MINISTRIO DA EDUCAO

SECRETARIA DE EDUCAO PROFISSIONAL E TECNOLGICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

CMPUS PALHOA BILNGUE

SERGIO MURILO DOS SANTOS JUNIOR

GRAND BUDAPEST HOTEL:

A HISTRIA DE UM HOTEL CARREGADO DE HISTRIAS.

Palhoa

2016

SERGIO MURILO DOS SANTOS JUNIOR

GRAND BUDAPEST HOTEL:

A HISTRIA DE UM HOTEL CARREGADO DE HISTRIAS.

Trabalho apresentado unidade curricular

Linguagem e Esttica Audiovisual do Curso

Superior de Tecnologia em Produo

Multimdia do Campus Palhoa Bilngue do

Instituto Federal de Educao, Cincia e

Tecnologia de Santa Catarina.

Palhoa

2016

LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1 - Plano geral. ............................................................................................................ 7

Figura 2 - Plano mdio. .......................................................................................................... 7

Figura 3 - Close-up. ............................................................................................................... 7

Figura 4 - Plano americano. ................................................................................................... 8

Figura 5 - Monsieur Gustave, com seu porte elegante e confiante. .......................................... 8

Figura 6 - M. Gustave olhando o Garoto Com Ma. ............................................................. 9

Figura 7 - Demonstrativo: aspecto ratio 1.33:1 (anos 1930) .................................................. 10

Figura 8 - Demonstrativo: aspecto ratio 1.85:1 (anos 2010 e 1980) ...................................... 10

Figura 9 - Demonstrativo: aspecto ratio 2.40:1 (anos 1960) .................................................. 10

Figura 10 - Cenrio, miniaturas e inspiraes. ...................................................................... 11

Figura 11 - Figurino do elenco principal. .............................................................................. 12

Figura 12 - Cenrios, figurinos e suas cores. ........................................................................ 12

SUMRIO

1. FICHA TCNICA .......................................................................................................... 4

2. THE GRAND BUDAPEST HOTEL ............................................................................. 4

2.1 SINOPOSE .................................................................................................................... 4

2.2 A NARRATIVA DO FILME ......................................................................................... 4

3. A DECUPAGEM DO FILME ....................................................................................... 6

3.1 OS PLANOS ................................................................................................................. 7

3.2 OS ENQUADRAMENTOS ........................................................................................... 8

3.3 CENRIOS E FIGURINOS ........................................................................................ 11

3.5 PRINCIPAIS PERSONAGENS E INTERPRETAES ............................................. 13

4. CONTEXTUALIZAES .......................................................................................... 14

4.1 O FILME E SEU CONTEXTO HISTRICO .............................................................. 14

4.2 O CONTEXTO DA REALIDADE .............................................................................. 14

5. CONCLUSO .............................................................................................................. 14

6. REFERNCIAS ........................................................................................................... 15

1. FICHA TCNICA

Ttulo: O Grand Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)

Lanamento: 3 de julho de 2014.

Gnero: Comdia, drama, policial.

Dirigido por: Wes Anderson.

Produtores: Wes Anderson, Scott Rudin, Steven Rales e Jeremy Dawson

Produo executiva e produo de set: Christoph Fisser, Henning Molfenter e Charlie

Woebcken.

Roteiro por: Wes Anderson.

Estria por: Wes Anderson, Hugo Guinness.

Direo de arte por: Stephan Gessler.

Elenco: Ralph Fiennes (Monsieur Gustave H.), F. Murray Abraham (Senhor Zero Mustafa),

Mathieu Amalric (Serge X), Adrien Brody (Dmitri Desgoffe und Taxis), Willem Dafoe (J. G.

Jopling), Jeff Goldblum (Advogado Kovacs), Harvey Keitel (prisioneiro Ludwig), Jude Law

(jovem Autor), Bill Murray (M. Ivan), Edward Norton (Inspetor Albert Henckels), Saoirse

Ronan (Agatha), Jason Schwartzman (M. Jean), La Seydoux (Clotilde), Tilda Swinton

(Madame Cline Villeneuve Desgoffe und Taxis Madame D), Tom Wilkinson (O Autor j velho), Owen Wilson (M. Chuck), Tony Revolori (jovem Zero Mustafa).

Trilha sonora: Alexandre Desplat.

Edio por: Barney Pilling.

Direo de fotografia: Robert Yeoman

Fotografia: Giles Nuttgens.

Diretora de elenco: Jina Jay.

Figurino: Milena Canonero.

Estdios: American Empirical Pictures (EUA), Indian Paintbrush (EUA), Scott Rudin

Productions Babelsberg Studio (Alemanha) e TSG Entertainment (Entidade de financiamento

EUA). Distribudo por: Fox Searchlight Pictures.

Durao: 100 minutos.

2. THE GRAND BUDAPEST HOTEL

2.1 SINOPOSE

No perodo entre as duas guerras mundiais, o famoso gerente de um hotel europeu

conhece um jovem empregado e os dois tornam-se melhores amigos. Entre as aventuras vividas

pelos dois, constam o roubo de um famoso quadro do Renascimento, a batalha pela grande

fortuna de uma famlia e as transformaes histricas durante a primeira metade do sculo XX.

2.2 A NARRATIVA DO FILME

Prologo - No tempo presente, uma garota se aproxima de um monumento, dedicado um

escritor e com o nome O Autor na placa de identificao, em um cemitrio para fazer uma

homenagem, deixando um chaveiro pendurado. Em suas mos h um livro cujo narrador O Autor.

O Autor inicia a narrao do conto de sua mesa, em 1985, sobre sua viagem ao Grand Hotel

Budapeste, localizado na Repblica de Zubrowka1, estado devastado pela guerra e pobreza.

1 Um estado fictcio na Europa Central; O nome tem como origem uma marca de vodca polonesa (ubrwka).

Em 1968, o jovem Autor descobre o hotel no alto de uma montanha remota, praticamente caindo aos pedaos e a quantidade de hspedes mnima. Certa tarde, Autor encontra o j idoso

proprietrio do hotel, Zero Mustafa, que lhe conta a histria de como se tornou dono do hotel e

porque no est disposto a fech-lo.

Parte 1 M. Gustave - A histria inicia no ano de 1932, quando o hotel vivia seus dias de gloria e Zero Mustafa era apenas o mensageiro, recm-chegado aps sua terra natal ter sido

devastada pela guerra e sua famlia executada. Zero se torna amigo de Agatha, uma jovem e

talentosa confeiteira. Zubrowka est beirando a guerra, mas esse assunto pouco interessa

Monsieur Gustave H., o devoto concierge2 do hotel. O proprietrio do hotel desconhecido e

transmite as mensagens mais importantes por meio de seu representante, o Advogado Kovacs.

Quando no est atendendo aos clientes do hotel ou gerenciando sua equipe, M. Gustave

corteja as mulheres mais velhas e ricas que se hospedam no hotel e usufruem de seus servios excepcionais. Uma delas a Madame Cline Villeneuve Desgoffe und Taxis, ou Madame D, com quem Gustave passa a noite antes de sua partida.

Parte 2 Madame C. V. D. u. T. - Um ms depois, Gustave informado sobre a morte de Madame D. Ele e Zero correm para o velrio e leitura do testamento, coincidentemente

executado por Kovacs, que revela que ela havia deixado ao M. Gustave uma estimada e valiosa

pintura, Menino Com Ma3. Isso enfurece a famlia, que esperava herdar tudo. O filho de

Madame D, Dmitri Desgoffe und Taxis, ataca Gustave. Com a ajuda de Zero, Gustave rouba a

pintura e retorna ao Grand Budapeste e a coloca no cofre do hotel. No caminho, Gustave e Zero

fazem um pacto: em troca dessa ajuda de Zero, Gustave o faria seu herdeiro.

Em seguida, M. Gustave preso e encarcerado pelo assassinato de Madame D, por

estricnina4, por conta de um depoimento estranho de Serge X. O mordomo dissera que havia

visto Gustave na casa na noite do assassinato.

Parte 3 Campo de Internao Criminal Ponto 19 - Ao chegar na priso, Gustave se encontra em uma cela junto com criminosos carrancudos, mas ganha seu respeito depois de dar

uma surra5 em um dos prisioneiros que questionou sua virilidade. Gustave conta a Zero que ele tinha um libi para a noite em que Madame D foi morta, mas jamais poderia citar o nome

de sua amante aristocrata em uma corte. Zero ajuda Gustave escapar da priso enviando uma

srie de ferramentas escondidas dentro de bolos feitos por ele e Agatha, agora noiva de Zero.

Junto com um grupo de condenados, Gustave escava seu caminho para fora de sua cela.

Um dos companheiros de fuga se sacrifica, ao pular em uma sala cheia de oficiais e

mata-los com sua corta-pescoos6, para que o restante do grupo pudesse seguir em fuga. A

2 Em hotis, o concierge (Wikipedia, s.d.) um profissional que tem um balco na entrada do hotel (conciergerie,

em francs, ou conciergeria), responsvel por assistir os hspedes em qualquer pedido que estes tenham, dos

mais extravagantes ao mais simples como chamar um txi, dar informaes sobre o prprio hotel e seus servios

ou sobre a cidade e seus pontos tursticos, venda de passeios na regio, locao de carros, reservas e indicaes

de restaurantes, ligar para farmcia, floricultura ou tabacaria. Desempenha um papel de ajuda a todos

integrantes do hotel, fazendo tarefas quando solicitadas. 3 A pintura do filme, Menino Com Ma, uma obra prima da Renascena pintada por Johannes Van Hoytl, o

Jovem, uma obra fictcia encomendada por Anderson e pintada em quatro meses pelo artista Michael Taylor. 4 A estricnina (Wikipedia, s.d.) um alcaloide cristalino muito txico. Foi muito usado como pesticida,

principalmente para matar ratos. Porm, devido sua alta toxicidade, no s em ratos, mas em vrios animais

e tambm o homem, o seu uso proibido em muitos pases. 5 No dilogo original usado o termo beated the shit out of him..., uma expresso curiosa que traduzindo

literalmente seria bati a merda viva fora dele.... (Fonte da explicao, http://idioms.thefreedictionary.com/) 6 Uma arma improvisada feita a partir de lmina de barbear.

equipe de Ludwig, o companheiro de cela que arquitetou a fuga, rouba um carro e foge aps

desejar sorte a Gustave, que encontra Zero e se junta ao mensageiro para provar sua inocncia.

Parte 4 A Sociedade das Chaves Cruzadas - Gustave e Zero so perseguidos por J. G. Jopling, um assassino sangue frio que trabalha para Dmitri e que j havia decapitado a irm

de Serge X, decepado os dedos da mo direita de Kovacs e o matado em seguida, por se recusar

a trabalhar com Dmitri. Gustave liga para Monsieur Ivan, um amigo e membro da Sociedade

das Chaves Cruzadas, uma ordem de concierges que tem por intuito ajudar outros membros.

Com a ajuda de Ivan e outros concierges, Gustave e Zero viajam at um monastrio no topo de

uma montanha onde encontram com Serge, a nica pessoa capaz de limpar o nome de Gustave,

mas Serge estrangulado por Jopling antes que de revelar a localizao da segunda cpia de

um segundo testamento de Madame D.

Jopling foge, o que obriga M. Gustave e Zero a persegui-lo. No fim da fuga, Gustave

fica pendurado na beira de uma geleira, Jopling tenta derrub-lo quando Zero o empurra geleira

abaixo e salva Gustave.

Parte 5 A Segunda Cpia do Segundo Testamento - De volta ao hotel, o exrcito transforma o Grand Budapeste em um quartel. Agatha se une aos dois e concorda em encontrar

um jeito de entrar, usando seu emprego na confeitaria Mendls como disfarce, e recuperar a

pintura. Infelizmente Dmitri a reconhece.

Uma perseguio e um tiroteio caticos acontecem antes de Zero e Agatha voarem pela

janela com a pintura ainda embrulhada. A inocncia de Gustave finalmente comprovada

quando encontram a segunda via do segundo testamento, que havia sido escondida atrs da

pintura por Serge, e que s valeria se a Madame tivesse sido assassinada. O testamento dizia

que Madame D era a dona do Grand Budapeste e que M. Gustave seria o herdeiro de tudo. Zero

nomeado novo concierge e se casa com Agatha, Dmitri desaparece e Gustave se torna o

hspede mais frequente.

Eplogo - Durante uma viagem de trem pela fronteira, soldados inspecionam os

documentos de Gustave e Zero. Zero Mustafa descreve que aps defende-lo de ser preso por

sua situao de imigrante (pela segunda vez no filme), Gustave foi retirado do trem e baleado.

Dois anos depois, Agatha contrai a gripe prussiana e morre, assim como seu filho recm-nascido.

Zero herda tudo de M. Gustave e promete continuar seu legado no Hotel Budapeste.

Voltando a 1968, ironicamente, o quadro pelo qual Gustave e Zero lutaram tanto estava

pendurado esquecido e torto atrs da recepo do concierge. Zero entrega ao Autor a chave com

o escrito Sute de M. Gustave e ajusta o quadro enquanto confessa que, o real motivo para no fechar o hotel nada tem a ver com sua lealdade ao M. Gustave, ou como uma ligao ao

mundo ilusrio de Gustave, mas porque o leva aos seus ltimos momentos com sua amada Agatha e os melhores anos de sua vida.

Em 1985, o Autor termina seu memorial ao lado de seu neto.

De volta ao presente, a garota termina de ler o livro em frente esttua dO Autor.

3. A DECUPAGEM DO FILME

As principais caratersticas tcnicas usadas no filme, tais como planos, ngulos de cmera,

cenrio, cores, trilha sonora e at os tamanhos da tela (ratio) usados e atuao do elenco,

descritas e detalhadas abaixo.

3.1 OS PLANOS

O filme comea e usa bastante do plano geral. Principalmente nas cenas que se tem mais

ao, como as perseguies, ou cenas que mostram a grandiosidade do hotel.

Figura 1 - Plano geral.

Outros planos bastante escolhidos pelo Wes Anderson so: plano mdio, close-up e

plano americano.

Figura 2 - Plano mdio.

Figura 3 - Close-up.

Figura 4 - Plano americano.

3.2 OS ENQUADRAMENTOS

As escolhas de enquadramento usadas pelo diretor so, principalmente, para enaltecer a

dramatizao das cenas. Na maior parte da obra, o ngulo da cmera, relacionado ao objeto

filmado, plano. No entanto, h alguns momentos em que a cmera se posiciona abaixo (contra-

plonge) do personagem para demonstrar sua superioridade ou poder, como na cena em que a

cmera acompanha o elegante M. Gustave7 enquanto ordena os preparos para receber uma de

suas hspedes (e amante) mais estimadas.

Figura 5 - Monsieur Gustave, com seu porte elegante e confiante.

De forma contrria, h algumas cenas feitas com a cmera mirando o assunto de cima pra

baixo (plonge), dando a sensao de que o objeto filmado , de alguma forma, inferiorizado,

como no momento que se pode ver M. Gustave admirando a pintura 8que havia herdado.

7 Figura 13; notvel que a cmera se encontra quase na altura de sua cintura, direcionando a lente de forma que

o torna imponente, majestoso. 8 Figura 15; Gustave olha a pintura com devoo, reconhecendo e demonstrando quo importante o quadro que

acabara de herdar.

Figura 6 - M. Gustave olhando o Garoto Com Ma.

notvel tambm a influncia e preferncia pela composio planimtrica9 nas cenas,

muito encontrado nos filmes de Godard.

David Bordwel explica o que planimetria no cinema (2014, site de David Bordwell):

De forma breve, esse estilo envolve uma apresentao frontal da ao. Se posiciona a

pessoa contra um fundo perpendicular, como se estivesse em um alinhamento policial.

Geralmente o ator fica de frente para cmera (...) s vezes voc pode colocar os

personagens de costas para a cmera (...) a ideia chave que as pessoas e o cenrio

no sejam observados de um ngulo obliquo; se o fundo perpendicular, as pessoas

estaro 90 ou 180 graus do fundo.

A princpio essa escolha pode ter dado trabalho, pelo simples fato de Wes ter decidido

mudar o padro de ratio10 de acordo com cada poca retratada no filme.

Em uma entrevista Penelope Green, Matt Zoller Seitz explicou o que ratio (2015,

The New York Times)

O aspecto ratio o formato do frame: a proporo entre largura e altura da imagem.

Filmes antigos so classificados como ratio de 4:3 (ou 1.37:1), ento foi ampliado a

partir de 1950, para cerca de 1.85:1, e ampliado novamente, para 2.40:1. apenas um

formato diferente de imagem.

Por outro lado, a escolha de usar ratio 4:3 deu Anderson uma amplitude maior de

cenrio na parte superior da tela, acima da cabea dos personagens.

Em um depoimento ao site The American Society of Cinematographers, o diretor de

fotografia do filme, Robert Yeoman, disse:

Wes apaixonado pelas comdias dos anos 30 de Ernst Lubitsch... ns assistimos aos

filmes mais para nos familiarizarmos com o aspecto 4:3, que o Wes queria usar nas

9 Heinrich Wlfflin, artista e arquiteto alemo, chamava a disposio de objetos alinhados de disposio plana ou

composio planimtrica. 10 Ratio, (Wickionario), do ingls: proporo, quociente; do latim: razo, clculo.

tomadas de 1930 do filme. Esse aspecto nos deu possibilidades interessantes de

composio; ns podamos dar ao pblico mais rea sobre as cabeas dos personagens

do que o costume.

Ainda falando dos aspectos ratio, Wes usou a proporo 1.85:1 nas cenas que se passam

nos anos 1980 e no incio e final do filme, nos anos 2010, e ainda usou a proporo 2.40:1 nas

cenas ambientadas na dcada de 60. Essas mudanas aconteciam justamente para situar o

telespectador sobre a poca e o ponto em que a histria estava.

Figura 7 - Demonstrativo: aspecto ratio 1.33:1 (anos 1930)

Figura 8 - Demonstrativo: aspecto ratio 1.85:1 (anos 2010 e 1980)

Figura 9 - Demonstrativo: aspecto ratio 2.40:1 (anos 1960)

2.40:1

2.40:1

2.40:1

MOVIMENTOS DE CMERA

Os principais movimentos de cmera usados no filme so:

- Panormica (pan); no filme o mais comum a cmera girando, em um ponto fixo, para a

direita ou para a esquerda em um ngulo de 90.

- Panormica vertical (tilt); cenas feitas com a cmera fixa, fazendo um giro vertical em um

ngulo que varia de 60 a 90.

- Tracking (dolly ou travelling); a cmera se move em um trilho fixo, geralmente

acompanhando o objeto filmado.

- Steadicam; A cmera presa em um operador que acompanha o objeto, produzindo um plano

suave em termos de movimento, como se perseguisse o assunto filmado.

Esses dois ltimos citados so pouco usados no filme.

3.3 CENRIOS E FIGURINOS

O filme foi completamente filmado na Alemanha, em grande parte na cidade de Grlitz. A

principal locao para as filmagens internas, as cenas dentro do hotel, a Loja de

Departamentos Grlitz, do incio do sculo XX, que possui um belssimo trio de vidro no hall.

Foram confeccionadas miniaturas em escala do hotel e do bonde de trilhos inclinado que

d acesso ao hotel no alto da montanha. A arquitetura da fachada do hotel foi resultado de uma

pesquisa extensa sobre prdios e hotis pr-guerras mundiais, e as principais influncias no

design foram os hotis Palace Bristol, Grand Hotel Pupp e o Hotel Gallrt.

Figura 10 - Cenrio, miniaturas e inspiraes.

Hall de entrada do Grand Budapest . Maquete em escala do hotel.

Loja de Departamentos Grlitz vazia. Hotel Palace Bristol

O figurino, vencedor do Globo de Ouro e do Oscar em 2014, foi criado por Milena

Canonero e teve assinatura das marcas Prada e Fendi, e como principal inspirao a alfaiataria

britnica, cujo maior smbolo de representao da poca (e at hoje) o Prncipe Eduardo VII.

Os modelos retratavam a poca entre as duas grandes guerras. Madame D usava roupas

sem curvas, ainda da poca da abolio da exposio da silhueta feminina, enquanto que Agatha

usava casaco com cintura marcada e bolsos utilitrios, muito parecido com a jaqueta Norfolk

usada pelo jovem Autor. M. Gustave usava fraque, um terno de trs peas, curto na frente e longo atrs, comum na Inglaterra em pocas da prtica de esportes equestres onde se buscava

roupas confortveis.

Figura 11 - Figurino do elenco principal.

As cores de cenrio, fundo e figurino, se contrastam fortemente e so caracterstica nos

filmes de Anderson. Em momentos temos tons pasteis e neutros e com uma esttica vintage,

enquanto que em outros momentos tudo bem colorido e vivo e em tons quase exagerados.

Figura 12 - Cenrios, figurinos e suas cores.

3.4 TRILHA SONORA

A trilha toda original e foi composta por Alexandre Desplat, acompanhada por msicas

folclricas russas e composies de se Schuppel, Siegfried Behrend, e Vitaly Gnutov, e com

a performance da Orquestra do Estado de Osipov de Msica Folk Russa.

So 32 faixas, que somam quase uma hora de msicas orquestradas para que completem

as cenas junto com a sonoplastia e a ambientao, e cumprem seu papel com perfeio

completando a beleza da obra.

3.5 PRINCIPAIS PERSONAGENS E INTERPRETAES

Respeitando a ordem de listagem da ficha tcnica, temos:

Ralph Fiennes (Monsieur Gustave H.), um personagem carismtico e interpretado

majestosamente por Fiennes, que capturou e conseguiu transmitir as nuances do personagem.

Simplesmente perfeito.

F. Murray Abraham (Senhor Zero Mustafa), talvez o personagem mais complexo da

histria, com atuao impecvel e emocionante.

Mathieu Amalric (Serge X), um dos personagens chaves e misteriosos, o medo e

apreenso sempre constante nos olhos na interpretao de Amalric.

Adrien Brody (Dmitri Desgoffe und Taxis), o filho fascista e ganancioso, chega a ser

carismtico com a elegante atuao de Adrien.

Willem Dafoe (J. G. Jopling), considerada uma das melhores e mais cmicas atuaes de

Willem Dafoe, o assassino frio o personagem que d o tom de aventura e suspense ao filme.

Jeff Goldblum (Advogado Kovacs), protetor da vontade e executor do testamento de

Madame D, atuao neutra e cmica.

Jude Law (jovem Autor), o Autor quando est no hotel, atuao muito bonita de Jude Law,

deixando o personagem carismtico e com ar de curiosidade e ao mesmo tempo doente.

Edward Norton (Inspetor Albert Henckels), um inspetor inocente e querido, Norton foi

uma tima escolha para dar vida a esse personagem.

Saoirse Ronan (Agatha), a confeiteira do Mendls e grande amor de Zero, atuao linda e

sensvel.

Tilda Swinton (Madame Cline Villeneuve Desgoffe und Taxis Madame D), uma personagem difcil de fazer por conta das horas na maquiagem, o que aumenta o mrito de Tilda

na atuao que foi natural e bela.

Tom Wilkinson (O Autor j velho), o tom de pesar e, talvez, o sofrimento pelo decorrer

da doena esto claros no olhar de Tom no papel do Autor no fim da vida e da carreira.

Tony Revolori (jovem Zero Mustafa), notvel e interessante a evoluo do personagem

(e talvez da atuao) do Zero no filme, difcil pensar em outro ator nesse papel.

4. CONTEXTUALIZAES

4.1 O FILME E SEU CONTEXTO HISTRICO

A histria principal se passa no perodo entre as duas guerras mundiais. No filme, o exrcito

fascista, que usa a sigla ZZ como marca, chega a tomar posse do hotel e o transforma em quartel. Logo em seguida, quando se mostra o hotel na dcada de 1960, o luxo d espao a

decadncia. Os detalhes imperiais que esbanjavam ostentao, no existem mais. As cores

vivas, os tapetes e os ornamentos foram trocados por cores pastel, quase sem vida, ou

simplesmente retirados por falta de manuteno. Tudo isso em consequncia da cobrana

exacerbada de taxas pelo governo ps-guerra, obrigando Zero a abrir mo de toda riqueza e

bens que havia herdado de M. Gustave para manter o Grand Budapest vivo.

4.2 O CONTEXTO DA REALIDADE

O diretor deixa claro que no tem a inteno de ligar a histria com a realidade fora da tela,

e para isso ele usa de artifcios, como fazer o personagem olhar diretamente para a cmera sem

muita expresso no rosto, ou ter criado seu prprio pas, Zubrowka. Outra caracterstica que

clara de no ligar o filme com a realidade e a cenografia, miniaturas feitas a mo, e os a forma

como os personagens so perfeitamente alinhados (mesmo em camadas). A parte cenogrfica

do filme d a impresso de a histria se passar em uma casa de bonecas, onde as pessoas tambm

so bonecos.

H a troca de narradores: o telespectador v a menina lendo o livro, em seguida o Autor

contando a histria diretamente para cmera (seria para menina? Ou para o espectador?), depois

o Sr. Mustafa contando para o Autor. Em alguns momentos personagens entram no

enquadramento e olham para a cmera, mesmo no fazendo parte diretamente da cena.

O filme foi produzido nos Estados Unidos e lanado em 2014. Em plena era digital e de

vida virtual, possvel fazer uma comparao da artificialidade da histria de Wes Anderson

com a artificialidade da vida que se tem hoje pelo mundo, onde se cria conexo com um mundo

falso, porm implantado como uma memria real de um mundo que existiu, bem como no fim

do filme em que o Sr. Mustafa, ao responder uma pergunta do Autor sobre o hotel ser uma

conexo com o mundo de M. Gustave, diz ... no, aquele mundo do M. Gustave j havia sido destrudo antes mesmo que ele pudesse ter vivido nele. Mas devo dizer que ele certamente

sustentou a iluso com muita graa....

5. CONCLUSO

O filme tinha tudo para ser pesado e chato. uma histria dentro de uma histria, dentro

de uma histria, dentro de uma histria. No incio, o telespectador de fato o espectador, depois

a menina que est lendo o livro, e por fim o Autor. No entanto, uma histria rpida, bonita,

direta, divertida e prazerosa de assistir.

Cada personagem envolvente, e a narrativa, apesar de triste, pois ao fim da histria todos

os personagens esto mortos, no deixa de ser bonita e cativante.

6. REFERNCIAS

WIKIPEDIA. The Grand Budapest Hotel. Disponvel em:

. Acesso em: 26/01/2016.

THOMPSON, Kristin and BORDWEL, David. THE GRAND BUDAPEST HOTEL: Wes

Anderson takes the 4:3 challenge. Disponvel em:

. Acesso em: 26/01/2016.

SILVEIRA, William. O Grande Hotel Budapeste. Disponvel em:

. Acesso em:

26/01/2016.

RODRIGUES, Ederson. Anlise Filmica. Disponvel em:

. Acesso em: 26/01/2016.

HAGLUND, David e HARRIS, Aisha. The Aspect Ratios of The Grand Budapest Hotel.

Disponvel em:

. Acesso em: 26/01/2016.

GREEN, Penelope. Inhabiting Wes Andersons Universe. The New York Times, 14 de jan. 2015. Disponvel em:

. Acesso em: 29/01/2016

YEOMAN, Robert. Wes Andersons The Grand Budapest Hotel, shot by Robert

Yeoman, ASC, follows the whimsical adventures of a legendary concierge and his

protg. Disponvel em:

.

Acesso em: 26/01/2016.

ANTONCZYK, Kasia. Grand Budapest Hotel set design | MOVIE SET DESIGNS.

Disponvel em: . Acesso em: 01/02/2016.