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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192 DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA SALVADOR-BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCOATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA

PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192

DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA

SALVADOR-BAHIA2010

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCOATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA

PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192

DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA

Monografia apresentada a Universidade Castelo Branco/Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Emergência, sob a orientação do Prof. Fernando Reis do Espírito Santo.

SALVADOR-BAHIA2010

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PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA

PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192

DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA

Monografia para obtenção do grau de Especialista em Emergência.

Salvador, 22 de novembro de 2010

EXAMINADOR:

Nome:

Titulação:

PARECER FINAL:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e aos meus pais pela oportunidade de continuar crescendo como ser humano e profissional de saúde.

Aos colegas e coordenadores do SAMU 192 – Alagoinhas pela amizade, companheirismo e exemplo de profissionalismo.

À Secretaria de Saúde do município de Alagoinhas pelo acesso aos dados.

A todos aqueles que contribuiram de maneira direta e indireta para realização deste estudo.

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“Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização.”

Lya Luft

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RESUMO

Este estudo aborda os atendimentos de politrauma realizados por um serviço de atendimento pré-hospitalar e tem como objetivo identificar o perfil desse atendimento em relação aos caracteres: sexo, idade, faixa etária, local e evolução da ocorrência. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 no município de Alagoinhas, no Estado da Bahia. Os dados foram extraídos das Fichas de Regulação Médica que foram preenchidas pelos auxiliares de regulação, médicos reguladores, enfermeiros e técnicos de enfermagem durante o período de janeiro a junho de 2006. Em relação aos resultados, foram registradas um total de 336 ocorrências relacionadas ao trauma, sendo os meses de janeiro, fevereiro e junho os que tiveram maior número de ocorrências, 67,3% das vítimas foram do sexo masculino, predominantemente adultos jovens, 76,3% provêm da via pública. As colisões e as quedas foram os mecanismos de trauma mais predominantes e 67,3% das vítimas foram atendidas nas instituições públicas de saúde da cidade. A análise dos dados apresentados confirma as estatísticas nacionais: população jovem, do sexo masculino, vítimas de acidentes em via pública. Caracterizar esse perfil é fundamental para a elaboração de políticas públicas para qualidade no atendimento, assim como para a educação e prevenção do trauma.

Palavras-chave: Atendimento pré-hospitalar, politrauma, perfil do atendimento.

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ABSTRACT

This study discusses the politrauma calls made by a service of pre-hospital and aims to identify the customer's profile in relation to the characters: sex, age, age group, location and evolution of the occurrence. This is a descriptive and exploratory study conducted in Mobile Emergency Care Service – SAMU 192 in the municipality of Alagoinhas, in the State of Bahia. Data were extracted from medical regulation sheetsthat were fulfilled by medical auxiliary, medical regulators, regulatory, and technical nursing nurses during the period January to June 2006. In relation to the results, we recorded a total of 336 occurrences related to trauma, being the months January, February and June who has had the largest number of occurrences, 67.3% of victims were male, predominantly young adults, 76.3% come from the public highway. Collisions and the falls were the most predominant mechanisms of trauma and 67.3% of victims were met in public health institutions of the city. The analysis of the data presented confirms national statistics: young population, males, victims of road accidents. Characterize this profile is fundamental to the development of public policies for quality care and education and prevention of trauma.

Keywords: pre-hospitaL care, politrauma, profile of care.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

REVISÃO DA LITERATURA 10

1. O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 10

2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS CONCERNENTES AO SAMU/192 13

2.1 Um breve histórico a respeito da criação do SAMU no Brasil 13

2.2 A política nacional de urgência e o perfil do SAMU no Brasil 15

2.3 Funcionamento e caracterização dos recursos do SAMU 16

3. O POLITRAUMATISMO E O ATENDIMENTO AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO NO PRÉ-HOSPITALAR

18

3.1 Definição de trauma 18

3.2 Classificação e mecanismos do trauma 18

3.3 Princípios básicos do atendimento ao politraumatizado 20

4. METODOLOGIA 23

4.1 Tipo de pesquisa 23

4.2 Local da pesquisa 23

4.3 Documentos examinados 25

4.4 Coleta dos dados (Instrumento) 26

4.5 Apresentação e discussão dos dados 26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

REFERÊNCIAS 32

ANEXOS 34

Anexo I: Classificação das ambulâncias 35

Anexo II: Definição dos materiais e equipamentos das ambulâncias 36

Anexo IIIA: Escala de coma de Glasgow 39

Anexo IIIB: Escore de trauma revisado (Revised Trauma Score – RTS) 40

Anexo IV: Instrumento de coleta de dados 41

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S586p Silva, Patrícia Cordeiro Mascarenhas da

Perfil do atendimento de politrauma do serviço de atendimento móvel de urgência: SAMU 192 do Município de Alagoinhas-Bahia / Patrícia Cordeiro Mascarenhas da Silva. –Salvador, 2010.

41f.; 50 cm.

Orientadores: Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (Especialização em Enfermagem em

Emergência) – Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010.

1. Enfermagem em emergência 2. Atendimento pré-hospitalar 3. Politrauma 4. Perfil do atendimento I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.

CDU 616-083

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568.

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INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, o trauma deve ser considerado como uma doença de

grande importância nos âmbitos político, econômico e social, uma vez que, no Brasil,

constitui a segunda causa geral de morte e a primeira abaixo dos 45 anos. É

responsável por mais de 90 mil mortes anuais, deixa mais de 200 mil vítimas por ano

sequeladas e consome mais anos de vida útil que as doenças cardiovasculares e o

câncer. Nasi (2006).

No Brasil, estimam-se em 1.200.000 mortes por ano devido ao trauma. O

índice é considerado alarmante se pensarmos que 14 pessoas morrem por hora. É a

primeira causa de mortalidade na população jovem de 15 a 35 anos. Se analisarmos

as vítimas não-fatais do trauma, chegamos à impressionante marca de 360.000

sequelados por ano, no Brasil. (Colégio americano de cirurgiões, 1997). Essa

predominância do trauma na faixa etária adulta jovem, em atividade economicamente

ativa e normalmente sadia, caracterizam-no como um problema de saúde pública.

Com base nessa realidade, partindo da premissa que o atendimento inicial às

vítimas, dado de forma adequada e em tempo hábil, poderia melhorar

significativamente o prognóstico de politraumatizados graves, foi criado o

Atendimento Pré-Hospitalar (APH) em alguns países como os Estados Unidos, Paris,

assim como no Brasil.

No Brasil, o atendimento pré-hospitalar foi criado em setembro de 2003, pelo

governo federal, através da implantação do Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência – SAMU 192. Esse serviço constitui-se como o principal componente da

Política Nacional de Atenção às Urgências, criada no mesmo ano, que tem como

principais princípios norteadores: a garantia da universalidade, eqüidade e

integralidade no atendimento às urgências; a consubstanciação das diretrizes de

regionalização da assistência às urgências; a promoção, coordenação e execução de

programas e projetos estratégicos de atendimento às necessidades coletivas,

urgentes e transitórias; além da qualificação da assistência e promoção a educação

permanente das equipes de saúde na Atenção às Urgências.

Diante das estatísticas do trauma, do processo de criação e expansão do

Serviço Móvel de Urgência no Brasil, e a conseqüente implantação deste serviço no

município de Alagoinhas, no Estado da Bahia, surge o seguinte questionamento:

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- Qual é o perfil do atendimento ao paciente politraumatizado no SAMU 192 –

Alagoinhas?

Assim, o presente estudo traz como objetivo: identificar o perfil do

atendimento de politrauma em relação aos caracteres: sexo, idade, local e evolução

da ocorrência no período de janeiro a junho do ano de 2006.

Com base nesse objetivo, trata-se de um estudo descritivo, exploratório e

retrospectivo realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Alagoinhas. Os dados

foram extraídos das fichas de atendimento e foram priorizadas aquelas relacionadas

com politrauma.

Para melhor leitura e entendimento utilizou-se a estrutura sob a forma de

tópicos que abordam inicialmente o histórico do pré-hospitalar e as considerações

teóricas e históricas relativas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e a

política nacional de urgências. Em seguimento revivemos o processo de implantação

e o funcionamento do SAMU no Brasil. No seguinte, revisamos os conceitos e os

tipos de politraumatismo mais frequentes e a sua abordagem no pré-hospitalar.

Finalizando, abordamos a metodologia utilizada identificando o tipo de pesquisa, o

local, o sujeito, o instrumento de coleta de dados e os resultados obtidos e

resgatamos algumas idéias acerca do trauma nas considerações finais.

Espera-se que o conhecimento deste perfil possa vir a ajudar no processo de

planejamento local e estrutural do serviço, desenvolvimento de atividades educativas

e preventivas em relação ao trauma e servir de estímulo à realização de estudos

para o conhecimento do perfil das outras instituições de emergências do município.

Assim como servir de base de dados e informações para pesquisa e produções

acadêmicas.

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REVISÃO DA LITERATURA

1. O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH)

Historicamente, a capacidade de agressão existe desde o aparecimento do

homem. Inicialmente atribuída às situações de guerras; atualmente esta é resultado

dos avanços tecnológicos, permitindo a fabricação de veículos mais velozes, armas

de fogo mais potentes. Em conseqüência registramos o aumento de pacientes

politraumatizados graves e elevada taxa de mortalidade.

Progressivamente, essa gravidade do paciente politraumatizado, traduz-se

em modificações das estruturas sócio-econômicas de muitas famílias, configurando

os politraumatismos como um problema de saúde pública.

Capelas (2002), cita que nas últimas décadas tem havido importantes

progressos no tratamento dos doentes politraumatizados e melhorias significativas

tanto nos cuidados pré-hospitalares como nos centros de urgências e cuidados

intensivos.

Complementando, Lasalle & Córtes (1999), destacam que o aparecimento de

sistemas de emergência móveis tem melhorado a assistência inicial destes pacientes

no local do acidente determinando que um importante número de pacientes chegue

com vida aos centros assistenciais.

O atendimento pré-hospitalar é conceituado como qualquer assistência

realizada, direta ou indiretamente, fora do âmbito hospitalar, através dos diversos

meios e métodos disponíveis, com uma resposta adequada à solicitação, a qual

poderá variar de um simples conselho ou orientação médica ao envio de uma viatura

de suporte básico ou avançado ao local da ocorrência, visando a manutenção da

vida e/ou a minimização das seqüelas. (LOPES, et al, 1999).

Ainda, considerando o conceito de atendimento pré-hospitalar, Dalcin &

Cavazolla, definem:

Atendimento que procura chegar à vítima nos primeiros minutos após ter ocorrido o agravo à saúde, sendo realizado fora do ambiente hospitalar. Essa definição traz a reflexão que a demora no atendimento e a sua realização de forma inadequada pode resultar no agravamento da situação inicial, complicações irreversíveis/seqüelas e até a morte das vítimas.

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Com base nessas considerações, destacamos que a importância dos

serviços de atendimento pré-hospitalar advém da resolutividade da abordagem

imediata às vítimas de politrauma. A análise das três fases do processo de morte

decorrente do trauma contribui para um melhor entendimento da importância desses

serviços.

O Colégio Americano de Cirurgiões (1997) descreve resumidamente esses

três momentos. O primeiro pico ocorre nos primeiros segundos a minutos do trauma;

as mortes resultam de lacerações do cérebro, do tronco cerebral, da medula espinhal

alta, do coração, da aorta e de outros grandes vasos sanguíneos. O segundo pico de

morte ocorre dentro de minutos até várias horas depois do trauma; os óbitos que

ocorrem durante esse período são usualmente devidos a hematoma subdural e

epidural, hemopneumotórax, ruptura do baço, lacerações do fígado, fraturas pélvicas

e/ou outras lesões traumáticas e múltiplas, acompanhadas de perda sanguínea

significativa. Finalmente, o terceiro pico de morte ocorre vários dias a semanas após

o traumatismo inicial, é devido, mais frequentemente, à sepse e a insuficiência de

múltiplos órgãos e sistemas.

Essa classificação em fases da morte reforça cada vez mais a necessidade

de atendimento precoce às vítimas de politraumatismos. Obviamente quanto menor

for o tempo de resposta, maior será a taxa de sobrevivência. Entende-se por tempo

de resposta, o espaço de tempo que o socorro leva para chegar até a vítima.

Segundo alguns trabalhos internacionais, os tempos médios variam entre 4,7 e 7,9

minutos. É uma das variáveis mais importantes no Atendimento Pré-hospitalar, pois é

um dos principais indicadores da eficiência deste serviço.

O serviço de atendimento pré-hospitalar móvel deve ser entendido como uma

atribuição da área de saúde, sendo vinculado a uma Central de Regulação, com

equipe e frota de veículos compatíveis com as necessidades de saúde da população

de um município ou uma região, podendo, portanto, extrapolar os limites municipais.

Para um adequado atendimento pré-hospitalar móvel o mesmo deve estar vinculado

a uma Central de Urgências e Emergências. A central deve ser de fácil acesso ao

público, por via telefônica, em um sistema gratuito, onde o médico regulador, após

julgar cada caso, define a resposta mais adequada, seja um conselho médico, o

envio de uma equipe de atendimento ao local da ocorrência ou ainda o acionamento

de múltiplos meios. O atendimento local é monitorado via rádio pelo médico

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regulador que orienta a equipe de intervenção quanto aos procedimentos necessário

à condução do caso. (Portaria nº 2084 GM 05/11/02).

O desenvolvimento do Atendimento Pré-Hospitalar (APH) no Brasil teve início

no Estado do Rio de Janeiro, desde então, diversos grupos foram criados, os quais

sensibilizaram os governos locais, levando ao surgimento de alguns serviços de APH

(Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito

Federal, Pernambuco e Ceará). Alguns outros estados estão dando início ao

processo de implantação, entre eles a Bahia. (SESAB, 2004).

No Brasil existem dois sistemas de APH em nível público: o do telefone 192,

desenvolvido e operacionalizado pelo Governo Municipal, e o do sistema 193, de

caráter estadual, a cargo do Corpo de Bombeiros. Em algumas cidades, ambos têm

a presença do profissional médico. (SESAB, 2004).

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2. CONSIDERAÇÔES TEÓRICAS CONCERNENTES AO SAMU/192

2.1 Um breve histórico a respeito da criação do SAMU no Brasil

Quando se fala em SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgências,

conforme se define aqui no Brasil, no imaginário das pessoas, muitas vezes, surge a

idéia de atendimento de uma urgência associado a uma ambulância.

É essencial, no entanto, que a idéia do atendimento no local da ocorrência do

agravo não seja dissociada da forma como esta ação é desencadeada, ou seja, por

meio de telefonema gratuito pelo número nacional do pré-hospitalar móvel 192 numa

Central de regulação, onde um profissional médico, com treinamento especifico para

tal, está na escuta, 24 horas por dia, acolhendo todos os pedidos de ajuda médica,

julgando sua gravidade, priorizando o conjunto de necessidades que ocorrem à

central e gerenciando o conjunto de recursos disponíveis, de forma a oferecer a

melhor resposta possível a cada demanda, sempre na perspectiva de garantia de

acesso.

A idéia da assistência fora do ambiente hospitalar, pré-hospitalar, por meio

de deslocamento de equipe e recursos materiais, tem sua origem em 1792, quando

Dominique Larrey cirurgião da Grande Armada de Napoleão utiliza uma “ambulância”

(do latim Ambulare, que significa deslocar) para levar atendimento precoce aos

cometidos em combate, já no próprio campo de batalha, observando que assim,

aumentavam suas chances de sobrevida.

Foi em Nova Iorque, porém, no final do século XIX que o atendimento

externo à estrutura hospitalar com a utilização de ambulâncias medicalizadas tomou

corpo e daí retornou à Europa, onde foi aplicado pelos franceses, com a

incorporação do conceito de regulação médica.

Assim, o conceito de regulação médica das urgências que utilizamos no

Brasil tem sua origem de atendimento pré-hospitalar francês, em que após mais de

50 anos de existência, em 1986, foi publicada uma lei governamental que definiu os

SAMU (Sistemas de Atenção Médica às Urgências), como Centros de Recepção e

Regulação das Chamadas – os Centros 15. Em 1965, criaram oficialmente os

Serviços Móveis de Urgência e Reanimação (SMUR) dispondo agora, das Unidades

Móveis Hospitalares (UHM). Em 1968, nasceu o SAMU, com a finalidade de

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coordenar as atividades dos SMUR, comportando, para tanto, um centro de

regulação médica dos pedidos, tendo as suas regras regulamentadas no decreto de

16/12/1987. As equipes das UHM passaram também a intervir nos domicílios dos

pacientes, configurando definitivamente, os princípios do atendimento pré-hospitalar,

relacionados a seguir:

1) O auxílio médico urgente é uma atividade sanitária.

2) As intervenções sobre o terreno devem ser rápidas, eficazes e com meios

adequados.

3) A abordagem de cada caso deve ser simultaneamente, médica, operacional e

humana.

4) As responsabilidades de cada profissional e as inter-relações com os demais

devem ser estabelecidas claramente.

5) A qualidade dos resultados depende em grande parte, do nível de competência

dos profissionais.

No Brasil, o SAMU teve início através de um acordo bilateral entre o Brasil e

a França, através de uma solicitação do Ministério da saúde, o qual optou pelo

modelo Francês de atendimento, em que as viaturas de suporte avançado possuem

obrigatoriamente a presença do médico, diferentemente dos moldes americanos em

que as atividades de resgate são exercidas primariamente por profissionais

“paramédicos” (estes não existentes no Brasil).

Em São Paulo, a preocupação com a melhoria do atendimento pré-hospitalar

teve inicio na década de 80, sendo que, em 1988, foi criado, após longo período de

estudos e pesquisas, o projeto de Resgate ou SAMU (Serviço de Atendimento Móvel

às Urgências), chefiado por um capitão médico, baseado no modelo francês, mas

com influencias do sistema americano, particularmente no que diz respeito à

formação dos profissionais, e adaptado à realidade local. Este sistema implantado

estava, inicialmente, vinculado ao Corpo de Bombeiros, ficando no quartel, um

médico da Secretaria de Saúde do Estado, que regulava as solicitações de

atendimento a vitimas de acidentes em vias públicas, solicitações estas feitas

através da linha 193, a qual possuía uma interligação com o sistema 192 da

secretaria da Saúde (Central de Solicitações de Ambulâncias). Este sistema ainda

persiste com pequenas modificações.

Nos últimos dez anos, vem se sentindo a necessidade de melhoria e

expansão do sistema pré-hospitalar, realidade esta percebida pelos gestores da

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política de Saúde Pública dos estados. Várias cidades já contam com o SAMU ou

estão em fase de implantação do mesmo. As localidades que já possuem

atendimento pelo SAMU, têm um sistema próprio, o que deixa claro que não há

sistemas perfeitos.

2.2 A Política Nacional de Urgência e o perfil do SAMU no Brasil

Em 1º de junho de 2001, foi criada a Portaria Ministerial nº 814/GM que

regulariza o atendimento pré-hospitalar móvel por parte do Sistema Único de Saúde

(SUS), sendo o médico regulador de urgências a autoridade sanitária pública que,

por delegação do gestor do SUS, ordena e coordena o uso de todos os recursos

envolvidos no atendimento de saúde às urgências. NASI (2006).

Segundo a Política Nacional de Atenção às Urgências, o SAMU é

caracterizado como um importante observatório do sistema de saúde; pois permite a

leitura das necessidades de saúde da população, a partir do fornecimento de

informações epidemiológicas que servirão como ferramenta de planejamento e

gestão. Além disso, induz à organização da rede assistencial e à estruturação dos

serviços através do processo de pactuação regional; e garante o primeiro

acolhimento no local do evento e o acesso facilitado nas unidades fixas, melhorando

a sobrevida.

A atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192), no

Brasil, é acompanhada pelo Comitê Gestor Nacional de atenção às urgências. Esse

comitê assessora gestores e instituições diretamente envolvidos na estruturação e na

organização da atenção às urgências no País. O órgão é formado por representantes

dos Ministérios da Saúde, da Defesa, dos Transportes, das Cidades, da Justiça, e de

membros de entidades e órgãos ligados à saúde e à Segurança Pública, como a

Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal.

Segundo pesquisas, atualmente, a rede nacional do SAMU 192 conta com

147 Serviços de Atendimento Móvel de Urgência no Brasil. Ao todo, 1.273 municípios

são atendidos pelo SAMU, num total de 112.546.443 milhões de pessoas. Entre as

capitais brasileiras, esse serviço está presente em Aracaju, Belém, Belo Horizonte,

Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João

Pessoa, Maceió, Manaus, Macapá, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife,

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Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória.

(14/09/2009. Disponível em URL: http://portal.saude.gov.br/portal/saude. Alagoinhas

é um desses municípios que utiliza o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(SAMU 192) para atender a população local.

Em relação ao perfil do atendimento do SAMU no Brasil, destacamos que

55,2% são atendimentos clínicos (insuficiência respiratória, tontura, desmaio, infarto,

angina, hipertensão, derrame cerebral), 21,4% são traumas (acidente

automobilístico, queimadura, traumatismo craniano, choque elétrico, ferimento por

armas), 5,9% psiquiátricos (surto psicótico, tentativa de suicídio, depressão) e

finalmente 4,2% são de origem gineco-obstétricas (trabalho de parto, hipertensão na

gestante, hemorragia, aborto, cesárea pós-mortem, etc).

Por sua atuação, o SAMU constitui-se num importante elo entre os diferentes

níveis de atenção do Sistema. Com o SAMU 192 o governo federal em parceria com

o governo municipal pretende reduzir o número de óbitos, o tempo de internação em

hospitais e as seqüelas decorrentes da falta de socorro precoce.

Diante do exposto convém dizer que o sucesso do SAMU depende não

apenas do esforço do Governo Federal, mas de toda a sociedade brasileira. Por isso

o serviço depende de uma gestão unificada com os governos Estaduais, Municipais e

seus respectivos Conselhos e Secretarias de Saúde.

2.3 Funcionamento e Caracterização dos Recursos do SAMU

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) acolhe os pedidos

de ajuda médica de cidadãos acometidos por agravos à saúde, de natureza clínica,

psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica, com acesso telefônico

gratuito, pelo número nacional 192, de uso exclusivo das Centrais de Regulação

Médica de Urgências do SAMU, de acordo com o decreto da Presidência da

República nº 5.055, de 27 de abril de 2004.

Após o acolhimento e identificação dos chamados, as solicitações são

julgadas pelo médico regulador que classifica o nível de urgência, através de

protocolos pactuados e define qual recurso necessário ao seu adequado

atendimento, o que pode envolver desde um simples conselho médico até o envio de

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uma Unidade de Suporte avançado de Vida ao local ou, inclusive, o acionamento de

outros meios de apoio, se julgar necessário.

Além de comunicar e encaminhar o meio necessário, a central de regulação

faz o acompanhamento do atendimento, e serve de apoio a todas as solicitações da

equipe de intervenção, ou seja, prepara a unidade hospitalar para a recepção do

paciente/vítima, tentando sempre encaminhar à unidade de referência adequada às

necessidades do caso e que garanta a continuidade da assistência prestada pela

equipe do SAMU.

Para o funcionamento adequado do SAMU são necessários recursos

humanos e materiais específicos para o atendimento pré-hospitalar. Desta forma, as

ambulâncias devem atender às normas de dimensões e outras especificações da

ABNT – NBR 14561 de julho de 2000, descritas no Anexo I.

A composição das equipes segue o que está estabelecido nas portarias do

Ministério da Saúde, em linhas gerais, a equipe de Suporte Básico de Vida é

constituída por um condutor-socorrista e um técnico de enfermagem, já na

ambulância de Suporte Avançado de Vida, um médico, uma enfermeira, um técnico

de enfermagem e um condutor-socorrista compõem a equipe.

No que diz respeito aos equipamentos e materiais disponíveis nesses

veículos, destacamos que cada tipo de ambulância é equipada de acordo com a sua

função. Desta forma, podem dispor desde equipamentos para imobilização e resgate,

soluções, oxigênio/ ar comprimido até medicamentos, desfibriladores, respirador,

material para intubação e kit cirúrgico. Para melhor caracterização enumeramos

estes itens por ambulância no Anexo II.

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3. O POLITRAUMATISMO E O ATENDIMENTO AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO NO PRÉ-HOSPITALAR

3.1 Definição de trauma

O termo politraumatismo pode ser definido como lesões concomitantes que

atingem mais de uma região do corpo, podendo ter caráter intencional ou acidental, e

que causam danos morfológicos, fisiológicos e/ou bioquímicos.

O Trauma é a principal causa de morte entre 80% dos adolescentes e 60%

na infância, sendo considerado a sétima causa de óbito no idoso. Em relação a

expectativa de vida, o trauma reduz essa expectativa mais do que o câncer ou as

doenças cardíacas. Nos Estados Unidos, a cada ano morrem aproximadamente 80

vezes mais pacientes em decorrência do trauma fechado ou penetrante do que

morreram nos três primeiros anos da guerra do Iraque.

O ATLS (Advanced Trauma Life Support = Suporte Avançado de Vida no

Trauma – SAVT) e o Committee on Trauma sugerem que o trauma deve ser pensado

como uma "doença" e não como um "acidente", pois mais da metade das mortes e

das lesões por trauma são evitáveis. Pensando como doença procuramos tratá-la, já

como acidente não podemos fazer nada. Com esta mudança de pensamento

iniciamos a prevenção do trauma, através da educação e leis que obrigam ao uso de

capacetes, cintos de segurança, air bag, proibição de álcool ao dirigir e de drogas.

Desta forma, entendemos que o trauma não é apenas acidente. Atualmente,

pode ser interpretado como uma doença de etiologia variada, multissistêmica e de

caráter endêmico na sociedade moderna. Por isso, frente a tantas variáveis, a

gravidade das vítimas avaliadas com rapidez e precisão, juntamente com a

implementação das medidas de manutenção básicas da vida, são aspectos

essenciais ao atendimento às vítimas traumatizadas.

3.2 Classificação e mecanismos do trauma

No trauma a história completa e precisa, como por exemplo, o tipo do evento

traumático, a estimativa da quantidade de transferência de energia e o tipo de

impacto, desde que interpretada corretamente, poderá levar à suspeita das lesões

em até 90% dos casos. DIAS (2004).

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Frente a essa necessidade é importante clarificar alguns conceitos

relacionados aos tipos de trauma, caracterizando-os segundo as suas causas e a

cinemática do evento traumático.

Segundo o PHTLS (2007), o trauma pode decorrer de causas intecionais ou

não-inteccionais. O trauma intecional, como o próprio nome sugere, está relacionado

a um ato de violência interpessoal ou autodirecionado, como por exemplo, o

homicídio, suicídio, violência conjugal e guerras. Já os traumas não-intencionais,

antes chamados de acidentes, são considerados como lesões decorrentes de

colisões de automóvies, afogamentos, quedas e choques elétricos.

Em relação ao tipo de lesão, o trauma é classifcado em fechado e

penetrante. No entanto, a transferência de energia e a lesão produzida são

semelhante em ambos os tipos de trauma. Ambos criam cavidade, afastando os

tecidos de sua posição normal, sendo que a única diferença é a penetração ou não

da pele. No trauma fechado, as lesões são produzidas à medida que os tecidos são

comprimidos, desacelerados ou acelerados. No trauma penetrantes, as lesões são

produzidas à medida que os tecidos são esmagados e separados ao longo do trajeto

do objeto penetrante. PHTLS (2007).

O PHTLS traz outros conceitos e considerações que nos possibilitam

entender os mecanismos dos diferentes tipos de trauma, entre os quais citamos

abaixo:

Colisões: as mais comuns são as colisões envolvendo veículos e motocicletas. Como resultado de uma única colisão de automóvel podem ocorrerem três colisões: (1) um veículo colide com um objeto ou outro veículo; (2) o ocupante não-contido colide com a parte interna do veículo: (3) os órgãos internos do ocupante colidem uns com os outros ou com a parede da cavidade que os contém.

Atropelamento: as lesões variam conforme a altura da vítima. As crianças, por exemplo são atingidas inicialmente em região mais alta do corpo, não podem ser atiradas longe de um veículo e podem ser arrastadas, quando em comparação com os adultos. À semelhença dos adultos, qualquer criança atropelada por um carro, em geral, sofre trauma carnioencefálico.

Quedas: lesões são causadas por impactos múltiplos. Estimar a altura da queda, avaliar a superfície sobre a qual a vítima caiu e determinar que parte do corpo bateu em primeiro lugar fazem parte da avaliaçãonda biomecânica da queda.

Queimaduras: lesões que podem variar desde pequenas a extensas e multissistêmicas, capazes de repercussões com risco de vida sobre o corção, pulmões, rins, trato gastrointestinal e sistema imune.

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Trauma por arma de fogo: lesam não apenas os tecidos diretamente no seu trajeto, como também os tecidos de cada lado do trajeto e uma cavidade é criada no rastro da bala.

Trauma por arma branca: produzem lesão somente com as pontas afiadas ou com as bordas cortantes e dependem do movimento da lâmina dentro da vítima.

Fatores como a identificação do tipo de energia, intensidade e tempo em que

foi transferida são importantes para a avaliação do politraumatizado. Além disso, o

socorrista deve correlacionar os mecanismos de lesão com as áreas anatômicas

afetadas, o que pode contribuir para o aumento do nível de sobrevivência deste

indivíduo.

3.3 Princípios básicos do atendimento ao politraumatizado

O Atendimento inicial à vítima de trauma se divide em quatro etapas

sequenciais: controle da cena, abordagem primária, abordagem secundária e sinais

vitais e escala de coma e trauma. (PORCIDES, 2006).

O controle da cena consiste essencialmente na segurança do local e análise

dos mecanismos de trauma. A depender da gravidade da ocorrência, é importante

promover a segurança do acidentado, a sinalização da área circunscrita, assim como

deve ser evitado o pânico e os curiosos devem ser afastados.

A abordagem primária geralmente é realizada em duas fases: Rápida e

Completa. Na abordagem primária realiza-se uma sucinta avaliação da respiração,

da circulação e do nível de consciência e deve ser completada em 30 segundos com

a finalidade de a rápida identificação de condições de risco de morte, o início precoce

do suporte básico de vida (SBV) e o desencadeamento de recursos de apoio, tais

como médico no local e aeronave para o transporte. (PORCIDES, 2006).

Para Dalcin & Cavazolla, (2005), o Trauma Life Support (PHTLS) e o

Advanced Trauma Life Support (ATLS), estabelecem uma sequência lógica para a

abordagem primária completa do tratamento das lesões e estabilização da vítima,

preconizando, prioritariamente, a liberação das vias aéreas com controle cervical e

imobilização (A), oxigenação (B), controle de hemorragias (C), avaliação neurológica

(D) e exposição para a avaliação secundária (E), os chamados “ABCDE” porém com

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discernimento às relações ao sensível, isto é, o diálogo, no atendimento, sabendo

escutar o paciente.

Na abordagem secundária realiza-se a exposição da vítima, objetivando a

procura das lesões através da inspeção, palpação e ausculta. Entretanto, em nível

pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas

por suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor no

ambiente público. (PORCIDES, 2006)

A fase final é a avaliação dos sinais vitais: pulso, respiração, pressão artéria

e a temperatura. Acrescida da classificação do estado da vítima segundo as Escalas

de Coma de Glasgow e a Escala de trauma (Anexo III). A primeira tem como base: a

abertura ocular, a melhor resposta motora e a melhor resposta verbal. Já a segunda

avalia o score do trauma, com base na frequência respiratória, pressão sistólica e a

pontuação na escala de coma de Glasgow.

O PHTLS (2007) enfatiza que os cuidados pré hospitalares constituem-se

procedimentos que podem fazer a diferença entre a vida e a morte; entre uma

sequela temporária, greve ou permanente; ou entre uma vida produtiva e uma

destruída de bem-estar. No entanto, o custo desses cuidados consume grande parte

do dinheiro destinado à saúde pública e ao seguro social, o que nos leva à reflexão

que as medidas preventivas e a implementação de políticas de saúde são essenciais

para redução desses custos e das estatísticas de trauma.

Capelas (2002), ressalta ainda que muitos erros graves ocorrem na avaliação

do politraumatizado devido à preocupação excessiva com as lesões visíveis, e assim

menosprezar-se as lesões silenciosas/camufladas. Para se evitar tais erros e

aumentar a precisão diagnóstica, a equipe de emergência, deverá manter uma

vigilância persistente. Também é preciso considerar o tipo, a direção, a intensidade

das forças envolventes na agressão e a mecânica dos traumatismos.

Finalizando este capítulo citamos os Princípios de Ouro do Atendimento Pré-

hospitalar enumerados pelo PHTLS que tem como objetivo sistematizar as

prioridades do tratamento ao pacientes com lesões múltiplas:

1. Garantir a segurança dos socorristas e do paciente.

2. Avaliar a situação para determinar a necessidade de solicitar outros recursos.

3. Reconhecer a biomecânica envolvida nas lesões.

4. Reconhecer as lesões com risco de vida já no primeiro exame.

5. Cuidar das vias aéreas mantendo a coluna cervical estabilizada.

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6. Providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter SaO2 superior a

95%.

7. Controlar toda hemorragia externa significativa.

8. Tomar as medidas iniciais para o tratamento do choque, incluindo a restauração e

a manutenção da temperatura normal do organismo e a imobilização adequada das

lesões músculo-esqueléticas.

9. considerar o uso de calça pneumática antichoque nos pacientes com choque

descompensado (PAS < 90 mmHg) e suspeita de fratura de bacia, hemorragia

intraperitonial ou retroperitonial e nos pacientes com hipotensão grave (PAS < 60

mmHg).

10. Manter a estabilização manual da coluna até que o paciente esteja imobilizado

em prancha longa.

11. Quando se tratar de traumatizados graves, iniciar o transporte para o hospital

apropriado mais próximo dentro de 10 minutos após a chegada ao local.

12. A caminho do hospital, iniciar a resposição de volume com soluçoes aquecidas.

13. Uma vez adequadamente tratadas ou descartadas as lesões com riscos de vida,

obter a história médica do paciente e fazer o exame secundário.

14. Acima de tudo, não causar mais dano.

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4. METODOLOGIA

4.1 Tipo de Pesquisa

Com base no objetivo proposto, trata-se de um estudo descritivo e

exploratório.

Conceitualmente Jung (2003, p.125) refere que a pesquisa descritiva visa

descrever determinadas características de populações ou fenômenos ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Basicamente consiste na coleta de

dados através de um levantamento sem a interferência do pesquisador.

Segundo esse autor, a pesquisa exploratória baseia-se na coleta de dados e

informações sobre um fenómeno de interesse sem grande teorização sobre o

assunto, onde pode-se inspirar ou sugerir uma hipótese explicativa.

Quando ao procedimento adotado para a coleta de dados, optou-se pela

pesquisa documental que consiste na exploração de fontes documentais, tais como

os documentos oficiais que, neste estudo, chamamos de Fichas de Atendimento pré-

hospitalar.

Gil (1989) aponta que a pesquisa documental apresenta um série de

vantagens dentre elas, os documentos que constituem-se numa fonte rica e estável

de dados pois subsistem ao longo do tempo. Entre as outras vantagens destacam-se

o baixo custo e a não exigência de contato entre os sujeitos da pesquisa. Contudo, o

autor ressalta que esse tipo de pesquisa apresenta como crítica a não-

representatividade e a subjetividade dos documentos.

Espera-se que o conhecimento do perfil do atendimento de politrauma

contribua no processo de planejamento local e estrutural do serviço, assim como o

desenvolvimento de estratégias educativas e preventivas em relação ao trauma.

4.2 Local da Pesquisa

O estudo foi realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Alagoinhas.

A cidade de Alagoinhas está localizada no leste do Estado da Bahia, possui

uma área de 734 km2 e uma população de 138.366 habitantes, tendo portanto uma

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densidade demográfica de 188,50 hab/km2, segundo dados do ano de 2005.

(WIKIPÉDIA site).

No que diz respeito à estrutura dos serviços de saúde, o município, a partir

de 2001, tornou-se habilitado na Gestão Plena do Sistema Municipal ficando

responsável por gerir suas funções básicas e de média complexidade em saúde.

O sistema de saúde de Alagoinhas, segundo dados de 2004, conta com 65

estabelecimentos de saúde, sendo 25 unidades de atendimento nas mais diversas

especialidades de caráter público. Possui 182 leitos hospitalares, sendo 115

disponíveis para o Sistema único de Saúde. Dentre estes estabelecimentos

destacam-se as Unidades de Saúde da Família, Centro de Atenção Psicossocial

(CAPS), Centro de Marcação de Consultas e Exames, Serviço de Atendimento Móvel

de Urgência (SAMU 192), Centro Municipal de Atenção Especializada (CEMAE),

Laboratório Público Municipal, Hospital Maternidade Municipal, Vigilância à Saúde e

o Hospital Regional Dantas Bião e a Unidade de Coleta e Transfusão HEMOBA.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192) iniciou as suas

atividades, neste município, desde janeiro de 2005, porém a sua inauguração oficial

apenas aconteceu em setembro do mesmo ano. É resultado da parceria entre o

Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde e tem como meta principal

atender cerca de 140 mil habitantes através do suporte ás urgências em saúde

ocorridas na zona urbana e rural, assim como os acidentes rodoviários identificados

ao longo do trecho da BR 101 compreendido entre Alagoinhas e Esplanada no

estado da Bahia.

Caracteriza-se como um serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência,

que funciona 24 horas por dia atendendo às urgências clínicas, traumáticas, gineco-

obstétricas, pediátricas, cirúrgicas, psiquiátricas, além de desastres e acidentes com

múltiplas vítimas. A operacionalização do SAMU é baseada em protocolos, dentre os

quais destacamos os Protocolos de Intervenção de Suporte Básico de Vida (SBV) e

Suporte Avançado de Vida (SAV); Protocolos de Regulação Médica; Protocolos de

Recebimento de Chamadas, além de Normas e Rotinas Operacionais do Serviço.

Em relação aos veículos utilizados pelo SAMU Alagoinhas, destacamos as

ambulâncias para transporte (Tipo A), suporte básico de vida (Tipo B) e suporte

avançado de vida (Tipo D). O serviço ainda conta com o apoio de ambulâncias de

resgate (Tipo C) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal da região.

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Os recursos materiais e equipamentos disponíveis nas ambulâncias atendem

ao que está preconizado pelas portarias do Ministério da Saúde, de maneira similar

ou equivalente, o que tem contribuido para a resolutividade e eficiência do serviço.

Atualmente, o SAMU Alagoinhas está em processo de ampliação do seu

quadro de pessoal. Até fevereiro de 2006, a população deste município conta com o

trabalho de 45 profissionais, distribuídos em três setores: a) atendimento na Sala de

Regulação: médicos reguladores, tele atendentes, operadores de rádio e operador de

frota; b) atendimento direto ao usuário: médicos intervencionistas, enfermeiros e

técnicos de enfermagem; condutores/socorristas; c) equipe de apoio: auxiliar

administrativo, auxiliar de serviços gerais.

Ao longo dos anos, desde a implantação o SAMU tem registrado um número

considerável de atendimentos a pacientes politraumatizados, resultantes de

acidentes automobilísticos na rodovia e acidentes com motocicletas no centro da

cidade. Tais acidentes resultam muitas vezes em vítimas com seqüelas clínicas,

motoras, neurológicas e até mesmo em óbitos.

4.3 Documentos Examinados

Os dados foram extraídos das fichas de atendimento e foram priorizadas

aquelas relacionadas com politrauma.

Neste estudo utilizamos, como fonte de informações para coleta de dados, as

fichas de regulação, que foram preenchidas pelos auxiliares de regulação, médicos

reguladores, enfermeiros e técnicos de enfermagem do Serviço de atendimento pré-

hospitalar de Alagoinhas, no período de janeiro a junho de 2006.

A ficha de regulação é gerada para cada chamado recebido, sejam as

solicitações de atendimento, ou as que apenas recebem orientação do médico, por

telefone, ou mesmo as que não são atendidas por falta de recursos no momento, ou

por não serem pertinentes. Nessa ficha verificamos os seguintes itens: motivo da

solicitação de socorro, descrição da ocorrência, data, horário do chamado, equipe

que foi enviada para o atendimento, categorias profissionais que compõem a equipe.

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4.4 Coleta dos dados (Instrumento)

A coleta de dados foi realizada após aprovação da Secretaria Municipal de

Saúde e da Coordenação Geral do SAMU 192 de Alagoinhas.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi uma planilha, na qual contava

as variáveis: sexo, idade, local da ocorrência, tipo de trauma, evolução do

atendimento. (Anexo III).

O tratamento e análise dos dados foram realizados de forma descritiva, com

a distribuição absoluta e relativa das informações obtidas nas fichas de regulação.

Foram empregados na pesquisa percentuais e médias, sendo apresentados os

resultados na forma gráfica e tabular.

4.5 Apresentação e discussão dos dados

No período de 1º de janeiro a 30 de Junho de 2006 foram atendidas, pelo

SAMU 192 Alagoinhas, 336 pacientes relacionados com o trauma. Os meses de

janeiro, fevereiro e junho apresentaram os maiores números de vítimas atendidas,

totalizando 58,1% (195 atendimentos), sendo que o mês de junho registrou 22% (71

atendimentos) conforme a representação gráfica abaixo (Gráfico I).

Pode-se atribuir o destaque desses meses devido aos momentos festivos e

feriados (carnaval, festas juninas), assim como às férias escolares e laborais que

acontecem nesses meses em associação com o aumento do consumo de álcool.

Essa correlação foi sinalizada pelo Centro de Informação de Saúde e Álcool

de São Paulo ao citar o trabalho de Tutenges (2008), onde afirma que:

Os períodos de férias, finais de semana, feriados e datas comemorativas são momentos perigosos com relação a acidentes e mortes relacionados ao uso de álcool. Em particular, durante as férias, muitas pessoas aumentam o consumo de álcool, com a falsa idéia de que se divertirão ou relaxarão mais.

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A maioria dos pacientes foi representada pelo sexo masculino, com 226

(68%) e 105 (31%) do sexo feminino, os demais 1% foram classificados como

ignorado por não conter informações sobre o sexo nas fichas (Gráfico 2). A idade dos

pacientes variou entre 2 meses a 99 anos. Quanto à faixa etária, notou-se o maior

número de vítimas na faixa de 21 aos 30 anos, com 66 pacientes (19,64%). Foram

identificadas 53 (15,77%) fichas sem a informação da idade, as mesmas foram

classificadas como idade ignorada, conforme dados do Gráfico 3.

Essa realidade foi identificada por Malvestio (2002) e Carvalho (2004) em

estudos similares. Em ambos destaca-se a predominância do sexo masculino e a

faixa etária caracterizada como jovem.

Os autores do PHTLS (2007) complementam esses dados ao sinalizar que

os traumas matam ou acometem pessoas de todas as idades inutilmente, mas

afetam as crianças, os jovens e os jovens adultos de maneira desproporcional, em

especial nas nações industrializadas.

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Quanto ao local das ocorrências, a via pública destacou-se com 76% (256

registros), as demais 24% ocorreram no domicílio (Gráfico 4). Em relação à causa, as

quedas foram o principal produtor de vítimas, com 132 (39,3%). Seguiram-se as

colisões, com 93 (27,7%), atropelamentos, com 29 (8,6%) e agressões físicas, com

21 (6,2%). Os ferimentos por arma branca e de fogo foram a causa do atendimento

de 24 vítimas (7,2%). Outras causas como intoxicação, queimaduras e os cortes

acidentais foram responsáveis pelo atendimento de 37 vítimas (11,0%) (Gráfico 5).

Os dados relativos ao tipo de ocorrência são semelhantes com os achados

de Carvalho (2004) que constatou que a colisão e atropelamento foram os mais

prevalentes. Reforçando ainda com os dados do Ministério da Saúde que destaca os

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acidentes automobilísticos como a terceira causa de morbimortalidade relacionada a

agentes externos.

Mais uma vez constatamos que os traumas não-intencionais decorrentes das

colisões e atropelamentos correspondem às realidades descritas pelo PHTLS (2007)

independente do país de ocorrência:

Lesões traumáticas inesperadas são responsáveis por mais de 161 mil mortes nos Estados Unidos. Colisões automobilísticas foram responsáveis por 44 mil mortes e mais de 3 milhões de pessoas feridas em 2002.

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Em relação a evolução da ocorrência 226 vítimas (67,3%) foram

transportadas para hospitais ou clínicas públicas e somente 18 (5,3%) foram

atendidas em unidades privadas do município. Foram registrados 34 (10,1%)

atendimentos às vítimas no local da ocorrência, sendo as mesmas liberadas em

seguida por não necessitarem de cuidados hospitalares. A polícia militar e a

população socorreram também um total de 34 vítimas, dispensando o atendimento

antes da chegada da unidade do SAMU, assim como 07 vítimas (2,1%) recusaram o

atendimento na presença da Equipe do SAMU, os motivos pelos quais não foram

apurados nesta pesquisa. E finalmente, 06 (1,8%) óbitos foram encontrados ou

ocorreram durante o atendimento da equipe (Tabela 1).

Ressalta-se o número significativo de atendimentos não realizados pelo

SAMU (12,2%) por tratarem-se de vítimas que foram socorridas por populares ou

pela brigada da polícia ou simplesmente recusaram o atendimento. A literatura

reforça a necessidade do atendimento adequado para a diminuição das sequelas do

trauma e da mortalidade:

O atendimento eficiente no local requer socorristas bem treinados na rápida identificação das condições do paciente e hábeis no atendimento das vias aéreas, do choque e procedimentos de imobilização adequados. PHTLS (2007)

TABELA 1 – Evolução da ocorrência após contato com o SAMU 192

Evolução da ocorrência Nº %Hospital público 226 67,3Hospital privado 18 5,3Atendimento no localSocorrido por terceirosSocorrido pela políciaOrientação por telefoneRecusaÓbitoTOTAL

342806110706

336

10,18,31,83,32,11,8100

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste trabalho, foi abordado as características estruturais do

serviço pré-hospitalar, assim como o perfil dos atendimentos de politrauma

realizados pelo mesmo. Conhecer os tipos de trauma mais frequentes e a sua

incidência permite um maior aprimoramento das ações de preventivas e sua

implementação nas comunidades.

No entanto, apesar da existência de vários métodos e modalidades

preventivas do trauma, tais como o uso de cintos de segurança e capacetes,

medidas contra o uso de álcool na condução, torna-se evidente que as mesmas

ainda não foram aceitas e utilizadas de forma efetiva pela população em geral.

Com base nos resultados obtidos podemos afirmar que o perfil produzido

confere com as estatísticas do nosso país relacionadas com politrauma: na maioria

são adultos jovens, do sexo masculino, vítimas de colisões que ocorrem com maior

frequência na via pública.

É importante destacar o papel desenvolvido pelos serviços de pré-hospitalar,

tendo em vista que a sua atuação vem de encontro às necessidades atuais da

população devido ao grande número de episódios traumáticos. A partir dessa

atuação, o SAMU constitui-se num fator essencial para reorganização dos serviços

de saúde, na medida que possibilita a interrelação da saúde primária com a

assistência hospitalar.

Conclui-se que, as medidas de prevenção, educação e a ampliação e

qualificação dos serviços de pré-hospitalar permitem uma diminuição das estatísticas

de mortalidade relacionadas ao trauma, assim como uma intervenção mais

sistematizada e funcional do atendimento às vítimas.

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REFERÊNCIAS

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BAHIA. Secretaria de saúde. Capacitação em urgências e emergências: módulo de enfermagem / Secretaria de Saúde do estado da Bahia, Salvador, 2004. v.1. 405 p.

BORGES, L. A. A. et al. Atendimento inicial ao politraumatizado. In: NASI, L. A. et al.Rotinas em pronto-socorro. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.282-283.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 2048 de 50 de novembro de 2002. Normatiza e estabelece diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. Disponível em: URL http://www.corensp.org.br/resoluções/portaria 2048.htm>. Acesso em: (15/09/2009).

BRASIL. Ministério da Saúde. Regulação médica das urgências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006.

CAPELAS, MLV. O doente politraumatizado. Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias. Lisboa, 2002.

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CARVALHO, LC. O surgimento do atendimento pré-hospitalar móvel no Brasil e a inserção do enfermeiro neste contexto histórico. 2009. (Monografia -Graduação em enfermagem), 37p. Centro Universitário de Barra Mansa – UBM, RJ. 2009.

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A N E X O S

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Anexo I: Classificação das Ambulâncias

TIPO A: Ambulância de Transporte

Veículo destinado ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções simples e de caráter eletivo.

TIPO B: Ambulância de Suporte Básico:

Veículo destinado ao transporte inter-hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e o atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado com potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte até o serviço de destino.

TIPO C: Ambulância de Resgate

Veículo de atendimento de urgências pré-hospitalares de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre aquático e em alturas).

TIPO D: Ambulância de Suporte Avançado

Veículo destinado ao atendimento e transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. Deve contar com os equipamentos médicos necessários para esta função.

TIPO E: Aeronave de Transporte Médico

Aeronave de asa fixa ou rotativa utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa rotativa para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados pelo Departamento de Aviação Civil – DAC.

TIPO F: Embarcação de Transporte Médico

Veículo motorizado aquaviário, destinado ao transporte por via marítima ou fluvial. Deve possuir os equipamentos médicosnecessários ao atendimento de pacientes conforme sua gravidade.

Veículos de Ligação Medicalizada (VLM) ou de Intervenção Rápida

Veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica são utilizados para transporte de médicos com equipamentos que possibilitam oferecer suporte avançado de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.

Outros Veículos

Veículos habituais adaptados para transporte de pacientes debaixo risco, sentados (ex. pacientes crônicos) que não se caracterizem como veículos tipo lotação (ônibus, peruas, etc.). Este transporte só pode ser realizado com anuência médica.

Fonte: CORDEIRO WJ; Nitschke C.

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Anexo II: Definição dos Materiais e Equipamentos das Ambulâncias

Ambulância para Transporte

(Tipo A)

Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação em contato permanente com a central reguladora; maca com rodas; suporte para soro e oxigênio medicinal.

Ambulância deSuporte Básico

(Tipo B)

Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação fixo e móvel; maca articulada e com rodas; suporte para soro; instalação de rede de oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (a: alimentação do respirador; b: fluxômetro e umidificador de oxigênio e c - aspirador tipo Venturi); manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio portátil com válvula; maleta de urgência contendo: estetoscópio adulto e infantil, ressuscitador manual adulto/infantil, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, tesoura reta com ponta romba, esparadrapo, esfigmomanômetro adulto/infantil, ataduras de 15 cm, compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores para queimados ou eviscerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais,estilete estéril para corte do cordão, saco plástico para placenta, cobertor, compressas cirúrgicas e gazes estéreis, braceletes de identificação; suporte para soro; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fisiológico e ringer lactato; bandagens triangulares; cobertores; coletes refletivos para a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações a seremdefinidas em protocolos, pelos serviços.

Ambulância para Resgate(Tipo C)

Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação fixo e móvel; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fisiológico; bandagens triangulares; cobertores; coletes refletivos para a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção; material mínimo para salvamento terrestre, aquático e em alturas; maleta deferramentas e extintor de pó químico seco de 0,8 kg; fitas e cones sinalizadores para isolamento de áreas.

Ambulância de Suporte Avançado

(Tipo D)

Sinalizador óptico e acústico; equipamento de rádio-comunicação fixo e móvel; maca com rodas e articulada; dois suportes de soro; cadeira de rodas dobrável; instalação de rede portátil de oxigê- nio como descrito no item anterior (é obrigatório que a quantidade de oxigênio permita ventilação mecânica por no mínimo duas horas); respirador mecânico de transporte;oxímetro não-invasivo portátil; monitor cardioversor com bateria e instalação elétrica disponível (em caso de frota deverá haver disponibilidade de um monitor cardioversor com marca-passo externo não-invasivo); bomba de infusão com bateria e equipo; maleta de vias aéreas contendo: máscaras laríngeas e cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20ml; ressuscitador manual adulto/infantil com reservatório; sondas para aspiraçãotraqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; máscara para ressuscitador adulto/infantil; lidocaína geléia e “spray”; cadarços para fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil; cânulas orofaríngeas adulto/infantil; fios-guia para Intubação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem torácica; maleta de acesso venoso contendo: tala para fixação de braço; luvas estéreis; recipiente de algodão com anti-séptico; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos incluindo agulhas metá- licas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos

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de macro e mi- crogotas; cateteres específicos para dissecção de veias, tamanho adulto/infantil; tesoura, pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão de 3 vias; frascos de soro fisiológico, ringer lactato e soro glicosado; caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto como descrito nos itens anteriores; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipo para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras e aventais; cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; prancha longa para imobilização da coluna. Para o atendimento a neonatos deverá haver pelo menos uma Incubadora de transporte de recém-nascido com bateria e ligação à tomada do veículo (12 volts). A incubadora deve estar apoiada sobre carroscom rodas devidamente fixadas quando dentro da ambulância e conter respirador e equipamentos adequados para recém natos.

Aeronave para Transporte (TIPO E)

Aeronaves de Asas Rotativas (Heli- cópteros) para atendimento pré-hospitalar móvel primário:- Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de Aviação Civil– DAC): maca ou incubadora; ci- lindro de ar comprimido e oxigênio com autonomia de pelo menos 2 horas; régua tri- pla para transporte; suporte para fixação de equipamentos médicos; -Equipamentos fi- xos: respirador mecânico; monitor cardioversor com bateria; oxímetro portátil; bomba de infusão; prancha longa para imobilização de coluna; -Equipamentos móveis: maleta de vias aéreas contendo: conjunto de cânulas orofaríngeas; cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; se- ringa de 20 ml; ressuscitador manual adulto/infantil completo; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geléia e spray; cadar- ços para fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas cur-vas e retas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil; fios; fios-guia para Intu- bação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem de tórax; maleta de acesso venoso contendo: tala para fixação de braço; luvas estéreis; recipiente de algodão com anti-séptico; pa-cotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; cateteres específicos para dissecção de veias tamanhos adulto/infantil; tesoura; pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de

infusão polivias; frascos de solução salina, ringer lactato, e glicosada para infusão venosa; caixa de pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps umbilicais; estilete estéril para corte do cordão; saco plástico para placenta; absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para envolver o recém-nascido; compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gases es- téreis e braceletes de identificação; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos des- cartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipos para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas. Outros: colete imobilizador dorsal; cilindro de oxigênio portátil com válvula; manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; bandagens triangulares; talas para imobilização de membros; coletes reflexivos para a tripulação; lanterna de mão; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.

Aeronaves de Asas Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de Aviação Civil–DAC): ma- ca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com

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Rotativas (helicópteros) para atendimento pré-

hospitalar secundário ou

transporte inter-hospitalar

autonomia de pelo menos 4 horas; régua tripla para transporte; suporte para fixação de equipamentos.- Equipamentos fixos: respirador mecânico; monitor cardioversor com bateria com mar- ca-passo externo não-invasivo; oxímetro portátil; monitor de pressão não-invasiva; bomba de infusão; prancha longa para imobilização de coluna; capnógrafo;- Equipamentos móveis: maleta de vias aéreas contendo: cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20 ml; ressuscitador manual adulto/infantil completo; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geléia e spray;cadarços para fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas curvas e retas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil; cânulas orofaríngeas adulto/infantil; fios; fios-guia para intubação; pinça de Magyl; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem de tórax; maleta de acesso venoso contendo: tala para fixação de braço, luvas estéreis, recipiente de algodão com anti-séptico; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; cateteres específicos para dissecção de veias tamanhos adulto/infantil; tesoura, pinça

de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão polivias; frascos de solução salina, ringer lactato e glicosada para infusão venosa; caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps umbilicais; estilete estéril para corte do cordão; saco plástico para placenta, absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para envolver o recém-nascido; compressas cirúrgicas estéreis; pacotes de gases estéreis e braceletes de identificação; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotos- sensíveis; equipos para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; equipamentos de

proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.

Fonte: CORDEIRO WJ; Nitschke C

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Anexo IIIA:

Escala de Coma de Glasgow

ABERTURA OCULAR EspontâneaAo estímulo verbalÀ dorSem resposta

4321

MELHOR RESPOSTA MOTORA

Obedece a comandos verbaisLocaliza a dorNão localiza a dor (flexão inespecífica)Flexão anormal (decorticação)Extensão anormal (descerebração)Sem resposta

654321

MELHOR RESPOSTA VERBAL

Conservação orientadaCoservação desorientadaPalavras inapropriadasSons incompreensíveisSem resposta

54321

Total 3 -15

Fonte: DALCIN, R. R.; CAVAZZOLA, L. T

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Anexo IIIB: Escore de Trauma Revisado (Revised Trauma Score – RTS)

AEscala de Coma de

Glasgow

BPressão arterial

sistólica (mmHG)

CFrequência respiratória

ValorCodificado

(VC)

13-159-126-84-53

> 8976-8950-751-49 0

10-29> 296-91-50

43210

Fonte: DALCIN, R. R.; CAVAZZOLA, L. T

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Anexo IV: Instrumento de coleta de dados

Perfil do atendimento de politrauma pelo serviço de atendimento móvel de urgência – SAMU 192 do município de Alagoinhas/Bahia.

Data do atendimento: ____/____/____

Ficha de Regulação nº: ____________

1) Sexo: Feminino Masculino Sem registro

2) Idade: ______

3) Faixa etária 0-10 anos

11-20 anos

21-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos 61-70 anos 71-80 anos 81-90 anos 91 anos em diante Sem registro

4) Local da ocorrência: Via Pública Domicílio Outros ___________

5) Tipo de trauma: Afogamento Atropelamento Agressão Colisão Ferimento Arma de Fogo Ferimento Arma Branca Intoxicação Queda Queimadura Suicídio Sem registro

6) Evolução da ocorrência: Transporte Hospital público Hospital privado Atendimento no local Socorrido pela polícia Socorrido por terceiros Orientação por telefone Recusa ao atendimento Óbito