg/kg de tecido animal e são
expressos em mg/kg de suplemento, como ferro (Fe), Zn, Cu, molibdênio (Mo), Se, I,
manganês (Mn) e Co.
Os minerais apresentam funções básicas no organismo animal. São
componente estrutural de tecidos corporais; componente de fluidos corporais com
funções na regulação do equilíbrio ácido-básico, pressão osmótica e permeabilidade
de membrana, bem como, catalisadores de sistemas enzimáticos, (UNDERWOOD e
SUTTLE, 1999).
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3.1.Fósforo (P)
O fósforo é o segundo mineral mais abundante no organismo, sendo 80%
encontrado nos ossos e dentes. Nos ossos, o P é responsável pela formação da
matriz óssea (UNDERWOOD e SUTTLE, 1999). É componente do DNA e RNA, atua
na utilização e transferência de energia, via AMP, ADP e ATP, transporte de ácidos
graxos, síntese de aminoácidos e atividade da bomba Na+/K+ e como fosfolipídeo,
atua na integridade da membrana celular. Além disso, nota-se que em baixas
concentrações de P pode haver bloqueio da síntese proteica microbiana no rúmen
(TOKARNIA et al., 2010).
A deficiência de P é de ocorrência comum devido aos baixos níveis deste
elemento nos solos predominantes na região tropical. A manifestação mais comum
de se verificar em animais deficientes em P é a osteofagia, em que o animal ocupa
seu tempo roendo ossos (TOKARNIA et al., 2010).
Segundo os mesmos autores, a intensidade da deficiência é fácil de se
verificar devido ao comportamento dos animais, os quais expressam maior avidez a
ossos de animais recém-mortos em casos de deficiência acentuada. Já em casos de
deficiência mais brandas, os animais procuram por ossos sem fragmentos de carne
aderidos.
Visto a alta ocorrência de deficiência de P, Barros et al. (1981) analisando
forrageiras de áreas de terras firmes no Amazonas, observaram valores variando de
0,06 a 0,15%. Esses níveis podem ser considerados insuficientes para atender as
exigências diárias em P para mantença de bovinos, 16 mg P/kg peso corporal e para
ganho estima-se em função do ganho diário de proteína, sendo de 3,9 g por 100 g
de ganho proteico (NRC, 2000). No entanto, Valadares Filho et al. (2010) não
observaram correlação entre a retenção de fósforo e a retenção de proteína
(r= 0,26).
Moraes, Italiano e Pieniz (1982) analisaram níveis de inclusão de fósforo no
suplemento mineral para bovinos pastejando Brachiaria humidicola (Quicuio da
Amazônia) e encontraram aumento no ganho de peso dos animais (0,564, 0,465,
0,379 e 0,216 g/cabeça/dia) conforme maior o consumo de fósforo através do
suplemento (9,50, 7,58, 4,83 e 0 g/cabeça/dia, respectivamente), demonstrando que
o fósforo é um dos elementos minerais mais limitantes nas pastagens de terra firme
do Amazonas, e consequentemente nos animais.
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Além disso, animais deficientes em P tem redução no apetite, o que agrava
ainda mais a deficiência, pois o animal deveria aumentar o consumo de pasto para
suprir a deficiência, no entanto, a redução do apetite transforma em um ciclo vicioso
de deficiência (TOKARNIA et al., 2010).
3.2. Sódio (Na)
O sódio atua no organismo animal na manutenção do equilíbrio
hidroeletrolítico e da pressão osmótica, através da bomba de Na+/K+, a qual é vital
para a absorção celular de glicose (UNDERWOOD e SUTTLE, 1999). Através das
trocas de Na e hidrogênio ocorre a regulação do pH e as trocas de Na e Ca
influenciam o tônus vascular e muscular (TOKARNIA et al., 2010).
Devido ao apetite excessivo por sal, os animais lambem-se na tentativa de
ingerir cloreto de sódio do suor, além de ingerirem solo, esterco e urina. Por esse
fato, outros sintomas de deficiência de Na só aparecem após um período muito
longo de privação do mineral (TOKARNIA et al., 2010).
Ainda segundo os mesmos autores, os fatores que influenciam a ocorrência
de deficiência de Na nos animais é a sudorese excessiva nos trópicos, excesso de
trabalho, crescimento acelerado, lactação e redução nos níveis de Na nas plantas
devido à fertilização com K. Dessa forma, o consumo médio voluntário de cloreto de
sódio para bovinos adultos é de 25 a 30 g/cabeça/dia.
Além disso, o sódio exerce função reguladora de consumo e a sua inclusão
no suplemento mineral permite veicular os demais elementos minerais exigidos pelo
animal (PEDREIRA e BERCHIELLI, 2011).
Os níveis médios de Na em forrageiras estudadas em 6 regiões de Roraima
apresentaram-se extremamente baixos, com valores variando de 23 a 152 ppm
(SOUSA et al., 1987).
Esses autores puderam observar ainda que tanto em espécies forrageiras
nativas como em cultivadas, as deficiências de Na foram expressivas, apresentando
teores médios que variaram de 22 ppm a 141 ppm nas forrageiras Hyparrhenia rufa
(Ness) Stapf (capim-Jaraguá) e Panicum maximum Jacq. var. Gongyloides (capim
sempre-verde), respectivamente.
Visto que a exigência diária de bovinos em crescimento e terminação é de
0,06% a 0,08%, ou seja 600 a 800 ppm, e para vacas em início de lactação é de
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0,10%, ou 1000 ppm (NRC, 2000), os níveis verificados em forrageiras dessa região
podem causar deficiências severas caso não seja fornecido suplementação com
NaCl (cloreto de sódio) em níveis adequados.
É possível enfatizar que nas regiões mais deficientes, a forrageira contribuiu
com menos de 4% da exigência de Na dos bovinos e mesmo nas regiões onde
observaram-se maiores níveis, a contribuição da forrageira foi menor que 25%
(SOUSA et al., 1987).
3.3. Potássio (K)
O potássio está envolvido juntamente ao sódio no equilíbrio hidroeletrolítico e
ácido-base do organismo e também na excitabilidade dos nervos e músculos
(TOKARNIA et al., 2010).
No entanto, o potássio quando em excesso, pode reduzir o conteúdo de sódio
na planta forrageira, além de interferir na absorção de magnésio pelo animal
(PEDREIRA e BERCHIELLI, 2011).
Os teores médios de K encontrados nas forrageiras analisadas em Roraima
variaram de 0,174% a 0,432% (SOUSA et al., 1987). Entretanto, quando foram
avaliadas as espécies forrageiras mais utilizadas na região, apenas a espécie
Panicum maximum Jacq. var. Gongyloides (capim sempre-verde) apresentou teor
adequado de K, sendo 0,720%. Além disso, entre as espécies nativas avaliadas
apenas a Axonopus sp. apresentou teor intermediário, com 0,346%.
Esses baixos teores de K verificados causam deficiência em bovinos de corte
em crescimento e terminação, e em vacas de corte em gestação, pois a exigência
diária é de 0,6% nessas duas categorias e a de vacas em início de lactação é de
0,70% (NRC, 2000).
3.4. Magnésio (Mg)
O magnésio atua como catalisador enzimático no metabolismo de
carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos, é requerido na cadeia
respiratória, na oxidação do piruvato, na formação do succinil-CoA e na transferência
de fosfatos. Além disso, é constituinte de fluidos intra e extracelulares, modulador da
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atividade neuromuscular, está envolvido na mantença da integridade das
membranas celulares e atua na estrutura dos ossos (TOKARNIA et al., 2010).
As concentrações médias de Mg em forrageiras estudadas em Roraima
variaram de 0,063% a 0,242%, sendo insuficiente para atender as exigências diárias
de bovinos em 2 das 6 regiões estudadas (SOUSA et al., 1987).
Esses autores observaram ainda, quando analisado por espécies forrageiras,
que as deficiências ocorreram em espécies nativas, e mesmo nessas espécies, os
teores foram insuficientes para atender as exigências diárias apenas de vacas de
corte em início de lactação. Axonopus sp. (capim-mimoso) e Paspalum sp. (capim-
de-baixada) apresentaram níveis médios de 0,140% e 0,126%, respectivamente,
enquanto que forrageiras cultivadas como Panicum maximum Jacq. var.
Gongyloides (capim sempre-verde) e Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf (capim-Jaraguá)
apresentaram teores médios de 0,324% e 0,207%, não sendo insuficiente para
nenhuma categoria. Já dentre as forrageiras cultivadas a Brachiaria decumbens
apresentou teores médios insuficientes para vacas em início de lactação, 0,175%.
Essa diferença ocorre, pois, as exigências consideradas adequadas para
bovinos em crescimento e terminação, vacas de corte em gestação e em início de
lactação é de 0,1%, 0,12% e 0,20% MS consumida, respectivamente
(NRC, 2000).
Apesar de ainda ter sido verificado concentrações deficientes de Mg na cinza
óssea da costela dos animais estudados, indicando mineralização inadequada, a
deficiência de Mg não é comumente observada em bovinos de corte em pastejo no
Brasil, a qual é caracterizada pela sintomatologia típica de tetania hipomagnesêmica
(SOUSA et al., 1987), com sintomas iniciais de nervosismo e espasmos musculares
em torno do rosto e orelhas, andar descoordenado e com postura rígida. Em
estágios mais avançados os animais podem ter convulsões.
Além disso, a tetania hipomagnesêmica é mais observada em vacas em
lactação em pastagens de clima temperado (NRC, 2000), porém, animais tanto de
leite como de corte, machos e bezerros de 3 a 6 meses de idade (alimentados
exclusivamente com leite, o qual apresenta baixo teor de Mg) podem ser
acometidos. No entanto, a ocorrência da enfermidade é mais alta em forrageiras
com níveis de Mg abaixo de 0,2% (TOKARNIA et al., 2010).
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A deficiência de Mg pode ocorrer ainda em animais em pastos adubados com
potássio, visto o antagonismo entre esses dois elementos (PEDREIRA e
BERCHIELLI, 2011).
3.5. Cobalto (Co)
O cobalto é essencial para a síntese de vitamina B12 no rúmen, a qual
desempenha função no metabolismo do propionato no organismo animal
(PEDREIRA e BERCHIELLI, 2011).
Sousa e Darsie (1985) analisaram 6 regiões do estado de Roraima e
encontraram forrageiras com níveis de Co de 0,02 ppm, considerado insuficiente
para atender as exigências diárias de bovinos em crescimento e terminação, os
quais exigem 0,1 mg/kg MS/dia (NRC, 2000; VALADARES FILHO et al., 2010).
Além disso, dentre as forrageiras mais utilizadas no estado de Roraima
apenas Andropogon sp., Paspalum sp., e Panicum sp., apresentaram níveis médios
suficientes ao exigido pelos bovinos, com níveis de 0,13, 0,13 e 0,17 ppm,
respectivamente. Já Axonopus sp (Capim-mimoso), Panicum maximum Jacq
(Colonião), Brachiaria decumbens e Hyparrhenia rufa (Ness) Stpf. (Jaraguá)
apresentaram níveis médios de 0,10, 0,02, 0,02 e 0,02 ppm, sendo considerados
níveis no limite ou insuficientes para atender as exigências nutricionais dos bovinos
(SOUSA e DARSIE, 1985).
Em análise de fígado de bovinos criados em Roraima, verificaram-se níveis
de Co que variaram de 0,032 a 0,116 (MORAES, TOKARNIA e
DÖBEREINER,1999). Esses valores indicam subdeficiência e deficiência de Co,
0,06 a 0,12 e até 0,05 ppm, respectivamente (UNDERWOOD, 1977, citado por
MORAES, TOKARNIA e DÖBEREINER,1999).
Já em forrageiras de áreas de terras firmes do Amazonas foram encontrados
níveis médios de 0,08 ppm de Co, com valores variando de 0,01 a 0,21 ppm de Co
(BARROS et al., 1981). Sendo assim, esses níveis são considerados de deficiência
moderada quando comparados às exigências diárias dos bovinos em crescimento e
terminação, atendendo 80% das exigências em Co (NRC, 2000; VALADARES
FILHO et al., 2010).
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3.6. Cobre (Cu)
O cobre é importante para a formação de hemoglobina, além de ser
fundamental para enzimas que atuam em diferentes funções no organismo animal
como no transporte de ferro, na transferência de elétrons na cadeia respiratória, no
metabolismo de catecolaminas, na formação de tecido conjuntivo, na eliminação de
radicais livres e na pigmentação de pelos (TOKARNIA et al., 2010).
A deficiência de Cu pode ser aumentada quando há altas concentrações de
molibdênio (>3mg/kg de MS) e de enxofre (>0,15% da MS), pois esses elementos
reduzem a absorção de cobre no trato digestivo devido à formação de complexos
insolúveis de baixa absorção (PEDREIRA e BERCHIELLI, 2011).
Barros et al. (1981) analisando forrageiras do estado do Amazonas,
encontraram níveis médios de Cu de 4,0 ppm, com valores variando de 2,20 a 8,30
ppm, demonstrando atender apenas 40% das exigências nutricionais dos bovinos
em crescimento e terminação, pois a exigência diária em Cu é de 10 mg/kg MS/dia
(NRC, 2000; VALADARES FILHO et al., 2010).
Em análise de fígado de bovinos criados nos estados do Amazonas e Pará,
observaram-se níveis de Cu que variaram de 3,0 a 99,0 ppm (MORAES, TOKARNIA
e DÖBEREINER,1999), indicando subdeficiência e deficiência, 51,0 a 100,0 e 0 a
50,0, respectivamente (UNDERWOOD, 1977, citado por MORAES, TOKARNIA e
DÖBEREINER,1999).
3.7. Manganês (Mn)
O manganês está envolvido na formação de diversas enzimas no organismo
animal, tais como enzimas que atuam no desenvolvimento da cartilagem, na
coagulação sanguínea através da formação da protrombina, no metabolismo de
carboidratos e lipídeos, na resistência à oxidação causada por radicais livres e na
reprodução, devido ao seu papel na síntese de colesterol, o que interfere na síntese
de hormônios sexuais (UNDERWOOD e SUTTLE, 1999).
Moraes (1998) avaliando a deficiência de Mn em amostras de fígado de
bovinos em várias regiões do Brasil, encontrou valores que variaram de 7,4 a 17,6
ppm. Foi diagnosticado a ocorrência de deficiência na forma sub-clínica, devido aos
estudos clínico-patológicos não indicarem a ocorrência de maneira específica. No
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entanto, a exigência diária de bovinos em relação ao Mn é de 20 mg/kg MS/dia
(NRC 2000; VALADARES FILHO et al., 2010).
3.8. Zinco (Zn)
O zinco está associado à função imune do organismo do animal (PEDREIRA
e BERCHIELLI, 2011), participa da formação de proteínas ligadas ao DNA, influencia
a transcrição genética e a replicação celular, e no metabolismo de ácidos graxos
essenciais (TOKARNIA et al., 2010), além de atuar no metabolismo da vitamina A
através de enzimas fundamentais para o processo da visão (UNDERWOOD e
SUTTLE, 1999).
Sousa e Darsie (1985) analisaram 6 regiões no estado de Roraima e
encontraram deficiência de Zn em forrageiras de todas as regiões. Os valores
encontrados por esses autores variaram de 0,7 a 11,7 ppm. Além disso,
encontraram deficiência de Zn no solo e no fígado de vacas em lactação e de
animais jovens.
Foi ainda observado por esses autores diferenças quanto à época do ano.
Apesar de haver deficiência de Zn nas forrageiras tanto na seca como na estação
chuvosa, 2,6 e 6,2 ppm, respectivamente, a deficiência na seca foi mais
pronunciada, o que segundo os autores ocorre devido ao menor teor de água no
solo, reduzindo a difusão do mineral para as raízes da planta.
Além disso, os autores citados, observaram maior deficiência de Zn no fígado
de bovinos na época chuvosa, devido ao metabolismo mais intenso, causado pelo
maior aporte de energia e proteína advindo das pastagens de melhor qualidade.
Estes valores considerados deficientes são explicados por não atenderem as
exigências diárias dos bovinos, os quais necessitam de 30 mg/kg MS/dia
(NRC, 2000), valor sugerido também pelo BR-CORTE (VALADARES FILHO
et al., 2010) por não existirem trabalhos realizados no Brasil determinando exigência
de microminerais para bovinos.
3.9. Selênio (Se)
O selênio e a vitamina E podem prevenir problemas que ocorrem no periparto,
no entanto, a suplementação torna-se necessária devido ao consumo desses
12
nutrientes serem reduzidos devido à queda no consumo de MS que ocorre nesse
período (WEISS et al., 1990). O NRC (2001) sugere que a exigência nutricional de
vacas leiteiras em Se é de 0,3 mg/kg MS/dia.
Paschoal, Zanetti e Cunha (2003) analisando a suplementação de vacas
holandesas com 5 mg de selênio/dia, as quais passaram a consumir 0,98 mg/kg MS
dia, observaram redução na CCS (Contagem de Células Somáticas) nas primeiras
oito semanas de lactação, desempenhando função na resposta imune do animal.
Isso pode ser explicado porque durante o processo de fagocitose, provocada
pelos neutrófilos e macrófagos em ação aos patógenos, ocorre a liberação de
substâncias tóxicas e o selênio por atuar na prevenção do estresse oxidativo da
célula, sendo integrante da enzima glutationa peroxidase, a qual atua no citosol da
células convertendo radicais livres (peróxido de hidrogênio) em compostos atóxicos
(água e oxigênio) (CARROL e FORSBERG, 2007), tem a capacidade de proteger os
neutrófilos e macrófagos contra essas substâncias (PAES, 2003).
Por essa função de combater o estresse oxidativo das células, o Se tem
importância na proteção das células dos espermatozoides, ovócitos e folículos
contra os radicais livres que causam danos nas membranas dessas células
(CARVALHO, BARBOSA e McDOWELL, 2005).
Já para bovinos em crescimento e terminação, a exigência nutricional em Se
é de 0,1 mg/kg MS/dia (NRC, 2000; VALADARES FILHO et al., 2010).
Apesar de não constar na literatura trabalhos que constatem deficiências de
Se na região norte do Brasil, há trabalhos ainda não publicados que sugerem
deficiência.
3.10. Fornecimento do suplemento mineral
O sucesso da suplementação mineral depende de fatores como as interações
que podem ocorrer entre determinados minerais; a biodisponilidade do mineral, a
qual é definida como a fração do nutriente ingerido pelo animal com potencial para
atender as demandas fisiológicas em tecidos alvos (COZZOLINO, 1997), em torno
de 50% para Ca, 68% para P (NRC, 2000), 17% para Mg, 100% para K e 91% para
Na (ARC, 1980), entre outros fatores como acesso ao cocho e o local de
fornecimento do suplemento mineral.
13
O acesso ao cocho é um fator que interfere no comportamento animal e pode
estimular ou inibir o consumo do suplemento mineral. Bovinos são animais gregários
o que permite a proteção contra os predadores, no entanto, pode levar a relações
agressivas em situações de escassez de recursos, como alimento, água e sombra
(MALAFAIA et al., 2011).
O comportamento gregário dos bovinos está relacionado a formação da
hierarquia de dominância e de liderança. Animais dominantes, definidos por fatores
como peso, idade e raça, são aqueles que por meio de competição e interações
agressivas, tem prioridade no acesso ao alimento, água ou sombra. Animais líderes
são aqueles que iniciam a movimentação ou a alteração de atividade (pastejo,
consumo de água, ócio, etc) e são acompanhados pelos demais animais, sem gerar
interações agressivas de comportamento (PARANHOS DA COSTA e COSTA E
SILVA, 2007).
Mounier, Veissier e Boissy (2005) realizaram um estudo com 64 touros da
raça Limousin em fase de acabamento. Os touros foram separados em 4 grupos, os
quais foram misturados entre lotes diferentes ou permanecendo em lotes de sua
origem, formando grupos heterogêneos e grupos homogêneos, respectivamente, e
com homogeneidade de peso corporal ou não. Observaram-se interações agressivas
seguintes às misturas devido à falta de relações sociais estáveis, analisando ainda
maior sincronização de atividades em grupos de touros não misturados e aumento
na heterogeneidade dos pesos corporais em grupos que originalmente eram
homogêneos.
Interações agressivas podem explicar as alterações provocados no consumo
do suplemento mineral pelos animais em pastejo. Peixoto et al. (2005) relataram que
de 8 a 10% dos bovinos podem não ter acesso ao cocho, podendo chegar a 25%
quando há falta de espaço de cocho ou heterogeneidade de lotes como diferenças
de idade ou de peso dos animais.
Dessa forma, o mal dimensionamento de cochos e a restrição ao acesso
contribuem para que apenas animais de maior dominância e liderança possam ter
acesso ao cocho e consumo do suplemento. Animais submissos, no entanto, podem
ter reduzido ou restritivo o consumo de suplemento por acompanhar os animais
dominantes e líderes quando estes deslocam-se para outras áreas (MALAFAIA et
al., 2011).
14
Martin (1993) relatou que o espaço recomendado para o fornecimento de
suplemento mineral é de 4 a 8 cm lineares por animal. A altura do cocho em relação
ao solo deve estar relacionada a categoria animal, sendo sugerido altura de 50 a 60
cm, 70 a 80 cm e 100 cm para vacas com cria ao pé, animais de recria e engorda,
respectivamente. O cocho colocado diretamente no chão possibilita que os animais
urinem, defequem ou pisem no cocho, o que pode reduzir o consumo do suplemento
mineral (PEIXOTO et al., 2005).
Da mesma forma, a localização do cocho na pastagem influencia a ingestão
diária do suplemento mineral. Animais tem tendência de permanecerem em locais
sombreados e próximos às aguadas, e a colocação dos cochos nestes locais pode
permitir maiores consumos (MARTIN, 1993).
Deve-se ainda observar a regularidade no fornecimento do suplemento
mineral. Em um estudo realizado no município de Manaus sobre a regularidade de
fornecimento de misturas minerais comerciais, 54% dos produtores afirmaram que
forneciam com regularidade, 38% apenas ocasionalmente e 8% forneciam apenas
sal branco comum (cloreto de sódio) (BARROS et al., 1981).
15
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
O estágio curricular final foi realizado na empresa Vitamais Nutrição Animal
Ltda., localizada no Distrito Industrial do município de Ji-Paraná – RO (Figura 1), no
período de 16 de março a 08 de junho de 2015.
Figura 1. Empresa Vitamais Nutrição Animal Ltda., localizada em Ji-Paraná - RO
Fonte: www.vitamais.com.br
A marca Vitasal foi fundada no ano de 1995 e atende aos mercados dos
estados de Rondônia, Acre, Roraima, Amazonas e Mato Grosso. Desde o início das
suas atividades, a empresa foi pioneira na região Norte em lançamentos de
suplementos minerais aliados a maiores desempenhos dos animais.
A empresa Vitamais Nutrição Animal Ltda. foi fundada no ano de 2003,
licenciada da marca Vitasal e passou a produzir todos os produtos das linhas de
suplementos minerais, rações e concentrados.
16
Para obter e se manter em posição de destaque no segmento de nutrição
animal, a empresa investe em tecnologia e qualidade. A qualidade é alcançada com
a utilização de matérias primas de alto valor nutritivo e biológico, adquiridas de
fornecedores idôneos, higiene em todo o processo produtivo, garantia de ausência
de contaminação, cuidado no armazenamento e utilização de sistema eficiente de
rastreabilidade para reavaliar possíveis problemas quanto as matérias-primas
adquiridas e os produtos produzidos e comercializados.
Esse controle possibilitou que no ano de 2008 fosse obtido a Certificação em
Boas Práticas de Fabricação – BPF, certificação reconhecida no Brasil e
internacionalmente, sendo a primeira empresa do estado de Rondônia e uma das
poucas empresas do país a ser certificada em BPF nível II ou HACCP (sigla em
inglês que significa Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).
17
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO
5.1. Fábrica de Ração
A fábrica de ração da empresa Vitamais Nutrição Animal Ltda. possui duas
linhas de produção, uma na qual se realiza a produção de suplementos minerais e
concentrados minerais e a outra de rações e proteinados. Ambas contam com
sistema automatizado, que reduzem erros na inclusão de cada ingredientes na
mistura. Os premixes contendo microminerais e aditivos utilizados em cada produto
são preparados em uma sala reservada, devido a pequena inclusão e necessidade
de maior precisão de pesagem de cada elemento, produzidos em misturador com
capacidade para 750 kg.
A linha de produção de suplementos minerais e concentrados minerais era
realizada, no início do estágio, em dois misturadores, com capacidade de 1 tonelada
cada e apenas dois envases. No decorrer do período de estágio foram trocados para
um misturador, com capacidade de 2 toneladas e três envases. Esta ampliação teve
como objetivo aumentar a taxa de produção e de envase do produto por hora e por
dia. Já para rações e proteinados, há um misturador, com capacidade de 2
toneladas.
A fábrica conta ainda com duas caixas (3 toneladas/batch, cada), uma matriz
(4 toneladas/hora), um resfriador (4 toneladas/hora) e uma classificadora (4
toneladas/hora) destinados à produção de ração da linha de equinos e núcleo
mineral-proteico peletizado.
As matérias primas adquiridas recebidas a granel são descarregadas em
moega e direcionadas para as caixas de armazenamento. As recebidas em bag’s
são transportadas para o interior da fábrica com o auxílio de empilhadeira. As
matérias-primas ensacadas são transportadas por funcionários e armazenadas em
palets.
18
Toda matéria prima recebida deve atender as normas estabelecidas pela a
Instrução Normativa nº 04 (MAPA, 2007). Após a chegada do caminhão na indústria,
são observados os dados da carga repassados pelo fornecedor e observadas as
condições do caminhão de transporte.
Como exemplo, toda carga de milho ao ser recebida é avaliado o caminhão
de transporte e, antes de ser descarregada, tem uma amostra coletada, para avaliar
umidade dos grãos em um medidor totalmente automático (Figura 2). Confirmando a
conformidade da matéria-prima, o caminhão é liberado para efetivar o
descarregamento.
Figura 2. Medidor automático de umidade de grãos de milho
Fonte: Arquivo pessoal.
Além disso, no planejamento anual da fábrica são programadas análises da
composição química das matérias-primas e produtos acabados, de forma que no
decorrer do ano, todos os produtos são analisados. Assim, as amostras coletadas
são enviadas para um laboratório de análises químicas no próprio município de
Ji-Paraná, enquanto outras são enviadas para laboratório credenciado pelo
Ministério da Agricultura no estado de São Paulo.
19
A análise qualitativa de aflatoxina no milho é realizada por meio de kits
comerciais na própria indústria. O kit comercial é utilizado em ambientes não
laboratoriais, com sensibilidade mínima de 2 ppb, no qual a amostra é preparada
usando apenas grão de milho triturado e adicionados os reagentes, com a obtenção
de resultados visualmente analisados. Resultado positivo para aflatoxina é
observado quando aparece apenas uma linha no teste. O resultado é negativo
quando aparece duas linhas e nulo (erro no teste) em caso de não aparecer
nenhuma linha (Figura 3). Análises quantitativas também são realizada em
laboratório externo conforme a programação das análises.
Figura 3. Resultado negativo para aflatoxina realizado com o kit comercial
Fonte: Arquivo pessoal.
A sequência de produção foi programada conforme os suplementos e as
espécies animais a serem suplementadas. Os suplementos minerais para espécies
mais sensíveis são produzidos inicialmente, a fim de evitar-se contaminação
cruzada. A ordem utilizada é de suplementos para equinos, ovinos e bovinos. Após,
a produção de suplementos com o uso de promotores de crescimento, sempre se
procede a limpeza da linha.
A limpeza da linha de produção é realizada através do flushing. Segundo
Borges (2010) flushing é um procedimento de limpeza por meio da passagem de um
produto com capacidade de arraste (flush), que promova a redução da
20
contaminação residual nos equipamentos onde ocorre trânsito de ingredientes e
aditivos como promotores de crescimento. O flush utilizado na fábrica da Vitamais é
o milho moído ou o calcário, dependendo do produto que está sendo produzido.
Após a limpeza da linha de produção, o material contaminado é utilizado na
produção de outro suplemento que contenha o mesmo promotor de crescimento. O
flush de limpeza obtido das linhas de rações, de minerais e do misturador de premix,
devido a diferença nas concentrações do promotor de crescimento, são incluídos
nas porcentagens de 60%, 20% e 3%, respectivamente.
Borges (2010) destaca que quanto menor a quantidade de flush necessária,
maiores são as vantagens em termos operacionais por gerenciar menor volume de
material a ser reaproveitado e em termos econômicos por reduzir os gastos com
energia. Na fábrica de ração da Vitamais são utilizados 100 kg de milho moído ou
calcário, dependendo do produto produzido.
As ordens de produção para o dia são avaliadas sempre no período da
manhã. No entanto, observa-se que pedidos realizados com entrega para o dia, sem
ordem de produção, repassada a indústria após o início da produção, acaba
exigindo a necessidade de realizar mais de um procedimento de limpeza da linha
durante o dia. Dessa forma, verifica-se redução do rendimento de produção que
poderia ser evitada, caso fosse cumprida a sequência de produção correta e
programação para o dia.
Foram poucos dias de acompanhamento da produção na fábrica de ração, no
entanto, pôde-se perceber que as normas requisitadas pelo BPF e HACCP são
cumpridas, mesmo em situações em que se reduz o rendimento da produção devido
limpezas extras da linha de produção ou pela ocorrência de alguma não
conformidade como erro na dosagem de algum ingrediente ou matéria-prima.
Uma ação corretiva acompanhada nesse período foi a manutenção de uma
rosca dosadora, que transportava maior quantidade do insumo. Erros na dosagem
dos ingredientes podem provocar intoxicação no animal, dependendo do insumo
dosado erroneamente, problemas de consumo, além de causar prejuízos
econômicos para a indústria.
Todas essas observações foram possíveis devido à disponibilidade da
empresa em apresentar todos os dados necessários para a execução deste
relatório, demonstrando clareza nos pontos corretos e nos que necessitavam de
ação corretiva.
21
5.2. Assistência técnica
Foram realizadas visitas em propriedades de clientes da empresa Vitamais
para prestar serviços de assistência técnica. A visita foi realizada pelo vendedor que
atende à propriedade, juntamente com o Zootecnista do departamento técnico da
empresa.
A empresa Vitamais oferece aos seus clientes assistência no manejo
nutricional do rebanho através do Planejamento Nutricional Anual (PNA). O PNA
consiste em realizar visita à propriedade, realizar o levantamento dos dados do
sistema de produção, área de pastagem, categoria e número de animais, peso vivo
dos animais e estimativa de giro de capital. Assim, são determinados juntamente
com o Zootecnista, para as diferentes épocas do ano, a melhor estratégia nutricional
e os suplementos adequados que permitirão atender os requisitos das diferentes
categorias animais e permitir os ganhos almejados.Com isso, o proprietário pode se
programar e planejar a época de abate, a estação de monta, o período de descarte
de fêmeas, entre outros.
Nesta visita são apresentados os produtos, desde a linha mineral básica até
produtos contendo ureia, ureia de lenta liberação (Optigen®), e promotores de
crescimento e óleos essenciais. Em experimentos realizados com produtos da
Vitamais, foram observados ganhos adicionais de 50 g/animal/dia, ao comparar um
suplemento mineral da linha básica com um suplemento mineral que contém ureia e
promotor de crescimento. Isso é possível devido ao maior aporte de nitrogênio ao
animal que promove aumento nas taxas de digestão e digestibilidade da forragem
consumida, aumento na taxa de passagem e consequentemente o aumento no
consumo de MS pelo animal (REIS et al., 2009).
Depois de realizado o PNA é realizada visita à propriedade para apresentar
ao proprietário e aos funcionários as características dos produtos selecionados para
o manejo nutricional definido para a propriedade. Além disso, quando possível, são
avaliados os pastos da propriedade para verificar as condições e definir o manejo
que será realizado em cada um (Figura 4).
22
Figura 4. Visita aos pastos da propriedade
Fonte: Arquivo pessoal.
Na Fazenda A em que foi realizado um PNA, observou-se que o manejo do
pasto não estava correto. As alturas de entrada e retirada dos animais do pasto
estavam inadequadas. Alturas ideais para entrada e retirada dos animais em pastos
de capim Mombaça são de 90 e 30 cm, respectivamente (CARNEVALLI, 2003).
Segundo a mesma autora, a utilização de altura com 95% de interceptação
luminosa proporciona maior número de pastejos devido ao menor número de dias de
descanso da pastagem. Além disso, é observado melhor composição morfológica da
forragem, causado por menor alongamento de colmo e menor taxa de senescência
das folhas.
Em sequência, foi ministrada uma palestra sobre “Suplementação Mineral”
(Figuras 5), a qual incluía a importância da suplementação e dimensionamento ideal
de cocho para cada produto (suplemento mineral: 4 a 8 cm lineares de cocho/animal,
segundo Martin (1993), e 10 e 15 cm lineares de cocho/animal para suplemento
mineral proteico e suplemento mineral proteico energético, respectivamente. Já para
ração o dimensionamento recomendado pelos técnicos da empresa é de 50 cm
lineares de cocho/animal.
23
Figura 5. Palestra ministrada ao proprietário e funcionários
Fonte: Arquivo pessoal.
Em estudos realizados analisando a composição química de forrageiras da
região norte (Tabela 1) é possível verificar níveis de minerais insuficientes para
atender as exigências de um animal com 450 kg de peso corporal e consumo de
2,4% peso vivo, o qual obtém-se consumo de pasto de 10,8 kg MS/animal/dia.
Tabela 1. Níveis de minerais em forrageiras da região Norte do Brasil
Elemento mineral Níveis em forrageiras da região Norte Referências
P 0,06 a 0,15% Barros et al., (1981)
Na 23 a 152 ppm Sousa et al., (1987)
K 0,174 a 0,432% Sousa et al., (1987)
Mg 0,063 Sousa et al., (1987)
Co 0,02 ppm Sousa e Darsie (1985)
Cu 4,0 ppm Barros et al., (1981)
Mn 7,4 a 17,6 ppm Moraes (1998)
Zn 0,7 a 11,7 ppm Sousa e Darsie (1985)
Dessa forma, a deficiência deve ser suprida pelo fornecimento dos minerais
por meio da suplementação. Foi analisado a utilização de um suplemento da linha
mineral básica (Produto 1) e outro da linha tecnológica (Produto 2), os quais
24
permitem consumo médio de 80 g/animal/dia e 175 g/animal/dia, respectivamente,
produzidos pela empresa Vitamais Nutrição Animal.
Tabela 2. Fornecimento de minerais por meio de suplemento da linha mineral básica e linha tecnológica
Elemento mineral
Exigência¹ Consumo mineral
forragem² Déficit mineral Produto 1³ Produto 2³
P 7,2 g 6,48 g -0,72 g ² 5,2 g 5,25 g
Na 7,56 g 0,248 a 1,64 g -7,31 a -5,92 g 13,2 g 19,25 g
K 64,8 g 18,79 a 46,66 g -46,01 a -18,14 g - -
Mg 10.800 mg 6.800 mg -4.000 mg 400 mg 875 mg
Co 1,08 mg 0,216 mg -0,864 mg 4,8 mg 5,25 mg
Cu 108 mg 43,2 mg -64,8 mg 60 mg 210 mg
Mn 216 mg 79,92 a 190,08 mg -136,08 a -25,92 mg 40 mg 96,25 mg
Zn 324 mg 7,56 a 126,36 mg -316,44 a -197,64 mg 168 mg 525 mg
¹Exigência para mantença de bovinos de corte em crescimento e terminação; ²Consumo mineral proveniente da forragem (considerando animal de 450 kg peso corporal e consumo de 2,4% peso vivo); ³Produto 1 – produto linha mineral básica (consumo médio de 80 g/animal/dia), Produto 2 – produto linha tecnológica (consumo médio de 175 g/animal/dia).
Ressalta-se que os níveis de Mg avaliados foram apenas de forrageiras
nativas, demonstrando assim, menores níveis quando comparados a de forrageiras
cultivadas na mesma região (SOUSA et al., 1987). Analisando o fornecimento de
minerais provenientes das forrageiras analisadas e o fornecimento por meio dos
suplementos minerais, torna-se evidente a necessidade de considerar a região para
definir o suplemento com níveis adequados àquela situação.
Foram, da mesma forma, realizadas visitas de acompanhamento da
propriedade para averiguar satisfação com uso do produto e ajustar algum ponto
que não estava em conformidade ou indicar alguma melhoria quando necessário.
Pode-se observar exemplos a serem seguidos e repassados de infraestrutura de
cocho de fornecimento do suplemento, como observado na Figura 6.
O cocho coberto e com local para armazenamento possibilita a redução nas
perdas de suplemento no período de chuvas e reduz mão-de-obra para transportar o
suplemento aos cochos, pois o próprio funcionário que realiza a ronda do gado pode
repor o suplemento no cocho.
25
Figura 6. Cocho coberto e com local para armazenamento de suplemento
Fonte: Arquivo pessoal.
Outro enfoque foi, em uma das visitas, realizar minicurso sobre “Bem-Estar
Animal” direcionada à capatazes e vaqueiros. Primeiramente, foi observado o tipo de
manejo que os funcionários realizavam no curral e, posteriormente no curso, são
passados os conceitos de bem-estar animal e as formas de manejar os animais.
Após o curso os vaqueiros foram levados para o curral para manejar o gado
seguindo os preceitos vistos (Figura 7).
Figura 7. Manejo do gado no curral seguindo os preceitos de bem-estar animal
Fonte: Arquivo pessoal.
26
Com as visitas técnicas pôde-se perceber a agregação de valor aos produtos
da Vitamais, com palestras para motivação dos funcionários das fazendas atendidas,
além do acompanhamento do manejo na propriedade. Isso é importante pois nota-se
que o desempenho dos animais não depende apenas da qualidade do produto, mas
também do manejo da pastagem e dos animais suplementados em pastejo.
5.3. Confinamento
Foram acompanhadas as atividades realizadas no confinamento localizado no
município de Pimenta Bueno – RO, que utiliza núcleo para confinamento da
empresa Vitamais Nutrição Animal Ltda.
O confinamento tem capacidade para alojar 2.500 bois. No entanto, devido às
chuvas na época programada para o início do confinamento (18/05/2015), foram
apartados apenas 917 bois para que não tivessem problemas de lama nos currais e
perda de alimento no cocho. Essa quantidade inicial foi necessária apenas para
aliviar as pastagens da propriedade.
No momento da apartação os animais receberam medicamento antiparasitário
interno e externo, vacinas contra clostridioses e doenças respiratórias. Os lotes
foram formados apenas por machos inteiros e realizou-se a apartação conforme
padrão racial e peso. Os animais foram pesados e identificados através de marcação
a ferro quente de acordo com o número do lote (Figura 8).
Figura 8. Marcação dos animais a ferro quente
Fonte: Arquivo pessoal.
27
O manejo sanitário realizado antes da entrada dos animais no confinamento é
importante devido ao estresse causado pelas mudanças fisiológicas ocorridas nos
animais no início do confinamento. Neste novo ambiente há alterações dos
microrganismos do rúmen e estabelecimento de estrutura social no lote, reduzindo a
imunidade do animal (MILLEN e ARRIGONI, 2013).
Os currais do confinamento têm capacidade para o alojamento de 90
animais/cada, e da enfermaria para 45 animais, com dimensionamento de 30 x 40
metros e 15 x 20 metros, respectivamente. De acordo com Bürgi (2006) a área
sugerida para o alojamento dos bois no curral de confinamento é entre 8 e 15
m²/animal, variando conforme a região do país devido às chuvas e tipo de solo.
Ainda, o mesmo autor sugere que a frente de cocho utilizada deve ser de no mínimo
35 cm.
Como a capacidade máxima de cada curral do confinamento é de 90 animais,
a área por animal é de 13,33 m². Porém, o maior lote apartado nesse período foi de
80 animais, com área/animal de 15 m². Em relação à frente de cocho, visando a
capacidade máxima do curral, obtém-se 33 cm/cab., no entanto, com o maior lote
alojado esse valor é de 37,5 cm/cab. Os primeiros lotes apartados apresentaram
menor quantidades de animais, buscando minimizar e evitar os problemas causados
pelas chuvas que ainda estavam ocorrendo com frequência. No entanto, no dia
03/06/2015, houve a segunda entrada de animais no confinamento e os lotes
apartados já foram formados ocupando a capacidade total dos currais.
Foram utilizadas 3 dietas, sendo adaptação, crescimento e terminação, onde
a inclusão de volumoso é de 33%, 26% e 14% da MS da dieta, respectivamente, e
realização de 4 tratos diários.
Depois de alojados nos currais, deu-se início ao fornecimento da dieta de
adaptação. Antes do primeiro trato, foi realizada a leitura de cocho, com o objetivo
de ajustar os tratos do dia conforme as sobras existentes nos cochos. As notas
utilizadas no confinamento foram -1 e 0 para aumentar 10% e 5% da quantidade
fornecida no dia anterior, respectivamente, 1 para manter a quantidade fornecida no
dia anterior, e 2 e 3 para reduzir 5% e 10% da quantidade fornecida no dia anterior,
respectivamente (Tabela 3).
A alteração de 10% foi realizada apenas quando os animais ainda estavam na
dieta de adaptação, não sendo utilizada em currais com animais consumindo dieta
28
de crescimento e terminação, devido a menor quantidade de fibra da dieta e maior
quantidade de carboidratos de rápida fermentação.
Além das sobras no cocho foi avaliado o comportamento dos animais. Para
ser fornecida a nota 1 foi aceito que os animais já estivessem em pé, no entanto,
sem agressividade no cocho, e foi fornecida a nota -1 quando os animais estavam
agitados, com apenas 25% desses deitados, 50% se encaminhando para o cocho e
25% já estavam no cocho aguardando a dieta e demonstrando agressividade no
momento do fornecimento do trato.
Tabela 3. Leitura de cocho realizada no confinamento Leitura de cocho Adaptação Crescimento Terminação
-1 10 % 5% 2%
0 5% 2% 1%
1 0% 0% 0%
2 -5% -2% -1%
3 -10% -5% -2%
Fonte: Alexandre Foroni.
Segundo Horton (1990), quando o caminhão tratador chega no cocho para
tratar, o ideal é que 25% dos animais estejam alinhados no cocho aguardando o
trato, 50% estejam em pé e ainda se encaminhando para o cocho e 25% estejam se
levantando.
Almeida (2004) relata que o comportamento que os animais demonstram
alinhando-se no cocho e outros formando uma linha logo atrás significa que os
animais estão famintos, devendo ser aumentada a quantidade de ração a ser
fornecida.
O controle do fornecimento da dieta, reduzindo as sobras conforme o
consumo dos animais é necessário devido a busca por uma pecuária mais eficiente,
pois os custos com reposição dos animais, alimentares, e operacionais são altos
(GRANDINI e MANELLA, 2013).
Juntamente com a leitura de cocho, o funcionário realizou a limpeza dos
cochos, retirando pedras, barro, fezes e alimento estragado. Enquanto o 1º trato era
fornecido, outro funcionário realizava a ronda sanitária diária, observando se haviam
animais machucados ou refugo de cocho, além de se analisarem as fezes. Os casos
encontrados foram transferidos para o curral de enfermaria para efetuar-se os
29
devidos cuidados. Ainda no horário da ronda sanitária, foi realizada a limpeza dos
bebedouros 3 vezes por semana.
Ainda entre as atividades realizadas no confinamento, a MS da silagem de
capim Mombaça, utilizada como volumoso das dietas, foi aferida uma vez por
semana pelo método do microondas para realizar os ajustes necessários nas dietas.
O acompanhamento do manejo realizado no período de adaptação do
confinamento permitiu entender a importância da adaptação gradual do animal as
dietas de maior densidade energética. Esse manejo proporciona o estabelecimento
de microrganismos desejáveis e reduzir/inibir o crescimento de microrganismos
indesejáveis, como o Streptococcus bovis, a redução do acúmulo de ácidos no
rúmen devido a maior produção de ácidos e menor absorção pelas papilas ruminais.
Os microrganismos ruminais necessitam de até 3 dias para se adaptarem à nova
dieta e, ainda de 5 a 7 dias para que ocorra o desenvolvimento das papilas ruminais
(MILLEN e ARRIGONI, 2013). Lesões causadas no epitélio devido à acidificação do
ambiente ruminal reduzem a capacidade absortiva, a qual acarreta desempenhos
aquém do esperado.
Após 15 dias de adaptação, iniciou-se a transição para a dieta de
crescimento, na qual no 1º dia substituiu-se o 4º trato pela dieta de crescimento, no
2º dia substitui-se o 3º e 4º tratos, no 3º dia apenas o 1º trato permaneceu na dieta
de adaptação, sendo substituídos os 3 tratos seguintes e no 4º dia em todos os
tratos foi fornecida a dieta de crescimento. Essa forma de transição gradativa
possibilita que o consumo continue aumentando mesmo com a troca de dieta,
observando-se que se for realizada de forma abrupta, o consumo pode ser reduzido
de 3 a 7 dias (PAULINO et al., 2010).
A dieta de crescimento foi planejada para ser fornecida por 30 dias para todos
os animais, e o tempo de fornecimento da dieta de terminação foi determinado
conforme o peso dos animais.
A água disponibilizada aos animais é proveniente de uma represa a 1.600
metros do confinamento. O cálculo da necessidade de água foi de 50 litros de
água/animal/dia. O abastecimento do reservatório de armazenamento com
capacidade para 750.000 litros suficiente para atender ao confinamento por 5 dias é
realizado por meio de duas rodas d’água.
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6. CONCLUSÕES
O uso da suplementação é uma forma de suprir as deficiências nutricionais
encontradas nas pastagens tropicais, no entanto, depende de manejo adequado
para sua efetivação. Manejo da pastagem, do fornecimento do suplemento,
localização e espaçamento de cocho inadequado interferem nos resultados de
desempenho dos animais, havendo prejuízos econômicos que reduzem a eficiência
na atividade de pecuária de corte.
A motivação e treinamento dos funcionários é uma alternativa para minimizar
os danos causados por erros de manejo.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Estágio de Conclusão de Curso possibilitou agregar conhecimento
prático ao teórico visto durante o curso de Graduação em Zootecnia. Com as visitas
técnicas foi possível verificar diferentes formas de manejo utilizado em propriedades
intensificadas de destaque na pecuária de Rondônia, como em outras com manejo
menos tecnificado.
O estágio na Empresa Vitasal Nutrição Animal proporcionou ainda
conhecimento na área comercial, favorecendo verificar o funcionamento de uma
empresa da área de nutrição animal e aprimorar sobre o mercado dos produtos
minerais, proteinados e rações.
O acompanhamento dos técnicos da empresa proporcionou não apenas o
crescimento profissional, mas também o crescimento pessoal. A gestão de pessoas
é algo que necessita ser aprendido e praticado, pois o relacionamento interpessoal é
um fator de maior influência na venda.
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REFERÊNCIAS
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