UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de...

38
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS JOÃO PAULO RODRIGUES DE LIMA ANUROFAUNA DE UMA ÁREA DE CAATINGA ARBÓREA NA SERRA DE SANTA CATARINA, SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA, PARAÍBA, BRASIL Patos-PB Março de 2015

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JOÃO PAULO RODRIGUES DE LIMA

ANUROFAUNA DE UMA ÁREA DE CAATINGA ARBÓREA NA SERRA DE SANTA

CATARINA, SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA, PARAÍBA, BRASIL

Patos-PB

Março de 2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

JOÃO PAULO RODRIGUES DE LIMA

ANUROFAUNA DE UMA ÁREA DE CAATINGA ARBÓREA NA SERRA DE SANTA

CATARINA, SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA, PARAÍBA, BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado a Universidade Acadêmica de

Ciências Biológicas da Universidade Federal

de Campina Grande, Campus de Patos-PB,

como exigência parcial na obtenção do grau de

Licenciado em Ciências Biológicas, sob a

orientação do Prof. MSc. Stephenson Hallison

Formiga Abrantes.

Patos – PB

Março de 20015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

JOÃO PAULO RODRIGUES DE LIMA

ANUROFAUNA DE ÁREA DE CAATINGA ARBÓREA NA SERRA DE SANTA

CATARINA, SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA, PARAÍBA, BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a ser

apresentado a Universidade Acadêmica de

Ciências Biológicas da Universidade Federal

de Campina Grande, Campus de Patos-PB,

como exigência parcial na obtenção do grau de

Licenciado em Ciências Biológicas, sob a

orientação do Prof. MSc. Stephenson Hallison

Formiga Abrantes.

Aprovado em: 06/ 03/2015

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________

Professor MSc. Stephenson Hallison Formiga Abrantes

Orientador – UACB/CSTR/UACB

____________________________________________________________________

Professor Dr. Marcelo Nogueira de Carvalho Kokubum

Examinador - UACB/CSTR/UACB

_____________________________________________________________________

Professor Dr. Erich de Freitas Mariano

Examinador – UACB/CSTR/UACB

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida, e por sempre está comigo e me dado tantas vitorias.

Aos meus pais, senhora Ana Maria Rodrigues de Almeida Lima e ao senhor João dos Santos,

por terem sempre me apoiado e ajudado a tomar as melhores decisões na minha vida até hoje.

E meus dois irmãos Lucas e Mateus, por estarem sempre comigo, brigando ou

compartilhando risadas.

Ao meu orientador, MSc. Stephenson Hallison Formiga Abrantes, pela paciência (as vezes), e

por tudo que aprendi nesses anos, e por ter se tornado um grande amigo.

Aos professores e também amigos, Dr. Erich de Freitas Mariano e Dr. Marcelo Nogueira de

Carvalho Kokubum.

Meus avós paternos, Alcides e Ana, e meus avós maternos Amadeus (em memória) e Dona

Iraci, que muitas vezes pedia meu boletim.

Aos meus amigos de turma, Emanulle Brito (Manú), Josley Maycon (O Mago), John Wagner,

Vivianne Kaline, Maedy Karloane, Beatriz Nunes (Bia), Mabely, Roberto Jorge (Doug),

Mabely, por estarem sempre comigo.

Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses

Marques, Jessica Diniz, Jessica Carvalho, Willmara Guedes, Danilo Batista, Pedro, Nicaely,

Juliana, Emanuel Messias, Tâmara, Daniele, Yamarashy Gomes,

Aos colegas Ítalo, Everton, Lucas, pelo apoio e ajuda nas coletas.

A todos os professores que participaram da minha graduação.

Ao pessoal da Sudema, pelo apoio e logística, que foram necessários para a realização desse

trabalho.

Ao senhor Jozimar e família, que nos auxiliou na pesquisa de campo.

A todos que de alguma maneira participaram direta e indiretamente.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa da localização da Serra de Santa Catarina-PB ................................................ 5

Figura 2. Médias pluviométricas registradas durante o período de coleta na Serra de Santa

Catarina e número e indivíduos capturados. Dados da AESA nos meses Junho/2012,

Março/Agosto-2013 e Janeiro/2014........................................................................................... 9

Figura 3. Curva de rarefação de espécies de anuros na Serra de Santa Catarina-PB, Brasil.

Entre os períodos de Julho/2012, Março/Agosto-2013 e Janeiro/2014 ...................................10

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012,

Março/2013, Agosto/2013 e Janeiro/2014. (A) Rhinella jimi, (B) Rhinella granulosa, (C)

Corythomantis greeninge, (D) Dendropsophus nanus, (E) Scinax x-signatus, (F) Hypsiboas

raniceps ....................................................................................................................................20

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012,

Março/2013, Agosto/2013 e Janeiro/2014. (G) Phyllomedusa nordestina, (H) Leptodactylus

macrosternum, (I) Leptodactylus fuscus, (J) Leptodactylus troglodytes, (K) Leptodactylus

vastus, (L) Leptodactylus syphax. ............................................................................................21

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012,

Março/2013, Agosto/2013 e Janeiro/2014. (M) Pseudopaludicola pocoto, (N) Physalaemus

cuvieri, (O) Dermatonotus muelleri, (P) Proceratophrys cristiceps, (Q) Pipa carvalhoi

...................................................................................................................................................22

Figura 5. Dendrograma de similaridade para 16 localidades brasileiras, comparando a

diversidade com a fauna e anfíbios. Índice de Sorensen e Método de Agrupamento

(WPGMA). Legenda: (Buraquiho)-Área de Preservação permanente Mata do Buraquinho-PB,

Santana et al (2008); (Ibiapaba)-Ibiapaba-CE, (Loebmann e Haddad, 2010); (Araripe)

Chapada do Araripi-CE, (Ribeiro et al. 2008); (Pau Ferro) Mata do Pau Ferro-PB, (Barbosa e

Alves, 2014); (Maturéia)-Maturéia-PB, (Arzabe, 1999); (S. Catarina)-Serra de Santa Catarina;

(S. J. Bonfim)-São José do Bonfim-PB, (Arzabe, 1999); (Curimataú)-Área de Curimataú-PB,

Arzabe et al. (2005); (S. almas)-Área de Reserva da Serra das Almas-CE (Borges-Nojosa e

Cascon, 2005); (Cariri)-Área do Cariri Viera et al. (2007); (Bet/Floresta)-Área de Betânia e

Floresta-PE, (Borges-Nosoja e Santos, 2005); (M.dantas)-RPPN Reserva Ecológica Maurício

Dantas-PE, Moura et al. (2011); (F. Saco)-Fazenda Saco-PE, Moura et al. (2011); (Catimbaú)-

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

Parque Nacional do Catimbau-PE, Moura et al. (2011); (Frei Caneca)-RPPN Frei Caneca-PE,

Moura et al. (2011); (Tapacurá)-Estação Ecológica de Tapacurá-PB, Moura et al. (2011)

...................................................................................................................................................23

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

LISTA DE TABELA

Tabela 1. Lista de espécies e abundância dos anfíbios anuros registrados na Serra de Santa

Catarina, São José da Lagoa Tapada, Paraíba, Brasil, entre Julho de 2012 à Janeiro de 2014,

com seus status de ameaça, Não ameaçada (LC), dados insuficientes (DD), não consta (NC),

identificado por vocalização (I.VO). ..........................................................................................9

Tabela 2. Tabela de uso de microhabitat pelos anuros de Serra de Santa Catarina, nos

períodos de Julho/2012, Mar/Ago/2013 e Janeiro/2014.

...................................................................................................................................................17

Tabela 3. Tabela de atividade de vocalização dos anuros de Serra de Santa Catarina nos

períodos de Julho/2012, Mar/Ago/2013 e Janeiro/2014, espécies vocalizando (Tarja preta),

espécies em amplexo (Tarja azul)

...................................................................................................................................................19

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................... 1

ABSTRACT................................................................................................................ 2

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 5

Coleta de dados .......................................................................................................... 6

Análise dos dados ....................................................................................................... 6

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 8

Composição dos anuros .............................................................................................. 8

Lista comentadas das espécies ................................................................................... 10

Uso de Microhabitat.................................................................................................... 16

Atividade de Vocalização............................................................................................ 18

Análise de similaridade .............................................................................................. 23

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 25

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

1

ANUROFAUNA DE UMA ÁREA DE CAATINGA ARBÓREA NA SERRA DE

SANTA CATARINA, SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA, PARAÍBA, BRASIL

João Paulo Rodrigues de Lima¹* Stephenson Hallison Abrantes Formiga²

¹Aluno do curso de Ciências Biológicas, Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas Centro de Saúde e

Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos. Avenida Universitária s/n.

Bairro Santa Cecília, CEP 58708-110, Patos-PB, Brasil.

²Professor MSc. Stephenson Hallison Formiga Abrantes, Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas Centro

de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos. Avenida

Universitária s/n. Bairro Santa Cecília, CEP 58708-110, Patos-PB, Brasil.

*Autor correspondente: [email protected]

RESUMO

O bioma Caatinga possui uma área de 800,00 Km², é caracterizado por uma vegetação

xerófila adaptada a climas secos com poucas chuvas, cerca de 1000 mm ao ano e com

temperaturas anuais de 24° a 29° C. O estudo foi desenvolvido em uma área de caatinga na

Serra de Santa Catarina, Paraíba, Brasil. O objetivo foi realizar um levantamento da

anurofauna, estudar os diferentes tipos de microhabitat, atividade de vocalização, análise

de similaridade entre 16 localidades. Foram realizadas quatro expedições durante os

periodos de Julho de 2012 á Janeiro de 2014. Utililazando de busca passiva e busca ativa.

Obteve-se um total de 205 indivíduos divididos em 17 espécies, 11 gêneros, pertencentes à

seis famílias e quatro subfamílias: Família Bufonidae, (2) espécies, Familia Hylidae; (5)

espécies, (4) Hylineae e (1) Phyllomedusinae; Família Leptodactylidae, (7) espécies, (5)

Leptodactylinea, (2) Leiuperinae; Família Mycrohylidae (1) espécie da subfamília

Gastrophryninae; Família Odontophrynidae (1) espécie; Família Pipidae (1) espécie, o

microhabitats mais utilizados foram os terrestres, oito espécies foram encontradas

vocalizando. Na análise de similaridade a Serra de Santa Catarina ficou no grupo de áreas

de Caatinga. A composição da anurofauna de Serra de Santa Catarina apresentou espécies

associadas ao Bioma Caatinga.

Palavras Chaves: Anfíbios, Microhabitat, Nordeste, Similaridade, Vocalização.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

2

ABSTRACT: Anurans from Caatinga in Serra de Santa Catarina, São José da Lagoa

Tapada, Paraíba, Brazil

The bioma Caatinga has an area of 800,00km² and is caracterized by a vegetation xerophile

adapted to dry climates with low quantity of rains, around 100 mm per year and with

annual temperatures of 24° to 29° C. The study was developed in an area of caatinga in the

Serra de Santa Catarina, Paraíba, Brasil. The objective were realize a raising of anuran and

to study different types of microhabitat, activity of vocalization, analyse the similarity

between 16 localities. Were made four expeditions during the periods of July 2012 to

January 2014. Using of the method of active and passive search. There was obtained a total

of 205 individuals divided in 17 species, 11 genders, belonging to six families and four

subfamilies: Family Bufonidae, (2) species, Family Hylidae; (5) species, (4) Hylineae e

(1) Phyllomedusinae; Family Leptodactylidae, (7) species, (5) Leptodactylinea, (2)

Leiuperinae; Family Mycrohylidae (1) specie belonging to the subfamily Gastrophryninae;

Family Odontophrynidae (1) specie; Família Pipidae (1) specie, the microhabitats more

used were the ones of land, eight species were found vocalizing. On the analyse of

similarity, the Serra de Santa Catarina belonged in the group of areas of Caatinga. The

composition of anurans of Serra de Santa Catarina presented species related to Caatinga.

Key Words: Amphibians, Microhabitat, Northeast, Similarity, Speech.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

3

INTRODUÇÃO

A Caatinga brasileira possui uma extenção de 800.000 Km² (Rodrigues, 2003).

Abrange os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a maior parte da Paraíba e

Pernambuco, sudeste do Piauí, oeste de alagoas e sergipe, região central da Bahia e uma

faixa estendendo-se em Minas Gerais seguindo o rio São Francisco, juntamente com um

enclave no vale seco da região média do rio Jequitinhonha (Prado 2003). Sendo

caracterizado por um clima semiárido quente e úmido com altas temperaturas anuais, cerca

de 24 a 29° C (Rodrigues, 1986), indíces pluviometricos com cerca de 1000 mm por ano.

A Caatinga pode apresentar diferentes fitofisionomias podendo ocorrer em paisagens

arbóreas ou arbustivas (Prado, 2003).

Na Caatinga existem 47 espécies de anfíbios anuros. Apresenta 19 localidades na

Paraíba com registros de espécies sendo estas localidades representadas se tratando de

anuros; Cabaceiras 4 espécies, Gurinhém 8 espécies, Coremas e Junco do Seridó 9 espécies

(Rodrigues et al. 2003). Em trabalho de Arzabe et al. (2005), na região do Curimataú,

foram registradas 21 espécies de anfíbios, sendo 20 espécies de anuros e um

Gymnophiona, família Caecilidae. Essa região compreende o Parque Estadual da Pedra da

boca, com vegetação de mata seca, e da fazenda Cachoeira da Capivara, com vegetação,

arbórea/arbustiva. Nessa mesma região foram registradas em de Cuité com 17 espécies de

anuros (Abrantes et al. 2011). Na região do Cariri, foram amostradas cinco localidades,

São João do Cariri com 16 espécies, Cabaceiras com 18 espécies, Maturéia 12 espécies,

São João do Bonfim com 16 espécies, Boa vista com nove espécies (Viera et al. 2007).

A Serra de Santa Catarina posui uma vegteação que se difere um pouco das demais

fitofisionomias de caatinga. Apresenta em sua maior composição árvores de grande porte,

e dosel continou (Brandão et al. 2009). Vegetação como a de Serra de Santa Catriana é

chamada de Floresta estacional seca (Monney et al. 1995, Pennington et al. 2006). Essas

formações vegetais ocorrem onde os indíces pluviometricos são menores 1600 mm/ano,

com periodos de chuvas de 5 à 6 meses, apresentado menos de 100 mm.

Apontada como uma das reservas da biosfera criada pela Organização das Nações

Unidas, a Serra de Santa Catarina, está cotada a se tornar, em uma das áreas protegidas,

fazendo parte de uma rede internacional de unidades de conservação. A região de Serra de

Santa Catarina é ainda cotada como área de grande importância para preservação da

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

4

Caatinga. O presente trabalho estudou uma área de floresta na Serra de Santa Catarina,

Paraíba, Brasil, afim de conhecer a composição da anurofauna. Contribuindo para melhor

conhecimento da anurofauna da Caatinga do estado da Paraíba.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

5

MATERIAL E METÓDOS

O estudo foi realizado em uma área de Caatinga, na Serra de Santa Catarina,

Paraíba, Brasil, (7°00’20’’ S e 38°13’15’’ W) localizada na microrregião de Cajazeiras e

Sousa, na cidade de São José da Lagoa Tapada (Figura 1). A serra de Santa Catarina possui

uma extensão de 25 km que abrange uma área de aproximadamente 112,1 Km², desde

Olho d água do Frade (no município de Nazarezinho) até o riacho saco dos Bois (São José

da Lagoa Tapada). A área possui uma das poucas manchas florestais no domínio da

caatinga, este tipo de formação é uma das mais ameaçadas desse bioma que por sua vez

abriga espécies de animais e plantas exclusivamente ligada a estruturas florestais. Possui

vegetação variada desde caatinga arbustiva, arbóreo-arbustiva, caatinga arbórea e

formações florestais (Brandão et al. 2009). A mesma possui áreas antropizadas, com

derrubada de vegetação para criação de bovinos e caprinos, além de apresentar corte de

madeira e atividade de caça.

Figura 1: Mapa da localização da Serra de Santa Catarina-PB

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

6

Coleta de dados

Foram realizadas quatro expedições com duração de 9 dias cada, nos meses de

Julho/2012, Março/Agosto/2013 e Janeiro/2014. Para coleta dos anfíbios foram utilizadas

armadilhas de interceptação e queda (AIQ) constituídas de 50 baldes de 60 litros

enterrados até o nível de solo, agrupados em 10 linhas, cada linha com cinco baldes, todos

dispostos em linha reta. Cada linha foi interligada por uma lona preta fixada por estacas de

madeira e teve sua extremidade inferior fixada no solo. As armadilhas foram revisadas no

período da manhã, durante cada expedição, resultando em um esforço de 48.000

horas/balde.

Foi utilizada ainda a amostragem visual limitada por tempo em períodos noturno.

Essas amostragens foram realizadas sempre por quatro observadores (os mesmos para

todas as expedições) que mantinham uma distância aproximada de 5 m entre eles. Cada

período de amostragem teve duração de três horas ao longo de um transecto de 500 m de

extensão por 25 m de largura. Neste percurso foram observados os lugares onde os anuros

normalmente habitam como troncos, galhos, frestas de rochas, serapilheira, fendas de

árvores e corpos d’água e vegetação ciliar. Para cada animal observado foram registrados a

hora do avistamento, temperatura e umidade do ambiente, comportamento dos indivíduos e

uso de substrato. O esforço total despendido na amostragem usual, a cada expedição, foi de

120 hora/homem, resultando no total de 480 horas/homens de amostragem visual limitada

por tempo.

Os espécimes capturados foram sacrificados com xilocaína a 5%, e fixadas no formol a

10%. Os indivíduos foram tombados junto a coleção do Laboratório de herpetologia da

Universidade Federal de Campina Grande (LHUFCG) Campus Patos-PB.

Análises dos dados

Para caracterizar a taxocenose dos anfíbios anuros da Serra de Santa Catarina, a sua

composição de espécies foi comparada com 16 localidades incluindo área de estudo, que

são: (1)-Estação Ecológica de Tapacurá-PB, Moura et al. (2011); (2)-RPPN Frei Caneca-

PE, Moura et al. (2011); (3)-Parque Nacional do Catimbau-PE, Moura et al. (2011); (4)-

Fazenda Saco-PE, Moura et al. (2011); (5)-RPPN Reserva Ecológica Maurício Dantas-PE,

Moura et al. (2011); (6)-Área de Reserva da Serra das Almas-CE, (Borges-Nojosa e

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

7

Cascon, 2005); (7)-Área de Curimataú-PB, Arzabe et al. (2005); (8)-Área de Betânia e

Floresta-PE, (Borges-Nosoja e Santos, 2005); (9)-Área do Cariri-PB Viera et al. (2007);

(10)-São José do Bonfim-PB, (Arzabe, 1999); (11)-Área de Preservação permanente Mata

do Buraquinho-PB, Santana et al (2008); (12) Mata do Pau Ferro-PB, (Barbosa e Alves,

2014); (13)-Chapada do Araripi-CE, (Ribeiro et al. 2008); (14)-Ibiapaba-CE, (Loebmann e

Haddad, 2010); (15)-Maturéia-PB, (Arzabe, 1999).

Os dados relacionados a essas localidades geraram uma matriz de presença e ausência

com 85 espécies. A comparação entre a anurofauna encontrada em todas as localidades foi

feita no programa MVSP versão 3.1 utilizando como medida Sorensen que considera

apenas presença ou ausência de cada espécie das 16 localidades. O método de agrupamento

utilizado foi o WPGMA por conta da lista de espécies diferirem muito entre os métodos de

amostragem, e das áreas de estudo com características ecológicas diferentes, assim

evitando erros na amostragem nos diferentes inventários utilizados. Ainda foi feito um

gráfico de curva de acumulação de espécies

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

8

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Composição dos anuros

Obteve-se um total de 205 indivíduos divididos em 17 espécies, 11 gêneros,

pertencentes à seis famílias e quatro subfamílias: Família Bufonidae, com duas espécies,

Familia Hylidae; com cinco espécies, quatro Hylineae e uma Phyllomedusinae; Família

Leptodactylidae, com sete espécies, cinco delas da subfamília Leptodactylinea, e duas

Leiuperinae; Família Mycrohylidae com uma espécie da subfamília Gastrophryninae;

Família Odontophrynidae com uma espécie; Família Pipidae com uma espécie (Tabela 1).

A família melhor representada em número de espécies foi a Leptodactylidae com

44%, seguida da família Hylidae com 28%, a maior ocorrência dessas espécies é

semelhante com o modelo observado para região neotropical (Duellman 1978). A

composição da anurofauna da de Serra Catarina é formada por espécies comumente,

distribuídas na América do sul, e de ampla distribuição, que ocorrem tanto em formações

abertas, como em áreas de floresta.

Nenhuma delas corre risco de extinção, exceto duas espécies que não apresentam

dados suficientes para tal afirmação, Peseudopaludicola pocoto; Phyllomedusa nordestina,

(IUCN, 2014), uma vez que a espécie P. pocoto, foi recentemente descrita por Magalhões

et al. (2014).

Foi feita uma média dos índices pluviométricos durante cada expedição (dados da

AESA), dessa forma pode-se correlacionar o número de indivíduos coletados durante o

período de pesquisa. No mês de Julho, mês da primeira expedição a média pluviométrica

foi de 66,46 mm, 26,81 mm na segunda expedição Março, 53,58 mm na terceira Agosto,

onde foi observado maior número de captura de anuros e pôr fim a quarta expedição em

Janeiro com 45,58 mm (Figura 1). O intervalo entre a segunda e terceira expedição, foi

marcado por meses de maior precipitação, isso pode explicar o crescente número de

capturas.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

9

Figura 2. Médias pluviométricas registradas durante o período de coleta na Serra de Santa Catarina e número

e indivíduos capturados. Dados da AESA nos meses Junho/2012, Março/Agosto/2013 e Janeiro/2014.

Tabela 1. Lista de espécies e abundância dos anfíbios anuros registrados na Serra de Santa Catarina, São

José da Lagoa Tapada, Paraíba, Brasil, entre Julho de 2012 à Janeiro de 2014, com seus status de ameaça,

Não ameaçada (LC), dados insuficientes (DD), não consta (NC), identificado por vocalização (I.VO).

FAMÍLIA /

SUBFAMÍLIA ESPÉCIES

ST. DE AMEAÇA ABUNDÂNCIA

Bufonidae Rhinella jimi LC 9

Rhinella granulosa LC 41

Hylidae Corythomantis greeningi LC 4

Hylinae Dendropsophus nanus LC I.VO

Hylinae Scinax x-signatus LC 20

Hylinae Hypsiboas raniceps LC 2

Phyllomedusinae Phyllomedusa nordestina DD I.VO

Leptodactylidae Leptodactylus macrosternum LC 2

Leptodactylinae Leptodactylus fuscus LC I.VO

Leptodactylinae Leptodactylus troglodytes LC 42

Leptodactylinae Leptodactylus vastus LC 4

Leptodactylinae Leptodactylus syphax LC 3

Leiuperinae Pseudopaludicola pocoto NC 6

Leiuperinae Physalaemus cuvieri LC 34

Mycrohylidae

Gastrophryninae Dermatonotus muelleri

LC 4

Odontophrynidae Proceratophrys cristiceps LC 32

Pipidae Pipa carvalhoi LC 2

22 23

101

5766,46

26,81

53,5845,78

0

20

40

60

80

100

120

1 Expedição 2 Expedição 3 Expedição 4 Expedição

N°.

Iniv

idu

os

e M

édia

Plu

vio

met

rica

Expedições

N° I MEDIA PLUVI

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

10

Figura 3. Curva de rarefação de espécies de anuros na Serra de Santa Catarina-PB, Brasil. Entre os períodos

de Julho/2012, Março/Agosto-2013 e Janeiro/2014.

Lista comentada das espécies

Família Bufonidae

Rhinella jimi Stevaux, 2002 (Figura 4, A)

Espécie da família Bufonidae, geralmente conhecido como sapo cururu, que pode

medir mais de 20 cm de comprimento rostro-cloacal. Possui o corpo colorido de fundo

pardo-amarelado com manchas dorsais bem escuras, mal definidas e uma linha mais clara

por todo o dorso, que as vezes não se apresenta. Possui vocalização bem característica: de

um trinado longo, grave e contínuo que lembra, de longe, ruído de motor de barco. Tendo

ocorrência em todo o Nordeste brasileiro, alimenta-se de insetos, vertebrados,

camundongos e pequenas serpentes (Freitas e Silva, 2004). Em relação a alimentação dessa

espécie, foi publicado um artigo sobre a predação oportunista de Molussos molussos por

Rhinnela jimi (Silva et al. 2010). Reprodução do tipo “1” (ovos e girinos exotróficos em

ambientes lênticos) explosiva, geralmente são forrageadores de “sente e espera” podendo

ser chamado de animal generalista e oportunista (Moreira; Barreto, 1996).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

11

Rhinella granulosa Spix, 1824 (Figura 4, B)

É uma espécie comum e abundante que habita locais abertos como caatingas e

restingas litorâneas de todo Nordeste. Pequeno porte corporal, que pode atingir 6,0 cm de

comprimento rostro-cloacal. Possui colorido de fundo cinza-claro ou escuro com manchas

indefinidas pelo dorso. Os machos possuem canto trinado comprido e agudo que parece um

apito de guardas de transito (Freitas e Silva, 2004). Supra orbitaria crista baixa, focinho

muito longo (altamente salientes), tendo em vista lateral, borda posterior das narinas

ultrapassa a margem anterior da maxila, focinho arredondado em vista dorsal; distância do

tímpano para crista pósorbital DTP 0,6-1,3% CRC; distância interorbital (IOD1) 8,1-

13,3% SVL, (IOD2) 7,2 – 11,3% CRC; crista maxilar menos desenvolvidas; barriga sem

pigmentação (Narveas e Rodrigues, 2009).

Família Hylidae

Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 (Figura 4, C)

Espécie de hábitos noturnos, que pode alcançar cerca de 5,0 cm de comprimento

rostro-cloacal. Possui colorido de fundo inteiramente pardo escuro com poucas manchas

destacadas. Apresenta cabeça com formação óssea para proteção, quando está abrigado em

bromélias ou cavidades de rochas onde geralmente costuma vocalizar (Freitas e Silva,

2007). Tem sua desova em riachos. É uma espécie arborícola ligada ao semiárido onde

possuem adaptações para evitar a perda de água (Navas et al. 2002). (Figura 2, C).

Dendropsophus nanus Boulenger, 1889 (Figura 4, D)

Espécie pequena que pode atingir cerca de 2 cm de comprimento rostro-clocal.

Pode ser encontrada em quase todo o Nordeste brasileiro, na maioria das vezes em áreas

abertas com lagoas cobertas por juncos. Apresenta um colorido pardo-amarelado no dorso,

sem desenho ou marca característica. Possui vocalização rouca e estridente (priiic-priiic)

que lembra um pouco o D. branneri (Freitas e Silva, 2007). Reproduz em corpos d´água

lênticos temporários e permanentes. Vocalizam em gramíneas e ciperáceas que estão

presentes nas margens dos corpos d´água. Sua abundância está relacionada a variáveis

climáticas como: temperatura da água, temperatura do ar e pluviosidade (Melo et al. 2007).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

12

Scinax x-signatus Spix, 1824 (Figura 4, E)

Espécie que pode alcançar 3,5 cm de comprimento rostro-cloacal apresenta cor de

fundo pardo-amarelado com manchas dorsais bem definidas (Freitas e Silva, 2007). Ocorre

em áreas de Mata Atlântica da Bahia, áreas de caatinga, e nos enclaves úmidos como os da

Chapada Diamantina até o Ceará nas serras de Maranguape e Baturité (Lima, 1999).

Segundo (Silva, 2011), essa espécie apresenta maior afinidade por vegetação herbácea, se

tradando de uso do substrato tem preferência pelo solo e rochas. Sua alimentação é

composta por material vegetal, Coleóptera, Orthoptera e larvas de insetos, análises de

conteúdos estomacais.

Hypsiboas raniceps Cope, 1862 (Figura 4, F)

Espécie comum a ambientes abertos, que habita arbustos ao longo das margens de

cursos de rios, alimenta-se de pequenos artrópodes. Possui tamanho mediano com 5,0 a 6,0

cm de comprimento rostro-cloacal. Apresenta características morfológicas como: dorso

marrom-claro ou amarelo pardo, discos adesivos nas pontas dos dedos, uma linha falha

escura da narina que vai até o tímpano, parte interna da coxa com barras transversais

escuras, os jovens possuem coloração dorsal, linha branca no lábio inferior. Ocorre em

áreas abertas do litoral Norte da Bahia até o Ceará e caatingas de outros estados

nordestinos (Freitas e Silva, 2004). Vocalização bem característica de um canto com três

notas cróóó-cróóó-cróóó, que inicia-se baixo, aumentado na segunda nota, e diminuindo na

última.

Phyllomedusa nordestina, Caramaschi, 2006 (Figura 4, G)

Espécie pertencente ao grupo de P. hypochondrilis, que possui movimentos lentos,

que é característica desse gênero, habita em áreas abertas de todo Nordeste, na caatinga

principalmente e em matas deciduais do agreste dos estados nordestinos. Mede cerca de

4,0 cm de comprimento rostro-cloacal. Na parte dorsal do corpo e pernas possui coloração

verde claro, e na região interna das pernas e porções do flanco um laranja bem vistoso com

contraste preto; presença de uma faixa verde larga em todo o comprimento da face superior

da coxa; ausência de padrão de desenho reticulado nas pálpebras, lábios e faces inferiores

do corpo e membros locomotores; ausência de faixa esbranquiçada na lateral do corpo e na

face posterior da tíbia (Caramaschi, 2006). Vocaliza de maneira discreta com um “tróóc-

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

13

tróóc” rouco, grave e baixo. Apresenta mecanismos de defesa, como manter-se imóvel na

presença de ameaças, ao contato quando capturado faz tanatose (fingir de morto).

Alimenta-se basicamente de pequenos artrópodes (Freitas e Silva, 2004).

Família Leptodactylidae

Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926 (Figura 4, H)

Essa espécie podeb atingir 15 cm de comprimento rostro-cloacal e pode pesar até

350 gramas. Possui ampla distribuição na América do Sul, é encontrado em todo Nordeste,

habita em lagoas, rios e lagos, podendo ainda ser encontrado em ambientes antropizados.

Alimenta-se de pequenos artrópodes e de pequenos vertebrados incluindo outras rãs, peixes

e serpentes (Freitas e Silva, 2004).

Leptodactylus fuscus Schineider, 1799 (Figura 4, I)

Espécie de pequeno porte que atinge cerca de 5 cm rostro-cloacal. É encontrado em

ambientes abertos e matas em todo Nordeste. Possui colorido parecido com a da espécie

anterior L. macrosternum, porem os ocelos em maior número, elas se encontram dando

aspecto marmoreado, outros indivíduos apresentam uma linha no dorso de cor clara. Sua

vocalização lembra um assovio curto, repetido em sequencias alternadas, apesar de seu

tamanho pequeno, é relativamente forte o canto (Freitas e Silva, 2004). Segundo Downie

(1989), dependendo das variáveis ambientais (precipitação), os girinos podem vir a repor a

espuma original do ninho, podendo assim permanecer nele por várias semanas. Seu

período reprodutivo está associado ao período da chuva (Bernarde e Kokubum, 1999).

Leptodactylus troglodytes Lutz, 1930 (Figura 4, J)

Espécie de pequeno porte que pode atingir cerca de 4,0 cm de rostro-cloacal possui

colorido de fundo cinza claro também podendo ser creme, apresenta pintas escuras na

porção dorsal do corpo. Vocaliza com assovios curtos e alternados de baixa potência, é

comum ouvir essa espécie vocalizando em dias de chuvas. Possui uma alimentação a base

de pequenos artrópodes (Freitas e Silva, 2004).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

14

Leptodactylus vastus Spix, 1824 (Figura 4, K)

A maior espécie de anuro encontrada no Brasil, podendo alcançar cerca de 25 cm

de comprimento rostro-cloacal, e pesar um pouco mais de um quilo. Ocorre em todo

Nordeste. Sua vocalização lembra o latido de um cão sendo um pouco mais rouco e

abafado. É uma espécie que se alimenta de artrópodes e pequenos vertebrados inclusive

outras rãs, serpentes e pequenos mamíferos roedores (Freitas e Silva, 2004). Em trabalho

de Santana et al (2012), foi observado um indivíduo de L. vastus predando um adulto de

Leptodactylus latrans, na margem de um lago, o L. vastus foi capturado e nesse processo o

mesmo regurgitou dois indivíduos de Hypsiboas albomarginatus, sendo um ainda intacto e

o outro praticamente digerido.

Leptodactylus syphax Bokermann, 1969 (Figura 4, L)

Espécie de médio porte com cerca de 5,0 a 6,0 cm de comprimento rostro-cloacal,

apresentando no dorso cores castanho e tons avermelhados, alimenta-se de pequenos

artrópodes (Freitas e Silva, 2004). Habita ambientes rochosos e áreas abertas da região

Central, até o Nordeste brasileiro, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso

(localidade tipo), Piauí e Paraíba, ainda sul do Paraguai e leste da Bolívia (Heyer, 1979;

Cardoso e Heyer (1995); Heyer, (1995); De la Riva et al. (2000); Silva e Facure (2007);

Uetanabaro et al. (2007); Frost, (2008); Giaretta et al. (2008); Silva e Giaretta, 2009).

Pseudopaludicola pocoto Magalhães, Loebmann, Kokubum, Haddad, Garda, 2014 (Figura

4, M)

Espécie de pequeno porte cerca de 1,0 a 1,4 cm de comprimento rostro-cloacal.

Essa espécie se difere das demais por conta do: tamanho, a cor creme no saco vocal, sua

vocalização lembra um galope de cavalo, daí um nome pocoto (Magalhães et al. 2014),

pouco se sobre a biologia desse bicho pois a mesma foi recentemente descrita.

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 (Figura 4, N)

Espécie que ocorre em todo Nordeste do Brasil e em regiões ao sul da Amazônia, é

uma espécie de área aberta. Mede cerca de 2,5 cm de comprimento rostro-cloacal, possui

colorido cinza claro na maioria de seu corpo com manchas. Na porção posterior um pouco

acima da cloaca apresenta um par de manchas pretas com centro um pouco mais claro que

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

15

lembra olhos. Vocaliza de maneira que lembra um latido de cão, com notas repetidas,

geralmente com vários indivíduos vocalizando ao mesmo tempo (Freitas e Silva, 2007).

Pele com texturas variáveis mas nunca com tubérculos, pode apresentar ou não gânglios

iguinais, ausência de uma ampla área glandular dos flancos, focinho arredondado vistos

dorsalmente, região loreal côncava, apresenta ou não dobras dorso laterais (Nascimento et.

al. 2005).

Família Mycrohylidae.

Dermatonotus muelleri Boettger, 1885 (Figura 4, O)

Espécie de peque porte que pode atingir 6,0 cm de comprimento rostro-cloacal,

possui cores vistosas, na região ventral uma mistura de vermelho e branco, e o dorso

marron-bronze e manchas escuras. Ocorre em toda caatinga e em áreas abertas de restingas

litorâneas do nordeste. Não se trata de uma espécie rara, apenas difícil de ser coletada, por

conta de seus hábitos, fica sob a serapilheira na maior parte do ano. Sua alimentação é

constituída de artrópodes (Freitas e Silva, 2004). Segundo (Nomura, 2003), a atividade de

forragiamento desta espécie está ligada com a distribuição dos recursos, possui reprodução

do tipo explosiva, estivagem nos períodos de menor disponibilidade de alimentos. Nesse

espaço de tempo o D. muelleri, abriga-se em tocas subterrâneas, isso permite a essa espécie

a sobrevivência nos períodos de seca.

Família Odontophrynidae

Proceratophrys cristiceps (Müller, 1884 “1883”) (Figura 4, P)

É uma das menores espécie do gênero cerca de 4,0 cm de comprimento rostro-

cloacal. Ausência de protuberância na região superior dos olhos, caraterística típica desse

gênero. Possui colorido variado de tons alaranjados, cinza-claro da cor de areia, marrom-

escuro com uma faixa larga e centralizada na região dorsal, na maioria das vezes mais clara

e constante. Ocorre em áreas de restinga, matas e caatinga arbórea de serras no Ceará e Rio

Grande do Norte e toda caatinga Nordestina, em grande parte nas matas ciliares. Sua

vocalização lembra uma buzina grave extensa e rouca. Alimenta-se de artrópodes (Freitas e

Silva, 2004).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

16

Família Pipidae

Pipa carvalhoi (Miranda-Ribeiro, 1937) (Figura 4, Q)

É a única espécie do gênero que ocorre no nordeste. Apresenta coloração escura, o

corpo achatado, membranas interdigitais que ajudam na natação. É uma espécie comum no

sul da Bahia (Frost, 2004). Ocorre na caatinga e na Mata Atlântica, habita poças

temporárias como; córregos e brejos, também ocorre em margens profundas com

vegetação aquática (Carvalho 1937; 1939; Arzabe et al. 2008). Em estudos de (Canedo et.

al. 2006), foi observado que as fêmeas com ovos, não tiveram nenhuma mudança na

alimentação, isso comparado com outas fêmeas sem ovos e machos, tendo em vista que os

ovos desta espécie são carregados no dorso assim não limitando a locomoção da fêmea.

Uso de Microhabitat

O microhabitat mais utilizado pelos anuros foram os terrestres: rocha, dentro da

toca, areia, raízes e pedras (Tabela 2.) Uma vez que, a composição da fauna de anuros de

Serra de Santa Catarina (Tabela 1.) seja em sua maioria composta por espécies terrestres

ou terrestre/arborícola, espécies terrestres como: Rhinella jimi; Rhinella granulosa;

Leptodactylus macrosternum; Leptodactylus fuscus; Leptodactylus syphax; Physalaemus

cuvieri; Proceratophrys cristiceps; e espécies terrestre/arborícola: Corythomantis

greeningi e Scinax x-signatus. (Rodrigues, 2003).

As espécies ocuparam pelo menos um desses microhabitas, havendo sobreposição

no microhabitats. A ocupação das famílias se deu maneira que as espécies ocorreram nos

seus ambientes característicos. A família Hylidae apresentou maior preferência por

vegetação arbustiva arbórea, tendo em vista que essas espécies apresentam discos adesivos

nas extremidades dos dedos, assim facilitando sua locomoção tanto vertical como

horizontal sobre a vegetação (Jim, 1980), podendo também utilizar microhabitats terrestres

como rochas e serrapilheira (Afonso e Eterovick, 2007), que foi observado durante o

período de estudo, na espécie; C. greeningi.

Família Bufonidae e Leptodactyldae ocuparam microhabitates terrestres. Assim é

possível observar que as espécies utilizam seus microhabitates específicos. Essas espécies

ainda podem utilizar outros microhabitates como: Serrapilheira; corpos d’água

permanentes ou temporários; em área aberta ou de mata (Brassaloti et al. 2010). Também

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

17

foi possível registrar amplexos nos microhabitats, a espécie, L. vastus e P. cristiceps, o

primeiro encontrado em uma poça e outro no riacho sopre uma rocha com raízes em sua

volta com pouca água corrente.

Tabela 2. Tabela de uso de microhabitat pelos anuros de Serra de Santa Catarina, nos períodos de

Julho/2012, Mar/Ago/2013 e Janeiro/2014.

Espécies Uso de Microhabitate

Rinella jimi Rocha

Rinella granulosa Rocha

Corythomantis greeningi Árvore, cipó, rocha

Dendropsophus nanus

Scinax x-signatus Dentro da toca

Hypsiboas raniceps Galho, árvore

Phyllomedusa nordestina

Leptodactylus macrosternum Dentro da toca

Leptodactylus fuscus

Leptodactylus troglodytes Areia

Leptodactylus vastus Dentro do corpo d´água, raízes e pedras

Leptodactylus syphax Rocha

Pseudopaludicola pocoto Rocha

Physalaemus cuvieri Buraco na margem do corpo d´água

Dermatonotus muelleri Proceratophrys cristiceps Areia, solo, areia, raiz

Pipa carvalhoi Dentro do corpo d´água

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

18

Atividade de Vocalização

Nos períodos de coleta foram observadas várias espécies de anuros em atividade de

vocalização (Tabela 3.), Dendropsophus nanus, Leptodactylus fuscus, Hypsiboas ranicips,

Leptodactylus vastus, Phyllomedusa nordestina, Leptodactylus syphax, Pseudopaludicola

pocoto, Procertophrys cristiceps. Durante a pesquisa não foi registrado nenhum canto

agonístico, apenas vocalização para corte, característica essa marcante se tratando de

reprodução de anuros.

Foi observado que os anfíbios iniciavam a atividade de vocalização no crepúsculo

ás 17:45 até próximo ás 00:00 horas. No entanto apenas duas espécies foram encontradas

em amplexo, Proceratophrys cristiceps e Leptodactylus vastus. A primeira delas estava no

riacho com pouca água corrente perto de raízes, a segunda em ambiente de água parada

com vegetação entorno dos indivíduos, que estavam envoltos numa espuma. Foram

encontrados girinos de P. carvalhoi e L. syphax.

A espécie Dendropsophus nanus foi registrada vocalizando apenas na primeira

expedição, Julho/2012, já a espécie Proceratophrys cristiceps vocalizou durante a segunda

Março/2013 e terceira Agosto/2013, Phyllomedusa nordestina espécie que apresenta

apenas registro de áudio, vocalizou na terceira e quarta expedição, Leptodactylus vastus na

segunda, terceira e quarta expedição, Janeiro/2014, seguindos das espécies

Pseudopaludicola pocoto e Hypsiboas raniceps.

O baixo número de amplexo, apenas dois pode ser explicado pela diminuição das

médias pluviométricas durante o período de amostragem A maior média registrada durante

o referido estudo foi de 66, 46 mm isso no mês de julho de 2012 (Figura 1). Assim com a

falta de chuva, os ambientes aquáticos utilizados pra reprodução de anuros são afetados, o

que pode influenciar no número de anuros que se reproduzem nesses ambientes temporais

(Viera et al. 2007).

Foi observado que durante os períodos de amostragem o número de poças reduzia,

apesar da Serra de Santa Catarina está em uma altitude considerada elevada, e a umidade

ser um fator importante para anfíbios. O fator chave que influência os padrões de

reprodução seria a chuva e a disponibilidade de ambientes aquáticos (Aichinger, 1987).

Apesar da média pluviométrica ter aumentado no final da coleta de dados em relação a

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

19

segunda expedição, o fato de não estar em campo todos os meses durante a pesquisa, pode

ter influenciado, pois as poças temporárias secavam durante o intervalo de cada expedição.

Tabela 3. Tabela de atividade de vocalização dos anuros de Serra de Santa Catarina nos períodos de

Julho/2012, Mar/Ago-2013 e Janeiro/2014, espécies vocalizando (Tarja preta), espécies em amplexo (Tarja

azul).

Espécies 1 Expedição 2 Expedição 3 Expedição 4 Expedição

Rinella jimi

Rinella granulosa

Corythomantis greeningi

Dendropsophus nanus X

Scinax x-signatus

Hypsiboas raniceps X X X

Phyllomedusa nordestina X X

Leptodactylus macrosternum

Leptodactylus fuscus X

Leptodactylus troglodytes

Leptodactylus vastus X X

Leptodactylus syphax X X

Pseudopaludicola pocoto X X X

Physalaemus cuvieri X

Dermatonotus muelleri

Proceratophrys cristiceps

Pipa carvalhoi

Total de espécies vocalizando 2 4 6 4

Total de espécies em amplexo 0 1 0 1

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

20

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012, Março/2013,

Agosto/2013 e Janeiro/2014. (A) Rhinella jimi, (B) Rhinella granulosa, (C) Corythomantis greeninge, (D)

Dendropsophus nanus, (E) Scinax x-signatus, (F) Hypsiboas raniceps. Fotos: A, B, C, E, F. Marcelo N. C.

Kokubum. Foto: D, Michel A. Passos.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

21

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012, Março/2013,

Agosto/2013 e Janeiro/2014. (G) Phyllomedusa nordestina, (H) Leptodactylus macrosternum, (I)

Leptodactylus fuscus, (J) Leptodactylus troglodytes, (K) Leptodactylus vastus, (L) Leptodactylus syphax.

Fotos: Marcelo N. C. Kokubum.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

22

Figura 4. Espécies registradas na Serra de Santa Catarina entre os períodos de Julho/2012, Março/2013,

Agosto/2013 e Janeiro/2014. (M) Pseudopaludicola pocoto, (N) Physalaemus cuvieri, (O) Dermatonotus

muelleri, (P) Proceratophrys cristiceps, (Q) Pipa carvalhoi. Fotos: Marcelo N. C. Kokubum.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

23

Análise de similaridade

A análise de agrupamento baseada em 85 espécies de anfíbios de 16 localidades

incluindo a Serra de Santa Catarina resultou na formação de três agrupamentos principais

(Figura 5).

Figura 5. Dendrograma de similaridade para 16 localidades brasileiras, comparando a diversidade com a

fauna e anfíbios. Índice de Sorensen e Método de Agrupamento (WPGMA). Legenda: (Buraquiho)-Área de

Preservação permanente Mata do Buraquinho-PB, Santana et al (2008); (Ibiapaba)-Ibiapaba-CE, (Loebmann

e Haddad, 2010); (Araripe) Chapada do Araripi-CE, (Ribeiro et al. 2008); (Pau Ferro) Mata do Pau Ferro-PB,

(Barbosa e Alves, 2014); (Maturéia)-Maturéia-PB, (Arzabe, 1999); (S. Catarina)-Serra de Santa Catarina; (S.

J. Bonfim)-São José do Bonfim-PB, (Arzabe, 1999); (Curimataú)-Área de Curimataú-PB, Arzabe et al.

(2005); (S. almas)-Área de Reserva da Serra das Almas-CE (Borges-Nojosa e Cascon, 2005); (Cariri)-Área

do Cariri Viera et al. (2007); (Bet/Floresta)-Área de Betânia e Floresta-PE, (Borges-Nosoja e Santos, 2005);

(M.dantas)-RPPN Reserva Ecológica Maurício Dantas-PE, Moura et al. (2011); (F. Saco)-Fazenda Saco-PE,

Moura et al. (2011); (Catimbaú)-Parque Nacional do Catimbau-PE, Moura et al. (2011); (Frei Caneca)-RPPN

Frei Caneca-PE, Moura et al. (2011); (Tapacurá)-Estação Ecológica de Tapacurá-PB, Moura et al. (2011).

A Serra de Santa Catarina está inserido em um agrupamento composto por

localidades que apresentam fitofisionomias associadas a ambientes de Caatinga. Percebe-se

aqui, que a fauna de anfíbios da Serra de Santa Catarina está mais associada a anurofauna

de Maturéia do que as áreas de caatinga mais secas. É conhecida uma forte diferenciação

na fitofisionomia nordestina associada ao relevo, sendo o Planalto da Borborema o

principal fator responsável por esta diferenciação (Rodal et al. 2008). A Serra de Santa

Catarina e Maturéia apresentam a maior altitude entre as áreas de Caatinga estudadas,

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

24

apresentando um clima mais úmido, permitindo assim uma maior diferenciação na

fitofisionomia e na anurofauna nestas áreas mais mésicas, por consequência uma maior

similaridade entre estas áreas. Os grupos que apresentaram menor similaridade com a Serra

de Santa Catarina foram as localidades que correspondem as áreas de Mata Atlântica.

Segundo Duellman (1992), áreas que são geograficamente próximas, que possuam a

mesma cobertura vegetal e apresentem as mesmas condições climáticas, composição de

fauna, possuem uma tendência a serem semelhantes. Foi o que ocorreu com as localidades

analisadas, ambientes de Caatinga ficaram no mesmo grupo assim como localidades de

Mata Atlântica.

CONCLUSÃO

A composição da anurofauna de Serra Catarina apresentou espécies associadas ao

Bioma Caatinga. No entanto mais estudos sobre sua fauna e flora são necessários, tendo

em vista que o tempo de pesquisa foi marcado por um logo período de estiagem e esse

fator tem impacto sobre a amostragem de anfíbios. Tendo em vista que a ecologia desse

grupo está fortemente ligada ao regime de chuvas e a formação de ambientes aquáticos.

Como também sua extensão, sabe-se que uma pequena parte da área foi amostrada. Assim

conclui-se que mais espécies podem ocorrer na Serra de Santa Catarina, sabendo que a

mesma é uma das poucas áreas de Caatinga que apresenta formações de floresta.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

25

REFERÊNCIAS

Arzabe, C. (1999): Reproductive activity patterns in two diferente altidudinal sites within

the Brazilian Caatinga. Revista Brasileira de Zoologia, v. 16, n. (3), p. 851-864. 1999.

Aichinger, M. (1987): Annual activity patterns of anurans in a seasonal Neotropical

environment. oecologia, 71: 58-592.

Abrantes, S. H. F., Abrantes, M. M. R., Oliveira, J. C. D., Oliveira, W. M., Henriques, I. G.

N., Silva, P. F., Chaves, M. F. (2011): Fauna DE Anfíbios Anuros em Três Lagoas da área

de Implantação do Horto Florestal, campus da UFCG, cuité – PB. Revista Nordestina de

Zoologia. Vol. 5. N° 2., Setembro de 2011.

Arzabe, C.; G. Skuk; G.G. Santana; F.R. Delfim; Y.C.C. Lima & S.H.F. Abrantes. (2005):

Herpetofauna da área do Curimatáu, Paraíba, p. 259-274. In: F.S. Araújo; M.J.N. Rodal &

M.R.V. Barbosa (Ed.). Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga: suporte

e estratégias regionais de conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 445p.

Bernarde, P. S. e Kokubum, M. N. C. (1999): Anurofauna do Município de Guararapes,

Estado de São Paulo, Brasil (Amphibia: Anura). Acta Biol. Leopoldensia 21(1):89-97.

Brassaloti, R. A., Rosa-Feres, D. C., Bertoluci, J. (2010): Anurofauna da Floresta

Estacional Semidecidual da Estação Ecológica dos Caetetus, Sudeste do Brasil. Biota

Neotropica., vol. 10, no. 1. (2010).

Barbosa, A. R. e Silva, I. T. L. S. (2014): Diversidade e uso de hábitat da anurofauna em

um fragmento de um brejo de altitude. Gaia Scientia (2014) Volume 8 (1).

Canedo, C., Garcia, J. P., Fernandes, R., Pombal Jr, J. P. (2006): Diet of Pipa carvalhoi

(Amphibia, Pipidae) is Not Influenced by Female Parental Care. Herpetological Review,

2006, 37(1), 44–45. © 2006 by Society for the Study of Amphibians and Reptiles.

Caramaschi. U. (2006): Redefinição do grupo de phyllomedusa hypochondrialis, com

redescrição de p. megacephala (miranda-ribeiro, 1926), revalidação de p. azurea cope,

1862 e descrição de uma nova espécie (amphibia, anura, hylidae). Arquivos do Museu

Nacional, Rio de Janeiro, v.64, n.2, p.159-179, abr./jun.2006 ISSN 0365-4508

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

26

Cardoso, A. J. and W. R. Heyer. (1995): Advertisement, aggressive, and possible seismic

signals of the frog Leptodactylus syphax (Amphibia, Leptodactylidae). Alytes 13(2): 67-

76.

Carvalho, A.L. (1937): Notas oecologicas e zoogeographicas sobre vertebrados do

nordeste brasileiro. O Campo 1937 (Mar): 12-15.

Carvalho, A.L. (1939): Notas sobre Hemipipa carvalhoi Mir.-Rib. (Batrachia Anura:

Pipidae). 1ª parte. Boletim Biológico (Nova Série) 4(3): 394- 414.

Cascon, P. (1987): Observações sobre diversidade, ecologia e reprodução na anurofauna de

uma área de caatinga. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba-UFPB, 64p.

Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas –

Zoologia, UFPB, 1987.

De la Riva, I., J. Köhler, S. Lötters and S. Reichle (2000): Ten years of research on

Bolivian amphibians: updated checklist, distribution, taxonomic problems, literature and

iconography. Revista Española de Herpetologia 14: 19-164.

Downe, J. R., (1989): Observations on foam-making by Leptodactylus fuscus tadpoles,

HERPETOLOGICAL JOURNAL. Vol. 1. Pp. 351-355 1989.

Duellman, D.E. (1978): The biology of an equatorial herpetofauna in Amazonian Ecuador.

Miscellaneous publication, 65: 1-352.

Freitas, M.A., Silva, T.F.S. (2004): Anfíbios na Bahia, Um guia de identificação.

Camaçarí: Malha-de-Sapo-Publicações, 2004. 60 p.

Frost, D. R., (2008): Amphibian Species of the World: an Online Reference, v. 5.2.

American Museum of Natural History, New York, USA. Accessible at:

http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index. php. Captured on November 2014.

Giaretta, A. A., M. Menin, K. G. Facure, M. N. C. Kokubum and J. C. de Oliveira Filho

(2008). Species richness, relative abundance, and habitat of reproduction of terrestrial frogs

in the Triângulo Mineiro region, Cerrado biome, southeastern Brazil. Iheringia, série

Zoologia 98(2): 181-188.

Gentry A.H. (1995): Diversity and floristic composition of neotropical dry forests. in:

Bullock S.H., H.A. Mooney e E. Medina. Seasonally Dry Tropical Forests. p.14

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

27

Heyer, W. R. (1979): Systematics of the pentadactylus species group of the frog genus

Leptodactylus (Amphibia: Leptodactylidae). Smithsonian Contributions to Zoology 301: 1-

43.

Heyer, W. R., (1995): South American rocky habitat Leptodactylus (Amphibia, Anura,

Leptodactylidae), with description of two new species. Proceedings of the Biological

Society of Washington 108(4): 695- 716.

IUCN (2014): The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2014.3. Disponível em:

www.iucnredlist.org. Último acesso em 05 de Novembro 2014.

Jim, J. (1980): Aspectos ecológicos dos Anfíbios registrados na região de Botucatu, São

Paulo (Amphybia, Anura). p. 332. Tese de (Doutorado) – Instituto de Biociências,

Universidade de São Paulo, São Paulo 1980.

Lima, D. C. (1999): Aspectos Sistemáticos, Zoogeograficos da Herpetofauna da Serra de

Maranguape, Estado do Ceará. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas –

Universidade Federal do Ceará. Ceará, 1999.

Martins, L. B., Silva, W. R., (2009): Amphibia, Anura, Leptodactylidae, Leptodactylus

syphax: New state record, Check List 5(3): 433–435, 2009.

Melo, G. V., Rossa-Feres, D. C., Jim, J. (2007): Variação temporal no sítio de vocalização

em uma comunidade de anuros de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Biota

Neotropica, Vol. 7(2).

Moreira, G.; Barreto, L. (1996): Alimentação e variação sazonal na frequência de capturas

de anuros em duas localidades do Brasil Central. Revista Brasileira Zoologia, 13 (2) 313-

320.

Moura, G. J. B., Santos, E. M., Andrade, E. V. E., Freire, E. M. X. (2011): Distribuição

geográfica e caracterização ecológica dos anfíbios de Pernambuco. Moura, G. J. B.,

Santos, E. M., Oliveira, M. A. B., Cabral, M. C. C. In: Herpetologia do estado do

Pernambuco. Ed., Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis, Centro Nacional de Informação Ambiental. Brasília, 2011.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

28

Narvaes, P., Rodrigues, M. T. (2009): Taxonomic revision of Rhinella granulosa species

group (amphibia, anura, Bufonidae), with a description of a new species, Arquivos de

Zoologia, Museu de Zoologia Universidade de São Paulo, Volume 40(1):1‑73, 2009.

Nascimento, L. B., Caramaschi, U., Cruz, C. A. G. (2005): Taxonomic Review of The

Species Groups of The Genus Physalaemus Fitzinger, 1826 With Revalidation of The

Genera Engystomops Jiménez-de-La-Espada, 1872 and Eupemphix Steindachner, 1863

(AMPHIBIA, ANURA, LEPTODACTYLIDAE). Arquivos do Museu Nacional, Rio de

Janeiro, v.63, n.2, p.297-320, abr./jun.2005 ISSN 0365-4508.

Navas, C.A., C. Jared & M.M. Antoniazzi. (2002): Water economy in the casque-headed

treefrog Corythomantis greeningi (Hylidae): role of behaviour, skin and skull skin

ossification. Journal of Zoology 257:525-532.

Pennington R.T, G.P. Lewis & J.A. Ratter. (2006): An overview of the plant diversity,

biogeography and conservation of Neotropical Savannas and Seasonally Dry Forests.

Rodrigues, M. T., C. M. Carvalho, D. M. Borges, X. M. E. Freire, F. F.curcio, F. F.

Oliveira, H. R. Silva, M. B. O. Dixo., (2003): Fauna de anfíbios e répteis das Caatingas In:

Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação/organizadores: J.

C. da Silva, M. Tabarelli, M. T. da Fonseca, L. V. Lins – Brasília, DF: Ministério do Meio

Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, 2003. 382 p.: il.

Rodrigues, M.T. (2003): Ecologia e Conservação da Caatinga. In: I. R. Leal ; M. Tabareli ;

J. M. C. Silva (Eds). Herpetofauna da caatinga. Universidade Federal de Pernambuco, ed.

Universitária. 181- 236.

Santana, D. O., Rocha, S. M., Silva, I. R. S., Faria, R. G. (2012): Predation of

Leptodactylus latrans (Anura, Leptodactylidae) and Hypsiboas albomarginatus (Anura,

Hylidae) by Leptodactylus vastus (Anura, Leptodactylidae) in: north-eastern Brazil.,

Herpetology Notes, volume 5: 449-450 (2012) (published online on 7 October 2012).

Silva W. R. and A. A. Giaretta. (2009): On the natural history of Leptodactylus syphax

with comments on the evolution of reproductive features in: the L. pentadactylus species

group (Anura, Leptodactylidae). Journal of Natural History 43: 191- 203.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ... - cstr.ufcg.edu… · Aos meus amigos de campo, Lucas Silva, Hyldetan Ruan, Rodopho, Ítalo Társis, Monasses ... Na análise

29

Silva, L. A. M., Santos, E. M., amorim, F. O. (2010): Predação oportunística de Molossus

molossus (Pallas, 1766) (Chiroptera: Molossidae) por Rhinella jimi (Stevaux, 2002)

(Anura: Bufonidae) na Caatinga, Pernambuco, Brasil. Biotemas, 23 (2): 215-218, junho de

2010.

Santana, G. G.; W. L. S. Vieira; G. A. Pereira-Filho; F. R. Delifm; Y. C. C. Lima & K. S.

Vieira. (2008): Herpetofauna em um fragmento de Floresta Atlântica no Estado da Paraíba,

Região Nordeste do Brasil. Biotemas. 21(1): 75 – 84.

Silva, W. R. and K. G. Facure. (2007): Leptodactylus syphax. Herpetological Review

38(2): 215.

Uetanabaro, M., F. L. Souza, P. Landgref Filho, A. F. Beda and R. A. Brandão. (2007):

Anfíbios e répteis Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul, Brasil.

Biota neotropica 7(3): 279-289.