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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ –
UNOCHAPECÓ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS – PPGCA
Maria Aparecida Cristo Anciutti
ESTRUTURA DE TAXOCENOSES DE GIRINOS EM RIACHOS DE
MATA ATLÂNTICA SUBTROPICAL NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Chapecó – SC, 2016
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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ
– UNOCHAPECÓ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
AMBIENTAIS - PPGCA
ESTRUTURA DE TAXOCENOSES DE GIRINOS EM
RIACHOS DE MATA ATLÂNTICA SUBTROPICAL NA
REGIÃO SUL DO BRASIL
Maria Aparecida Cristo Anciutti
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação da Universidade Comunitária da
Região de Chapecó, como parte dos pré-
requisitos para obtenção do titulo de Mestre em
Ciências Ambientais.
Orientadores:
Profª Dra. Elaine Maria Lucas Gonsales
Prof. Dr. Ronei Baldissera
Chapecó, 20 maio de 2016.
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4
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Agradecimentos
Gostaria primeiramente de agradecer meus pais Airton Anciutti e
Elisabeth Cristo Anciutti e meu avô Orlando Cristo, quais me apoiaram e
incentivaram muito para minha vinda a cidade de Chapecó-SC, para aqui em
2014 definitivamente ingressar no Mestrado de Ciências Ambientais.
Seguidamente foi recebida carinhosamente pela família da minha prima
Rosangela Brandalise Gonsales, quem me apresentou a Professora Elaine
Maria Lucas Gonsales, qual hoje é minha orientadora e tenho muito agradecer
todos os ensinamentos e a maneira qual conduziu nosso trabalho para hoje
estamos finalizando essa etapa. Agradeço ao Professor Ronei Baldissera
também meu orientador que muito contribuiu para minha formação.
Obrigada a Universidade Comunitária de Região de Chapecó,
especialmente por ceder o Laboratório de Ecologia para estar ali desenvolvendo
as análises. E podendo muito contar com minha colega e amiga Veluma De
Bastiani e com o Fábio Carasek, quais me ajudaram muito para chegar aos
meus resultados. Lembrando também e aqui deixando minha imensa gratidão ao
meu esposo Rafael Tormem, pessoa que esteve ao meu lado nessa caminhada
e ajudando para o desenvolvimento deste trabalho.
Assim estendo meus agradecimentos aos professores e colegas que
passaram por mim nesse período e deixaram suas contribuições há todos meu
muito obrigado.
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RESUMO
ANCIUTTI, Maria Aparecida Cristo. Estrutura de taxocenoses de girinos em
riachos de Mata Atlântica subtropical na região Sul do Brasil. Dissertação
(Mestrado). Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais. Universidade
Comunitária da Região de Chapecó. 2016.
As características locais e da paisagem, como a presença e as alterações na
vegetação ciliar, bem como a contaminação da água ocasionada por atividades
antrópicas, podem ocasionar a morte ou anormalidades em girinos, reduzindo ou
eliminando as populações de anfíbios. Neste estudo, analisamos os padrões de
estruturação de taxocenoses de girinos em riachos de primeira ordem na Mata
Atlântica no sul do Brasil, relacionando-os com fatores em níveis locais (variáveis
químicas e físicas da água) e regionais (uso e ocupação do solo). Realizamos duas
amostragens em dezoito riachos no município de Chapecó, estado de Santa
Catarina, no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015. As coletas de
girinos foram realizadas durante o dia, com auxílio de puçá, durante duas horas
consecutivas. Medimos o pH, condutividade elétrica, temperatura e oxigênio
dissolvido na água dos riachos e analisamos a presença de ferro, chumbo, cádmio,
cromo, zinco, manganês e cobre em amostras de água coletadas na primeira
amostragem. Para analisar a influência do uso e ocupação do solo na diversidade
de girinos, determinamos buffers de 50 m, 100 m, 250 m e 500 m ao redor da
extensão amostrada de cada riacho. Oito espécies de anfíbios foram identificadas,
das quais Aplastodiscus perviridis, Physalaemus cuvieri e Rhinella ictérica foram as
mais abundantes. Em nível local, a riqueza de espécies não foi influenciada pelas
características locais dos riachos e a abundância foi maior em riachos com maior
concentração de oxigênio dissolvido. Em nível de paisagem, na escala de 500 m de
raio, riachos com maior área de campo no entorno apresentaram menor riqueza de
espécies e riachos contendo maior área de mata no entorno apresentaram menor
abundância. As taxocenoses de girinos na região responderam tanto à variável em
nível local, quanto em nível de paisagem. Espécies de áreas abertas parecem ser
favorecidas pela presença de menos áreas florestais nos entornos dos riachos. Em
nível local, a maior concentração de oxigênio dissolvido nos riachos foi um fator
importante afetando a estrutura das taxocenoses de girinos.
Palavras chaves: Degradação de habitat, paisagem, conservação, diversidade de
anfíbios.
7
ABSTRACT
ANCIUTTI, Maria Aparecida Cristo. Structure of tadpole assemblages in
subtropical Atlantic Forest streams of southern Brazil. Dissertação (Mestrado).
Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais. Universidade Comunitária
da Região de Chapecó. 2016.
Local and landscape characteristics associated with riparian forest presence and
alterations, as well as water contamination by human activities, can lead to death or
produce abnormalities in tadpoles reducing or even eliminating amphibians’
populations. In this study, we analyzed the structuring patterns of tadpole
assemblages in first order streams of southern Brazil Atlantic Forest and related the
patterns with local (physical-chemical) and landscape (soil use and occupation)
variables. Eighteen streams were sampled in the municipality of Chapecó, Santa
Catarina state. Two samplings were performed in each stream from November
2014 to February 2015. Tadpole samplings were performed with a gill net in daylight
during two consecutive hours. Local variables encompassed pH, electric
conductivity, temperature and dissolved oxygen (in situ measurements), and in
laboratory stream waters were analyzed for the presence of iron, lead, cadmium,
zinc, manganese and copper. At landscape scale, four buffers were determined
around each sampling point with 50, 100, 250 and 500 m radius. Eight species were
found in all streams. Three species were abundant: Aplastodiscus perviridis,
Physalaemus cuvieri and Rhinella icterica. Species richness did not respond to any
local variables, while abundance was greater in streams with more dissolved
oxygen. Landscapes with greater pasture cover in 500 m radius of the streams
showed smaller species richness, while landscapes with smaller forest cover at the
same radius showed greater abundance. The results show that tadpole
assemblages in the region are responsive either to local, as well as landscape
variables. Open area species seem to be favored by the presence of less forested
areas in the landscape surrounding the streams. At the local scale, low dissolved
oxygen probably associated with high nutrient inputs seems to be an important
factor affecting tadpole assemblage structure.
Keywords: Habitat degradation, fragmentation, amphibian conservation.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa hidrográfico e de classes de cobertura do solo do município de
Chapecó, Estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Os círculos vermelhos
representam os locais de amostragem nos riachos estudados. .............................. 18
Figura 2– Influência do oxigênio dissolvido sobre a abundância de girinos em 18
riachos de primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, sul
do Brasil. ................................................................................................................. 24
Figura 3–Influência da cobertura de pastagem em um raio de 500 m de riachos de
primeira ordem sobre a riqueza de girinos no município de Chapecó, estado de
Santa Catarina, sul do Brasil. .................................................................................. 25
Figura 4 – Influência da cobertura de floresta em um raio de 500 m no entorno de
riachos de primeira ordem sobre a abundância de girinos no município de Chapecó,
estado de Santa Catarina, sul do Brasil. ................................................................. 25
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Riqueza e abundância de girinos (Anura) registrados em 18 riachos de
primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, no período de
novembro de 2014 a fevereiro de 2015. .................................................................. 23
Tabela 2 – Médias, desvio padrão e amplitude das variáveis físico-químicas
medidas nas duas amostragens e metais pesados registrados em 18 riachos de
primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, no período de
novembro de 2014 a fevereiro de 2015. .................................................................. 22
Tabela 3– Cobertura dos diferentes componentes da paisagem (ha) em 500 m de
raio de 18 riachos de primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa
Catarina, no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015. ........................... 23
10
SUMÁRIO
Agradecimentos ...................................................................................................... 5
RESUMO................................................................................................................... 6
ABSTRACT ............................................................................................................... 7
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 8
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 9
Introdução Geral .................................................................................................... 11
ARTIGO ................................................................................................................. 14
RESUMO................................................................................................................. 14
1 Introdução ........................................................................................................... 15
2 Materiais e Métodos ......................................................................................... 18
2.1 Área de Estudo .............................................................................................. 18
2.2 Coleta de dados ........................................................................................ 19
2.3 Características ambientais de paisagem .................................................. 19
2.4 Características ambientais locais .............................................................. 20
2.5 Análise de dados....................................................................................... 21
3 Resultados ........................................................................................................ 22
3.1 Diversidade geral ...................................................................................... 22
3.2 Caracterização ambiental dos riachos ...................................................... 22
3.2.1 Características ambientais locais ......................................................... 22
3.2.2 Características da paisagem ................................................................. 22
3.3 Efeitos ambientais sobre a diversidade local e a composição de espécies ... 24
4 Discussão .......................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 31
11
Introdução Geral
Originalmente, todo o território do estado de Santa Catarina era coberto por
Mata Atlântica, distribuída entre as fitofisionomias da Floresta Ombrófila Densa,
Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional e Campos (KLEIN, 1978). As
fitofisionomias encontradas na grande região oeste do estado, a qual se encontra
inserida no Planalto Meridional Brasileiro, são a Floresta Ombrófila Mista
(MEDEIROS, 2006), a Floresta Estacional e os Campos (IBGE, 2004; MEDEIROS,
2006). Historicamente, as duas formações florestais foram alvos de intensa
destruição, principalmente com a chegada dos colonizadores, que iniciaram a
abertura de áreas para ocupação e uso do solo. A partir do século XX, o cenário de
devastação das matas intensificou-se com o desenvolvimento da indústria
madeireira e instalação de companhias colonizadoras como a Cia. Territorial Sul
Brasil, Peperi - Chapecó e Ernesto F. Bertaso (WOLLF; SCHUH, 2000). A
economia do oeste catarinense, baseada em atividades agropecuárias, silvicultura,
pesca e turismo, contribuiu para que a Floresta Estacional e Floresta Ombrófila
Mista tornem-se restritas. Atualmente, os últimos fragmentos de floresta
encontram-se isolados e sob intensa pressão antrópica (CÂMARA, 2003; VIBRANS
et al., 2008).
As informações sobre a biodiversidade do estado de Santa Catarina são
bastante recentes, especialmente para a região oeste e escassas para diversos
grupos. A falta de informações dificulta as políticas públicas sobre a conservação e
o manejo adequado da diversidade biológica (BASTOS et al., 2009). Para anfíbios,
os estudos existentes (e.g., LUCAS; FORTES, 2008; LUCAS; MAROCCO, 2011;
BASTIANI; LUCAS, 2013) abordam aspectos sobre diversidade e história natural
das espécies e estão relacionados aos adultos, sendo inexistentes estudos com
ênfase na fase larval. Anfíbios em ambas as fases do ciclo de vida, larval e adulta,
podem ser considerados bons indicadores de integridade ambiental, devido à
elevada sensibilidade das espécies em relação à perda e degradação dos
ambientes naturais. Alterações antrópicas como poluição de água e perda de
hábitat podem ocasionar extinções locais, especialmente de espécies mais
exigentes. Diversas espécies de anfíbios da Mata Atlântica também são sensíveis
ao efeito da desconexão e fragmentação de hábitat (BECKER et al., 2007).
12
A sensibilidade dos anfíbios está relacionada ao modo particular de vida,
com elevada dependência de ambientes úmidos e água acumulada para grande
parte das espécies e ainda a pele altamente permeável. Para a maioria das
espécies, as larvas, conhecidas como girinos, possuem ciclo de vida inteiramente
aquático e a contaminação neste ambiente pode ocasionar morte ou
anormalidades (HAYES et al., 2010; BASTOS et al., 2009).
A perda, a fragmentação e a degradação dos ambientes naturais tem
resultado em declínios populacionais drásticos de anfíbios em diversas partes do
mundo (SANTOS, 2013). Os declínios populacionais têm sido atribuídos, ainda, às
mudanças climáticas, especialmente ao aquecimento global por aumentar os níveis
de radiação, facilitar a dispersão de poluentes (CAREY; ALEXANDER, 2003) e
influenciar na disseminação de fungos patogênicos (POUNDS et al., 2006). O
aumento da radiação ultravioleta B (UV-B) pode ocasionar uma diminuição da taxa
de crescimento populacional, disfunções imunológicas, mutações e morte celular,
afetando diretamente os anfíbios em qualquer estágio de desenvolvimento.
Atualmente, os anfíbios representam o grupo mais ameaçado de extinção da
atualidade, com mais de 1/3 das espécies do mundo em risco de extinção (BISHOP
et al., 2012).
Além da importância no equilíbrio dos ecossistemas, as substâncias
presentes na pele dos anfíbios têm sido amplamente utilizadas na indústria
farmacêutica, pois apresentam propriedades antimicrobianas, analgésicas,
cicatrizantes, entre outras (DIAS, 2008). Nesse sentido, possuem um verdadeiro
arsenal químico ainda desconhecido que pode ser utilizado como fonte de matéria
prima para a produção de fármacos para o tratamento de doenças e na produção
de cosméticos (DIAS, 2008).
Entre as abordagens que se utilizam em estudos ecológicos de anfíbios,
destaca-se o estudo do papel das variáveis ambientais para descrever padrões de
diversidade, uma vez que nenhum sistema ecológico existe e pode ser estudado
isoladamente do ambiente ao qual está inserido. Certas características dos anfíbios
como a necessidade de manter a pele úmida para a realização da respiração
cutânea e a ectotermia o tornam diretamente influenciados pelas condições
ambientais locais. Essas condições podem ser determinantes no comportamento
desses organismos, principalmente o reprodutivo (ETEROVICK; FERNANDES,
13
2001). Os anfíbios anuros ainda exibem grande diversidade na ocupação de micro
habitat (PEREZ, 2010), podendo ser encontrados na serrapilheira, dentro de
cisternas de bromélias terrícolas e arborícolas, em câmaras subterrâneas, dentro
de ocos e sob troncos de árvores, em fissuras e em cavidades de afloramentos
rochosos, nas bordas de charcos, açudes, riachos e rios assim como, em
habitações humanas. Essa heterogeneidade do habitat assume que habitats mais
complexos promovem mais microhabitats e formas de explorar os recursos
ambientais e assim aumenta a diversidade de espécies. Os principais fatores
citados como estruturadores da comunidade das larvas de anfíbios são: predação e
dependência da densidade, competição, disponibilidade de alimentos,
hidroperíodo, atributos morfológicos e comportamentais, espaço físico, química da
água e fatores históricos (ETEROVICK; BARROS, 2003).
Ações e estratégias para a conservação dos anfíbios tem sido amplamente
incentivadas e implementadas em nível regional e global. No Brasil, mesmo com
um número crescente de publicações a respeito de anfíbios anuros, a grande
maioria dos trabalhos estão concentrados no sudeste do país e muitas outras
regiões apresentam diversas lacunas de conhecimento (ETEROVICK; BARROS,
2002). Na região oeste de Santa Catarina, o intenso uso e ocupação do solo com
atividades agrícolas, associado ao desmatamento das florestas ciliares, podem
estar influenciando negativamente na diversidade de espécies deste grupo
(LUCAS, 2008). Neste sentido, estudos sobre a estrutura das taxocenoses podem
contribuir com o aumento no conhecimento sobre a diversidade de espécies na
região, bem como na compreensão sobre as ameaças às quais essas espécies
estão sujeitas. Este estudo apresenta uma análise dos padrões de estruturação
das taxocenoses de girinos em riachos de Mata Atlântica no sul do Brasil,
relacionando-os com fatores em níveis local e regional.
14
ARTIGO
ESTRUTURA DE TAXOCENOSES DE GIRINOS EM RIACHOS DE MATA
ATLÂNTICA SUBTROPICAL NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Maria Anciutti, Ronei Baldissera e Elaine Maria Lucas Gonsales
RESUMO
Analisamos os padrões de estruturação de taxocenoses de girinos em riachos de
primeira ordem no sul do Brasil, relacionando-os com fatores em níveis locais
(variáveis químicas e físicas da água) e regionais (uso e ocupação do solo).
Amostramos dezoito riachos no município de Chapecó - SC. Realizamos duas
amostragens de girinos nos riachos durante duas horas com auxílio de puçá, no
período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015, durante o dia. Medimos o pH,
condutividade elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido na água dos riachos e
analisamos a presença de ferro, chumbo, cádmio, cromo, zinco, manganês e
cobre. Para analisar a influência do uso e ocupação do solo na diversidade de
girinos, determinamos buffers ao redor da extensão amostrada de cada riacho.
Registramos oito espécies de anfíbios nos riachos, a riqueza de espécies não foi
influenciada pelas características locais dos riachos e a abundância foi maior em
riachos com maior oxigênio dissolvido. Em nível de paisagem, na escala de 500 m
de raio, riachos com maior área de pastagem no entorno apresentaram menor
riqueza de espécies e riachos contendo menor área de mata no entorno
apresentaram maior abundância.
Palavras chaves: girinos, ocupação do solo, influência nas espécies.
ABSTRACT
In this study, we analyzed the patterns of diversity of tadpole assemblages in first
order streams of southern Brazil. Additionally, we investigated the influence of local
(physical-chemical) and landscape (soil use and occupation) scale variables on the
tadpole diversity patterns. Eighteen streams in Chapecó municipality were sampled
for tadpoles twice from November 2014 to February 2015 during two hours in
15
daylight with a strainer. For each stream, we measured in situ pH, electric
condutivity, temperature and dissolved oxygen. At the laboratory we measured iron,
lead, cadmium, chromium, zinc, manganese, and copper. Buffers around the
sampling points were determined to account for the types and areas of land use.
Overall, eight amphibian species were sampled. Species richness was not
influenced by local variables and abundance was positively correlated with
dissolved oxygen. At the 500 m buffer, streams with greater open areas showed
smaller richness, while streams showing smaller forested areas showed higher
abundance.
Keywords: tadpoles, soil use, species influence.
1 Introdução
A perda e a degradação dos ambientes naturais têm ocasionado a
diminuição da biodiversidade em diversas partes do mundo (COLLINS; STORFER,
2006). Neste sentido, estudos que analisem as características ambientais que
influenciam a distribuição e a ocorrência das espécies, bem como a sua dinâmica
na paisagem, são importantes para o manejo e a definição de medidas de
conservação da biodiversidade local e regional (FICETOLA; BERNARDI, 2004).
De acordo com as estimativas da União Internacional de Conservação da
Natureza (IUCN), aproximadamente 40% das espécies de anfíbios do mundo se
encontram em perigo de extinção (BISHOP et al., 2012). No Brasil, país que abriga
a maior riqueza reconhecida de espécies (1.026 espécies; SEGALLA et al., 2012),
40 estão em categorias de ameaça na Lista Nacional Oficial de Espécies
Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Dessas 40, um quarto ocorre na Mata
Atlântica e diversas delas possuem reprodução associada a riachos (HADDAD et
al., 2013). A Mata Atlântica abriga uma elevada diversidade e endemismo de
espécies de anfíbios (HADDAD et al., 2013), apesar do seu elevado grau de
fragmentação (RIBEIRO et al., 2009). No entanto, a falta de informações básicas
sobre a distribuição e a ocorrência das espécies, acrescido à escassez de estudos
sobre o impacto das alterações antrópicas sobre as populações, dificulta a
avaliação adequada do status de conservação das espécies, bem como a definição
de políticas públicas sobre a conservação e manejo (BASTOS et al., 2010).
16
Os anfíbios são especialmente sensíveis à fragmentação e à desconexão
de hábitat (BECKER et al., 2007), pois apresentam fisiologia ectotérmica, com
capacidade limitada para a atividade, pele permeável, vulnerável a diversos
agentes biológicos ou químicos e ovos e larvas dependentes da água ou de
ambientes úmidos (MAFFEI, 2010). Diversas espécies dependem de ambientes
bem preservados nos entornos dos corpos d’água e ambientes aquáticos livres de
poluentes (HAYES et al., 2010; BASTOS et al., 2010). Devido à elevada
sensibilidade, esse grupo é frequentemente considerado bom indicador de
integridade ambiental. A grande maioria das espécies possui larvas aquáticas e por
isso dependem da água acumulada em corpos d’água para o seu desenvolvimento
e metamorfose (BORGES; ROCHA, 2013). Assim, as características físicas e
químicas da água, podem influenciar na composição local de espécies.
Diversos fatores do ambiente local podem determinar a composição e a
estrutura das comunidades. A estrutura da vegetação frequentemente influência na
distribuição e na abundância das espécies (NORTON, 1991; TOFT, 1981), uma vez
que ambientes florestais que apresentam maior heterogeneidade de vegetação
podem sustentar maior riqueza (WILLIAMS; HERO, 2001). Para anfíbios, a
complexidade e a estratificação vertical da vegetação contribuem com a
manutenção da diversidade (HAMER; PARRIS, 2011). A maior complexidade
estrutural do habitat pode proporcionar um maior número de micro-habitat a serem
ocupados pelos adultos, como sítios de canto e desova (EHRLICH, 1993; STILING,
1996). A presença de vegetação ciliar também evita o aumento da condutividade
elétrica e da temperatura da água, que podem influenciar negativamente
especialmente as fases imaturas de anfíbios, os girinos (SMITH et al., 2006;
DUARTE et al., 2012).
Os girinos também apresentam grande diversidade morfológica e variação
no uso do habitat (DIARMID; ALTIG, 2000) e sua ocorrência está geralmente
relacionada com as características físicas e químicas da água (NORTON, 1991;
TOFT, 1981). Os girinos que se desenvolvem em água corrente de rios e riachos
geralmente apresentam um ciclo mais lento e podem ser bastante sensíveis quanto
às variações nas características da água neste período de desenvolvimento.
Assim, as características da paisagem local, como a presença e as alterações na
vegetação próxima de riachos, bem como a contaminação da água ocasionada por
17
atividades antrópicas presentes no entorno dos ambientes aquáticos, podem
ocasionar morte ou anormalidades nas fases larvais (HAYES et al., 2010; BASTOS
et al., 2010), limitando a permanência das espécies e reduzindo as populações.
No Brasil, estudos sobre a influência das variáveis do habitat na estrutura
das taxocenoses de girinos é mais comum para ambientes lênticos (e.g., ROSSA-
FERES; JIM, 1996; SANTOS et al., 2007; VASCONCELOS et al., 2009), enquanto
poucos foram desenvolvidos em riachos (ETEROVICK 2003, ETEROVICK;
BARROS, 2003; ETEROVICK; BARATA, 2006). Tais estudos têm demonstrado
que a heterogeneidade do habitat é um fator importante para os dois tipos de
ambientes (SILVA et al., 2014; ETEROVICK; BARATA, 2006), sendo que nos
riachos a presença de vegetação arbórea nas margens também parece ser um
fator determinante da riqueza (ETEROVICK; BARATA, 2006). Estudos sobre a
estrutura das taxocenoses de anfíbios podem revelar a intensidade dos efeitos das
características locais e das alterações da paisagem sobre os padrões encontrados.
Na região oeste de Santa Catarina, todas as espécies exclusivas de riachos estão
inseridas em listas de espécies ameaçadas de extinção (e.g., LUCAS; FORTES,
2008; LUCAS; MAROCCO, 2011). Desta forma, informações sobre a influência da
paisagem e das características locais dos riachos sobre a composição das
taxocenoses pode auxiliar no desenvolvimento de planos de conservação, bem
como ampliar as informações sobre a ocorrência das espécies que utilizam esses
ambientes.
Este estudo teve como objetivo analisar os padrões de estruturação das
taxocenoses de girinos em riachos de primeira ordem em uma área na porção sul
da Mata Atlântica, relacionando-os com fatores em níveis locais (variáveis químicas
e físicas da água) e regionais (uso e ocupação do solo). A hipótese é que riachos
localizados em áreas com menor cobertura florestal no entorno e maior percentual
de uso e ocupação do solo por agricultura e outras atividades antrópicas
apresentem características químicas e físicas de águas alteradas, resultando em
menor diversidade de girinos, uma vez que esses organismos são sensíveis às
alterações e degradações de habitat.
18
2 Materiais e Métodos
2.1 Área de Estudo
O estudo foi realizado em riachos de primeira ordem no município de
Chapecó, oeste de Santa Catarina, Sul do Brasil (Figura 1).
Figura 1 – Mapa hidrográfico e de classes de cobertura do solo do município de Chapecó, Estado
de Santa Catarina, sul do Brasil. Os círculos vermelhos representam os locais de amostragem nos
riachos estudados.
O clima da região é mesotérmico úmido (IBGE, 2002). A média da
temperatura máxima anual é de 22ºC e a média da mínima anual é de 13°C. A
precipitação média anual é de 2.000 mm (LEITE; LEÃO, 2009) sem estação seca
definida (IBGE, 2002). A região de estudo está inserida no bioma Mata Atlântica,
em área de transição entre Floresta Estacional Decidual e Floresta Ombrófila Mista
a qual se caracteriza pela presença marcante de Araucaria angustifolia no estrato
superior (IBGE 2002), e ocorre em altitudes entre 800 m a 1200 m de altitude
(RODERJAN et al., 2002). As duas fitofisionomias encontram-se altamente
fragmentadas na região de estudo (RIBEIRO et al., 2009). A Floresta Estacional
Decidual ocorre no vale do Rio Uruguai em altitudes abaixo de 800 m. O terreno
19
característico da região é altamente ondulado, situado entre planaltos e planícies
(ROGALSKI; ZANIN, 2003).
2.2 Coleta de dados
Foram amostrados dezoito riachos no período de novembro de 2014 a
fevereiro de 2015. Este é o período de atividade reprodutiva da maioria das
espécies de anfíbios no sul do Brasil. Para a seleção dos riachos, foi realizada uma
divisão do mapa hidrológico do município em quadrículas de 9 km2 e sorteadas 18
quadrículas, nas quais foram selecionados riachos de primeira ordem para a
amostragem. Foram realizadas duas amostragens em cada riacho, uma nos meses
de novembro/dezembro e a outra nos meses de janeiro/fevereiro a fim de coletar o
maior número de espécies possíveis no início e fim da atividade reprodutiva.
As coletas de girinos foram realizadas durante o dia, através do método de
varredura, com auxílio de puçá (SCHAFFER et al., 1994), que consistiu em
peneiras de plástico com abertura de 0,30 mm. Os puçás foram passados nas duas
margens dos riachos nos ambientes acessíveis dentro da água, principalmente
fundo, margens e adjacências de troncos e rochas. O esforço amostral foi
padronizado em duas pessoas com duração de duas horas de amostragem/riacho,
totalizando oito horas de esforço de amostragem por riacho considerando as duas
amostragens. Os girinos coletados foram acondicionados em frascos plásticos e
fixados em solução de álcool 70% ainda em campo (DIAS, 2008). Posteriormente,
os girinos foram identificados com auxílio de bibliografia (e.g. MACHADO;
MALTCHIK, 2007; ROSSA-FERES; NOMURA, 2006) e depositados na coleção
científica de anfíbios do Laboratório de Ecologia da Universidade Comunitária da
Região de Chapecó-UNOCHAPECÓ (Licença SISBIO nº. 35547-1). A
nomenclatura e a classificação taxonômica seguiram FROST (2015).
2.3 Características ambientais de paisagem
Para analisar a influência do uso e ocupação do solo na diversidade de
espécies de girinos, foram determinados buffers com metragens de 50m, 100m,
250m e 500m ao redor da extensão amostrada de cada riacho. Essa medida foi
20
realizada a partir das coordenadas dos pontos de acesso de cada riacho. Uma
classificação de uso e ocupação do solo foi realizada dentro de cada buffer e a
partir disso, foram estimadas as suas áreas (SWIHART; KOLOZSVARY, 1999) com
o software Arc Map 10.2.2 (ESRI, 2014). As classes foram definidas a partir da
análise de mapas no Google Earth com a supervisão in loco pelo pesquisador
durante as coletas para validar a classificação. Dessa forma, para cada riacho há
um vetor de valores de áreas das classes descrevendo os padrões de uso e
ocupação do solo com as seguintes variáveis em hectares (ha): área de açudes,
área de agricultura, área de pastagem, área de edificação, área de estradas
pavimentadas e não pavimentadas, área de mata e área de silvicultura.
Apresentamos os dados somente desse Buffer, pois os demais não houve resposta
das análises.
2.4 Características ambientais locais
O pH, condutividade elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido da água
dos riachos foram medidos em campo nas duas amostragens, com auxílio de
phmetro (Alfa Kit modelo AT-315), condutivímetro (equipamento de bolso marca
PHTEK modelo CD203, unidade de medida µS/cm), oxímetro (Alfa Kit modelo AT-
170, unidade de medida mg/L) e termômetro (equipamento de mercúrio, unidade
de medida ºC). As medições foram sempre efetuadas no início das amostragens.
Para as análises dos dados, foram consideradas as médias das duas medidas.
Para a análise da presença de metais, amostras de água foram coletadas
na primeira amostragem com auxílio de garrafa esterilizada de 500 ml e
transportadas ao laboratório de Ecologia da Unochapecó sob refrigeração. Os
metais analisados foram ferro (Fe), chumbo (Pb), cádmio (Cd), cromo (Cr), zinco
(Zn), manganês (Mn) e cobre (Cu). Todas essas substâncias podem provocar
alterações nos processos metabólicos normais da biota exposta (LEONARD;
BOWER; SHI, 2004). Em ambientes degradados pela mineração há uma alteração
dos níveis de pH e condutividade que acabam afetando as comunidades de
anuros, principalmente os girinos.
As amostras foram filtradas e analisadas diretamente no espectrofotômetro
de absorção atômica (Varian, model Spectra 220 FS) conforme descreve o
Standard Methods for the Examination of Waterand Waste water (APHA, 1998).
21
2.5 Análise de dados
Para verificar a influência das variáveis em nível local (físicas e químicas
da água) e regional (paisagem) sobre a riqueza de espécies e a abundância foi
utilizado o método de seleção passo-a-passo para frente (forward selection),
baseada em regressão linear múltipla. Este método prediz os valores das variáveis
resposta (riqueza e abundância) baseada nos conjuntos das variáveis explicativas
locais e regionais a partir do modelo de resposta mais simples (BLANCHET et al.,
2008). Dessa forma, foram realizadas quatro regressões múltiplas, duas com a
riqueza e duas com a abundância como variáveis respostas. A abordagem utiliza
dois critérios complementares para indicar a evidência de um efeito: o valor de P e
o valor do coeficiente de determinação (R2), equalizando, assim, a probabilidade de
cometer um erro tipo I (BLANCHET et al., 2008)
Em nosso estudo, a diversidade beta é a variação na composição de
espécies entre os riachos na área do estudo (sensu WHITTAKER, 1960). Nesse
sentido, Legendre et al., (2005) mostraram que a variância da matriz de
composição de espécies é uma medida da diversidade beta total em uma área e
sugeriram a utilização de análises canônicas (e.g. RDA) para analisar a influência
de variáveis ambientais sobre a variância da matriz de composição (LEGENDRE;
CÁCERES, 2013). Dessa forma, utilizamos RDAs com a matriz de girinos
transformada (Hellinger) como resposta e as matrizes de variáveis locais e de
paisagem como variáveis explicativas (LEGENDRE; LEGENDRE, 2012) para
verificar quanto da variação na matriz de composição (diversidade beta) pôde ser
explicada pelas variáveis ambientais.
As variáveis condutividade elétrica e manganês foram transformados em
seus logaritmos para que suas distribuições fossem normais. Os metais cádmio e
cobre foram retirados das análises, pois os mesmos foram detectados apenas em
um riacho cada. Por outro lado chumbo, cromo e zinco não foram detectados em
nenhum riacho.
Os testes foram realizados com o pacote estatístico vegan (OKSANEN, et
al., 2013) do programa estatístico R v.3.1.3 (R Core Team, 2015), e o nível de
significância considerado em todos os testes foi P ≤ 0,05 (ZAR, 1999).
22
3 Resultados
3.1 Diversidade geral
Registramos uma diversidade regional de oito espécies nos riachos
estudados (Tabela 1). Os girinos ocorreram em 15, dos 18 riachos amostrados.
Três espécies foram as mais abundantes: Aplastodiscus perviridis (883 indivíduos),
Physalaemus cuvieri (434 indivíduos) e Rhinella icterica (413 indivíduos). A maior
abundância registrada em um riacho foi de 515 indivíduos. Além de ser a mais
abundante, A. perviridis ocorreu em oito riachos, sendo também a espécie mais
frequentemente registrada.
3.2 Caracterização ambiental dos riachos
3.2.1 Características ambientais locais
As maiores amplitudes entre riachos foram registradas para a
condutividade (52 a 772µS/cm), ferro (1,22 a 5,01 mg/L) e manganês (0,1 a 1,07
mg/L) (Tabela 2). Cádmio (Cd) e cobre (Cu) foram detectados em apenas um
riacho, e os demais não foram constatados.
3.2.2 Características da paisagem
Registramos dez classes de uso e cobertura da terra nos 500 m de entorno
dos riachos (Tabela 3). De uma forma geral, mata, agricultura e pastagem foram os
componentes com maiores áreas nas proximidades da maioria dos riachos. O
percentual de área coberta por mata variou de 0 a 33,51%. Treze riachos (72%)
estavam situados próximos de ambientes lênticos (açudes). A classe de uso e
cobertura do solo exposto foi a menos frequente (Tabela 3).
23
Tabela 1 – Riqueza e abundância de girinos (Anura) registrados em 18 riachos de primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, no
período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015.
1Espécies de área aberta
2Espécies de riachos
Pontos de Coletas
Espécies R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 R12 R13 R14 R15 R16 R17 R18 TOTAL
Bufonidae
Rhinella icterica1 (Spix,
1824) 0 0 1 0 0 90 0 0 0 0 0 0 322 0 0 0 0 0 413
Hylidae
Aplastodiscus perviridis2
Lutz, 1950 138 112 0 5 0 0 19 0 0 34 3 0 0 202 0 1 0 369 883
Dendropsophus minutus1
(Peter, 1872) 10 0 0 0 0 3 0 4 0 0 1 0 81 0 0 0 0 7 106
Hypsiboas sp.1
0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Scinax sp.1
0 0 1 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 11
Hylodidae
Crossodactulus schmidti2
Gallardo, 1961 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 232 0 232
Leptodactylidae
Leptodactylus plaumanni
1 Ahl, 1936
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 6 0 0 0 0 0 9
Physalaemus cuvieri1
Fitzinger, 1826 0 0 0 0 0 0 139 49 0 2 127 0 106 11 0 0 0 0 434
ABUNDÂNCIA 148 112 2 13 0 93 158 53 0 36 134 0 515 213 2 1 232 376 2.092
RIQUEZA 2 1 2 2 0 2 3 2 0 2 4 0 4 2 1 1 1 2
22
Tabela 2 – Médias, desvio padrão e amplitude das variáveis físico-químicas medidas nas duas
amostragens e metais pesados registrados em 18 riachos de primeira ordem no município de
Chapecó, estado de Santa Catarina, no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015.
Físico-Químicas Pontos de Coleta
pH Condutividade
(µS/cm)
Oxigênio Dissolvido
(mg/L)
Temperatura da Água (ºC)
Ferro (mg/L)
Manganês (mg/L)
R1
6,85±0,11 (6,77-6,93)
52±31 (30-74)
6,28±1,46 (6,93-7,31)
23±0,00
1,58
1,07
R2
6,88±0,16 (6,77-6,99)
160±183 (56-265)
6,13±0,44 (5,82-6,44)
21±1,41
3,19
0,34
R3
6,53±0,30 (6,32-6,74)
253±269 (114-393)
6,75±0,39 (6,48-7,03)
23,5±0,00
1,22
0,2
R4
6,53±0,35 (6,28-6,78)
196±247 (39-354)
6,25±0,22 (6,10-6,41)
23±2,83
3,01
0,14
R5
6,80±0,04 (6,78-6,83)
523±617 (87-96)
6,78±0,71 (6,28-7,29)
23±3,18
2,21
0,47
R6
6,34±0,04 (6,31-6,37)
77±105 (24-152)
5,78±0,67 (5,31-6,26)
24±0,35
1,99
0,19
R7
6,52±0,17 (6,40-6,64)
35±475 (18-69)
7,37±0,46 (7,05-7,70)
23,5±0,71
4,73
0,14
R8
6,22±0,27 (5,40-5,78)
77±331 (12-48)
5,71±1,85 (4,9-7,5)
23±0,71 3,29 0,10
R9
6,98±0,09 (6,92-7,05)
85±91 (18-69)
7,04±0,72 (6,53-7,55)
23±1,06
1,53
0,16
R10
6,56±0,32 (6,34-6,79)
18±199 (12-48)
5,46±0,54 (5,08-5,85)
22±1,41
3,23
0,12
R11
6,16±0,91 (5,52-6,80)
443±604 (28-148)
6,20±0,85 (5,60-6,80)
23±0,71
4,52
0,46
R12
6,47±1,17 (5,65-7,30)
61±69 (33-49)
4,83±0,11 (4,75-4,91)
22±0,35
3,21
0,14
R13
6,85±0,18 (6,73-6,98)
18±180 (16-87)
8,71±0,67 (8,24-9,19)
23±2,47
4,24
0,14
R14
6,18±0,54 (5,80-6,57)
55±64 (30-46)
8,03±0,06 (7,99-8,08)
25±7,07
2,96
0,17
R15
6,6±0,14 (6,50-6,70)
10±00 (10-10)
7,13±0,28 (6,94-7,33)
24±2,83
2,04
0,10
R16
6,6±0,28 (6,40-6,80)
102±121 (29-175)
7,87±0,08 (7,82-7,93)
21,5±0,35
5,01
0,15
R17
6,32±0,72 (6,78-7,80)
121±606 (13-87)
7,40±3,78 (1,80-7,14)
21,5±0,35
4,12
0,17
R18
6,08±0,31 (5,86-6,30)
120±156 (10-23)
6,86±1,15 (6,05-7,67)
21,5±0,71
1,29
0,15
23
Tabela 3– Cobertura dos diferentes componentes da paisagem (ha) em 500 m de raio de 18 riachos de primeira ordem no município de Chapecó, estado de
Santa Catarina, no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015.
Pontos de
Coleta
Áreas (ha)
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 R12 R13 R14 R15 R16 R17 R18
Açude 0,17 0,63 0,00 0,00 2,76 0,00 1,30 0,34 5,53 0,00 0,00 2,92 0,10 0,40 0,45 0,70 0,29 3,28
Agricultura 15,67 17,47 41,81 0,00 63,34 43,11 31,06 39,10 48,47 7,88 57,01 23,21 12,96 39,56 7,39 22,13 1,32 19,77
Pastagem 22,12 13,70 11,89 10,26 12,41 11,30 10,81 19,90 19,14 18,89 3,09 14,54 7,99 6,41 7,39 21,32 30,50 32,63
Edificação 2,40 3,11 8,23 0,00 4,18 6,01 10,42 0,36 12,33 0,00 0,00 2,74 0,21 0,17 0,98 21,32 0,16 0,00
Estrada
Pavimentada 1,56 2,15 1,69 0,00 0,00 0,00 0,87 0,00 0,00 1,67 0,00 0,00 61,30 0,00 0,00 1,44 0,00 0,00
Estrada não
Pavimentada 0,00 0,00 0,12 0,00 0,00 0,77 0,00 1,23 12,33 0,00 1,50 0,76 0,00 0,00 0,98 21,32 0,66 0,00
Mata 46,80 37,83 20,88 24,50 11,59 31,76 23,82 4,41 56,49 36,31 39,16 0,00 0,00 0,15 36,84 39,65 56,47 36,99
Silvicultura 0,00 17,60 4,78 60,90 0,42 2,03 3,33 0,21 0,76 4,42 0,00 4,56 6,20 31,67 0,23 0,45 0,00 0,00
Solo
Exposto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 13,19 0,00 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,75 1,03 0,00
Rio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,77 0,00
24
3.3 Efeitos ambientais sobre a diversidade local e a composição
de espécies
A riqueza de espécies não foi influenciada pelas variáveis locais. Porém, a
abundância foi explicada positivamente pelo oxigênio dissolvido (R2 = 0,29; P =
0,028) (Figura 2).
Figura 2– Influência do oxigênio dissolvido sobre a abundância de girinos em 18 riachos de
primeira ordem no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, sul do Brasil.
Em nível de paisagem, na escala de 500 m de raio, riachos com maior área
de pastagem no entorno apresentaram menor riqueza de espécies (R2 = 0,28; P =
0,044) (Figura 3), enquanto riachos contendo maior área de mata no entorno
apresentaram menor abundância (R2 = 0,55; P = 0,004) (Figura 4). Nas demais
escalas (50m, 100m e 250m de raio), não houve influência dos componentes da
paisagem sobre a riqueza e abundância de girinos. As variáveis locais e de
paisagem em todas as escalas não apresentaram influência na composição de
espécies nos riachos estudados.
0
100
200
300
400
500
600
5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9
Ab
un
dân
cia
de
gir
ino
s (i
nd
ivíd
uo
s/8
h)
Oxigênio dissolvido (mg/l)
25
Figura 3–Influência da cobertura de pastagem em um raio de 500 m de riachos de primeira
ordem sobre a riqueza de girinos no município de Chapecó, estado de Santa Catarina, sul do
Brasil.
Figura 4 – Influência da cobertura de floresta em um raio de 500 m no entorno de riachos
de primeira ordem sobre a abundância de girinos no município de Chapecó, estado de Santa
Catarina, sul do Brasil.
4 Discussão
A hipótese de que riachos localizados em áreas com menor cobertura
florestal no entorno dos riachos e maior percentual de uso e ocupação do solo por
0
1
2
3
4
5
6
4,4 4,6 4,8 5 5,2 5,4 5,6
Riq
ue
za d
e g
irin
os
(esp
éci
es/
8h
)
Cobertura de pastagem em 500 m (ha)
-100
0
100
200
300
400
500
600
4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ab
un
dân
cia
de
gir
ino
s (i
nd
./8
h)
Cobertura de florestas em 500 m (ha)
26
agricultura e outras atividades antrópicas apresentariam características químicas
e físicas de águas alteradas e menor diversidade de girinos não foi
completamente corroborada, mas observamos menor riqueza de espécies em
áreas com maior cobertura de pastagem no entorno dos riachos.
Das oito espécies registradas nos riachos, apenas duas identificadas ao
nível de espécie (A. perviridis e C. schmidti) possuem modo reprodutivo
associado exclusivamente a riachos, enquanto as demais espécies se
reproduzem em ambientes lênticos (HADDAD et al., 2013), geralmente
localizados em áreas abertas e com perturbações antrópicas. As espécies com
reprodução associada a riachos ocuparam um número menor de riachos do que
as espécies de área abertas (9 e 12, respectivamente), sendo A. perviridis a
espécie de riacho mais frequente, utilizando oito dos nove riachos estudados.
Esta espécie é comum na região (LUCAS; FORTES, 2008; LUCAS; MAROCCO,
2011, BASTIANI; LUCAS, 2011) e ocupa riachos localizados tanto interior quanto
nas bordas de fragmentos de mata (HADDAD et al., 2013), devendo
provavelmente ser mais tolerante que C. schmidti, que ocorreu em apenas um
riacho. Crossodactylus schmidti possui distribuição restrita a poucos fragmentos
florestais na região oeste de Santa Catarina (BASTIANI et al., 2012) e
provavelmente é uma espécie mais sensível às modificações antrópicas. É
possível que a espécie do gênero Hypsiboas sp. registrada em dois riachos
também seja associada a riacho, porém, a maioria das espécies continua sendo
de áreas abertas. A riqueza representa 27% das espécies ocorrentes em áreas
próximas à região de estudo (LUCAS; FORTES, 2008). As três espécies mais
abundantes (Aplastodiscus perviridis, Physalaemus cuvieri, Rhinella icterica) são
comuns na região (LUCAS; FORTES, 2008). Duas espécies com reprodução
associada a riachos (Vitreorana uranoscopa e Proceratophrys bigibbosa) e com
ocorrência conhecida na região de estudo (LUCAS; FORTES, 2008; BASTIANI et
al., 2012) não foram registradas.
A maior abundância de girinos em riachos com maiores valores de oxigênio
dissolvido pode estar relacionada com a fisiologia e comportamento das larvas
(MACHADO, 2007), dificultando o desenvolvimento (WASSERSUG; SEIBERT,
1975). Taxas de oxigênio dissolvido reduzidas tendem a aumentar as taxas
metabólicas dos girinos (MELO; MOREIRA; BISINOTI, 2009) e podem resultar em
27
maior competição. O desenvolvimento e a sobrevivência dos embriões da espécie
mais abundante neste estudo, A. perviridis, é provavelmente maior em águas bem
oxigenadas, uma vez as massas de ovos são depositadas principalmente em
águas com essa característica (HADDAD et al., 2013).
A riqueza de espécies não foi influenciada pelas características locais dos
riachos (condutividade, pH, oxigênio dissolvido, temperatura da água e metais
pesados), possivelmente pela pequena variação nos valores entre os riachos,
talvez insuficientes para interferir de forma evidente na comunidade de girinos
(DUARTE et al., 2012). Em ambiente natural, os ambientes aquáticos estão
sujeitos a interações e interferências de múltiplos fatores físicos e químicos locais,
o que torna difícil o estabelecimento de relações significativas entre esses fatores
e a biota (SEGNER et al., 2014). Considerando que a maioria das espécies
registradas é típica de áreas abertas e algumas frequentemente registradas em
ambientes com acentuadas alterações antrópicas (e.g., Dendropsophus minutus,
Rhinella icterica, Leptodactylus plaumanni), é possível que, mesmo os riachos
localizados em áreas mais alteradas ainda apresentem condições favoráveis à
permanência dos girinos dessas espécies na região estudada. Por outro lado, a
contaminação da água pode interferir em diversos aspectos da vida dos girinos
não avaliados neste estudo, como alterar o desempenho do nado, o
comportamento de forrageio, ocasionar más formações, aumentar a intensidade
de infecções por parasitas e dificultar o desenvolvimento e metamorfose
(MARCO; BLAUSTEIN, 1999).
Assim, a presença das espécies nos riachos estudados não indica,
necessariamente, que as espécies tenham condições ideais para a permanência
das populações (RELYEA et al., 2005). É preciso um aumento na compreensão
da influência de parâmetros físico-químicos sobre os girinos e avaliações de longo
prazo para saber as consequências em níveis populacionais, incluindo a estrutura
e a dinâmica das comunidades locais (PELTZER et al., 2008).
Em nível de paisagem, riachos com maior área de pastagem apresentaram
menor riqueza de espécies. Na área de estudo, as pastagens se constituem em
áreas perturbadas, homogêneas e provavelmente com microclima inadequado
aos anfíbios (SHEA; SPEARE, 1989), uma vez que a temperatura desses
ambientes tende a ser mais elevada (LASTER; BOULTON, 2008). Áreas mais
28
abertas e homogêneas e sem a presença de cobertura florestal também podem
ocasionar redução de espécies por ter menor disponibilidade de abrigos,
proporcionados tanto pela vegetação como pela serapilheira. A presença de
vegetação florestal não é importante apenas para as espécies que se reproduzem
em riachos, mas também porque proporcionam locais de abrigo para as espécies
que se reproduzem nas lagoas em áreas aberta (CEREZOLI, 2014). Florestas
geralmente fornecem condições diversificadas devido às suas estruturas mais
complexas, grande número de espécies vegetais, estratificação vertical e copas
interconectadas, formando um dossel contínuo (OLDA; BASTOS; LIMA, 2009).
Por outro lado, as florestas na paisagem podem reduzir o desenvolvimento
dos girinos, pois há regiões que a permanência de espécies de áreas abertas são
mais frequente (DUARTE et al., 2012). Neste estudo, a abundância de girinos foi
menor em riachos situados em áreas com maior cobertura florestal. Como a
maioria das espécies registradas é típica de áreas abertas, é possível que a baixa
abundância de girinos esteja relacionada a um número menor de adultos
ocupando os ambientes florestais para a reprodução. Assim, espécies de áreas
abertas podem ocupar mais facilmente riachos em áreas abertas, especialmente
aqueles que apresentem condições de ambientes lênticos. Espécies com
reprodução em ambientes lênticos geralmente depositam mais ovócitos, sendo
mais abundantes do que espécies de riachos, as quais possuem geralmente
modos reprodutivos mais especializados e desovas com menores quantidades de
ovócitos (VASCONCELOS; ROSSA-FERES, 2005). A plasticidade no uso de
hábitat registrada pelos anuros de áreas predominantemente abertas ou alteradas
pelo homem faz com que geralmente eles utilizem amplamente os recursos
disponíveis, tornando ambientes abertos menos previsíveis e estáveis (SANTOS,
2008). Os riachos que apresentaram áreas com pouca vegetação florestal
apresentaram maior abundância de girinos de espécies de áreas abertas. As
espécies sinantrópicas se beneficiam das modificações antrópicas do ambiente e
de novas áreas para reprodução, como açudes de piscicultura, poças e lagos
(ARMSTRON; CONTE, 2010). As maiores abundâncias de espécies de áreas
abertas foram encontradas em riachos com seu entorno de pastagem ou
agricultura, Vasconcelos e Rossa-Feres (2005) colocam que poças e drenagens
construídas para favorecer os sistemas agrícolas em hábitats já degradados
29
possibilitam o sucesso reprodutivo de diversas espécies de anuros de áreas
abertas.
Segundo Toledo et al., (2010) ainda com alta demanda de espécies
generalistas em áreas abertas, a presença de vegetação florestal próxima de
riachos é importante para a manutenção das espécies de anfíbios, permitindo a
manutenção da diversidade regional. Não existe indicação de que as espécies de
anfíbios necessitem de menos área preservada em qualquer região ou Estado.
Estudos regionais devem determinar qual a faixa ideal para cada grupo
taxonômico e deve-se basear as medidas pelo grupo mais restritivo.
5. Considerações finais
O presente estudo evidenciou que, nos riachos amostrados, há condições
e recursos adequados para a ocorrência tanto de espécies de anfíbios de riachos,
quanto de áreas abertas. A ocorrência de espécies de áreas abertas está
relacionada com a estrutura da paisagem presente nos entornos dos riachos, a
qual se caracterizou pela presença de áreas de pastagem e agricultura. Porém,
para a ocorrência dessas espécies, o mais importante é que essas áreas mais
abertas na paisagem estejam presentes na maior escala analisada, que foi no
buffer de 500 m.
Nossa hipótese era que as características físicas e químicas da água, bem
como a estrutura da vegetação ciliar de riachos poderiam influenciar na
diversidade de girinos. A maioria das variáveis físicas e químicas não variaram
significativamente entre os riachos, o que impediu reconhecer a influencia das
variáveis medidas na riqueza de girinos das taxocenoses estudadas. No entanto,
maiores valores de oxigênio dissolvido estiveram positivamente relacionados com
a maior abundância das espécies.
Em nível de paisagem, riachos com maior área de pastagem abrigaram
menor riqueza de girinos. Nosso estudo demonstrou que as taxocenoses de
girinos em riachos de Mata Atlântica subtropical no Sul do Brasil são formadas
tanto por espécies com reprodução exclusiva em riachos quanto espécies que se
reproduzem predominantemente em ambientes lênticos de áreas abertas e que,
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dependendo das características da paisagem, a maior riqueza pode ser de
espécies de áreas abertas.
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