UNICAMP...que endeusam ou satanizam as novas práticas de ensino. Para ele, não se pode ignorar a...
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Campinas, 3 a 9 de maio de 20102
Fotos: Antoninho Perri
MARIA ALICE DA [email protected]
O professor Regi-naldo de Moraes, do Instituto de Fi-losofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, aca-ba de lançar o livro Educação a Distância e Ensino Superior: introdução didática a um tema polêmico, pela Editora Senac. Em suas 120 páginas, a publicação oferece elementos para a com-preensão das polêmicas sobre a educação a distância ao apresentar experiências antigas e recentes em vários países, apresentando formas diferentes de organização do ensi-no. Com foco no ensino superior, a abordagem adotada pelo autor se distancia de visões estereotipadas que endeusam ou satanizam as novas práticas de ensino. Para ele, não se pode ignorar a possibilidade de problemas, mas é preciso olhar também para a potencialidade.
De acordo com Moraes, a repetição de erros, muitas vezes am plificada entre as pessoas que se posicionam contra, devese à falta de relatos sobre experiências bemsucedidas na área de ensino a distância. Muitas instituições acabam se espelhando em inicia-tivas que desenvolveram material de baixa qualidade. É a mesma falta de relatos que também sus-cita discursos equivocados sobre as práticas alternativas e provoca a resistência por parte das univer-sidades públicas. É esta lacuna de informações que Moraes pretende preencher ao apresentar iniciativas como da Universidade Nacional de Ensino a Distância (Uned) da
Espanha e da Universidade Aberta (UAb), de Portugal. O autor do livro explica que, ao contrário do que muitos pregam, a EaD pode ter como aspectos positivos a ca-pacidade de difundir inovações, propor uma nova cultura e revelar e desenvolver talentos. “Os bons resultados não eram difundidos. Por isso senti a necessidade de mostrar que existem tanto experi-ências boas quanto ruins”.
Conforme o livro, experiências de instituições exclusivamente dedicadas à EaD (dual mode) mos-tram que a nova forma de ensino não apenas amplia oportunidades para indivíduos e grupos sociais prejudicados pelo ritmo de vida e trabalho, mas potencializa a educa-ção como fator de desenvolvimento.
O preconceito de algumas instituições, na opinião do autor, também dá margem para que instituições sem credibilidade implantem cursos de EaD com infraestrutura e material didático de baixa qualidade com base em interesses comerciais. A falta de iniciativas na rede pública deixa campo aberto para o que ele chama de “expansão selvagem” do setor privado, o que acaba ampliando o número de experiências ruins. Na sua opinião, conteúdos de ensino-aprendizagem poderiam ser produzidos por organizações do setor público, que poderiam intervir por meio da formação de professores, tutores e especialistas de mídia; produção de material instrucional básico, estratégico e de longa duração, como CDs, livro-texto, softwares, guias de estudo e vídeos; programas de estímulo e regulação; certifica-ção e uma rede de informações.
fundada em 1973, período também anterior à internet, hoje conta com 200 mil estudantes, 10% do ensino superior da Espanha. A instituição está entre as sete primeiras em produção científica no país.
No livro, o autor lista alguns argumentos favoráveis à construção de centros específicos para assuntos de EAD em instituições tradicionais. Essas unidades, segundo Moraes, podem fomentar a criação de regras e difundir fórmulas para organizar e gerenciar cursos e recursos em EaD, criando um canal de comu-nicação com a administração da universidade. Dentre os benefícios, os centros podem estimular docentes a ingressar em atividades de EaD, apoiando a estruturação de cursos e bolsas específicas para alunos que participem da montagem e da monitoria. Além disso, caberia aos centros gerir recursos e oferecer apoio técnico e base material, como a atualização de computadores, fornecendo recursos para video-conferência, material bibliográfico, redes de comunicação (rádio e tevê), além de promover a interação entre os diferentes projetos na área.
O professor Reginaldo de Moraes: “É preciso ver a EaD com mais realismo”
Distante dosestereótipos
Livroabordapotencialda educaçãoa distânciano ensinosuperior
Entre tantos julgamentos equi-vocados, Moraes diz que é preciso ver a EaD com mais realismo para reconhecer seu papel na geração do desenvolvimento social e da própria educação, presencial ou não. Ele acredita que, pela própria definição, a EaD já se põe no terreno do novo e da transgressão e por isso adquire uma espécie de direito natural ao erro, mas, por outro lado, tem per-missão para ousar na inovação de recursos, como métodos, materiais e procedimentos. Alguns desses recursos, segundo o autor, migram em seguida para o ensino presencial, sugerindo formas de organização. “Esse é um aspecto para o qual devem estar atentas as instituições tradicionais, para criar novos modos de organizar o ensino e a apren-dizagem em consonância com os desafios da ‘massificação’ e da pre-servação da qualidade”, acrescenta.
Interação
As boas práticas da Uned e da UAb, analisadas no livro, mostram que o sucesso depende de como as instituições se estruturam. Em en-trevistas realizadas com represen-tantes dessas universidades, o autor observou que as dificuldades de interação se mostram diminuídas pelo uso mais intensivo de novas tecnologias, atualmente barateadas. A atualização e a regionalização da oferta de cursos podem ser obtidas por meio da constituição de redes de parcerias e equipes flexíveis, na opinião de Moraes. Para ele, a regulação, a produção de material didático, a infraestrutura e a for-mação de profissionais são pontos nodais para o sucesso do sistema.
Para Moraes, vários fatores rela-
cionados a mudanças sociais levam à necessidade de novas formas de ensino. Entre essas mudanças, ele aponta o aumento da expectativa de vida, que leva o indivíduo a buscar meios de atualização profissional. “Associado a mudanças econômi-cas, tecnológicas e organizacionais, esse fator torna cada vez mais impor-tante a educação ao longo da vida, a formação permanente ou a educação contínua”, considera o autor. A nova expectativa altera a forma com que o indivíduo se relaciona com a sociedade, o trabalho e a escola e, diante disso, a educação tem que se transformar e buscar meios para atender pessoas de diferentes faixas etárias, inclusive adequandose ao tempo dos alunos. É neste sentido que a educação a distância busca tra-balhar há muitos anos, quando nem existia internet, para dar provisão a quem não tem tempo para frequentar aulas presenciais.
Moraes lembra que a educação a distância antecede o avanço tec-nológico, atendendo seus alunos por correspondência ou rádio, desde 1960, com a criação da Open University, na Inglaterra. Longe de pensar numa comunicação em tempo real, a instituição produzia programas de TV, em parceria com a BBC. Algumas produções foram compradas e traduzidas pela TV Cultura e atualmente são utilizadas pela TV Univesp da Secretaria do Ensino Superior do Estado de São Paulo. A Uned da Espanha,
SERVIÇO
Obra: Educação a Distância e Ensino Superior: introdução didática a um tema polêmicoAutor: Reginaldo de MoraesPáginas: 120Editora: Senac
Para o autor do livro, a EaD pode ter como
aspectos positivos a capacidade de
difundir inovações, propor uma nova cultura e revelar
talentos