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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
NO
AMBIENTE DE TRABALHO
Por: Veronica da Cunha de Carvalho e Silva
Orientador
Profa. Fabiane Muniz
Niterói
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
NO
AMBIENTE DE TRABALHO
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão de
Recursos Humanos.
Por: Veronica da Cunha de Carvalho e Silva
3
AGRADECIMENTOS
....a minha Mãe, meu Esposo, toda a
equipe da 2ª. Vara Federal Criminal-RJ,
por terem me inspirado na escolha do
tema deste trabalho e por me darem a
oportunidade de iniciar sua aplicação e
a minha orientadora, Profª. Fabiane
Muniz.
4
DEDICATÓRIA
À minha amada filha Mariana, meu maior
presente de Deus.
5
RESUMO
Um dos maiores desafios do Homem contemporâneo, é a busca
incessante por relacionamentos saudáveis e duradouros. Para isso, ele
necessita desenvolver-se, agregando valores e técnicas para seu crescimento
pessoal e profissional. O relacionamento interpessoal é fundamental para o ser
humano, uma vez que é de sua essência viver em sociedade. A competência
ou habilidade interpessoal é uma das mais exigidas dos profissionais pelas
organizações. A chave para a excelência no relacionamento interpessoal está
ligada à descoberta da percepção, como ponto de partida para conhecer a si
mesmo e aos outros, aliada a uma comunicação adequada, com atitudes
positivas, no intuito de evitar e solucionar conflitos e liderando com carisma,
amor, paixão e equilíbrio emocional. As pesquisas desenvolvidas em prol
deste trabalho focam a conscientização de profissionais acerca dos valores
essenciais para construir, rever e melhorar os relacionamentos no ambiente de
trabalho, bem como indicar potenciais ferramentas para otimizar a qualidade
humana.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tomou como base a pesquisa bibliográfica e
consulta de textos na internet acerca de ensinamentos de diversos autores a
respeito do desenvolvimento de relacionamentos entre pessoas, e de como
mantê-los saudáveis e duradouros no ambiente de trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 9
CAPÍTULO II - PERCEPÇÃO – O PONTO DE PARTIDA 12
CAPÍTULO III - A ARTE DA COMUNICAÇÃO 18
CAPÍTULO IV - A ATITUDE NO TRABALHO 28
CAPÍTULO V - CONFLITOS 33
CAPÍTULO VI - O PAPEL DO LÍDER 44
CAPÍTULO VII - AS FERRAMENTAS DO CAMINHO PARA A EXCELÊNCIA 50
CONCLUSÃO 53
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO 59
8
INTRODUÇÃO
O Homem vive em constante busca por relacionamentos marcantes e
que façam diferença. Mas, para isso, é preciso conhecer a si mesmo e saber
aplicar seus potenciais para conquistar e manter os relacionamentos.
As relações interpessoais são fundamentais, pois formam a identidade
pessoal do ser humano. Em outro sentido, o Homem necessita da atenção que
lhe é dedicada pelos outros.
O homem encontrará o verdadeiro relacionamento humano, quando
Ele perceber que as suas atitudes podem fornecer benefícios e felicidade para
a vida de outras pessoas.
No ambiente de trabalho, quando compartilhados sentimentos positivos
tais como comunicação, cooperação, respeito e amizade, o relacionamento
interpessoal torna-se produtivo e harmonioso, favorecendo trabalho em equipe,
união de esforços e de energias, além de troca de conhecimentos e
experiências. A competência interpessoal do líder de uma equipe é
indispensável, pois a preocupação de se manter um clima agradável no
ambiente de trabalho é fator decisivo para o sucesso de uma Organização.
Sabe-se que relacionamento interpessoal é uma das competências
mais exigidas dos profissionais atualmente. Sabe-se também, por outro lado,
que lidar com pessoas pode ser muito difícil, pois as pessoas são diferentes e
possuem expectativas diferentes.
O objetivo desse trabalho é conscientizar profissionais de que para ter
um bom relacionamento no seu ambiente de trabalho é preciso, em primeiro
lugar, conhecer a si mesmo e conhecer o outro aceitando as diferenças; evitar
conflitos que destroem os relacionamentos; rever e melhorar as atitudes
(principalmente quando se lidera pessoas ou trabalha em equipe) e exercitar
com sabedoria a arte da comunicação.
9
CAPÍTULO I
O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
O Homem possui grande potencial criativo e intelectual, mas ele ainda
vive diante de um grande desafio, que é o encontro do equilíbrio e saúde
emocional, a fim de que possa viver com satisfação e felicidade.
Manter o equilíbrio é fundamental, pois ele é a base para que as
outras pessoas com que se relaciona, tenham também equilíbrio. Por isso, a
necessidade do auto-conhecimento e da auto-estima alta como primeiro passo
para interagir de forma saudável com outras pessoas.
Niven (2001), ressalta que se deve dizer aos outros o quanto eles são
importantes e que isso os torna mais felizes:
“Os relacionamentos se baseiam no apreço mútuo e não há maneira
melhor de demonstrar esse apreço do que dizer a uma pessoa que ela é
importante para você.”
“Quando temos com outras pessoas uma relação baseada no afeto e
nos interesses comuns, nós nos sentimos mais felizes.”
Mas, o que seria essa relação tão importante que interfere
profundamente no equilíbrio emocional do ser humano, e de que dela depende
para viver mais feliz, principalmente no ambiente de trabalho?
1.1 – Conceito
No dicionário Aurélio (1986), encontra-se a definição para as palavras
relacionamento e interpessoal, respectivamente:
“Capacidade, em maior ou menor grau, de relacionar-se, conviver ou comunicar-se com os seus semelhantes:” “Que existe ou se efetua entre duas ou mais pessoas.”
10
Observa-se que essa capacidade que o Homem possui, de relacionar-se
com duas ou mais pessoas acontece em maior ou menor grau, ou seja, tudo
depende de sua competência para desenvolver relações e do seu equilíbrio
emocional para que essas relações sejam profundas e duradouras.
1.2 – A Importância das Emoções no Ambiente de Trabalho
Para reconhecer a importância de um bom relacionamento interpessoal
no ambiente de trabalho, é preciso conhecer as emoções que estão presentes
nesse ambiente.
Cada vez mais é exigida dos profissionais a capacidade de conhecer
suas próprias emoções e administrá-las, ou seja, a presença da competência
emocional, com o objetivo de melhorar a qualidade nos relacionamentos.
Goleman (1995, apud Bertoni, 1998) cita, que menciona em sua obra
“Inteligência Emocional”, que as emoções básicas são sete: raiva, medo,
alegria, amor, surpresa, desgosto e tristeza.
O termo inteligência emocional é atribuído ao psicólogo da
Universidade de Yale, Peter Salovery e a seu colega John Mayer, que definem
cinco áreas de abrangência dessa habilidade no comportamento humano:
conhecer suas próprias emoções, administrar suas emoções, motivar a si
próprio, reconhecer emoções em outros e manejar relacionamentos.
As emoções temperam os relacionamentos. Quando duas pessoas
interagem, o estado de humor passa de uma pessoa para a outra.
Pensando no ambiente de trabalho, seria possível um indivíduo se
manter saudável em ambientes hostis?
Existem pesquisas que comprovam que, quando um subordinado
apresenta doenças psicossomáticas, há uma relação estreita com o humor
transmitido pelo gerente; o subordinado é contagiado à maneira com que o
chefe o trata e pelo estado emocional deste.
Ruiz (1998), leva a reflexão de que deve-se perceber que atrás dos
processos empresariais existem pessoas que interagem, pensam, decidem e
11
que muitas vezes, por falta de informação ou de capacitação, emperram todo o
sistema. Deve-se enfatizar o relacionamento interpessoal no qual as pessoas
expandem continuamente sua capacidade de criar resultados, provocando o
surgimento de elevados padrões de raciocínio, onde a aspiração coletiva é
libertada e onde aprendem a aprender em grupo.
1.3 – O “Personal Trainer Emocional”
Boog (2004), cita a figura do “personal trainer emocional”. Mas, quem
seria essa pessoa, qual seria exatamente sua função e de que maneira
ajudaria na melhora ou na manutenção do bom relacionamento interpessoal
no ambiente de trabalho?
Segundo Boog (2004), O “personal trainer emocional” é um profissional
especializado no comportamento humano, nas emoções e nas dificuldades. É
alguém que ajuda o indivíduo a pensar, entender seu tipo psicológico, formas
de agir, sentir, visualizar dificuldades emocionais, além de oferecer exercícios
para melhorar o desempenho emocional nos relacionamentos profissionais e
pessoais. Conta com várias técnicas para auxiliar no trabalho de estimular o
crescimento e o desenvolvimento pessoal. Os tema de que o “personal trainer
emocional” trata são a orientação da carreira, a tomada de decisões “difíceis”,
os estilos de liderança inadequados, a carência no trabalho em equipe, o uso
abusivo do tempo, a indefinição de prioridades, além de dificuldades no
relacionamento interpessoal no âmbito profissional e no pessoal. O “personal
trainer emocional” pode atender individualmente ou em equipe, e quando sua
atuação é integrada a um projeto de desenvolvimento da organização, há uma
saudável potencialização de resultados, pois o ambiente da empresa se
desenvolve junto com seus profissionais crescendo como pessoas. Essa é uma
abordagem inovadora.
12
CAPÍTULO II
PERCEPÇÃO – O PONTO DE PARTIDA
Quando se menciona a percepção como ponto de partida, entende-se
que ela antecede o ato de se comunicar e de se relacionar, ou seja, ela é o
ponto de partida das relações interpessoais.
De acordo com Freitas (1997), o modo como as pessoas são, os
paradigmas, as crenças, os valores, o estado emocional e as intenções formam
uma lente segundo a qual se vê o mundo e as coisas que nele estão. Em
outras palavras, a percepção do indivíduo é que determina sua visão das
outras pessoas e das situações. A percepção determina como se dará a
comunicação e o relacionamento interpessoal, pois o jeito da pessoa estar em
qualquer situação, vai depender da percepção que ela possua de si mesma, de
como ela se reconhece naquela situação, o que a leva ao reconhecimento do
outro e da situação em que se encontra.
Freitas (1997), dá o exemplo daquela pessoa que se percebe insegura
e incapaz, que sente medo de se expor e que vê o outro como uma ameaça.
Ela diz que essa pessoa tende a se comportar falando pouco e se expondo o
mínimo possível. Completa ainda, com o exemplo daquela pessoa que se
percebe como capaz, não sentindo medo de se expor e que não vê no outro
uma ameaça, dizendo que, esta certamente tenderá a falar com maior
naturalidade , a se expor com tranquilidade e a se relacionar muito mais. Para
o indivíduo reconhecer as diferenças que vê entre ele e o outro depende de
como ele se percebe e de como ele percebe o outro. Reconhecer a si mesmo,
como fala, ouve, como reage diante do outro, diante do novo, do inesperado, é
um processo de amadurecimento, capaz de fazê-lo ver suas próprias
limitações.
13
2.1– Conhecendo a si mesmo e aos outros
O ser humano, em seu processo de crescimento pessoal, sente uma
grande satisfação quando ele consegue se conhecer melhor, entender suas
características, seu perfil, e porque reage desta ou daquela maneira.
A intenção da abordagem deste capítulo é justamente sensibilizar os
profissionais de que quanto mais eles se permitirem conhecer e aceitar suas
qualidades e limitações, facilitará o entendimento também do outro e
consequentemente, a garantia de uma relação de trabalho satisfatória. É
importante perceber que aquele colega de trabalho também possui limitações,
problemas que precisam ser resolvidos, e que às vezes, uma palavra carinhosa
ou um simples elogio pode tornar o dia daquela pessoa melhor. Portanto,
enquanto o Homem não tiver a sensibilidade de perceber o estado emocional
do outro e até de tentar ajudar, se preciso for, não poderá dizer que possui uma
relação interpessoal saudável, pois aquele que não possui o mínimo de
percepção de como está o clima no ambiente de trabalho naquele dia e de
como estão aqueles com quem se trabalha ( emocionalmente ), pode acabar
por se tornar uma pessoa “fria”, “distante” e até mesmo, algumas vezes
inconveniente. A sensibilidade com o outro só vai acontecer se, em primeiro
lugar, o ser humano se perceber, se compreender e se aceitar em algumas
coisas que não podem ser mudadas e mudar aquelas que podem,
principalmente atitudes que não forem saudáveis e que prejudiquem uma
relação. A atitude pode ser uma grande vilã no relacionamento interpessoal,
assim como pode ser a grande aliada, se for a chamada “atitude positiva”, que
será tratada no capítulo IV.
Segundo Boog (2004), existem quatro formas de ser, de agir, de sentir
e de pensar. São formas diferentes, que se completam nos relacionamentos e
que cada pessoa possui uma combinação dos quatro tipos. São eles: Rei –
Guerreiro – Mago – Amante.
Os indivíduos do tipo Rei seriam entusiásticos, estimuladores,
espontâneos, impulsivos, carismáticos, ambiciosos, brincalhões, criativos,
improvisadores, informais, alegres, persuasivos, calorosos, empreendedores,
14
dentre outras qualidades. São ótimos iniciadores e empreendedores. Também
são ótimos nos relacionamentos, sendo simpáticos e brincalhões. São bastante
focados em metas e resultados, além de serem inovadores. Seu grande receio
é perder o afeto e a atenção dos outros. Costumam reagir diante dos
problemas fazendo da crise uma oportunidade. O que eles precisam aprender
é finalizar o que começaram e ter autodisciplina e moderação.
Os indivíduos do tipo Guerreiro seriam decididos, práticos,
determinados, dedicados, impacientes, rápidos, objetivos, focados, e que
assumem riscos, dentre outras características. São diretos e mais secos nos
relacionamentos, e se baseiam muito na razão e lógica. São ótimos para
realizar metas. Seu grande receio é parecer fraco e perder o controle.
Costumam reagir diante dos problemas acabando com eles, no sentido de
derrotá-los, superá-los. Precisam aprender a ser mais humildes, controlarem a
impaciência e intolerância e ouvirem mais os outros.
Os indivíduos do tipo Mago seriam perfeccionistas, meticulosos,
organizados, cuidadosos, críticos, disciplinados, ocultam sentimentos, sérios,
autocríticos, além de outras características. São o oposto do tipo Rei, sendo
metódicos, levando suas tarefas até o fim. São amáveis, mais formais e
relativamente secos nos relacionamentos. Tendem a se isolar. Seu grande
receio são mudanças fora das regras e instabilidade. Costumam reagir diante
dos problemas analisando-os e resolvendo-os. Precisam aprender a ter mais
flexibilidade, tomar decisões mais rápidas e arriscar mais.
Os indivíduos do tipo Amante seriam calmos, agradáveis, cordiais,
respeitadores, ponderados, prestativos, amáveis, pacientes, tolerantes,
compreensivos, harmonizadores, dentre outras características. É o oposto do
Guerreiro. São ótimos para construir e manter equipes, dando enorme foco às
relações. Adoram ser necessários para resolver desentendimentos, pois usam
muito seu lado emocional. Sua grande queixa é que as pessoas não se
relacionam com a devida profundidade e que falta um maior sentido de equipe.
Seu grande receio são as confusões e desarmonia. Reagem frente aos
problemas ouvindo todos os envolvidos na situação. Precisam aprender a ser
mais assertivo, autodeterminado, fixar metas e manter o foco.
15
Já Failde (2004), apresenta quatro tipos distintos de pessoa, e de como
lidar com elas, com o objetivo de auxiliar o estabelecimento de melhor contato
com os profissionais que se tem ao redor. São eles: Sozinho ou Solitário –
Tímido - Desconfiado ou Pessimista – Sedutor ou Cínico.
O tipo Sozinho ou Solitário gosta de sua própria companhia, aprecia a
reserva e o trabalho individual. Se ele aprecia ser assim, ele será uma pessoa
apenas sozinha, mas se ele sofre com essa característica será um solitário.
Para lidar com esse indivíduo é preciso compreensão, respeito à sua reserva e
limites. Já o gestor, deverá aproxima-se devagar, sem impor nada, respeitando
a individualidade e o silêncio buscando passo a passo a proximidade e a
comunicação verbal, além de aprender a ouvi-lo e incentivar cada idéia, por
menor que seja.
O tipo Tímido sente vergonha de se expor preferindo ficar no seu
canto, fugindo dos grupos, temendo ser criticado ou rejeitado, sentindo-se
incapaz mesmo que não o seja, além de ter baixa auto-estima. O gestor pode
incentivá-lo a cada opinião e a cada demonstração de autoconfiança. Pode
também utilizar palavras positivas e pequenos gestos de aceitação, tais como
sorriso e aperto de mão. Deve demonstrar para ele, a sua possibilidade de
crescer, seu valor pessoal e profissional, pois, em geral, o Tímido só se sente à
vontade com quem pode depositar a sua confiança.
O tipo Desconfiado ou Pessimista tem com característica principal a
falta de confiança em todos e em tudo ao seu redor, levando tudo para o mal e
podendo até se sentir perseguido. Costuma ser ótimo estrategista, pois precisa
se preparar para todas as argumentações que surgem. Mas, geralmente sofre
pelo elevado grau de desconfiança, o que gera desgaste emocional e físico.
Ele se vê como “realista” e os outros o vêem como “pessimista”. Para lidar com
este profissional é importante compreensão e imparcialidade na receptividade
dos seus comentários. O gestor pode evitar discriminá-lo por seus comentários
maldosos, evitar críticas destrutivas, ouvir sempre sua opinião sobre diferentes
assuntos, evitar interpretar o que ele diz, procurando saber exatamente o que
ele quer transmitir e, principalmente, incentivá-lo, a cada pequeno gesto de
confiança no outro.
16
O tipo Sedutor ou Cínico, por onde passa deixa seu rastro de
afetividade e otimismo. Adora ser valorizado, elogiado e possui alta auto-
estima. Por acreditar que os outros possam ter comportamento igual ao dele,
costuma desconfiar dos demais. Quando é verdadeiro, é um excelente amigo e
colega de trabalho e realiza suas tarefas com empenho, interesse e
competência. Para lidar com ele é preciso compreensão e respeito, mas sem
incentivá-lo, em sua necessidade de “aparecer”. O gestor pode estimular seu
lado ”real” com pequenos comentários e evitar levar seus sorrisos e olhares
para o lado pessoal, além de não rechaçá-lo pelo seu puxa-saquismo geral.
Essas descrições de tipos de pessoas oferecidas acima, em duas
diferentes formas de apresentação, por autores diferentes, tem o objetivo de
acrescentar na descoberta de si mesmo e das outras pessoas.
É uma necessidade do indivíduo, estar bem consigo mesmo e de
acordo com seu sentimento e comportamento, se auto-aprovar, mantendo sua
auto-estima para que possa enxergar e valorizar também o outro.
2.2 – A auto-estima
Diz respeito ao valor próprio. O ser humano precisa acreditar mais em
si próprio, usar mais seus talentos e refletir como foi o dia de hoje para que
possa tentar fazer melhor o dia de amanhã. Para isso, precisa conhecer seu
potencial e se convencer de seus valores. Isso vem da auto-estima, que deve
ser mantida sempre em alta.
Quilici (2004), menciona que termo auto-estima foi introduzido por
William James, a mais de cem anos atrás. Destaca que, alguns pesquisadores
do assunto (Bednar, Wells e Peterson (1989)), definem o termo auto-estima
“como um processo de auto-aprovação subjetiva (avaliação interna do próprio
indivíduo) e realista”. Nesse caso o indivíduo se aprova e sente-se bem
consigo mesmo e com os valores que adotou para si, ou seja, não há conflitos
graves e sim sintonia entre o comportamento, os sentimentos e os padrões
sociais. A auto-estima rebaixada seria caracterizada por emoções negativas
17
associadas com os vários papéis vividos por uma pessoa e por qualquer
rebaixamento do valor pessoal ou auto-percepções “inexatas”.
Bednar, Wells e Peterson (apud Quilici, 2004), que são pesquisadores
do assunto, concluem que os altos ou baixos níveis de auto-estima “geralmente
são o resultado e o reflexo de um determinado tipo de avaliação interna que o
indivíduo efetivamente experimenta”. Mostram também que todos os indivíduos
têm que experimentar alguma avaliação negativa do seu ambiente social,
algumas das quais se transformam em elementos válidos, ou seja, tornam
significativas para o indivíduo. Os pesquisadores sugeriram que aqueles
indivíduos que evitam os conflitos (problemas com os outros) e as avaliações
negativas em vez de enfrentarem-nas, passaram a despender um esforço
significativo para “conseguir a aprovação dos outros por administração de
impressão, ou seja, fingindo ser o que eles acreditam que é mais aceitável para
os outros”.
Quilici destaca que quando o indivíduo sente que suas atitudes e
palavras são levadas em consideração e ele pode modificar seu ambiente de
alguma forma, ele sente que sua auto-estima fica mais ampliada. Se os
critérios de auto-estima se dirigem aos atributos pessoais que são criados pela
vontade e pelos esforços do próprio indivíduo, como contribuição para sua
comunidade, é natural que isso permitirá às pessoas sentirem que têm
potencial para realizarem coisas e assim criarem sentimentos de auto-valor,
amor-próprio e dignidade.
Deve-se refletir sobre a importância de se ter uma auto-imagem
valorizada (e não supervalorizada), valorizando o outro, sem se deixar levar
pelas aparências e sim procurando ver as pessoas como elas realmente são,
relacionando-se usando mais sinceridade, inteligência e sabedoria.
18
CAPÍTULO III
A ARTE DA COMUNICAÇÃO
3.1– Conceito
No dicionário Aurélio (1986), a palavra comunicação seria:
“Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer dos outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual.”
3.2 – O Taylorismo e a “Comunicação Zero”
Zarifian (2001), comenta uma herança do taylorismo, que seria a
economia de comunicação, no sentido de um ideal implícito de “comunicação
zero”, no seio da atividade de trabalho da grande maioria dos empregados da
empresa, ou seja, dos empregados de execução (que, à época de Taylor, eram
em sua grande maioria operários). O operário era pago para produzir. O ato de
comunicar não produziria nada, não geraria nenhum valor econômico para a
empresa. Era considerado, ao contrário, uma perda de tempo, um elemento de
degradação da produtividade do trabalho. Todo discurso e toda palavra
pronunciada seria considerada suspeita, pois não seria senão maneira de
exprimir formas de resistência dos operários para com as diretrizes da
hierarquia. Concluindo: não havia lugar para eles. Não se poderia, é claro,
deixar de constatar que eles existiam e que era quase impossível impedir os
seres humanos de utilizar seu poder da palavra e tentar comunicar-se durante
os períodos de tempo em que trabalhavam juntos. Admitia-se, também, que
para realizar uma série de ajustes concretos entre as tarefas era necessário
19
que os operários se comunicassem, não de outra forma senão por gestos.
Todavia, essa existência era clandestina ou tolerada, inserida entre limites
estreitos e sem importância legítima. Fora da fábrica os operários seriam livres
para pensar e dizer o que quiserem, garantindo que no seio da fábrica eles se
concentrem na execução. Seu pensamento era livre, desde que no interior da
fábrica ele permanecesse silencioso. O taylorismo foi fundamentado sobre a
distinção entre o campo dos operários e o campo da direção (incluindo a
hierarquia e todos dos serviços funcionais). A fronteira entre os dois campos é
simbolizada pelo “não- engajamento subjetivo do operário”, do qual se
encontram fortes traços ainda hoje. A realidade é que o taylorismo indica uma
situação durável, ou seja, um assalariado está situado em uma relação
desigual com seu empregador e, portanto, deve-se esperar que a comunicação
não seja equilibrada. A herança do modelo taylorista é pesada de se carregar e
difícil de se desfazer dela. A grande força de Taylor, ao contrário de Ford, teria
sido a de compreender que ele deveria respeitar o compromisso de não
procurar disciplinar o comportamento dos operários no espaço de sua vida
privada.
3.3 – Comunicação nas Organizações
Amorim (2001), aborda o assunto dizendo que são raras as
organizações nas quais a Comunicação, enquanto ação específica, faz parte
dos meios necessários à consecução dos objetivos estratégicos. Chama a
atenção para os benefícios da comunicação enquanto atividade
institucionalizada nas organizações, desde que, associada às práticas de
gestão democráticas e à opção pela transparência no trato das informações.
Cita ainda, que a desqualificação da comunicação enquanto expediente para
gerir as organizações está associada ao desconhecimento e à opção por
estilos autoritários e personalistas de gestão. Os perfis autoritários, avessos à
transparência e à participação, pautam-se, entre outras coisas, por esconder e
manipular informações, procurando, em última instância, que as pessoas
20
saibam o menos possível. Além da provável ineficiência, as estratégias
centralizadoras desperdiçam energia e desrespeitam pessoas. Conclui,
segundo Drucker, (1993, apud Amorim, 2001), que atualmente, o fácil acesso à
tecnologia da informação propicia sistema de comunicação nos quais sobra a
intermediação dos funcionários médios e que é elucidativo notar que esta
tecnologia eliminou cargos gerenciais intermediários, nos quais a única função
era, de fato, levar informações de cima para baixo, e vice-versa
A organizações oferecem condições e possibilidades para
estabelecerem e desenvolverem um diálogo autêntico que vise melhorar sua
atuação profissional?
Comunicação é ainda uma questão difícil, pois, formas muito diferentes
e contraditórias convivem na empresa. As relações de subordinações e formas
hierárquicas tendem a fazer da comunicação um simples instrumento do
exercício de um poder de coerção sobre os trabalhadores.
Comenta Jordão (2001), que o desafio para qualquer organização nos
dias de hoje é construir um sentimento de dependência entre as pessoas,
porque o mais importante, não é fazer uma pessoa trabalhar bem, mas fazer
todas trabalharem muito bem juntas. Comunicação une as pessoas. Os
últimos trintas anos trouxeram diversas ferramentas de comunicação, como o
e-mail, o celular, o fax, o pager, etc..., que originalmente deveriam estar
aproximando as pessoas, mas que as vezes parece que atrapalha. Conclui
que, comunicação é tudo; é uma questão de atitude e questão compartilhar o
dia com as pessoas.
Para Ruggiero (2003), se uma empresa não estiver bem informada, se
os seus integrantes não se comunicarem adequadamente, não será possível
potencializar a força humana da empresa. A comunicação interna é algo
prioritário que deve merecer, principalmente por parte da cúpula da empresa,
grande atenção. É fundamental que uma cultura nesse sentido, seja fortemente
implantada em todos os níveis da empresa. A comunicação efetiva só se
estabelece em clima de verdade e autenticidade. Caso contrário, só haverá
jogos de aparência e desperdício de tempo. A comunicação a níveis ótimos na
empresa pressupõe também que as pessoas tenham competências
21
interpessoais em termos de atitudes humanas, posturas, capacidade de ouvir,
de expressão, etc... Sugere que, a qualidade da comunicação interna é
derivada de alguns pontos considerados de suma importância, a saber:
a) Prioridade à comunicação å assegurando a sintonia da energia e
recursos de todos com os objetivos maiores da empresa;
b) Abertura da alta direção å disposição da cúpula de abrir
informações essenciais garantindo insumos básicos a todos os colaboradores;
c) Processo de busca å proatividade de cada colaborador em buscar
as informações que precisa para realizar bem o seu trabalho;
d) Autenticidade å verdade acima de tudo, ausência de “jogos de faz
de conta”, e autenticidade no relacionamento entre os colaboradores, com a
eficácia da comunicação e do trabalho em times;
e) Foco em aprendizagem å garantia da efetiva aprendizagem do
que é comunicado, otimizando o processo de comunicação;
f) Infividualização å considerações às diferenças individuais,
assegurando melhor sintonia e qualidade no relacionamento na empresa;
g) Competências de base å desenvolvimento de competências
básicas em comunicação (ouvir, expressão oral e escrita, habilidades
interpessoais) assegurando qualidades de relações internas;
h) Velocidade å rapidez na comunicação dentro da empresa,
potencializando sua qualidade e nível de contribuição aos objetivos maiores;
i) Adequação tecnológica å equilíbrio entre tecnologia e alto contato
humano assegurando evolução da qualidade da comunicação e
potencializando a força do grupo.
Gramigna (2000, apud Barrionovo), cita que a comunicação
interpessoal contempla duas palavras chaves: o saber e o querer. Saber é todo
o conhecimento que aprendemos e adquirimos através de estudos ou
experiências vividas no nosso trabalho e em outras situações. O querer
implica em estar disposto e ter atitude de mudança, provocadas pela vontade e
estímulo interior. Daí a necessidade de realizar programas de desenvolvimento
atitudinal que proporcione momentos que elevem auto-estima; seminários e
workshops destinados a trabalhar com a motivação, além de dar um feedback
22
do desempenho de cada um. Wechsler (1993, apud Barrionovo), comenta que
quanto mais canais abertos à comunicação, maior será a possibilidade de
inovar na organização.
Ruggiero (2003, apud Barrionovo ), revela que o homem para produzir
necessita da comunicação, assim quanto melhor o entendimento entre eles,
melhor será o bem-estar, o que torna as pessoas mais produtivas.
Para concluir a importância da comunicação hoje nas empresas, vale a
sugestão e o exemplo dado por Gramigna, (2002), onde fala que a melhor
maneira de lidar com a descrença pessoal e a ausência de motivação para
uma comunicação aberta é programar espaços dentro da empresa para
trabalhar as emoções. É por meio de programas atitudinais, realizados em
forma de seminários, workshops ou encontros sistematizados que as
empresas vêm alcançando resultados nesse sentido. Pelo resgate da auto-
estima, o ser humano consegue enxergar as próprias possibilidades e tende a
ver seus pares de forma mais positiva. Cita, ainda o exemplo da empresa
Bosh, com seu programa de sucessores e desenvolvimento de competências,
cujos módulos, além de valorizarem conhecimentos e habilidades, enfatizam a
mudança de atitudes.
3.4 – Comunicação Cooperativa – o falar e o ouvir
Tomar-se-á como base Boog (2004), no que se refere à comunicação
cooperativa e seu significado.
Comunicar-se cooperativamente significa duas coisas: falar sem
querer mudar o ouvinte e ouvir para conhecer melhor quem fala. A
comunicação cooperativa se baseia na postura ganha-ganha, e pode ser
representada com as seguintes frases para quem fala e para quem ouve:
quem fala å eu falo para que você conheça melhor o que eu penso e sinto
sobre determinado assunto e, quem ouve å eu ouço, pois estou interessado
em conhecer melhor os seus pontos de vista.
23
A comunicação usual tende a ser defensiva, apoiando-se no ganha-
perde. Ela se baseia no pressuposto de que uma pessoa quer e deve mudar o
comportamento da outra. Pode ser representada nas seguintes frases para
quem fala e para quem ouve: quem fala å eu falo isso para que você mude.
Eu tenho a verdade. Você devia...É culpa sua...Você nunca me escuta... e,
quem ouve å eu não posso “ouvir de verdade”, pois você quer me mudar, vou
ouvir apenas o suficiente para “juntar munição” para vencer os seus
argumentos.
A comunicação cooperativa teve seus primórdios desenvolvidos por
Danaan Parry & Jerilyn Brusseau, nos programas de reconciliação entre o
masculino e o feminino, denominados “Essential Peace Making – Women and
Men”, nos Estados Unidos, em 1989. No Brasil, desde 1994, Craig Gibsone e
May East, ambos da Findhorn Foundation, na Escócia, têm divulgado a
comunicação cooperativa em seus workshops.
Boog menciona ainda, que na comunicação cooperativa não se tem
que abrir mão da própria verdade. Ao ouvir cooperativamente, a pessoa amplia
a sua perspectiva. Completa, oferecendo algumas dicas de como melhorar a
comunicação cooperativa: a) parafrasear: “Eu entendi que você disse...”; b) não
interromper: deixar a pessoa falar até o fim; c) não tirar conclusões
antecipadas: a pessoa nem terminou de falar e a outra já conclui; d) manter
contato visual – os olhos são a janela da alma; e) procurar suspender o
julgamento, as idéias preconcebidas; f) ter uma postura física receptiva: não
cruzar os braços e as pernas; g) fazer perguntas para entender o ponto de vista
de quem fala (não perguntas para mostrar a vulnerabilidade de quem fala ou
embaraçá-la ou intimidá-la).
Na sociedade masculina competitiva, com rígidas hierarquias e com um
desnível de poder entre quem fala e quem ouve, sempre o falar foi mais
valorizado que o ouvir, dizem os autores acima citados. Dizem também, que a
medida que o indivíduo integrar melhor essas duas energias (o falar e o ouvir),
estará mais equilibrado e também mais apto para se comunicar e se relacionar
com o outro.
24
3.5 – A arte de ouvir
Ouvir, para Goleman (1999), é uma arte. Comenta também que um
ouvido bem afinado está no âmago da empatia, e que ouvir bem é essencial
para o êxito no local de trabalho. Apresenta uma estimativa do Departamento
do Trabalho Norte-americano em que se observa que do tempo total
dispendido em comunicação, 22% são dedicados a ler e escrever, 23% a falar
e 55% a ouvir.
Goleman conclui que as pessoas que não ouvem ou não conseguem
ouvir dão a impressão de serem indiferentes ou de não se importarem com os
demais. Isso, por sua vez, torna os outros menos comunicativos. Ouvir bem e
em profundidade significa ir além do que está sendo dito, fazendo perguntas e
repetindo com as próprias palavras o que se ouviu a fim de ter certeza de ter
entendido direito. Essa é uma maneira ativa de ouvir.
3.6 – O uso do instrumento feedback
Para Gramigna (2002), o feedback está em alta. A maioria das
empresas vinha deixando em segundo plano tal comunicação por uma questão
cultural, recorrendo a ele somente quando algo “dava errado”. Hoje, gerente e
colaboradores vêem o feedback como instrumento de desenvolvimento e
elemento essencial no gerenciamento das competências. Assim as lideranças
e os times de trabalho passam a cultivar a idéia de que o profissional deve
traduzir a sua competência em comportamentos reconhecidos e valorizados
pela organização. O feedback deve ser entendido como um processo de ajuda
e estímulo para a mudança de comportamento ou para a aquisição e o
desenvolvimento de competências, contribuindo para o aprimoramento da
performance individual, acelerando o processo de transformação do potencial
em talento. O processo é uma via de mão dupla. Tanto a pessoa que transmite
como a que recebe feedback precisam estar abertas e flexíveis à mudança
25
para que os resultados sejam alcançados. Fornecer feedback consiste em
revelar a sua percepção sobre “como o comportamento do outro está afetando
a você mesmo, as outras pessoas, a equipe, ao bom andamento dos trabalhos,
a organização”. Receber feedback consiste em “reconhecer como os seus
comportamentos estão sendo percebidos ou como estão afetando as outras
pessoas, as equipes de trabalho, os resultados”.
Segundo Boog (2004), o feedback seria a situação em que informamos
como a atuação de uma pessoa ou equipe está afetando a atuação das demais
pessoas.
O feedback pode ser “positivo” (quando a influência foi benéfica e
trouxe satisfação) ou “negativo” (quando a atuação foi frustrante, irritante, ou
indesejável). É muito comum a ausência do feedback positivo e também os
exageros no feedback negativo, marcando profundamente as emoções e
desempenho das pessoas. Comentam os autores acima citados, que nos
processos de counseling, é impressionante a enorme quantidade de mágoas e
ressentimentos gerados pelo feedback negativo, o que se acumula nas
pessoas e afeta bem-estar físico e emocional. Na pressão do dia-a-dia, é
comum a pessoa usar o feedback de forma inadequada, o que gera mal-estar
em todos.
O feedback é melhor usado, no ambiente que inspira confiança, onde
há calor humano, percepção com os outros indivíduos. O feedback deve ser
oportuno e apropriado. Quando ocorrer um erro, achar o responsável e chamar
sua atenção muitas vezes aos gritos e na frente de outros, é denominado
incorretamente de feedback. Isso seria descarregar a raiva e frustração em
alguém que já está fragilizado pelo erro que cometeu.
O feedback quando é realizado de maneira ideal, ele colabora com o
indivíduo no seu desempenho interpessoal.
Voltando à Gramigna, percebe-se uma lista de atitudes essenciais
que pode ajudar na qualidade de quem fornece e de quem recebe feedback.
Foram interpretadas e destacadas algumas delas, no quadro a seguir:
26
Fornecendo feedback
Atitudes:
• Ser concreto e específico,
indicando o comportamento a
ser melhorado.
• Agir de maneira cordial.
• Usar tom de voz adequado.
• Ter empatia e sensibilidade.
• Transmitir com segurança,
mostrando à pessoa o quanto
o feedback poderá ajudá-la.
• Falar diretamente com a
pessoa envolvida.
• Fornecer feedback no tempo
ótimo. Se deixar passar muito
tempo para o retorno, a
pessoa pode não se lembrar
do ocorrido.
• A cortesia e o respeito à
pessoa devem ser regras.
• Falar “eu” e não “nós” – é uma
relação direta e intransferível.
Quem fornece deve assumir
essa responsabilidade.
• Escolher hora e local certos.
• Estar aberto para
esclarecimentos de dúvidas.
Recebendo feedback
Atitudes:
• Ouvir atentamente, sem
interrupções.
• Ser humilde para reconhecer
os aspectos que devem ser
aprimorados.
• Ter maturidade para entender
que o feedback é um momento
rico para a auto-análise.
• Ser curioso e perguntar sempre
o que não entender, pedindo
exemplos.
• Evitar justificar ações diante do
feedback.
• Solicitar percepções de outras
pessoas.
• Falar do efeito que gerou o
feedback para si.
• Fazer um plano de metas de
autodesenvolvimento.
Ainda segundo Gramigna (2002), a cultura nas empresas vem sendo
mudada com o uso do feedback. Uma prova disso é a implantação da
ferramenta “feedback 360 graus”, uma prática que vem sendo apoiada cada
vez mais por diretores e empresários de sucesso. A autora explica que este
27
sistema é constituído por uma rede de pessoas que emitem e recebem
feedback de seus pares, subordinados, diretores, tornando possível a mudança
de comportamento e o aprimoramento constante das competências. A
ferramenta é também utilizada com o objetivo de subsidiar decisões gerais com
relação às pessoas, ou seja, avaliar potenciais, treinar e desenvolver, apoiar
mudanças de cultura, auxiliar na implantação de programas de qualidade,
plano de carreiras e remuneração. O feedback está presente, hoje, em todos
os processos empresariais, e por meio dele viabiliza-se mudanças promovendo
o crescimento e motivação.
28
CAPÍTULO IV
A ATITUDE NO TRABALHO
Este capítulo foi inspirado e elaborado segundo as lições de Chapman
(1998).
Atitude é a forma pela qual o indivíduo comunica o seu estado de
espírito às outras pessoas. Quando ele está otimista, transmite uma atitude
positiva e, em geral, as outras pessoas respondem de modo favorável. Quando
está pessimista e espera o pior, com freqüência sua atitude é negativa, e as
pessoas então, tentam evitá-lo.
Atitude é a forma pela qual o indivíduo encara mentalmente as coisas.
Ela nunca é estática. É um processo constante, dinâmico, sensível e
perceptual.
É claro que ninguém pode ser positivo o tempo todo, pois, otimismo
excessivo não é realista. Os colegas de trabalho, provavelmente, acharão que
é apenas uma “fachada”. Quando as coisas ficam muito difíceis é natural que
não se consiga manter uma atitude positiva. Mas, existem aqueles que
recuperam rapidamente sua atitude positiva, ou seja, são vencedores. Já as
pessoas incapazes de reagir perdem grande parte das coisas boas que a vida
tem para lhe oferecer.
4.1 – Conceito de atitude positiva
É a manifestação externa de uma mente que se detém, principalmente,
em coisas positivas. É um estado de espírito que tende a preferir à atividade
criativa ao enfado; a alegria de preferência à tristeza; a esperança em vez da
futilidade. Uma atitude positiva é um estado de espírito que pode ser mantido
apenas através de esforço consciente. Quando alguma coisa desvia o foco
mental para uma direção negativa, os indivíduos que são positivos sabem que,
para reagir e voltar ao estado anterior, é necessário fazer alguns ajustes.
29
4.2 – Atitude e personalidade
Personalidade muitas vezes é definida como a combinação de traços
mentais e físicos encontrados num indivíduo.
A personalidade de um indivíduo existe na mente dos outros. As
pessoas se relacionam com as outras da mesma forma com que interpretam
suas personalidades. Nem sempre é aquilo que a pessoa pensa que é, mas,
sim, aquilo que ela transmite.
Tão vital é a atitude que ela pode transcender as características físicas
e mentais existentes numa personalidade. Uma atitude positiva é tão poderosa
que pode realçar traços da personalidade. Por outro lado, uma atitude negativa
pode minimizar ou esconder o que poderia, de outro modo, ser característica
positiva.
Parece não haver dúvida de que uma atitude positiva é capaz de
auxiliar as pessoas a tirarem o máximo proveito de suas personalidades.
Muitas pessoas talentosas, incluindo as que possuem traços altamente
desejáveis e carisma, podem permanecer solitárias e infelizes, tanto no
trabalho, quanto em suas vidas pessoais, pois não compreendem a importância
da atitude positiva.
A maioria das pessoas precisa aprender a conviver confortavelmente
com os seus traços e características herdadas. Confiam tanto em seu físico ou
características mentais atraentes, como talento, inteligência, aparência ou
posição social, que esquecem que as outras pessoas apreciam a conviver com
indivíduos alegres e otimistas. Pode-se melhorar, vestindo-se melhor, através
de programas de aptidões físicas, cuidando da aparência, mas, depois de tudo
que fizer nestas áreas, deve-se reconhecer que toda e qualquer outra melhoria
deverá acontecer através de uma projeção melhor daquilo que já se possui e o
veículo para isso é a atitude positiva. A Autora comenta que a atitude
representa 90% da personalidade.
A simples observação, revela que todos aqueles que se entregam ao
negativismo e a depressão perdem uma grande parte de sua energia. Estas
30
pessoas, com freqüência se arrastam com se estivessem andando na neblina;
o inverso acontece com as pessoas positivas (suas reservas de energia
parecem ser inesgotáveis).
Algumas pessoas acreditam que, quando se está de bom humor,
eventos positivos tendem acontecer em suas vidas. De alguma forma, sua
atitudes joviais criam um ambiente ou geram energia que lhes traz sorte.
Resumindo, se o ser humano desejar tirar o melhor proveito possível
de suas habilidades e de sua personalidade, não basta só prestar atenção em
sua aparência pessoal e demais características externadas acima, mas é
importante “sintonizar” sua atitude. Esta poderá ser a mágica que “acenderá”
suas capacidades e personalidade, e, o levará a transmitir suas melhores
características aos outros. Portanto, vale lembrar, as vantagens, conforme a
Autora, de uma atitude positiva:
• uma atitude positiva gera entusiasmo;
• uma atitude positiva gera criatividade; e,
• uma atitude jovial pode fazer com que as coisas boas aconteçam.
4.3 – Atitude e o ambiente de trabalho
Em nenhum lugar uma atitude positiva é tão apreciada quanto no
trabalho. No ambiente de trabalho, tanto as atitudes positivas quantos as
negativas se propagam com rapidez. Trabalhar junto a uma pessoa cuja atitude
é positiva é uma experiência agradável. Ela poderá fazer com que o outro se
sinta mais bem disposto. Trabalhar junto a uma pessoa negativa é um
verdadeiro “baixo astral”, podendo fazer com que o outro se torne negativo.
Quanto mais harmonioso for o ambiente de trabalho, maior a
produtividade. Haverá mais produção, melhor qualidade e poucos erros.
Quando as pessoas se sentem relaxadas e felizes, concentram-se melhor e
estão mais próximas da realização do seu potencial. Uma atmosfera feliz e
produtiva pode ser atribuída às atitudes dos participantes.
31
Um observador externo geralmente percebe, a observar as atitudes
dos que ali trabalham, quando um ambiente de trabalho é confortável, eficiente
e produtivo. O riso é mais freqüente, existe maior tolerância mutua entre os
funcionários, o trabalho é encarado mais como um desafio do que uma série de
tarefas tediosas.
Um supervisor com uma atitude negativa atrasa toda a operação. Um
pequeno grupo de empregados negativos pode dividir um departamento em
campos opostos. É fácil classificar as pessoas em positivas e negativas quando
saem de férias. Os empregados positivos deixam saudades e todos se
apressam em lhes dar as boas-vindas.
Talvez as pessoas não expressem verbalmente, pois é difícil elogiar
uma característica tão delicada, mas uma atitude positiva é profundamente
apreciada por todos os outros colegas de trabalho. Através de sua atitude, o
indivíduo contribui para um melhor ambiente de trabalho ou o prejudica.
No ambiente de trabalho como na vida pessoal, é atitude do indivíduo
que faz a diferença. Estabelecer e manter relações saudáveis com superiores e
colegas de trabalho é a chave para o sucesso em qualquer organização, sendo
que nada contribui mais para este processo do que uma atitude positiva.
4.4 – A renovação e o ajuste da atitude
Chapman(1998) trata da renovação da atitude dizendo que este deve
ser um processo diário.
Renovação, de acordo com ela, significa restaurar ou revigorar a visão;
rejuvenescer a abordagem; restabelecer o foco positivo e reparar os danos de
desgastes e rupturas na atitude.
Algumas pessoas acreditam que a resposta para a renovação da
atitude está em alguns momentos de meditação; outros pensam que um fim de
semana, períodos de férias podem ser utilizados como momento para revisão
da atitude. Mas, alguns pequenos ajustes podem ser feitos a qualquer
momento e em qualquer lugar.
32
A técnica abordada por Chapman de “examinar o outro lado da
moeda”, já é usada com sucesso por algumas pessoas e consiste em quando
um “negativo” entrar na vida da pessoa, ela deverá imediatamente virar o
problema e procurar um vestígio de humor que exista do outro lado. Quando
essa técnica é bem sucedida, estas pessoas inteligentes são capazes de
minimizar o impacto negativo do problema sobre sua atitude positiva.
A atitude e o humor têm uma relação de simbiose. Quanto mais o
indivíduo aprende a desenvolver seu senso de humor, mais positivo ele se
tornará e quanto mais positivo ele se tornar, melhor será seu senso de humor.
O senso de humor é uma qualidade da atitude, que encoraja as pessoas a
pensarem sobre os aspectos mais alegres de uma situação.
Chapman sugere maneiras de dar enfoque divertido a situações
negativas:
a) Senso de humor;
b) O riso é terapêutico, relaxa os nervos, melhora digestão e
circulação do sangue;
Dar um “enfoque divertido” pode levar à solução do problema.
Chapman chama a atenção para o fato de que não é apropriado rir de
todos os problemas sérios; mas, todas as vezes que a pessoa consegue rir e
adotar um enfoque mais positivo, ajudará a enfrentar o problema.
Ter uma missão na vida e estabelecer metas, também podem ser
consideradas formas de ajustar e renovar atitude. Uma pessoa com um
objetivo, missão na vida, está mais apta a ter uma atitude positiva. Uma missão
na vida fornece orientação, ajuda a alcançar um enfoque melhor, dissipa
temores, fornece perspectiva e destrói a incerteza. As pessoas que possuem
metas, são capazes de controlar melhor suas atitudes.
33
CAPÍTULO V
CONFLITOS
Este capítulo foi inspirado e elaborado segundo as lições de Martinelli
e Almeida (1998).
5.1 – Conceito
No dicionário Aurélio (1986) encontra-se a definição da palavra conflito:
“1. Embate dos que lutam. 2. Discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavença.”
5.2 – Origem e natureza dos conflitos
Os conflitos são uma constante no dia-a-dia dos indivíduos, não
podendo ser evitados de maneira absoluta. Existem duas maneiras de encará-
los: uma negativista, que encara o conflito como algo apenas prejudicial,
devendo ser evitado a todo custo e, não se podendo evitá-lo, pelo menos
dever-se-ia buscar amenizar os seus efeitos. A segunda alternativa é de
encarar o conflito de maneira positiva, procurando verificar aquilo que ele pode
trazer de benéfico, em termos de diferenças de opiniões e visões, assim como
a possibilidade de aprendizagem e enriquecimento pessoais e culturais.
O conflito não necessariamente, na visão dos autores, acontecem entre
duas pessoas, podendo existir entre dois grupos, um grupo e uma pessoa, uma
organização e um grupo, e assim por diante. Percebe-se que o conflito está
ligado à frustração, fato que o desencadeia. Todas as negociações se iniciam a
partir de um conflito.
34
Sendo as organizações um aglomerado de subgrupos e interesses,
Salaman (1978, apud Martinelli, Almeida, 1998) pondera que elas deveriam ser
representadas por estruturas cooperativas e harmoniosas, nas quais os
conflitos surgissem apenas excepcionalmente, em função de diferenças de
personalidade ou mal entendidos. O que acontece é que as organizações
constituem-se verdadeiras arenas para conflitos individuais e grupais, nos
quais os participantes lutam por recursos limitados, possibilidade de progresso
na carreira e privilégios.
Hampton (1991:297, apud Martinelli, Almeida, 1998), que ensina que o
conflito pode surgir da experiência de frustração de uma ou ambas as partes.
Daí, a parte frustrada interpreta a situação, projetando suas conseqüências,
passando a comportar-se à luz da situação imaginada e, a outra parte
envolvida reage a este comportamento com base em suas próprias percepções
da situação, que podem ser bem diferentes daquelas imaginadas pela outra
parte. Resultado: um ciclo de frustrações ocorre em virtude da má interpretação
ou incompreensão dos interesses ou necessidades das partes, fazendo com
que cada um interprete a situação ao seu modo.
Várias são as causas do conflito, podendo ser as diferenças de
personalidade, a existência de atividades interdependente no trabalho, metas
diferentes, recursos compartilhados, diferenças de informação e percepção,
dentre outras. As causas que são sempre invocadas como explicação para
desavenças no trabalho, são as diferenças de personalidade. As pessoas
alegam que no relacionamento, algumas características indesejáveis na outra
parte são reveladas. Dessa maneira o diagnóstico preliminar, vai ajudar no
controle de desavenças e na antecipação do conflito, pois conhecendo a
personalidade do oponente é possível saber como lidar com ele, facilitando a
comunicação e o relacionamento. Da mesma forma, os recursos
compartilhados são outra causa freqüente de conflito nas organizações, tendo
como exemplo o uso do computador, espaço limitado no escritório, dentre
outros. Os gerentes de diversos níveis hierárquicos ou vários departamentos
no mesmo nível, tendem a obter diferentes informações e a ver as coisas
35
diferentemente. Assim, as diferenças em informação e percepção são outra
causa comum de conflito nas organizações
Lebel (1984, apud Martinelli, Almeida 1998), caracteriza o conflito como
“...um reconhecimento e um confronto de nossas diferenças; ele constitui uma
fonte de enriquecimento mútuo potencial; é uma ocasião de fecundação; é um
germe de progresso”.
5.3 – Os sentimentos nos conflitos – aspectos positivos e
negativos
As sensações presentes nos conflitos muitas vezes são dor,
antagonismo e hostilidade. E os sentimentos negativos intensos podem trazer
conclusões precipitadas e descabidas sobre os motivos, atitudes e intenções
do outro, acabando por reduzir o contato entre as pessoas, estendendo o
conflito além do seu problema original, levando à ruptura no relacionamento.
Devido à dinâmica destrutiva do conflito, uma enorme quantidade de energia é
desviada para fora da consecução dos propósitos organizacionais. E isso é um
aspecto negativo, pois faz com que fluxo de comunicação e informações sejam
distorcidos, com alguns participantes falando apenas com aqueles de quem
gostam e com os que concordam com eles. A falta de interação ou existência
de interações inadequadas contribuem para que decisões desacertadas e não
compartilhadas sejam tomadas.
Os resultados positivos do conflito, conforme Brown (apud Hampton,
1991), cita-se “a expansão do entendimento dos assuntos, mobilização dos
recursos e energia das partes, esclarecimento das soluções competitivas e
busca criativa de alternativas e maior habilidade para trabalhar em conjunto no
futuro”. Entende-se que a intenção é provocar as pessoas para gerar energia e
estímulo, que ajudarão a buscar a melhor alternativa para a solução do conflito.
5.4 – Classificação dos conflitos
36
Handy (1983, apud Martinelli, Almeida, 1998) distingue três tipos
básicos de conflitos nas organizações: discussão, competição e conflito. As
duas primeiras formas são consideradas frutíferas e benéficas, enquanto o
conflito é considerado como nocivo.
No tipo discussão, as contribuições das diferentes visões podem levar
a uma melhor solução e elas podem ser produtivas e construtivas, se houver a
existência de uma liderança compartilhada com confiança entre os membros do
grupo e se as questões forem tratadas de tal forma que os objetivos sejam
esclarecidos.
Na modalidade competição, existem padrões para um desempenho
superior e motivam-se as pessoas para produzir e trabalhar mais a fim de
atingir um padrão de desempenho superior. Ela só pode ser frutífera se for
aberta, ou seja, todos ganham, visto que nas competições fechadas tem-se
uma pessoa ganhando sobre a outras, o que pode levar ao conflito destrutivo.
Segundo Porter(1973, apud Martinelli, Almeida, 1998), classificam-se
em três tipos os enfoques para lidar com conflitos, de acordo com as
motivações que estão por trás dos comportamentos das pessoas. Os três
tipos são:
a) aquele que empurra a solução do conflito – é o negociador
assertivo e entusiástico, que gosta de ver as coisas feitas.
b) o que ajuda a solucioná-lo – é o negociador que procura ajudar
quando sente que pode ajudar as pessoas, muitas vezes deixando
que elas aprendam os seus próprios erros; e,
c) aquele que analisa o conflito – age em função da lógica e
ordenação, procurando fatos para basear sua tomada de decisões.
Os conflitos podem ser construtivos quando ajudam abrir a
discussão de uma questão ou resultam em um problema que está sendo
solucionado, contribuindo para aumentar o nível individual de interesse e
envolvimento em uma questão. Mas se os conflitos gerarem desavenças
profundas, rompimento de relacionamentos e desprezo pelas necessidades da
negociação pode-se considerar o conflito destrutivo.
Os conflitos destrutivos aparecem quando:
37
a) as pessoas sentem-se insatisfeitas e desmotivadas;
b) o conflito torna-se mais significativo do que a tarefa a ser
desempenhada;
c) leva as pessoas ou os grupos a se tornarem não cooperativos entre
si.
Os conflitos podem ser classificados com base em sua solubilidade e
intensidade, segundo Sparks (1992, apud Martinelli, Almeida, 1998).
Quanto a sua solubilidade, podem ser:
a) conflito terminal – parece impossível de ser solucionado através
de um acordo. É um conflito “ganha-perde”. O sujeito tenta abraçar
a própria posição como a louvável, depreciando a posição da outra
parte, destruindo o respeito e confiança entre elas. Tende a se
agravar o conflito;
b) conflito paradoxal – parece obscuro; sua solubilidade é
questionável. Às vezes, descobre-se mais tarde que ele está
relacionado com um ponto que estava fora de seqüência. Não é um
conflito “ganha-perde” nem “ganha-ganha”. O ideal seria “pôr-de-
lado” a questão conflituosa, à medida que esfriam-se os ânimos,
além de permitir ambos lados pensarem no assunto. As partes
ficam neutras temporariamente, para retomar o assunto mais tarde;
e,
c) conflito litigioso – parece ser solúvel. É, por suas características,
um conflito “ganha-ganha”. Dá-se em clima de colaboração,
compreensão e respeito. Ambas as partes atingem pelo menos
alguns de seus objetivos.
Quanto a sua intensidade, podem ser:
a) conflitos muito intensos – existem quando os interesses
envolvidos têm muita importância para o negociador e seu
oponente. Os negociadores tendem a ser mais enérgicos e ativos;
e,
38
b) conflitos menos intensos – os interesses envolvidos são de
menor importância. Com isso, os negociadores tendem a ser
moderadamente enérgicos e passivos.
5.5 – Administração dos conflitos
Segundo Hampton (1991:303, apud Martinelli, Almeida, 1998), existem
quatro modos distintos de administrar os conflitos: acomodação, dominação,
compromisso e solução integrativa de problemas.
O modo acomodação seria um instrumento para manipular o conflito,
mas quando os problemas simplesmente são encobertos, eles usualmente não
se resolvem por si mesmos; na verdade eles sempre se agravam quando não
se toma nenhuma atitude.
Já a dominação pode ser considerada o exercício do poder levado ao
extremo. Uma parte impõe sua solução preferida, pois ela tem o poder de fazer
e de escolher para exercitar esse poder. A dominação tem, muitas vezes, a
condição de resolver de uma forma muita rápida e decisiva o problema.
Se um defeito da acomodação é o fato de o problema ser ignorado,
podendo piorar, um defeito da dominação é que a pessoa que é dominada
pode não conseguir obter nada e ressentir-se. A resolução do conflito pode ter
sido rápida, porém muito insatisfatória.
O compromisso, por sua vez, significa que cada parte desista um
pouco daquilo que procurava; assim, cada um cede um pouco a fim de resolver
o problema. Pode resultar em soluções que satisfaçam pelo menos em parte, o
interesse original por trás do conflito. Muitos autores contemporâneos não
aceitam o compromisso como técnica de resolução de conflitos, por não
satisfazer totalmente a ambas as partes envolvidas, por isso tende a não ser
muito utilizada.
A solução integrativa de problemas é mais favorável, pois oferece a
esperança de satisfazer completamente ambas as partes. Tem suas origens
nas idéias de Mary Follett, expressadas já na década de 20, e que tornou a
39
solução integrativa como a preferida para solucionar situações de conflito. Esse
método não envolve barganha de posições, em que um cede para conseguir
algo do outro. Nem possui tentativas de imposição de algo de uma pessoa
sobre a outra. Em vez disso, a solução integrativa de problemas busca
encontrar a solução que serve completamente aos interesses de cada uma das
partes envolvidas.
Esse método envolve três passos:
1) Identificar as considerações básicas ou subjacentes a ambas as
partes envolvidas.
2) Procurar alternativas e identificar suas conseqüências para ambas
as partes.
3) Identificar a alternativa mais favorável
Porém, a eficácia da solução do problema depende da troca sincera de
informações precisas. As partes devem confiar que a informação precisa e
flexível não será, de forma alguma, utilizada para barganhar vantagem, ou seja,
trata-se da idéia de buscar obter uma negociação do tipo “ganha-ganha” para o
conflito.
Dentro de uma visão contemporânea tende-se a dizer que o conflito
pode ser classificado em duas dimensões: uma distributiva, na qual se
dividem os resultados entre os envolvidos e outra, integrativa, na qual se
procura obter o melhor para as duas partes envolvidas.
5.6 – Percepções equivocadas sobre conflitos
Um dos primeiros passos para se tornar mais efetivo na resolução de
conflitos é identificar o potencial positivo que existe em cada situação de
discórdia. Para isso, deve-se mudar a maneira de interpretar um conflito, ou
seja, existem percepções equivocadas sobre conflito e que precisam ser
alteradas.
O que se deve perceber em primeiro lugar, é que o conflito realmente é
o resultado da diversidade, que pode ser utilizada para esclarecer um
40
relacionamento, para proporcionar maneiras adicionais de pensar, bem como
opções para ação que podem ser consideradas, além de abrir possibilidades
para melhorar o relacionamento. Ver o conflito dessa maneira, encoraja um
comportamento construtivo, porque enxergá-lo sempre como uma experiência
negativa, incentiva a evitar lidar com o conflito, ou travar uma “batalha” com o
“adversário”.
A segunda percepção a ser alterada é aquela que se refere a sempre
se achar que o conflito é uma batalha entre interesses e desejos competitivos e
incompatíveis. Pensar dessa forma leva a concluir que a outra parte está
tentando bloquear a tentativa de atingir aquilo que se pretende, sendo que
ambas as partes passam a se posicionar de maneira cada vez mais inflexível
para buscar os seus desejos, ignorando a existência de necessidade e
objetivos que as duas partes poderiam eventualmente partilhar.
A terceira percepção segundo Weeks (1992:9, apud Martilnelli,
Almeida, 1998:64) diz respeito que muitas pessoas vêem um conflito particular
como definindo todo seu relacionamento com outra parte. Admitem que esse
conflito se torne tão dominante que todo o relacionamento de logo prazo acabe
sendo ignorado. Se esse conflito for bem administrado, ele pode inclusive para
contribuir para esclarecer e melhorar o relacionamento.
A quarta percepção é que um conflito normalmente envolve um
empenho entre valores absolutos, tais como certo ou errado e bem ou mal.
Porém, em vez de se tentar estabelecer um rótulo de bom ou mal, certo um
errado, deve-se explorar a possibilidade de que um conflito particular acima
tanto de preferências subjetivas quanto de valores, considerando-se que
existem outros aspectos do relacionamento que se pode construir de maneira
positiva.
5.7 – Resolução dos conflitos
Weeks (1992:16, apud Martinelli, Almeida – 1998:65) cita cinco
enfoques de resolução de conflitos muito populares, porém ineficazes:
41
a) enfoque da conquista – nesse enfoque se busca a vitória, derrotar
o oponente. O conflito torna-se uma batalha a ser vencida, um
esforço para levar vantagem ou ter domínio no relacionamento.
Esse enfoque apresenta desvantagens, tais como o fato de o poder
ser entendido e usado de uma maneira destrutiva, coercitiva e
dominação, polarizando posições, levando sempre a um perdedor,
e por fim, não contribui em nada para melhorar o relacionamento.
b) enfoque de se esquivar – trata-se de um enfoque sedutor e
complexo. Tende-se a acreditar que o conflito desaparecerá se se
pretende que ele não exista. Um tipo de pessoa que tende a usar
esse enfoque é aquele que procura evitar relacionamentos com
pessoas que diferem dele em valores, idéias e estilo de vida. As
desvantagens desse enfoque de se esquivar são tolher importantes
oportunidades de crescimento pessoal, gerando frustrações, além
de retirar das partes envolvidas no conflito a oportunidade de utilizar
suas diferenças para purificar e melhorar o relacionamento.
c) enfoque da barganha – trata-se da resolução do conflito como um
jogo no qual há muitas demandas e interesses a serem tratados e o
sucesso é definido em função de quanto cada parte concede. As
partes envolvem ajustes (nem sempre adequados). Possui
desvantagens, pois se atem apenas às demandas da outra parte,
ignorando as necessidades, percepções, valores, objetivos e
sentimentos das pessoas envolvidas, além de definir o poder em
termos daquilo que uma parte pode usar como coerção para fazer a
outra parte desistir.
d) enfoque bandaid (ou de solução rápida) – muitas pessoas por se
sentirem muito inconfortáveis com o conflito, buscam aceitar
qualquer solução rápida que possam conseguir. Os pontos
negativos deste enfoque são o fato de ele criar a ilusão de que os
problemas principais do conflito foram resolvidos, resultando uma
piora dos conflitos, produzindo falta de confiança na resolução do
42
conflito, além de não enriquecer nenhuma das partes envolvidas no
processo.
e) enfoque role-player – quando as pessoas lidam com conflitos de
modo que dependam de papéis para determinar o resultado, elas
podem estar entrando numa armadilha. As que têm papéis de
menor status ou poder, estarão francamente em desvantagem.
Embora existam muitas situações nas quais as pessoas devem
tomar decisões e lidar com questões utilizando as
responsabilidades do papel, não é muito comum que se escondam
atrás de seus papéis para lidar com conflitos. As desvantagens
estão relacionadas ao fato de se poder criar um relacionamento de
inimizade que prejudicaria as possibilidades positivas para ambas
as partes no futuro, além de perpetuar um relacionamento ou
sistema insatisfatório, bem como bloquear mudanças necessárias e
restringindo as opções para resolução do conflito.
Weeks (1992:10 apud Martinelli, Almeida, 1998:68) apresenta oito
passos que considera essências para a resolução de conflitos quais sejam:
a) criar uma atmosfera efetiva;
b) esclarecer as percepções;
c) focalizar-se em necessidades individuais e compartilhadas;
d) construir um poder positivo compartilhado;
e) olhar para o futuro e em seguida aprender com o passado;
f) gerar opções;
g) desenvolver “degraus”: as “pedras dos passos” para a ação;
h) estabelecer acordos de benefícios mútuos.
5.8 – Negociação nos conflitos
Nas negociações em geral, muitas vezes, é difícil vencer a
intransigência do outro lado envolvida na negociação, e ainda encontrar um
enfoque racional para a solução dos problemas. A emoção do ambiente,
freqüentemente, é responsável por criar uma nova perspectiva para a solução
43
do problema, em função da importância da questão, das pessoas envolvidas,
das atitudes tomadas, enfim, da decisão tomada para a solução do conflito.
Hodgson (1996:216 apud Martinelli, Almeida, 1998:70) apresenta seis
passos positivos a serem seguidos para se negociar em situações de conflito:
a) buscar o enfoque de solução de problemas;
b) saber ouvir – saber aquilo que o outro tem a dizer pode ser muito
difícil, mas é importante;
c) formular questões – conhecer sobre os pontos de vista ou
propostas dos outros lados envolvidos;
d) manter a mente sempre aberta – buscar novas opções tanto para si
próprio quanto para o outro lado envolvido;
e) lembrar que os movimentos são a única maneira de se estabelecer
progressos, fazendo com que o outro lado também se mova em sua
direção;
f) isolar o problema das pessoas envolvidas. Concentrar-se em
negociar uma solução e esquecer-se da personalidade das pessoas
envolvidas na negociação também pode ser questão de
fundamental importância.
44
CAPÍTULO VI
O PAPEL DO LÍDER
“Os verdadeiros líderes ensinam as pessoas a fazer grandes coisas. E quando o trabalho está feito, elas dizem: Nós é que fizemos.” Lao-Tsé
6.1 – A competência emocional do líder
Segundo as lições de Goleman (1999), liderança é uma função cuja a
essência reside em fazer que outras pessoas realizem seu trabalho de forma
mais eficaz. A inépcia interpessoal de líderes baixa o desempenho de todos. É
um fator que desperdiça tempo, cria asperezas, corrói a motivação e a
dedicação, gera hostilidade e apatia. Os pontos fortes e os pontos fracos de um
líder em termos de competência emocional, podem ser medidos pelos ganhos
ou perdas da organização dos melhores talentos daqueles que lhe cabe dirigir.
Lidar com uma situação emocional requer habilidade para resolver
problemas, tais como ser capaz de rapidamente estabelecer confiança e
sintonia, ouvir com atenção, persuadir e “vender” uma recomendação.
A arte da liderança consiste em como uma pessoa implementa as
mudanças e não apenas nas mudanças em si.
O líder hábil mantém-se sintonizado com as sutis correntes
subterrâneas de emoção que permeiam o grupo e é capaz de ler o impacto que
suas ações causam nessas correntes. Uma das maneiras pelas quais o líder
estabelece sua credibilidade consiste em captar esses sentimentos coletivos,
não expressos, e articulá-los para o próprio grupo, ou então agir de tal modo
que demonstre tacitamente aos membro do grupo que eles estão sendo
compreendidos. Nesse sentido, o líder é um espelho que reflete a própria
45
experiência do grupo. O líder também é uma “fonte-chave” do tom emocional
da organização. O entusiasmo que emana de um líder pode conduzir um grupo
inteiro na direção desejada.
A transmissão de energia emocional permite ao líder tornar-se o piloto
da organização, determinando seu curso e direção. Ocorre que a capacidade
de transmitir emoções é amplificada no caso do líder, já que as pessoas de um
grupo passam mais tempo olhando para o líder do que para qualquer outra
pessoa. Uma pequena mudança na expressão facial ou no tom de voz de uma
figura poderosa pode ter mais impacto do que espetaculares demonstrações de
sentimentos por alguém que ocupe uma posição de menor destaque. As
pessoas não só prestam mais atenção ao líder, como também tendem a imitá-
lo.
A facilidade com que as emoções se espalham do líder para o conjunto
do grupo, tem também um aspecto negativo. Uma liderança abrutalhada,
arrogante ou arbitrária desmoraliza o grupo. Por outro lado, líderes
extremamente bem sucedidos exibem um alto grau de energia positiva, que se
espalha por toda a organização, pois quanto mais positivo for o estado de
ânimo do líder de um grupo, mais positivos, prestativos e cooperativos serão os
membro do grupo.
Concluindo, Goleman (1999) trata o carisma emocional como
dependente de três fatores: ter emoções fortes, ser capaz de expressar essas
emoções com vigor e ser um transmissor emocional, mais do que um
receptor. Pessoas altamente expressivas comunicam-se por meio das suas
expressões faciais, sua voz, seus gestos, todo o seu corpo. Essa capacidade
lhes permite impulsionar, inspirar e cativar os outros. Acreditar de fato na sua
mensagem emocional é que separa o líder carismático do manipulador, que
age em proveito próprio.
O tom emocional estabelecido por qualquer líder propaga-se para baixo
com uma notável precisão. Enquanto os líderes medianos tendem a tornar-se
invisíveis, os melhores líderes andam em meio aos seus subordinados,
conversam, fazem perguntas sobre suas famílias e outras questões pessoais.
Além disso, fazem saber que querem ser informados, criando atmosfera de
46
abertura que facilita a comunicação. Esse canal de mão dupla encoraja as
pessoas, em todos os níveis, a manterem seus superiores informados.
Para Goleman (1999), não há dúvidas de que, às vezes, a liderança
requer posturas mais duras. A arte da liderança implica saber quando se deve
ser afirmativo (interpelando alguém diretamente em relação as suas falhas de
desempenho) e quando se deve ser camarada e utilizar meios menos diretos
para guiar ou influenciar.
A liderança exige difíceis tomadas de decisão, pois alguém tem de
dizer às pessoas o que devem fazer, providenciando para que cumpras as
suas obrigações.
Um erro comum dos líderes, de supervisores a executivos de alto
escalão, é deixar de ser enfaticamente afirmativos quando necessário. Um
obstáculo a essa postura afirmativa é a passividade, como pode acontecer
quando alguém preocupa mais em ser querido do que em conseguir que o
trabalho seja feito. Outra deficiência é a incapacidade de ser claro e firme,
resultando que os funcionários não ficam sabendo o que se espera deles.
Uma característica de um líder afirmativo é a capacidade de dizer não
com firmeza e de forma definitiva. Outra, é criar uma expectativa de alto
desempenho ou de qualidade, e insistir para que as pessoas os satisfaçam,
mesmo monitorando ostensivamente o desempenho delas, se for preciso.
Quando as pessoas deixam de ter um bom desempenho, a tarefa do
líder consiste em fazer comentários úteis, em vez de deixar o momento e a
falha passarem despercebidos.
Conclui-se, após analisar as lições de Goleman acima, que um líder
para ser bem relacionado com seus liderados e ter sucesso profissional,
mantendo seu ambiente de trabalho harmonioso, é fundamental que
desenvolva uma personalidade positiva, com equilíbrio emocional e cultivar os
seguintes hábitos: respeitar, cumprimentar as pessoas com que se trabalha e
chamá-las pelo seus nomes; fazer com que essas pessoas sintam-se
valorizadas, incentivado-as para crescimento pessoal e profissional; escutar as
pessoas com atenção e humildade, considerando os sentimentos e opiniões;
admitir seus erros e limitações, mantendo-se aberto para discussões com o
47
grupo; manter o bom humor; ser cordial e otimista; criticar com cautela; não
repreender seus liderados na presença dos demais; dentre outros.
6.2 – Características do líder
Um verdadeiro líder deve possuir características ou competências que
o torne capaz de perceber de imediato, as necessidades e as potencialidades
de cada um de seus liderados.
Segundo Felippe (2003), criatividade e entusiasmo são as
características que diferenciam o líder de imediato. A sensibilidade permite
estabelecer empatia com todos os membros do grupo, o que facilita seu
trabalho de motivar, estimular, ouvir e encontrar as formas de colocar em ação
as idéias de surgem. Fazer negócios inovadores, é entre outras coisas, estar
atento às decisões do dia-a-dia.
O líder necessita de outras habilidades importantes, a saber:
comunicação, pro-atividade, visão sistêmica, paixão, empreendedorismo, ética,
perseverança, motivação, flexibilidade, criatividade, segurança, sinergia,
trabalho em equipe, dentre outras.
6.3 – Trabalho em equipe
O trabalho em equipe é da maior importância para as organizações.
Para Goleman (1999), no trabalho em equipe acontece o mesmo com
os grupos e com os indivíduos: a inteligência emocional é a chave para a
excelência. É claro que o intelecto e o conhecimento especializado são
importantes, mas o que distingue as equipes de ponta tem muito a ver com sua
competência emocional. Algumas competências emocionais que surgiram
como capacidades diferenciadoras foram as seguintes: empatia ou
compreensão interpessoal, cooperação, comunicação aberta, autopercepção,
48
iniciativa, autoconfiança como equipe, flexibilidade, percepção organizacional e
formação de vínculos com outras equipes.
As pesquisas sobre a tomada de decisões por equipes, mostram que
contar com pessoas que possuam três qualidades básicas – alta capacidade
cognitiva, diversidade de perspectivas e conhecimento especializado – conduz
à melhor qualidade na tomada de decisões. Entretanto, o intelecto e o
conhecimento especializado não bastam. Os membros de equipe precisam
também interagir saudavelmente, num debate aberto e rigoroso e num exame
crítico que cada pessoa tenha em mente.
Goleman questiona: O que permite a uma equipe de gerenciamento
discutir acaloradamente, mas terminar com consenso firme? Ele diz que a
chave está na presença inteligência emocional, nas competências emocionais,
tais como: a autopercepção, a empatia e a comunicação, ou seja, a forma pela
qual os membros de equipe discutem.
A capacidade de manter um grupo trabalhando bem é, por si só, um
talento precioso. É quase certo que todo grupo que funciona muito bem, conte
com pelo menos, um membro dotado desse talento.
O líder designado é algo como um genitor numa família. Como tal,
precisa ter certeza de que suas ações são consideradas justas por todos. O
bom líder de equipe, assim como o genitor, cuidará dos membros de sua
equipe, defendendo-os, por exemplo, quando a reputação deles for atacada (na
organização em geral), bem como assegurando que disponham do apoio
prático de que necessitem, em termos de verbas, pessoal ou tempo. Os
melhores líderes de equipe, conseguem fazer com que todos adotem uma
noção comum de missão, metas e programação. A capacidade de articular
uma visão sedutora, que sirva como força guia para o grupo, pode ser a mais
importante contribuição de um bom líder de equipe. Um líder carismático é
capaz de manter sua equipe no rumo certo, mesmo quando tudo mais não dá
resultado.
Goleman reforça que, além de dar o tom emocional fundamental da
equipe, o líder proporciona coordenação, que é o segredo da cooperação e do
consenso. Os líderes de equipes fortes não atuam como “cérebro” do grupo ou
49
como tomadores de decisão autônomos, mas sim como formadores do
consenso.
Após o aprendizado das lições de Goleman, resta evidente que é
imprescindível haver um bom relacionamento interpessoal para que o trabalho
em equipe seja efetivamente produtivo, sendo o líder a pessoa responsável por
esse resultado. Daí, o equilíbrio emocional do líder ser o veículo para o
sucesso da organização.
50
CAPÍTULO VII
AS FERRAMENTAS DO CAMINHO
PARA A EXCELÊNCIA
Cada vez mais um número maior de profissionais sente a necessidade
de ter um crescimento pessoal com mudanças e relacionamentos saudáveis e
duráveis, que permitam uma convivência mais significativa e produtiva no
ambiente de trabalho, com maior felicidade e alegria de viver, com o intuito de
promover o melhor clima organizacional.
Para isso, são sugeridas abaixo, algumas ferramentas, que poderão vir
a ser o caminho da excelência no relacionamento interpessoal no ambiente de
trabalho.
Ruggiero (2003) entende que investir no refinamento da competência,
em habilidades de relacionamento humano, gera resultados e retornos
excepcionais para a empresa. Habilidades humanas contribuem bastante para
uma melhor qualidade do relacionamento dentro do grupo e para o espírito de
equipe. Nesse sentido, é fundamental que valores que promovem alta
qualidade humana sejam “oficiais” e sejam muito claramente comunicados.
Fundamental será também a coerência discurso-ação.
Ruggiero sugere que o nível das relações interpessoais será
potencializado através da existência dos fatores listados abaixo:
a) educação e cortesia – polidez, boa educação, respeito e
consideração pelos outros, otimizando pela base a qualidade do
relacionamento entre os colaboradores;
b) profundidade no relacionamento – relações mais profundas e
autênticas, gerando efetivo espírito de equipe;
c) ética – relações fundamentadas em impecáveis princípios éticos,
evitando preocupações e gerando sinergia na equipe;
d) sem subterrâneos – ausência de politicagem, interesses escusos,
conduzindo a relacionamentos autênticos;
51
e) habilidades interpessoais – desenvolvimento refinado da
competência de relacionar-se bem com todos os colaboradores,
elevando a eficácia do trabalho em conjunto de forma natural;
f) cooperação plena – atitude de máxima cooperação, ausência de
competição predatória, otimizando a qualidade do relacionamento e
a força do grupo;
g) responsabilidade e envolvimento – conscientização de cada
colaborador quanto a sua responsabilidade pela qualidade dos
relacionamentos na empresa, contribuindo para potencializar a
força humana;
h) valores da empresa – atitudes da alta administração coerentes
com a filosofia e princípios oficiais, coma base para a evolução das
relações na empresa.
Martins (2004) apresenta dez passos que entende ser essenciais para
que o indivíduo possa sobressair diante deste mundo moderno e atingir a
qualidade total no ser humano:
a) ter confiança em si mesmo – cuidar da auto-estima e valorizar-se;
b) cuidar da aparência – causará uma boa impressão aos demais;
c) ser um bom ouvinte – valorizar o tempo que passa com as
pessoas, ouvindo-as, compreendendo-as melhor e julgando-as
menos;
d) atualizar-se constantemente – buscar a melhor forma de estar
sempre atualizado com sua área de interesse, seja através de
livros, cursos, viagens, grupos de amigos, etc;
e) dedicar-se bastante a um projeto, mas manter-se aberto a outros;
f) aceitar as diversidades e aprender a desfrutá-las – cada pessoa
é diferente e tem uma personalidade única;
g) estar preparado para a mudança e cultivá-la – essencial não se
deixar levar pela acomodação e pela rotina
52
h) desenvolver seu marketing pessoal e networking – as pessoas
bem sucedidas sabem utilizar seu marketing pessoal e o networking
para alavancar seu crescimento profissional e pessoal;
i) ser feliz – ter prazer no que faz e fazer com prazer.
Goleman (1999:338) apresenta cinco competências emocionais e
sociais básicas, que considera extremamente útil para vida no trabalho:
a) autopercepção – saber o que sente num determinado momento e
utilizar as preferências que guia a tomada de decisão; fazer uma
avaliação realista da própria capacidade e possuir uma sensação
bem fundamentada de autoconfiança;
b) auto-regulamentação – lidar com as próprias emoções de forma a
facilitar a tarefa, em vez de interferir com ela; recuperar-se bem de
aflições emocionais;
c) motivação – utilizar preferências mais profundas para guiar-se na
direção das próprias metas a fim de ajudar a ter iniciativa, ser
altamente eficaz e perseverar diante de reveses e frustrações;
d) empatia – pressentir o que as pessoas estão sentindo, ser capaz
de assumir perspectivas e cultivar sintonia com uma ampla
diversidade de pessoas;
e) habilidades sociais – lidar bem com as emoções nos
relacionamentos; interagir com facilidade; utilizar essas habilidades
para liderar, negociar e solucionar divergências, bem como para a
cooperação e o trabalho em equipe.
53
CONCLUSÃO
A construção de um ambiente de trabalho harmonioso e participativo
pode ser uma tarefa longa e cansativa. Para tanto, mister se faz que os
profissionais desenvolvam as habilidades e valores elencados ao longo deste
trabalho. Com isso, certamente haverá melhora na qualidade dos
relacionamentos, da produtividade e no comprometimento das pessoas que
integram o ambiente de trabalho. Para haver plena harmonia nos
relacionamentos, necessariamente, primeiramente deve-se conhecer a si
mesmo e, no segundo momento, conhecer os outros, aceitando as diferenças.
A humildade e a sabedoria viabilizam a descomplicação de relacionamentos,
proporcionando um ambiente mais feliz. A relação de trabalho deve ser mais
que profissional. É preciso ter paixão e amor naquilo que se faz. A partir daí,
fica mais fácil entender a necessidade de conviver harmoniosamente com as
pessoas que se trabalha. Os valores essenciais para um bom relacionamento
interpessoal, estão relacionadas ao aprendizado contínuo e gerenciamento das
emoções, que promoverão cooperação, respeito, confiança, amizade, dentre
outros valores.
Espera-se que o presente trabalho venha acrescentar formas eficazes
para maximizar a dignidade do ser humano e de promover a excelência do
relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho.
54
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOOG, GUSTAVO E MAGDALENA. Relacionamentos. São Paulo: M. Books,
2004.
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55
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QUILICI, MÁRIO. Auto-estima: uma avaliação técnica. www.psipoint.com.br.
2004.
57
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 9
1.1 – Conceito 9
1.2 – A Importância das Emoções no Ambiente de Trabalho 10
1.3 – O “Personal Trainer Emocional” 11
CAPÍTULO II
PERCEPÇÃO – O PONTO DE PARTIDA 12
2.1– Conhecendo a si mesmo e aos outros 13
2.2 – A auto-estima 16
CAPÍTULO III
A ARTE DA COMUNICAÇÃO 18
3.1 – Conceito 18
3.2– O Taylorismo e a “Comunicação Zero” 18
3.3 – Comunicação nas Organizações 19
3.4 – Comunicação Cooperativa – o falar e o ouvir 22
3.5 – A arte de ouvir 24
3.6 – O uso do instrumento feedback 24
58
CAPÍTULO IV A ATITUDE NO TRABALHO 28
4.1 – Conceito de atitude positiva 28
4.2 – Atitude e personalidade 29
4.3 – Atitude e o ambiente de trabalho 30
4.4 – A renovação e o ajuste da atitude 31
CAPÍTULO V
CONFLITOS 33
5.1 – Conceito 33
5.2 – Origem e natureza dos conflitos 33
5.3 – Os sentimentos nos conflitos – aspectos positivos e negativos 35
5.4 – Classificação dos conflitos 36
5.5 – Administração dos conflitos 38
5.6 – Percepções equivocadas sobre conflitos 39
5.7 – Resolução dos conflitos 41
5.8 – Negociação nos conflitos 43
CAPÍTULO VI
O PAPEL DO LÍDER 44
6.1 – A competência emocional do líder 44
6.2 – Características do líder 47
6.3 – Trabalho em equipe 47
CAPÍTULO VII
AS FERRAMENTAS DO CAMINHO PARA A EXCELÊNCIA 50
CONCLUSÃO 53 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO 59
59
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - NITERÓI
Título da Monografia: RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO AMBIENTE
DE TRABALHO
Autor: VERONICA DA CUNHA DE CARVALHO E SILVA
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Conceito Final: