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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FOLCLORE NA EDUCAÇÃO: O VALOR DA CULTURA POPULAR Por: Célia Regina Moreira Pimentel Profª. Ms. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FOLCLORE NA EDUCAÇÃO:

O VALOR DA CULTURA POPULAR

Por: Célia Regina Moreira Pimentel

Profª. Ms. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2001

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II

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FOLCLORE NA EDUCAÇÃO:

O VALOR DA CULTURA POPULAR

Apresentamos a monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “LATO

SENSU” em Administração Escolar.

Por: Célia Regina Moreira Pimentel

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III

AGRADECIMENTOS

Aos Mestres portadores do Folclore

Fluminense, pelos ensinamento.

Aos colegas da Divisão de Folclore e do

Colégio Estadual Alceu Amoroso Lima,

pela compreensão e afeto.

À Professora-Mestra Mary Sue Pereira,

pelo incentivo e entusiasmo.

À Professora-Mestra Sheila Silva Rocha,

por proporcionar momentos de reflexão

política sobre Educação.

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia ao Fernando, cúmplice e companheiro.

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V

RESUMO

Este trabalho procura apresentar questões relacionadas ao Folclore na

Educação.

Registra observações sobre o tema, refletindo sobre o cotidiano escolar

e a importância de uma formação acadêmica que permita a compreensão do

folclore e da cultura popular nas prática pedagógicas.

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VI

METODOLOGIA

Na busca da resposta ao problema proposto, utilizei a pesquisa

bibliográfica e a observação direta do objeto estudado.

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VII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 08

CAPÍTULO I ............................................................................................ 09

CONCLUSÃO ............................................................................................ 20

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................21

BIBLIOGRAFIA CITADA ........................................................................... 23

ANEXOS .................................................................................................... 24

INDICE ...................................................................................................... 25

FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 26

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INTRODUÇÃO

A escolha do tema para esta monografia se deve ao nosso

convívio com o Folclore Fluminense desde 1978. Durante todo este tempo de

convivência não só profissional, mas principalmente afetiva, temos observado

como tem sido a relação do folclore na educação.

Folclore ou cultura popular, como recomendou a UNESCO por

ocasião da 25ª Reunião da Conferência Geral, sobre a salvaguarda do folclore,

é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas

tradições, expressas individualmente ou coletivamente, representativo de sua

identidade social. Sendo parte integrante da cultura nacional, as

manifestações do folclore são equiparadas às demais formas de expressão

cultural, bem como seus estudos aos demais ramos das humanidades.

Folclore na educação é tema abordado em teses, livros, artigos, porém em

nossas escolas recebe tratamento dissociado da realidade. É lembrado

apenas, no dia oficial do folclore (22 de agosto), através de "pesquisas"

aleatórias que levam os alunos a copiarem enciclopédias ou capturarem

informações na Internet sem nenhuma orientação. Finalizando com

apresentações de fatos folclóricos de países distantes, desprezando a cultura

local. Com honrosas exceções, é o que se vê nas escolas.

Este trabalho pretende investigar o valor da cultura popular no

âmbito escolar e levantar as iniciativas existentes para a formação folclórica do

professor/pesquisador, pois “para que o folclore seja aproveitado na escola, é

preciso que o conheça professor”. ALMEIDA (1974: p.295)

Concluindo esta introdução, esclarecemos que no primeiro

capítulo buscamos analisar o folclore dentro do cotidiano escolar. No segundo

capítulo apresentamos uma síntese de reflexão sobre a necessidade da

formação de educadores capazes de atuar nas escolas como

professores/pesquisadores do folclore.

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CAPÍTULO I

O FOLCLORE NO COTIDIANO POPULAR

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1. O FOLCLORE NO COTIDIANO POPULAR

“Eu sou sobrinho de uma rainha. Verdade pura, podem acreditar!

Aliás, este era um dos meus maiores orgulhos quando criança: ter uma tia

rainha, de carne e osso. Tia Gorda, eu a chamava.

Aos 7 anos de idade, entrei pela primeira vez em uma escola em

belo Horizonte. No primeiro dia de aula, uma professora muito gentil, levou-nos

para a biblioteca para nos apresentar o mundo das letras. Abriu o livro "As

mais belas histórias" e começou a ler, pausadamente:

- "Era uma vez um lugar muito distante, onde moravam um rei e

uma rainha....”

Eu, já me encantando com o que ouvia, imediatamente a

interrompi e falei:

- Professora, eu tenho uma tia que é rainha!

Ao que ela me respondeu, calmamente:

- Fique quietinho e escute. Isto é uma história de mentirinha, um

conto de fadas. Não existem esses reis e rainhas.

E continuou sua leitura. Eu, mais uma vez, insisti:

- ...... mas eu tenho uma tia que é rainha de verdade!

Após a minha terceira tentativa de intervenção, a professora me

mandou um "cala a boca". Ao final do meu primeiro dia de aula, fui

encaminhado à sala da diretora como "menino problema" e, a partir de então,

fui rotulado de "aquele que pensa que tem tia rainha". Nunca mais, durante

todo o curso primário, falei sobre este fato.

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Quatro anos mais tarde, já no ginásio, rompi o meu silêncio e

tentei falar a mesma coisa. Mas um velho professor de história, que explicava

as conquistas ibéricas, retrucou de cara:

- Cala essa boca, deixa de bobagem e presta atenção na aula.

Estou falando de reis e rainhas, pessoas importantes: aqui no Brasil nunca teve

isso. Você não pode ser de família real, olha seu nome, olha a sua cor...

Fui, mais uma vez, motivo de gozação por parte dos colegas.

Comecei a pensar que eu talvez tivesse sido enganado por minha família. Não

poderia ser descendente de rainha nenhuma. Nunca mais tive coragem de

falar sobre isto.

Ao final do segundo grau, fui morar em Ouro Preto e, um dia,

lendo “Ao Deus Desconhecido”, de John Steínbeck, sentado nos fundos do

cemitério da Igreja de São José, comecei a observar e pensar sobre as muitas

paredes e muros de pedras que estavam à minha volta.

Foram feitos por quem? Por que? Como? Quando?

Descobri naquele instante que não podia responder a estas e

tantas outras questões, simplesmente porque não conhecia a história dessa

gente.

- Essa gente não seria a mesma da qual eu me originara?

Foi naqueles dias que resolvi cursar história. Durante 4 anos

estudei a vida e a trajetória de reis, rainhas e personagens importantes de tudo

quanto foi lado. Mas, mais uma vez, só me apresentaram a história

oficializada. A minha e dos meus antepassados reais continuou oculta, no

limbo.

- Onde poderia eu estudar as minhas origens.

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Resolvi partir para o estudo da Antropologia. Quem sabe ali

encontraria minhas raízes. Devorei livros e bibliotecas, garimpei cidades e

campos. Conheci todo tipo de gente, nos livros, nas ruas e nas roças. Virei um

andarilho atrás dos filões de minha cultura, A academia me titulou Antropólogo,

especialista em cultura popular e Folclore. E, quanto mais aprofundava meus

estudos, mais acreditava que, em algum momento, poderia responder às

minhas muitas e múltiplas questões e encontrar o caminho das pedras e das

minhas heranças familiares e comunitárias.

Hoje, já aproximando do meio século de existência, creio que

consegui desvendar grande parte destas incógnitas. A minha caminhada,

como era de se esperar, levou-me para os lados da Educação. A universidade

e a sociedade queriam que eu fosse professor. Fui e, sem modéstia,

competente. Mas isso não me bastava. Eu queria ir mais fundo. Queria mais.

Virei educador. E a matéria prima do meu trabalho, a cultura.

Já ia me esquecendo! Minha tia Gorda foi Rainha Perpétua do

Congado. E todos os anos - de agosto a outubro - ela, devidamente vestida

com manto, coroa e cetro reais, era homenageada com danças e embaixadas

por ternos de Moçambiques, Congos, Marujos, Vilões, Catopés e Caboclinhos.

E saía em alegres cortejos pelas ruas protegidas por um pálio, acompanhando

as guardas cantando e louvando Nossa Senhora do Rosário, santa branca,

padroeira e patrona das irmandades negras e católicas que construíram estas

Minas Gerais.

Eu tinha orgulho de tê-la como tia – e como rainha – mas,

infelizmente, nunca pude mencioná-la ou estudá-la na escola. Pena, pois

mereceria um capítulo especial na construção da história do povo brasileiro.

Quem sabe, algum dia, tenhamos em cada biblioteca de cada

escola destas Minas Gerais, uma estante especial, abarrotada de livros, textos

e publicações dedicados à vida, aos saberes e aos fazeres das pessoas da

comunidade onde esta escola existe e funciona.

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Hoje, tento colocar o que aprendi e descobri a serviço de crianças

e adolescentes, para que estes não percam, prematuramente, sua realeza e

dinastia, sua auto-estima e sua história. E também estou a serviço dos adultos

que já as perderam ou as deixaram em algum canto da vida.

Bem, destino ou não, acredito que essa trajetória pessoal foi

determinante para me conduzir para o que faço hoje. Tomei-me educador (por

opção política, por prazer pessoal, por necessidade existencial) porque acredito

que esta é a única maneira de devolver – sob forma de práticas educativas

inovadoras e desafiadoras – por todos os privilégios, oportunidades e

possibilidades que tive e vivi, ao povo do qual, privilegiadamente, faço parte.

Esta é apenas mais uma história repleta de muitas vidas”.

ROCHA (1996: n.p)

Tenho ouvido histórias inusitadas como essa, envolvendo escolas

reais, crianças reais, comunidades reais, o que nos leva a pensar no que seria

uma educação significativa, que valesse a pena.

O processo de aquisição do conhecimento é desenvolvido por

meio de diversas formas, situações e canais. Ensinamos e aprendemos em

família, na rua, no lazer, no trabalho...

No âmbito institucional, a escola defende ideologicamente seu

espaço no processo ensino-aprendizagem, e o faz separada dos

conhecimentos da experiência, que podemos chamar de escola da vida.

O diálogo entre os variados procedimentos de ensino-

aprendizagem deveria ser o empenho de todos os envolvidos com a educação

comprometida com a cidadania,

Pode parecer que com a globalização e a conseqüente tentativa

de padronização da cultura, a preocupação com o folclore seja considerada

desatual. Porém conceituando educação como um processo global que insere

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o aluno nas relações interpessoais através de posturas de liberdade, respeito,

responsabilidade, ou seja, da ética e principalmente da auto-estima, temos no

folclore instrumentalização capaz de suporte para uma educação de qualidade.

1.1. MAS O QUE É FOLCLORE?

O folclore marca a identidade de um grupo, e o aluno deve

aprender a descobrir o folclore onde quer que ele se apresente. Todos somos

produtores e portadores de folclore, em maior ou menor grau, isto posto e

entendido, saberemos que "o exótico", o "diferente" e o "estranho" não é o

folclore que queremos que o aluno compreenda.

O folclore faz parte do nosso patrimônio, definindo nossa

identidade cultural e expressando-se em diferentes formas de apresentação:

auto/teatro, danças, lúdica infantil, literatura oral, artes e técnicas, alimentação,

usos e costumes, música, festas tradicionais, linguagem popular, medicina

popular. E a educação tem neste farto material, subsídios para suas práticas

pedagógicas, e não só auxílio às comemorações festivas descompromissadas

com o conhecimento que o processo ensino-aprendizagem se propõe a

transmitir, como se vem observando nas escolas, nas chamadas festas

folclóricas.

MORIN (2001: p.93) convoca a "educar para a compreensão

humana, ensinando a compreensão como condição e garantia da solidariedade

intelectual e moral da humanidade".

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CAPÍTULO II

O ENSINO DO FOLCLORE

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2. O ENSINO DO FOLCLORE

"O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico,

cultural, social, histórico. Esta unidade complexa de natureza humana é

totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se

tomado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la,

de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e

consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua

identidade comum a todos os outros humanos".MORIN (2001:P.15)

2.1 - APLICAÇÃO DO FOLCLORE NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

Nos parâmetros curriculares para o ensino fundamental e médio,

o Ministério da Educação propõe a organização do currículo em ciclos e não

em séries e, para o primeiro e segundo ciclos, a organização em áreas e não

em disciplinas, mas já nos ciclos seguintes aparece a disciplinarização. A

grande novidade são os temas transversais: assuntos de interesse social, que

devem "atravessar" o conteúdo de todas as disciplinas. Esta proposta

representa um avanço em relação a compartimentalização dando a cada

professor a oportunidade de trabalhar seus conteúdos, procurando explicitar a

vivência e a apreensão histórica do espaço humano.

A aplicação do folclore no campo da educação pode ser utilizado

na formação teórico-prática de elementos que se destinam às pesquisas

folclóricas no ensino fundamental, médio ou no nível superior. É preciso que se

trabalhe planos e linhas de ensino que facilite a inclusão de cursos de folclore e

que nestes, sejam incluídos conteúdos programáticos capazes de levar à

pesquisa e à divulgação da cultura popular e do folclore da região em que

forem ministrados.

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2.2. CRIAÇÃO DE CURSOS DE FOLCLORE E CULTURA

POPULAR

Criar cursos regulares e sistemáticos de folclore atende ao Artigo

3º inciso II da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que garante o ensino no

Brasil a "liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber". Para isso deve haver cursos livres e diversos

entre os quais o de folclore, e assim, o saber popular passa de mero

coadjuvante de disciplina como história, língua portuguesa, artes, entre outras,

a Cursos Independentes.

Sendo assim os cursos regulares de folclore devem estar ligados

ao ensino, a pesquisa e também a extensão em que o alunado brasileiro,

voltaria seu olhar para a cultura popular da sua região não como mero

espectador das manifestações tradicionais mas como agente da preservação

da memória popular.

2.3. ALGUMAS INICIATIVAS PARA O ENSINO DO FOLCLORE

NO RIO DE JANEIRO

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o folclore é

ensinado integrado aos currículos dos cursos de Música, Educação Artística,

Educação Física e Dança.

Na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o folclore

entra nos cursos de Educação Física e Educação Artística.

Na Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO), a disciplina folclore

é obrigatória nos cursos de Música e Teatro.

Há na UNI-RIO um projeto para um curso de Pós-Graduação em

Folclore transitando sob forma de processo pelos corredores do Ministério da

Educação desde 1996, porém sem respostas até a presente data.

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Em nível de ensino médio, conhecemos o Curso Técnico de

Turismo do Colégio Estadual Juscelino Kubstchek, oferecido em módulos com

duração de 6 meses cada um. Sua parte específica contém os módulos:

Cultura e Folclore/Cultura e Antropologia dentre outros. Tive a oportunidade de

acompanhar um dos projetos, dos professores e alunos deste colégio e pude

testemunhar a seriedade, paixão e emoção de todos os envolvidos na pesquisa

do folclore do Estado do Rio de Janeiro.

E por fim, a mais grata surpresa foi o curso livre de folclore e

cultura popular edição 2001 (9 a 20 de julho) realizado pelo CENTRO

NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA/FUNARTE/MEC. Com carga horária

de 86 horas (e opção de elaboração de trabalho final). Este curso ofereceu 50

vagas e tem uma lista de espera (para a edição 2002) de 200 inscritos.

Cabe aqui citar a reestruturação da Comissão Fluminense de

Folclore, ocorrida em Agosto de 2000, após aproximadamente 25 anos

desativada. Esta comissão traz a proposta de incentivar a criação de cursos de

Pós-Graduação de Folclore e Cultura Popular, dentre outros projetos.

Destaco também o trabalho da Divisão de Folclore da Secretaria

de Estado de Cultura. Criada em 1975, com o objetivo de levantar e divulgar o

folclore do novo Estado do Rio de Janeiro (quando da fusão do antigo Estado

do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara). Em seus vinte e seis anos de

existência promoveu Cursos Livres para professores, Congressos, Encontros,

publicou livros e farto material de divulgação, além de fornecer consultoria a

todas as Secretarias Municipais de Educação e Cultura do Estado do Rio de

Janeiro.

Estas iniciativas e trabalhos vêm surtindo algum efeito nas

práticas escolares desenvolvidas isoladamente, por algumas escolas cujos

professores tiveram acesso às informações tratadas aqui. Porém, não o

necessário para que acreditemos na força que tem o encontro autêntico com a

nossa identidade histórica-cultural.

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CONCLUSÃO

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Faz-se necessário repensar o espaço ocupado pelo folclore e

cultura popular em nossas escolas.

As pesquisas em antropologia vêm revalorizando o folclore e a

cultura popular como fonte de conhecimento científico, porém em nossas

escolas pouco se tem aproveitado dessas possibilidades. O que é lamentável,

pois vivemos numa sociedade que aliena o indivíduo, corrói sua identidade e

sua auto-estima, numa tentativa perversa de padronizar pensamentos. Quem

mais se ressente são os jovens, que ficam sem forças para tornarem-se livres

da dominação, e assim, sendo controladores de suas próprias ações e

reações.

"Os indivíduos universalmente desenvolvidos, cujas relações

sociais enquanto relações próprias e coletivas estão submetidas a seu próprio

controle coletivo, não são um produto da natureza, mas sim da

história”.MARX(1986:P.89)

No estudo do folclore dentro do cotidiano escolar, em um primeiro

momento, podemos utilizar a transversalidade nos níveis básico, fundamental e

médio, e paralelamente, fomentar a criação de cursos para a formação de

professores/pesquisadores/pensadores em folclore e cultura popular, haja vista

a importância de termos educadores formadores de opinião para atuar em

nossas escolas de hoje e do amanhã.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BARRETO, Luiz Antonio. Um novo entendimento do folclore e outras

abordagens culturais. Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe, 1994.

CAMURÇA, Lídia Sá V. Educação e Folclore. Fortaleza: H. Galeno, 1973.

CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO. In: - VIII Congresso Brasileiro de

Folclore. Comissão Nacional de Folclore. Salvador, Bahia, 12 a 16 de

Dezembro de 1995.

CARVALHO-NETO, Paulo de. Folclore e Educação. Rio de Janeiro: Forense

universitária; São Paulo: Sec. de Cultura, 1981.

ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS, XX. Anais, Laranjeiras, 4 a 7 de

Janeiro de 1996. Aracaju: Secretaria de Estado de Cultura, 1997.

FRADE, Caseia Coord. Guia do Folclore Fluminense. Rio de Janeiro: Presença

Edições/Divisão de Folclore, 1985.

___________. O saber viver: redes sociais e transmissão do conhecimento.

Rio de Janeiro: PUC, 1997. Tese de doutorado em Educação.

GUIMARÃES, José Gerardo Matos. O Folclore na escola. São Paulo: ABF,

1990.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez e autores

associados, 1989.

SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA DE FOLCLORE. Anais. São

José dos Campos, SP. Fundação Cultural Cassiano Ricardo, 1992.

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VILHENA, Luis Rodolfo. Projeto e missão: o movimento folclórico brasileiro

(1947-1964). Rio de Janeiro: FUNARTE/Fundação Getúlio Vargas, 1997.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,

1984.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

ALMEIDA, Renato. Inteligência do Folclore. 2 ed. Rio de Janeiro: Americana;

Brasília: INL, 1974.

ROCHA, Sebastião. Folclore: roteiro de pesquisa. Belo Horizonte: Centro

Popular de Cultura e Desenvolvimento/Comissão Mineira de Folclore, 1996.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3 ed. São

Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3 ed. São

Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.

BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Lei nº:9394/96 de

20 de Dezembro de 1996.

MARX, Karl. Elementos fundamentais para a crítica da economia política.

México: Siglo Veinteuno, 1986.

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ANEXOS

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25

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS .............................................................................. III

DEDICATORIA ....................................................................................... IV

RESUMO ................................................................................................ V

METODOLOGIA ..................................................................................... VI

SUMÁRIO ............................................................................................... VII

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 08

CAPÍTULO I

O FOLCLORE NO COTIDIANO POPULAR ........................................... 09

1.1 Mas o que é Folclore? ...................................................................... 14

CAPÍTULO II

O ENSINO DO FOLCLORE .................................................................... 15

2.1. Aplicações do Folclore no campo da Educação .............................. 16

2.2. Criação de cursos de Folclore e Cultura Popular ............................ 17

2.3. Iniciativas para o ensino do Folclore no Rio de Janeiro .................. 17

CONCLUSÃO ......................................................................................... 20

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................. 21

BIBLIOGRAFIA CITADA ........................................................................ 23

ANEXOS ................................................................................................ 24

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................ 26

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

FOLCLORE NA EDUCAÇÃO:

O VALOR DA CULTURA POPULAR

Data de Entrega: __________/___________/ 2001.

Avaliado Por: ________________________________ Grau: _______

Rio de Janeiro, _______ de ______________________ de 2001.

_______________________________________

Coordenador do Curso

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PROTOCOLO DE ENTREGA DE PROJETO DE

MONOGRAFIA

Recebemos da Aluna: Célia Regina Moreira Pimentel

Curso: Administração Escolar

Monografia: Folclore na Educação: o valor da cultura popular

Data: ______/______/2001.

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PROTOCOLO DE ENTREGA DE PROJETO DE

MONOGRAFIA

Recebemos da Aluna: Célia Regina Moreira Pimentel

Curso: Administração Escolar

Monografia: Folclore na Educação: o valor da cultura popular

Data: ______/______/2001.