UM OLHAR PSICOMOTOR NA BRINCADEIRA DE EDUCAÇÃO … · 2010-03-16 · ela sem as dificuldades...
Transcript of UM OLHAR PSICOMOTOR NA BRINCADEIRA DE EDUCAÇÃO … · 2010-03-16 · ela sem as dificuldades...
UM OLHAR PSICOMOTOR NA BRINCADEIRA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
POR: JAILMA AMERICO CHASTINET RIBEIRO COSTA
ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ
RIO DE JANEIRO
2010
2
UM OLHAR PSICOMOTOR NA BRINCADEIRA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia de Conclusão de Curso apresentada à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós - Graduação em Psicomotricidade.
RIO DE JANEIRO
2010
3
A Deus por sempre e sempre me guiar.
Ao meu marido e ao meu filho, por sempre estarem do meu lado nos momentos
difíceis e aos meus mestres pela dedicação e competência com que me
ensinaram.
4
Dedico este trabalho a minha família, aos meus amigos e professores pelo
muito que os admiro e por todo incentivo e confiança que depositaram em mim.
5
Ao longo desta monografia, tentamos organizar alguns aspectos
psicomotores que achamos importantes para que as brincadeiras na educação
infantil não sejam apenas um ato mecânico, mostrando que a psicomotricidade é
um instrumento enriquecedor na expressividade das crianças. No entanto para
que isso aconteça de uma forma tranqüila, o educador deve inserir uma atuação
psicomotora em um contexto cultural e afetivo. Desta forma poderá oferece a
criança matérias diversificados, como também, produzir significados reais para a
vida social e afetiva dela. Neste contexto, o aluno se mostrará mais presentes,
participativos e atentos. Tendo assim, uma relação de amizade e confiança com a
aula e com o educador.
A educação psicomotora prepara a base, para que criança tenha
capacidade considerada indispensável para a aprendizagem, e consiga passa por
ela sem as dificuldades comuns, como: falta de atenção e concentração.
Como a criança usa o seu corpo desde ao nascer para se relacionar com os
outros, procuramos entrar um pouco no mundo do desenvolvimento motor, e
embora os estágios nos façam pensar em algo universal, e necessário deixa claro
que esse desenvolvimento depende da influencia cultural a qual a criança esta
inserida.
6
objeto de estudo aspectos psicomotores importantes nas brincadeiras para a
educação infantil. Para tal utilizaremos como base trabalhos e estudos produzidos
por Vitor da Fonseca, Piaget, Vygotsky e outros autores da área. Para assim,
compreendermos os questionamentos levantados e analisar o desenvolvimento e
a influencia cultural a qual a criança esta inserida.
7
CAPÍTULO I: JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA 10 CAPÍTULO II: O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 15 CAPÍTULO III: DESEVOLVIMENTO PSICOMOTOR 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31 INDICE 32
FOLHA DE AVALIAÇÃO 33
8
profissionais da educação, olhar de uma forma mais ampla a importância da
psicomotricidade nas brincadeiras infantis. Como também a forma de intervenção
na mesma.
A brincadeira é reconhecida por diversos autores, como principal forma de
expressão da criança, tendo o sentido de representar uma via de acesso ao seu
mundo interno, as suas idéias, pensamentos e formas de entender o mundo em
que estão inseridos, ao brincar, os pequenos entendem as características dos
objetos, seu funcionamento e os acontecimentos sociais. Tomando o papel do
outro na brincadeira, passam a perceber diferentes pontos de vista que facilitam a
construção de diálogos interiores.
Vários autores consideram o brincar não só uma atividade que dá prazer,
mas também um aprendizado para a vida adulta, onde se trabalham valores,
normas, hábitos de uma comunidade ou grupo social, através de observações e
interpretações de gestos e atitudes da família e do meio social em que se está
inserido.
A criança, na educação infantil vivenciar momentos de brincadeiras livres e
outros de brincadeiras dirigidas, as brincadeiras “livres” são sempre intencionais e,
dependendo da atuação e intervenção do educador, podem ser produtivas ou não
para a aprendizagem infantil. Como essa criança usa o seu corpo? Como
educador interfere nessas brincadeiras? O desejo de compreender essas
questões se tornou mais fortes na medida em que fui atuar como professora em
uma escola particular.
Quando me refiro a brincadeiras, estou falando das brincadeiras de faz de
conta, escorrega, tanquinho de areia, cantinhos, piques, na quadra, na sala de
corpo, etc. Acredito que esse estudo poderá contribuir com muitos profissionais da
área da educação, fazendo com que tenham uma compreensão maior sobre o
brincar e a psicomotricidade no ambiente escolar.
Para atingir o objetivo geral desta monografia, será necessário elaborar
alguns objetivos intermediários. Como:
• Compreender a definição de jogos, brinquedos e brincadeiras.
• Compreender o desenvolvimento motor de 0 a 6 anos
• A psicomotricidade em sala de aula
9
Para entender o desenvolvimento motor, me apoiarei em Piaget, Vygotsky
e Wallon através das teorias psicogenéticas
Para alcançar o terceiro objetivo, consultarei Vitor da Fonseca e Carlos
Mattos Ferreira.
10
1.1 - Jogo
A definição de Jogo no Dicionário Aurélio (1993) está como: 1 - atividade
física e mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou o ganho, 2
– passatempo.
Alguns autores que pesquisam jogo têm certa dificuldade em defini-lo, pois
a definição depende de como cada grupo social entende o jogo
“Um tabuleiro com piões é um brinquedo quando usado para fins de brincadeira. Teria o mesmo significado quando vira recurso de ensino, destinado à aprendizagem de números? É brinquedo ou material pedagógico?” (Kishimoto, 2005)
Entre os autores que se dedicaram a definir o que é jogo, Kishimoto, cita
Huizinga. Para ele, o jogo está presente em todas as formas de organização
social, ou seja, é um elemento da cultura, tendo como características: o prazer, a
denominação de não ser sério, a liberdade, a separação dos fenômenos do
cotidiano, as regras, sejam elas explícitas ou implícitas, o caráter fictício ou
representativo e as limitações do tempo e do espaço. O caráter ”não sério” do
jogo, não quer dizer que não seja importante, mas o jogo não faz parte de um
projeto de vida. Quando se joga, se joga sem compromisso e sem obrigação. Sendo assim, esta definição se contrapõe à noção de trabalho que é considerado
uma atividade séria, pois é produtiva.
Segundo Vitor da Fonseca (2008) o jogo tem funções preparatórias para a
vida e para o trabalho, pois se agregam igualmente na imitação social como
processo de integração.
“Por ser uma atividade sem fins, sem propósitos, sem exigências, sem obrigações, etc., distinta a do trabalho, o jogo representa para a criança uma experiência criativa de liberdade auto-iniciada liberta das características da realidade, de enorme importância para o desenvolvimento da sua personalidade, na medida em que é ela que determina o seu significado” ( Vitor da Fonseca 2008 p. 392)
11
crianças quando brincam, muitas vezes, modificam o uso tradicional do brinquedo
e desta forma, como diz Henriot:
“A brincadeira em alguns casos é induzida pela forma ou pelo material do brinquedo, no entanto, não se constitui aí uma predeterminação, pois a realidade efetiva do jogo se exprime pelo emprego do brinquedo, na maioria das vezes imprevisto e surpreendente. Com seu brinquedo, a criança pode estabelecer inúmeras brincadeiras onde não estejam implicadas nem a estrutura do brinquedo, nem a maneira de empregá-lo. A criança é, portanto, capaz de utilizar quaisquer objetos para brincar, pois o essencial não tem relação com o objeto, que serve apenas como mediador entre a realidade e a imaginação”. (Henriot apud Santa-Roza, 1993)
Já em relação à separação dos fenômenos cotidianos que as crianças
fazem quando estão em uma atividade de faz de conta, Vygotsky (2003) diz que
como o intervalo entre o desejo e sua satisfação é muito curto, a criança em suas
brincadeiras realiza desejos que não conseguiria realizá-los em curto prazo. Por
exemplo, uma criança que quer ser mãe, envolve-se no mundo imaginário, onde
seu desejo pode ser realizado.
“A imaginação é um processo psicológico novo para a criança; representa uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais. Como toda função da consciência, ela surge originalmente da ação” (Vygotsky 2003 p. 122)
Para Vygotsky (2003), o prazer não é visto como característica definidora
do jogo, pois quando o resultado não é favorável, o final vem sempre
acompanhado de desprazer para a criança que “perdeu” o jogo.
Isto posto, podemos dizer que, se a criança não alcançar este nível de
desenvolvimento, então não poderá jogar, pois não compreenderá as regras nem
a eliminação.
Segundo Vitor da Fonseca (2008), a criança precisa do jogo para recriar
um mundo imaterial de imagens interiorizadas
“Para jogar, são necessárias uma certa interação sensoriais, ao mesmo tempo
Que uma certa elaboração motora e adaptativa, componentes inerentes a uma
Organização neuronal e a uma mobilidade imaginativa mais complexa, em que
12
como no xadrez ou implícitas como nas brincadeiras de dramatização que mesmo ocultas conduzem a brincadeira. Podemos dizer que o jogo acontece no espaço e
no tempo como seqüência da brincadeira.
Outro autor citado por Kishimoto é Roger Caillois. Segundo eles, no jogo
predominam a incerteza e o caráter improdutivo de não criar nem bens nem
riqueza. Uma incerteza do jogo é que ações semelhantes se apresentam como
jogo e não-jogo, por isso é necessário perceber se o jogador realmente está de
acordo com a ação do jogo para identificá-lo.
Dentro de todo jogo tem uma ação e intenção lúdica. Dando continuidade a
esta questão, o autor fala da natureza improdutiva do jogo, sendo o jogo uma ação
espontânea da criança. O que importa é a brincadeira, pois a criança não está
preocupada com o que vai aprender. Outro ponto que ele chama atenção é a ação
do jogador que dependerá sempre dos fatores internos e das motivações e
estímulos externos.
Kishimoto fala também que em estudos mais recentes Christie (1991 )
descreve outros tipos de comportamento.
A não literalidade é definida quando a criança usa os brinquedos como se
fossem parte de sua família, amigos, etc. deixando a realidade interna predominar
sobre a externa.
O efeito positivo do brincar é que a criança satisfaz seus desejos e
demonstra satisfação através de sorrisos, causando assim um efeito positivo para
os aspectos corporais, mentais e sociais. Brincando, a criança fica mais livre para
explorar e investigar, com essas ações ela torna-se mais flexível. Quando o jogo
não é escolhido espontaneamente pela criança, não é jogo, é elemento de
aprendizagem ou trabalho.
Segundo Áries (1981) o jogo na idade média era considerado um
divertimento quase que integral, pois o trabalho não tinha um valor existencial.
1. 2 – Brinquedo
O Brinquedo é assim definido no dicionário Aurélio: 1 – objeto para as
crianças brincarem, 2 – jogo de criança; brincadeira.
Sendo o brinquedo um objeto para as crianças brincarem, ele é um
mediador das brincadeiras. Segundo Kishimoto (2005) “diferente do jogo, o
13
são uma representação da vida real, são reproduções do mundo em sua
realidade, cópias do imaginário televisivo, representações de personagem em
formas de bonecos.
Vygotsky afirma que através do brinquedo a criança aprende a agir no
campo cognitivo, criando situações ilusórias e imaginarias como forma satisfação
de seus desejos.
Kishimoto (2005) fala também da importância dos brinquedos educativos
usados na Educação Infantil e que desempenham um papel muito importante no
ensino aprendizagem, desenvolvendo a afetividade, a cognição e a interação. O
brinquedo educativo pode juntar duas funções: a lúdica, quando é escolhido
espontaneamente pela criança para brincar e a educativa quando é usado pelo
educador para ensinar algo. Mesmo sendo um rico material para trabalhar
pedagogicamente, o brinquedo educativo nunca dá certeza de que o
conhecimento que a criança construiu é o que o professor desejava, pois:
“Se a criança está diferenciando cores, ao manipular livre e prazerosamente um quebra-cabeça disponível na de sala aula, a função educativa e a lúdica estão presentes. No entanto, se a criança prefere empilhar peças do quebra-cabeça, fazendo de conta que está construindo um castelo, certamente estão contemplado o lúdico, a situação imaginária, a habilidade ara construção do castelo, a criatividade na disposição das cartas, mas não se garante a diferenciação das cores”. (Kishimoto, 2005. p.37 )
A existência de brinquedos considerados mais “educativos” ou
“pedagógicos” do que outros e a maneira como são utilizados pelos professores,
nos leva a refletir sobre o que é uma atividade lúdica e o que é uma atividade
educativa.
1.3 - Brincadeira
Brincadeira no dicionário Aurélio é definida como: ato ou efeito de brincar,
entretenimento, passatempo, divertimento.
Em outros momentos históricos, a criança era vista como ser frágil que
necessitava de assistência. A brincadeira não era considerada importante para o
seu desenvolvimento. Era vista quase sempre como uma distração.
14
exaltação da naturalidade” (Brougère, 2000)
Kishimoto (2005) relata a importância da brincadeira tanto no contexto
escolar quanto em outros espaços, pois a brincadeira contribui para o
desenvolvimento cognitivo, trabalhando valores, hábitos e normas de uma
comunidade ou grupo social em que a criança está inserida.
A criança quando brinca é como se fosse maior do que é, faz coisas que
não faria se não estivesse brincando, como por exemplo: representar o papel de
ser mãe, pai, irmão, professora, médica, etc. Realiza ações que fora da
brincadeira, talvez não fosse bem aceitas pelos adultos.
Acreditamos que os espaços para as brincadeiras estejam cada vez mais
escassos. Antigamente, brincava-se na rua, onde as crianças tinham mais
possibilidades para interagir com outras crianças, no entanto, com os perigos
atuais, as restrições são cada vez maiores. Sobraram ainda algumas as casas,
com espaços limitados. Surgiram instituições como as brinquedotecas públicas e
privadas ou clubes, mas que ainda são restritos e para poucos. Sendo assim, o
espaço escolar precisa ser considerado neste processo.
15
2.1 O brincar na educação infantil
É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fruem de sua liberdade de criação.
Winnicot (1975) A BAILARINA
Cecília Meireles, 1990 Esta menina Tão pequenina Quer ser bailarina Não conhece nem dó nem ré, Mas sabe ficar na ponta do pé. Não conhece nem mi nem fá, Mas inclina o corpo para cá e para lá. Não conhece nem lá nem si, Mas fecha os olhos e sorri. Roda, roda, roda com os bracinhos no ar. E não fica tonta nem sair do lugar. Põem no cabelo uma estrela e um véu E diz que caiu do céu. Esta menina Tão pequenina quer ser bailarina Mas depois esquecer as danças E também quer dormir como as outras crianças.
Se esta criança do poema tivesse nascido na Idade Média, jamais sonharia
em ser bailarina, pois, segundo Áries (1981) ao longo da história, a infância teve
um período em que a criança “sobrevivia” em completo anonimato, sendo tratado
inclusive como um bichinho de estimação. Quando acontecia de morrer, algumas
pessoas ficavam tristes, mas, geralmente, a maioria não se importava muito,
porque esta criança poderia ser facilmente substituída por outra. Se sobrevivesse,
logo que se tornava autônoma em relação aos cuidados maternos, era jogada no
mundo dos adultos, participando assim de todos os tipos de atividades e jogos.
Era entregue a outras famílias para ser educada e aprender um ofício ou serviços
domésticos. Ou seja, deveria adquirir conhecimento através do convívio com os
adultos.
Como podemos perceber, a noção de infância vem mudando através dos
tempos. Atualmente, dependendo do contexto em que a criança está inserida, pais
16
construída a partir do conceito de educação que os pais têm. Já na escola, é uma
educação planejada dentro da filosofia em que a escola se fundamenta.
A brincadeira faz parte da vida das crianças desde muito pequenas. Elas
aprendem a brincar com os adultos, sem que no início tenham um papel muito
ativo. O adulto, diante das manifestações de contentamento da criança, quando
brinca com ela, fica incentivado a continuar brincando e assim, a criança aprende
a brincar, não sendo a brincadeira inerente do ser humano, mas sim um
aprendizado social.
Com a evolução dos estudos psicológicos e educacionais sobre o
desenvolvimento infantil, estamos descobrindo que o brincar que já foi tão
desvalorizado, é fundamental na construção do pensamento e do conhecimento
da criança para aquisição da leitura, da escrita e do raciocínio lógico matemático.
Através da brincadeira, as instituições de educação infantil têm um recurso
didático muito rico para ensinar as disciplinas do currículo, permitindo que a
aprendizagem se torne uma atividade prazerosa e espontânea.
Segundo muitos autores como Vygotsky, Winnicot e Piaget, o brincar
estimula o desenvolvimento intelectual, proporcionando os ensinamentos
fundamentais para esse crescimento. É através da brincadeira que as crianças
conhecem e elaboram papéis que irão desempenhar em sua vida adulta. A
brincadeira não só oportuniza o desenvolvimento cognitivo, como também a
compreensão de valores sociais.
A criança que faz parte de uma educação infantil que leva em
consideração a brincadeira como forma de aprendizagem começa a fazer uso de um vocabulário cada vez mais rico de signos, imagens e símbolos.
O brincar na educação infantil, muitas vezes, é organizado, com materiais
preparados pelo educador, onde se leva em conta o nível de desenvolvimento e o
interesse da criança, a fim de atender os objetivos a serem alcançados em relação
ao educando. Mas, em muitos casos, a brincadeira torna-se extremamente
dirigida.
Como vimos, a criança começa a brincar através do adulto, sendo sua
intervenção muito importante. Mas esse adulto, na sua intervenção precisa ter
uma ação de conveniência, que permita a criança, dentro da sua brincadeira, uma
aprendizagem, contribuindo para a realização do objetivo que ela mesma pretende
alcançar. Por essa razão, antes de qualquer intervenção, o professor deve se
perguntar: “A minha intervenção vai realçar ou desvalorizar o brincar da criança?”
(HEASLIP,2006)
17
A criança fica logo perto do tal prédio para ser medida, colocando mais um
bloco para ficar do mesmo tamanho, e o professor continua “Como podemos
saber se as alturas são iguais?”
A outra criança pega uma régua para conferir a altura: “Muito bem você fez
com que os tamanhos ficassem iguais” e sai sem se dar conta que, na realidade,
para as crianças aquilo que foi chamado de prédio, era uma torre de comando de
um submarino.
Por essa razão, antes do professor intervir numa brincadeira infantil deve
observar para ter certeza sobre que brinquedo está sendo construído; qual a
dramatização que está sendo feita; o que está faltando para que ele possa
contribuir sem desvalorizar, sendo ele um mediador entre a criança e a
brincadeira, para assim motivar e ampliar cada vez mais as idéias delas.
Ao brincar, seja na escola, em casa, parques, etc., a criança explora se
expressa e reflete suas emoções, sensações, seus interesses e suas
necessidades.
Mitchell apud Perreira se refere ao brinca assim:
“O brinquedo, para criança pré-escolar, é a coisa mais seria do Mundo e é tão necessário ao seu desenvolvimento físico como o são o alimento e o descanso (...) Os inúmeros poderes instintivos e intelectuais que compõem o equipamento da pessoa adulta normal são, em principio, imperfeitos: exigem muito exercício, prática e modificações antes que estejam para, mais tarde, capacitarem os indivíduos a enfrentar as necessidades da vida adulta. O meio principal pelo qual esse desenvolvimento e prontos essa modificação se realiza é o brinquedo. Na vida da criança, o brinquedo assume a importância que o adulto concede ao trabalho. A criança brincando todo dia ocupa-se de sua própria educação. Ela aprende a agir pelas ações, pelas experiências e pelos erros cometidos. O seu maior interesse é explorar, manejar e descobrir as coisas e o que dela pode advir. Durante tal processo estará também formando maneiras de sentir, pensar e agir, que definirão mais tarde a sua personalidade”.(Mitchell, H., 1938:31 in: PEREIRA, pg.109)
O adulto pode intervir na brincadeira de uma forma construtiva ou
destrutiva. Segundo Porto (2003) essa intervenção pode ser:
“Através da seleção dos brinquedos e demais materiais colocados à disposição das crianças, de sua arrumação num determinado espaço e da participação na
18
jeito é a chave para uma boa atuação nesse terreno.” (Porto, 2003)
Winnicott (1983) defende “o reconhecimento do grande lugar que cabe á
brincadeira e pelo ensino de brincadeiras tradicionais, mas sem obstruir nem
adulterar a iniciativa da própria criança.
2.2 – O brincar e a aprendizagem
O discurso sobre a aprendizagem através das brincadeiras, não é novo,
começou no século XIX com a ruptura do romantismo. Antes, a brincadeira era
considerada sem importância, tendo um único espaço, o recreio escolar. Segundo
Fröebel (apud Brougère, 2000), “a brincadeira é boa porque a natureza pura,
representada pela criança, é boa. Tornar a brincadeira um suporte pedagógico é
seguir a natureza” (pág.91).
Em diversas Escolas a brincadeira como forma de aprendizagem ainda é
um tabu, não dando oportunidade das crianças se comunicarem e aprenderem
através das mesmas. No entanto, Oliveira (2002) relata que:
“Tem sido valorizada a organização de áreas de atividade diversificada, os “cantinhos” - da casinha, do cabeleireiro, do médico ou, dentista, do supermercado, da leitura, do descanso, que permitem a cada criança interagir com pequeno número de companheiros, possibilitando-lhe melhor coordenação de suas ações e a criação de um enredo comum na brincadeira, o que aumenta a troca e o aperfeiçoamento da linguagem”. (Oliveira, 2002, pág.195)
Ao pensar em um espaço para crianças de educação infantil, devemos
levar em conta as individualidades de cada um, ou seja, cada criança é diferente e
por isto também tem gostos diferentes, estes espaços devem dar possibilidade de
interação com diferentes elementos. Segundo Barbosa e Horn (2002):
“A decoração do ambiente deve ser criada, ao longo do ano, pelos usuários (educadores, crianças e pais). Não é preciso ter um espaço completamente pronto e praticamente imutável deste o primeiro encontro. O espaço é uma construção temporal que se modifica de acordo com necessidades, uso, etc”. (Barbosa e Horn, 2002, pág. 74)
19
com a ação do educador decisiva para a autonomia dos pequenos, pois:
“É importante que a criança se veja constantemente desafiada com novas tarefas e desafios. Na medida em que planejamos um ambiente onde ela possa por si só dominar seu espaço, fornecendo instalações físicas para que com independência possa beber água, ir ao banheiro, pegar toalha, materiais, ter acesso a prateleiras e estantes, estamos pensando num ambiente não somente como cenário, mas, certamente, como parte integrante da ação pedagógica”. (Barbosa e Horn, 2002, pág.77)
O mobiliário, os objetos e brinquedos não devem ser considerados como
componentes passivos no processo de aprendizagem, pois refletem a concepção
de educação que a instituição assume, sendo também poderosos auxiliares da
aprendizagem. No entanto, por si sós estes materiais não têm uma ação
educativa, dependem do uso feito pelo educador. Para que aconteça a
aprendizagem, o educador deve preparar o ambiente para que as crianças
aprendam na interação com outras crianças e com os adultos: ”os elementos que
dividem o espaço são variados, podendo ser prateleiras baixas, pequenas
casinhas, caixas, biombos baixos dos mais variados tipos, etc”.(RCN.pg.69). Além
disto, as instituições de educação infantil devem utilizar jogos, blocos, materiais de
sucata, fantasias e panos, favorecendo desta forma brincadeiras e atitudes
autônomas da criança.
2.3 Os Principais aspectos Psicomotor a serem trabalhados na educação infantil segundo o Referencial Curricular �acional Para a Educação Infantil (RC�EI)
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) integra
a série de documentos que fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) e para atender as determinações estabelecidas na Lei nº 9.394/96 foram
estruturados para darem uma contribuição importante às instituições escolares
que ministram a educação infantil que é considerada a primeira parte da educação
básica. O RCNEI é composto de três volumes e organizado da seguinte forma:
- O primeiro volume trata da formação pessoal e social e
conhecimento de mundo dos pequenos, situando e fundamentando
na concepção de criança, de instituição e de profissionais que
foram usados para definir os objetivos gerais do documento.
20
objeto de conhecimento e é dividido em seis documentos:
Movimento, Música. Arte Visual, Linguagem Oral e Escrita,
Natureza e Sociedade e Matemática.
O RCNEI, apesar de ser um documento que o professor deve usar como
instrumento de trabalho, fazendo anotações e discutindo com seus pares, não é
rígido, ou seja, é um documento que dar orientação pedagógica contribuindo com
a implementação das práticas educativas. O professor deve ter consciência de
que “a construção de conhecimento se processa de maneira integrada e global e
que há inter-relações entre deferentes eixos” (pg.4). Sendo assim os volumes:
“Pretendem contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas que considerem a pluralidade e diversidade étnica, religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras, favorecendo a construção de propostas educativas que respondam às demandas das crianças e seus familiares nas diferentes regiões do país”. (RCNEI, 1998 pág.4)
As instituições de Educação Infantil devem propiciar elementos de culturas
para todas as crianças sem discriminação, para que assim, possam contribuir
para sua inserção social, oferecendo também atividades de qualidade que
propiciem a aprendizagem através das brincadeiras. A cultura modela a
construção do movimento, sendo assim, os significados são construídos a partir
de diferentes possibilidades corporais. É através da cultura que aparece diversas
manifestações como: dança, jogos, brincadeiras, esportes etc. A instituição de
educação infantil precisa oportunizar para que a criança vivencie os cuidados,
aprendizagem, brincadeiras, tudo de uma forma integrada, contribuindo para o
desenvolvimento dos pequenos, auxiliando assim, para a capacidade de
internaliza o conhecimento das suas potencialidades corporais, emocionais, ética
e outras.
Quando a crianças brincar, dança, imita, ela apropria-se de um repertório
da sua cultura corporal, afirmando a sua existência enquanto ser social.
“para que a criança vivencie toda a sua psicomotricidade e possa refletir sobre o uso do seu corpo no dia-a-dia, e necessário que haja para isso espaço nas instituições infantis, tanto espaço físico como uma ideologia que reconheça a importância do movimento, no seu aprendizado” (Sabrina Toledo 2008 p.141)
21
suas ações, responsável e criativo
“A expressão corporal possibilita á criança desenvolver uma consciência de si mesmo como ser integro: sensível, material e espiritual, com uma rica capacidade de sentir e expressar suas idéias e emoções por intermédio do seu corpo, o que torna essa prática essencialmente psicomotora (Schinca, 1991 p.13)
Segundo o Referencial Curricular os objetivos a serem desenvolvidos na
educação infantil são:
- Desenvolver uma imagem positiva de si mesma,
agindo de forma autônoma, tendo confiança em suas
capacidades e tendo conhecimento de suas
limitações;
- Conhecer seu corpo, suas potencialidade e seus
limites, valorizado hábitos de cuidado com sua
própria saúde e bem estar;
- Estabelecer trocas com adulto e crianças
ampliando suas possibilidade de comunicação e
interação social, fortalecendo assim sua auto-estima;
- Ampliar suas relações sociais, aprendendo aq
articular seus pontos de vista com os outros,
respeitando as diferenças e desenvolvendo atitudes
de colaboração;
- Explora e investigar os ambientes com curiosidade, se
percebendo como integrante e agente de
transformação do meio ambiente, valorizado atitudes
que contribuam com a conservação;
- Brincar, expressando suas emoções, seus
sentimentos, seus pensamentos e necessidades;
- Fazer uso das diversas linguagens (corporais,
musicas, plásticas, orais e escritas) juntas com
diferentes situações de comunicações,
compreendendo e sendo compreendido avançando
no processo de construção de significados,
enriquecendo cada vez mais sua capacidade
expressiva; Conhecer algumas manifestações
22
específicos como também os que a educação infantil deve alcançar, no entanto,
para que todos esses objetivos sejam alcançados e necessário que a criança
encontre na escola um ambiente acolhedor, onde ela possa ser ouvida e vista
dentro da sua individualidade, podendo assim, vivenciar trocas afetivas,
estabelecer vínculos e ampliar suas relações sociais.
“O trabalho psicomotor possibilita que a criança descubra seus limites e também suas potencialidades corporais mediante explorações cada vez mais ampla. Aos poucos poderá gozar da sensação de vertigem, do salto e da velocidade, sem colocar sua integridade física em r isco ao mesmo tempo em que seu esquema corporal é desenvolvido, ela pode expressar seus sentimentos a partir do olhar do outro, o que transforma sua imagem corporal” (Stokoe,1987, p.30)
Cada criança é criança do seu tempo, de uma determinada época.
Sendo assim, a noção histórica de criança muda ao longo dos tempos, não
tendo uma homogeneidade. Em uma mesma cidade podem existir diversas
formas de se tratar uma criança. Algumas sobrevivi de forma precária,
precisando até trabalhar, outras têm excesso de cuidados pelos pais. Isto se
dá devido às desigualdades sociais que estão presentes no dia-dia. Portanto o
Referencial Curricular descreve a criança assim:
“A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo social em que se desenvolve, mas também o marca”. (RCNEI, 1998 pág.21)
O Referencial Curricular Nacional alerta para que as instituições conheçam
as expectativas da população que vai atender, pois só assim, poderá eleger
temas mais relevantes no processo educativo, atendendo a diversidade de
cada grupo social.
“As particularidade de cada proposta curricular devem estar vinculadas principalmente às características socioculturais da comunidade na qual a instituição de educação infantil está inserida e às necessidades e expectativas da população atendidas”. (RCNEI, 1998 pg.65)
23
3.1 Desenvolvimento Psicomotor da criança de 0 a 6 anos
O nascimento de um bebê humano é cercado de muitos cuidados, para que
esse ser sobreviva, é necessário da ajuda das pessoas ao seu redor, pois
sozinho ele não é capaz de realizar movimentos autônomos e nem de prover as
suas necessidades.
Nesta fase, a qual Wallon(1958 1975,1959,1963,1969) denominou de
“estagio impulsivo”, o recém nascido apresenta seus movimentos como descargas
de energia muscular, em que suas reações não apresentam significados ou
intenção.
“A atividade do bebê está totalmente monopolizada pelas suas
necessidades vegetativa primarias, isto é necessidades de sobrevivência,
de respiração, de alimentação, de eliminação, de sono, de afeto, de
segurança, ,etc. Nesta fase, o bebê apresenta uma motricidade visceral
precisa e automática, como sucção e na preensão do seio da mãe, mas,
em contraste, apresenta uma imperícia tônico-postural quase total”
(Vitor da Fonseca, 2009 p. 22)
O bebê que na vida uterina tinha as suas necessidades respondidas
automaticamente, agora, passa a ter momentos de espera, ansiedade, de
insegurança, gerando descargas motoras impulsivas. O meio social interpreta
esses movimentos dando significados e produzidos respostas motoras relacionais
que o satisfaça.
Não tendo outro recurso, o corpo assume um papel importante nesta
comunicação não verbal realizado assim; uma linguagem corporal. As situações
de desconforto como fome e cólica geram tensões e espasmos provocando uma
crise emotiva em relação aos adultos presentes. Já o bem-estar como o contato
com a mãe, o sabor do leite geram movimentos menos tensos, os olhos se abrem
bem, pequenas pedaladas no ar são realizadas, tudo com muita carga afetiva
“Com o tempo, a interação criança-meio, mediatizada pela ação intencional dos outros, assume um poder de comunicação original. Ao responder em termos de motricidade afetiva tônico-emocional Às reações do bebê, o adulto acaba por desenvolver um repertório comunicativo de reciprocidade afetiva, pois, ao cuidá-lo , assisti-lo, agarrá-lo, suportá-lo e manipulá-lo, os seus movimentos acaba
24
outro, por este motivo, dependendo das ações, posturas atitudes e cuidados do
outro, ele passa a ter consciência de si e ao longo do primeiro ano elegerá uma
figura que estabelecerá uma relação afetiva, que servirá de modelo para outras,
desta forma, logo superará a dependência materna para mais tarde se tornar um
ser humano independente.
“A alternância de relações e de interações entre a criança e o adulto que mais proximamente a assiste e cuida vão permitir lentamente que ela se diferencie dele a partir das suas próprias ações; a gênese do eu surge a partir do outro, daí a importância da interação precoce que o adulto tem com o recém-nascido, quase toda ela baseada em processo corporais, afiliativos, interativo, mímico-gestuais e motores, que dão expressão à sua intencionalidade afetiva e relacional (Vitor da Fonseca, 2009 p. 23)
Para Piaget, (1975) o primeiro ano de vida corresponde ao estágio sensório
motor, neste estágio as crianças constroem noções de espaço, tempo,
reconhece os outros diferentes dele, tendo noção de ser um sujeito único. Outros
aspectos são as características desta fase são: atenção e memória.
“Os bebês nascem com a predisposição de prestar atenção preferencial a certos estímulos; é uma atenção cativa, que consiste na atração por estímulos que têm determinados traços. Dentre esses estímulos, o rosto humano é o favorito. Mais tarde, esse tipo de atenção vai-se transformando em voluntária, dependo cada vez mais das características da própria criança, tais como: motivação, experiência, interação, aprendizagem etc. quanto a memória dos bebês, esta é muito frágil e de curta duração, relacionada a situações simples e familiares.” (Ana Naria Heinsius 2008 P.83)
A relação com o ambiente fica cada vez mais rica, tem mais maturidade na
organização de sensações, ações e emoções. Antes dependia totalmente do
outro, agora provoca no outras novas disposições para satisfazer as suas
necessidades.
A psicomotricidade tem mais sentido e significado, a percepção ficou mais
precisa e os movimentos conseguidos vão sendo sempre repetido, o que vai
permitir uma eficiência dos gestos e a eliminação de alguns inúteis.
“Antes que surjam os esboços de uma linguagem falada, uma linguagem corporal complexa está já em pleno desenvolvimento e
25
tendo consciência de sua finalidade
A entrada da criança no mundo real, explica-se também pelo instinto
investigativo, explorador e de muita curiosidade pelo mundo que a cerca, com uma
dose de simbolismo e representação, componentes básicos para a construção da
realidade.
“À construção de si segue-se, por assim dizer, uma construção do real de uma dimensão centrípeta e subjetiva do ser, a criança parte para uma dimensão centrífuga e objetiva do real. Das sensibilidades íntero e proprioceptivas, as criança projeta-se, agora, para as sensibilidades exteroceptivas, passando de uma motricidade global e indiferenciada a uma motricidade cada vez mais sutil e sinergética” (Vitor da Fonseca 2009p.27)
Ao manipular os objetos, a criança se encanta com as descobertas e faz
com que os gestos se repitam varias vezes, assim automatiza e gera sensações
musculares agradáveis e arrebatadoras. Segundo Vitor da Fonseca (2009)
“explorar objetos ao mesmo tempo em que, se explora corporalmente a si próprio
autoconhecendo-se.”
O que Wallon (1975, 1959, 1963, 1969) chama de estagio projetivo vai de 2
anos a 3 anos, neste estagio a criança tem uma percepção maior dos objetos
como também sua manipulação, tornando possível a organização das intenções
gestuais baseada nas múltiplas associações sensório- motora adquirida no estágio
anterior, a ação não é só uma expressão, mais um fonte estimulo para atividade
mental.
“A atitude postural adquire, neste estádio, a sua verdadeira autonomia, a sua suficiência adaptativa,equivalente a uma segurança gravitacional emocionalmente projetada no mundo, o que lhe confere uma maior disponibilidade para a conquista do real” (Vitor da Fonseca 2009 p.31)
A imitação estabelecida através do corpo e a motricidade da criança iniciam
um processo projetivo de socialização, com esse instrumentos psicomotores, a
criança se relaciona com os modelos sociais envolvido em seu dia-dia.
A linguagem passa a ser progressiva, um instrumento do pensamento, no
entanto o pensamento precisa de apoio dos gestos para se exteriorizar, o ato
metal projeta-se em ato motor. A criança já consegue se comunicar com base
nas ações sem o objeto, sendo capaz de dar significado ao símbolo e ao signo.
26
linguagem passa a ser progressivamente, o instrumento do pensamento da criança, a ferramenta por excelência da sua atividade mental, mas para atingir este patamar, o vocabulário gestual tem de diversificar-se” (Vitor da Fonseca 2009 p.31)
De 3 a 6 anos o qual o Wallon(1975,1959,1963,1969) denominou de
personalismo a grande característica e o enriquecimento do “ eu” e a formação da
personalidade.
A construção da consciência de si acontece por meio da interação social.
A consciência corporal que vai se estabelecendo ao longo dos estágios anteriores
e a linguagem agora, mais rebuscada, torna-se os principais componentes
integrador
A passagem do ato motor para o mental acontece por meio do
reconhecimento do próprio corpo, as experiências vividas passam a ser percebida
e integrada pela motricidade, fazendo uma relação diferenciada para a capacidade
do auto-reconhecimento da criança.
“Ao tomar consciência de si, a criança acaba por se diferenciar do outro, e assume a constituição de sua personalidade. Um eu corporal tende a um eu psíquico, um sujeito social autônomo e individualizado, pronto a afirmar-se e a enfrentar problemas e também conflitos (Vitor da Fonseca 2009 p.32)
Toda forma de representação vai permitir que a criança deixe marca no
mundo que a cerca. O processo de construção do esquema corporal está em
pleno vapor e com todos os seus elementos motores, cognitivos e lingüísticos.
Neste período a experiência social faz com que a construção fique mais rica, pois
oferece oportunidade da criança imitar, conhecer as partes do corpo, observar,
etc.
A motricidade passa a ser imaginada e concebida pelos processos
mentais e procedimentos que tem como suporte a imagem corporal pessoal.
As distancias passam a ser relativizada pelo seu próprio corpo, a forma de
como chegar, a algum lugar pode ser modificada no meio, dependendo do desejo.
27
já de pronomes pessoais na primeira pessoa, o “mim e o “eu”, o “meu” mesmo, servem para designar a si próprio, mostrando, inequivocamente, não só uma evolução da psicomotricidade, como também da linguagem e da própria consciência , que busca um lugar e uma afirmação pessoal. (Vitor da Fonseca 2009 p.33)
Mesmo que reconheça o direito do outro, dividir brinquedos torna-se difícil,
então utiliza estratégia de manhas, simulações de algo, da mentira, da força,
tudo isso misturam-se para dar lugar a outras facetas da sua personalidade em
formação. Usado a sedução para satisfazer os seus desejos.
“A idade do “não”, do “não faço”,do “não quero”, do “não tenho vontade” começa a da lugar à sedução, visando apoio e reforço dos outros,m procurando fazer valer os seus méritos com a finalidade de obter satisfação e gratificações narcísicas” (Vitor da Fonseca 2009 p.34)
A identificação com as pessoas que admira e heróis de tv, revista, são
modelos a segui,r e deseja se apoderar de seus poderes ou habilidade,
querendo substituir, ou seja, fazendo de conta que esses seres fazem partes do
seu mundo, copiar, simula e reproduz tentando colocá-los como parte da sua
personalidade, querendo assim ampliar suas competências.
“A identificação na criança, integrando o poder de imitação dos estágios anteriores, renova-se com a possibilidade de expandir os seus processos de aprendizagem. Ela passa a ser atraída por figuras e personagens que observar. Incubando-as, ela revive mais tarde as suas façanhas, introduzindo-lhes a sua Criatividade pessoal e dotando-as de múltiplas impressões dispersas” (Vitor da Fonseca 2009 p.34)
A criança ajusta o seu jeito de ser em relação ao ambiente em que estar
inserida, o lugar que ocupa na família e em outros espaço, grupos sociais, vai
socializando por meio das oportunidades de convivência, vai aprendendo as
regras e combinados. Muitas vezes surgem conflitos que acaba ajudando na
busca de sua independência, assim como a segurança de se colocar.
28
Diante desta colocação de Aucouturier, sobre a origem do pensamento.
Fico a pensar: como é a elaboração e a realização de uma aula de
psicomotricidade nas escolas?
Muitas vezes a Psicomotricidade entra na sala de aula de educação infantil,
banalizada e fora do contexto. Algumas escolas chamam a Psicomotricidade de
“Aula de corpo” que é realizada em uma sala denominada “sala de corpo” com
aulas realizadas pela professora de educação infantil, que na maioria das vezes
não tem habilitação para realizá-la.
A psicomotricidade aliada com educação gera aprendizagem através do
percurso que a criança percorre para buscar sua auto-realização, vivendo as fases
do desenvolvimento, pelo meio da manipulação, exploração do espaço e da
convivência com o outro.
“Cabe ao educador estar atento a esse desenvolvimento para medir esse despertar desejante da aprendizagem, no qual fazem parte algumas atitudes, como a não-diretividade, possibilitando que cada criança construa o seu caminho e nele se encontre” (Kelly Pinto 2008p. 100)
Independentes de estarem em sala muitas vezes inadequada, as crianças
adoram a “Sala de corpo”, pois toda criança gosta de brincar e a “sala de corpo” é
mais um espaço propicio a brincadeiras
Como diferenciamos uma proposta Psicomotora de uma “aula de corpo”?
Colocaremos abaixo alguns aspectos importantes para elaboração e
realização de uma aula psicomotora:
A criança é um ser único têm a sua individualidade, e chega à escola com
uma história de vida que precisa ser respeitada por todos que fazem parte da
instituição. A Psicomotricista deve compreende respeitar e se colocar disponível
para acolher e ajuda nas dificuldades da criança, sejam elas: cognitiva, emocional,
motor ou social
“Nas sessões de psicomotricidade, o espaço de expressão e de brincadeira livre é fundamental. É a partir do prazer vivido na relação com o outro e com o espaço que a criança se abre
29
almofadas, cochonetes, blocos de espumas, etc.
“A partir da segurança material e afetiva que a sala lhe propicia, elas se permitem descobrir as possibilidades de exploração do corpo e, automaticamente, buscar o prazer ” (Kelly Pinto, 2008 p. 103)
A proposta deve se basear na expressividade livre da criança, pois a sua
história esta implícita em suas escolhas. Mesmo sendo pequena ela consegue
determinar o que é importante vivenciar para o seu desenvolvimento psicomotor.
“Brincar de explorar o seu corpo em atividades de pular, rolar, se equilibrar, arrastar, se distanciar, cair, entrar, sair, etc. essas brincadeiras resgatam lembranças arcaicas deixadas no corpo das crianças quando bebês” (Kelly Pinto 2008 p.103)
A psicomotricidade na escola possibilita o bem-estar da criança assim
como desfrutar do prazer de viver com seu desenvolvimento emocional, afetivo e
motor. Uma boa psicomotricidade faz diferença para a escola como também
para a vida da criança.
30
As atividades psicomotora dentro da educação devem ser inserida em
um contexto cultural e afetivo, levando em consideração a individualidade de cada
criança. É necessário que tenha uma ligação entre a atividade e o lúdico, e que
o educador ou psicomotricista envolva-se junto com a criança em uma relação de
trocas significativa para ambos.
A mediação do educador deve ser intencional. Exige que a priori exista
uma observação para se ter certeza de que sua atuação é necessária e
significativa para a brincadeira dos pequenos e como as criança estão usado o
corpo dentro da brincadeira. Desta forma, o educador vai conseguir entrar
ativamente, até com novos elementos enriquecendo e ampliando o universo
infantil. Isto faz com que as crianças cresçam tanto nas suas relações
interpessoais como cognitivamente.
A psicomotricidade aliada com educação gera aprendizagem através
do caminho que a criança faz para seu auto-conhecimento.
Acredito que essa monografia se constitua numa contribuição para os
profissionais da educação refletirem de uma forma mais ampla sobre seu olhar
psicomotor nas brincadeiras infantis. Devemos sempre nos perguntar de que
forma podemos ajudar para o crescimento motor, cognitivo e afetivo da criança
dentro da brincadeira.
31
FERRREIRA, Carlos Alberto de Mattos psicomotricidade na escola Editora
Wak 2008.
FONSECA,Vitor Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem Editora
Artmed, 2008.
FERREIRA,Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário da língua
portuguesa. 3° Edição Revista ampliada. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 1998
KISHIMOTO,Tizuco Morchida (org.) Jogo, Brinquedo,Brincadeira e a
Educação. 8ª edição, São Paulo: Cortez, 2005
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos
São Paulo: Cortez, 2002
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. 2º edição. Rio de Janeiro:
Zahar, 1975.
VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. 6º edição, São Paulo:
Martins Fortes, 2003.
WINNICOTT, D, W. O brincar e a Realidade. Ed. Imago Ltda. Rio de
Janeiro. 1975
Ministério da educação e do desporto. Secretaria da Educação
Fundamental.
Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil/ Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental – Brasília:
MEC/SEF, 1998.
www.tvbrasil.com.br/salto PORTO, Cristina Laclette. Brincadeira ou
Atividade Lúdica? In: Jogos e Brincadeiras: desafios e descobertas. Boletins do
Salto para o futuro / tv Escola. (2003) acessado em 18/01/2010.
32
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
1.1 Jogo 10 1.2 Brinquedo 12 1.3 Brincadeira 13 CAPÍTULO II
2.1 O Brincar e a Aprendizagem 18
2.2 Os Principais Aspectos Psicomotor a Serem Trabalhados na Educação Infantil segundo o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil. 21
CAPÍTULO III 3.1 Desenvolvimento motor de 0 a 6 anos 23
3.2 A psicomotricidade em sala de aula 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31 INDICE 32
33
Título da Monografia: um olhar psicomotor na brincadeira de educação infantil
Autor: Jailma Americo Chastinet Ribeiro Costa
Data da entrega: 16/03/2010
Avaliado por: Conceito: