UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA
CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Por Baacuterbara de Oliveira Henrique
Orientador
Profordf Fabiane Muniz
Rio de Janeiro 2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA
CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Arteterapia na
Educaccedilatildeo e Sauacutede
Por Baacuterbara de Oliveira Henrique
3
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros
agradecimentos a minha
matildee amiga de todas as
horas a meu pai a Juacutenior
meu filho meu melhor
amigo e a Murilo o homem
que se fez importante em
minha vida A todos o meu
muito obrigado pela forccedila
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico a presente monografia a minha
matildee grande amiga a meu paiao meu
filho e melhor amigo e ao meu amor
Murilo como forma de agradecimento
pela forccedila que me deram e pela
paciecircncia que tiveram comigo
5
RESUMO
A presente monografia explora o lado praacutetico do
pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e
como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees
derivadas apenas de papel madeira objetos
reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem
ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia
e na psicologia
Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de
materiais os quais aguccedilam a criatividade na
construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos
sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo
da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem
como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo
construiacutedos com materiais que quase sempre
achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma
caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam
feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela
tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA
CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Arteterapia na
Educaccedilatildeo e Sauacutede
Por Baacuterbara de Oliveira Henrique
3
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros
agradecimentos a minha
matildee amiga de todas as
horas a meu pai a Juacutenior
meu filho meu melhor
amigo e a Murilo o homem
que se fez importante em
minha vida A todos o meu
muito obrigado pela forccedila
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico a presente monografia a minha
matildee grande amiga a meu paiao meu
filho e melhor amigo e ao meu amor
Murilo como forma de agradecimento
pela forccedila que me deram e pela
paciecircncia que tiveram comigo
5
RESUMO
A presente monografia explora o lado praacutetico do
pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e
como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees
derivadas apenas de papel madeira objetos
reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem
ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia
e na psicologia
Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de
materiais os quais aguccedilam a criatividade na
construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos
sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo
da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem
como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo
construiacutedos com materiais que quase sempre
achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma
caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam
feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela
tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
3
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros
agradecimentos a minha
matildee amiga de todas as
horas a meu pai a Juacutenior
meu filho meu melhor
amigo e a Murilo o homem
que se fez importante em
minha vida A todos o meu
muito obrigado pela forccedila
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico a presente monografia a minha
matildee grande amiga a meu paiao meu
filho e melhor amigo e ao meu amor
Murilo como forma de agradecimento
pela forccedila que me deram e pela
paciecircncia que tiveram comigo
5
RESUMO
A presente monografia explora o lado praacutetico do
pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e
como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees
derivadas apenas de papel madeira objetos
reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem
ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia
e na psicologia
Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de
materiais os quais aguccedilam a criatividade na
construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos
sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo
da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem
como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo
construiacutedos com materiais que quase sempre
achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma
caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam
feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela
tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico a presente monografia a minha
matildee grande amiga a meu paiao meu
filho e melhor amigo e ao meu amor
Murilo como forma de agradecimento
pela forccedila que me deram e pela
paciecircncia que tiveram comigo
5
RESUMO
A presente monografia explora o lado praacutetico do
pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e
como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees
derivadas apenas de papel madeira objetos
reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem
ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia
e na psicologia
Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de
materiais os quais aguccedilam a criatividade na
construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos
sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo
da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem
como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo
construiacutedos com materiais que quase sempre
achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma
caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam
feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela
tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
5
RESUMO
A presente monografia explora o lado praacutetico do
pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e
como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees
derivadas apenas de papel madeira objetos
reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem
ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia
e na psicologia
Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de
materiais os quais aguccedilam a criatividade na
construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos
sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo
da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem
como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo
construiacutedos com materiais que quase sempre
achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma
caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam
feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela
tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
6
eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos
com plantas banquetas etc aquele cooler de
computador que aparentemente natildeo serve mais
certamente se transforma em uma televisatildeo ou um
ventilador dentre muitos outros materiais que soacute
olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que
meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos
que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e
por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit
assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na
escultura de mini doces e outros adereccedilos que
compotildeem o espaccedilo a ser criado
A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda
realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute
presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca
desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito
A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma
grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais
sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas
impossibilidades bem como qualquer bloqueio em
suas vidas
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em
livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em
oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 10
CAPIacuteTULO I -
O que eacute criatividade 12
I- Fases da criatividade 14
CAPIacuteTULO II -
O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17
I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17
II- O tamanho da construccedilatildeo 18
III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18
propriedades em Arteterapia
IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20
CAPIacuteTULO III-
O Simbolismo das cores 22
I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23
II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
9
III ndash Caracteriacutesticas das cores 26
IV ndash Os significados das cores 27
V ndash Sistema Cromaacutetico 29
CONCLUSAtildeO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
10
INTRODUCcedilAtildeO
O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida
em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando
ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa
em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a
certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado
Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final
pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um
novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo
criativo que nos leva a um resultado final
Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas
teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que
natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito
seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO
Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de
motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar
mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar
O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o
potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo
De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um
sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem
vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando
formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico
que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo
O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como
associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e
psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
11
Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser
humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das
potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
12
CAPIacuteTULO I
O QUE Eacute CRIATIVIDADE
Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias
novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer
aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes
novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em
seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo
desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a
referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da
seguinte forma
Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes
magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus
raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o
interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso
com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos
somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma
magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de
maneira suave discreta A energia eacute a mesma a
capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)
Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no
assunto
No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que
tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo
direta
Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que
dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
13
uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute
a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico
uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a
ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo
Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do
Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa
promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que
tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento
representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar
novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho
importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute
necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a
correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas
formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade
pode ser construiacutedardquo
Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos
Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de
espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era
atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes
Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar
torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade
Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999
prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade
ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc
tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade
natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo
Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno
das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com
fins terapecircuticos
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
14
A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos
estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute
inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto
niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo
Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na
infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e
incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de
forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a
criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar
o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de
perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e
revelam suas habilidades criativas
Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave
organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada
I - FASES DA CRIATIVIDADE
1Apreensatildeo
Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma
escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a
uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e
comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido
No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de
criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de
um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
15
2Preparaccedilatildeo
Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais
informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na
escolha dos materiais a serem utilizados
3 Incubaccedilatildeo
Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado
fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da
obra
4 Iluminaccedilatildeo
Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute
possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior
quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra
5 Certificaccedilatildeo
Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos
em praacutetica o objetivo
As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes
somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse
poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas
criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista
que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada
faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute
aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com
unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
16
noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar
o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este
presente em todos noacutes
O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade
porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e
instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o
resultado direto de sua liberdade
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
17
CAPIacuteTULO II
O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS
Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar
estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e
elaborar
A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento
construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se
desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos
caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes
e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico
etc)
A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem
equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando
desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo
de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas
Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de
sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o
seu siacutembolo central
IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES
Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os
significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total
abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
18
plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que
reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo
maior
Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de
pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente
imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo
Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por
meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto
evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo
IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS
Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura
profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da
horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo
III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E
PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA
Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja
observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o
trabalho qual foi a forma
que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na
estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo
A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos
espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como
madeira papel arame
sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar
(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
19
- Construccedilatildeo em Madeira
Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a
espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia
Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que
leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o
que necessita para construir o objeto
-Construccedilatildeo com Sucata
Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar
diferentes propriedades de cada tipo de material
-Construccedilatildeo com arame
A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado
dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos
limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade
Modelagem em argila
A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e
teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas
1996)
As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior
for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo
melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o
mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada
Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os
acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
20
Pintura
A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma
apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a
sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo
(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a
compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)
IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO
Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen
Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de
gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um
paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e
completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os
grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso
saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos
entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o
instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente
sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais
proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio
da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o
inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo
nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo
Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus
mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A
Poeacutetica do Espaccedilo p 362)
A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa
chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
21
enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um
habitante do mundo
ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de
energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)
A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas
demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas
bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute
ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o
espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si
proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo
e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos
um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um
espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma
pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que
fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave
partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo
Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por
ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a
convergecircncia dos seus temas mais pessoais
O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e
comunicaccedilatildeo
Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da
criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente
Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual
mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de
observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
22
CAPIacuteTULO III
O SIMBOLISMO DAS CORES
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende
menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da
consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees
interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas
as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa
compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo
se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do
conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos
conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido
para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
23
I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR
ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em
direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente
pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia
expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)
O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute
sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos
aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes
presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se
modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre
outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas
durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e
natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta
os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que
apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre
uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos
graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de
sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na
anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
24
II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE
A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao
analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores
dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como
ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam
estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados
pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir
A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne
F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo
inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis
inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a
comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores
bastando apenas observar
Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos
atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim
alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no
campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir
desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a
personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor
sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou
desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou
passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais
estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as
inclinaccedilotildees pessoais
A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas
funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de
julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
25
cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam
essas funccedilotildees associadas agraves cores
AzulPensamento
Vermelho Sentimento
AmareloIntuiccedilatildeo
Verde Sensaccedilatildeo
(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de
Chevalier)
Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de
cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as
respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e
mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)
Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a
preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja
muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de
amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos
estaacutegios de desenvolvimento
Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como
principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do
conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia
preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores
apresentadas em piracircmide
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
26
III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES
As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas
duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias
(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar
indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas
Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto
para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem
valores de luminosidade
Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e
todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul
proporcionalmente)
As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia
excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se
expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva
das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para
obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores
correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade
As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma
reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de
ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho
por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e
contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores
Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves
as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais
escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento
Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no
disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-
versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam
Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam
para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
27
o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e
social
Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas
imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as
cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees
No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando
colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma
cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer
positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as
diferenccedilas e redefinir seu significado
IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR
As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem
cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas
e tranquumlilas entre outros
Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar
as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que
durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem
finalidades e funcionalidades praacuteticas
Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e
receber informaccedilotildees
O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se
liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa
sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade
O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute
associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
28
O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor
que transmite estabilidade sucesso e qualidade
O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave
melancolia e ao claacutessico
O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo
mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder
O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila
O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma
O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute
associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite
otimismo Estaacute associada ao Veratildeo
O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor
ativa que significa movimento e espontaneidade
0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor
do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou
monotonia
O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor
O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e
responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e
simplicidade
O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e
respeito
O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
29
O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo
O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso
carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e
delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo
O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia
O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas
tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo
O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave
riqueza a algo majestoso
V - O SISTEMA CROMAacuteTICO
Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas
Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional
Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo
Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
30
objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores
A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz
Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz
Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris
A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento
A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores
Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
31
CONCLUSAtildeO
Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da
criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-
Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas
se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da
autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da
imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado
estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
32
BIBLIOGRAFIA
1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos
sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de
Janeiro Joseacute Olympio 1996
2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de
Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994
3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e
alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
33
34
- AGRADECIMENTOS
-
34
- AGRADECIMENTOS
-