Uma História de Dois Irmãos

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Uma História de Dois Irmãos Por Richard P. Heitzenrater Assim como muitos irmãos, John e Charles Wesley freqüentemente discordaram – e, com isso, o movimento Metodista lucrou. Em 1785, aos 82 anos, John Wesley escreveu uma carta pesarosa ao seu irmão Charles, de 77 anos, que, durante muitos anos, tinha sido um crítico público da liderança de John Wesley no movimento Metodista. "Não me obstrua, se você não for ajudar", o velho irmão repreendeu. "Talvez, se você tivesse se mantido unido a mim, eu teria me saído melhor. Entretanto, com ou sem ajuda, eu segui em frente". A história do antigo Metodismo é, naturalmente, mais do que a história desses dois irmãos. Mas o desenvolvimento do movimento não pode ser completamente compreendido sem eles – tanto um quanto o outro. O Duo Dinâmico John tinha quatro anos de idade, quando Charles nasceu (oito semanas, prematuro), em 1707. Charles tinha apenas seis anos, quando John deixou a Charterhouse School, em Londres. A infância em Epworth não permitiu muito tempo para os dois garotos serem irmãos. Embora Charles também fosse para a Escola, em Westminster, perto de Londres, três anos depois de John, ainda assim, eles não se viram com freqüência. Eles tiveram a primeira oportunidade de cresceram, mais próximos, quando ambos entraram na Universidade Oxford, nos anos de 1720. Como um jovem estudante, na Christ Church College, Charles teve uma "reforma" pessoal, em 1728. Seu irmão mais

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Uma história de dois irmãos que revolucionaram seu tempo

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Uma História de Dois IrmãosPor Richard P. Heitzenrater

Assim como muitos irmãos, John e Charles Wesley freqüentemente discordaram – e, com isso, o movimento Metodista lucrou.

Em 1785, aos 82 anos, John Wesley escreveu uma carta pesarosa ao seu irmão Charles, de 77 anos, que, durante muitos anos, tinha sido um crítico público da liderança de John Wesley no movimento Metodista. "Não me obstrua, se você não for ajudar", o velho irmão repreendeu. "Talvez, se você tivesse se mantido unido a mim, eu teria me saído melhor. Entretanto, com ou sem ajuda, eu segui em frente".

A história do antigo Metodismo é, naturalmente, mais do que a história desses dois irmãos. Mas o desenvolvimento do movimento não pode ser completamente compreendido sem eles – tanto um quanto o outro.

O Duo Dinâmico

John tinha quatro anos de idade, quando Charles nasceu (oito semanas, prematuro), em 1707. Charles tinha apenas seis anos, quando John deixou a Charterhouse School, em Londres. A infância em Epworth não permitiu muito tempo para os dois garotos serem irmãos.

Embora Charles também fosse para a Escola, em Westminster, perto de Londres, três anos depois de John, ainda assim, eles não se viram com freqüência. Eles tiveram a primeira oportunidade de cresceram, mais próximos, quando ambos entraram na Universidade Oxford, nos anos de 1720.

Como um jovem estudante, na Christ Church College, Charles teve uma "reforma" pessoal, em 1728. Seu irmão mais velho, que o precedeu (novamente, por volta de quatro anos), na busca por uma fé significativa, providenciou sugestões práticas, para seguir a vida toda. Durante alguns meses, eles compartilharam muitos dos métodos de pensamento e ação que logo se tornariam característicos das pessoas chamadas "Metodistas".

John Gambold, um amigo de ambos, em Oxford, descreveu Charles como sendo "profundamente sensível" do fato de John ser o mais velho: "Eu nunca observei qualquer pessoa que tivesse uma deferência maior por uma outra, do que ele constantemente teve por seu irmão". Gambold sentiu que Charles imitava seu irmão mais velho, tanto, que, como ele disse, "pudesse eu descrever um deles, eu deveria descrever os dois". Entre as similaridades deles: ambos eram poetas, assim como o pai deles, Samuel; o irmão mais velho, Samuel Jr.; e uma de suas irmãs, Kezzy. Embora nenhum dos irmãos compusesse música, ambos eram músicos — John tocava flauta, e Charles tocava órgão.

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Ambos foram ordenados pela Igreja da Inglaterra, assim como o pai deles. Ambos atenderam a Igreja de Cristo em Oxford. Ambos tiveram uma experiência de transformação espiritual. Ambos se casaram. Em alguns casos, o irmão mais velho, John, precedeu seu irmão mais jovem. Em outros, entretanto, Charles tomou a liderança, tal como em seu despertar espiritual e seu casamento.

Quando John decidiu se tornar um missionário na Geórgia, em 1735, ele convenceu Charles a concordar com ele. Charles registrou em seu Diário que seu irmão mais velho sempre teve influência sobre ele e, embora Charles temesse entrar para o clero, John o influenciou nisso, de modo que ele pôde assistir com o trabalho paroquial na nova colônia. Apesar de ele ter sido certificado apressadamente (ordenado como diácono e deão, em duas semanas, em vez do intervalo usual de dois anos), Charles levou sua posição clerical a sério. E, embora John dissesse persistentemente, dali em diante, que ele poderia viver e morrer um homem da "Igreja da Inglaterra", Charles foi verdadeiramente o que esteve mais próximo da Igreja Estabelecida, quando o século terminou. Nessa disputa, ele se tornou a consciência de seu irmão mais velho.

A relação dos irmãos foi espinhosa algumas vezes. Mas eles tinham um respeito confiante, um no outro, o que permitiu que as tensões pessoas produzissem resultados positivos quando grandes discussões eram colocadas.

Corações Aquecidos

Quando os irmãos partiram para a Geórgia, John pregou durante uma década, mas seu irmão mais jovem era recente, sob a mão de ordenação do bispo. Charles passou parte de seu tempo, a bordo, copiando os diversos sermões de John, para que ele pudesse usá-los na Geórgia.

Nem John, nem Charles, entretanto, tinham uma experiência positiva na Geórgia. Ambos perderam o apoio dos poderes políticos que eles supostamente foram auxiliar. Charles, doente e depressivo, então, decidiu que era melhor retornarem para a Inglaterra, e encarar o grande júri de acusação que seus inimigos tinham forjado.

Embora os esforços missionários dos irmãos produzissem pequenos frutos, a interação deles com alguns beatos colonizadores alemães, que eles encontraram, enquanto cruzavam o Atlântico, teve conseqüências importantes.

Os colonizadores, um grupo de Morávios, tinham permanecido calmos, durante uma tempestade potencialmente terrível no mar, o que impressionou grandemente os Wesleys. Buscando terem a mesma profundidade de segurança espiritual, os irmãos procuraram Peter Bohler, que se tornou o tutor espiritual deles.

A mensagem de Peter Bohler era simples: a fé apropriada resultará de um claro senso da garantia da salvação. Uma não existe sem a outra. E tal fé será acompanhada pelo amor, paz e alegria no Espírito Santo. Ao mesmo tempo, tornar-se-á livre do medo, dúvida e pecado. Tal é experiência tão centrada era necessária para que alguém se tornasse um verdadeiro cristão.

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Charles foi o primeiro a ter essa experiência "Moravia" de garantia. Em 21 de Maio de 1738, ele sentiu poderosamente a presença redentora de Cristo. "Eu senti uma palpitação estranha no coração", foi a sua descrição obtusa.

John reuniu-se aos amigos que vieram aos aposentos de Charles, naquela tarde para regozijarem-se com ele, orarem e cantarem hinos. John estava emocionado por seu irmão, mas seu coração deve ter batido violentamente, quando ele foi embora na escuridão, para encarar as suas próprias dúvidas e questionamentos.

Três dias mais tarde, John teve a sua própria experiência de segurança. O cenário era uma pequena sociedade religiosa, na rua Aldersgate. O catalisador foi um Pietista clássico: o prefácio de Martinho Lutero do Livro de Romanos. Também na tradição Pietista, a experiência incluiu uma sensação intensa. Como John a descreveu: "Eu senti meu coração estranhamente aquecido".

Não é de se surpreender que essas duas experiências Morávias fossem expressas, usando-se o coração como símbolo. Especialmente digno de nota, entretanto, é o fato de os irmãos sentirem a "estranha" sensação. Não obstante o relato de John da sua experiência Aldersgate, como foi reportado em seu publicado Diário, ter-se tornado um modelo normativo para muitos de seus seguidores.Mentes Conflitantes.

Assim como os trajetos espirituais dos irmãos não eram idênticos, a teologia e eclesiologia deles divergiam em alguns pontos. Com respeito ao processo da salvação, Charles pareceu ter tido um entendimento mais precoce de que os "quase cristãos", aqueles que estão se debatendo com a fé, fossem considerados como tendo a "fé do servo". John insistiu, muito tempo, em acreditar que o "quase cristão" não era um cristão, afinal, porque ele não tinha experimentado a segurança espiritual ainda.

John debateu-se com essa questão, durante muitos anos; eventualmente, modificando sua opinião para permitir "casos isentos" — pessoas que não tinham experimentado a segurança, mas que eram certamente cristãos reais. Em seus anos posteriores, ele também permitiu que alguém pudesse levar as Escrituras seriamente, quando ela dizia que uma pessoa que simplesmente "teme a Deus, e opera retidão" é aceita por ele.

Em geral, onde os irmãos discordavam na teologia, John sentiu que seria melhor, se cada um prosseguisse pelas suas próprias forças. Assim, ele encorajou Charles a continuar enfatizando santificação, como um dom da graça de Deus, dada instantaneamente, enquanto ele continuou a enfatizar a importância de crescer na santidade, através da educação e graça (um processo). Desde que ambas as aproximações conseguissem o mesmo intento — espalhar a santidade evangélica através da terra – ambas seriam benéficas.

Acima de tudo, os irmãos diferiram menos sobre a teologia do que na própria organização, em prol do movimento deles. Ambos estavam preocupados com respeito ao relacionamento entre o Metodismo e a Igreja da Inglaterra. Nem queriam que o Metodismo se tornasse uma facção religiosa dissidente.

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Não tivessem os Wesleys levado esse assunto seriamente, os preconceitos Anglicanos - contra o entusiasmo e diretrizes governamentais, debaixo do Ato de Tolerância - teriam restringido radicalmente o movimento Metodista. Mas a questão, em quão distintos os Metodistas poderiam ser, enquanto permanecendo dentro da Igreja da Inglaterra, foi freqüentemente um ponto de contenda. Três momentos emocionantes, nesse conflito, realçaram as diferenças entre os irmãos.

Pregadores Leigos

Uma vez George Whitefield tendo convencido os Wesleys de que as pregações ao ar livre, embora incomuns, tiveram bons precedentes, no Sermão da Montanha, o próximo ponto de debate principal para eles foi se os leigos poderiam ter permissão para pregar, ou não. Essa prática também teve precedente, dentro da Igreja da Inglaterra, mas era ainda mais irregular do que os sermões ao ar livre.

Charles era apenas indiferente, com respeito às pregações ao ar livre, e ele questionou os grandes números que George e John reportaram em suas reuniões. Charles foi ainda mais hesitante quanto às pregações leigas. John, entretanto, fora convencido (por sua mãe e suas próprias observações) que os pregadores leigos, como Thomas Maxfield, poderiam ser canais da graça redentora de Deus.

Como o movimento cresceu, e a necessidade por pregadores excedeu o número de clérigos anglicanos que estavam associados aos Metodistas, John indicou mais pregadores leigos para servirem às sociedades. Ninguém era colocado de lado para tal serviço, embora, não até que eles tivessem sido examinados, através dos "dons, graça e frutos".

Charles começou a questionar, não apenas algumas das pessoas a quem John indicou, mas também a prática por si mesma. John respondeu, nos idos de 1750, colocando Charles como responsável pela inspeção dos pregadores. Embora inteligente, sua atitude não resolveu o problema.

Charles insistiu que os pregadores leigos tivessem "os dons" para o trabalho, de modo que ele sujeitou os candidatos a uma rigorosa examinação. Ele até mesmo mandou alguns de volta para seus trabalhos diários. John era menos minucioso, porque, como ele disse, "Dos dois, eu prefiro a graça aos dons".

Os pontos de vista dos irmãos colidiram, por exemplo, no caso de um alfaiate, a quem John tinha tornado um pregador. Charles registrou orgulhosamente a um amigo, "Eu, com a ajuda de Deus, farei dele um alfaiate novamente".

John temia que o exigente padrão de seu irmão estivesse causando a escassez de pregadores. Ele pediu a Charles que abrandasse um pouco, de modo que houvesse líderes suficientes, para atender às necessidades crescentes. Mas, enquanto teve o poder, entretanto, Charles foi inexorável em seu esforço para "purgar a Igreja, começando com os trabalhadores".

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Charles empregou diversos amigos clérigos para ajudar na tentativa de influenciar seu irmão mais velho contra o uso de pregadores leigos. Tais esforços simplesmente aumentaram os sentimentos doentios, entre os irmãos, que se espalharam para as inúmeras questões relacionadas.

A convicção de John de que os pregadores leigos poderiam trabalhar tempo integral, combinada com sua hesitação em pagar a eles um subsídio suficiente, inflamou Charles. Ele achou que tal arranjo deu a John controle desarrazoado sobre a vida dos pregadores. John "governou com mão de ferro", para usar uma expressão de Charles.

Em uma carta ousada a um amigo, Charles argumentou que deveria ser permitido que os pregadores ganhassem dinheiro por conta própria. Com tal suporte, eles não iriam depender inteiramente de John "para o pão", e isso iria ajudar "a quebrar o poder dele... e reduzir sua autoridade, aos limites devidos".

Charles também sentiu que tal mudança serviria para "proteger contra a precipitação e ingenuidade de [John] que tem me mantido em temor e sujeição contínuos, durante muitos anos".

Desafortunadamente, essa carta foi parar nas mãos de John. Ele rapidamente escreveu, às pressas, uma nota desagradável para Charles, acusando-o de mergulhar, nas reservas da sociedade, para suas despesas, quando John estava ainda providenciando a ele um subsídio de 50 libras, mas uma anuidade saudável de 100 libras dos livros de reservas. Embora a soma fosse mais do que o dobro do que John permitiu a si mesmo, John declinou ao considerar que Charles era casado, com três filhos.

Nesses conflitos sobre os pregadores leigos, os irmãos mediaram extremos pontos de vista um do outro, John lembrou Charles de que ele era demasiado severo quanto às habilidades dos pregadores, e Charles lembrou John das necessidades financeiras legítimas dos mesmos.

Ordenação

Quando os pregadores leigos e seu rebanho esforçaram-se para obter a ordenação, de modo que os sacramentos pudessem ser distribuídos dentro das sociedades, John, algumas vezes, parecia propenso a permitir. Charles montou um ataque frontal, certo de que tal passo não era apenas totalmente impróprio, mas também resultaria na separação da Igreja.

Em uma tentativa resultante de sedimentar os pregadores em um contrato comum, John e Charles produziram documentos separados, para eles assinarem — John enfatizava a necessidade da lealdade comum, enquanto Charles também estabelecia o compromisso de "nunca deixar a comunhão da Igreja da Inglaterra".

Como Charles disse uma vez, que a primeiro objetivo de John era os Metodistas, e, então, a Igreja; A primeira preocupação de Charles era a Igreja, e então, os Metodistas.

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John atravessou a grande dificuldade sobre esse assunto, quando as colônias americanas assinaram a Paz de Paris, em 1783, rompendo os laços políticos e eclesiásticos com a Inglaterra. Debaixo dessas circunstâncias, John viu a necessidade dos Metodistas americanos de terem clérigos ordenados, para administrarem os sacramentos.

Sua ordenação de dois pregadores como diáconos e deões para aquela tarefa, tendo colocado separadamente Thomas Coke e Francis Asbury, como superintendentes gerais (eles assumiram o título de "bispos" mais tarde), foi feito em privativo — contra o conselho e sem o conhecimento de seus pregadores seniores, incluindo Charles.

Tais ações foram exclusivamente reservadas, sob a lei cânone, para bispos. A reação de Charles foi prognóstica, em sua essência, mas não, em sua forma. O poema que ele escreveu atacando John foi piedoso em sua retórica.

John argumentou que, em tal "caso de necessidade", onde a Igreja não tem jurisdição, ou se recusa a agir, ele tinha simplesmente respondido como o bispo do Novo Testamento, provendo, para as necessidades do corpo de Cristo. John reconheceu sua diferença de opinião, com Charles sobre esse assunto: "Você diz que eu me separei da Igreja. Eu digo que não. Então, deixe como está".

Se John tivesse ignorado a ansiedade de Charles, nessa questão, os Metodistas teriam se achado, eles mesmos, fora da Igreja antes do tempo. Por outro lado, se John tivesse consentido com Charles, os Metodistas americanos nunca teriam recebido pregadores ordenados. Eles igualmente teriam sido forçados a permanecer como um subconjunto dos anglicanos que resistiram à Revolução, e, eventualmente, se tornaram a Igreja Episcopal Protestante. Em vez disso, pelo século dezenove, os Metodistas eram a maior denominação Protestante nos Estados Unidos.

Hinos

Os Metodistas eram conhecidos como cantores; largamente, através do trabalho poético dos Wesleys. E, embora os irmãos, algumas vezes, discordassem nessa área, a colaboração produziu resultados melhores do que qualquer um deles poderia ter alcançado sozinho. Como John descreveu o relacionamento com Charles: "Eu posso ser, de alguma forma, a cabeça, e você o coração do trabalho".

Embora Charles seja melhor conhecido como autor de hinos, John publicou poesias, mais do que uma década antes de Charles. John até mesmo publicou um hinário sozinho na América. Quando as poesias de Charles começaram a aparecer, em 1738, e além, elas geralmente estavam em coleções publicadas, sob o nome de ambos os irmãos.

Na maioria das vezes, John teve a palavra editorial final, no que seria incluído, e como elas seriam formuladas. Sua seleção e edição dos trabalhos de Charles incluíram ambas as críticas literárias e teológicas. John publicaria, como ele escreveu, no prefácio ao hino de 1780, "nenhum verso ruim; nenhum mal feito; nada colocado para remendar a rima; nenhuma expletiva débil... nenhuma expressão jargão; nenhuma palavra sem significado".

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A mais ou menos definitiva Coleção de Hinos, para o Uso de um Povo Chamado Metodista incluiu 525 hinos. A maioria foi escrita por Charles, embora John tenha contribuído com alguns, incluindo traduções do alemão. Todos os hinos passaram, sob a pena editorial de John — um passo vital.

John examinou teologicamente os adjetivos. Ocasionalmente, ele achou os hinos de Charles muito efusivos, muito Morávios. John aperfeiçoou algumas das frases amatórias de seu irmão: "Quando, querido Senhor", tornou-se, "Quando, gracioso Senhor". John excluiu "Jesus, Amado de Minha Alma", da inteira coleção de 1780.

Além da necessidade de revisão literária e teológica, muitos dos poemas de Charles tinham mais que 20 versos. John pegava os melhores versos e, ocasionalmente, dividia um poema longo, em mais do que um hino.

Charles nem sempre aceitava os limites de seu irmão. Logo depois de John trabalhar, em concordância com Whitefield e os Metodistas Calvinistas, com o objetivo de evitar terminologia controversa, incluindo qualquer referência a "perfeição, sem pecado", Charles trabalhou aquela frase particular, em um de seus novos hinos. Em mais do que uma ocasião, também, Charles passou pequenas coleções de hinos para os editores, sem o conhecimento de seu irmão.

O hinário 1780 verdadeiramente refletiu a relação simbiótica dos irmãos. Esse "pequeno corpo da divindade experimental e prática" proveu o mais popular e duradouro canal para espalhar a teologia Wesleyana.

Embora o impacto dos hinos dos irmãos, e especialmente os de Charles, não pudessem ser depreciados, o sucesso dos hinos, algumas vezes, obscureceu as grandes contribuições de Charles. Como John disse, mais tarde, na vida, "Sua menor reputação estava em seus hinos".

"Meu companheiro foi embora"

Nos últimos anos, Charles passou, mais e mais tempo, com sua família, especialmente seus filhos músicos, Charles e Samuel. Ele ainda pregou, nas sociedades de Londres, mas raramente atendeu as Conferências anuais Metodistas, depois de 1765. John percebeu que seu irmão havia se retirado da liderança atual do movimento. Não obstante, ele manteve algumas esperanças de que Charles pudesse ficar ao seu lado, muitas vezes, encarando seu irmão como seu sucessor potencial.

Quando Charles contraiu o que se tornaria sua enfermidade final, em 1788, John ainda assumiu que seu irmão iria sobreviver a ele, se não, sucedê-lo. Quando John partiu para sua ronda itinerante, mandou-lhe um aviso, para que saísse da cama e se exercitasse, encima de um cavalo; uma prescrição que salvou sua própria vida, em circunstâncias similares. A notícia traumática da morte de Charles alcançou John, na região norte. A profundidade de seu sentimento por Charles não pôde ser contida, mesmo em público. Em seu primeiro serviço, que ele estava conduzindo, depois de receber a notícia, John irrompeu

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em choro, durante um hino, quando ele chegou nas palavras escritas por Charles, "Meu companheiro foi embora".

Como um bom anglicano, Charles foi enterrado em um sepulcro da paróquia que ele atendeu em Marylebone Street. John, por outro lado, por algum tempo, duvidou da necessidade de ser enterrado em solo consagrado. "Quão profundamente é esse solo consagrado?", foi sua questão cética. Conseqüentemente, o funeral de John, em 1791, aconteceu atrás da Nova Capela Metodista na City Road.

Aquela construção, por si mesma, personificou a ambigüidade da situação eclesiástica Metodista. Mais do que apenas uma casa de pregação, ela fora construída com um desígnio sacramental — o primeiro edifício Metodista a incluir um altar e um lugar de comunhão. Nunca se importando, que a estrutura estivesse colocada atrás da rua, de acordo com os requerimentos legais para uma casa dissidente de reuniões.

No final, John foi um dos poucos que ainda estavam convencidos de que os Metodistas não tinham se separado da Igreja da Inglaterra, desde que ele nunca saiu como dissidente, nem foi expulso por excomunhão.

Embora John possa ter reclamado que ele viveu e morreu "como um homem da Igreja da Inglaterra", seu epitáfio não faz menção à Igreja Estabelecida. Em vez disso, ela reflete mais do ponto de vista de Charles sobre o assunto.

A inscrição aponta que a intenção da vida de John fora "reviver, reforçar e defender, a doutrina apostólica pura e a prática da Igreja Primitiva". Essas palavras dão testemunho do fato de Charles, ultimamente, ser incapaz de manter seu irmão dentro das dobras da Igreja.

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Richard P. Heitzenrater é professor of church history da William Kellon Quick, and Wesley studies at Duke Divinity School.

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