Um sonho de amor, de Nora Roberts

12

description

1o capítulo do livro

Transcript of Um sonho de amor, de Nora Roberts

Page 1: Um sonho de amor, de Nora Roberts
Page 2: Um sonho de amor, de Nora Roberts

N o r aR o b e r t s

Um Sonho de AmorVolume 1 da Trilogia do Sonho

TraduçãoA. B. Pinheiro Lemos

Page 3: Um sonho de amor, de Nora Roberts

Prezados Leitores:

Já escrevi vários livros sobre a família, o relacionamento entreirmãos e irmãs. Mas família não é apenas sangue e ancestrais partilha-dos. É também lembranças e afeto, lealdades e frustrações. Na melhordas hipóteses, família é amizade.

Em Um Sonho de Amor, eu gostaria de apresentá-los a três mu-lheres de diferentes origens, que através das circunstâncias foram cri-adas na mesma família. Partilharam a infância, as lealdades e a amizadeque passaram a significar família. Também partilham um sonho inspi-rado por uma trágica história. Mas cada uma acalenta um sonho sepa-rado e pessoal.

Para Margo, a filha da governanta, o sonho é ser alguém. E quan-do seu mundo desmorona, não tem para onde ir, a não ser voltar paracasa. O que faz uma mulher quando perde tudo o que ela pensava quetinha importância? Como ela enfrenta a humilhação do escândalo pú-blico e da ruína financeira?

Margo começa do nada com um novo sonho, um sonho ousado.Com as mulheres que são as irmãs de seu coração, ela trabalha paraconverter esse sonho em realidade, que todas poderão partilhar. Ahistória de Margo é de descoberta pessoal, de risco e recompensa. E,como não podia deixar de ser, é também uma história de amor.

A atração entre Joshua Templeton e Margo existia desde queeram crianças. Aprofundar essa atração quando adultos — e adultosobstinados e determinados —, aprendendo a aceitar uns aos outros co-mo são, é outro risco... e outro sonho. Espero que vocês gostem de par-tilhá-lo.

Nora Roberts

Page 4: Um sonho de amor, de Nora Roberts

Prólogo�

Califórnia, 1846

Ele nunca mais voltaria. A guerra o levara para sempre. Ela podiasenti-lo, podia sentir sua morte no vazio que envolvia seu coração.Felipe morrera. Os americanos haviam-no matado... ou talvez ele tives-se morrido por causa de sua necessidade de provar do que era capaz.Mas Seraphina, parada no alto dos penhascos escarpados, por cima doPacífico agitado, tinha certeza de que o perdera.

A neblina turbilhonava ao seu redor, mas ela não se aconchegouno casaco. O frio que sentia era no sangue, nos ossos. Nunca poderiaser aliviado.

Seu amor desaparecera, por mais que ela tivesse rezado, por maisque passasse horas incontáveis de joelhos, suplicando à Virgem Mãepara interceder, para proteger seu Felipe, que partira a fim de comba-ter os americanos, que tanto queriam conquistar a Califórnia.

Ele tombara em Santa Fé. A mensagem fora enviada ao pai dela,avisando que seu jovem pupilo morrera em combate, enquanto lutavapara impedir que os americanos tomassem a cidade. Fora enterrado ali,tão longe. Seraphina nunca mais tornaria a ver seu rosto, ouvir sua voz,partilhar seus sonhos.

Page 5: Um sonho de amor, de Nora Roberts

Não fizera como Felipe pedira. Não voltara para a Espanha, a fimde esperar até que a Califórnia estivesse segura outra vez. Em vez disso,escondera seu dote, o ouro que teria ajudado a construir a vida emcomum dos dois... a vida com que haviam sonhado, em tantos dias desol, naqueles penhascos. O pai a entregaria a Felipe quando ele voltas-se para casa como um herói. Fora o que o próprio Felipe dissera, remo-vendo as lágrimas das faces de Seraphina com beijos. Construiriamuma linda casa, teriam muitos filhos, plantariam um jardim. Ele pro-metera que voltaria e começariam tudo.

Agora, Felipe estava morto.Talvez porque ela se mostrara egoísta. Preferira permanecer perto

de Monterey, em vez de pôr um oceano entre os dois. E, quando osamericanos apareceram, ela escondera o seu dote de noiva, com medode que o levassem, pois já haviam tirado tantas outras coisas.

Agora, tinham levado tudo o que importava. E ela lamentava,achando que seu pecado era responsável pelo que acontecera. Mentirapara o pai, a fim de roubar aquelas poucas horas com seu amor.Entregara-se a Felipe antes que o casamento fosse consagrado por Deuse a Igreja. Pior ainda, pensou Seraphina, enquanto inclinava a cabeçacontra a força impiedosa do vento, não podia se arrepender de seuspecados. Nem queria se arrepender.

Não lhe restavam sonhos. Nenhuma esperança. Nenhum amor.Deus lhe tirara Felipe. E, por isso, desafiando dezesseis anos de educa-ção religiosa, contra uma vida inteira de fé, ela ergueu a cabeça parablasfemar contra Deus.

E saltou lá de cima.

Cento e trinta anos depois, os penhascos estavam banhados pelaluz dourada do verão. Gaivotas voavam sobre o mar, os peitos brancosvirados para as águas azuis profundas lá embaixo, antes de fazeremuma curva, com gritos longos e estridentes. Flores, resistentes e fortes,apesar das pétalas frágeis, abriam caminho pelo solo duro, fazendo umtremendo esforço para passarem por frestas mínimas na rocha, trans-formando o agreste numa terra de fantasia. O vento era tão suavequanto uma carícia da mão apaixonada. Lá em cima, o céu exibia oazul perfeito dos sonhos.

10 � Nora Roberts �

Page 6: Um sonho de amor, de Nora Roberts

Três moças sentavam no penhasco, refletindo sobre a história e omar. Era uma lenda que bem conheciam. Cada uma tinha sua imagempessoal de Seraphina, como se postara ali, nos momentos finais dedesespero.

Para Laura Templeton, Seraphina era uma figura trágica, o rostomolhado por lágrimas, solitária demais naquela altura varrida pelovento, uma única flor silvestre em sua mão, enquanto caía.

Laura chorou por ela agora, os tristes olhos cinza contemplandoo mar, especulando sobre o que ela própria faria. Para Laura, o roman-ce estava entrelaçado com a tragédia.

Para Kate Powell, era um desperdício lamentável. Ela franziu orosto ao sol, enquanto puxava uma haste de relva com a mão estreita.A história atingia seu coração, é verdade, mas era o impulso que a per-turbava, o impulso equivocado. Por que acabar com tudo quando avida oferecia muito mais?

Fora a vez de Margo Sullivan contar a história, e ela o fizera comum intenso toque dramático. Como sempre, imaginara a noite domi-nada por uma tempestade, ventos furiosos, uma chuva forte, raios ris-cando o céu. O tremendo desafio do gesto a emocionava tanto quantoa perturbava. Veria Seraphina para sempre com o rosto erguido, umamaldição nos lábios, enquanto pulava.

— Foi uma estupidez fazer isso por um homem — comentouKate.

Seus cabelos cor de ébano eram presos atrás num impecável rabo-de-cavalo, fazendo sobressair o rosto anguloso, dominado pelos olhoscastanhos amendoados.

— Ela o amava — a voz de Laura era baixa, o tom pensativo. —Seu único amor verdadeiro.

— Não sei por que tem de haver apenas um amor verdadeiro.Margo esticou as pernas compridas. Ela e Laura tinham 12 anos,

Kate era um ano mais nova. Mas o corpo de Margo já começava aanunciar a mulher que despertava lá dentro.

— Não terei apenas um — sua voz vibrava de confiança. —Quero uma porção.

Kate soltou uma risada. Era magra, o peito liso, mas não seimportava nem um pouco com isso. Tinha coisas melhores nas quaispensar do que em meninos. Como escola, beisebol, música.

� UM SONHO DE AMOR � 11

Page 7: Um sonho de amor, de Nora Roberts

— Desde que Billy Leary enfiou a língua por sua garganta abai-xo, você anda meio maluca.

— Gosto dos meninos.Segura em sua feminilidade, Margo sorriu, irônica, enquanto

passava a mão pelos cabelos louros compridos. Caíam além dosombros, abundantes e ondulantes, da cor do trigo maduro. No instan-te em que escapava da atenção vigilante da mãe, apressava-se em tirar afita que Ann Sullivan preferia que ela usasse para prendê-los atrás. Co-mo o corpo e a voz meio rouca, aqueles cabelos pertenciam mais a umamulher do que a uma adolescente.

— E eles gostam de mim. — O que era a melhor parte, na avalia-ção de Margo. — Mas juro por Deus que nunca me matarei pornenhum.

Numa reação automática, Laura correu os olhos ao redor, para tercerteza de que ninguém mais ouvira a invocação do nome do Senhorem vão. Mas estavam a sós, é claro, naquele deslumbrante dia de verão.Era a época do ano que ela mais amava. Seu olhar parou na casa no altoda colina, por trás delas. Era seu lar, sua segurança, e sentia-se feliz sóde contemplá-la, com suas torres pequenas e extravagantes, as janelasem arcadas, as telhas vermelhas esquentando ao sol da Califórnia.

Às vezes Laura pensava na casa como um castelo, ela sendo umaprincesa. Só há pouco tempo é que começara a imaginar também umpríncipe em algum lugar, alguém que um dia haveria de aparecer acavalo e a arrebataria para o amor e o casamento, para uma vida de feli-cidade eterna.

— Quero apenas um — murmurou ela. — E, se alguma coisaacontecesse com ele, ficaria com o coração partido para sempre.

— Você jamais saltaria de um penhasco. — A natureza prática deKate não podia conceber essa possibilidade. Uma garota podia se recri-minar por errar uma rebatida fácil no beisebol. Ou por ser reprovadaem alguma matéria na escola. Mas por causa de um homem? Ora, eraum absurdo! — Em vez disso, ficaria esperando para saber o que acon-teceria em seguida.

Ela também contemplou a casa. Templeton House, seu lar agora.Das três, Kate pensava que era a única a compreender o que era enfren-tar o pior e esperar. Tinha 8 anos quando perdera os pais. Vira seu

12 � Nora Roberts �

Page 8: Um sonho de amor, de Nora Roberts

mundo desmoronar, quase se afogara. Mas os Templetons a acolherame amaram. Deram-lhe uma família, embora fosse apenas uma primaem segundo grau do instável ramo Powell da árvore genealógica. Erasempre mais sensato esperar.

— Sei o que eu faria — anunciou Margo. — Gritaria e amaldi-çoaria Deus.

Foi o que ela fez agora, assumindo uma pose de abjeto sofrimen-to, com a facilidade de um camaleão.

— Depois, pegaria o dote e viajaria pelo mundo, vendo tudo,fazendo tudo. E sendo tudo.

Margo esticou os braços, adorando a maneira como o sol acaricia-va sua pele. Adorava a Templeton House. Era o único lar de que selembrava. Tinha apenas 4 anos quando a mãe deixara a Irlanda e vieratrabalhar aqui. Embora sempre fosse tratada como alguém da família,jamais esquecia que era a filha de uma criada. Sua ambição era sermais. Muito mais.

Sabia o que a mãe queria para ela. Uma boa educação, um bomemprego, um bom marido. Margo não podia deixar de especular: oque podia ser mais chato? Não tinha a menor intenção de ser como amãe, seca e solitária antes dos 30 anos.

É verdade que a mãe ainda era jovem e bonita, refletiu Margo.Mesmo quando menosprezados, os fatos ainda eram fatos. Mas elanunca saía com ninguém, nunca se divertia. E era rigorosa demais.Não faça isso, Margo, não faça aquilo, pensou ela, irritada. É jovemdemais para usar batom e rímel. Preocupada, sempre preocupada quea filha fosse rebelde, voluntariosa, ansiosa demais em se elevar acima desua posição. Qualquer que fosse essa posição, pensou Margo.

Ela especulava se o pai também fora um rebelde e voluntarioso.Fora um homem bonito? Margo já se perguntava se a mãe não teriasido obrigada a casar... como acontecia com algumas moças. Nãopoderia ter casado por amor; se fosse esse o caso, por que ela nuncafalava do marido? Por que não tinha fotos, lembranças e histórias dohomem com quem casara e que perdera para uma tempestade no mar?

Margo tornou a olhar para o mar e pensou na mãe. Ann Sullivannão era nenhuma Seraphina, refletiu ela. Nada de dor e desespero; ape-nas vire a página e esqueça.

� UM SONHO DE AMOR � 13

Page 9: Um sonho de amor, de Nora Roberts

Talvez não fosse tão errado assim, no final das contas. Se você nãopermitisse que um homem fosse importante demais em sua vida, nãoficaria muito machucada quando o perdesse. E também não significa-ria ter de parar de viver. Mesmo que não saltasse de um penhasco,havia outros meios de acabar com a vida.

Se a mãe ao menos compreendesse, pensou ela... e sacudiu a cabe-ça, furiosa. Não ia pensar a respeito, no fato de que nada do que faziaou queria na vida parecia contar com a aprovação da mãe. Sentia-setoda agitada só de pensar no assunto. E por isso não pensaria.

Preferia pensar nos lugares que visitaria algum dia. Nas pessoasque conheceria. Provara dessa grandeza ao viver na Templeton House,parte do mundo em que os Templetons circulavam com a maior natu-ralidade. Todos aqueles hotéis fabulosos que eles possuíam, em todasaquelas cidades sensacionais. Um dia ela seria uma hóspede neles,ocupando sua própria suíte... como a suíte do Templeton Monterey,dúplex, decoração elegante, flores por toda parte. Tinha uma camadigna de uma rainha, com um dossel, travesseiros macios, fronhas deseda.

Quando comentara isso com o Sr. T., ele rira e a abraçara, e dei-xara que pulasse na cama. Margo jamais esqueceria a sensação de seaconchegar naqueles travesseiros perfumados. A Sra. T. lhe dissera quea cama viera da Espanha e tinha 200 anos.

Um dia ela teria coisas lindas e importantes, como aquela cama.Não apenas para cuidar delas, como a mãe fazia, mas para usá-las.Porque quando se usava, quando se possuía, passava-se a ser tambémlinda e importante.

— Ficaremos ricas quando encontrarmos o dote de Seraphina —comentou Margo.

Kate soltou outra risada e ressaltou, com uma lógica incontestável:— Laura já é rica. E, se nós o encontrássemos, teríamos de deixar

no banco até ficarmos mais velhas.— Eu compraria qualquer coisa que quisesse. — Margo sentou e

passou os braços pelos joelhos. — Roupas, jóias, as coisas mais bonitas.E um carro.

— Você não tem idade para guiar — lembrou Kate. — Eu inves-tiria a minha parte, porque tio Tommy diz que é preciso dinheiro paraganhar dinheiro.

14 � Nora Roberts �

Page 10: Um sonho de amor, de Nora Roberts

— Isso seria uma chatice, Kate. — Margo deu um tapinha afe-tuoso no ombro de Kate. — E você é uma chata. Já sei o que faríamoscom o dote: uma viagem ao redor do mundo. Nós três. Iremos aLondres, Paris e Roma. E ficaremos apenas nos hotéis Templeton, por-que são os melhores.

— Uma festa interminável — disse Laura, entrando no clima dafantasia. Já estivera em Londres, Paris e Roma, achara todas as trêscidades muito bonitas. Mas nada se comparava com a TempletonHouse. — Ficaremos acordadas de noite e dançaremos apenas com oshomens mais bonitos. Estaremos sempre juntas.

— Claro que estaremos sempre juntas. — Margo passou umbraço pelos ombros de Laura e o outro por Kate. A amizade entre elassimplesmente era, sem qualquer questionamento. — Não somos asmelhores amigas? E sempre seremos.

Quando ouviu o barulho de um motor, ela se levantou de umpulo e se apressou em simular desdém.

— Deve ser Josh e um dos seus amigos nojentos.— Não deixe que ele a veja. — Kate deu um puxão firme na mão

de Margo. Josh podia ser o irmão de Laura por sangue, mas em termosemocionais era igual a Kate, o que tornava seu desdém bastante genuí-no. — Ele só viria até aqui para implicar com a gente. Acha que émuito importante agora que pode guiar.

— Josh não vai nos incomodar.Laura levantou também, curiosa para verificar quem guiava a

toda velocidade o pequeno e vistoso conversível. Ao reconhecer oscabelos escuros, esvoaçando ao vento, ela fez uma careta.

— É aquele arruaceiro do Michael Fury que está no carro. Nãoentendo por que Josh anda com ele.

— Porque ele é perigoso.Margo podia ter apenas 12 anos, mas algumas mulheres nascem

com a capacidade de reconhecer e apreciar um homem perigoso. Sóque seus olhos fixaram-se em Josh. Disse a si mesma que isso aconteciaporque ele a irritava... o herdeiro, o perfeito príncipe encantado, quesempre a tratava como uma irmã mais jovem um tanto estúpida, quan-do qualquer um com olhos na cabeça podia ver que ela já era quaseuma mulher.

� UM SONHO DE AMOR � 15

Page 11: Um sonho de amor, de Nora Roberts

— Oi, pirralhas! — Com a descontração deliberada dos 16 anos,Josh recostou-se no banco do motorista do carro em ponto morto.“Hotel California”, do The Eagles, saía a todo volume do rádio. —Procurando outra vez pelo ouro de Seraphina?

— Estamos apenas desfrutando o sol e a solidão.Mas foi Margo quem encurtou a distância, andando devagar, os

ombros esticados para trás. Os olhos de Josh sorriam, por baixo doscabelos clareados pelo sol e desgrenhados pelo vento. Os olhos deMichael Fury escondiam-se por trás de óculos escuros espelhados. Nãodava para saber quem contemplavam. Margo não estava muito interes-sada, mas encostou-se no carro e ofereceu seu melhor sorriso.

— Oi, Michael.— Oi.— Elas vivem andando pelos penhascos — informou Josh ao

amigo. — Como se fossem tropeçar num monte de dobrões de ouro.Ele sorriu zombeteiro para Margo. Era muito mais fácil exibir um

sorriso desdenhoso do que considerar, sequer por um momento, amaneira como ela parecia naquele pequeno short de adolescente.Afinal, Margo não passava de uma criança, praticamente sua irmã. Elecom certeza fritaria no fogo do inferno se continuasse a acalentar aque-les estranhos pensamentos em relação a Margo.

— Um dia vamos encontrá-los.Ela inclinou-se, e Josh pôde sentir seu cheiro. Margo alteou uma

sobrancelha, atraindo atenção para o pequeno sinal na extremidadeinferior. Tinha as sobrancelhas bem mais escuras do que todos aquelescabelos louros claros. E os seios, que pareciam se tornar mais cheioscada vez que um homem piscava, estavam bem delineados por baixoda T-shirt justa. Como sentia a boca seca demais, a voz de Josh saiuaguda e escarninha:

— Continue a sonhar, duquesa. Vocês, meninas, voltem às suasbrincadeiras. Nós temos coisas melhores para fazer.

Ele partiu, mantendo um olho no espelho retrovisor. O coraçãode mulher de Margo palpitou com um anseio confuso. Ela sacudiu oscabelos para trás e ficou observando o carro se afastar. Era fácil rir dafilha da governanta, pensou ela, com uma fúria intensa. Mas, quandoela fosse rica e famosa...

16 � Nora Roberts �

Page 12: Um sonho de amor, de Nora Roberts

— Um dia ele vai se arrepender de ter rido de mim.— Sabe que ele não fez por mal, Margo — interveio Laura, que-

rendo acalmá-la.— Afinal, ele não passa de um homem. — Kate deu de ombros.

— A definição de um idiota.O que fez Margo rir. As três atravessaram a estrada para subir a

encosta até a Templeton House. Um dia, pensou ela de novo. Um dia.

� UM SONHO DE AMOR � 17