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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Fernanda Rosa Serafini Proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS, com base na Produção mais Limpa Passo Fundo, 2013.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Fernanda Rosa Serafini

Proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

para uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS,

com base na Produção mais Limpa

Passo Fundo, 2013.

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Fernanda Rosa Serafini

Proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

para uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS,

com base na Produção mais Limpa

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de

Engenheiro Ambiental.

Orientadora: Profª. Viviane Rocha dos Santos,

Mestre.

Passo Fundo, 2013.

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Fernanda Rosa Serafini

Proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para

uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS, com base na

Produção mais Limpa

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Prof. Mestre Viviane Rocha dos Santos

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Prof. Dr. Aline Ferrão Custódio Passini

Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais, UFSM

___________________________________

Prof. Mestre Patrícia de Almeida Martins

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 13 de novembro de 2013.

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Dedico este trabalho aos meus pais, pelo exemplo de vida,

por me darem força, coragem e de estarem sempre ao meu

lado em todos os momentos,

Antoninho Serafini

Maria Lúcia Piccini Serafini

Ao meu esposo, Romeu Reginatto, pelo apoio,

compreensão e paciência.

Aos meus irmãos

Cleidemar Serafini

Leandro Serafini

À vocês minha conquista e eterna admiração.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a DEUS por estar sempre comigo.

A minha orientadora Profª. Viviane Rocha dos Santos, pela amizade, dedicação e na

melhoria do trabalho. Meus sinceros agradecimentos.

Aos meus professores pelas orientações dadas e pelo conhecimento técnico e,

principalmente, de vida, transmitidos ao longo do curso.

A meu esposo, Romeu, pelo carinho e compreensão, por estar ao meu lado em todos os

momentos em que precisei e principalmente pelo amor que recebo.

E acima de tudo à meus pais, por me proporcionarem a oportunidade de estudar e

terem me ensinado os valores da honestidade e do trabalho.

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O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a

águas tranqüilas.

Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça,

por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não

temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o

teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus

inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice

transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão

todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor

por longos dias.

Salmo 23

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RESUMO

Atualmente, as indústrias vêm buscando, a partir de exigências, sejam elas do órgão ambiental

ou de mercado, progressos quanto à minimização do impacto ambiental gerado pelo seu

processo produtivo. A indústria têxtil representa um importante setor da economia brasileira e

mundial com grande crescimento nos últimos anos e, em consequência, cresce o consumo de

água, matéria-prima e também a geração de resíduos. Nesse sentido, o presente trabalho teve

como objetivo analisar as questões ambientais relacionadas aos resíduos sólidos industriais

gerados por uma indústria têxtil localizada no município de Vila Maria-RS, a fim de propor

diretrizes para a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com base na

Produção mais Limpa. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa exploratória, através de

dados coletados junto à empresa e de pesquisa bibliográfica. Assim sendo, a proposta do Plano

de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) foi baseada nos princípios da minimização e da

não geração de resíduos, que descreve as ações relativas ao seu manejo, segregação,

acondicionamento, coleta, transporte interno e disposição final. Alicerçado à metodologia de

Produção mais Limpa P(+)L, os princípios do PGRS tornam mais eficientes o uso dos materiais

e energia, através de modificações nos processos produtivos, nas práticas industriais e de

reutilização. Por fim, conclui-se com este trabalho que fortalecer o conhecimento sobre essas

metodologias e estimular as indústrias têxteis na aplicação dessas ferramentas, torna-se uma

opção bastante atraente para a sustentabilidade das organizações.

Palavras-chaves: Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Resíduos Sólidos de Indústria

Têxtil. Produção mais Limpa.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Caracterização e classificação dos resíduos............................................................... 18 Figura 2 - Esquema da classificação dos resíduos sólidos quanto à origem .............................. 21 Figura 3 - Fluxograma das etapas envolvidas no processo de gerenciamento de resíduos sólidos

............................................................................................................................................. 28 Figura 4 - Hierarquia no manejo de resíduos sólidos ................................................................. 29 Figura 5 - Modelo do gerenciamento ambiental de resíduo ....................................................... 30 Figura 6 - Fluxograma das etapas de decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos

industriais ............................................................................................................................. 31

Figura 7 - Níveis de oportunidade de Produção Mais Limpa ..................................................... 35 Figura 8 - Passos para implementação de um programa de Produção Mais Limpa ................... 37

Figura 9 - Fluxograma qualitativo do processo produtivo ......................................................... 38 Figura 10 - Fluxograma quantitativo do processo produtivo, elaboração do diagnóstico

ambiental e planilha de aspectos e impactos ....................................................................... 39 Figura 11 - Prioridades para seleção do foco de avaliação......................................................... 40

Figura 12 - Análise quantitativa de entradas e saídas do processo produtivo ............................ 41 Figura 13 - Estágios da implementação do plano de monitoramento ......................................... 42

Figura 14 - Localização do município de Vila Maria ................................................................. 49 Figura 15 - Localização da empresa ........................................................................................... 50 Figura 16 – Delineamento da pesquisa ....................................................................................... 51

Figura 17 - Resíduos gerados pela empresa ............................................................................... 52

Figura 18 - Detalhamento dos setores ........................................................................................ 54 Figura 19 - Estoque de Matéria-Prima ....................................................................................... 55 Figura 20 - Realização do corte das peças .................................................................................. 56

Figura 21 - Costura das peças ..................................................................................................... 56 Figura 22 - Resíduo acabamento peças ...................................................................................... 57

Figura 23 - Dobra e embalamento das peças .............................................................................. 58 Figura 24 - Estoque de peças prontas para comercialização ...................................................... 58 Figura 25 - Quantificação das aparas de tecidos ........................................................................ 60

Figura 26 - Quantificação do plástico......................................................................................... 60 Figura 27 - Quantificação do papelão......................................................................................... 61 Figura 28 - Segregação dos resíduos por cores .......................................................................... 63

Figura 29 - Exemplo de recipiente para acondicionamento dos resíduos .................................. 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Destinação dos resíduos de acordo com sua procedência .......................................... 47 Tabela 2 - Entradas e saídas do processo produtivo ................................................................... 59

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA- Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas

EPA - Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América

IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO- Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

NBR- Norma Brasileira

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 1.1 Problema e Contextualização ..................................................................................... 12

1.2 Justificativa ................................................................................................................ 14 1.3 Objetivos .................................................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 15 1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 15

1.4 Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 16

2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 17 2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 17

2.1.1 Resíduos Sólidos ................................................................................................ 17

2.1.2 Normas e Legislações Aplicadas aos Resíduos Sólidos ..................................... 23 2.2 A Indústria Têxtil ....................................................................................................... 25

2.2.1 Histórico ............................................................................................................. 25 2.2.2 Meio Ambiente e o Setor Têxtil ......................................................................... 26

2.3 Gerenciamento de Resíduos Sólidos .......................................................................... 27 2.4 Produção Mais Limpa ................................................................................................ 32

2.4.1 Metodologia da Produção Mais Limpa .............................................................. 35 2.4.2 As Implicações da Produção Mais Limpa Sobre o Desenvolvimento Sustentável

43

2.4.2.1 Estudos de Caso ............................................................................................ 43

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 49 3.1 Caracterização da Empresa ........................................................................................ 49 3.2 Delineamento da Pesquisa ......................................................................................... 50

3.2.1 Primeira Etapa .................................................................................................... 51 3.2.2 Segunda e Terceira Etapa ................................................................................... 51

3.2.3 Quarta Etapa ....................................................................................................... 53 3.2.4 Quinta Etapa ....................................................................................................... 53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 54 4.1 Detalhamento dos Setores da Empresa e seus Respectivos Resíduos ....................... 54

4.1.1 Recebimento da Matéria-Prima e Estoque ......................................................... 54

4.1.2 Seleção de Cores e Corte .................................................................................... 55

4.1.3 Costura ................................................................................................................ 56 4.1.4 Acabamento ........................................................................................................ 57 4.1.5 Revisão, Dobra e Embalamento ......................................................................... 57

4.1.6 Expedição ........................................................................................................... 58 4.2 Identificação Entradas e Saídas ................................................................................. 59

4.2.1 Quantificação e Classificação dos Resíduos Gerados ........................................ 59 4.3 Proposta do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) ......................... 62

4.3.1 Conscientização Ambiental da Empresa ............................................................ 62

4.3.2 Manejo dos Resíduos Sólidos ............................................................................. 63 4.3.2.1 Segregação e Acondicionamento Temporário .............................................. 63

4.3.3 Coleta, Transporte Interno e Armazenamento .................................................... 64 4.3.4 Transporte Externo ............................................................................................. 65

4.3.5 Destinação Final ................................................................................................. 65 4.3.6 Monitoramento ................................................................................................... 65

4.4 Produção Mais Limpa ................................................................................................ 66

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4.4.1 Formação do ECOTIME .................................................................................... 66 4.4.2 Oportunidades de P(+)L ..................................................................................... 67

4.4.2.1 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos ........................................................... 67 4.4.2.2 Uso Racional de Energia Elétrica.................................................................. 68 4.4.2.3 Uso Racional de Água ................................................................................... 68

4.4.3 Indicadores para o Monitoramento das Medidas ................................................ 69 5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 71

5.1 Conclusão ................................................................................................................... 71 5.2 Sugestão para Trabalhos Futuros ............................................................................... 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 73

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema e Contextualização

O crescimento populacional e consequentemente econômico colocou o Planeta Terra em

uma posição desprivilegiada com relação aos respectivos impactos ambientais decorrentes das

atividades produtivas. A escassez e poluição das águas, o agravamento da poluição atmosférica,

as mudanças climáticas, a geração e disposição inadequada de resíduos tóxicos, a poluição do

solo e a perda da biodiversidade são exemplos desses impactos ambientais, que consideram o

meio ambiente como um local de aquisição de matéria-prima e destinação de resíduos.

Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002) vive-se uma crise relacionada ao

aumento do consumo e da crescente exploração dos recursos naturais, oriunda do crescimento

populacional e da larga escala de industrialização. Em vista disso, a questão ambiental passa a

ser uma variável importante no processo de tomada de decisões empresariais, estando sujeita a

aspectos e pressões legais, sociais e mercadológicas.

A natureza dos problemas ambientais é parcialmente atribuída à complexidade dos

processos industriais utilizados pelo homem. Todo produto não importa de que material seja

feito ou finalidade de uso, provoca um impacto no meio ambiente, seja em função de seu

processo produtivo, das matérias primas que se consome, ou devido ao seu uso ou disposição

final (CHEHEBE, 1997).

O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões ao meio ambiente.

Nele estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio,

cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados.

Estes resíduos, quando sólidos, na maioria das vezes são amontoados e enterrados; os líquidos

são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e

consequentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo causar grandes

tragédias.

A indústria têxtil representa um importante setor da economia brasileira e mundial com

grande crescimento nos últimos anos. Esta atividade possui um ciclo de vida comercial curto

uma vez que é ditado por tendências passageiras. O consumismo guiado por fatores culturais,

tais como conforto, estética, escolha individual e novidade, faz com que esta indústria colabore

para a elevada utilização dos recursos naturais e posterior geração de resíduos, tornando

necessária a discussão sobre modelos e processos de produção e consumo responsáveis

(LEITE, 2009). Nesse sentido, as organizações de todos os tipos vêm se preocupando em

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alcançar e demonstrar excelência no desempenho ambiental através do controle do impacto de

suas atividades, produtos e serviços sobre o meio ambiente, levando em consideração sua

política e objetivos ambientais.

A aplicação de tecnologias apropriadas e ecológicas, com a redução da utilização de

recursos naturais, de desperdício, da geração de resíduos e poluição, é uma ação de prioridade

nessas empresas, sendo o gerenciamento de resíduos uma alternativa para minimizar impactos

ambientais ocasionados por esses materiais. Deste modo, o manuseio, acondicionamento,

armazenagem, coleta, transporte e destinação final dos resíduos, devem estar fundamentados

em sua classificação, para que possam ser definidos os controles necessários em todas as fases

envolvidas no processo.

A reutilização, a reciclagem e a destinação correta dos materiais devem ser as opções de

segundo e terceiro níveis, quando não for possível eliminar os resíduos na fonte. De acordo

com Tachizawa (2004), a gestão ambiental é a resposta natural das organizações ao consumidor

ecologicamente preocupado, também conhecido como consumidor “verde”. Nesse contexto, a

aplicação de estratégias de Produção mais Limpa nas organizações permite que as mesmas se

tornem mais eco eficientes, gerando melhor desempenho ambiental.

De acordo com o CNTL (2003), o conceito de Produção mais Limpa, ocorre em um

circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais com a

máxima eficiência possível, requer os mais altos níveis de eficiência energética na produção de

bens e serviços, procurando sempre minimizar os riscos para os trabalhadores através de um

ambiente de trabalho mais limpo, mais seguro e mais saudável.

Portanto, dentre as principais metas ambientais do Gerenciamento de Resíduos Sólidos

e da Produção mais Limpa numa indústria têxtil é eliminar o lançamento de resíduos no meio

ambiente ou reduzi-lo substancialmente. No entanto, a implementação de um Plano de

Gerenciamento dos Resíduos Sólidos com base na Produção mais Limpa implica em uma

mudança de comportamento por parte de toda a corporação. Sendo que esta atividade requer

atitudes ambientais responsáveis às quais devem ser práticas comuns na indústria, necessitando

do comprometimento da gerência e dos colaboradores que estão envolvidos com as atividades

de produção, para que o programa tenha sucesso.

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1.2 Justificativa

As indústrias de beneficiamento têxtil apresentam significativos dados na área

ambiental, principalmente quando estão vinculados ao elevado consumo de água e energia

elétrica, além da elevada geração de resíduos.

Logo, devido ao acentuado crescimento de problemas ambientais relacionados com

resíduos sólidos as organizações vêm buscando alternativas que atendam os padrões dos

consumidores e das legislações para minimizar os impactos ambientais, com a finalidade de

melhorar o desempenho ambiental e econômico através do gerenciamento adequado dos

processos aliados com o meio ambiente, onde se utilizam ferramentas contemporâneas da

gestão ambiental, como o Gerenciamento de Resíduos Sólidos e a Produção mais Limpa.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) tende à diminuição do impacto

ambiental procedente dos produtos e processos da empresa, através da redução dos resíduos

gerados e do correto tratamento e destinação final dos mesmos, de tal modo estabelece-se como

uma importante ferramenta para a correta segregação e disposição destes materiais.

Além disso, a utilização de tecnologias tidas como limpas, ou seja, que geram baixa

quantidade de resíduos configura-se como uma opção efetiva na redução de resíduos, uma vez

que estas pregam a substituição de matérias-primas poluentes, a modernização e a otimização

de processos industriais e a economia de energia. Dessa maneira, a Produção mais Limpa surge

como uma estratégia ambiental preventiva e integrada, aplicada a processos, produtos e

serviços para aumentar a eco eficiência e reduzir riscos ao homem e ao meio ambiente. Esta

técnica pode ser implantada pelas organizações como uma estratégia gerencial que permite

obter crescimento econômico, ao mesmo tempo em que, são gerenciados os impactos

ambientalmente negativos oriunda do processo produtivo.

O Plano de Gerenciamento e a Produção mais Limpa estão baseados na adoção de boas

práticas de operação em um processo industrial, a qual inclui alterações nos procedimentos

organizacionais e nos aspectos institucionais, com o objetivo de limitar a geração desnecessária

de resíduos, atribuída à intervenção humana. Podendo ser citados como exemplos: controles de

inventários, segregação de resíduos, melhorias no manuseio de materiais, dentre outros.

De acordo com Gerber (1999), a necessidade de tratamento dos resíduos emerge face

aos seguintes fatores: áreas escassas para a destinação final dos resíduos; competição com a

população periférica pelo uso de áreas remanescentes; inertização de resíduos sépticos; e maior

valorização dos componentes residuais como forma de promover a conservação de recursos.

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A legislação brasileira, que já possui um grande o número de normas que têm em vista a

proteção dos recursos ambientais e através da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, a partir da qual, as empresas que geram resíduos devem adotar

mudanças na sua cultura em relação às práticas de destinação desses resíduos. De um modo

geral, as empresas devem estar atentas e observar os requisitos legais referentes às suas

atividades e buscar medidas que possam prevenir danos ambientais causados por seus diversos

processos de produção.

Logo, diante da necessidade de poupar matéria-prima, conservar energia e preservar o

meio ambiente, torna-se imprescindível uma eficiente gestão de resíduos sólidos, o que faz com

que sejam priorizadas as práticas limpas. Paralelamente, verifica-se uma alteração na visão com

relação aos resíduos industriais que deixam de ser vistos como algo sem valor econômico e sem

utilidade, apenas passíveis de serem dispostos no meio ambiente, para serem vistos como

matérias-primas secundárias para o próprio processamento industrial que o gerou ou para

outros processamentos industriais.

Neste contexto, o presente estudo visa propor um Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos para a uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS, simultaneamente,

combinado com ações da prática de Produção mais Limpa.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como objetivo geral uma proposta de um Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos para uma Indústria Têxtil do município de Vila Maria-RS, com base na

Produção mais Limpa.

1.3.2 Objetivos Específicos

São objetivos específicos desta pesquisa:

Conhecer e analisar o processo produtivo da empresa;

Diagnosticar e quantificar a geração de resíduos;

Analisar as oportunidades de aplicação do um método de Produção mais Limpa no

processo produtivo;

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Elaborar uma proposta para o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este Trabalho de Conclusão de Curso está distribuído em cinco capítulos. No presente

capítulo, estão apresentados o problema e contextualização da pesquisa, a justificativa, os

objetivos do trabalho, sendo subdivididos em objetivos gerais e específicos.

O capítulo dois apresenta uma ampla revisão de literatura, abordando temas importantes

para o desenvolvimento deste trabalho. No terceiro capítulo consta a metodologia como foi

elaborado o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a uma Indústria Têxtil do

município de Vila Maria-RS, com base na Produção Mais Limpa.

O capítulo quatro expõe os resultados e discussões e, por fim, o quinto capítulo

apresenta as conclusões finais do presente estudo e sugestões para trabalhos futuros sobre o

assunto proposto.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Resíduos Sólidos

A crescente urbanização e industrialização das sociedades contemporâneas vêm

implicando em um consequente aumento da produção dos resíduos sólidos. A atividade

industrial contribui fortemente para expansão destes rejeitos, além de apresentar resíduos com

características que constituem riscos ao meio ambiente e à saúde humana, necessitando,

portanto, de adequadas formas de disposição final dos mesmos.

A geração de resíduos é um fenômeno inevitável que ocorre nas indústrias diariamente,

em volumes e composições que variam conforme seu segmento de atuação e nível produtivo.

Durante muito tempo os resíduos sólidos foram alocados de forma inadequada em

qualquer lugar que fosse distante da fonte geradora, provocando diversos problemas de

degradação ambiental. Atualmente, os resíduos são considerados como insumos dos processos

produtivos, onde parte do custo gerado pelos resíduos é recuperada pelo processo de reciclagem

e a outra parte é embutida no valor final do produto.

Segundo a ABNT NBR 10.004 (2004), a classificação de resíduos sólidos envolve a

identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e

características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo

impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. Assim, a segregação dos resíduos na fonte

geradora e a identificação da sua origem são partes integrantes dos laudos de classificação,

onde a descrição de matérias-primas, de insumos e do processo no qual o resíduo foi gerado

devem ser explicitados.

A Figura 1 apresenta a metodologia a ser adotada na caracterização e classificação de

resíduos.

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Figura 1 - Caracterização e classificação dos resíduos

Fonte: ABNT (2004).

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De acordo com Naime (2005) resíduo deriva do latim “residuu”, que significa o que

sobra de determinada substância. A palavra sólida é incorporada para diferenciar de líquidos e

gases. Já, a palavra lixo provém do latim “lix”, que significa lixívia ou resto.

O termo resíduo sólido apresenta conceitualmente uma maior abrangência do que um

sinônimo de lixo. A definição de resíduos sólidos, mais amplamente difundida foi definida pela

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas por meio da norma NBR 10.004/2004.

Pelas definições da ABNT, resíduos sólidos podem ser definidos como:

Resíduos Sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de

atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de

sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de

controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem

inviável o seu lançamento na rede publica de esgotos ou corpos de água, ou exijam

para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível. (ABNT, 2004).

O Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, elaborado pelo

Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), define resíduos sólidos como: “Todo

material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido

considerado inútil por quem o descarta em qualquer recipiente destinado a este ato” (IBAM,

2004, p. 25).

A Lei Federal nº 12.305 de 02 de agosto de 2010, que institui o Plano de Gerenciamento

de Resíduos Sólidos resume os conceitos anteriormente apresentados da seguinte forma:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em

sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado

a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em

recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010,

p. 1).

Gerber (1999) diferenciou, por meio de exemplos, os resíduos sólidos oriundos das

diversas atividades econômicas do seguinte modo:

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1. Resíduo domiciliar: é aquele originado na vida diária, nas residências, formado por

restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em

geral, papel higiênico, fraldas descartáveis, dentre outros inúmeros itens.

2. Resíduo comercial: é aquele que tem sua origem nos diversos tipos de estabelecimentos

comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas,

bares, restaurantes, etc. Esses estabelecimentos possuem como principais resíduos

papéis, plásticos, embalagens diversas, e resíduos de higiene pessoal pertencentes aos

funcionários.

3. Resíduo público: é oriundo dos serviços de limpeza pública urbana, incluindo todos os

resíduos de varrição das vias públicas.

4. Resíduo séptico: é aquele que contêm ou podem conter germes patogênicos e são

gerados pelos serviços de saúde hospitalar, pelos portos, aeroportos, terminais

rodoviários e ferroviários. Sendo os principais tipos de resíduos sépticos as agulhas,

seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, sangue coagulado,

luvas descartáveis, remédios vencidos, itens de higiene, restos de alimentos que podem

veicular doenças, dentre outros.

5. Resíduo industrial: provêm das atividades dos diversos ramos da indústria (metalúrgica,

química, petroquímica, papeleira, alimentícia, têxtil, etc.). Os resíduos industriais

podem ser exemplificados pelas cinzas, lodo, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos,

plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas, aparas de

tecido, etc.

6. Resíduo agrícola: é todo sólido proveniente das atividades agrícolas e da pecuária, como

embalagens de adubos, defensivos agrícolas, rações, restos de colheita, etc.

7. Resíduos da construção civil: constituem o que se denomina de entulho, como por

exemplo, as demolições e os restos de obras, solo de escavações, etc.

Na Figura 2 é apresentado um esquema de classificação dos resíduos sólidos quanto a

sua origem.

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Figura 2 - Esquema da classificação dos resíduos sólidos quanto à origem

Quanto à classificação de resíduos, a mesma está relacionada com a identificação do

processo ou atividade que lhes originou, de suas características e de seus constituintes. A NBR

10004/2004, classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e

à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados. De

acordo com esta norma os resíduos sólidos são classificados em:

a) Resíduos Classe I – perigosos;

b) Resíduos Classe II – não perigosos, os quais são divididos em: Resíduos Classe II A –

não inertes e Resíduos Classe II B – inertes.

São classificados como Resíduos Classe I – Perigosos, os resíduos ou a mistura de

resíduos que, em função das suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade, e patogenicidade, podem representar risco à saúde pública, contribuindo para o

crescimento dos índices de mortalidade ou ocorrência de doenças e/ ou apresentar efeitos

adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma errônea.

Os resíduos de classe II não perigosos constantes no anexo H da norma, são divididos

em duas classes:

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1. Resíduos Classe II A não inertes, que são aqueles que não se enquadram nas

classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B- Inertes. Podem

apresentar características de: biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em

água. Ex: retalhos de tecidos, resíduos de plástico, papelão.

2. Resíduos Classe II B – inertes, são os resíduos amostrados de uma forma representativa

submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada à

temperatura ambiente, não forem solubilizados a concentrações superiores aos padrões

de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor conforme

anexo G da norma.

A ANVISA (2006, p. 19) sugere a classificação dos resíduos sólidos, com relação à

origem e natureza, em domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos,

aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas e resíduos de construção

civil. E, com relação à responsabilidade pelo gerenciamento, agrupa-os em dois grandes

grupos.

O primeiro grupo, cuja responsabilidade pelo gerenciamento é do poder público, refere-

se aos resíduos sólidos urbanos, compreendido pelos:

resíduos domésticos ou residenciais;

resíduos comerciais; e

resíduos públicos.

O segundo grupo dos resíduos de fontes especiais, cuja responsabilidade pelo

gerenciamento é do gerador, abrange:

resíduos industriais;

resíduos da construção civil;

rejeitos radioativos;

resíduos de portos, aeroportos e terminais rodo ferroviários;

resíduos agrícolas; e

resíduos de serviços de saúde.

Segundo dados do IBAM (2001) a geração de resíduos sólidos no Brasil é de

aproximadamente 0,6kg/hab./dia e mais 0,3kg/hab./dia de resíduos de varrição, limpeza de

logradouros e entulhos. No entanto, os resíduos gerados ocupam cada vez mais espaços nos

aterros, resultando em maiores gastos públicos, pois quanto maior o volume de resíduos, mais

rapidamente o aterro vai sendo preenchido.

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De acordo com Jardim et al. (1995), no Brasil os problemas relacionados com os

resíduos sólidos são recentes e as situações se distinguem de município para município. Por ser

um problema que aumenta diariamente, não há vantagem alguma para as cidades em deixar a

busca por soluções tardias. A colaboração da comunidade com a administração municipal é

fundamental para a tomada de decisões e é a melhor maneira para encontrar soluções mais

adequadas e até formas mais inteligentes e proveitosas de financiamento.

De acordo com Strauch e Albuquerque (2008) o aumento da quantidade de resíduos

reflete na velocidade com que se retiram recursos da natureza sem repor, consumindo parte

deles e transformando a outra parte em sobras com características prejudiciais, superando a

capacidade de absorção e reposição do ambiente. Os autores ainda ressaltam que a segregação

na fonte evita que os resíduos se misturem, mantendo-os separados desde o início. Essa

alternativa tem a vantagem de evitar que os resíduos se contaminem mutuamente, o que reduz o

seu valor e, às vezes até inviabiliza a reciclagem.

Ao longo da história do desenvolvimento das cidades, a ação do homem sobre o meio

ambiente urbano modificou totalmente as características naturais dos espaços físicos, o que

resultou na degradação dos recursos naturais e na poluição do ar, da água e do solo,

comprometendo a qualidade de vida presente e futura das cidades (MALHEIROS;

ASSUNÇÃO, 2000).

2.1.2 Normas e Legislações Aplicadas aos Resíduos Sólidos

As organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas com o atingimento e

demonstração de um desempenho ambiental correto, por meio do controle dos impactos de suas

atividades, produtos e serviços sobre o meio ambiente, coerente com sua política e seus

objetivos ambientais.

Assim dentro de um contexto de legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento

de políticas econômicas e outras medidas visando adotar a proteção ao meio ambiente e de uma

crescente preocupação expressa pelas partes interessadas em relação às questões ambientais e

ao desenvolvimento sustentável são aplicáveis algumas normas e legislações para o

gerenciamento de resíduos sólidos:

NBR 7.500 (1987): Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenagem de

materiais – Simbologia;

NBR 7.502 (1983): Transporte de cargas perigosas – classificação;

NBR 8.418 (1983): Projetos de aterros de resíduos industriais perigosos;

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NBR 8.419 (1992): Projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos;

NBR 9.190 (1985): Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – classificação;

NR 9.735 (2000)- Conjunto Equipamentos para Transporte de Produtos Perigosos;

NBR 10.004 (1987): Resíduos Sólidos – classificação;

NBR 10.005 (1987): Lixiviação de Resíduos;

NBR 10.006 (1987): Solubilização de resíduos;

NBR 10.007 (1987): Amostragem de resíduos – procedimentos;

NBR 10.157 (1987): Aterros de resíduos perigosos – critérios para projetos, construção

e operação;

NBR 11.174 (1989): Armazenamento de resíduos classes II A (não-inertes) e II B

(inertes);

NBR 11.175 (1990): Incineração de resíduos sólidos perigosos – Padrões de

desempenho;

NBR 12.235 (1987): Armazenamento de resíduos sólidos perigosos;

NBR 13.221(2003): Transporte Terrestre de Resíduos;

NBR 13.463 (1995): Coleta de Resíduos Sólidos;

NR – 25 (2011): Resíduos industriais;

Res. CONAMA nº 06/88: Dispõe sobre a geração de resíduos nas atividades industriais;

Res. CONAMA nº 09/93: Dispõe sobre uso, reciclagem, destinação refino de óleos

lubrificantes;

Res. CONAMA nº 275/01: Estabelece o código de cores para a segregação dos resíduos

sólidos;

Resolução CONAMA nº. 307/02: Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a

gestão dos resíduos da construção civil.

Resolução CONAMA nº. 313/02: Dispõe sobre o inventário nacional de resíduos

sólidos;

Resolução CONAMA nº.358/05 – Dispõe sobre o tratamento e disposição final dos

serviços de saúde;

Resolução CONAMA nº.362/05 – Dispõe sobre a coleta e disposição de óleo

lubrificante;

Lei Federal 6.938/ 81 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

Lei Estadual nº. 9.921/93 – Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no RS;

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Lei nº 12305/2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei

no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Decreto Estadual n°. 38.356/98 - Aprova o regulamento da Lei n° 9.921/93;

Decreto Estadual nº. 45.554/2008 – Regulamenta a Lei nº.11.019/97, que dispõe sobre o

descarte e destinação final de pilhas que contenham mercúrio metálico, lâmpadas

fluorescentes, baterias de celulares e outros artefatos que contenham metais pesados no

RS;

Portaria MINTER nº 53/79: Dispõe sobre o destino e tratamento de resíduos;

Resolução CONSEMA nº 073/04: Dispõe sobre a co-disposição de resíduos sólidos

industriais em aterros de resíduos sólidos urbanos no Estado do Rio Grande do Sul.

2.2 A Indústria Têxtil

2.2.1 Histórico

A indústria têxtil brasileira tem uma participação histórica e decisiva no processo de

desenvolvimento industrial do país.

Teve início com os índios, visto que eles já utilizavam técnicas rústicas de

entrelaçamento manual de fibras vegetais e produziam tecidos grosseiros para várias

finalidades. Tendo como referência a chegada dos portugueses em 1500, a história da indústria

têxtil no Brasil começa no período colonial, que se estende de 1500 até 1844. Nesse período,

era comum a adoção de políticas de estímulo ou restrição, segundo seus interesses e acordos

comerciais com outros países. Como o Alvará de D. Maria I, em 1785, que mandou fechar

todas as fábricas de tecidos (com exceção daquelas que fabricavam tecidos grosseiros

destinados à vestimenta de escravos e para enfardamento ou embalagens) para evitar que os

trabalhadores agrícolas e extrativistas minerais fossem para a indústria manufatureira.

Em 1844, criou-se a primeira Política Industrial Brasileira quando as tarifas

alfandegárias foram aumentadas em 30%, o que provocou protestos de várias nações européias,

mas propiciou um estímulo à industrialização, especialmente para o setor têxtil que foi o

pioneiro desse processo.

Assim, em 1864 estavam funcionando no Brasil 20 fábricas, com cerca de 15.000 fusos

e 385 teares. Menos de 20 anos depois, na década de 1870, aquele total cresceu para 44 fábricas

e 60.000 fusos, gerando cerca de 5.000 empregos.

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Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de

estabelecimentos passou de 200, em 1881 e para 600, em 1889. Esse primeiro momento de

crescimento industrial inaugurou o processo de Substituição de Importações.

Entre 1914 e 1918 ocorreu a Primeira Guerra Mundial e, a partir daí, os períodos de

crise foram favoráveis ao crescimento industrial. Isso ocorreu também em 1929 com a crise

econômica mundial e, mais tarde, em 1939 com a segunda guerra mundial, até 1945.

Ainda na década de 90 a cadeia têxtil foi exposta à concorrência internacional e o setor

sofreu um forte impacto, quando muitas empresas menos preparadas para competir com

fornecedores externos foram obrigadas a abandonar suas atividades. Aquelas que ficaram

investiram fortemente em sua modernização, compensando a capacidade produtiva perdida e

ampliando bastante a produção brasileira.

Nos últimos cinco anos a excessiva desvalorização da moeda nacional possibilitou novo

surto de crescimento das importações e estagnação das exportações brasileiras de produtos

têxteis e de confeccionados, apresentando um novo desafio aos empresários do setor, que é de

suma importância preservar a sua participação no suprimento do mercado interno brasileiro que

é muito forte.

2.2.2 Meio Ambiente e o Setor Têxtil

A indústria têxtil possui um dos processos de maior geração de poluentes, contribuindo

quantitativa e qualitativamente com carga poluidora lançada no meio ambiente, a qual, quando

não corretamente tratada, é induzidora de sérios problemas de contaminação ambiental.

Os aspectos ambientais negativos associados ao processo produtivo são considerados

desde a fase de cultivo da matéria-prima, passando pela fiação, beneficiamento, tecelagem,

enobrecimento e por fim da confecção.

Segundo Moraes (1999), o setor têxtil é conhecido por apresentar potencial poluente

elevado, abrangendo cinco campos distintos: efluentes líquidos, emissões de gases e partículas,

resíduos sólidos, odores e ruídos.

Esses resíduos são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente

gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente.

Ao produzir de maneira ecologicamente correta, os custos ambientais podem ser

minimizados, ou até mesmo eliminados. Isto pode ser feito através da utilização de inovações

simples no processo de produção que, além de permitir a utilização mais eficiente de uma série

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de insumos, acabam por trazer novas possibilidades de mercados com os subprodutos obtidos

através da reutilização dos resíduos do processo produtivo.

A demarcação do nível de poluição socialmente aceitável está diretamente relacionada

ao nível de incômodo que a sociedade está disposta a suportar e, sobretudo, qual a contrapartida

de recursos que está disposta a abrir mão para melhorar o seu meio ambiente. As preferências

têm variação entre regiões, crenças, classes sociais, culturas e ideologias.

Dentro deste contexto, as organizações podem agir de forma proativa, reduzindo a

quantidade de material usado nos produtos e serviços, o consumo e o custo de energia, criando

novos produtos e serviços para novas oportunidades de mercado, de forma a possibilitar a

redução dos riscos ambientais, aplicando e adquirindo tecnologias novas, bem como,

melhorando de forma geral a imagem pública da empresa.

2.3 Gerenciamento de Resíduos Sólidos

De acordo com o IBAM (2001), o gerenciamento de resíduos sólidos pode ser entendido

como a maneira de conceber, implementar e administrar sistemas de manejo de resíduos sólidos

urbanos, considerando uma ampla participação dos diversos setores da sociedade. Esse sistema

deve considerar a ampla participação e inter cooperação de todos os representantes da

sociedade, do primeiro, segundo e terceiros setores, assim exemplificados: governo central;

governo local; setor formal; setor privado; ONGs; setor informal; catadores; comunidade; todos

geradores e responsáveis pelos resíduos.

Na gestão de resíduos sólidos, a sustentabilidade ambiental e social se constrói a partir

de modelos e sistemas integrados, que possibilitem tanto a redução dos resíduos gerados pela

população, como a reutilização de materiais descartados e a reciclagem dos materiais que

possam servir de matéria-prima para a indústria diminuindo o desperdício e gerando renda.

A gestão de resíduos deve priorizar a minimização da geração e o reaproveitamento dos

resíduos, a fim de evitar danos ambientais e à saúde pública. O controle da geração deve ser

considerado tanto no âmbito industrial quanto no campo de projetos e processos produtivos.

Baseada na análise do ciclo de vida dos produtos e na produção limpa, a gestão de resíduos é

uma maneira de atingir o desenvolvimento sustentável.

Para Tchobanoglous, Theisen e Eliassen (1977), gerenciamento de resíduos sólidos

pode ser definido como as etapas associadas ao controle da geração, armazenamento, coleta,

transferência e transporte, processamento e disposição, dos mesmos. Essas etapas devem estar

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de acordo com os melhores princípios de saúde pública, de economia, de engenharia, de

conservação, de ética e outras considerações ambientais.

A Figura 3 ilustra as etapas envolvidas no processo de gerenciamento de resíduos

sólidos.

Figura 3 - Fluxograma das etapas envolvidas no processo de gerenciamento de resíduos sólidos

Fonte: Tchobanoglous, Theisen e Eliassen (1977).

Segundo Valle (2000) o critério principal para a escolha da solução a ser adotada para

eliminar um resíduo ou resolver um problema ambiental, deverá ser sempre à proteção da saúde

do homem e do meio ambiente. Neste caso, define-se uma hierarquia para o manejo de resíduos

sólidos e nesta estabelecem-se objetivos para a recuperação e reciclagem de materiais. Segundo

Tocchetto (2005), a hierarquização para implantar programas de gerenciamento deve obedecer

uma sequência lógica e natural, expressa pelas seguintes providências:

a. Redução na fonte consiste na prevenção da geração de resíduos, através do uso de

matérias-primas menos tóxicas e/ou mudanças de processo;

b. Minimização da geração de resíduos através de modificações no processo produtivo, ou

pela adoção de tecnologias limpas, mais modernas que permitem, em alguns casos,

eliminar completamente a geração de materiais tóxicos;

c. Reprocessamento dos resíduos gerados transformando-os novamente em matérias-

primas ou utilizando para gerar energia;

d. Reutilização dos resíduos gerados por uma indústria como matéria-prima para outra

indústria;

e. Separação de substâncias tóxicas das não tóxicas, reduzindo o volume total de resíduo

que deva ser tratado ou disposto de forma controlada;

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f. Processamento físico, químico ou biológico do resíduo, de forma a torná-lo menos

perigoso ou até inerte, possibilitando sua utilização como material reciclável;

g. Incineração, com o correspondente tratamento dos gases gerados e a disposição

adequada das cinzas resultantes;

h. Disposição dos resíduos em locais apropriados, projetados e monitorados de forma a

assegurar que venham no futuro, a contaminar o meio ambiente.

A hierarquia para o manejo de resíduos sólidos, como mostrado na Figura 4, é

encabeçada pela redução na origem, ou seja, na minimização de resíduos.

Figura 4 - Hierarquia no manejo de resíduos sólidos

Fonte: Tocchetto (2005).

Segundo Strauch e Albuquerque, (2008), todas essas alternativas tem como objetivo

manter os produtos por mais tempo em circulação e uso. Elas podem ser estimuladas junto ao

consumidor, porém também junto ao produtor. Os produtos podem ser confeccionados de modo

a serem mais duráveis, mais fáceis de serem consertados ou reformados, e de seus componentes

poderem ser reaproveitados.

Segundo Schalch (2002), a redução dos resíduos na fonte geradora é a principal e mais

eficaz forma de minimizá-los, sendo a reciclagem desses resíduos ou o reuso dos mesmos uma

segunda opção, caso as técnicas de redução na fonte não se apliquem, uma vez que estas

últimas evitam a geração de resíduos, mas não evitam que esses materiais ainda devam ser

manipulados e transportados para poderem ser reaproveitados.

A preferência pela redução dos resíduos na fonte se explica porque se tem como

premissa básica que, com este tipo de gerenciamento, não se irá requerer no futuro consumo de

recursos e nem de energia que hoje se despendem para se tratar e dispor, de forma

ambientalmente segura, os resíduos gerados. Portanto, a busca pelo desenvolvimento

sustentável passa por uma reorientação dos atuais padrões de produção e consumo, através da

adoção de medidas de prevenção à poluição (SCHALCH, 2002).

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As principais medidas para a redução dos resíduos na fonte incluem modificações no

produto, tais como substituição do produto ou mudança na composição do produto;

modificações de material, como purificação do material ou substituição do material;

modificações na tecnologia, como, por exemplo, modificações no processo, modificações no

layout, tubulações ou equipamentos ou ainda modificações no cenário operacional; e

modificações nas práticas operacionais, tais como a adoção de práticas de gerenciamento,

prevenção de perdas, segregação de fluxo de resíduos, aperfeiçoamentos do manejo de material

ou plano de produção (FREEMAN, 1990 apud SCHALCH, 2002).

A Figura 5 mostra um modelo de gerenciamento ambiental, onde visa a priorizar as

ações de prevenção à poluição, no contexto da minimização de resíduos e/ou poluentes.

Figura 5 - Modelo do gerenciamento ambiental de resíduo

Fonte: CETESB (2002).

Segundo a metodologia proposta pelo Environmental Protection Agency (EPA),

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, para o gerenciamento de resíduos

industriais, deve-se considerar a definição de ações necessárias à obtenção de soluções

adequadas do ponto de vista do desempenho industrial e do atendimento as exigências dos

órgãos de controle ambiental. Onde basicamente devem ser respondidas três perguntas:

1. Se a empresa produz resíduos, quais são eles, quais suas taxas e seus pontos de geração;

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2. Como os resíduos gerados são classificados de acordo com os instrumentos legais

disponíveis; e

3. Quais são os instrumentos de controle aplicáveis e as tecnologias e metodologias

disponíveis para o gerenciamento desses resíduos.

De posse dessas informações, aplica-se a metodologia escolhida para o gerenciamento

dos resíduos. A metodologia proposta está baseada numa série de etapas de decisão que deverá

ser aplicada sequencialmente, em ordem decrescente de interesse. A primeira etapa – a mais

favorável, ou a melhor ação – é a prevenção da geração de resíduos, por meio da adoção de

tecnologias de Produção mais Limpa. A última – a etapa menos favorável – a disposição do

resíduo em aterros industriais (PINTO, 2004). A Figura 6 apresenta o fluxograma das etapas de

decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais.

Figura 6 - Fluxograma das etapas de decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos

industriais

Fonte: Lora (2002).

De acordo com Pinto (2004), desenvolver e implantar um Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos (PGRS) é fundamental para qualquer empresário que deseja maximizar as

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oportunidades e reduzir custos e riscos associados à gestão de resíduos sólidos. O PGRS deve

assegurar que todos os resíduos serão gerenciados de forma apropriada e segura, desde a

geração até a disposição final.

Bidone e Povinelli (1999, p.92) explicam, que um programa de minimização de

resíduos passa necessariamente pela análise de dois aspectos principais: redução de resíduos na

fonte geradora e reciclagem de resíduos. Para a redução de resíduos na fonte geradora ser

alcançada, as matérias-prima inicialmente devem passar por um processo para saber se podem

ser substituídas por outros tipos que possam ser mais eficazes. Também se pode levar em

consideração, que com a implantação de equipamentos mais modernos, podem ser importante

para a redução da geração de resíduos. Equipamentos com uma melhor tecnologia e melhores

regulagens, que trabalhem com menos desperdício de matéria-prima durante o processo

produtivo. Um bom treinamento de conscientização aos funcionários pode ser de extrema

importância para que o objetivo da redução e seja alcançado.

O PGRS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos

resíduos sólidos e líquidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos

estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,

acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como

as condições de proteção a saúde e ao meio ambiente.

O controle da geração deve ser considerado tanto no âmbito industrial quanto no campo

de projetos e processos produtivos. Baseada na análise do ciclo de vida dos produtos e na

produção limpa, a gestão de resíduos é uma maneira de atingir o desenvolvimento sustentável.

O PGRS não é só um registro de intenções, mas vai além, pois aborda as condições de

implementação e acompanhamento, o que exige diversas providências.

2.4 Produção Mais Limpa

Produção Mais Limpa – P(+)L – significa a aplicação contínua de uma estratégia

econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos, produtos e serviços, a fim de

aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração,

minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo (CNTL, 2007).

Para os processos produtivos, está direcionada à economia de matéria-prima, água e

energia e na redução da quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões que foram gerados no

processo. Em relação aos produtos, a produção mais limpa busca reduzir os impactos

ambientais à saúde e à segurança, provocados pelo produto ao longo de seu ciclo de vida, ou

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seja, desde a matéria-prima, processos de fabricação, uso do produto até o descarte final. Para

os serviços, a P(+)L implica na incorporação de requisitos ambientais no projeto e

disponibilização dos serviços a sociedade.

Muitas indústrias, principalmente as do setor têxtil, estão buscando aplicar conceitos de

P(+)L nos processos industriais, pois foram as primeiras organizações que tiveram bons

resultados com a aplicação da tecnologia limpa (CNTL, 2007).

Segundo Rensi e Schenini (2006), entre as tecnologias que envolvem o controle dos

impactos de atividades, produtos e serviços no meio ambiente, observa-se a P(+)L como sendo

um processo atual e estratégico para a organização das empresas.

A P(+)L se integra à Gestão Ambiental, onde as empresas podem reduzir o uso de

recursos naturais e minimizar a geração de resíduos, obtendo não apenas a adequação

ambiental, mas também a redução de custos de produção, entre outros benefícios. Na tentativa

de colocarem em prática um desenvolvimento industrial sustentado, as empresas vêm se

adequando às exigências da preservação do meio ambiente utilizando técnicas que utilizem

racionalmente os recursos e evitam a poluição (RENSI; SCHENINI, 2006).

De acordo com Silva Filho e Sicsú (2003) as empresas tiveram que buscar alternativas

de se tornarem competitivas em nível internacional devido a globalização. Perante isto, tiveram

de ajustar seus ambientes, afastando-os do velho paradigma empresarial, baseado na economia

de escala, na hierarquia de rigidez vertical e nos princípios do Fordismo.

Rensi e Schenini (2006) destacam que trabalhar com a P(+)L pode ser uma inovação

para as empresas, já que se trata de um procedimento complexo, que exige mudanças

comportamentais, incluindo todas as pessoas envolvidas no processo. Este novo modelo de

produção está sendo desenvolvido desde a década de 1980, pelo Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para

Desenvolvimento Industrial (ONUDI) com o intuito de instrumentalizar o conceito e práticas

do desenvolvimento sustentável. De acordo com Barbieri (2004) a origem do conceito de

tecnologias limpas, dá-se às propostas estimuladas pela Conferência de Estocolmo-72, em que

havia três propósitos básicos: lançar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos e

consumir menos recursos naturais.

Nesse contexto, o conceito de desenvolvimento sustentável foi criado para atender às

recomendações do Relatório de Brundtland, visando atender às necessidades presentes sem

colocar em risco as necessidades das gerações futuras. Pode-se dizer que surgiu como um novo

modelo de industrialização, que concilia crescimento econômico e social da indústria, portanto

sem degradar o meio ambiente e tendo como critérios o uso eficiente de recursos não

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renováveis, conservação dos recursos renováveis e limite da capacidade do meio ambiente em

assimilar os resíduos (BARBIERI, 2004).

De acordo com Donaire (1999), os consumidores exercem extrema importância na

mudança do paradigma empresarial, pois estão mais cientes da responsabilidade de suas ações

em relação ao meio ambiente, implicando na escolha por produtos e serviços ambientalmente

sustentáveis, que consumam o mínimo possível de recursos naturais e que causem o menor

impacto ambiental possível e que sejam economicamente viáveis.

Segundo Furtado (2001) a P(+)L baseia-se em quatro princípios básicos que buscam

nortear os rumos para uma produção considerada “limpa”, são eles:

1. Princípio da precaução: tem como objetivo evitar doenças irreversíveis para os

trabalhadores e danos irreparáveis para o planeta. A abordagem precatória não ignora a

ciência, mas estabelece que o processo, produto ou material seja usado, desde que haja

indícios que não cause danos ao homem ou ao ambiente. O princípio da precaução,

também, estabelece que outros elementos da decisão pública devem opinar e não apenas

os cientistas, pelo fato da produção industrial ter impacto social;

2. Princípio da prevenção: consiste em substituir o controle de poluição pela prevenção

da geração de resíduos na fonte, evitando a geração de emissões perigosas para o

ambiente e o homem, ao invés de remediar os efeitos de tais emissões.

3. Princípio do controle democrático: pressupõe o acesso a informação sobre questões

que dizem respeito à segurança e uso de processos e produtos, para todas as partes

interessadas, inclusive as emissões e registros de poluentes, planos de redução de uso de

produtos tóxicos e dados sobre componentes perigosos de produtos.

4. Princípio da integração: visão holística do sistema de produção de bens e serviços,

com o uso de ferramentas como a Avaliação do Ciclo de Vida do Produto (ACV).

Valle (1995) afirma que com a adoção de tecnologias limpas, os processos produtivos

utilizados na empresa devem passar por uma reavaliação e podem sofrer modificações que

resultam em:

1. Eliminação do uso de matérias-primas e de insumos que contenham substâncias

perigosas;

2. Otimização das reações químicas, tendo como resultado a minimização do uso de

matérias-primas e redução, no possível, da geração de resíduos;

3. Segregação, na origem, dos resíduos perigosos e não perigosos;

4. Eliminação de vazamentos e perdas no processo;

5. Promoção e estímulo ao reaproveitamento e a reciclagem interna; e

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6. Integração do processo produtivo em um ciclo que também inclua as alternativas para a

destruição dos resíduos e a maximização futura do reaproveitamento dos produtos.

2.4.1 Metodologia da Produção Mais Limpa

Segundo o CNTL (2007) as possíveis modificações decorrentes da implantação de um

programa de P(+)L ocorrem em vários níveis de aplicações de estratégias, em que cada nível

prioriza medidas para a redução dos resíduos gerados, conforme pode ser observado na Figura

7.

Figura 7 - Níveis de oportunidade de Produção Mais Limpa

Fonte: (CNTL, 2003).

De acordo com a Figura acima o nível 1 prioriza a redução de resíduos na fonte. Estas

incluem modificações no processo, no serviço e nos produtos. As modificações no processo

devem reduzir a geração dos resíduos, efluentes e emissões. As modificações do processo

compreendem um conjunto de medidas como, o Housekeeping ou boas práticas de P(+)L que

são definidas como o uso cuidadoso de matérias-primas e insumos, incluindo mudanças

organizacionais. Na maioria dos casos, estas são as medidas economicamente mais

interessantes e que podem ser facilmente colocadas em prática. O início do programa de P(+)L

deve contemplar primeiramente a análise das práticas operacionais e buscar soluções práticas

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de housekeeping. As economias proporcionadas pelas boas práticas operacionais podem

viabilizar novos investimentos na empresa, inclusive em novas tecnologias.

São exemplos de boas práticas de P(+)L:

Organização do estoque de matéria-prima e aviamentos;

Organização do layout conforme a sequência operacional de montagem das peças;

Reorganização dos intervalos de limpeza e de manutenção;

Eliminação de perdas devido à procura de materiais;

Melhoria de logística de compra, estocagem e distribuição de matérias-primas, insumos

e produtos;

Elaboração de manuais de boas práticas operacionais;

Capacitação de pessoal envolvido no programa de P(+)L;

Otimização dos fluxos de material;

Melhoria do sistema de informação;

Padronização de operações e procedimentos;

Substituição de matérias-primas e aviamentos.

As modificações tecnológicas variam desde um nível relativamente simples até

mudanças substanciais que interfiram na perda de tempo em operações, no consumo de energia

ou na utilização de matérias-primas. Frequentemente, estas medidas precisam ser estudadas e

combinadas com housekeeping e a seleção de matérias-primas.

As modificações no produto podem levar a uma situação ecológica melhorada em

termos de produção, utilização e disposição do resíduo. Elas podem conduzir à substituição do

produto ou de seus detalhes. As alterações devem melhorar o aproveitamento da matéria- prima

sem comprometer a qualidade do produto.

O nível 2 é a reciclagem interna, onde os resíduos que não podem ser evitados a partir

do nível 1, devem ser reintegrados ao processo de produção da empresa.

O nível 3 é a reciclagem externa, pois após esgotar as oportunidades acima se deve

optar por medidas de reciclagem de resíduos fora da empresa. Nestes ambientes é possível a

recuperação de materiais de maior valor e sua reintegração ao ciclo econômico.

O primeiro passo antes da implementação de um programa de P(+)L é a pré-

sensibilização dos empresários e gerentes mediante uma visita técnica, procurando expor casos

de sucesso da aplicação de P(+)L e mostrando seus benefícios econômicos e ambientais. Nesta

visita, é fundamental apresentar a importância das atitudes preventivas em contrapartida às

onerosas (ações de fim-de-tubo) e lembrar as pressões exercidas pelos órgãos ambientais, com

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leis cada vez mais rígidas, além de outros fatores relevantes que tenham sido observados, como

grande volume de resíduos, altos valores de multas, etc., que possam ser minimizados com a

abordagem da P(+)L. Além disso, deve-se deixar claro que sem o comprometimento gerencial

da empresa, não será possível desenvolver o programa de P(+)L, sendo preciso que os

empresários e gerentes se conscientizem e queiram fazer funcionar a produção mais limpa.

Após isso, a empresa poderá implementar um programa de P(+)L através de metodologia

própria ou através de instituição ou consultores que possam apoiá-la nesta tarefa. A Figura 8

mostra as fases para a implementação da metodologia da P(+)L.

Figura 8 - Passos para implementação de um programa de Produção Mais Limpa

Fonte: (CNTL, 2007).

ETAPA 1

O primeiro passo é a obtenção do comprometimento gerencial, pois é fundamental

sensibilizar a gerência para garantir o sucesso do programa. A obtenção de resultados

consistentes depende decisivamente do comprometimento da empresa com o programa de

P(+)L.

O passo seguinte consiste na identificação de barreiras à implementação e busca de

soluções. Para que o programa tenha um bom andamento é essencial que seja identificado as

barreiras que serão encontradas durante o desenvolvimento do programa e buscar soluções

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adequadas para superá-las. É necessário definir em quais dos processos produtivos serão

incluídos no programa de P(+)L.

E por fim a formação do Ecotime, que é um grupo formado por representantes dos

diversos setores da empresa, que se encarregará de realizar o diagnóstico, implantar o

programa, identificar oportunidades de P(+)L e monitorar o programa, dando continuidade ao

mesmo.

ETAPA 2

Contempla o estudo do fluxograma do processo produtivo, realização do diagnóstico

ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação. A análise detalhada do fluxograma

permite a visualização e a definição do fluxo qualitativo de matéria-prima, água e energia no

processo produtivo, visualização da geração de resíduos durante o processo, agindo, desta

forma, como uma ferramenta para obtenção de dados necessários para a formação de uma

estratégia de minimização da geração de resíduos, efluentes e emissões. A Figura 9 apresenta o

fluxograma qualitativo de um processo produtivo.

Figura 9 - Fluxograma qualitativo do processo produtivo

Fonte: CNTL (2003).

Após o levantamento do fluxograma do processo produtivo da empresa, o Ecotime fará

um levantamento dos dados quantitativos de produção e ambientes existentes, utilizando fontes

disponíveis como, por exemplo, estimativas do setor de compras, etc. Nesta etapa, se procede à

quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos) e saídas (resíduos

sólidos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos), verifica-se a situação ambiental da

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empresa e levantam-se os dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento,

como mostra a Figura 10.

Figura 10 - Fluxograma quantitativo do processo produtivo, elaboração do diagnóstico

ambiental e planilha de aspectos e impactos

Fonte: CNTL (2003).

.

Ainda nessa etapa é selecionado entre todas as atividades e operações da empresa o foco

de trabalho, com base no diagnóstico ambiental e na planilha dos principais aspectos

ambientais. Estas informações são analisadas considerando os regulamentos legais, a

quantidade de resíduos gerados, a toxicidade dos resíduos e os custos envolvidos.

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De posse das informações do diagnóstico ambiental e da planilha dos principais

aspectos ambientais é selecionado, entre todas as atividades e operações da empresa, o foco de

trabalho (Figura 11). Estas informações são analisadas considerando os regulamentos legais, a

quantidade de resíduos gerados, a toxicidade dos resíduos e os custos envolvidos. Por exemplo,

se a empresa tem um determinado prazo para cumprir um auto de infração, será priorizado o

item regulamentos legais.

Figura 11 - Prioridades para seleção do foco de avaliação

Fonte: CNTL (2007).

ETAPA 3

Nesta etapa é elaborado o balanço material e estabelecidos os indicadores. São

identificadas as causas da geração de resíduos e estipuladas as opções de P(+)L. Esta fase tem

inicio com o levantamento dos dados quantitativos mais detalhados nas etapas do processo

priorizadas durante a atividade de seleção do foco da Etapa 2. Como mostra a Figura 12.

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Figura 12 - Análise quantitativa de entradas e saídas do processo produtivo

Fonte: CNTL (2003).

A identificação dos indicadores é fundamental para avaliar a eficiência da metodologia

empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de P(+)L implantadas. Serão

analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores estabelecidos durante a etapa de

quantificação. Dessa forma, será possível comparar os mesmos com os indicadores

determinados após a etapa de implementação das opções de P(+)L.

ETAPA 4

Esta etapa constitui-se da avaliação técnica, econômica e ambiental e da seleção de

oportunidades viáveis, sempre visando o aproveitamento eficiente das matérias-primas, água,

energia e outros insumos através da não geração, minimização, reciclagem interna e externa.

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ETAPA 5

Esta etapa constitui-se do plano de implementação e monitoramento e do plano de

continuidade. A eficiência da escolha das melhores opções de P(+)L é comprovada na fase de

implementação onde se compara o resultado obtido com os esperados. As ações que envolvem

simples modificações de operação, procedimentos e materiais, são implantadas tão logo os

benefícios ambientais, os potenciais de economia e viabilidade técnica tenham sido

determinados. Para modificações mais complexas, que exigem mudanças ou instalações de

equipamentos, deve-se proceder de maneira usual em casos de implantação de projetos, ou seja,

planejar, projetar, levantar recursos e instalar. Juntamente com o plano de implementação deve

ser planejado o sistema de monitoramento das medidas a serem implantadas. Nessa etapa é

essencial considerar:

Quando devem acontecer as atividades determinadas;

Quem é o responsável por estas atividades;

Quando são esperados os resultados;

Quando e por quanto tempo devem-se monitorar as mudanças;

Quando avaliar o progresso;

Quando devem ser assegurados os recursos financeiros;

Quando a opção deve ser implantada; e

Qual a data da conclusão da implementação.

Conforme a Figura 13 o plano de monitoramento deve ser dividido em quatro estágios:

planejamento, preparação, implementação, registros e análise de dados.

Figura 13 - Estágios da implementação do plano de monitoramento

Fonte: CNTL (2003).

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Após a aplicação das etapas é importante dar continuidade ao programa para que seja

assegurada a aplicação da metodologia de trabalho e da criação de ferramentas que possibilitem

a manutenção da cultura estabelecida, bem como, sua evolução em conjunto com as atividades

futuras da empresa.

2.4.2 As Implicações da Produção Mais Limpa Sobre o Desenvolvimento Sustentável

Reduzir a poluição através do uso racional de matéria-prima, água e energia significam

uma opção ambiental e econômica definitiva. Diminuir os desperdícios resulta em maior

eficiência no processo industrial e menores investimentos para soluções de problemas

ambientais. A transformação de matérias-primas, em produtos, e não em resíduos, tornam uma

empresa mais competitiva. Assim, a P(+)L não é apenas um tema ambiental e econômico.

A geração de resíduos em um processo produtivo muitas vezes está diretamente

relacionada a problemas de saúde ocupacional e de segurança dos trabalhadores. Desenvolver

tecnologias limpas minimiza estes riscos, na medida em que são identificadas matérias-primas

e auxiliares menos tóxicas, contribuindo para a melhor qualidade do ambiente de trabalho. Uma

consequência positiva, muitas vezes difícil de mensurar, é o fortalecimento da imagem da

empresa frente à comunidade e autoridades ambientais.

Definições de desenvolvimento sustentável mencionam responsabilidades quanto ao

emprego mais eficiente de recursos naturais, de maneira que não prejudique as gerações futuras

relacionando desenvolvimento sustentável com P(+)L, pode-se observar que produzir

sustentavelmente significa transformar recursos naturais em produtos e não em resíduos. A

mudança nos paradigmas ambientais induz as empresas a retroceder para a origem da geração

de seus resíduos buscando soluções nos seus próprios processos produtivos, minimizando,

assim, o emprego de tratamentos convencionais (fim-de-tubo). Minimizar resíduos e emissões

também significam aumentar o grau de emprego de insumos e energia usados na produção, isto

é, produzir produtos e não resíduos, garantindo processos mais eficientes.

Para a empresa, a minimização de resíduos não é somente uma meta ambiental, mas,

principalmente um programa orientado para aumentar o grau de utilização dos materiais, com

vantagens técnicas e econômicas.

2.4.2.1 Estudos de Caso

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Primeiro Estudo de Caso: Implementação da Produção mais Limpa em uma

Indústria Têxtil: Vantagens Econômicas e Ambientais.

O estudo teve por objetivo analisar os benefícios ambientais e econômicos oriundos da

implementação da Produção mais Limpa em uma indústria moveleira de Natal-RN.

O diagnóstico levantou inicialmente informações de ordem operacional e ambiental. Em

seguida, foi elaborado o fluxograma qualitativo do setor/processo/produto, seguido da

avaliação de aspectos e impactos ambientais, seguindo a metodologia do SEBRAE (2005), que

visou apontar os aspectos significativos do processo. Por fim, foram escolhidas as

etapas/operações/setor que teriam as entradas e saídas quantificadas, a fim de identificar as

causas da geração de desperdício. Para auxiliar os levantamentos foram utilizados

equipamentos auxiliares como balança, cronômetro, decibelímetro, medidores de tensão

elétrica e máquina fotográfica digital. No estudo de levantamento de oportunidade de

melhoria, para cada solução foi analisado o grau de impacto da sua implementação frente aos

benefícios ambientais e financeiros.

Pontos críticos identificados:

1. A empresa não utilizava nenhum programa para efetuar um plano de corte,

fazendo este de forma intuitiva e o enquadramento dos moldes no tecido a ser

cortado era efetuado de forma aleatória. Foi constatado um desperdício médio de

mais de 20% no consumo desses tecidos. Desta forma, eram desperdiçados cerca

de 40 Kg de tecido por dia, ou seja, mais de 10 toneladas por ano. Em valores

monetários, a perda mensal chegava a R$ 18.030,54 (anualmente R$

228.672,38). Estes materiais eram queimados no quintal da empresa ou

destinados ao aterro sanitário.

2. No setor de limpeza das placas de estampagem, foram constatados desperdícios

representativos no uso de água. A primeira fonte de desperdício era uma torneira

quebrada que ocasionava um vazamento de 4.000 L/mês. A segunda fonte estava

associada à forma com que as placas eram lavadas, não havia um sistema para

otimizar o uso, por exemplo aumentando da pressão de água. Esta situação

acarretava em um maior consumo de água e geração de efluentes. O consumo de

água do setor foi estimado em 2.300 L/dia.

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3. Também foi constatado um desperdício no consumo de energia elétrica no

processo de secagem da estampa. Este processo era efetuado através de placas

metálicas munidas de uma resistência elétrica (potência de 0,450 Kw)

denominadas “berço”. Os berços estavam instalados em conjuntos de 6 unidades

ou 12 por mesa. Entretanto, o controle de fornecimento de energia no processo

não era efetuado de forma individualizada, ou seja, quando uma mesa que era

acionada todos os berços eram ligados. Averiguando o uso das mesas, foi

constatado uma eficiência de 70%, além do tempo médio de uso de 2,5

horas/dia, e consumo energético total de 60,75 Kwh/dia. Este desperdício

representava uma perda de 400,95 Kwh/mês.

Oportunidades de P(+)L:

1. Em relação ao corte, inicialmente foi sugerida a compra de um software de

elaboração de plano de corte e um plotter para impressão (investimento de R$

90.172,00), sendo descartada pelo empresário.

2. Assim, a segunda proposta partiu para o nível de housekeeping através de um

treinamento (noção de áreas, figuras geométricas e aproveitamento de espaço)

para máximo enquadramento dos moldes. Ainda gerando retalhos, estes

passariam por um procedimento de classificação para reaproveitamento interno

(retalhos com uma área superior a 600 cm2 seriam destinados para fabricação

de produtos infantis, critério definido pelo responsável do corte e ecotime), e

caso não sendo possível, seriam destinados para venda a empresas de artesanatos

a um preço de 0,70 R$/Kg (confecção de fuxicos – coxas para cama, toalhas de

mesa, travesseiros e tapetes).

3. Substituição da torneira: levou uma economia de mais de 48.000 litros de água

por ano, a um baixo custo (R$ 10,00). Já com a instalação do lavador

pressurizado, foi estimado uma economia de 35.420 L/mês (705). O custo

operacional do equipamento foi estimado em R$ 35,97/mês. Assim, a economia

mensal seria de R$ 75,25 (anualmente R$ 954,36).

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4. Em relação à questão do consumo energético nos berços, foi proposta a

instalação de um sistema de chaves de controle (Interruptor). Estima-se um

aumento da eficiência do uso dos berços na ordem de 98%. Para tanto, o

investimento necessário era aquisição e instalação dos interruptores seria de R$

250,00. Por decisão do empresário, esta proposta ficou como uma ação para o

plano de continuidade.

5. Quanto ao plano de continuidade, as medidas traçadas foram: instalar uma

estação de tratamento de efluentes líquidos industriais com eficiência para

remoção de substâncias químicas – para tanto faz necessário a contratação de um

profissional habilitado; compra de equipamentos de proteção individual;

contratação de uma consultoria para realização de ginástica laboral com os

funcionários, principalmente as costureiras; aquisição do software e hardware

para elaboração de planos de corte; efetuar reuniões quinzenais com o ecotime e

efetuar palestras mensais dentro das temáticas da qualidade, segurança do

trabalho e meio ambiente.

De forma geral foi constatado que a geração de desperdícios era potencializado pela

falta de conhecimento por parte do empresário/diretoria sobre os aspectos e impactos

ambientais de suas atividades e falta de uma visão da necessidade do uso racional dos recursos

e uma maior cobrança por parte dos funcionários. Assim, foi necessária uma maior

conscientização ambiental em todos os níveis organizacionais das empresas estudadas.

Segundo Estudo de Caso: Alternativas de Aplicação das Práticas de Produção

Mais Limpa (P+L) em Fiações Têxteis

A empresa na qual foi desenvolvido o estudo sobre as práticas de P+L está presente no

mercado há mais de 20 anos e tem uma produção mensal de cerca de 700 toneladas de fios de

diversos tipos de fibras. Produz fios cardados e fios open end e em todas as etapas já

identificadas no tópico anterior, gera os resíduos correspondentes. Para alcançar tal objetivo,

realizou-se um estudo de caso com abordagem predominantemente qualitativa, sendo norteado

por pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo, caracterizado como exploratório descritivo.

Os dados foram coletados por meio de arquivos, entrevista e observação. Após visita realizada

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na empresa e entrevista aberta com colaboradores, foi possível constatar que a mesma aplica

práticas de P+L no sentido de reprocessar e reciclar materiais.

Após realizado o levantamento dos dados, constatou-se que para cada tipo de resíduo,

existe uma destinação específica por parte dos colaboradores da empresa, conforme mostra a

Tabela 1.

Tabela 1- Destinação dos resíduos de acordo com sua procedência

Visando um armazenamento correto dos resíduos gerados, a Indústria de Fios destinou

uma área externa específica para acomodação de tais resíduos, sendo construídas diversas

divisórias na área em questão, todos identificados e separados, de forma a não serem

misturados.

Parte dos resíduos citados é recuperada pela empresa, sendo responsável pela produção

de fios de qualidade, com características e especificações adequadas aos parâmetros da

empresa. Outra parte é comercializada e com o resultado da venda, que gera uma média

mensal de R$ 4.000,00, a empresa destina este valor a um instituto de Responsabilidade Social

da própria Cooperativa, o qual arrecada receitas de todas as unidades operacionais da

cooperativa e direciona ao apoio financeiro à diversas entidades assistencialistas da região.

Desta forma, a empresa aplica conceitos de P+L e ainda possibilita que outros possam ter

benefícios através de suas práticas.

A Indústria de Fios, por meio da aplicação de algumas práticas de P+L para

gerenciamento de resíduos sólidos, mostra-se engajada em poupar o meio ambiente dos

impactos causados por seus resíduos, sempre estudando novas formas de reciclar ou

reprocessar produtos que seriam descartados na natureza. Assim, evita problemas com a

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legislação ambiental, consegue obter vantagem econômica e competitiva e ainda mostra-se

socialmente responsável.

O estudo evidencia, portanto, a possibilidade de haver uma relação respeitável e

inteligente entre indústria e meio ambiente, podendo ser construindo assim uma sólida imagem

frente á comunidade e clientes.

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3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Empresa

A empresa utilizada para a pesquisa foi fundada no ano de 1992, atua no ramo têxtil e

está localizada no Distrito Industrial do município de Vila Maria, região Nordeste do Estado do

Rio Grande do Sul. Localiza-se à latitude de 52° 09’ 14” Oeste e à longitude de 28° 32' 06" Sul,

com uma área construída de 800m² de um total de 2.250m².

Especializada nos mais distintos artigos têxteis como edredons, lençóis, travesseiros,

colchas. Atualmente atende somente a demanda nacional, especificamente o estado do Rio

Grande do Sul, e conta com a colaboração de 23 funcionários. A produção média mensal da

empresa é de aproximadamente 6.065 peças mês.

As Figuras 14 e 15 mostram a localização do município de Vila Maria e a localização da

empresa.

Figura 14 - Localização do município de Vila Maria

Fonte: Google Maps (2013).

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50

Figura 15 - Localização da empresa

Fonte: Google Earth (2013).

3.2 Delineamento da Pesquisa

A pesquisa objetivou conhecer e analisar detalhadamente o processo produtivo,

realizando um levantamento direto de dados, analisando e interpretando-os, na busca da

identificação dos aspectos gerados, assim elaborando um plano de gerenciamento dos resíduos

e posteriormente a verificação das oportunidades de aplicação da metodologia de P(+)L.

A Figura 16 a seguir representa o delineamento da pesquisa com o propósito de explicar

de forma detalhada a maneira como o estudo foi desenvolvido.

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Figura 16 – Delineamento da pesquisa

3.2.1 Primeira Etapa

A primeira etapa focou-se no desenvolvimento da revisão bibliográfica, com a intenção

de conceituar e desenvolver uma lógica para o estudo, assim buscando conhecimento sobre o

desempenho ambiental empresarial, metodologias para a elaboração de um Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais e metodologias para aplicação de P(+)L na

empresa.

3.2.2 Segunda e Terceira Etapa

A segunda etapa concentrou-se no conhecimento da empresa, onde se realizaram visitas

in loco, obtendo conhecimento prévio de todo processo produtivo da mesma, de todas as

atividades realizadas, desde o setor administrativo até o setor produtivo, e assim definindo-se

os objetivos a serem alcançados.

Na terceira etapa, foram identificados e quantificados os resíduos gerados em cada

setor. Para a quantificação foi necessário da ajuda de dois funcionários, uma balança da marca

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Toledo inspecionada pelo INMETRO com registro numero 7.705.070-8, e uma máquina

fotográfica da marca Olympus.

A quantificação dos resíduos foi efetuada para os resíduos mais significativos, como o

papelão, plástico e aparas de tecido, sendo que resíduos como restos de linha não foram

quantificados, pois conforme pesquisa realizada pela autora na mesma empresa, a geração deste

resíduo é mínima, aproximadamente de 700 gramas ao mês, não tendo necessidade de

quantificá-los. A quantificação foi realizada diariamente durante dois meses, no período de 01

de agosto de 2013 até 30 de setembro de 2013, sendo que a empresa somente trabalha em

horário comercial, não trabalhando em finais de semana e feriados. Exceto são realizadas horas

extras para atender a demanda.

A Figura 17 mostra quais os resíduos gerados e como foram quantificados.

Figura 17 - Resíduos gerados pela empresa

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3.2.3 Quarta Etapa

Na quarta etapa realizou-se a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos para a empresa, associando os conhecimentos obtidos na revisão bibliográfica, nas

visitas in-loco e nas informações repassadas pela empresa.

3.2.4 Quinta Etapa

Nesta etapa, foram examinadas possíveis técnicas de aplicação da prática de P(+)L na

empresa, utilizando-se de conhecimentos obtidos na literatura. O primeiro passo para a

implementação de um programa de P(+)L que tem a finalidade de evitar a geração de resíduos,

emissões e efluentes e procurando medidas de reciclagem é realizar uma sensibilização da

gerencia da empresa, salientando que o comprometimento é de extrema importância para que o

programa tenha resultados consistentes.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Detalhamento dos Setores da Empresa e seus Respectivos Resíduos

Com base nas visitas in loco efetuadas na empresa, pode-se observar os setores que

compõem o processo produtivo na Figura 18.

Figura 18 - Detalhamento dos setores

4.1.1 Recebimento da Matéria-Prima e Estoque

No recebimento da matéria-prima, os tecidos são separados por cores e por tipo de

tecido. O material fica armazenado em um lugar específico até ser talhado. Juntamente a este

local, situa-se o estoque de cortados, que é o estoque de produtos que estão aguardando para

serem confeccionados, como demonstra a Figura 19.

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Figura 19 - Estoque de Matéria-Prima

No recebimento de matéria-prima pode ocorrer a geração de resíduos do tipo plástico e

papelão, que são provenientes das embalagens das matérias-primas.

4.1.2 Seleção de Cores e Corte

A seleção de cores é feita antes do corte, onde a funcionária responsável pelo setor lista

as cores que irá talhar. Primeiramente, são listadas as cores do tecido estampado e após as cores

do tecido liso, sempre buscando a combinação de cores.

Em seguida, são definidas as medidas na mesa de enfesto, onde se coloca etiquetas na

mesa marcando aonde o tecido deverá ser talhado. Posteriormente, colocam-se os rolos de

tecido na máquina de enfesto e programa-se a enfestadeira, inserindo dados de quantos metros

ou quantas peças se deseja talhar. Esta etapa do processo pode ser observada na Figura 20.

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Figura 20 - Realização do corte das peças

O setor de corte é onde são geradas as quantidades mais significativas de aparas de

tecido e de plástico, ressaltando que em dias que não o setor de corte não funciona, as

quantidades de resíduos mais relevantes passam a ser no setor de costura. Neste processo

também são gerados resíduos como o papelão.

4.1.3 Costura

Após o corte, as peças são encaminhadas para os setores de costura. Neste setor todas as

costuras são realizadas com auxílio de máquinas de pequeno e grande porte, sendo administradas

por colaboradores qualificados para o desempenho das mesmas, como mostra a Figura 21.

Figura 21 - Costura das peças

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Na costura das peças são gerados resíduos como aparas de tecido e também tem-se a

sobra de linhas, porém em pequenas quantidades.

4.1.4 Acabamento

Depois de terem sido realizadas as costuras mais gerais, as peças são encaminhadas para

outra etapa onde são realizados os retoques finais, ou seja, os acabamentos. Todas as peças

passam pelo processo de acabamento, e são gerados resíduos como aparas de tecido, mas em

quantidades pequenas, como ilustra a Figura 22.

Figura 22 - Resíduo acabamento peças

4.1.5 Revisão, Dobra e Embalamento

A revisão das peças é realizada para verificar se existe alguma falha no produto, caso

tenha algum defeito o produto é reencaminhado para a mesa de corte, onde é analisado o que

pode ser feito com o mesmo, isto é, se tem conserto ou não. Se possuir reparo o produto volta

para o setor de costura, e se não, é enviado para o a expedição onde fica alojado nas prateleiras

dos produtos de menor qualidade, que serão comercializados com valor inferior.

Depois desta etapa é realizado a dobra e o embalamento. Na etapa do embalamento são

gerados resíduos plásticos provenientes de embalagens que foram danificadas no momento de

embalar o produto, ou que vieram com algum defeito de fábrica. Na figura 23, pode ser

visualizado as etapas de dobra e embalamento das peças.

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Figura 23 - Dobra e embalamento das peças

4.1.6 Expedição

Depois de estarem finalizadas, as peças são transportadas para o estoque onde ficam

aguardando até serem vendidas ou quando já vendidas até serem entregues, como mostra a

Figura 24.

Figura 24 - Estoque de peças prontas para comercialização

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4.2 Identificação Entradas e Saídas

Com base no detalhamento dos setores, foi possível identificar todas as matérias-primas

utilizadas e os resíduos gerados em cada setor, ou seja, as entradas e saídas de cada processo,

como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 - Entradas e saídas do processo produtivo

Processo Entradas Saídas

Recebimento Matéria-

Prima e Estoque

Tecidos embalados Papelão, Plástico

Seleção de Cores e Corte Tecidos/Fibras Aparas de Tecidos, Plástico

e Papelão

Costura Tecidos e Linhas Aparas de Tecidos e Restos

de Linhas

Acabamento Tecidos Aparas de Tecidos e Restos

de Linhas

Revisão, Dobra e

Embalamento

Produto acabado Plástico

Expedição Produto acabado -

Observando a tabela 1, conclui-se que os resíduos que são considerados mais

significativos na saída do processo produtivo são as aparas de tecidos, plástico e papelão.

4.2.1 Quantificação e Classificação dos Resíduos Gerados

A partir dos resultados obtidos na fase de levantamento de dados do processo produtivo

da empresa, verificou-se que os principais resíduos gerados são do tipo plástico, aparas de

tecido e papelão, sendo que estes podem ser classificados conforme a NBR 10004/2004 como

classe II A - não perigoso e não inerte.

A quantificação dos principais resíduos sólidos gerados na empresa é apresentada nas

Figuras 25, 26 e 27.

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Figura 25 - Quantificação das aparas de tecidos

As aparas de tecido são resíduos provenientes dos setores de corte, costura e

acabamento. Observa-se na Figura 25, que na semana 1 houve acentuada quantidade de aparas

de tecido, provavelmente isso tenha ocorrido porque neste período houve elevado corte e

fabricação das peças, ou seja, costura e acabamentos. Outro fator importante é que na semana 1

a empresa trabalhou a noite, fazendo horas extra para atender a demanda, consequentemente

quanto mais corte e peças produzidas, maior a geração de resíduos. Também se pode verificar

que nas semanas 3 e 4 houve um declínio das quantidades geradas, o que significa que pode ter

ocorrido menos corte do que as outras semanas, sendo que estes resíduos são provenientes dos

setores de costura e acabamento. No restante das semanas é verificado que existe uma certa

constância nas quantidades, indicando que provavelmente tenha ocorrido corte, costura e

acabamentos.

Figura 26 - Quantificação do plástico

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As quantidades de plástico podem variar bastante, pois dependem do recebimento da

matéria-prima, do setor de corte de tecidos, do corte de fibras e do embalamento. Destaca-se

que nem sempre quer dizer que na semana que houve acentuado corte de tecidos deve-se ter

acentuada geração de resíduos plásticos, pois este resíduo é também proveniente do setor do

corte da matéria-prima fibra, na qual seu único resíduo é o plástico.

Verifica-se ainda na Figura 26, que nas semanas 1, 4, 5, 6 e 8 houve elevada geração de

plástico. Segundo dados repassados pela empresa nestas semanas ocorreram à fabricação de

edredons, na qual utiliza a matéria-prima fibra, e tem-se então, a geração do resíduo plástico.

Outra hipótese seria pela quantidade de embalagens estragadas no momento de embalamento,

destacando que em dias frios há maior facilidade das embalagens serem descartadas, pois o

plástico resseca e acabam estourando.

Figura 27 - Quantificação do papelão

Como pode ser observado na Figura 27, as semanas 1, 4 e 6, foram as semanas que

mais houve geração do resíduo papelão, uma vez que nestas semanas houve recebimento de

matéria-prima em caixas, o que ocasionou elevada geração deste residuo. Já nas semanas 3, 5 e

7 houve uma redução nas quantidades do residuo, a qual pode ser influenciada por alguns

fatores, como:

Não recebimento de matéria-prima em caixas;

Reduzido corte de peças; e

Tecidos sem papelão em seu interior.

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É importante salientar que as quantidades de papelão não são quantidades expressivas,

uma vez que seu peso e a quantidade gerada é mais baixa que o restante dos resíduos, sendo

que alguns tecidos não tem em seu interior papelão, que servem para manter a estrutura da

matéria-prima a fim de evitar que as mesmas amassem.

Observando os três gráficos, pode-se concluir que a maior geração de resíduos é das

aparas de tecido, que quantificou um total de 643,90 kg, seguida do plástico com 259,65 kg e

por último o papelão com 185,17 kg. É importante ressaltar que quando ocorre elevada

quantidade de algum tipo de resíduo, não se pode concluir que houve elevado corte de matéria-

prima em uma determinada semana, pois são vários os fatores que podem contribuir na geração

dos mesmos.

4.3 Proposta do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

Este tópico apresenta uma proposta de PGRS para a indústria têxtil avaliada, propondo-

se melhorias para a mesma, soluções disponíveis no mercado para o destino dos resíduos e mais

ações em que não seja necessário um grande investimento econômico.

4.3.1 Conscientização Ambiental da Empresa

Para um bom desempenho do PGRS, a principal medida a ser tomada é a

conscientização dos administradores e funcionários da empresa.

Para tanto, sugerem-se cursos de capacitação e treinamento para todos os colaboradores,

visando à correta separação dos resíduos. Estas atividades poderão ser realizadas através de

reuniões e palestras em que serão explicados como deve ser feita a correta segregação dos

materiais, bem como quais resíduos poderão ser reaproveitados e quais deverão ser

encaminhados para tratamento e disposição final.

Além disso, recomenda-se a distribuição de folders e outros materiais informativos,

abordando como ocorre a prática de P(+)L dentro de uma organização, focando na redução dos

resíduos na fonte geradora e no consumo sustentável de matérias-primas e insumos.

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4.3.2 Manejo dos Resíduos Sólidos

4.3.2.1 Segregação e Acondicionamento Temporário

A segregação consiste na operação de separação dos resíduos por classe, conforme

norma NBR 10.004/2004, identificando-os no momento de sua geração, buscando formas de

acondicioná-lo adequadamente, conforme a NBR-11174/1989 (armazenamento de resíduos

classes II - não inertes e III - inertes).

Esta etapa tem por finalidade evitar a contaminação e a mistura dos resíduos, visando

garantir a possibilidade de reutilização, reciclagem e a segurança no manuseio destes materiais.

A mistura de resíduos, em alguns casos, pode causar: geração de calor; fogo ou explosão;

geração de fumos e gases tóxicos; geração de gases inflamáveis; solubilização de substâncias

tóxicas, dentre outros, de maneira que o risco de contaminação ambiental seja minimizado.

Além disso, a identificação dos resíduos deve estar indicada nas embalagens

(contêineres), presentes nos locais de armazenamento, e nos veículos de coleta interna e

externa. Estas deverão utilizar simbologias e cores padrões baseadas na norma NBR 7500/1987

e na resolução CONAMA nº 275/01, procurando sempre orientar quanto ao risco de exposição.

A Figura 28 apresenta a segregação baseada na Resolução 275/01 do CONAMA, onde

estabelece a segregação pelo código de cores para os resíduos apresentados.

Figura 28 - Segregação dos resíduos por cores

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Para cada setor da empresa, serão disponibilizados tambores, como mostra a figura 29,

de plástico ou de metal, com etiquetas informando qual tipo de resíduo poderá será

acondicionado (aparas de tecido, plástico ou papelão). Esses tambores serão destinados apenas

para acondicionar os resíduos temporariamente, sendo que quando cheios, os materiais deverão

ser transferidos para contêineres, que ficaram alocados em um lugar isolado, sinalizado e de

fácil acesso, onde ficaram armazenados até ocorrer à etapa de coleta. Além disso, em todos os

setores da empresa, serão alocadas pequenas lixeiras para a separação de outros resíduos

gerados, como restos de linhas.

Figura 29 - Exemplo de recipiente para acondicionamento dos resíduos

Os recipientes utilizados para acondicionamento temporário deverão ser constituídos

por materiais compatíveis com os resíduos a serem acondicionados, e possuir capacidade para

acondicionar aproximadamente 30 kg/dia de resíduos no seu interior sem causar vazamentos ou

transbordos observando a resistência física a pequenos impactos, durabilidade e adequação com

o equipamento de transporte, em termos de forma, volume e peso.

4.3.3 Coleta, Transporte Interno e Armazenamento

Esta etapa consiste no translado dos resíduos dos pontos de geração até local de

armazenamento externo, onde será executada a coleta dos rejeitos para posterior tratamento

e/ou destinação final.

O sistema de coleta interna dos resíduos será realizado diariamente, transferindo os

materiais acondicionados no local da geração para a área externa da empresa, onde estes serão

armazenados até o momento em que a empresa terceirizada contratada para destinação final dos

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resíduos realize a coleta. Esta empresa terceirizada deverá estar devidamente licenciada junto

ao órgão ambiental competente para que possa exercer esta atividade.

Para a coleta interna será necessário um funcionário, que poderá ser contratado ou

remanejado de outra função conforme disposição da empresa, sendo que este deverá ser

treinado especificamente para a função a ser exercida.

4.3.4 Transporte Externo

Consiste na remoção dos resíduos sólidos da área de armazenamento externo até a

unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação

das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio

ambiente.

O transporte externo dos resíduos deverá ser de responsabilidade da empresa contratada

terceirizada, sendo que devem atender a norma NBR 7.500/1987: Símbolos de risco e manuseio

para o transporte e armazenagem de materiais – Simbologia;

4.3.5 Destinação Final

Os resíduos gerados serão encaminhados para disposição final conforme sua

classificação na NBR 10004/2004, deste modo os resíduos classificados como recicláveis serão

vendidos para a uma recicladora do Município de Camargo-RS.

Os resíduos não recicláveis, como as aparas de tecido e restos de linhas, serão vendidos

para uma empresa do Município de Vila Maria-RS que recicla o material, fazendo um novo

produto, que são estopas. Estas são vendidas para postos de gasolina e borracharias da região.

A empresa pretende continuar com esta ideia, pois a mesma é uma reciclagem externa e

atualmente gera benefícios econômicos para a empresa em questão.

4.3.6 Monitoramento

O monitoramento é a etapa de manutenção do PGRS e será ajustado no princípio da

melhoria contínua, com o objetivo de identificar as oportunidades de aprimoramento. Será

realizado através da elaboração de tabelas e planilhas de controle de resíduos, também serão

realizadas auditorias sistemáticas, avaliando-se os resultados alcançados e a conformidade das

práticas adotadas, verificando assim, o atendimento aos objetivos do PGRS. Além disso,

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relatórios gerenciais serão elaborados apontando as ações que devem ser tomadas para correção

e melhoria dos processos do gerenciamento dos resíduos sólidos. Dessa maneira, o

monitoramento pode trazer benefícios como melhoria contínua no processo de gerenciamento

dos resíduos sólidos e a garantia de conformidade dos processos com a legislação e

atendimento do PGRS.

Como auxílio à elaboração do plano, sugere-se complementarmente, aplicar possíveis

técnicas de P(+)L, pois a mesma se torna uma ferramenta desta etapa, uma vez que é o objetivo

dessa prática é a melhoria contínua dos processos, reduzindo ou minimizando a geração de

resíduos.

4.4 Produção Mais Limpa

As medidas de P(+)L trazem benefícios significativos, em termos de melhoria de

desempenho ambiental e de ganhos econômicos, no entanto, quando se trata de setores da

indústria, é importante verificar que estas medidas não coloquem em risco a qualidade dos

produtos da empresa. Perante observações obtidas durante a realização das visitas à empresa,

pode-se identificar algumas oportunidades de aplicação da P(+)L, as quais são descritas abaixo.

4.4.1 Formação do ECOTIME

A formação do Ecotime será realizada através da identificação dos funcionários que

conhecem mais profundamente a empresa ou que são responsáveis por áreas importantes dentro

da mesma.

Os funcionários escolhidos para integrarem o Ecotime, terão as funções de:

Disseminar a metodologia proposta para o programa de P(+)L e do PGRS;

Realizar o levantamento individual dos setores quanto ao andamento do plano e às

deficiências do mesmo, para que assim seja possível um plano de ação focado a uma

determinada situação;

Identificar oportunidades e implantar medidas de P(+)L;

Monitorar e dar continuidade aos programas.

Deverão ocorrer reuniões técnicas com todos os membros do Ecotime, com a finalidade

de apresentar os objetivos de cada etapa do programa de P(+)L e a forma de alcançá-los,

explicando a metodologia utilizada para o trabalho e o tempo determinado para a execução e

finalização de cada atividade. Ao longo da implantação, as reuniões serão quinzenais, a fim de

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propor, discutir e implementar as ações, bem como a analisar as dificuldades encontradas nas

etapas em desenvolvimento.

4.4.2 Oportunidades de P(+)L

4.4.2.1 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos

Seguem algumas medidas que podem ser destacadas com relação ao gerenciamento dos

resíduos sólidos:

Minimizar a geração de resíduos do corte, através de capacitação dos colaboradores que

trabalham na mesa de enfesto, para tentar reduzir ao máximo a perda de tecido. Pode-se

minimizar também através de novos moldes, ou até mesmo, comprando tecidos com

medidas menores, mas que ainda se encaixem nos tamanhos que a empresa necessita

para a fabricação dos produtos;

Capacitar as costureiras, para melhor aproveitamento dos tecidos, evitando o corte

exagerado dos tecidos nas maquinas, evitando assim a geração de aparas.

Coletar e segregar todos os resíduos por tipos, isolados ou em grupos compatíveis,

evitando que se contaminem, isto aumenta as possibilidades de seu aproveitamento

(reuso ou reciclagem), podendo diminuir custos na etapa de destinação, ou torná-la mais

adequada;

Treinamento dos funcionários para realizar a correta separação dos resíduos: pode ser

feito através de reuniões e palestras onde são explicados como deve ser executada a

correta segregação dos resíduos, bem como quais poderão ser reaproveitados e quais são

encaminhados a um tratamento. Além de distribuição de folders, e demais materiais

informativos;

Realizar a confecção de novos produtos: com as sobras de tecido pode-se fazer a

fabricação de novas peças, como por exemplo, enchimento de almofadas, as quais

poderiam ser confeccionadas com as aparas de tecido, o que também geraria ganhos

econômicos para a empresa;

Realizar a reutilização interna de papel, papelão e plástico e quando isto não for

possível, realizar a venda destes resíduos para se obter maior renda para a empresa.

Benefícios esperados:

1. Melhor aproveitamento da matéria-prima;

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2. Reaproveitamento do material no processo produtivo;

3. Fabricação de novos produtos;

4. Custo de venda do produto mais relevante que a venda dos resíduos;

5. Marketing verde.

4.4.2.2 Uso Racional de Energia Elétrica

A empresa é toda iluminada com energia elétrica, apresentando em média um gasto de

1.496 Watts por mês, pois o funcionamento da empresa é dependente 100% de energia elétrica.

Observou-se que seria possível adotar medidas simples de controle, como:

Implantar em toda empresa interruptoras de luz sensíveis a movimento, desta forma

apenas ligará quando a iluminação for necessária;

Avaliar o rendimento dos motores elétricos do sistema de costura, verificando se é

possível alterar os mesmos para modelos de maior eficiência;

Manter equipamentos e lâmpadas desligados quando não estivem em uso, por exemplo,

em horário de almoço;

Avaliar a eficiência, de cada etapa do processo, observando se a mesma possui uma

eficiência aceitável, ou se o sistema deve ser modificado, através da definição de

indicadores;

Verificar a possibilidade da utilização de telhado de acrílico em alguns pontos, obtendo

assim iluminação solar no setor;

Executar um bom programa de manutenção para garantir uso eficiente de energia pelos

equipamentos;

Substituição de lâmpadas e luminárias por lâmpadas mais eficientes.

Benefícios esperados:

1. Redução no consumo de energia;

2. Economia financeira; e

3. Preservação de recursos naturais.

4.4.2.3 Uso Racional de Água

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A empresa utiliza água proveniente de poço artesiano administrado pela Prefeitura do

município de Vila Maria/RS. Apesar da água não ser utilizada no processo produtivo da

empresa e sim somente para a higiene pessoal dos colaboradores, ainda pode-se verificar

algumas medidas para se ter um melhor controle do uso da água.

Inserir um medidor de vazão na entrada do sistema da empresa, para ser possível

analisar a evolução da redução de consumo de água;

Análise do sistema de tubulações da empresa, para verificação se possui a incidência de

vazamentos, e se o mesmo se encontra em boas condições;

Colocar torneiras que se ativam pelo toque;

Verificar a possibilidade de implantação de uma cisterna na empresa, aproveitando a

área coberta da mesma para a obtenção e armazenagem da água da chuva, podendo esta

ser usada para lavagens do chão da fábrica e da área externa;

Utilizar técnicas de limpeza a seco em todas as áreas (pisos e superfícies) antes de

qualquer lavagem com água através da varrição e catação dos resíduos.

Benefícios esperados:

1. Economia dos recursos naturais; e

2. Economia financeira.

4.4.3 Indicadores para o Monitoramento das Medidas

Os indicadores para o monitoramento das medidas propostas referem-se ao uso de

recursos naturais evidenciando em valores absolutos de quantidades ou consumo, analisando

também as ações de gerenciamento ambiental, os aspectos expressivos relacionados ao setor da

atividade e as referentes ações de diminuição.

Através do monitoramento e da obtenção dos indicadores é possível comparar os dados

obtidos no presente com dados que serão obtidos futuramente, para então verificar o

desempenho da aplicação das técnicas da P(+)L e do PGRS. Os indicadores que poderão ser

utilizados serão os listados abaixo.

a) Consumo de matéria prima /quantidade de produto produzido;

b) Consumo de energia (kW) /quantidade de produto produzido;

c) Geração de resíduo sólido (kg) /quantidade de produto produzido

d) Consumo de energia (kW) / massa de matéria-prima consumida;

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e) Geração de resíduos (kg)/ massa de matéria-prima consumida.

f) Quantidade de compra de matéria-prima/ quantidade vendida de resíduo.

Estes são alguns indicadores que são fundamentais para avaliar a eficiência das

mudanças que se pretende empregar e para acompanhar o desenvolvimento das medidas de

P(+)L e do PGRS que serão aplicadas.

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5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

5.1 Conclusão

Sabe-se que todo processo industrial está caracterizado pelo uso de insumos (matéria

prima, água, energia, etc.) que, submetidos a uma transformação, dão lugar a produtos,

subprodutos e resíduos.

Na busca do desenvolvimento sustentável, as organizações estão, cada vez mais,

praticando ações sustentáveis, podendo ser definidas pelas atitudes das quais as pessoas buscam

uma qualidade de vida e o bem estar social. Dentre essas estão à adequação às leis ambientais e

o uso de tecnologias gerenciais e operacionais mais apropriadas.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos aplicado juntamente com a metodologia da

P(+)L é uma estratégia de produzir de forma limpa, e é basicamente uma ação econômica e

lucrativa, sem a necessidade de grandes investimentos. Além de contribuir para a melhoria do

meio ambiente, a partir da redução de perdas de matéria-prima e insumos e da geração de

resíduos, estes procedimentos também provocam uma melhoria na qualidade dos produtos e

mudanças no clima organizacional devido às melhores condições de trabalho e a inclusão dos

colaboradores com o processo produtivo.

Deve-se considerar ainda, que a metodologia de P(+)L também propicia a economia de

matérias-primas, através de seu uso racional, conservando as jazidas naturais existentes por

mais tempo.

Portanto, com base no estudo realizado, espera-se estimular as empresas na busca pelo

conhecimento e implantação destas metodologias. Estas, inclusas no horizonte de negócios

podem resultar em atividades que proporcionam ganhos econômicos e ambientais, por meio da

redução do consumo de energia e de outros recursos naturais.

5.2 Sugestão para Trabalhos Futuros

Como sugestão de novas pesquisas, recomenda-se:

Monitorar os resultados obtidos após a implantação do Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos na empresa, a fim de implantar ou ajustar medidas de controle mais

adequadas, visando sempre à sustentabilidade do sistema como um todo;

Executar levantamentos de dados anuais, e aplicá-los aos indicadores, para verificar a

eficiência da adoção das metodologias;

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Realizar um monitoramento dos indicadores mais relevantes para empresa, a fim de

efetuar um balanço de massa e energia;

Fazer um levantamento dos resíduos gerados para verificar se a quantidade está de

acordo com a quantidade de produtos fabricados;

Realizar uma avaliação objetiva nas empresas do ramo têxtil do estado do RS, onde

sejam levantados dados reais e atualizados, para assim concretizar a elaboração do

balanço de massa, e a avaliação técnica, econômica e ambiental das opções levantadas

da aplicação da metodologia de P(+)L.

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