Uma Sequência Didática sobre o HPV e a Campanha de ...
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Uma Sequência Didática sobre o HPV e a
Campanha de Vacinação para alunos no
ensino fundamental
Fernanda de Araújo Satler Vilela
Uyrá dos Santos Zama
Fábio Augusto Rodrigues e Silva
Esta Sequência Didática é produto da dissertação “Estudo relativo à produção de uma sequência didática sobre HPV e campanha de vacinação: uma
abordagem emancipatória para o trabalho no ensino fundamental” desenvolvida no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Universidade
Federal de Ouro Preto, de autoria da Profa. Fernanda Araújo Satler Vilela sob orientação da Profa. Uyrá Zama e Prof. Fabio Augusto Rodrigues e
Silva.
As ilustrações foram baseadas na estrutura microscópica do Papiloma Vírus Humano (HPV)
formados por blocos, semelhante aos gráficos de jogos de vídeo game, como o Minecraft®
buscando uma maior identificação com o público alvo da prevenção da contaminação com o vírus.
Todas as figuras estão disponíveis no final deste material.
A educação contemporânea apresenta-se como um desafio ao professor que se depara com uma imensidão de fatores com os quais deve interagir e que
interferem diretamente no ensino aprendizagem. Entre estes fatores, encontramos a diversidade cultural, a popularização das mídias eletrônicas, a disparidade
entre o perfil atual de aluno e os sistemas de ensino, além dos fatores intrínsecos a cada ator neste meio. O desafio para o professor, portanto, é ponderar todas
estas variáveis e construir um processo de ensino aprendizagem que seja significativo para o aluno. E foi pensando nestas questões que apresentamos esta proposta
de atividade a seguir – Sequência Didática – a fim de fomentar o trabalho do professor, oferecendo-lhe uma ferramenta de trabalho que poderá incrementar e
valorizar suas aulas.
A construção da Sequência Didática apresentada neste caderno foi motivada pela introdução da campanha de vacinação contra o HPV, em 2014, no Programa
de Imunização Nacional do Brasil. Essa discussão é importante porque o HPV infecta órgãos podendo causar desde verrugas genitais a diversos tipos de câncer,
sendo o mais grave o câncer de colo de útero (GONÇALVES; MIRANDA, 2014).
No documento da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) (BRASIL, 2018), na seção sobre as competências específicas de Ciências da Natureza para o
Ensino Fundamental, encontra-se a necessidade do estudante conhecer e valorizar o próprio corpo como também respeitar a diversidade humana. Esta premissa do
BNCC corrobora com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998), os quais salientam e orientam os professores a trabalhar as questões em torna do
tema sexualidade na própria escola. A escola, como espaço privilegiado para a disseminação de todo o tipo de informação, pode e deve favorecer um ambiente de
discussão com o objetivo de esclarecer os questionamentos e preparar os jovens para uma vida afetiva e sexual saudável.
Essa vacina suscitou uma série de questões em torno da necessidade de se imunizar meninas tão jovens e que são atendidas pelo ensino fundamental. Diante
do papel da escola na promoção da saúde e na orientação sexual, como já prevê os PCN (BRASIL, 1998), torna-se importante estudar e disseminar práticas que
contribuam com esta tarefa. Justifica-se também pelo fato algumas instituições de ensino básico sinalizarem um despreparo técnico com a falta de informações
recentes sobre sexualidade (VIEIRA, 2016), além da conscientização dos próprios estudantes diante da novidade implantada pelo Ministério da Saúde.
Esta Sequência Didática sobre a campanha de vacinação contra o HPV se constitui como uma ferramenta para o ensino ético e reflexivo da ciência, capaz de
despertar o interesse do aluno pelo aprendizado e pela participação em debates sobre saúde humana e sexualidade. Além disto, a proposta de atividade que será
apresentada propõe uma abordagem diferente da usual de sala de aula, utilizaremos a abordagem emancipatória. Tal abordagem, proposta por Furlani (2012), é
definida como uma nova pedagogia que reconhece a multiplicidade identitária dos sujeitos. Essa abordagem representa uma postura diferente frente à Educação
Sexual na escola, pois adota a liberdade de escolha dos sujeitos, visando o melhor convívio em sociedade. E por último, mas não menos importante, esta atividade tem
um enfoque crítico, trazido na perspectiva da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Um ensino pautado na CTS preconiza que o conhecimento científico deve ser
transportado para a vida cotidiana, por meio de ações que demonstrem seu domínio (SANTOS, 2012).
Dessa forma, espera-se que este material seja um complemento às atividades diárias do professores, que poderá modificá-lo adequando a realidade de sua
escola e perfil de seus alunos.
Público alvo: Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental
Duração: Oito aulas
Materiais:
Caderno para registro, pelo professor, da atividade diagnóstica;
Notebook
Caixa de som
Data Show
Fotocópias para distribuição das “fichas”, “cruzadinha” e “caça-palavras”
Cartolina para produção das urnas das “dúvidas”
SONDAGEM DIAGNÓSTICA
Duração da atividade: 2 aulas
Metodologia: O propósito desta sondagem é que o professor realize um diagnóstico para identificar o nível de conhecimento dos alunos sobre HPV.
Ao iniciar a aula, sugerimos uma breve exposição técnico-científica sobre o vírus abordando os diferentes tipos e seus efeitos para a saúde Humana. Lembre-
se de que o objetivo desta sequência é incluir o HPV no contexto da prevenção e da campanha de vacinação. Portanto, por meio desta atividade de sondagem, o
professor pode realizar questionamentos que permita a participação ativa dos alunos nos diálogos:
O que significa esta
sigla? Alguém sabe o que é
HPV?
Das meninas, quem tomou
a vacina?
E os meninos?
Alguém se vacinou? Já ouviram falar da
vacinação contra HPV?
Após a destes questionamentos, sugerimos abordar outras questões mais voltadas para a identificação das lesões, das formas de contágio; prevenção da
doença; consequências da contaminação; caracterização dos subtipos. Informações atualizadas pode ser obtidas, por exemplo, no Portal da Saúde, do Ministério da
Saúde (http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/hpv).
Vocês sabiam que
existem mais de 200
subtipos de HPV?
Alguns subtipos provocam
lesões benignas como
verrugas orogenitais!
Alguns subtipos, especialmente o 16 e 18, são
considerados de alto risco para promoção do câncer
de colo de útero!
Alguns subtipos nunca
serão percebidos por seus
portadores!
Sugerimos que o professor anote as respostas ou informações acrescentadas pelos alunos em um caderno, pois estas informações pautarão a elaboração do
seminário a ser apresentado aos alunos no segundo momento. Este diálogo é a ferramenta mais importante para o estabelecimento da sequência didática,
entretanto, por se tratar de uma infecção sexualmente transmissível e que fomenta a discussão sobre educação sexual, acreditamos que muito alunos não queiram
participar ativamente deste espaço de fala. Neste sentido, sugerimos que fichas sejam distribuídas aos alunos para que eles possam escrever suas dúvidas ou
acrescentar informações sobre o assunto ao longo de alguns dias. Com este expediente, ampliamos a coleta de informações tanto dos alunos mais reservados,
quanto duvidas que possam ter surgido após o primeiro contato com o assunto em sala de aula. É importante que os alunos percebam que tal proposta não avalia o
nível das dúvidas que apresentarem, mas que o objetivo é oportunizar um espaço para expor ideias pré-concebidas sobre o tema HPV.
Material de apoio: Guia do HPV (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/dezembro/07/Perguntas-e-respostas-HPV-.pdf ), ficha e urna
SEMINÁRIO SOBRE HPV
Duração da atividade: 2 aulas
Metodologia: A partir das informações levantadas na atividade diagnóstica, considerando as dúvidas e contribuições dos alunos, especialmente atentos às
informações equivocadas que poderão ser expressas, sugerimos que o professor(a) regente elabore e apresente uma palestra elucidativa sobre HPV, usando como
suporte o Guia do HPV, construído pelo Instituto HPV (INCA, 2015). Além das questões específicas sobre o HPV, a anatomia e fisiologia do Sistema Reprodutor poderão
ser abordadas e também poderá ser descrita, a caracterização estrutural dos vírus em geral. O material elaborado e apresentado aos alunos nesta atividade poderá
ser rico em informações, com uma variedade de imagens elucidativas e a inclusão multimídias (sugestões em anexo), que complementem de forma interessante a
proposta de atividade. Sugerimos a elaboração colaborativa deste seminário entre professores regentes da área de Ciências.
Apesar de ser uma proposta de exposição do conteúdo pelo professor, neste momento poderão surgir questionamentos por parte dos alunos. É importante que
o professor utilize essa possibilidade de diálogo com o aluno como estratégia para que ele exercite seu protagonismo em sala de aula, utilizando a dinâmica deste
ambiente como espaço para construir conhecimentos e expor opiniões de forma reflexiva e crítica. Considerando uma concepção de avaliação que se efetiva de
forma contínua, o processo avaliativo pode ser incluído nesta atividade, onde o engajamento dos alunos é considerado positivo no seu desenvolvimento como agente
ativo no discurso.
Material de apoio: sugerimos uso de vídeos protagonizados por alunos (semelhante aos “youtubers”) para aproximar a linguagem e despertar o interesse,
observando o rigor técnico científivo. https://youtu.be/XIW3bPZvhRQ
ESTÍMULO À EXPOSIÇÃO DIALOGADA SOBRE OS ASSUNTOS ABORDADOS.
Duração da atividade: 2 aulas
Metodologia: Na primeira etapa deste terceiro momento de atividades, sugerimos que o professor instigue os alunos a expressarem o que aprenderam na
palestra ministrada. As mesmas questões propostas na atividade diagnóstica deverão ser feitas novamente, a fim de perceber as informações apreendidas pelos
estudantes no seminário e identificar as possíveis dúvidas ainda existentes. Será um momento de feedback do trabalho realizado anteriormente, com o objetivo de
reforçar pontos que não ficaram tão claros para os alunos. Finalizado esse momento de esclarecimentos, sugerimos a aplicação de uma atividade de organização do
conteúdo de forma mais descontraída, em que os alunos possam interagir com os colegas, trocar opiniões e melhor apreender as informações socializadas. Nossa
proposta é a aplicação de uma Cruzadinha e um Caça-Palavras para consolidar as questões discutidas. Ao final, segue modelo como sugestão.
Outra sugestão é utilizar essa atividade como avaliativa, pois é um material escrito, o que diversifica as formas de avaliar o processo, uma vez que as
primeiras avaliações propostas foram orais, observando as participações nos discursos. Esta atividade também tem sua importância ao trazer a ludicidade para a
sala de aula, o que promove um clima de descontração e promove a interação entre os colegas de classe, que podem se ajudar neste momento.
Material de apoio: Cruzadinha e Caça palavras.
ESPAÇO PARA A PRÁTICA DO OLHAR CRÍTICO REFLEXIVO
Duração da atividade: 2 aulas
Metodologia: Nesta atividade a proposta é apresentar vídeos publicitários institucionais das campanhas de vacinação contra o HPV, desde suas primeiras
edições, e permitir que os alunos avaliem criticamente cada um deles. Portanto, inicialmente, sugerimos a apresentação aos alunos os vídeos das campanhas de
vacinação contra o HPV dos anos de 2014, 2015 e 2016, extraídos do site YouTube. Em seguida os alunos devem ser orientados a analisar o conteúdo das campanhas,
comparando-as umas com as outras, julgando conforme suas opiniões e conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores. Após as discussões, sugere-se
apresentar aos alunos um vídeo da campanha de vacinação da cidade de Farroupilha – RS, no qual já estavam incluídos os meninos como público vacinante contra
HPV. Pretende-se com essa atividade, promover o encerramento das discussões, pois os conhecimentos adquiridos durantes as aulas anteriores podem favorecer
essa análise crítica das campanhas de vacinação.
Nesta etapa da sequência didática, esperamos que os alunos observem os dados divulgados na campanha de vacinação. É importante que notem quem é o
sujeito para o qual a campanha publicitária esta sendo direcionada as informações que se repetem nos vídeos, tal como a importância da vacina para a prevenção do
câncer de colo de útero. Além das informações que julgarem importante estar nas campanhas, mas que não foram contempladas.
Espera-se aqui que os estudantes expressem suas opiniões a respeito do assunto abordado, revelando suas análises críticas e não apenas a mera transmissão
dos conceitos repassados pelo (a) professor (a). É para este aprendiz que deve ser retornada a palavra, para que ele faça o fechamento dos trabalho e se torne um
pequeno cidadão, capaz de tomar decisões sobre sua saúde e bem-estar, consciente das consequências de seus atos.
Sugerimos para o encerramento da atividade, que os alunos produzam algum material midiático onde possam desenvolver o tema e socializar as informações
com novos colegas. Com este propósito, sugerimos que os alunos preparem roteiros e façam vídeos simulando uma campanha publicitária, ou simulando uma
transmissão de “youtubers” ou mesmo criando vídeos com ilustrações produzidas por eles. Esta poderia ser uma atividade avaliativa e permitiria que os alunos
exercitassem outras formas de inteligência que agregam na construção do conhecimentos.
Material de Apoio: vídeos das campanhas de vacinação:
Campanha de vacinação contra o HPV 2014
https://www.youtube.com/watch?v=o8naElvXlaM&t=127s
Campanha de vacinação contra o HPV 2015
https://www.youtube.com/watch?v=_T1Sh8MOS1c
Campanha de vacinação contra o HPV 2016
https://www.youtube.com/watch?v=R-Wkkm2p6Xg
REPRESENTAÇÃO DOS SUBTIPOS DO HPV SEMESLHANTES A “EMOJI”
(Emoji, é uma figura ou imagem que transmite a ideia de uma palavra, de um sentimento ou mesmo de uma frase completa, muito utilizada nas redes sociais)
FICHAS PARA A URNA DE DÚVIDAS
URNA PARA DÚVIDAS (adaptar para o tamanho de papel desejado)
CRUZADINHA
1 - P
2 - A
3 - P
4-
I
5 - L
6 - O
7 - M
8 - A
9 - V
10 - I
11 - R
12 - U
13 - S
14 - H
15 - U
16 - M
17 - A
18 - N
19 - O
1 – Sigla da doença causada pelo vírus do Papiloma Humano.
2 – exame que deve ser realizado pelas mulheres, após vida sexual ativa.
3 – órgão genital masculino onde pode aparecer verrugas.
4 – o câncer do colo de útero pode ser causada pelo ________ do HPV.
5 – são feridas que podem aparecer no útero e devem ser tratadas antes da gravidez.
6 – grupo da população incluída na vacinação em 2017.
7 – forma de tratamento do HPV.
8 – outra forma de tratamento do HPV.
9 – são sintomas do HPV que podem aparecer nos dedos, por exemplo.
10 – período no qual não se aconselha a mulher a ser vacinada.
11 – pessoa que deve acompanhar o adolescente ao posto para vacinar.
12 – o HPV é transmitido nas relações ______________.
13 – local onde a vacina é gratuita.
14 – O HPV não se reproduz em diversas células, mas apenas nas células ___________.
15 – órgão atingido pelo HPV na mulher.
16 – grupo da população que recebe a vacina desde o início da campanha.
17 – outra forma de tratamento do HPV.
18 – idade inicial para a vacinação.
19 – nome que é dado ao exame Papanicolau.
CAÇA – PALAVRAS: Agora, encontre as respostas da cruzadinha no caça palavras
.
BNCC. Base Nacional Curricular Comum. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-
reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192>Acesso em 05/06/2018.
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: Temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FURLANI, J. Educação sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
SANTOS, W. L. P. Educação CTS e cidadania: confluências e diferenças. Amazônia – Revista de Educação em Ciências e Matemática. Belém, v.9. nº 17. Jul 2012/dez
2012. P. 49-62.
VIEIRA, M. I. S. HPV e a escola: as concepções docentes e a construção de uma proposta colaborativa de formação continuada para professores do ensino
fundamental. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Ouro Preto – Mestrado Profissional em Ensino de Ciências. Ouro Preto, 2016.