UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para Piaget o meio social, por mais que...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUA
INTEGRAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Por: Aline Jacques Lourenço
Orientadora
Mônica Ferreira de Melo
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUA
INTEGRAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Apresentação de monografia ao Instituto A
Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica.
Por: Aline Jacques Lourenço
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a
Deus, a minha professora orientadora
Mônica Melo e minha família por estar
sempre comigo, me ajudando e me
incentivando.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu
marido Eduardo Maia e minha mãe
Marlene Jacques por fazerem parte da
minha vida e por me apoiarem nos
momentos difíceis em que passei até
chegar aqui.
5
RESUMO
Na perspectiva construtivista, o conhecimento adquirido seja na família
ou na sociedade, é tão válido quanto ao que será adquirido dentro da escola.
O orientador na qualidade de mediador no processo ensino-
aprendizagem desenvolve juntamente com os professores, os valores e os
objetivos que fundamentam as ações, conforme a filosofia e a política da
escola, buscando mudanças no processo da qualidade da educação. O
orientador pedagógico é também responsável pela leitura da sociedade e de
mundo procurando ir além dos aspectos individuais que permeiam a sala de
aula e todos os seus elementos conflituosos e o orientador educacional pela
postura metodológica do professor.
6
METODOLOGIA
Através da pesquisa, aprofundar a questão sobre o que é
desenvolvimento, como se dá a construção do conhecimento pelo sujeito e do
significado de aprendizagem.
Estes aspectos podem contribuir para a ampliação do debate sobre os
objetivos do processo de ensino aprendizagem, sobre sua fundamentação
teórica, para subsidiar as diretrizes educacionais.
Segundo Piaget. todos os indivíduos constroem a própria concepção
do mundo em que vive, a partir de suas próprias experiências, gerando novos
modelos mentais e acomodando as novas experiências.
Assim sendo, este tema é de interesse de orientadores e professores
envolvidos na prática pedagógica diária, além de outros profissionais da escola
que estejam também envolvidos na sistematização dos resultados dessa
prática.
O presente estudo tem como referênciais metodológicos, a pesquisa
bibliográfica. A pesquisa bibliográfica dessa monografia consiste no estudo das
teorias de Piaget, Becker, Kamii, , Freire em reflexões sobre o tema, entre
outros, possibilitando assim, um conhecimento teórico que servirá como
alicerce para fundamentação dos conceitos.
O desenvolvimento da pesquisa consiste na leitura de autores que
desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em estudo, a fim de
embasar teoricamente todo o trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - PRESSUPOSTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DO
CONSTRUTIVISMO 10
CAPÍTULO II - A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
SEGUNDO PIAGET
17
CAPÍTULO III – AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN
PIAGET PARA EDUCAÇÃO 24
CAPÍTULO IV – O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA O CONHECIMENTO 30
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 43
8
INTRODUÇÃO
Jean Piaget, psicólogo, pedagogo e filósofo suíço nascido na cidade de
Neuchâtel (Suíça), em agosto de 1986, é um inovador em nossos tempos.
Suas pesquisas dedicam-se à descobertas sistemáticas da evolução mental da
criança.
Muito embora possa se dizer que seus primeiros estudos de
epistemologia genética (realizado há aproximadamente há mais de 50 anos e
onde ele analisa os fundamentos do conhecimento: a concepção construtivista
da formação da inteligência desde o nascimento, como o individuo constrói o
conhecimento), não tinham qualquer endereço educacional apesar dos
comentários eventuais às práticas educacionais hoje sem dúvida, suas teorias
sobre desenvolvimento intelectual são guias de todos os procedimentos
modernos referente a ensino.
Piaget é um pensador interdisciplinar mercê de sua formação de filósofo,
psicólogo e matemático.
Seu interesse é mais teórico que prático. Mas são riquíssimas as
implicações educacionais de suas pesquisas.
O método de Piaget para investigação do desenvolvimento dos
processos cognitivos nas crianças consiste em observar o ambiente da criança
e seus comportamento, formular uma hipótese referente à estrutura que inclui
ambiente, comportamento, e testar depois essa hipótese, alterando
ligeiramente o ambiente.
Ele achava que é para manter um equilíbrio dinâmico com o meio
ambiente que desenvolvemos a inteligência . Quando o equilíbrio se rompe, o
indivíduo age sobre o que o afetou (seja um som, uma imagem ou uma
9
formação) buscando se reequilibrar. Para Piaget, isso é feito por adaptação e
por organização.
Assim é que investigou a concepção de velocidade pré-operacional da
criança, o conceito de número e outras aquisições intelectuais.
Piaget estabeleceu uma teoria sobre as quatro fases através do
indivíduo desde o nascimento até a fase adulta adquire aptidões para o
raciocínio lógico.
O essencial nessa teoria consiste em que o pensamento não é o
resultado automático de reflexos ou da intuição, mas sim uma operação
flexível, que se desenvolve através de tentativa e erro.
Ele publicou também importantes trabalhos sobre a gênese das
estruturas matemáticas e lógicas no campo das investigações matemáticas e
lógicas e no campo das investigações interdisciplinares.
O conjunto de suas obras tem influenciado profundamente os
educadores contemporâneos. No entanto, a obra de Piaget, não constitui em
um sistema pedagógico. Segundo ele o processo de desenvolvimento da
criança parte de como o seu conhecimento do mundo é elaborado e
construído.
10
CAPÍTULO I
PRESSUPOSTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DO
CONSTRUTIVISMO
Um dos principais teóricos que trataram do desenvolvimento humano
foi o suíço Jean Piaget que embora não fosse propriamente orientador e/ou
pedagogo, muito influenciou a educação.
Com o desenvolvimento da Epistemologia Genética, Piaget mostrou
(BECKER, 2004)
“como o homem, logo que nasce, apesar de trazer uma fascinante
bagagem hereditária que remonta a milhões de anos de evolução,
não consegue emitir as mais simples operação de pensamento ou
o mais elementar ato simbólico”.(p.88)
Quer dizer, a psicologia genética de Piaget (1996) “investiga o
desenvolvimento cognitivo da criança desde o nascimento até a
adolescência”.(p.184)
Para Piaget o meio social, por mais que sintetize milhares de anos de
civilização, não consegue ensinar a esse recém-nascido o mais elementar
conhecimento objetivo. Isto é, o sujeito humano é um projeto a ser construído;
o objeto é, também, um projeto a ser construído. Sujeito e objeto não têm
existência prévia, a priori: eles se constituem mutuamente, na interação.
(BECKER, 2004)
Segundo GUEDES (2002)
Piaget pesquisou e desenvolveu uma teoria acerca do
conhecimento compreendendo a criança como um ser ativo, que
11
se desenvolve cognitivamente não pela acumulação de
informações que recebe, mas por meio de um processo de
elaboração baseado na atividade da criança ( MORAES, 1997). O
conhecimento é construído a medida que a criança interage com
os objetos do mundo.(p.14)
Contudo, coloca-se a questão: como os seres humanos se constroem?
Para Piaget, o sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: essa ação
assimiladora transforma o objeto.
O objeto a ser assimilado, resiste aos instrumentos de assimilação de
que o sujeito dispõe no momento. Por isso, o sujeito reage refazendo esses
instrumentos ou construindo novos instrumentos com os quais se torna capaz
de assimilar, isto é, de transformar objetos cada vez mais complexos.
Essas transformações dos instrumentos de assimilação constituem a
ação acomodadora. Deste modo, não é possível compreender que o
conhecimento nasce com o indivíduo, ou seja, dado pelo meio social, mas sim,
é possível compreender que o sujeito constrói seu conhecimento na interação
com meio, tanto físico como social.
KAMLL diria que: “um modo mais preciso de discutir o construtivismo é
o de dizer que as crianças constroem o conhecimento criando e coordenando
relações”.(p.114)
Deste modo, SALVADOR ( 1996) afirma que:
“a idéia essencial de tese construtivista que subjaz ao conceito
de aprendizagem significativa é, como já mencionamos, que a
aprendizagem que o aluno leva a cabo não pode ser entendida
unicamente a partir de uma análise externa e objetiva do que
lhe ensinamos e de como lhe ensinamos, mas também que
12
é necessário levar em conta, além disso, as interpretações
subjetivas que o próprio aluno constrói a este respeito.”(P.190)
E ainda mais, segundo Piaget (1990) “a criança adquire o
conhecimento ao construí-lo a partir de seu interior, ao invés de internalizá-lo
diretamente de seu meio ambiente”. ( p.114)
Essa construção depende, portanto, das condições do sujeito –
indivíduo sadio, bem alimentado, sem deficiências neurológicas etc.- e das
condições do meio – nas comunidades pobres é extremamente mais difícil
construir conhecimentos, e progredir nessas construções, do que nas classes
média e alta.
Segundo BECKER (2004)
Piaget derruba a ideia de um universo de conhecimento
dado, seja na bagagem hereditária (aprimorismo), seja
no meio (empirismo) físico ou social. Criou a ideia de
conhecimento - construção, expressando, nessa área
específica,o movimento do pensamento humano em cada
indivíduo particular, e apontou como isto se daria na
humanidade como um todo”.(p.88)
Ainda segundo BECKER (2004) o construtivismo significa a ideia de
que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o
conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo determinado.
Ele se constitui pela interação com o meio físico e social, com o
simbolismo humano, com o mundo das relações sociais;e se constitui por força
de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no
meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo
nem consciência e, muito menos, pensamento.
13
Construtivismo é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um modo de
ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço
das ciências e da Filosofia dos últimos séculos.
Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. No
caso de Piaget, o mundo do conhecimento: sua gênese e seu
desenvolvimento. Construtivismo não é uma prática ou método; não é uma
técnica de ensino, nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar;
é, sim uma teoria que permite (re)interpretar todas essas coisas, jogando-nos
para dentro do movimento da História da Humanidade e do Universo.
Não se pode esquecer que, em Piaget, aprendizagem só tem sentido
na medida em que coincide com o processo de desenvolvimento do
conhecimento, com o movimento das estruturas da consciência.
1.1 – O sentido do construtivismo na Educação
Contudo, que sentido teria o construtivismo na Educação?
Entende-se que o construtivismo na Educação é a forma teórica, ampla
que reúne as várias tendências atuais do pensamento educacional. Tendências
que têm em comum a insatisfação com um sistema educacional e que por isso,
pretende, diferentemente das práticas educativas de muitos Orientadores
Pedagógicos, pretende fazer, agir, operar, criar, construir a partir da realidade
vivida por alunos e professores, isto é, pela sociedade.
Segundo BECKER (2004) podemos citar que:
“ A educação deve ser um processo de construção do
conhecimento ao qual ocorrem, em condição de
complementaridade, por um lado,os alunos e professores
e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento
14
já construído”. (p.89)
Neste ponto de vista, o conhecimento é uma construção em que o
sujeito age espontaneamente e é independentemente do ensino, mas na
independentemente dos estímulos sociais. Quer dizer, com os esquemas ou
estruturas que já possui acerca do meio físico ou social. Com base nestas,
retira ou abstrai, deste meio o que é do seu interesse.
Em seguida, reconstrói, por meio da reflexão sobre este objeto, o que
já tem, por força dos elementos novos que acaba de abstrair. Tem-se, então, a
síntese dinâmica da ação e da abstração, do lazer e do compreender, da teoria
a da prática. É dessa síntese que emerge o elemento novo.
GUEDES (2002) afirma que:
o construtivismo proposto por Piaget traz a ideia de que nada
está acabado e de o conhecimento não pode ser transferido
para o adulto, ele precisa ser construído por meio das
interações entre alunos e professores [...]. Na concepção de
Piaget, o conhecimento está vinculado a aprendizagem:
“aprender é saber fazer (realizar) e conhecer é compreender a
situação distinguindo as relações necessárias das contingentes
(p.14)
1.2 – A visão construtivista
Na visão construtivista, sujeito e meio têm toda a importância
considerando-se que a novidade desta concepção é criada na dinâmica entre
indivíduo e sociedade, entre sujeito e objeto, entre organismo e meio.
Se, conforme ressalta BECKER (2004) o professor concebe o
conhecimento do ponto de vista construtivista, ele procura conhecer o aluno
15
como uma síntese individual da interação desse sujeito com o seu meio cultural
(político, econômico, etc).
Segundo Piaget, o aluno é um sujeito cultural ativo cuja ação tem
dupla dimensão: assimiladora e acomodadora.
Por esta primeira, ele produz transformações no mundo objetivo,
enquanto pela segunda, ele produz transformações em si mesmo, no mundo
subjetivo. Assimilação e acomodação constituem as duas faces,
complementares entre si, de todas as suas ações.
Colocadas estas questões é possível pensar que o movimento
próprio do processo de construção do conhecimento deve impregnar a sala de
aula, em partícula, e o sistema educacional, em geral.
A sala de aula deve ser inserida na História e no espaço social. O
compromisso do Orientador Pedagógico deve ser o de construir o novo,
superando o arcaico, e não o de repetir, interminavelmente, o antigo.
Isto porque, segundo KAMII (1990) “as crianças são encorajadas
a pensar ativa, crítica e autonomamente aprende mais do que as que são
levadas a obter apenas competências mínimas”. Elas vão muito além. (p.120)
Por esse motivo, o Orientador Pedagógico precisa reconceituar
fundamentalmente os objetivos. Ao enfocar a autonomia da criança, pode-se
animar o desenvolvimento das crianças com velhos valores, tais como amor
pelo estudo e autodisciplina considerando-se que estas respeitem as regras
que fazem para si próprias, e que também, trabalham com mais empenho para
atingir as metas que elas colocam para elas mesmas.
Por fim, KAMII (1990) afirma que “a autonomia como finalidade da
educação é, num certo sentido, uma ideia que revolucionará a
educação”.(p.124)
16
Por esses motivos, é importante que professores e orientadores
compreendam como se dá a construção do conhecimento, a fim de direcionar e
orientar a prática pedagógica.
17
CAPÍTULO II
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SEGUNDO
PIAGET
A teoria do conhecimento, construída por Jean Piaget, não tem
intenção pedagógica. Porém ofereceu aos educadores importantes princípios
para orientar sua prática, pois ele mostra que o sujeito humano estabelece
desde o nascimento uma relação de interação com o meio de acordo com cada
período ou etapa.
Afirma PIAGET (2001) que:
“cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o
indivíduo consegue fazer nas faixas etárias. Todos passam por
essas fases ou períodos, porém o início e o término de cada uma
delas dependem das características biológicas, dos
fatoreseducacionais e sociais ( interação com meio)”.(p.17)
Assim, para criar e demonstrar sua teoria de construção do
conhecimento e, ainda, para chegar ao equilíbrio na interação homem e meio
ambiente, Piaget desenvolveu uma análise crítica às teorias empirista e inatista
do conhecimento.
Para os empiristas, a construção do conhecimento é o resultado
positivo das experiências concretas do homem com o mundo sensível, através
da percepção.
Nesse sentido, o homem nasce com a capacidade mental
extremamente reduzida e apenas o contato direto com o exterior possibilita a
assimilação e criação de conhecimentos.
18
Por outro lado, os inatistas ou pré-formistas acreditam que o homem já
nasce com sua estrutura cognitivo-biológica formada, ou seja ela é nata ao ser
humano, pois, ao nascer, o homem traz consigo a estrutura cognitiva
necessária a construção de conhecimentos.
A crítica de Piaget aos empiristas parte do pressuposto de que toda
experiência, apesar de ser externa, depende de uma base cognitiva interna,
que faz parte da estrutura biológica do homem e/ou que vai sendo construída
no processo de desenvolvimento da inteligência.
Para Piaget, embora a experiência sensível seja extremamente
importante ao desenvolvimento cognitivo, ela não pode ser tomada como o
único mecanismo que viabiliza o processo de construção do saber.
Opondo-se também aos inatistas, Piaget afirma não ser possível que a
estrutura cognitiva esteja completamente formada desde o nascimento, visto
que, grande parte dessa estrutura é construída e aprimorada a partir das
experiências concretas. Ainda que alguns aspectos da cognição existam desde
o nascimento, elas somente poderão desenvolver-se no contato direto com o
mundo.
Piaget tem mostrado que, desde o princípio, a própria criança exerce
controle sobre a obtenção e organização de sua experiência do mundo exterior.
Como nos mostra, GOULART (1987)
Acompanha com os olhos os objetos, seu olhar explora em torno,
volta a cabeça:com as mãos, agarra, solta, joga, empurra; explora
com os olhos e mãos alternadamente, cheira, leva à boca e prova,
etc.(p.14)
Para Piaget, grande parte do conhecimento construído pelo
homem é resultado do seu esforço de compreender e dar significado ao
19
mundo. Nessa tentativa de interação e compreensão do meio, o homem
desenvolve alguns equipamentos neurológicos herdados, que facilitam o
funcionamento intelectual.
2.1 – A construção do conhecimento
Para explicar a construção do conhecimento, Piaget criou um
modelo biológico de interação do homem com o ambiente, que parte da
seguinte lógica: o organismo do homem é essencialmente seletivo, por
organizar os alimentos que podem ser úteis; esses alimentos vão sendo
adaptados de acordo com as necessidades biológicas. À medida que o homem
seleciona os alimentos e inicia a adaptação destes ao organismo, acontece a
assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os alimentos para a
satisfação das necessidades do corpo.
Como esclarece PIAGET (2001)
Pode-se chamar adaptação ao equilíbrio destas assimilações e
acomodações. Esta é a forma geral de equilíbrio psíquico.
O desenvolvimento mental aparecerá, então, em sua organização
progressiva como uma adaptação sempre mais precisa à
realidade. (p.17)
O construtivismo piagetiano é essencialmente biológico. A
perspectiva lógica de Piaget não é senão o correspondente de sua perspectiva
biológica, isto é, o desenvolvimento é visto como um processo de adaptação,
que tem como modelo, noção biológica do organismo em interação constante
com o meio.
Segundo Piaget, esse mesmo processo dá-se quando a
organização, assimilação e adaptação dos conhecimentos na estrutura
cognitiva. A organização seletiva que a cognição realiza dá-se em um processo
20
permanente de interação do homem com o meio ambiente, através da
apreensão do que é útil e necessário à adaptação do homem no mundo.
Na adaptação, a estrutura cognitiva altera-se para receber o novo
conhecimento. Os ajustes feitos pela cognição para receber novas informações
é denominado por Piaget de acomodação, desenvolvimento da inteligência.
Em resumo, para Piaget, a estrutura cognitiva vai construindo-se e
aprimorando-se paulatinamente e concomitante à construção de novos
conhecimentos, através da busca natural do homem por adaptar-se ao meio
ambiente.
As críticas feitas a Piaget vão no sentido de uma omissão de sua
parte, no que diz respeito à condição histórica do homem e a biologização de
sua teoria.
2.2 – Homem x Conhecimento
Não há dúvida que suas obras sobre o desenvolvimento da
aprendizagem estão colocadas a seus estudos sobre a estrutura biológica do
homem. Entretanto, Piaget concebe o homem como sujeito ativo dentro do
processo de produção de conhecimento, fato que se evidencia à medida que o
autor entende o conhecimento e a aprendizagem como resultado da interação
homem-meio.
Ora, ao se relacionar, o homem não se despoja de sua condição
individual, de sua condição de sujeito ativo, na verdade, o homem produz a si
próprio ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio e com
os outros homens.
A respeito da ausência de uma obra que trate especificamente da
condição histórica do homem para Piaget, alguns conceitos chaves,
21
desenvolvidos por ele, apontam para essa temática e enfatizam a condição
ativa do homem no processo de produção de conhecimento.
Por outro lado, ainda que o enfoque da obra de Piaget seja biológica, é
necessário considerar que o homem é “sujeito histórico na medida em que
traduz sua organização biológica pelas ações próprias da cultura na qual vive,
a qual é, por sua vez, produto do homem enquanto sujeito histórico”.
Para Jean Piaget a aprendizagem deve ser um processo, porque
o conhecimento é uma construção que vem de dentro. A criança deve
manipular e experimentar, buscando respostas para as suas próprias
indagações e relacionando os novos conhecimentos com os anteriores.
Daí a Teoria Associacionista (assimilação e acomodação da
aprendizagem).
Segundo SALVADOR (1996)
a interação social é fundamental. O aluno precisa se sentir
inserido no contexto social da sala de aula, para, a partir daí
desenvolver o seu lado intelectual. Educar é adptar o indivíduo ao
meio ambiente. (p.190)
Por outro lado, o aluno constrói significados relativos aos
conteúdos escolares, e a própria dinâmica deste processo construtivo dificulta
ou impossibilita as tentativas de que sejam transmitidos de uma forma direta e
acabada; mas, por outro lado, a natureza cultural dos conteúdos marca a
direção na qual o ensino deve orientar, de forma progressiva, a construção de
significados.
Isso quer dizer que os significados que o aluno finalmente
são, pois, o resultado de uma complexa série de interações nas quais intervêm,
no mínimo, três elementos: o próprio aluno, os conteúdos de aprendizagem e o
professor.
22
Certamente, o aluno é o responsável final da aprendizagem na medida
em que constrói o seu conhecimento, atribuindo sentido e significado aos
conteúdos do ensino, mas é o professor que determina, com sua atuação, com
o seu ensino, que as atividades nas quais o aluno participa possibilitem uma
maior ou menor grau de amplitude e profundidade dos significados construídos
e, sobretudo, o Orientador Pedagógico que assume a responsabilidade de
orientar esta construção numa determinada direção.
Em outros termos, o professor guia o processo de construção de
conhecimento do aluno, fazendo-lhes participar em tarefas e atividades que lhe
permitem construir significados cada vez mais próximos aos que os conteúdos
do currículo escolar possuem. O professor é pois um guia e o Orientador
Pedagógico um mediador.
Para GOULART (1987) essas experiências são produtos de sua
própria atividade e se integram em esquemas psíquicos ou modelos
elaborados por ela.(p.14)
Piaget denomina assimilação ao processo de absorção do que é
oferecido pelo mundo que nos rodeia e a organização de experiências em torno
das atividades que as produzem. Para ele, a assimilação é continuamente
modificada pelo processo paralelo de acomodação.
A acomodação é um processo mediante o qual nosso organismo se
modifica, no sentido de adaptar-se às novas experiências que surgem; a
modificação depende, fundamentalmente, do tipo de experiência adquirida.
Muitas aquisições feitas resistem aos esquemas de atividade a que a criança
está acostumada e impõem mudanças a esses esquemas; outras, produzem
novos resultados, que enriquecem ao alcance ou a gama dos esquemas.
Assim, sendo a criança o próprio agente de seu desenvolvimento, os
processos assimilativos estendem seu domínio e a acomodação leva a
23
modificações da atividade. Do equilíbrio desses dois processos advém uma
adaptação ao mundo cada vez mais adequada e uma conseqüente
organização mental.
Como é possível perceber, a obra de Piaget ajuda a compreender
a sequência de desenvolvimento do modelo de mundo que uma criança vai
construindo ao de cada período de sua vida.
Deste modo, é possível compreender por que as mensagens são
interpretadas diferentemente, conforme o nível do desenvolvimento lógico da
criança; e também, o porque dos “erros” cometidos, percebendo-os como
resultados de uma maneira particular de interpretar a realidade, a partir de um
modelo particular de mundo que se tem.
É esse modelo particular de mundo da criança e não o do professor
que se tem de levar em conta quando se realiza o ensino. Além disso, a
construção de novos modelos, mais evoluídos, só é possível graças à atividade
do próprio aluno, que é agente de seu desenvolvimento, ao professor que é um
facilitador da aprendizagem e ao Orientador Pedagógico, que designa o
caminho a ser seguido.
24
CAPÍTULO III
AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET PARA
EDUCAÇÃO
As contribuições de Piaget para educação tem sido, até hoje,
inestimável devido às indicações sobre o estágio adequado a serem ensinados
determinados conteúdos às crianças, sem desrespeitar suas reais
possibilidades mentais, ou seja, de acordo com seu desenvolvimento
intelectual e afetivo.
Apesar de os professores do ensino fundamental I serem os que mais
se preocupam com a aprendizagem de seus alunos, a falta de compreensão do
desenvolvimento desses alunos os levam a cometerem falhas, propondo as
situações problemáticas em momento inoportuno ou de forma inadequada.
De outro lado, a preocupação com os programas de ensino impede os
professores das últimas séries de analisarem as condições dos alunos; o que
interessa é ir em frente, ensinar novas coisas. Parece-nos que os professores
ficam tão ansiosos para ensinar que não podem esperar que os alunos
aprendam.
A melhor forma de ensinar é aquela que se baseia numa forma
particular de se aprender.
Segundo GOULART (1987) para que a criança aprenda é necessário
que ela compreenda. ( p.18)
Uma aprendizagem compreensiva requer que o professor conheça o
processo de pensamento do aprendiz, apresente problemas que lhe pareçam
interessantes e para os quais ele possa oferecer resposta. Isto significa, em
outras palavras, que o professor precisa sondar a prontidão da criança antes
25
de planejar o ensino. É nesse ponto que o Orientador Pedagógico atua
juntamente com o professor, a fim de traçar estratégias para se chegar ao
ponto que será o de partida.
3.1 – A perspectiva Piagetiana
A única maneira de ser ativo, na perspectiva de Piaget, consiste em
deixar que as crianças organizem suas atividades a partir de um objetivo mais
ou menos preciso.
O desenvolvimento cognitivo é, pois, um processo social; a interação
com outras pessoas tem importante papel no desenvolvimento das operações
lógicas. Logo, a cooperação influencia signitivamente a visão de mundo do
sujeito e lhe permite evoluir de uma perspectiva subjetivista para a objetividade.
Costuma-se, por este motivo, falar de co-operação para se fazer referência a
este processo de desenvolvimento das operações no convívio social.
A questão importante para os educandos e pais é saber o que é que
permite que algumas crianças se tornem adultos moralmente autônomos.
A resposta de Piaget para esta pergunta era a de que os adultos
reforçam a heteronomia natural das crianças, quando usam recompensas e
castigos, e estimulam o desenvolvimento da autonomia quando intercambiam
pontos de vistas com as crianças. ( KAMII, 1990. P.106)
Se queremos que as crianças desenvolvam autonomia moral, devemos
reduzir nosso poder de adulto, abstendo-nos de usar recompensas e castigos e
encorajando-as a construir por si mesmas seus próprios valores morais.
Por exemplo, a criança terá possibilidade de pensar sobre a
importância da honestidade somente se, ao invés de ser punida por contar
26
mentiras, ela for confrontada com o fato de que outras pessoas não podem
acreditar ou confiar nela.
3.2 – A verdadeira essência da autonomia
A essência da autonomia é que as crianças tornem-se aptas a tomar
decisões por si mesmas. Mas a autonomia não é a mesma coisa que liberdade
completa. A autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes
para decidir, agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade
quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
Para KAMII (1990) quando uma pessoa leva em consideração os
pontos de vista das outras, não está mais livre para mentir, quebrar promessas
e ser leviano. (p.108)
O desenvolvimento da inteligência é interpretado como parte do
processo de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, numa direta referência
ao processo biológico de interação adaptativa entre organismo e meio
ambiente.
A epistemologia é interpretada não como uma teoria sobre como a
mente humana torna-se cada vez mais capaz de conhecer o real, de captá-lo,
de representá-lo, mas sim uma teoria sobre como a mente humana interioriza
ações viáveis em termos de adaptatividade. Assim, como o conhecimento é
algo que se refere não ao mundo exterior, mas sim aos processos e às
estruturas de percepção e ação do sujeito.
As conclusões principais são relativas à própria natureza do
desenvolvimento intelectual, refere-se essencialmente às atividades do sujeito,
e da ação sensório-motora às operações mais interiorizadas, o motor é
constantemente uma operatividade irredutível e espontânea.
Para Piaget (1970)
27
ela é o produto de sucessivas construções, e o fator principal
desse construtivismo é um equilíbrio por auto-regulações que
permitem remediar as incoerências momentâneas , resolver os
problemas e superar as crises ou os desequilíbrios por uma
elaboração constante de novas estruturas que a escola pode
ignorar ou favorecer, segundo os métodos empregados. ( p.27)
Como essas citações do próprio Piaget não deixam dúvidas, não
se trata de afirmar que ele ignorasse a existência da transmissão social e
educativa. Trata-se, isto sim, de que, para Piaget, a inteligência não se
desenvolve movida por essa transmissão , mas sim movida por um processo
espontâneo de auto-regulações. Além disso, como foi visto nas citações acima,
mesmo no caso da educação escolar.
Piaget fazia fortes restrições ao papel da transmissão, que deveria
reduzir-se aos aspectos arbitrários convencionais do conhecimento, posto que
os aspectos lógicos, racionais, deveriam ser “reconstruídos” ou “redescobertos”
por meio de uma atividade espontânea.
Nessa perspectiva, a escola favoreceria o desenvolvimento intelectual
do indivíduo se utilizasse métodos que favorecessem essas descobertas em
lugar da transmissão de conhecimentos, reservando esta somente para os
casos em que ela é inevitável.
Para Piaget, a unidade básica de análise, seja essa análise
epistemológica, psicológica ou sociológica, é a interação entre sujeito e objeto,
seja este um objeto no sentido escrito do termo ou outro ser humano. Por essa
razão é que esse modelo é chamado de interacionista.
O ponto de partida teórico de Piaget é a ação pro meio da qual o
indivíduo interage como meio. É da análise dessas interações no
comportamento mesmo que no processo então a explicação das
28
representações coletivas ou interações, modificando a consciência dos
indivíduos. Piaget entende que toda conduta supõe três elementos: os fatores
orgânicos, a interação entre os sujeitos e os objetos e a interação entre o
sujeito e os outros sujeitos.
Podemos então considerar que a unidade de análise de Piaget é
essa interação entre indivíduo e objeto e entre indivíduo e indivíduo. Nessa
unidade já estaria então contida a dinâmica essencial dos processos
biológicos, psicológicos e sociais.
É assim que a relação entre o sujeito e o objeto material, modifica
o sujeito e o objeto ao mesmo tempo pela assimilação deste àquele, e pela
acomodação do sujeito ao objeto. Mas se a interação entre sujeito e objeto os
modifica, é forte a evidencia que cada interação entre sujeitos individuais
modificará os sujeitos, uns em relação aos outros.
Cada relação social constitui, por conseguinte, uma totalidade nela
mesma, produtiva de características novas e transformando o indivíduo à
totalidade nela mesma, produtiva de uma mesma sociedade, há pois
continuidade e, definitivamente, a totalidade assim concebida aparece como
consistindo não de uma soma de indivíduos, nem de uma realidade superposta
aos indivíduos, mas de um sistema de interações modificando estes últimos em
sua estrutura própria.
Piaget considera que sua concepção sobre a totalidade social é
uma terceira via a duas outras: 1) a concepção que vê a sociedade como uma
somatória das características individuais e 2) a concepção que vê a totalidade
social como “ social realidade superposta aos indivíduos”. Piaget acredita estar
assim superando esses dois tipos de concepções “substancialistas”, cuja
explicação causal dá prioridade ao espírito, sendo casos de algumas
concepções psicológicas a prioridade atribuída a uma consciência individual e,
no caso de algumas concepções sociológicas, a prioridade atribuída a uma
consciência coletiva.
29
Assim, Piaget entende estar superando essas posições unilaterais, que
partem da pressuposição da existência de uma substância primordial (na
consciência individual ou na coletiva), atribuindo a prioridade aos mecanismos
auto-reguladores universais, isto é, mecanismos de equilibração.
Na vida social, como na vida individual, o pensamento procede da
ação, e uma sociedade é essencialmente um sistema de atividades, cujas
interações elementares consistem, no sentido próprio, em ações se
modificando umas às outras, segundo certas leis de organização ou de
equilíbrio.
30
CAPÍTULO IV
O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA O CONHECIMENTO
O cotidiano da escola implica um série de relações: professor x aluno,
professor x pais, professor x professor, professor x orientador, etc.
Quando as coisas correm bem, não damos conta da complexidade
envolvida nessas relações. Conflitos, desencontros, rivalidades, disputas, estão
frequentemente presentes e nos vemos às voltas com situações que
atrapalham o desenvolvimento pedagógico.
É importantíssimo a participação do orientador pedagógico na escola; o
professor precisa muito dele, para poder desenvolver um bom trabalho em sala
de aula, interagindo, com a realidade do aluno e com a família. O professor
precisa respeitar a individualidade e vivências de cada aluno.
COLL (1996) afirma:
“Os alunos formam seu próprio conhecimento por diferentes
meios:por sua participação em experiências diversas, por
exploração sistemática do meio físico ou social, ao escutar
atentamente um relato ou uma exposição feita por alguém sobre
um determinado tema, ao assistir um programa de televisão, ao
ler um livro, ao observar os demais e os objetos com certa
curiosidade e ao aprender conteúdos escolares propostos por seu
professor na escola”. (p.95)
O autor diz que o professor precisa respeitar a individualidade e
vivência de cada aluno, buscando a participação, o interesse e a confiança
para dentro da sala de aula.
31
O professor para conquistar seus alunos, precisa primeiramente
elaborar e executar uma aula que chame a atenção deles, com bastante
dinamismo, não uma aula totalmente centrada no próprio interesse do
professor; ele precisa ter uma visão global da turma, de que necessitam,
enriquecendo suas aulas com novidades e sempre buscando a participação da
turma. A pessoa mais indicada dentro da escola, para orientar e mediar esse
trabalho do professor, é o Orientador Pedagógico.
4.1 – O papel do Orientador Pedagógico e suas contribuições
O Orientador Pedagógico é responsável pelo planejamento curricular e
deve trabalhar em conjunto com os professores, estabelecendo diretrizes para
que o currículo seja o melhor possível e o desenvolvimento do ensino seja
adequado ao aluno. É responsável pela formação continuada do professor.
Promove estudos e reflexões para que juntos encontrem estratégias para
melhorar o desempenho escolar dos alunos.
A Orientação Pedagógica possui funções múltiplas e significativas que
se desenvolvem como:
· Preventiva: Consiste em acompanhar o processo pedagógico, a fim de
obtermos resultados positivos na melhoria do ensino - aprendizagem.
· Construtiva: Auxiliar o professor a superar suas dificuldades de maneira
positiva e cooperativa.
· Criativa: Estimular a iniciativa do professor, buscar novos caminhos,
pesquisar e criar novos recursos do ensino.
Segundo Freire (1987) o professor não pode exercer sua função
sendo metódico e mecânico.
32
“... faz parte da sua tarefa docente não apenas ensinar
conteúdos mas também ensinar a pensar certo. Daí a
impossibilidade de vir a torna-se um professor crítico se,
mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor
cadenciado de frases e de ideias inertes do que um desafiador”.
(p.29)
Ele diz que o professor sendo apenas um transmissor de
conteúdos, não vai conseguir fazer com que seus alunos desenvolvam a
capacidade de analisar, pensar, criticar, já que tudo é feito tradicionalmente.
O Orientador Pedagógico tem que reforçar a criticidade,
criatividade, curiosidade dos seus professores. Eles não devem padronizar
suas aulas, rotular seus alunos e sim trocar experiências com eles.
Freire relata que “quem ensina ao ensinar e quem aprende ensina
ao aprender”. É muito importante que haja essa relação entre orientador e
professor, para que em conjunto, preparem uma aula, visando como centro da
aprendizagem o aluno.
O Orientador Pedagógico enfrentará diversas dificuldades ao
longo da vida escolar, precisa aprender a lidar com diferenças e conflitos e
principalmente saber trabalhar coletivamente. Para haver uma boa relação do
orientador com o professor, é preciso uma cumplicidade, entendimento,
amizade, para que o ambiente se torne agradável, pois é muito importante que
ele seja harmonioso, acolhedor e prazeroso, para que se tenha sucesso na
prática pedagógica.
Compete ao orientador realizar uma importante tarefa de integrar-
se ao processo educativo, mediando, sugerindo, organizando visando à
cooperação, à iniciativa, à autonomia, propondo situações e servindo de
alavanca ao processo de construção de seus professores. O professor só
entrará no mundo mágico de suas crianças se também deixar-se envolver pelo
33
prazer de realizar cada atividade, experimentando-as tendo compromisso com
o futuro, no presente da sala de aula e ter responsabilidades no
desenvolvimentos de seus alunos.
Freire (1992) relata muito bem isso em sua obra:
“É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver,
encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo
que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece seu
ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela
paixão”. (p.11)
É também papel do Orientador Pedagógico, orientar o professor
em respeitar a autonomia dos alunos, respeitar a linguagem, a curiosidade, o
gosto. Ele precisa saber trabalhar esses fatores em cada aluno.
Além de toda dedicação do orientador e do professor, a participação da
família é fundamental para escola, sendo com incentivo, ou com uma
participação efetiva, valorizando as tarefas e experiências vividas no universo
escolar.
Piaget (1972) define muito bem essa relação:
“Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais
leva pois a muita coisa mais que a uma informação mútua: este
intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e,
freqüentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao
aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais
dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um
interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma
divisão de responsabilidades...” ( p.50)
34
É preciso que o professor tenha ousadia, para realizar tudo que almeja
e é o que espera o Orientador Pedagógico, cada vez mais, que o professor se
modifique para melhor, buscando sempre a aprimoração e a dedicação.
Cabe, ao profissional tomar para si a responsabilidade de educar; de
trocar; inovar e de lutar para melhorias. O desejo maior do Orientador
Pedagógico é que haja professores prontos para encarar as dificuldades e que
sejam capazes de solucionarem juntos e que tenham também o apoio da
direção da escola, da família, da sociedade, enfim de todos que direta ou
indiretamente participam do universo escolar.
4.2 – Pressupostos da Orientação Pedagógica
A Orientação Pedagógica tem como pressuposto para sua prática a
formação integral do educando, com vista a promover a qualidade do processo
de ensino/aprendizagem. O trabalho reveste-se de grande importância,
complexidade e responsabilidade. Cabe destacar ainda que se trata de um
trabalho que deve estar articulado com os professores, uma parceria para
melhoria da qualidade da educação.
Para realizar seu planejamento com sucesso, o mesmo deve integrar e
sensibilizar o corpo docente em suas ações.
Neste sentido, é preciso que o Orientador Pedagógico tenha em mente
que os professores são o grande ponto de apoio para o desempenho das
funções, devendo assim, manter um estreito relacionamento e maior
envolvimento com eles nas atividades do dia a dia.
Conforme nos relata muito bem Piaget (1972):
Uma ligação estreita e continuada entre leva pois a muita coisa
mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba
resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em
35
aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida
ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar,
reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola,
chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades...”
(p.50)
Constitui-se em um agente de mudanças, no sentido de dinamizar o
trabalho, nas diversas situações que necessitem de sua atenção. Pra tal
precisa ser um líder, encarregado de motivar, desenvolver lideranças baseados
em aspectos como, o clima de diálogo, os problemas de ordens pessoais, a
qualidade, a importância de sentir-se valorizado, ou seja, praticar relações
humanas eficientes, aprofundar os conhecimentos, progredir nos processos de
ação e melhorar a cada dia o processo educativo.
Alguns fatos do cotidiano do trabalho exigem do Orientador
Pedagógico um comportamento comprometido com o processo educativo da
escola, refletir para a busca de soluções, ter atitude humanista, como respeito
ao próximo, e principalmente descobrir maneiras de despertar nas pessoas
necessidades de comportamentos diferentes.
A Orientação Pedagógica realmente funciona, quando o profissional
reconhece a importância de seu papel como ator social e exerce a sua função
política com consciência e comprometimento.
36
CONCLUSÃO
Jean Piaget com a construção da teoria da construção do
conhecimento não teve intenção pedagógica, porem, ofereceu importantes
princípios para orientar tal prática.
Em seus trabalhos Piaget demonstrou que o sujeito humano
estabelece desde o nascimento uma relação de interação com o meio.
Segundo ele, na relação da criança com o mundo físico e social que promove
seu desenvolvimento cognitivo.
Piaget preocupou-se com vários aspectos do conhecimento, dando
ênfase principal ao estudo da natureza do desenvolvimento de todo
conhecimento, principalmente, no desenvolvimento intelectual da criança. Sua
preocupação central foi o estudo dos processos de pensamento presente,
desde a infância até a idade adulta.
Como visto, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por
estágios, e o conhecimento destas informações, ajudam o Orientador
Pedagógico a direcionar o professor a melhorar sua prática. Deve-se tornar os
conteúdos pedagógicos proporcionais a capacidade dos alunos. Piaget afirmou
que a criança é um pesquisador em potencial considerando que levantando
hipóteses sobre o mundo, ela constrói e amplia seu conhecimento.
Assim, Piaget mostrou que a criança num processo ativo de contínua
interação, procura entender quais os mecanismos que o sujeito usa nas
diferentes etapas da vida, para poder entender o mundo.
Nesse processo, o educador exerce papel fundamental em que ser
construtivista é proporcionar um conflito cognitivo para que novos
conhecimentos sejam produzidos.
37
Ainda mais, para Piaget, o conhecimento é construído na experiência e
a permissão da construção da autonomia moral dá-se pelo estabelecimento da
cooperação e do respeito mútuo. Dentro da escola, isso significa democratizar
as relações para formar sujeitos autônomos.
Dentre essas questões, é possível concluir que, em se tratando do
desenvolvimento autônomo dos sujeitos, somente é possível conduzir o
processo educativo no sentido de uma prática afetiva, crítica e libertadora à
medida que se assume o desafio de ir além do repasse mecânico de
conhecimento e abraçar-se o compromisso de entender o processo educativo
como um processo construído por sujeitos históricos, está nesse ponto a
grande importância que tem Orientador Pedagógico na construção do processo
educativo.
O conhecimento deve ser visto como uma construção em constante
processo. Isso pressupõe entender que a criança é capaz de criar, recriar e
experimentar de forma autônoma, impulsionando seu próprio desenvolvimento.
Nesse sentido, pode-se concluir que o ato de errar não pode ser visto como
falha e sim, como um momento necessário da aprendizagem, considerando-se
que a ausência do erro denuncia a ausência da experimentação e,
consequentemente, a ausência da aprendizagem.
Ainda mais, que o papel do professor não é o do detentor do saber,
mas o facilitador do processo ensino-aprendizagem. O aluno não é mero
receptor de conhecimento, mas agente ativo que constrói o conhecimento.
Sendo assim, a relação professor-aluno deve ser de respeito mútuo e
cooperação.
Por fim, para aplicação de uma teoria é preciso levar em conta a
realidade sócio-cultural dos alunos, para que não se caia no risco de reproduzir
e de copiar mecanicamente determinada concepção de educação. Deste
modo, deve-se considerar que a criança é um ser ativo que compara, exclui,
ordena, categoriza, reforma, comprova, formula hipóteses, reorganiza em ação
38
interiorizada ou em ação afetiva, quer dizer, compreende e efetiva tal
aprendizado e, sendo assim, todas estas características merecem significativa
atenção.
Conclui-se que dentre as questões relacionadas a prática pedagógica,
a compreensão das diversas teorias da aprendizagem possibilitam ao educador
conhecer como se dá a aprendizagem nos educandos, e mais do que isso,
como desenvolver o ensino de maneira com que as crianças aprendam.
Sendo assim, enquanto Orientador Pedagógico deve-se ter
compreensão plena de como se dá o processo de aprendizagem pelo
educando, para assim, orientar os professores a desenvolver a prática
educativa que realmente contribua com o desenvolvimento, enquanto sujeito da
educação.
39
BIBLIOGRAFIA
BEARD, Ruth M. Como a criança pensa: A Psicologia de Piaget e
suas aplicações educacionais. São Paulo: IRASA, 1969.
COLL, César e outros. O construtivismo na sala de aula. São Paulo:
ÁTICA, 2006.
FLAVEL, Jonh. A Psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget.
São Paulo: 5ª ed. PIONEIRA, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa. 15ª ed. Rio de Janeiro: PAZ E TERRA, 2000.
GOULART, Íris Barbosa. Piaget experiências básicas para utilização
pelo professor. 4ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
GRINSPUN, Mirian P.S.Zippin. A Orientação Educacional - Conflito
de Paradigmas e Alternativas para a Escola. 3ª ed. Rio de Janeiro: CORTEZ
GRINSPUN, Mirian P.S.Zippin. Supervisão e Orientação
Educacional. 3ª ed. Rio de Janeiro: CORTEZ.
KAMII, Constance. A Criança e o número: Implicações
educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares. 21º ed.
Campinas, São Paulo: PAPIRUS, 1996.
LIMA, Lauro de Oliveira. Conceitos fundamentais de Jean Piaget
(vocabulário). Rio de Janeiro: MOBRAL, 1980.
40
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Zahar, BRASÍLIA, INL, 1975.
____________. Para onde vai a educação? 4ª ed.Rio de Janeiro:
LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITORA. 1976
____________. A gênese do número na criança. 2ª ed. Rio de
Janeiro: ZAHAR, 1975.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PRESSUPOSTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DO 10
CONSTRUTIVISMO
1.1 – O SENTIDO DO CONSTRUTIVISMO
NA EDUCAÇÃO 13
1.2 – A VISÃO CONSTRUTIVISTA 14
CAPÍTULO II A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SEGUNDO
PIAGET 17
2.1 – A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 19
2.2 – HOMEM X CONHECIMENTO 20
CAPÍTULO III
AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET PARA
EDUCAÇÃO 24
3.1 – A PERSPECTIVA PIAGETIANA 25
3.2 – A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA AUTONOMIA 26
CAPÍTULO IV O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA O CONHECIMENTO 30
42
4.1 – O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E SUAS
CONTRIBUIÇÕES 31
4.2 – PRESSUPOSTOS DA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA 34
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO E
SUA INTEGRAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Autor: Aline Jacques Lourenço
Data da entrega: 25/01/2011
Avaliado por: Mônica Melo Conceito: