Levantar dinheiro junto dos Business Angels Tópicos para ...

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Empreender com Business Angels Tópicos para Empreendedores 1/45 Levantar dinheiro junto dos Business Angels Tópicos para Empreendedores (traduzido para língua portuguesa pela FNABA)

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Levantar dinheiro junto dos Business Angels

Tópicos para Empreendedores

(traduzido para língua portuguesa pela FNABA)

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Por Bob McGowan-Smyth

®HBAN 2012

HBAN é uma iniciativa conjunta da InterTradeIreland e da Enterprise Ireland Delivered em parceria com a Irish Business Innovation Centres e a Halo NI

Empreender com Business Angels

Tópicos para Empreendedores

Esta publicação é o resultado de um acordo assinado entre a EBAN, a HBAN e FNABA com o

propósito de responder aos objetivos mútuos destas Organizações de aumentar a quantidade, a

qualidade e o sucesso dos investimentos dos Business Angels na Europa, permitindo assim uma

melhor compreensão deste tipo de investimento para potenciais novos Business Angels e

empreendedores.

Este documento é uma tradução da versão original “Investing in Private Companies, Insights for

Business Angel Investors”, dirigida inicialmente ao mercado irlandês.

A reprodução e adaptação deste guia, para o mercado português, por parte da FNABA, mereceram

a aprovação prévia da EBAN e da HBAN e respeitou os direitos de autor daquelas organizações,

pelo que a capacidade de adaptação à realidade portuguesa está substancialmente mitigada,

tratando-se acima de tudo de uma tradução da versão original.

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FNABA

A FNABA – Federação Nacional das Associações de Business

Angels, é uma Instituição sem fins lucrativos que foi constituída, em

Fevereiro de 2007, com o objetivo de estimular a troca de experiências entre as redes de Business

Angels, encorajar a adoção das boas práticas internacionais, promover o reconhecimento das

redes de Business Angels e contribuir para a criação e desenvolvimento de um ambiente favorável

à atividade de Business Angels.

Por sua vez a intensificação da ligação entre a Comunidade portuguesa de Business Angels, o meio

empresarial e o conjunto de entidades que atuam no suporte à inovação e ao financiamento

empresarial - facilitando a concretização de novos projetos inovadores, por parte de

Empreendedores e respetivas startups, nas fases iniciais do seu ciclo de vida – é uma realidade

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para a qual tem contribuído a atuação da FNABA particularmente na fase de conceção, divulgação

e operacionalização das Linhas de Financiamento dirigidas aos Business Angels no âmbito do

FINOVA.

A FNABA possui, em 2015, dezasseis Associações de Business Angels e dezasseis entidades veículo

de investimento como seus associados, que representam por sua vez cerca de 600 Business

Angels, tendo-se envolvido, nos últimos três anos - somente no âmbito das Linhas de

Financiamento promovidas pelo FINOVA, gerido pela PME INVESTIMENTOS - em 151

financiamentos de startups com menos de três anos, com o montante aproximado de 34 milhões

de euros que possibilitaram a criação, direta, de mais de 200 postos de trabalho qualificados.

Esta dinâmica de investimento, por parte da Comunidade Portuguesa de Business Angels,

contribuiu para que Portugal tivesse assumido, em 2013, uma posição de destaque no contexto

europeu de Business Angels, uma vez que foi o terceiro país, atrás da Estónia e da Finlândia, que

mais investiu em startups em função do respectivo PIB.

Aumentar o número de investidores Business Angels que estejam interessados em investir em

empresas em estágios iniciais da sua vida, desenvolver adequados programas de formação,

profissionalização e capacitação para investidores e empreendedores e contribuir para a criação

de uma cadeia de valor que possa interligar os diversos atores do Ecossistema Empreendedor

vocacionados para financiar startups com projetos inovadores de alto crescimento merecem, no

momento presente, particular atenção por parte dos responsáveis da FNABA.

CLUBES DE BA ASSOCIADOS DA FNABA em 2015

Associação Portuguesa de Investidores em Startups – Business Angels Club

Clube de Investidores de Cascais

Associação de BA do Porto - Invicta Angels

Associação Investidores Capital Risco Covilhã

Associação de BA do Algarve

Associação de BA de Guimarães – Vima Angels

Associação de BA do Alentejo – Alenbiz

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Open BA Marinha Grande

Coimbra – Centro Business Angels

Associação de BA Santarém

Associação de BA Viseu

Business Angels Club de Lisboa

Associação de BA Aveiro

Associação de BA de Famalicão – Famagrow

Associação de BA do Guadiana e Região Transfronteiriça

Associação de BA da Guarda – Altitude Angels

ASSOCIAÇÕES EM CONSTITUIÇÃO

Açores

Madeira

Mais informação disponível em www.fnaba.org

PME INVESTIMENTOS

A PME Investimentos foi constituída em 1989 sob a forma de

sociedade anónima, tendo adotado duas denominações desde a sua

constituição. Inicialmente criada como SULPEDIP - Sociedade para o Desenvolvimento Industrial, S.A., em

1998 alterou a sua denominação para PME Investimentos – Sociedade de Investimento S.A., designação

que se mantém até à presente data. Atualmente dispõe de escritórios em Lisboa e no Porto, estando a

nossa sede localizada no Porto.

A PME Investimentos – Sociedade de Investimento, S.A., é uma sociedade financeira do setor empresarial

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do Estado, sujeita à supervisão do Banco de Portugal, e tem por missão promover a dinamização e o

alargamento da oferta de financiamento a empresas do setor não financeiro, em particular PME,

designadamente através da gestão de fundos especiais de investimento, veículos de políticas públicas para

apoio ao financiamento das empresas, na dupla vertente de capital próprio e crédito.

A visão e ambição da PME Investimentos é, nos termos e face ao enquadramento que em cada momento

seja definido pelos acionistas, contribuir para o reforço da eficiência de processo de intermediação

bancária e para o desenvolvimento de novas atividades e operadores no mercado de capitais, e continuar a

ser reconhecida pela sua atuação como promotora do empreendedorismo, inovação, competitividade e

internacionalização do setor empresarial Português, e como promotora da dinamização e alargamento da

oferta de financiamento sustentável a PME.

No âmbito da sua missão, a Sociedade tem-se assumido ativamente como uma organização que apoia o

desenvolvimento de instrumentos de financiamento inovadores, proporcionando às empresas nacionais

condições de financiamento equivalentes às melhores referências praticadas nos mercados internacionais,

através da gestão de instrumentos de financiamento e de partilha de risco.

A PME Investimentos é a entidade gestora do FINOVA - Fundo de Apoio ao Financiamento à Inovação, o

qual foi constituído em 2008 e que se assume como instrumento privilegiado para a concretização dos

objetivos estabelecidos no SAFPRI (Sistema de Apoio ao Financiamento e Partilha de Risco). Através do

FINOVA, em conjunto com o COMPETE - Programa Operacional Temático Fatores de Competitividade foram

concebidos e criados dois instrumentos extremamente relevantes para Business Angels: a Linha de

Financiamento a Investidores Informais em Capital de Risco (Business Angels) e a Linha de Financiamento a Operações Desenvolvidas por BA (as linhas “IN2BA”).

A intervenção do FINOVA nestas Linhas de Financiamento é financiada através de Fundos Comunitários

provenientes do COMPETE / QREN / FEDER.

Mais informação está disponível em www.pmeinvestimentos.pt

EBAN

A EBAN é a representante pan-europeia sem fins lucrativos para a comunidade de investidores

early-stage, contando com mais de 100 organizações de membros em 28 países. Através de

filiações diretas e indiretas, a EBAN estabelece contato com 20.000 investidores early-stage pela

Europa e pelo mundo. A EBAN foi criada em 1999 por um grupo de redes pioneiras de Business

Angels na Europa em colaboração com a Comissão Europeia e a EURADA.

A missão da EBAN é liderar a representação de redes de Business Angels e outros investidores

early-stage em start-ups na Europa e ser uma plataforma de intercâmbio e profissionalização para

eles. A EBAN potencia o empreendedorismo e a inovação ao liderar, representar e conetar a

comunidade de Business Angels e investidores early-stage para inspirar, promover, desenvolver e

financiar empreendedores internacionais na Europa.

Mais informações disponíveis em www.eban.org

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Halo Business Angel Network

A HBAN é uma associação de redes de Business Angels, dedicada à promoção de investimentos

por esta via, e suporte à comunidade de empreendedores de early-stage na Irlanda e Irlanda do

Norte. A HBAN trabalha em parceria com os Centros de Negócios Inovadores (Business Innovaton

Centre – BIC’s) de Dublin, Cork, Waterford, e Galway, e também com a Halo Northern Ireland, com

quem trabalha numa rede de investidores locais.

A HBAN trabalha ativamente no aumento do número de investidores Business Angels que estão

interessados em companhias early-stage, suportando a formação de redes de investidores novas e

já existentes, quer regional quer internacionalmente.

A HBAN, que é uma iniciativa conjunta da InterTradeIreland e da Enterprise Ireland, atuando

também como interlocutora junto do governo, acionistas, empresários e dos media, para

promover o interesse e mesmo a necessidade da comunidade de Business Angels.

Mais informações disponíveis em www.hban.org

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Índice

1. Sumário executivo

2. Introdução

3. Processo de levantamento de capital (equity raising)

4. Top 3 dos critérios do investidor

5. Sumário executivo da empresa

6. Plano de negócios

7. Necessidades de financiamento

8. Valores e termos do investimento

9. Conclusão

Anexos

A. Exemplo de uma página de sumário de investimento

B. Exemplo de Term Sheet

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1. Sumário executivo

Este guia foi preparado para desmistificar o processo de obtenção de capital por parte dos empreendedores junto de Business Angels. Proceder a este tipo de financiamento é bem diferente de outros tipos de financiamento.

Os tópicos seguintes são desenvolvidos mais à frente neste guia:

A relação entre o investidor e o empreendedor é como um casamento, mas com um divórcio já planeado;

O processo de construção da relação deve ser iniciado bem antes de ser necessário dinheiro;

Fazer due diligence aos seus potenciais investidores e perceber o que lhes é atrativo;

Ter a certeza de que qualquer contato com potenciais investidores vai de encontro ao top 3 dos critérios de investimento (gestão, saída e ganhos potenciais) de alguma forma;

A melhor saída por parte dos Business Angels é uma venda direta, pois normalmente maximiza o valor para todos os acionistas;

O potencial do investimento na sua empresa deve demonstrar uma atividade em crescimento, também capaz de produzir rendimentos significativos para os investidores;

Os melhores planos de negócios são aqueles que têm excelentes sumários executivos – o objetivo de um sumário executivo é, de forma sucinta, “vender” a oportunidade de investimento, não descrever somente o negócio;

Um business plan convincente e com os custos bem planeados é essencial;

Esteja em cima da situação e compreenda bem os números. Ser o próprio a elaborar o plano de negócios pode ser uma vantagem quando estiver a dialogar com Business Angels, pois estará por dentro de todos os dados do seu plano de negócios;

Os empreendedores devem ter uma ideia muito concreta do investimento que pretendem para o seu projeto;

Tenha a expetativa de ter uma valorização realista (ou do processo de valorização, se o mesmo tiver opções futuras para o empreendedor) – o investidor tem que ter uma perspetiva atrativa do retorno que pode vir a ter;

Um investimento numa start up não é só uma fachada; e

Uma aparente e atrativa alta valorização pode ser prejudicial, levando a valores de liquidação demasiado altos.

Conseguir investimento externo é compensador e pode valer a pena se isso acelerar o crescimento do seu negócio.

Todos ficam a ganhar.

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2. Introdução

Este guia foi preparado para desmistificar o processo de obtenção de capital (equity raising) por parte dos empreendedores, quando lidam com Business Angels. Tem um foco particular naquilo que os empreendedores devem procurar quando precisam de investimento de Business Angels.

Equity capital

Neste guia, equity capital refere-se ao capital investido em empresas privadas não cotadas. Não se trata de um empréstimo – é um investimento.

Os investidores adquirem ações (ou quotas se a empresa for uma sociedade por quotas) numa empresa em troca de uma injeção de dinheiro na mesma. Não é isento de risco e é capital permanente na empresa. O investidor partilha com a empresa os riscos e as recompensas.

O capital investido acelera o crescimento, aumenta a credibilidade e inspira a confiança entre clientes, fornecedores, pessoal e outros financiadores.

Business Angels

Os Business Angels são indivíduos com um património pessoal relevante que investem na fase inicial de empresas quantias financeiras mais reduzidas (normalmente de €25.000 a €250.000) do que muitos fundos de capital de risco são capazes de investir. Este tipo de investidor investe, na Europa, cerca de 2,5 vezes mais dinheiro do que as sociedades de capitais de risco (EBAN statistics 2014; EVCA statistics 2014).

Normalmente, os Business Angels contribuem com muito mais do que apenas dinheiro – muitas vezes têm conhecimento da indústria na respetiva área, contatos que passam para os empreendedores e experiência na área de gestão. Os Business Angels frequentemente assumem cargos não executivos nos órgãos de administração das empresas em que investem.

A importância dos Business Angels para a indústria do capital de risco (venture capital) cresceu significativamente nos últimos anos.

Com a recente formação e crescimento de sindicatos de Business Angels, o seu capital está a tornar-se cada vez mais importante para a indústria do capital de risco em todo o mundo incluindo a Europa e naturalmente Portugal. Em 2013, na Europa, os Business Angels investiram 5,5 mil milhões de euros em empresas “early stage”, enquanto os fundos de capital de Risco formais investiram apenas 2 milhares de milhões de euros (dados: EBAN 2013 e EVCA 2013)

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Incentivos fiscais para os Business Angels

Ao contrário de muitos países pelo mundo fora, Portugal ainda não tem incentivos fiscais significativos para investidores em empresas privadas.

Como um excelente exemplo de incentivos fiscais, refira-se o Reino Unido (EIS e SEIS) e a Irlanda. A Legislação relacionada com estes incentivos fiscais é mutável e pode ser encontrada em qualquer destes dois websites:

Para o caso da Irlanda http://www.revenue.ie;

Para o caso do Reino Unido http://www.hmrc.gov.uk

Caso alguma empresa pretenda iniciar um processo de internacionalização para a Irlanda ou Reino Unido, a mesma deverá, primeiro, obter aconselhamento jurídico e fiscal junto de profissionais habilitados para o efeito.

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3. Processo de levantamento de capital (equity raising)

Captar investimento de um investidor externo é um exercício muito desafiante para si como empreendedor.

Tem que estar preparado para despender um esforço muito considerável no processo: antes, durante e depois do negócio se concretizar.

“Um casamento com um divórcio planeado”

O processo de captação de investimento pode ser descrito como um casamento mas com uma diferença, um casamento com um divórcio planeado (a saída). Portanto, o nível de compromisso com esta relação comercial é alto.

É provável que os investidores queiram fazer parte dos órgãos de administração das empresas onde investem e ser parte ativa no desenvolvimento do negócio. Enquanto empreendedor vai precisar de aceitar esta participação e de aprender a valorizá-la.

Uma vez que o investimento efetuado tem associada uma dimensão de risco considerável, um investidor precisa de se sentir muito confortável com os empreendedores.

Processo de “namoro”

O processo começa, voltando à analogia do casamento, com o processo de “namoro”, ou seja, o empreendedor a construir uma relação profissional sólida com o seu investidor.

Tal como nos namoros reais, a atração ajuda a criar a relação, enquanto a “necessidade” costuma provocar o oposto. Ironicamente, quando se “persegue” ativamente o investidor, pode-se passar a ideia de “necessidade”.

Quando vai para uma reunião com um investidor à procura de capital, sai muitas vezes dessa reunião com conselhos. Pode acontecer o contrário: ir à procura de conselhos e sair de lá com capital. A primeira abordagem pode ser considerada uma necessidade, enquanto esta última é mais atrativa.

Isto significa que o processo de obtenção de capital (equity raising) não é um processo de empréstimo, como, por exemplo, um financiamento para a compra de uma casa.

Compreender o que faz com que a sua proposta seja atrativa e não seja vista como uma “necessidade”, é a chave para assegurar o investimento.

Dica: comece o processo da construção da relação muito antes de ser necessário capital

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Compreender o que um investidor acha atrativo

Como qualquer relação, é essencial perceber o que um investidor entende por atrativo.

Todas as pessoas têm visões diferentes. Deste modo, se um investidor declinar o investimento na sua empresa, não quer dizer que o seu projeto não vá ter sucesso.

Este guia vai ajudá-lo a entrar na cabeça do investidor e a identificar o que um investidor procura.

Um processo típico de um investimento feito por business angel

Oportunidades de Negócio

As oportunidades de investimento podem chegar aos business angels de forma proativa ou reativa. Grande parte das oportunidades aparecem através de

membros, das suas redes e da interação com outros investidores dentro do ecossistema.

Triagem

Os investimentos são normalmente centrados e geridos através de um software online (por exemplo, www.gust.com é muito usado). Pode também contatar os

clubes de Business Angels por email ou telefone (www.fnaba.org). A triagem inicial pode ser informal (conduzida por vários membros) ou formal (conduzida por um

grupo ou gestor da rede de Business Angels).

Feedback inicial/

coaching

Os promotores que passam a triagem inicial serão contatados e podem receber algum coaching básico de modo a melhorarem a apresentação do projeto, ao

nível de informação relevante, estimativas de evolução do mesmo, etc.

Apresentações de empresas

Empresas selecionadas podem, então, ser convidadas a apresentar-se perante os membros num evento, os quais, normalmente, ocorrem uma vez por mês. Tipicamente, 2 a 4 empresas apresentam-se por evento. Os investidores

discutem depois aspetos do negócio em sessão particular.

Due diligence

A due diligence é normalmente feita numa base formal e inclui a análise competitiva, a validação do produto e da PI1, uma avaliação da estrutura,

financeira, contratos da empresa, referências da equipa, entre outros elementos.

1 Propriedade inteletual

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Termos e negociação

do investimento

Se existirem Business Angels (membros de clubes) interessados, é necessário preparar documentos explicativos dos termos do negócio2 e negociar o valor da empresa. Cada vez mais, grupos e redes de Business Angels usam documentos

padronizados (templates) destes termos. O empreendedor pode apresentar aos Business Angels um prazo limite para obter declarações de interesse.

Investimento

Os investidores interessados podem, então, investir numa empresa, quer individualmente, quer em forma de sindicato. Os documentos finais são

elaborados e um advogado é normalmente encarregado do processo. É feita a assinatura formal dos contratos (incluindo o acordo parassocial) e é efetuado o

investimento contratualizado.

Suporte pós-investimento

Após o investimento, os investidores geralmente monitorizam, guiam e ajudam a equipa de empreendedores com os seus conhecimentos e contatos.

Adicionalmente, os investidores, muitas vezes, trabalham de muito perto com a empresa para facilitar uma saída no tempo apropriado.

Fonte: OECD (2011ª), resumido de estudos da ACA, EBAN e Tech Coast Angel

Due diligence do investidor

Os investidores irão incorrer num processo de due diligence à empresa onde querem investir, antes de avançarem com o investimento. Due diligence é um processo segundo o qual se pretende verificar a conformidade das declarações, ações, omissões de uma determinada entidade e onde, frequentemente, se verifica a conformidade dessa entidade com os normativos legais aplicáveis à sua natureza, bem como a conformidade da sua política contabilística.

Dica: Também deverá fazer due diligence ao potencial investidor, verificar os seus registos de apoio ou falta deles.

Obter informações sobre os Business Angels pode representar um desafio, já que estes não têm, geralmente, um website ou informações disponíveis ao público. No entanto, o país é pequeno e alguém deve conhecê-los. Faça o seu trabalho de casa, procure potenciais investidores e atraia os melhores para a sua empresa. Claro que se conhecer o business angel previamente este trabalho fica simplificado.

Tempo de investir

Um investimento no capital social de uma empresa pode demorar, do planeamento à sua conclusão, até um ano.

2 Um acordo de termos e condições apresenta um esboço dos principais termos de um investimento proposto incluindo a quantidade e a percentagem de ações para o(s) investidor(es).

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O tempo normal é de três a seis meses.

Ainda assim, um período de tempo mais longo pode ajudá-lo. Não quererá encontrar-se numa situação em que precisa urgentemente de fundos e estará no limite aquando da negociação dos termos do investimento – a “necessidade” irá afastar um investidor.

A saída

A relação empresarial termina com a saída do capital da empresa por parte do(s) business angel(s). Os diferentes tipos de saída serão discutidos no próximo capítulo.

Garantias de vendedor numa saída

Algo a ter em consideração na saída são as garantias de vendedor.

As garantias são documentos legais nos quais os vendedores declaram como verdadeiras algumas questões críticas3 que estão na base da decisão de investir por parte dos compradores. Normalmente, espera-se que os vendedores ofereçam garantias numa venda a terceiros.

Isto cabe à administração, embora cada vez mais se espera que os investidores se juntem à administração para emitir garantias. Isto pode causar algum conflito entre investidores e empreendedores.

Este processo é, por vezes, resolvido ao depositar algum do lucro da venda numa conta bloqueada4 (ex: conta escrow) por um período de tempo limitado5 para cobrir quaisquer alegações contra as garantias e/ou contra a remoção do seguro da garantia, embora este último possa ser dispendioso e difícil de obter.

3 Como exemplos dessas questões: a)a empresa não enfrenta ações legais; b)os devedores serão objeto de processos de

execução; c)não há dividas para além das que estão refletidas na contabilidade. 4 Esta é uma conta bancária normalmente controlada em conjunto pelos compradores e vendedores ou seus advogados. 5 Os períodos de tempo podem variar entre seis meses e dois anos. Para questões fiscais poderão ser até cinco anos.

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4. Top 3 de critérios do

investidor

Um inquérito6 feito a investidores de capital de risco revelou o top 3 dos critérios usados ao avaliar a atratividade de uma proposta de investimento.

O top 3 dos critérios que surgiram no inquérito7 foram:

1. Equipa de gestão;

2. Oportunidade de saída do capital;

3. Potencial de rendimento.

Dica: Deve-se assegurar que cada contato com os investidores responde, de alguma forma, aos três maiores critérios de investimento

Pelo acima mencionado, vale a pena notar que os investidores de capital de risco não se focam em demasia no que a empresa faz (o produto ou serviço não se encontra entre os critérios do top 3). Eles interessam-se mais em como rentabilizar o dinheiro a partir dos seus investimentos.

Por seu turno, os Business Angels tendem a focar-se mais no que a empresa faz e procuram juntar a sua experiência empresarial relevante à oportunidade, para si a “venda” não é uma “venda de produto” mas uma “venda de oportunidade comercial”. Os empreendedores esquecem muitas vezes isto, pois têm uma ligação muito forte com o seu produto.

Equipa de gestão

Este é o critério número um, considerado o mais importante para os investidores. São pessoas (os investidores) que investem em pessoas. Esta preocupação é comum a fundos de capital de risco e business angels.

Questão: quão bem tem de se conhecer uma pessoa antes de lhe dar 100.000 € do seu próprio dinheiro?

Os investidores passam bastante tempo a familiarizar-se com a equipa de gestão e com o negócio. Eles avaliam o seu conhecimento do mercado e da oportunidade e a sua capacidade de executar o plano de negócios. É também avaliado o historial da equipa de gestão.

Usar conselheiros (criando, por exemplo, um Conselho Superior ou Estratégico) e administradores não-executivos dará ainda mais credibilidade à sua proposta.

6 InterTradeIreland, Maio 2011, inquérito a gestores de fundos de capital de risco na ilha irlandesa 7 Aviso: alguns investidores têm pontos de vista diferentes quanto ao top 3 – vale a pena descobrir o que é atraente para

o investidor em particular com quem esteja a negociar

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Uma equipa de gestão consiste em mais do que uma pessoa – os investidores normalmente não apoiam empreendedores solitários.

Os investidores também procuram evitar negócios de família em que os membros da família (maridos e mulheres, irmãos, irmãs, etc.) estejam ativamente envolvidos na gestão do negócio. Os investidores não querem arriscar envolver-se em conflitos familiares.

Procura-se, pelo menos, o núcleo de uma equipa de gestão desenvolvida. Os negócios early-stage em particular não têm muitas vezes uma equipa a tempo inteiro. Logo, o plano de negócios necessita de explicar, de forma clara, como é que a empresa irá preencher estas falhas na equipa de gestão à medida que o negócio cresce e se desenvolve.

Oportunidade de saída

Este é outro critério crítico, o segundo mais importante.

É importante reconhecer que os investidores querem maximizar os seus ganhos tanto quanto possível a partir dos seus investimentos. É esse o seu negócio.

Tipicamente, um investidor irá procurar investir 1€ por ação e vender a 7€ ou mais por ação. Embora este seja o objetivo normal, aceitam-se resultados inferiores a estes.

A maioria dos investidores investem para ganhar capital no final de um investimento. Eles não se querem prender a uma empresa “para sempre”. Os fundos de capital de risco têm um período de vida normal de aproximadamente dez anos, pelo que os investidores têm de fazer e concretizar os seus investimentos nesse espaço de tempo. Os Business Angels não têm as mesmas limitações mas querem igualmente concretizar os seus investimentos, normalmente num período de cinco a sete anos.

Consequentemente, os investidores procuram oportunidades de capital e não de rendimento (p.ex. dividendos anuais).

Existem três saídas principais para investidores: uma recompra de ações, uma Oferta Pública Inicial (OPI) e uma venda direta.

Uma recompra de ações ocorre quando a empresa ou os outros acionistas compram as

ações do investidor. É a opção menos atraente pois resulta num sério conflito à saída entre

o investidor e os acionistas: o investidor quer que a empresa seja valorizada o máximo

possível, enquanto que os acionistas que compram querem o contrário. As recompras de

ações acontecem, mas não são ideais na saída para os investidores;

Numa OPV (Oferta pública de venda), as ações de uma empresa são cotadas numa bolsa

de valores reconhecida e, em teoria, o investidor é livre para vender as suas ações no

mercado livre. No entanto, vender uma quantidade significativa de ações numa

relativamente jovem sociedade anónima thinly-traded8 irá, provavelmente, ter um impato

8 Thinly-traded significa que os volumes das ações negociadas cada dia é baixo comparado com o número de ações

disponíveis no mercado em questão.

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muito negativo no preço das ações e, por isso, não é normalmente uma saída com liquidez

imediata para os investidores;

A melhor opção de saída de forma a maximizar os resultados do investimento é uma venda

direta em que todos os acionistas saem ao mesmo tempo, pelo que a empresa inteira é

vendida a terceiros (normalmente a outra empresa). Este alinhamento de interesses significa

que todos ganham e contrasta fortemente com a recompra de ações mencionada

anteriormente. O plano de negócios da empresa deverá mencionar as atividades de fusões e

aquisições (M&A) que ocorreram na sua área, bem como potencial de transações, o que irá dar

alguma substância à ideia de venda direta.

Existem, contudo, outras saídas (como secondary buy-outs9, management buy-outs (MBO) e liquidação (ambas solventes e insolventes)) mas aquela que maximiza o valor para todos é a venda direta.

Dica: a melhor saída é uma venda direta, normalmente maximiza o valor para todos os acionistas.

Potencial de rendimento

Este é o terceiro critério mais importante.

O potencial de rendimento tem de demonstrar que o negócio é uma atividade em crescimento e que este é suficiente para rentabilizar a empresa significativamente para si e para o investidor.

Tudo o que identificar que possa demonstrar isso é importante, como por exemplo:

1. A lista real e potencial de vendas e encomendas;

2. O tamanho do mercado – precisa ser grande o suficiente (normalmente envolvendo vendas

internacionais) para se construir um negócio significativo;

3. Provas de qualquer outro negócio na indústria com crescimento semelhante ao

crescimento que se encontra planeado.

Dica: o potencial do rendimento do investimento numa empresa deve demonstrar uma atividade em crescimento, também capaz de produzir rendimento significativo para um investidor

9 Secondary buy-out: outro investidor compra as ações do investidor atual

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5. Sumário executivo da empresa O sumário executivo é a parte mais importante de qualquer plano de negócios.

Deve ser feito em último lugar e sumariar os pontos principais da proposta de investimento para os potenciais investidores. É o “gancho” que o deve chamar à atenção e prendê-lo à leitura.

Dica: Os melhores planos de negócios são aqueles que têm excelentes sumários executivos – o objetivo de um sumário executivo é, de forma sucinta, “vender” a oportunidade de investimento, não descrever somente o negócio

Idealmente, o sumário executivo não deve exceder uma ou duas páginas. O sumário deve expor, clara e concisamente, os principais objetivos e o propósito do negócio. Deve responder às suas perguntas básicas de forma clara, concisa e eficaz.

O sumário deve abordar claramente as questões, qualquer que seja a decisão de investimento a fazer. Se, após ler o sumário executivo, compreende o que trata o negócio e quer saber mais, então o sumário fez o seu trabalho.

O sumário deve também abordar os pontos críticos das projeções financeiras – pontos de equilíbrio, requisitos máximos de financiamento, etc.

Deve expor os pontos fortes do negócio, sejam eles a gestão, os benefícios dos seus produtos ou o setor do mercado. Deve especificar se são necessárias medidas como o licenciamento dos produtos ou aprovação regulamentar para o negócio ter sucesso. Deve também abordar os fatores de risco da proposta de investimento.

Elementos chave

Os elementos chave são:

1. A Abertura: comece com a declaração mais convincente que justifica a sua grande ideia. Normalmente, refere-se à singularidade da sua solução para resolver um grande problema. A abertura deve ser específica e não vaga. Se já trabalha ou trabalhou com entidades internacionais (pessoas, empresas ou fundadores) que de alguma forma podem credibilizar a sua proposta, então mencione-os aqui;

2. O Problema: explique claramente o problema (pode ser atual ou emergente), experienciado pelos clientes e que se propõe a resolver. Isto dá o contexto para estabelecer a sua proposta de valor;

3. A Solução: refira o que está a oferecer e a quem. É software, hardware/produto, serviço ou uma combinação? Não use acrónimos – explique em linguagem corrente o que tem e que proporcionará uma solução convincente para o problema identificado. Pode ter de explicar como é que essa solução se encaixa na cadeia de valor ou nos canais de distribuição e porque é que as pessoas na sua indústria quererão trabalhar consigo. Se tem clientes e rendimento garantido, então refira isso claramente. Se não os tem, então refira quando os irá ter. Ter cartas de intenção de potenciais clientes pode ser um fator crítico no sucesso da sua angariação de capital;

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4. A Oportunidade de Mercado: explique o mercado (segmentação, tamanho em valor, crescimento, interesses e influências, quantidade de clientes e concorrência). Apontar uma percentagem razoável num mercado bem definido e em crescimento é mais apelativo que uma micro percentagem num mercado maduro e muito grande. Assegure-se de que todos os valores referidos dizem respeito ao mercado correto em que opera;

5. Vantagem Competitiva: existe competição – se não existir, não existe mercado para o seu negócio. No mínimo, está a competir com a forma como o negócio corre atualmente. Há provavelmente alguém, algures no mundo, a fazer o mesmo que você propõe. Por isso, precisa de deixar claro qual a sua vantagem competitiva. A “vantagem de pioneiro” como única vantagem competitiva raramente convence os investidores; precisa de esclarecer os benefícios e vantagens únicas do seu negócio;

6. O Modelo de Negócio: esclareça como irá gerar rendimento e de onde este virá. Precisa de demonstrar como o seu modelo é escalável e como o negócio vai ser avaliado (quais as métricas? – clientes, licenças, unidades, retornos, margens). Explique quais os níveis que serão atingidos entre três e cinco anos;

7. A Equipa de Gestão: o primeiro critério usado pelos investidores. Explique o porquê da sua equipa estar destinada ao sucesso. Evite CV’s sumários – relacione a experiência individual dos membros da sua equipa e os fatores que farão o sucesso do seu negócio. Se possível, enumere elementos da equipa que já trabalharam para grandes marcas ou empresas;

8. A Recompensa: as projeções financeiras sumárias precisam demonstrar que um rendimento significativo será conseguido pelos investidores. Se estas não forem credíveis, então tudo terá sido em vão. Tem de conseguir demonstrar, de forma sucinta, três a cinco anos de rendimento, custos totais, perdas/ganhos, planos de tesouraria e inventário – em alguns casos, pode fazer sentido incluir um indicador como o número de clientes ou unidades vendidas;

9. As Necessidades de Financiamento: demonstre qual será o seu crescimento. Deve ter capital suficiente para permitir que atinja as metas pretendidas e previamente definidas. Se vier a ser necessária uma nova injeção de capital, então indique quais os valores necessários.

O sumário executivo não é mais uma página de índice. Deve prender o leitor e encorajá-lo a ler o plano de negócios. Tem de transmitir a ideia do negócio de forma clara e concisa, não deixando nada de parte nem adicionando nada de novo. É exatamente o que o seu nome indica – é um sumário conciso do plano de negócios, onde tudo o que é importante está referido.

Um sumário executivo pode ser muito útil quando pretende transmitir a alguém e em pouco tempo uma ideia geral do negócio. Um sumário executivo breve e eficaz que chama a atenção pode levar a um investimento ou, ainda, a parcerias benéficas para o seu negócio.

Um folheto de uma só página baseado no sumário executivo pode ser um documento útil para enviar a potenciais investidores. Um exemplo de Investment Summary usado pela HBAN está incluído no Anexo A.

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6. Plano de Negócios Dica: um plano de negócios cativante e plenamente documentado é essencial.

Os investidores reconhecem que os resultados reais podem ser diferentes daqueles que são projetados, particularmente por se tratar de uma start up. No entanto, continua a ser importante estabelecer planos e objetivos.

Existem muitos modelos padrão de planos de negócios disponíveis (ex: www.finicia.pt ou www.iapmei.pt).

Outras metodologias e modelos estão disponíveis, incluindo um modelo de plano de negócios do Dublin Business Innovation Centre10.

Um plano de negócios bem idealizado ajuda a credibilizar uma proposta, pois demonstra que foi feita uma consideração cuidada ao negócio e aos seus planos de crescimento.

Deve ser um documento completo e detalhado, explicativo e muito bem fundamentado de tudo o que é anteriormente defendido no Sumário Executivo.

10 Para mais informações, visite www.dbic.ie

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7. Necessidade de financiamento A maioria das empresas perde dinheiro nos seus primeiros anos – isto não é invulgar.

Mais recentemente, o custo de construir um negócio desceu e, por isso, a necessidade de financiamento não deve ser tão alta como era anteriormente.

Informações do histórico de negociações

As informações financeiras padronizadas no plano de negócios são contas recapitulativas de ganhos e perdas e balanços de todos os anos de negociações até ao presente, se estiverem disponíveis e com um breve comentário adjacente.

Devem-se incluir contas detalhadas nos anexos do plano de negócios.

Projeções financeiras

Para além das contas históricas, o plano de negócios deve incluir contas de ganhos e perdas previstos, balanços previstos, juntamente com demonstrações de fluxos de caixa. Novamente, as projeções financeiras – que se incluem como anexo - devem ser resumidas no texto principal do plano de negócios e acompanhadas por um comentário.

As projeções têm de ser realistas e detalhadas mensalmente durante o primeiro ano e trimestral, semestral ou anualmente depois disso.

É crucial que se demonstrem claramente os dados que sustentam as projeções.

Dica: É importante que a equipa administrativa de uma empresa (deve incluir o empreendedor) compreenda e seja rigorosa com os números.

Isto não significa que o empreendedor/diretor executivo precisa de se tornar num contabilista, mas é vital que, quando questionado, ele e a equipa de gestão sejam capazes de saber o que está a ser perguntado e satisfazer as questões do investidor, mostrando que são rigorosos com os números.

Ajuda profissional com as projeções

É aconselhável que os empreendedores recebam assistência profissional de um contabilista ou de entidades especializadas para preparar os relatórios financeiros e as projeções mas, ainda assim, os empreendedores precisam de saber o seu significado. No ecossistema português do empreendedorismo existem hoje muitas entidades disponíveis para dar essa assistência.

Quanto capital levantar?

Com uma empresa early-stage, uma regra geral é levantar o valor de 18 meses em dinheiro. Isto dá 12 meses para atingir quaisquer metas necessárias para suportar uma futura ronda de financiamento e mais seis meses para criar essa fase.

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Este ideal pode ser demasiado complicado e, por isso, nem sempre é possível concretizá-lo. No entanto, pode ser um objetivo útil.

Geralmente, os custos são conhecidos mas as receitas futuras não são garantidas e, por isso, qualquer fórmula usada para calcular os gastos11 mensais deve dar uma garantia de que a quantidade a ser recebida durará 18 meses.

Portanto, a definição de dinheiro referente a um mês é:

Custos brutos por mês menos receitas garantidas12 por mês

Tabela do uso dos fundos

Deverá mostrar claramente para onde irá o dinheiro que solicita como investimento. Uma tabela de aplicação de fundos como a seguinte beneficiará a sua proposta:

Uso dos fundos Milhares/€13

Custos de desenvolvimento de produto/serviço 250

Fundo de maneio 50

Salários 250

Despesas de expansão do negócio 100

Despesas de capital 50

Saldo (para contingências) 150

Total 850

Tabela da origem dos fundos

Da mesma forma, também deverá ter uma tabela da origem dos fundos como a seguinte.

Dica: Os investidores raramente querem financiar uma empresa a 100%, preferindo participar com outros investidores.

Fonte dos fundos Milhares/€14 Situação

Promotores 250 Entregue

Capital externo – investidores privados 250 Em levantamento

Capital externo – Agência governamental

250 Sujeito a correspondência

Dívida bancária 100 Comité de crédito

Total 850

11 Gastos refere-se à quantidade de dinheiro gasto por um negócio 12 Dinheiro recebido dos clientes 13 Os números são somente ilustrativos e não representam uma atribuição de uso de fundos recomendada – isto varia

com cada negócio concreto. 14 Mais uma vez, os números são apenas ilustrativos e não representam uma atribuição de fonte de fundos recomendada

– isto varia com cada negócio concreto e com a localização e especificidade da empresa.

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Ambos os totais destas tabelas devem ser iguais.

O investidor deve querer que os promotores façam parte do negócio com um investimento de capital na empresa. Os empreendedores devem mostrar que querem partilhar risco.

Muitas vezes, na fase inicial da empresa os fundadores trabalham sem receber ou a receber uma quantia simbólica. Enquanto atitude, isto é valorizado pelos investidores, mas poderá ser um “pau de dois bicos”, sendo visto como um problema que tem que ser resolvido no curto prazo, pois não é uma situação sustentável. Isso leva a que muitos investidores reduzam o valor que atribuem à empresa, a menos que seja bem explicado e de forma clara que existem fontes de fundos que permitirão passar a pagar de forma adequada aos fundadores. Tal deve estar corretamente refletido no plano de negócios.

Dica: Os fundadores, idealmente, devem ter feito ou devem ter intenção de fazer um investimento no capital da empresa.

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8. Avaliação e termos do investimento Avaliar empresas jovens é muito desafiante e é mais uma arte que uma ciência.

A avaliação precisa de ser baixa o suficiente para assegurar que consegue um rendimento atrativo e precisa de ser alta o suficiente de modo a manter motivados os acionistas existentes e potenciais.

Avaliar uma empresa é fundamental para atribuir um “preço” ao negócio de capital em causa. A avaliação não é, contudo, o único parâmetro – os termos do investimento também são importantes.

Nível de influência

Um investidor irá querer ter influência numa empresa, suportada pela sua percentagem de ações adquiridas. Portanto, ofertas de percentagens de capital baixas dificilmente serão atrativas para os investidores.

Muitos negócios de capital são efetuados por 20% a 40% do capital total, sendo comum a percentagem final situar-se entre 25% e 30%.

Dica: Tenha a expetativa de ter uma valorização realista – o investidor tem que ter uma perspetiva atrativa da rentabilidade que pode vir a ter

Múltiplos/métricas de avaliação

Onde existe rendimento e/ou lucro, vários múltiplos ou métricas podem ser aplicados para estabelecer a avaliação.

Estas métricas também podem ser aplicadas em futuros rendimentos e/ou lucros e descontados retroativamente para o valor atual (conhecidos como o método discounted cash flow).

Exemplos incluem:

Um múltiplo de rendimento recorrente;

Um múltiplo do EBITDA15;

Um múltiplo dos lucros depois dos impostos;

Um valor por cada utilizador/cliente ativo.

Os investidores interessam-se muito pelo potencial valor futuro conforme discutido anteriormente na seção das Saídas. Logo, quaisquer múltiplos ou métricas que surjam de empresas a ser vendidas na sua indústria são importantes de salientar, sempre que possível.

Estudar as empresas vendidas na sua indústria pode revelar que múltiplos são relevantes. As

15 EBITDA (do inglês “earnings before interest, taxes, depreciation and amortization) – i.e. ganhos antes de juros,

impostos, depreciações e amortizações

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empresas cotadas têm que divulgar as suas transações, mas as privadas não. Como resultado, obter exemplos próximos da sua empresa pode ser um desafio.

No entanto, saber algo sobre este tópico pode impressionar um investidor, indicando que entende as suas perspetivas.

Um exemplo simples de uma avaliação baseada em lucros futuros é explicada no quadro abaixo.

Avaliação baseada em valor futuro – apenas ilustrativa €000s16

EBITDA 3.000

Múltiplo17 4

Valor da empresa18 12.000

Passivo (dívidas) 2.000

Valor futuro do capital19 10.000

Rentabilidade prevista 10 vezes

Logo, o valor atual 1.000

Quantidade de capital procurado 300

Logo, posição acionista exigida (300/1000) 30%

Neste exemplo, a avaliação de um milhão de euros é o valor da avaliação pós-investimento, isto é, o valor depois do seu capital ter sido investido.

A avaliação pré-investimento (i.e. o valor da empresa, anterior ao seu investimento) é, portanto, de 700 mil euros.

Termos do investimento

Os principais termos e condições de um investimento de capital são normalmente apresentados numa folha de termos do negócio (ver exemplo de term sheet da HBAN no Anexo B).

Dica: Um negócio de investimento não é só uma fachada

A avaliação é importante, mas os demais termos do investimento são igualmente importantes.

Os termos e condições de um investimento incluem os pontos seguintes:

Quantia e uso do dinheiro do investimento;

16 Os exemplos são meramente ilustrativos e não representam qualquer resultado preferido - isto varia entre

diferentes negócios 17 O múltiplo potencial é específico a cada indústria e ao nível de desenvolvimento de cada empresa – os múltiplos

podem ser superiores ou inferiores a quatro, valor utilizado neste exemplo 18 O valor do negócio é o valor da empresa (i.e. antes da deduções das dívidas) 19 O valor de capital é o valor total das ações da companhia e é o valor atribuível aos acionistas

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Percentagem de ações adquiridas;

Capital social, capital próprio e estrutura da divida;

Direitos de dividendos e interesses (se aplicável);

Direitos de voto;

Esquemas de incentivos de gestão;

Acordos de saída;

Mudanças de gestão;

Representação no comité de investidores;

Direito de veto do investidor nalgumas questões relevantes;

Consequências em caso de incumprimento;

Confidencialidade;

Passos para o fecho da operação.

Documentos Legais

É essencial que os termos do seu investimento sejam estabelecidos em documentos legais

Os principais documentos legais são:

Acordo parassocial (por vezes chamados acordo de acionistas/sócios);

Estatutos da sociedade (ou Pacto Social);

Contratos de trabalho e gestão dos diretores (inclui empreendedores).

Preferência de liquidação

Um termo ao qual deve ser dada atenção é a preferência de liquidação (comummente designada “liquidation preference”).

Apesar do seu nome, esta não se aplica exclusivamente em caso de liquidação da empresa.

Nesta situação, “liquidação” refere-se a qualquer ato de saída (por exemplo, quando qualquer mecanismo de saída referido anteriormente ocorre ou quando a empresa entra em liquidação).

Existem dois tipos de preferência de liquidação:

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Preferência de liquidação “soft”20: num evento de qualquer saída, o acionista que tem esta preferência de liquidação terá o direito de receber em dinheiro o valor mais elevado de entre duas hipóteses: ou o dinheiro investido aplicando um determinado múltiplo (ex: 1) ou o montante correspondente à percentagem de ações que detém na empresa;

Preferência de liquidação “hard”21: num evento de saída, o acionista que tem esta preferência de liquidação terá o direito de receber em dinheiro, um múltiplo acordado do valor investido mais o valor correspondente à percentagem de ações que detém na empresa.

Enquanto empreendedor, se uma preferência de liquidação for solicitada, então uma liquidação “soft” é melhor para si.

20 Preferência de liquidação “soft” não é um termo usado geralmente mas é usado aqui por conveniência. 21 Preferência de liquidação “hard” não é um termo usado de modo geral mas aqui é usado por conveniência. Este

tipo de preferência de liquidação é normalmente conhecido como “double dip”.

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A tabela seguinte ilustra como cada uma destas preferências funciona. Com o aumento das receitas de saída, a percentagem efetiva do total das receitas atribuíveis ao investidor vai descer. Por conseguinte, embora a preferência de liquidação possa aumentar a participação dos lucros dos investidores, ela é geralmente considerada um mecanismo de desvantagem por parte dos investidores, uma vez que eles tentam receber, pelo menos, o montante inicial investido.

Tal como a tabela demonstra, a preferência de liquidação pode ser superior a uma vez o investimento. Já foram registados negócios em que a liquidação foi 2, 3, 4 ou mais vezes superior.

Dica: Uma aparente e atrativa alta valorização pode ser prejudicial, levando a valores de liquidação demasiado altos. Atenção a valores pre-money elevados, pois os investidores podem querer proteger-se com cláusulas de preferência na liquidação, que acabam por ser piores para os empreendedores

Instrumentos – tipo de ações

O dinheiro pode ser investido numa empresa por um ou mais instrumentos financeiros. O investimento em capital social é o instrumento financeiro mais adotado por Business Angels, no entanto por vezes é comum que parte (normalmente entre 10% a 30%) do investimento seja feito a título de empréstimo (ou suprimentos) à empresa .

Se os investidores quiserem utilizar fundos de co-investimento existentes (como, por exemplo, as linhas IN2BA, acima mencionadas), então o tipo de instrumento a usar pode estar condicionado e obter informações à priori poderá poupar-lhe tempo.

22 Os números são meramente ilustrativos. 23 Mais uma vez, números meramente ilustrativos. 24 De novo, os números são meramente ilustrativos. 25 Assume-se que o investidor tem 50% das ações.

Investimento de 2.000 € por parte do investidor

Sem preferência de liquidação em

milhares/€22

Preferência de liquidação “soft” em milhares/€23

Preferência de liquidação “hard” em

milhares/€24

Saída de capital – rendimento total 3.000 3.000 3.000

Preferência de liquidação (múltiplo 1 vez) Nenhum 2.000 2.000

Rendimento após preferência 3.000 1.000 1.000

Ações do investidor – digamos 50%25 1.500 Nenhum 500

Rendimento total do investidor 1.500 2.000 2.500

% do rendimento do investidor sobre o total da liquidação 50% 66,7% 83,3%

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Os instrumentos principais são:

Ações ordinárias (comuns)

Este é a forma mais básica de ter ações de uma empresa. As ações ordinárias recebem quaisquer dividendos e rendimentos da saída depois de todos os créditos e débitos e outro tipo de custos serem pagos. A quantia recebida por ação é pro-rata em relação ao número total de ações ordinárias negociadas.

O número total de ações ordinárias que detém divididas pelo total de ações ordinárias dá-lhe a percentagem que detém dessa empresa.

Ações preferenciais

As ações preferenciais dão ao titular direitos especiais, normalmente o direito ao pagamento de um dividendo preferencial e/ou o direito a um pagamento prioritário quando se verifique um evento de liquidação Esta preferência em caso de liquidez / saída é geralmente fixa, embora uma parte variável possa ser utilizada.

Ações preferenciais ordinárias

Sociedades de capital de risco usam este tipo de ações para conseguir os benefícios das ações ordinárias e das ações preferenciais num só instrumento.

Os direitos de preferência em evento de liquidação (ver acima) são normalmente previstos em ações preferenciais ordinárias.

Empréstimos convertíveis

Pode-se investir dinheiro na forma de um empréstimo que pode ser convertido, normalmente por opção do investidor, em ações (normalmente em ações ordinárias) em qualquer momento no futuro. O empréstimo também pode ter associada uma taxa de juro, embora qualquer pagamento dos juros seja geralmente adiado para uma data futura.

A base de conversão (i.e. avaliação da empresa) pode ser estabelecida no futuro. Por exemplo, a avaliação usada por uma futura ronda de financiamento de capital (por vezes com um desconto para compensar o “risco inicial” tomado pelo investidor) pode ser a base para a conversão.

Proteção anti-diluição

Particularmente nos casos de investimentos com base numa avaliação elevada, o investidor pode procurar uma proteção anti-diluição, tendo em vista precaver uma eventual “down round” futura.

Uma “down round” verifica-se quando uma avaliação subsequente atribui um valor por ação inferior ao de uma avaliação anterior. Neste caso, uma proteção anti-diluição revaloriza a ronda anterior ao valor atual, pelo que o investidor de uma ronda anterior recebe, deste modo, ações extra (a preço zero ou a um valor nominal) como compensação da diferença entre as avaliações.

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Disposições “drag along” e “tag along”

Estas disposições aplicam-se quando se entra num processo de alienação das ações após o investimento. Normalmente, estas disposições são previstas em conjunto. Uma disposição “drag along” compele outros ou todos os demais acionistas a vender as suas ações ao mesmo preço dos acionistas vendedores.

Se, por exemplo, 51% dos acionistas pretendem vender as suas ações a terceiros, então os restantes acionistas, caso estejam abrangidos por uma destas cláusulas, serão compelidos a vender as suas ações nos mesmos termos e condições.

Uma disposição “tag along” fornece aos outros ou todos os demais acionistas a possibilidade de venderem as suas ações pelo mesmo preço que os acionistas vendedores.

Se por exemplo o empreendedor ou alguns acionistas desejarem vender as suas ações a terceiros, então os restantes acionistas podem juntar-se, obrigando os acionistas vendedores a garantir a venda das ações destes nos mesmos termos e condições da venda das suas ações.

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9. Conclusão Conseguir obter capital para ser investido como capital próprio de uma empresa é muito diferente de conseguir outros tipos de financiamento.

Aqui recapitulam-se as dicas:

A relação entre o investidor e o empreendedor é como um casamento, mas com um divórcio já planeado;

O processo de construção da relação deve ser iniciado bem antes de ser necessário dinheiro;

Deve fazer uma due diligence aos seus potenciais investidores e perceber o que lhes é atrativo;

É crucial ter a certeza de que qualquer contato com potenciais investidores vai, de alguma forma, de encontro ao top 3 dos critérios de investimento (gestão, saída e ganhos potenciais);

A melhor saída é através da venda direta. Normalmente maximiza o valor para todos os acionistas;

O potencial dos rendimentos da sua empresa deve demonstrar uma atividade em crescimento, também capaz de produzir rendimentos significativos para os investidores;

Os melhores planos de negócios são aqueles que têm excelentes sumários executivos – o objetivo de um sumário executivo é, de forma sucinta, “vender” a oportunidade de investimento, não limitar-se a descrever o negócio;

Um plano de negócios convincente e com os custos bem planeados é essencial;

Esteja em cima da situação e compreenda bem os seus próprios números;

Os empreendedores devem ter uma ideia muito concreta do investimento que pretendem para o seu projeto, de preferência juntando faturas proforma dos fornecedores;

Idealmente deve poder apresentar cartas de intenção de potenciais clientes ou mesmo ordens de encomenda;

Tenha a expetativa de ter uma valorização realista – o investidor tem que ter uma perspetiva atrativa do retorno que pode vir a ter;

Uma aparente e atrativa alta valorização pode ser prejudicial, levando a valores de liquidação demasiado altos;

Conseguir investimento externo é compensador e pode valer a pena se isso acelerar o crescimento do seu negócio. Se um investidor externo conseguir prever um bom retorno, então é expetável que também consiga um melhor retorno para a sua empresa.

Todos ficam a ganhar.

Agora, está pronto para conseguir obter capital junto de investidores de capital de risco, particularmente junto dos Business Angels.

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Anexo A

Exemplo de um sumário de investimento de uma página

Nome da empresa: Attractive Company, S.A. Apresentação: Attractive Company, S.A. (ACL) procura 750.000€ de Business Angels que queiram investir em ações da empresa, para a expansão de vendas e de marketing e para a contratação de pessoal chave para a criação de uma rede de vendas internacionais. Sumário da empresa: A ACL fornece soluções de baixo custo aos seus clientes através de uma análise criteriosa. Usando a cloud, os clientes usufruem de uma maior eficiência e rapidez do que através de outras soluções no mercado. Situação atual: O produto já se encontra desenvolvido e já existem projetos piloto em Portugal. Posição/estratégia dos direitos de propriedade inteletual: A ACL desenvolveu o seu próprio software e detém os direitos de propriedade inteletual. A intenção é estabelecer-se e desenvolver a marca ACL rapidamente nos seus mercados chave. Vendas & Marketing: A ACL focar-se-á nos seus clientes alvo, sendo os seus alvos iniciais Portugal, Espanha, Brasil e os Estados Unidos da América. Para clientes maiores haverá uma abordagem de vendas diretas através de uma lista de potenciais clientes, já identificados e em curso. Dois quadros seniores da indústria serão contratados. Para pequenos clientes, a ACL criará uma extensiva campanha de marketing.

Informação financeira (em euros): O cliente paga 50€ por mês para o sistema básico. O número alvo de clientes crescerá de 340 em 2015 até 4088 em 2017. Mercado alvo: A Oportunidade Existem 12.000 potenciais clientes em Portugal e Espanha, 55.000 nos EUA e 900 na Irlanda. Na Europa, existem mais de 132.000 potenciais clientes. Existem ainda oportunidades noutros mercados internacionais.

Gestão e participação acionista João Experiente, fundador e CEO: Vinte e cinco anos de experiencia em gestão de vendas e serviços globais na BigCo. Fundador do departamento de consultoria de inovação, trabalhou internacionalmente em projetos de grande relevo em múltiplos setores. José Cérebro, CTO: Mais de vinte anos de experiência em CRM e projetos mobile trabalhando com organizações privadas e públicas. Maria Teresa, COO: Mais de vinte e cinco anos de experiência no lançamento e gestão de negócios tecnológicos.

Empresa: Attractive Company, S.A. Estágio desenvolvimento: Start-up Investimento requerido: 750.000€ Setor: Tecnologia - Software Habilitações pretendidas: Finanças, Marketing Receitas

2015: 213.000€ 2016: 2.475.000€ 2017: 6.511.000€

Sumário de Gastos/Ganhos

‘000s 2015 2016 2017

Total Vendas xxx xxx xxx

Custos & despesas gerais xxx xxx xxx

EBITDA xxx xxx xxx

Margem - xx% xx%

Funcionários 10 17 24

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Anexo B

Modelo de Term Sheet 26 (sem valores) Este documento serve somente de guia e nenhuma das entidades envolvidas na preparação do mesmo (EBAN, FNABA e HBAN) terão qualquer responsabilidade por ações tomadas com base nas informações nele contidas ou em qualquer perda ou dano decorrente do uso do mesmo.

Term Sheet Relativo a Um Investimento de até [.]€ na [Empresa]

1. Partes Contratantes

2. A Empresa

Acionistas Fundadores [Nome 1], [Nome 2] & [Nome 3] Investidores [Investidor1] [O(s) investidor(es) líder(es)],[Investidor 2]&[Investidor 3]. [Os investidores líderes deverão ser autorizados a representar os interesses em relação ao coletivo dos investidores.] (Identificação da empresa – denominação, NIPC, capital social e sede social)

3. Envolvimento dos

Investidores

[Ações ordinárias de [€] cada]/[Ações preferenciais de [€]

cada]/[[ %] Suprimentos Convertíveis]

4. Condições de Validade

A concretização da operação de investimento descrita nesta Term Sheet Indicativa dependerá da: Finalização satisfatória de due diligence a realizar pelos

Investidores;

Transmissão pelos acionistas fundadores dos direitos de PI (propriedade inteletual) para a empresa

[Estabelecimento da empresa em Portugal]

[Outros (se aplicável)]

5. Avaliação pré-investimento

[]€ , incluindo um plano de ações não alocadas a empregados

até []% e numa base em que os Investidores não detenham

menos de []% do capital social da empresa após a concretização da operação de investimento.

26 Este modelo de Term Sheet foi preparado em consonância com as leis irlandesas. As leis de Portugal são similares

mas existem algumas diferenças, pelo que se aconselha sempre a consulta de um advogado que domine a legislação

portuguesa.

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6. Tabela de Capital A estrutura do capital da Empresa, antes e depois da

concretização da operação de investimento é definida no Planeamento 1.

7. Preferência na

Saída Em caso de (i) liquidação da empresa, (ii) venda ou (iii) qualquer outra transação que envolva a alienação de praticamente todo o capital ou ativos da empresa (uma "Saída"), os Investidores terão o direito de receber a mais alta de:

(a) A quantia de []€ correspondente ao valor investido pelos investidores acrescido de eventuais dividendos já vencidos e ainda não pagos; ou

(b) A quantia correspondente à percentagem de capital detido pelos investidores no capital social da empresa.

8. Cláusulas de Proteção

Matérias relativas a quaisquer dos pontos constantes do Planeamento 2, Parte A, dependerão do consentimento dos titulares da maioria das ações detidas pelos Investidores (designado por “Maioria dos Investidores”). Matérias relativas a quaisquer dos pontos constantes no Planeamento 2, Parte B, dependerão do consentimento da Administração.

9. Conversão As Ações preferenciais dos Investidores poderão, em qualquer momento, ser convertidas em ações ordinárias, mediante comunicação do respetivo titular, sujeitas aos ajustamentos descritos abaixo, em “Proteções de Down Round”

10. Anti Diluição [Alternativa 1: Se a Empresa efetuar um aumento de capital a um preço por ação mais baixo que o Preço de Proteção de Conversão, então o Preço de Conversão deverá ser ajustado numa base média ponderada de acordo com a seguinte fórmula: PC2=PC1 X (A+B) / (A+C) em que: PC2 = Preço de Conversão com efeito imediatamente depois da nova emissão PC1 = Preço de Conversão com efeito imediatamente antes da nova emissão A = Número total de ações numa base convertida B = Número de ações agregado recebido pela Empresa sob a nova emissão dividida por PC1 C = número de ações emitidas no aumento de capital] [Alternativa 2: Sem preço baseado na Proteção de Down Round.]

11. Direitos de preferência

Todos os acionistas terão direito de participar, na proporção da percentagem de capital por si detido no capital social da

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empresa, em aumentos de capital futuros da empresa (sujeitos às exceções descritas na presente term sheet). Na eventualidade de algum(ns) dos acionistas optar(em) por não exercer o seu direito de compra de ações, os outros acionistas terão o direito de proceder conjuntamente à compra de tais ações na proporção da percentagem de capital por si detido na empresa. Cada Investidor pode atribuir este direito a outro Investidor ou membro da sua família.

12. Direito de Preferência e Tag Along

Os Investidores terão o direito de preferência na aquisição de ações que os Promotores pretendam vender a terceiros (com exceção das alienações permitidas entre Investidores ou membros da sua família) o qual, se não exercido, será alargado aos restantes acionistas

13. Drag Along Caso os titulares de uma maioria de Ações Ordinárias recebam de um terceiro uma proposta de aquisição de todas as suas ações, poderão exigir aos restantes acionistas que, em alternativa ao exercício do seu direito de preferência, vendam também as suas ações ou que consintam a transação nos mesmos termos e condições propostos.

14. Não-Concorrência e Exclusividade

Cada Fundador assinará um contrato (contendo as obrigações habituais de não-concorrência e exclusividade) de forma razoavelmente aceitável para os Investidores e deverão aceitar dedicar-se em exclusividade à Empresa e não desenvolver, sem o consentimento da Maioria dos Investidores, outras atividades que, direta ou indiretamente, concorram, com as atividades que estejam a ser efetivamente exercidas pela empresa. A violação deste compromisso pelos Fundadores poderá responsabilizá-los civilmente por todas as perdas e danos sofridos incluindo pelos lucros cessantes ainda que meramente expetáveis.

15. Vesting As ações detidas pelos fundadores serão sujeitas a condições

de aquisição durante três anos do seguinte modo: [% para investir um ano após a concretização da operação de

investimento e os restantes % para adquirir em quantidades iguais mensais durantes os dois anos seguintes]. Se um Fundador sair da Empresa, voluntaria ou involuntariamente, as suas ações deverão reverter para os restantes acionistas, ao preço de subscrição.

16. Administração A administração deverá ser constituída por um máximo de [] administradores, cabendo aos acionistas não Investidores o direito de nomear dois membros e à Maioria dos Investidores o direito de nomear um membro ou, se assim o entender, um

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observador. A Empresa pagará ao representante nomeado pela Maioria dos Investidores um fee de acompanhamento de

[]€ por ano.

17. Obrigação de Informação

A Empresa enviará mensalmente a cada Investidor contas de exploração (nos últimos 5 dias de cada mês), declarações dos financiamento anuais (nos últimos 90 dias de cada ano) e outras informações de natureza semelhante que cada Investidor tenha direito a solicitar.

18. Documentação O Conselho de Administração elaborará a documentação necessária para implementar os investimentos, planos estratégicos e orçamentos anuais.

19. Seguro para gestores com posição-chave

A Empresa deverá, após a concretização desta operação de investimento ou logo que for possível, fazer um seguro de vida a favor dos gestores com posição-chave [Fundador1, Fundador2 & Fundador3], cujo montante não deverá ser

inferior a ().

20. Despesas de montagem da operação

A Empresa pagará as despesas de montagem da operação,

não podendo estas ultrapassar o montante de []€. [Na data da assinatura desta Term Sheet, a empresa efetuará, a título

de adiantamento, um pagamento no valor de []€]

21. Exclusividade Tendo em consideração o tempo e os custos incorridos pelos Investidores nas negociações com vista à concretização do investimento contemplado nesta Term Sheet, a Empresa e os Fundadores concordam em não abordar ou negociar qualquer investimento ou outra transação proposta que possa entrar em conflito com os termos do investimento contemplado, durante 60 dias após a data de execução desta Term Sheet.

22. Confidencialidade Os termos e a existência da presente Term Sheet são confidenciais e não podem ser revelados a terceiros sem o consentimento dos Investidores, com exceção dos consultores legais e outros indicados pelas partes.

23. Efeitos Legais Esta Term Sheet não é vinculativa, com exceção dos

parágrafos 20, 21, 22 e 23 , que são vinculativos para as partes, de acordo com a Legislação portuguesa em vigor.

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Planeamento 1: Estrutura do Capital antes e depois do Fecho Parte A: Estrutura do Capital pré-operação

Acionista Categoria de ações

Nº de ações Valor Nominal Percentagem de capital subscrito

Fundador 1 .€ .%

Fundador 2 .€ .%

Fundador 3 .€ .%

Parte B: Estrutura do Capital pós-operação

Acionista Classe de Ação Nº de ações Preço de emissão Shareholding

Fundador 1 .€ .%

Fundador 2 .€ .%

Fundador 3 .€ .%

Investidor 1 .€ .%

Investidor 2 .€ .%

Investidor 3 .€ .%

ESOP .€ .%

Planeamento 2: Cláusulas de Proteção Parte A: Assuntos que requerem a aprovação da Maioria dos Investidores Ficam sujeitas à aprovação prévia e escrita da Maioria dos Investidores as seguintes matérias:

1. Alteração dos Estatutos da empresa; 2. Aumento do capital social, aquisição, alienação e oneração de ações próprias

ou qualquer outra alteração ao capital social; 3. Concessão de empréstimos ou negociação de acordos ou contratos com

terceiros com vista à obtenção de financiamento; 4. Solicitação da admissão das ações da Sociedade à negociação em bolsa de

valores; 5. Aquisição de sucursais, delegações, ou quaisquer formas de representação da

Sociedade ou aquisição de ações em qualquer outra Empresa ou ainda estabelecimento de qualquer forma de cooperação empresarial;

6. Encerramento de sucursais, delegações, ou quaisquer formas de representação da Sociedade;

7. Cisão ou fusão com qualquer outra empresa ou negócio; 8. Celebração de contratos ou relações comerciais de qualquer natureza (exceto

contratos de serviço aprovados pela Administração) entre a Sociedade e qualquer um dos acionistas ou diretores da Empresa ou qualquer outra pessoa com eles relacionada, mesmo que faça, ou não, parte de tais contratos ou relações comerciais;

9. Desenvolvimento de qualquer atividade ou prática de qualquer negócio, ainda que com carácter meramente esporádico ou transitório, que não esteja compreendida no objeto da Sociedade ou com os termos acordados;

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10. Arrendamento, trespasse ou cessão de exploração de estabelecimentos da Sociedade por período superior a cinco anos ou que envolva pagamentos de

renda anuais que excedam []€; 11. Alienação de propriedade inteletual da Sociedade, sob a forma de venda a

terceiros de patentes registadas em nome da Sociedade ou por ela utilizadas no âmbito da sua atividade;

12. Outorga de qualquer garantia sobre o ativo da Sociedade, designadamente hipoteca ou penhor, exceto garantias prestadas no exercício normal da atividade;

13. Estabelecimento ou alteração de regras sobre distribuição de lucros, programas de opções para subscrição de ações, esquemas de pensões, bónus ou outro esquema de incentivos de qualquer natureza para os administradores ou funcionários;

14. Aprovação de remuneração (através do pagamento de comissões ou de outra forma) de qualquer funcionário ou consultor da Empresa a um valor anual de

custo para a empresa superior a []€ por ano ou aumento da remuneração

dessas pessoas para []€ por ano.

Parte B: Assuntos que requerem a aprovação do Conselho de Administração Ficam sujeitas à aprovação prévia e escrita do Conselho de Administração as seguintes matérias:

1. Aprovar ou alterar o Plano de Negócios e o orçamento anual ou assumir

compromissos não previstos no Plano de Negócios que excedam os []€ ou que não possam ser concluídos no período de um ano;

2. Estabelecer acordos com autoridades fiscais, reclamar, contestar ou tomar decisões sobre quaisquer assuntos de natureza fiscal relacionados com a

Empresa ou com a sua atividade que envolvam montantes superiores a []€; 3. Substituir os auditores da Empresa ou alterar o período do exercício anual; 4. Alterar ou permitir a alteração das políticas e princípios contabilísticos

adotadas pela Empresa na preparação das suas contas auditadas, exceto quando tais alterações forem requeridas para assegurar a conformidade com os padrões internacionais de contabilidade;

5. Declarar o pagamento de qualquer dividendo que, no respetivo exercício,

exceda []% dos lucros dedutíveis após impostos, de acordo com as contas auditadas desse exercício, ou fazer qualquer outra distribuição (por capitalização, reembolso ou de qualquer outra forma) não decorrente dos lucros distribuíveis ou qualquer das suas reservas;

6. Contrair empréstimos, financiamentos bancários ou concessão de garantias (desde que não faça parte da atividade corrente da empresa);

7. Dar qualquer garantia, caução ou indemnização para assegurar a responsabilidade de qualquer pessoa ou assumir a obrigação de qualquer pessoa;

8. Abrir ou encerrar contas bancárias ou alterar mandatos atribuídos aos Procuradores da Empresa sobre qualquer assunto respeitante à

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movimentação das contas bancárias da Empresa; 9. Demitir qualquer administrador, diretor ou funcionário em circunstâncias das

quais decorram para a empresa custos que excedam []€ no total; 10. Instaurar ou contestar quaisquer ações judiciais (que não sejam ações de

cobrança de dívidas decorrentes de serviços prestados pela empresa) apresentadas contra a Empresa ou recorrer à arbitragem ou a qualquer outra via alternativa de resolução de qualquer conflito que envolva a Empresa.

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NOTA GUIA DE TERM SHEET 1. Empresa Esta seção deve apresentar o nome completo da

Empresa (incluindo todos os nomes registados) na qual os investidores irão subscrever uma participação social.

2. Fundadores Estas são as pessoas que lideram o crescimento da Empresa. Eles assumirão expressamente várias declarações de compromisso sobre o estado da Empresa na data da concretização da operação de investimento (“garantias”) com vista a assegurar a conformidade da atividade da empresa e proteger os interesses dos Investidores.

3. Investidores É importante para os Business Angels a existência de um interlocutor que permita que a Empresa contate apenas com um Business Angels (ou um grupo pequeno), em representação dos restantes investidores para evitar uma sobrecarga de trabalho para a equipa executiva.

4. Segurança do Investimento

Os investidores normalmente subscrevem ações ordinárias (acompanhando os Fundadores), ações preferenciais (que atribuem direitos especiais relativamente a determinadas matérias) ou suprimentos convertíveis (empréstimos que podem ser convertidos em ações em certas circunstâncias). Os Fundadores normalmente preferem emitir ações ordinárias – os Investidores e os Fundadores estarão posicionados lado a lado, em pé de igualdade. Os investidores podem exigir direitos especiais titulados em ações preferenciais. Em alguns casos (p.ex. quando a avaliação não é consensual ou perante uma ronda de financiamento futura que tenha subjacente uma avaliação mais alta) os suprimentos convertíveis podem ser mais adequados como investimento. Normalmente, os suprimentos convertíveis são menos comuns no contexto português.

5. Condições de validade O contrato de investimento delineará os assuntos a serem tratados antes da concretização da operação de investimento.

6. Avaliação pré-investimento

Ambas as partes outorgantes têm de compreender totalmente a avaliação e as suas implicações. Um investimento que contemple suprimentos convertíveis pode atrasar e dificultar a discussão sobre a avaliação.

7. Tabela de Capital A tabela demonstra a estrutura de capital da Empresa antes e depois do investimento. A estrutura acionista deve ser confirmada no momento da concretização da operação de investimento através de consulta à

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certidão permanente da empresa. 8. Preferência na Saída A Preferência na saída descreve os direitos

preferenciais dos investidores em caso de uma venda, cotação em bolsa ou outro evento de liquidez em relação à Empresa. Os direitos não se aplicam somente nos casos de dissolução da empresa. Depois do preço, estes direitos são normalmente a segunda condição negocial mais importante, uma vez que determinam a divisão dos lucros de uma transação entre os acionistas.

9. Cláusulas de Proteção Estas cláusulas encontram-se normalmente estruturadas numa série de compromissos positivos (i.e. a Empresa irá fazer A, B e C) e negativos (i.e. a Empresa não irá fazer X, Y e Z sem consentimento). Normalmente, pedir-se-á aos Fundadores para assumirem pessoalmente estes compromissos. Isto deve resultar, desde que se tomem algumas reservas. Nos casos em que existem múltiplos investidores, as cláusulas de proteção devem ser estruturadas de modo a que nenhum investidor singular (ou uma minoria de investidores) possa exercer as cláusulas de proteção em detrimento dos interesses da Empresa ou da maioria dos investidores.

10. Conversão Os direitos de conversão são o mecanismo pelo qual os investidores convertem suprimentos em ações ordinárias ou ações preferenciais em ações ordinárias no caso de uma venda ou transação similar.

11. Anti Diluição Esta cláusula – se for adotada – pretende proteger os investidores de uma diminuição do valor do seu investimento inicial.

12. Direitos de preferência Esta cláusula refere-se aos direitos de participação dos acionistas em futuras rondas de financiamento de modo a manter a sua percentagem acionista inicial. Este é um dos direitos fundamentais para os investidores early-stage, os quais devem planear seguir o investimento durante o seu ciclo na Empresa.

13. Direitos de Preferência e Tag Along (Acompanhamento)

Os direitos de preferência conferem aos investidores o direito de adquirir ações que outros acionistas da empresa pretendam vender. Os direitos de acompanhamento protegem o interesse de uma minoria de acionistas impedindo que estes sejam excluídos de uma alienação de participações sociais levada a cabo por uma maioria de acionistas.

14. Drag Along Trata-se de uma cláusula importante porque obsta a que uma saída do capital seja atrasada ou impedida por uma minoria de acionistas que apenas possam estar interessados em assegurar melhores condições para

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eles próprios. 15. Não-concorrência Esta cláusula é importante para assegurar que os

Fundadores não possam simplesmente abandonar um negócio alavancado por investimentos de Business Angels para participar em atividades concorrentes à atividade da empresa, fazendo uso dos seus direitos de propriedade inteletual.

16. Vesting Permite que a totalidade ou parte das ações detidas pelos fundadores revertam para a Empresa (p.ex. de modo a incentivar os colaboradores) no caso de um dos Fundadores se afastar da Empresa antes de decorrido o período mínimo de permanência acordado com os investidores.

17. Administração A composição da administração é um aspeto importante de qualquer empresa e os Fundadores normalmente esperam manter o controlo ao nível da administração. Os investidores também querem ser ouvidos em aspetos fundamentais da empresa (nomeadamente na parte referente à vertente financeira)

18. Obrigação de Informação

Esta cláusula visa atribuir à minoria de investidores o direito de obter informação sobre a empresa.

19. Documentação É importante estabelecer claramente quem vai fazer o quê e quando o vai fazer para manter o processo sob controlo.

20. Seguro para gestores com posição-chave

O seguro para os gestores com posição-chave é um seguro de vida feito (e pago) pela Empresa. Pode facilitar a compra de ações pelo falecimento de um executivo ou facilitar o recrutamento de um substituto.

21. Despesas É comum a Empresa suportar os custos decorrentes do apoio de um consultor legal (e, por vezes, também um consultor financeiro) relacionados com a montagem da operação. Deve ser possível negociar fees fixos ou complementares na maior parte dos casos.

22. Exclusividade Dado o tempo e os custos incorridos pelos Investidores nas negociações com vista à concretização do investimento c, pode ser importante assegurar que as perspetivas dos investidores não sejam “goradas” com uma cláusula exclusiva para o efeito.

23. Confidencialidade É habitual garantir a confidencialidade de todas as informações trocadas assim que as negociações começam a ganhar forma. Nas primeiras reuniões, normalmente os investidores não aceitam vincular-se ao dever de sigilo no que diz respeito a ideias não comprovadas ou desconhecidas.

24. Efeitos Legais Deve ficar claro quais as cláusulas da Term Sheet que

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produzem efeitos vinculativos e quais as que são uma declaração de intenções comerciais (não vinculativa).

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Típico Processo de Investimento – Flowchart