DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E ABORDAGEM PSICONEUROLOGICA.doc

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PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) “DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E ABORDAGEM PSICONEUROLÓGICA” NÚCLEO DE SABERES ESPECÍFICOS GUIA DE ESTUDO - 02 MÓDULO II

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PS-GRADUAO(LATOSENSU)

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTORE ABORDAGEM PSICONEUROLGICANCLEO DE SABERES ESPECFICOSGUIA DE ESTUDO - 02MDULO II

SUMRIOINTRODUO A PSICOMOTRICIDADE BREVE HISTRICO .......................................................... 3DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ................................................................................................... 11A PSICOMOTRICIDADE NA PREVENO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.......... 21SISTEMA NERVOSO .................................................................................................................................. 24A EDUCAO PSICOMOTORA COMO ESTRATGIA DE INTERVENO PEDAGGICA .... 37PSICOMOTRICIDADE ............................................................................................................................... 73O PAPEL DO PROFESSOR NA PSICOMOTRICIDADE....................................................................... 80O PAPEL DO JOGO E DO BRINQUEDO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR................. 102A ABORDAGEM PSICONEUROLGICA............................................................................................. 124UMA ANLISE COM O PORTADOR DE DEFICINCIA MENTAL................................................ 132REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................................................... 137INTRODUO A PSICOMOTRICIDADE BREVEHISTRICOHistoricamente, ao longo dos sculos, a significao do corpo sofreu inmeras transformaes. Desde Aristteles passando pelo cristianismo, havia a diviso corpo/alma, onde o corpo era negligenciado em relao ao esprito.

A partir do sculo XIX, o corpo passou a ser estudado por neurologistas com o objetivo da compreenso das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras para o conhecimento das patologias mentais.

O desenvolvimento da conscincia corporal, da reflexo e da criatividade, alm do pleno desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor, constitui alguns dos objetivos da psicomotricidade que, se alcanados, possibilitaro adultos sadios e

felizes.Portanto, proporcionar o trabalho psicomotor ir ajudar na estruturao da

personalidade da criana, j que ela pode expressar melhor seus desejos, elaborar seus fantasmas, desenvolver suas necessidades e trabalhar suas dificuldades.

A psicomotricidade uma cincia que, por ter o homem como objeto de seu estudo, engloba vrias outras reas: educacionais, pedaggicas e de sade.

A psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do corpo e da gestualidade.

Podemosdividi-laemdoisconceitosbsicos:osfuncionaiseos relacionais.

Os conceitos funcionais so referentes integralizao motora do indivduo em um determinado espao e tempo, cuja ao e qualidade podem ser percebidas e mensuradas. So eles:

COORDENAO MOTORA FINA

Capacidade de controlar os pequenos msculos para exerccios refinados. Exemplo: recorte, colagem, encaixe etc.

Atividade: Pintar com os dedos dos ps, jogo de pega-varetas, fazer um n simples, dobraduras, fazer um lao.

COORDENAO DINMICA GLOBAL

Possibilidade do controle e da organizao da musculatura ampla para a realizao e movimentos complexos. Exemplos: correr, saltar, andar, rastejar, etc.

Atividade: Andar com uma bola entre as pernas, saltar de diferentes formas: com um p s, com os dois ps, por cima de objetos.

EQUILBRIO

a base de toda a coordenao dinmica global. a noo de distribuio

do peso em relao a um espao e a um tempo e em relao ao eixo de gravidade. Depende essencialmente do sistema labirntico e do sistema plantar. Pode ser esttico ou dinmico.

Atividade: Equilbrio esttico: equilibra-se sobre um p s, inclina-se verticalmente para frente e para trs.

Equilbrio dinmico: andar na ponta dos ps, andar com um copo cheio de gua na mo. Andar em cima de uma corda estendida no cho.

RITMO

a fora criadora que est presente em todas as atividades humanas e se manifesta em todos os fenmenos da natureza.

Atividade: Dana das cadeiras; produzir sons com o corpo.

POSTURA

Est diretamente ligada ao tnus, constituindo uma unidade tnico-postural,cujocontrolefacilitaapossibilidadede canalizar a energia tnica necessria para realizar os gestos, prolongar uma ao ou levar o corpo a uma posio determinada.

RESPIRAO

O ato respiratrio compre-

ende duas fases: a ativa, inspirao,eapassiva, expirao.

Atividades: Encher bolas de gs, desenhos soprados com

canudinhoderefrescoeESQUEMA CORPORAL

Elementobsicoindispensvelpara

a formao da personalidade da criana, sendo seu ncleo central, pois reflete o equilbrio entreas funes

psicomotoras

esua maturidade.

Atividade: Brincar de carrinho de mo, desenhar-se em tamanho natural

nopapeledepoiscontornar-seporcimadodesenhadoparaposterior comparao.

ORGANIZAO ESPACIAL

a orientao e a estruturao do mundo exterior, a partir do Eu e depois

a relao com outros objetos ou pessoas em posio esttica ou em movimento. Atividades: Crianas sentadas em crculo, uma delas sai da sala, as outras mudam de lugar e a criana que saiu deve reconhecer quem mudou e para onde.

LATERALIDADE a capacidade motora de percepo integrada dos dois lados do corpo: direitoe esquerdo.Atividades: Percorrer espaos demarcados no cho com linhas, ora com um p, ora com o outro; cruzar instrues: mo direita na orelha esquerda, calcanhar esquerdo no joelho direito.TNUS

Refere-se a firmeza muscular, e est presente tanto nos msculos em repouso como em movimento.

Atividades: Subir em corda com ns ou em barras simtricas. Serra SerraSerrador, tambm uma tima opo, que coaduna exerccio com msica. ORGANIZAO TEMPORAL

a capacidade de situar-se em funo da sucesso de acontecimentos, da durao dos intervalos, da renovao cclicas de certos perodos e do carter irreversvel do tempo.

Atividades: Organizar o calendrio da escola: contar o que j fez ontem, hoje e o que pretende fazer amanh; compor sua rvore genealgica; marchar, andar, e

rolar bolas com diferentes velocidades.

PERCEPO

a capacidade de reconhecer estmulos.

Atividades: Jogos que dem oportunidades de trabalhar com noes de quente ou frio; duro ou macio; pesado ou leve; seco ou molhado; barulho ou silncio etc.

ESTRUTURAO ESPAO-TEMPORAL

a capacidade de avaliar tempo-espao dentro da ao.

Atividade: Andar livremente parando a um sinal determinado; pular corda de acordo com o seu prprio ritmo, em dupla, de acordo com o ritmo do outro.

RELAXAMENTO

uma forma de atividade psicomotora na qual se objetiva a reduo das tenses psquicas, levando descontrao muscular.

Atividade: Cubo de gelo: ficar duro como um cubo de gelo e depois derreter.

H vrias definies de psicomotricidade. O termo evoluiu seguindo uma trajetria primeiramente terica, depois prtica, at que se chegasse a um meio- termoentreasduas.Dentrodestaevoluo,fixou-se,sobretudo,no desenvolvimento motor da criana.

Depois, estudou-se a relao

entre o atraso do desenvolvimento motor e

o

atrasointelectual

da criana. Seguiram-se os estudos at se chegar a um ponto de equilbrio, onde a psicomotricidade ultrapassa os problemas

motores

ecognitivos, buscando trabalhar tambm a relao entreogesto,aafetividadee

a qualidade de comunicao.

Segundo

a

Sociedade Brasileira

de

Psicomotricidade, fundadaemabrilde1980, psicomotricidade a cincia que tem como objeto de estudo o homem

atravs do seu corpo em movimento e em relao ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com

os objetos e consigo mesmo. Est relacionada ao processo de maturao, onde o corpo a origem das aquisies cognitivas, afetivas e orgnicas.

So importantes objetivos da Psicomotricidade fazer do indivduo:

Um ser de comunicao

Um ser de criao

Um ser de pensamento operativo

Os conceitos relacionais permeiam as relaes de desejo, frustrao, ao

e interao do indivduo com o meio, com o espao, com os objetos e consigo mesmo.

Expresso

Comunicao

Afetividade

Agressividade

Corporeidade

Atividade: Propor desenhos ou expresses corporais a partir de msicas. Alterando os ritmos, as crianas devem reagir de formas diferentes (uso de diversas cores e movimentos). Comparar as produes numa roda de conversa pode suscitar discusses interessantes.

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTORA partir dos trs anos a criana comea a se descobrir como parte integrante de um grupo, e a desenvolver sua auto-afirmao. Percebe o mundo

de uma forma global e sente-se fazendo parte dele.Quase todas as teorias do desenvolvimento humano admitem que a idade pr-escolar de fundamental importncia na vida humana, por ser esse o perodo em que os fundamentos da personalidade do indivduo comeam a tomar formas claras e definidas.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradvel, onde se brinca. Deve ser um espao estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criana nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de uma base slida que influenciar todo o desenvolvimento futuro dessa criana.

Desenvolvimento motorAtravsdamotricidadeacrianaapropria-sedeumconjuntode informaes, que, progressivamente aprende a utilizar. Atravs do movimento comea a conhecer-se a si prpria, os outros e os objetos.

A idade pr-escolar considerada a fase urea da vida, em termos de psicologiaevolutiva,poisnesseperodoqueoorganismosetorna estruturalmente capacitado para o exerccio de atividades psicolgicas mais complexas como, por exemplo, o uso da linguagem articulada.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradvel, onde se brinca. Deve ser um espao estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criana nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de uma base slida que influenciar todo o desenvolvimento futuro dessa criana.

Ao observarmos as crianas certificamos nos de que elas possuem

vontades, sentimentos e necessidade que assumem caractersticas prprias.

Andar de velocpede, veste-se bem, exceto botes e laos, conta at 10 e

usa plurais, questiona constantemente e se alimenta bem.

Movimentos do desenvolvimentoEsquema CorporalIsto significa que o desenvolvimento do esquema corporal se d a partir da experincia vivida pelo indivduo - com base na disponibilidade e conhecimento que tem de seu prprio corpo e de sua relao com o mundo que o cerca.

Com o aparecimento da funo de interiorizao que representa uma percepo centrada no prprio corpo, acriana toma conscincia de suas caractersticas corporais e a verbaliza, produzindo aes que tornaro possvel melhor dissociao de movimentos.

No final desta fase o nvel do comportamento motor e o nvel intelectual podem ser caracterizados como properatrios, porque, embora sejam ainda centrados sobre o prprio corpo noo que j se baseia numa atividade simblica - est submetido percepo num espao em parte representado.

Coordenao MotoraA definio de coordenao motora, como movimento coordenado, que implica numa ao conjunto e harmoniosa de nervos, msculos e rgos com o fim de produzir aes cinticas equilibradas, precisas e reaes adaptadas situao.

No trabalho de coordenao o equilbrio tem um papel muito importante, pois o aperfeioamento progressivo da realizao motora da criana s ser mantido se esta for levada a sustentar um equilbrio corporal seja em estado de

relaxamento ou movimento.

Percepo EspacialA percepo espacial e a tomada de conscincia da situao de seu prprio corpo em um meio ambiente, isto , do lugar e da orientao que pode Ter em relao as pessoas e coisas.

A Evoluo da percepo e utilizao do espao est na estreita dependncia da interao com o meio atravs da ao (movimento).

Percepo TemporalOrientar - se no tempo situar o presente em relao a um antes e a um

depois, avaliar o movimento no tempo, distinguir o rpido do lento, o sucesso

do simultneo. saber situar os momentos do tempo uns em relao aos outros.

A estimulao relativa ao trabalho de esquema corporal deve ser fundamentada pr uma ao educativa que facilite o desenvolvimento da personalidade da criana, a fim de conduzi-la a uma autonomia de atitudes. Conseqentemente, esta ao lhe possibilitar viver harmoniosamente em seu meio.

DesenvolvimentoNos primeiros anos da infncia, o aumento da altura e do peso no e to rpido quanto na primeira infncia. A taxa de crescimento desacelera lentamente. Por volta dos 4 anos de idade, a criana j duplicou seu tamanho de nascimento,

o que representa somente cerca de metade do ganho experimentado nos dois primeiros anos. O processo de crescimento desacelera aps os primeiros dois anos de vida, mas mantm um nvel constante.

O crebro atinge cerca de 75% de seu peso adulto por volta dos 3 anos de idade e quase 90% aos 6 anos. O mesencfalo est quase totalmente desenvolvido no nascimento, apenas aos 4 anos de idade o ctex est

completamente desenvolvido.

Desenvolvimento Motor e Postura (Criana com 3 Anos)Sobe escadas colocando um p de cada vez no degrau (s ao subir). Consegue se manter em p sobre uma nica perna. Anda de triciclo. Desenvolvimento intelectual

Sabe dizer qual seu sexo. Desenha crculos, comea a desenhar um bonequinho. Enumera os elementos que compem uma ilustrao. Interessa-se pelo nome dos objetos. Constri edifcios com blocos de construo de formas e tamanhos variados, combina-os com trenzinhos, diverte-se mais ao construir do que com a obra acabada.

Desenvolvimento socialEm geral j no precisa de fraldas, tanto de dia como noite. Incio do uso

de meu cozinho e do advrbio de lugar (dentro, sobre...) Entende mais de 1000 palavras, pergunta o nome dos objetos. Integra progressivamente artigos, pronomes, advrbios sua fala. Crise de personalidade: ope-ser vigorosamente aos outros, para se afirmar.

Desenvolvimento Intelectual (Criana com 4 anos) capaz de copiar um quadrado, conhece 4 cores. Sabe dizer sua idade. Faz construes complicadas com blocos, combina-os com os mveis para representaes teatrais, faz construes em comum com outras crianas.

Desenvolvimento SocialAparecem os medos infantis que se diversificam e vo se tornando, progressivamente, medos abstratos(medo da morte, de falhar..) .Estuda o efeito

de sua mmica sobre os outros. Conhece ao menos uma quinzena de verbos de

ao. Diverte-se com palavras que lembram sujeira (coc).

Adaptao tempo de conquistaO ingresso de uma criana na escola, principalmente quando a sua primeira escola, marca o incio de um processo rico e contnuo: o progressivo crescimento da criana como um indivduo autnomo. Esse perodo, comumente denominado como adaptao, implica novas posturas dos pais, conquistas para

as crianas e um atento trabalho pedaggico dos educadores. Para as mes (que acompanham com mais freqncia o processo), o sentimento predominante a insegurana provocada pelo desconhecido. Afinal, agora sero outros adultos que acompanharo seus filhos durante boa parte do dia. As crianas vivero, pela primeira vez, a experincia de no ter exclusividade.

Seus professores vo dividir sua ateno com as diferentes crianas.

umahistriaquetemsemprefinalfeliz.Rapidamenteparaalguns, paulatinamente para outros, os desafios so superados e todos conseguem sucesso. Consciente de todas as etapas do processo de adaptao, a Escola pode orientar com muita segurana as conquistas das crianas e dos pais so

as primeiras de um processo de amadurecimento que se estender por toda a vida.

Neste perodo de desenvolvimento IMPORTANTE:...O movimentoA criana em seus primeiros anos de vida precisa muito movimentar-se. atravs do movimento que ela explora seu corpo, que ela entra em interao com as

outras crianas, que ela explora seu ambiente. Se ficar o tempo todo no bercinho, no ter chance de desenvolver estes aspectos. Quando deixamos o beb deitadinho no bero, ele fica olhando o teto, quando o recostamos em almofadas

ou travesseiros, ele poder ver as outras pessoas, crianas e adultos, e ter outras possibilidades de insero. Poder comportamento das crianas nesta fase

dodesenvolvimento,sque,segundocadaperodo,eleapresentar

caractersticas distintas. Ele envolve a exploraodoprpriocorpo:as crianas gostam muito de experimentar

o que acontece com o prprio corpo, o que possvel fazer com ele e, muito

importante, at o que este corpo: exploram as vrias partes que o compem e isto inclue, tambm, os rgos genitais. O movimento est presente na relao com os objetos: dirigir-se ou distanciar-se deles, alcan-los, manipul-los, transform-los. Ele est presente nas relaes com as outras crianas, nas brincadeiras e nos conflitos, nas relaes com os adultos, conhecidos e estranhos.

A imitaoH um perodo em que a criana pequena imita tudo o que v, repete com seu corpo gestos, atitudes, repete a expresso do rosto de

pessoas que esto por perto. Quando um pouco mais velha ela imita mesmo sem a outra pessoa estar por perto.

Elalembraefaz.Imitaruma atividade muito importante para a criana, pois esta atividade que permite criana compreender que ela um indivduo que tem capacidade de agir por si s, que uma pessoa distinta das outras.

... O jogo, a brincadeiraA criana brinca muito, ns todos sabemos disto. Brincar fundamental para a criana, pois uma das formas principais que ela dispe nesta fase de sua vida para aprender. Aprender o que? Aprender sobre os objetos que esto sua volta, aprender sobre as pessoas e sobre si prpria. tambm atravs do jogo,

da brincadeira, que ela vai aprender quais so as regras que regulam as relaes

entre as pessoas de seu grupo, o papel que cada uma desempenha. Ela vai

aprender quais so as coisas que se pode e as que no se pode fazer na cultura dela.

Para entender estas regras, o que faz cada um em seu grupo, como as pessoas se relacionam, comoexpressamsuasemoes,

como resolvem conflito, para entender as ausncias tambm - e lidar com as perdas - a criana lana mo de sua imaginao atravs dos jogos de faz de conta. A criana imagina e se coloca no papel do outro, imita a me, imita um irmo, imita a pessoa que se ocupa dela, imita um coleguinha de turma. Fazer de conta o grande recurso que a criana tem para lidar tambm com os objetos, as coisas que compem o seu mundo e como as pessoas se relacionam com estes objetos fsicos.

Para brincar de faz de conta a criana precisa, s vezes, somente da tolerncia do adulto. Este, ao invs de propor uma atividade fechada criana, permitir que ela se entregue ao "fazer de conta" sozinha ou junto com um, dois

ou mais amiguinhos. A criana pode utilizar objetos imaginrios - fazendo de um sabugo uma boneca, de um pedao de pau um carrinho - objetos construdos com sucata, elementos da natureza (folhas, galhos secos, pedrinhas), tocos de madeira e pedaos de outros materiais, como retalhos, papel, etc. Pode tambm utilizar brinquedos industrializados ou brinquedos construdos por ela prpria, outras crianas ou por adultos da sua comunidade.

As crianas tambm brincam com objetos, s vezes por perodos extremamente longos. Montam e desmontam pilhas de objetos, colocam objetos encarreirados e vo testando o que podem fazer com isto, procuram mover uma fileira de toquinhos, observando o movimento, lanam objetos vrias vezes observando a trajetria, e em diferentes direes, para ver o que vai acontecendo

a cada uma delas. E brincam com o objeto em si: tem uma curiosidade muito

grande de saber "o que tem dentro", como feito, como funciona.

E as crianas brincam muito juntas, repetindo as brincadeiras infantis que

fazem parte da cultura ou folclore locais, inventando outras, realizando jogos, atividades que certamente contribuem para sua colocao no grupo, para fazer suas amizades e expressar afetos.

...Falar, contar, conversarA criana quando comea a falar repete muitas vezes a mesma palavra e, mais tarde um pouco, a mesma pergunta. Ela gosta de contar caso, partindo muitas vezes de um fato real e indo para o imaginrio. Ela tem um prazergrandeemrepetirumanarrativa.svezes pergunta, o outro responde, mas ela torna a perguntar a mesma coisa mais outra e outra vez. Estas coisas todas so parte do processo para desenvolver a linguagem.

Conversar com a criana importante, desde beb, pois na interao com outros seres humanos que a criana desenvolver a linguagem.

Muitas vezes a criana se entrega a brincadeiras com outras crianas que so um verdadeiro exerccio de linguagem: elas desenvolvem a linguagem brincando com as palavras, os sons, lidando com significados, procurando modific-los em relao a cada palavra e assim por diante.

...At ficar quieta, paradaEste um aspecto que, na nossa cultura, no valorizamos. At, pelo contrrio, achamos que quando uma criana fica quieta, parada, algo est errado

com ela. No bem assim. H momentos em que a criana precisa, realmente, ficar

sozinha, brincando, pensando, imaginando. Em outros ela fica observando, olhando atentamente para alguma cena, pessoa ou

objeto em um esforo para entender o que se passa, apreender a situao.

Neste processo de desenvolvimento na infncia ocorre, naturalmente, uma participao muito grande do adulto. Ns nos referimos a esta participao como

a educao que o adulto d criana.

O que educar uma criana?Educar ensinar a criana a conhecer e a cuidar de seu corpo, de sua sade, formar hbitos e, neste sentido, a rotina bastante valiosa. Educar auxiliar a criana na explorao de seu ambiente: o espao em que est, os objetos que a rodeiam, suas caractersticas e seus usos; os elementos que compem a natureza: plantas, animais, a terra, o sol, as nuvens, a areia, a gua;

os elementos que compem a cidade: as casas, as pracinhas, os carros, as ruas,

as carroas. Educar ir mostrando para a criana a transformao das coisas realizada atravs do trabalho do homem: o cultivo da terra, as plantaes, a construo das casas, a manufatura dos objetos, o preparo da alimentao...

Educar colaborar com a criana na aprendizagem e domnio da linguagem falada e escrita, ouvindo-a, estimulando-a a contar histrias e fatos que ela vivencia, mostrando-lhe os usos e propiciando sua interao com a escrita, por exemplo, com letreiros de nibus, indicaes de trnsito, cartas, bilhetes, cartazes, informaes nas embalagens e rtulos de produtos comerciais, lendo estrias, deixando que ela manuseie jornais, livroserevistas,etc...,tambm,transmitircriana conhecimentos que j foram acumulados pela humanidade,

ensinar a ela conceitos e contedos de histria, geografia, matemtica, cincias,

etc. o que, hoje em dia, feito geralmente na escola.

A PSICOMOTRICIDADE NA PREVENO DASDIFICULDADES DE APRENDIZAGEMRelao: Psicomotricidade - Dificuldades de AprendizagemMuitas das dificuldades escolares no se apresentam em funo do nvel

da turma a que as crianas chegaram, mas segundo Le Boulch (1983), e Meur & Staes (1984) em relao elementos bsicos ou "pr-requisitos", condies mnimas necessrias para uma boa aprendizagem, que constituem a estrutura da educao psicomotora.

Nesse sentido, de suma importncia a atividade ldica, realizada atravs

de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral da criana, e para que ela possa sedimentar bem esses "pr-requisitos", fundamentais tambm para a sua vida escolar.

Segundo Freire (1989, p.76) [...] "causa mais preocupao, na escola da primeira infncia, ver crianas que no sabem saltar que crianas com dificuldades para ler ou escrever.". Descobrir as habilidades de saltar, correr, lanar, trepar, etc....... importante para o desenvolvimento pleno do aluno, como um organismo integrado, levando-seem conta que tais habilidadesso consideradas como formas de expresso de um ser humano.

A escola no deve se preocupar em ensinar essas habilidades apenas para que o aluno saiba execut-las bem ou para facilitar a execuo das tarefas escolares, mas sim direcionar a aprendizagem para a formao integral do aluno.

Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de expresso do ser humano um caminho para reconhecer a importncia da atividade corporal

no processo ensino-aprendizagem. Antes dos homens se comunicarem atravs

de smbolos, a expresso corporal se constituiu na primeira forma de linguagem.

Coste (1981, p.46), ressalta que, "O corpo , de fato, um lugar original de significaes especficas e, por ser parte integrante de nosso universo de smbolos, produto e gerador, ao mesmo tempo, de signos".

ELEMENTOSDA PSICOMOTRICIDADEDIFICULDADES / ESTIMULAO

Esquema corporalEstimular a coordenao, caligrafia, leitura harmoniosa, gestual, ritmo de leitura (frase, palavra), imitao / cpia...

LateralidadeOrdem espacial, esquerda x direita, direo grfica (=>), ordem, letras / nmeros /discriminao visual...

Percepo espacialEsquerda x direita, Alto / baixo: b / p; n / u; ou / on Dentro

/ fora: espao para escrita. Progresso / grandeza;

classificao / seriao; Orientao / Clculos.

Orientao espacial e temporalAntesxdepois:ordenaodeslabas,palavras, nmeros... Noo: fileira, coluna, formas, ordem, dezenas, unidades)

Coordenao Controle muscular (tnus)-Perturbaesdografismo(motorafina)

- Manipulao / preenso

Percepo auditiva - visualttil- cinestsicaEscrita.Msica,ritmo,marcha; Leitura;

reconhecer

cpias Escrita (ditado, cpia, )

(Quadro resumido e adptado )Para Fonseca (1996, p.142) a primeira necessidade seria, portanto: [...] "alfabetizar a linguagem do corpo e s ento caminhar para as aprendizagens triviais que mais no so que investimentos perceptivos- motoresligadosporcoordenadas espao-temporais e correlacionados por melodiasrtmicasde integrao e resposta. atravs do movimento (ao)que

a criana integra os dados sensitivo-sensoriais que lhe permite adquirir a noo do seu corpo e a determinao de sua lateralidade..."

Fonseca

(1996)ressaltaocarterpreventivodapsicomotricidade, afirmando ser a explorao do corpo, em termos de seus potenciais uma "propeduticadasaprendizagens

escolares".Para

ele

asatividades desenvolvidas na escola como a leitura, o ditado, a redao, a cpia, o clculo, o grafismo, a msica e enfim, o movimento, esto ligadas evoluo das

possibilidades motoras e as dificuldades escolares esto portanto, diretamente

relacionadas aos aspectos psicomotores.

Consideraes FinaisReconhecendo a existncia de outros fatores que se manifestam nas crianas, originando dificuldades de aprendizagem, tais como, dificuldades de sociabilidade e no campo afetivo/emocional, fadiga, impossibilidades fsicas e dificuldades em relao estrutura escolar, esse estudo ficou centrado na importncia da educao psicomotora como base para as aprendizagens escolares, no sentido de reforar o carter preventivo e a importncia de sua existncia nas instituies escolares, visando o desenvolvimento integral dos alunos.

Tambm se faz relevante, ressaltar a importncia de um trabalho integrado entre professores, orientadores (educacional e pedaggico), coordenadores e o profissional de Educao Fsica, para uma avaliao criteriosa do aluno e contribuio na superao das dificuldades apresentadas. Em virtude de situaes complexas, por vezes se faz necessria a interveno de outros profissionais, como, psiclogos e mdicos, nesse processo de avaliao e superao.

Deve-se ter o cuidado em no "rotular" os alunos que apresentam algumas caractersticas especficas, sob a pena de discrimin-los no grupo e dificultar ainda mais a sua superao.

Uma reflexo profunda deve ser feita, periodicamente, na escola, sobre mtodos e prticas pedaggicas a serem aplicadas nas diversas reas, tambm

relacionadas ao carter preventivo das dificuldades de aprendizagem.

SISTEMA NERVOSOO movimento, as aes, enfim, a integrao do homem s condies do meio ambiente est na dependncia de um sistema muito especial chamado sistema nervoso.

O sistema nervoso coordena e controla todas as atividades do organismo, desde as contraes musculares, o funcionamento de rgos e at mesmo a velocidade de secreo das glndulas endcrinas. Integra sensaes e idias, opera os fenmenos de conscincia, interpreta os estmulos advindos da superfcie do corpo, das vsceras e de todas as funes orgnicas e responsvel pelas respostas adequadas a cada um destes estmulos. Muitas dessas informaes so selecionadas e s vezes eliminadas pelo crebro como no significativas. Por exemplo: pode-se no tomar conhecimento da presso do corpo quando se deita do contato do corpo com as roupas, da viso de algum objeto em sala de aula, de um barulho constante.

Muitas vezes, essas informaes se tornam completamente irrelevantes. Uma das funes do sistema nervoso selecionar e processar as informaes canaliz-las para as regies motoras correspondentes do crebro para depois emitir respostas adequadas, de acordo com a vivncia e experincia de cada indivduo.

Tentaremos, aqui, dar algumas noes, embora no aprofundadas, sobre o sistema nervoso a fim de esclarecer melhor o que se passa no organismo das crianas e assim ter mais condies de agir no sentido de propiciar um maior desenvolvimento pessoal.

Ao nascer, o ser humano apresenta algumas estruturas j prontas, definidas, como por exemplo, a cor dos olhos, dos cabelos, o sexo, Outras ainda esto por desenvolver. Neste ltimo caso encontram-se parte do sistema nervoso, que precisa de condies favorveis para o seu pleno funcionamento e desenvolvimento.

O crtex cerebral, substncia cinzenta que reveste o crebro e onde esto localizadas as funes superiores, est presente no nascimento de forma ainda

muito rudimentar. A este respeito, Bee e Mitchell (1984, p. 120-130) comentam:

Durante os primeiros meses e anos de vida, algumas clulascorticais novas so acrescentadas, as clulas ficam maiores e asj existentes estabelecem mais conexes entre si. O crebro fica mais pesado.As clulas do sistema nervoso so chamados de neurnios. Um indivduo adulto possui aproximadamente cem bilhes de neurnios. O neurnio uma clula diferenciada e tem as funes de receber e conduzir os estmulos.

O crtex cerebral o centro onde so avaliadas as informaes e so processadas as instrues ao organismo.

Para que haja uma transmisso de informaes, o crtex cerebral necessita de impulsos que lhe chegam dos receptores exteroceptivos (ex. pele, retina, ouvido interno, olfato, paladar) proprioceptivos (msculos, tendes e articulaes) e interoceptivos (vsceras).

A conduo dos impulsos advindos desses receptores aos centros nervosos se faz atravs das fibras nervosas sensitivas ou aferentes e a transmisso aos msculos do comando dos centros nervosos efetuada pelas fibras eferentes ou motoras.

A velocidade dos impulsos nervosos se faz atravs do revestimento da bainha de mielina encontrada nas fibras nervosas e que composta por colesterol, fosfatdeos e acares. Esta bainha possui a funo no s de conduo como tambm de isolante.

Fonseca e Mendes (1987, p. 118) estudando a mielinizao das fibras nervosas, afirmam que a criana nasce e chega ao mundo com a sua mielinizao por fazer, isto com o seu sistema nervoso por (e para) acabar. Melhor ainda, dizemos ns, com o seu sistema nervoso por (e para) aprender!

Em seguida eles criticam a posio de alguns educadores que ignoram a funo dos gestos e dos movimentos como meios de mielinizao das fibras nervosas

A bainha de mielina desempenha um papel importante na transmisso de informaes.Existemaiorvelocidadenasfibrasmielnicasdoquenas amielnicas.

Como Concluso, Fonseca e Mendes mostram que:

Ora, torna-se assim evidente como esta maior velocidade decomunicao entre os centros de deciso e os centros de execuo uma importncia decisiva para a coordenao e respectivocontrolemuscularemqualqueraprendizagem, incluindo naturalmente todas as aprendizagens escolares. O grau de mielinizao acaba mesmo por ser um ndice de crescimentoda prpria criana (e da sua inteligncia).O perodo mais crtico para a mielinizao e o desenvolvimento neuronal se

d entre o 6 ms de gestao at mais ou menos os seis anos de idade da criana.

As clulas nervosas vo se desenvolver bastantes nesta fase e para que isto ocorra necessitam de energia que so os acares e gorduras e de protenas. Das protenas que vm pelo sangue da me para alimentar o feto, 80% vo para o crebro.

Uma gestante com condies nutricionais baixas vai influir bastante nos neurnios da criana. Uma desnutrio ocorrida nesta fase leva a criana, a ter menos neurnios e no chegar mais a ter este nmero adequado de clulas nervosas, mesmo que seja depois bem alimentada.

Aps o nascimento, a alimentao continua sendo essencial para que o sistema nervoso se torne mais diferenciado. As substncias necessrias para uma boa formao do sistema nervoso, portanto, tm que estar presentes no s

na vida intrauterina como aps o nascimento.

Mas no s a nutrio que importante para um bom desenvolvimento

da criana. A estimulao do ambiente tambm. Quanto mais estimulamos uma criana, mais provocamos nela reaes e respostas que se traduzem em um nmero maior de sinapses.

A sinapse uma conexo entre os neurnios na qual um neurnio estimula

o seguinte atravs da liberao de uma substncia chamada neurotransmissor, propagando-se assim os impulsos nervosos e transmitindo as informaes.

A palavra informaes neste contexto pode significar muitas coisas fatos, lembranas, conhecimentos, valores, intensidade de dor, temperatura, luz ou qualquer outro fato significante. O crebro vai transmitir informao de um ponto a

outro de um modo que se torne significativo para a mente.

Assim as sinapses so muito numerosas, vrias centenas para um mesmo

neurnio, Cada neurnio submetido a diversos estmulos, uns agindo no sentido

da facilitao e outros no sentido da inibio. Eles ocorrem em grande nmero e unsatuammaisqueoutrosdevidoaohbito.Existemsinapsesque, provavelmente, no trabalham em certas pessoas mais guardam um potencial funcional, Isto , podem comear a ser usadas dependendo do aprendizado. Temos sinapses que nunca usamos e nunca iremos usar.

Aprender, neurologicamente falando, significa usar sinapses normalmente no usadas. O uso, portanto, de maior ou menor nmero de sinapses o que condiciona uma aprendizagem no sentido neurolgico.

Desta maneira, um educador, com sua atitude estimuladora, esto ajudando seu aluno a diferenciar seu sistema nervoso, ampliando seu nmero de sinapses.

Embora tenhamos salientado a necessidade de uma boa estimulao do meio ambiente, temos que tomar cuidado para no nos excedermos, pois isso, alm de provocar ansiedade na criana, no ir apressar o processo de maturao do sistema nervoso.

O sistema nervoso no se desenvolve de uma s vez e obedece a uma seqncia. preciso pedir para a criana o que ela capaz de realizar, levando em considerao seu processo de maturao.

A importncia da maturao nervosa para a aprendizagem tem merecido muitas discusses por parte de diversos autores. Loureno Filho (1964, p. 35) comenta:

A aprendizagem supe um mnimo de maturidade de onde possa partir qualquer que seja o comportamento considerado. Para queo exerccio de uma atividade complexa como a leitura possa integrar-se, exigir-se- a fortiori,determinado nvel de maturi- dade anterior. Sem ele, ser intil iniciar a aprendizagem.Brando (1984, p.41) tambm ressalta a importncia da maturidade para o desenvolvimento da aprendizagem:

A aprendizagem no poder proporcionar um desenvolvimento superior capacidadedeorganizaodasestruturasdo

sistema nervoso do indivduo; uma criana no poder aprenderdas experincias vividas, conhecimentos para os quais no tenha adquirido, ainda, uma suficiente maturidade. Amaturidade , no entanto, dependente, em parte, do que foi herdado, e, em parte, do que foi adquirido pelas experincias vividas.Para ele, portanto, a maturidade est sempre em desenvolvimento e nunca estaciona.

Condemarm, Chadwick e Milic (1986, p.4-5) acreditam que se pode construir a maturidade de forma progressiva contando com a interao de fatores internos e externos. Acreditam que, para isto, devem ser proporcionadas condies nutricionais, afetivas e estimulao que so indispensveis. Elas fazem uma distino entre maturidade escolar e prontido. Prontido, para elas, implica:

...em uma disposio, um estar pronto para... determinada aprendizagem... adefinio do termo inclui as atividades ou experincias destinadas a preparar acriana para enfrentar as distintas tarefas que a aprendizagem escolar exige.Maturidade escolar implicaria em um conceito globalizado que incluiria estados mltiplos de prontido.

Maturidade para elas , pois:

A possibilidade de que a criana possua, no momento de ingressar no sistema escolar, um nvel de desenvolvimento fsico, psicolgico e social que lhe permita enfrentar adequadamente uma situao e suas exigncias.Jean Piaget aponta a maturao nervosa como um dos fatores relevantes

do desenvolvimento mental. Embora ele acredite que no se conhecem bem as condies de maturao e a relao entre as operaes intelectuais e o crebro, reconhece sua influencia, o que Jean-Marie Dolle (in Condemarn, Chadwick e Milic, op. Cit., p. 4) confirma:

...Constata-se,simplesmente,que

amaturaoabre possibilidades; que aparece,portanto,como

umacondio

necessria para a apario de certas condutas, mas que no sua condio suficiente, pois deve se reforar pelo exerccio e pelo funcionamento. Ademais, se o crebro contm conexes hereditrias, ele contm um nmero sempre crescente de conexes, das quaisa maioria adquirida pelo exerccio. (...) A maturao um fator, certamente necessrio na gnese,mas que no explica todo o desenvolvimento.A maturao desempenha um papel muito importante no desenvolvimento mental, embora no fundamental, pois tem-se que levar em considerao outros fatores como a transmisso social, a interao do indivduo com o meio, atravs

de exerccios e de experimentao em um processo de auto-regulao.

Ajuriaguerra (1980) tem a mesma opinio de Jean Piaget quando afirma que a maturao uma condio necessria, mas no suficiente para explicar o comportamento.

Concordamos com Bee e Mitchell, (op. cit., p. 129) quando dizem:

O desenvolvimento motor afetado pela oportunidade de praticare pelas variaes ambientais mais importantes. O processo de maturao sem dvida estabelece alguns limites sobre o ritmo de crescimento fsico e desenvolvimento motor, mas o ritmo pode ser retardado pela ausncia de prtica ou experincias adequadas.Lagrange (1972, p. 27) menciona que, com um atraso muito grande da maturao nervosa, a criana no pode passar das atividades informal e global a uma atividade mais consciente, mais ordenada e mais dominada. Ele afirma que

a educao psicomotora pode permitir ( criana) recuperar em parte este atraso (da maturao nervosa) aumentando o seu vivido corporal, opinio esta com que concordamos plenamente.

Guillarme (1983, p.29) tambm ressalta a importncia das experincias motoras no processo de maturao e acredita que uma experincia pobre pode retardar essa maturao.

Aponta como exemplo, crianas que residem em lugares desprovidos de espao para recreao e que acabam limitando as experincias motoras, resultando em desvantagens em seu desenvolvimento global.

A este respeito temos que desmistificar o conceito de que s o pobre

prejudicado pela falta de oportunidade de se exercitar. Muitos meninos de de rua

tm uma coordenao motora global superior criana de classe mdia, sempre

protegida pelos medos e ansiedade dos pais.

Verificamos tambm que existem crianas ricas que so criadas por babs, que,noentendendooprocessodedesenvolvimento,deixam-nas constantemente em frente televiso limitando assim sua exercitao. As mes superprotetoras que fazem tudo pelo filho tambm esto negando a ele oportunidade de se desenvolver.

Outro exemplo que podemos citar o de crianas criadas em creches e orfanatos, em que se verifica uma estimulao muito pobre do meio ambiente e conseqentemente poucas respostas so solicitadas.

Outras situaes podem ser lembradas, mas no nos cabe aqui discutir o porqu dessas no-exercitao motora das crianas. Basta salientar que existem muitas desigualdades entre as crianas que entram na escola, provenientes, de seu meio scio-econmico-cultural e familiar.

Para ns importante evidenciar como a psicomotricidade pode auxiliar o aluno e alcanar um desenvolvimento mais integral que o preparar a uma aprendizagem mais satisfatria.

Tipos de movimentosNa escola exige-se que uma criana adapte-se s exigncias impostas e que tenha um controle sobre si mesmo. O que necessrio para isto?

Sabe-se que muitos comportamentos dependem da nossa vontade e outros aparecem automaticamente. De que forma isto ocorre?

Analisaremos, a seguir, algumas funes do sistema nervoso no que se relaciona aos movimentos. Podemos classificar os movimentos em trs grandes grupos; voluntrio, reflexo e automtico.

Movimento voluntrioO movimento voluntrio depende de nossa vontade. Exemplo: andar em direo a um objeto um movimento voluntrio. Neste ato supe-se que houve

uma inteno, um desejo ou uma necessidade e finalmente o desenvolvimento do

movimento.

Escolhemos conscientemente de acordo com a nossa histria passada, de acordo com a nossa personalidade, que reaes nos parecem mais gratificantes diante da complexidade de estmulos que recebemos diariamente. Este estmulo pode ser a percepo de um objeto, de um acontecimento, lembranas, sensaes.

No movimento voluntrio, portanto, h primeiramente uma representao mental e global do movimento, uma inteno, um desejo ou uma necessidade e, por ltimo, a execuo do movimento propriamente dito. O ato voluntrio sempre aprendido e constitudo por diversas aes encadeadas.

Movimento reflexoO movimento reflexo independente de nossa vontade e normalmente s depois de executado que tomamos conhecimento dele.

uma reao orgnica sucedendo-se a uma excitao sensorial. O estmulo captado pelos receptores sensoriais do organismo e levado ao centro nervoso. De l provoca direta e imediatamente uma resposta motora.

I.P. Pavlov, fisilogo russo, dividiu-se os reflexos em:

InatosSo independentes da aprendizagem e so determinados pela bagagem biolgica. So, portanto, hereditrios, quase sempre permanentes e comuns a uma mesma espcie animal. Exemplos: uma luz incidindo sobre os olhos provoca uma resposta imediata de contrao pupilar. Este um movimento inato, pois no implica em aprendizagem para a sua produo. Outro exemplo; uma gota de limo na boca provoca, como resposta, a salivao, preparando o organismo para

a ingesto do elemento cido.

AdquiridosSo reflexos aprendidos ou condicionados. Sua ocorrncia depende de uma histria de associao entre estmulos inatos, que produzem resposta reflexa

a outros estmulos. No 2 exemplo acima, a simples palavra ou viso do limo pode eliciar uma resposta condicionada de salivao.

Movimento automticoO movimento automtico depende normalmente da aprendizagem, da histria de vida e de experincias prprias de cada um. Depende, portando, do treino, da prtica e da repetio.

A aquisio de automatismos importante porque propicia formas de adaptao ao meio em que vivemos com uma economia de tempo e esforo, pois no se exige muito trabalho mental. Campos (1973), p.55) define muito bem este movimento:

Os automatismos tanto podem ser mentais quanto motores e at sociais como, por exemplo, a cortesia, o cavalheirismo, a cooperao, etc. A observao,

a reteno mnemnica, a leitura rpida, a induo etc. constituem exemplos de hbitos mentais. A eficiente realizao de atividades dessa natureza depende de um bom desenvolvimento dos hbitos, das habilidades mentais e motoras; atravs da experincia e do treino. O homem torna-se capaz de realizar esses atos com o mnimo de rendimento, em tempo e em qualidade, sem mesmo necessitar concentrar a sua ateno para execut-los.

Normalmente o movimento se inicia de forma voluntria e, uma vez iniciado, pode-se interromp-lo a qualquer momento, de acordo com a nossa vontade. Exemplo: quando andamos, no pensamos no balanar de nossos braos. Temos a inteno de andar (voluntrio), mas a execuo desse movimento torna-se automtica.

Este movimento, porm, nem sempre iniciado pela vontade. Alguns so iniciados sem que se tenha conhecimento, como por exemplo, a manuteno do

equilbrio e da postura.

Existem os automatismos que so desenvolvidos atravs do processo da

aprendizagem. Passando do plano voluntrio para o plano automtico. Exemplo: tocar piano, andar de bicicleta, nadar, escrever a mquina. Ocorrem na nossa vida individual, profissional e esportiva.

Para uma pessoa agir no meio ambiente necessrio que possua, alm de uma organizao motora, uma vontade, um desejo de realizar um movimento. No se consegue educar ou reeducar ningum contra a prpria vontade.

O movimento pelo movimento no leva a nenhuma aprendizagem. necessrio e fundamental que o aluno deseje, reflita e analise seus movimentos, interiorizando-os.Sassimconseguiratingirumaaprendizagemmais significativa de si mesmo e de suas possibilidades.

Vemos muitos professores preocupados em promover nos alunos um maior controle de seu corpo, obrigando-os a realizarem uma srie interminvel de exerccios, acabando por desestimul-los completamente.

Como vimos anteriormente, no podemos deixar de dar valor, tambm, aos movimentos automticos que so indispensveis para uma melhor adaptao ao meio. Mas, no podemos esquecer que eles tiveram sua origem na participao voluntria do sujeito.

Tnus MuscularConvmlembrarqueestesmovimentos(voluntrios,reflexose automticos) no aparecem ao acaso. Eles so controlados pelo sistema nervoso atravs de contraes musculares. Quando nos movimentamos, uns msculos esto se contraindo e outros se relaxando.

Os msculos so estruturas distribudas em torno dos ossos e se contraem quando h um encurtamento do cumprimento de alguns segmentos do corpo.

Para cada grupo muscular que se contrai e se movimenta, existe do lado oposto, outro grupo muscular que age em sentido contrrio.

O msculo, mesmo em repouso, possui um estado permanente de relativa tenso que conhecido como tono ou tnus muscular. Para Jean L Boulch

(1984a, p. 55) o tnus muscular o alicerce das atividades prticas.

O tnus muscular est presente em todas as funes motrizes do

organismo como o equilbrio, a coordenao, o movimento etc. Todo o comportamento comunicativo est relacionado com o tnus. Herren e Herren (1986, p. 24) do como exemplo:

... A audio de um som, o deslocamento ativo ou passivo de um membro,uma perda de equilbrio, uma dor de estmago, uma lembrana triste ou alegre, a previso de um acontecimento so capazes de induzir modificaesdotnusdefundoda musculatura geral, de influir em sua intensidade. Entre

as fontes mais constantes de manuteno permanente encontramos o estado de viglia e as estimulaes antigravitrias.Todo movimento realiza-se sobre um fundo tnico e um dos aspectos fundamentais sua ligao com as emoes.

A boa evoluo da afetividade expressa atravs da postura, de atitudes e

do comportamento. Podemos transmitir, sem palavras, atravs de uma linguagem corporal, todo o nosso estado interior. Transmitimos a dor, o medo, alegria, a tristeza e at nosso conceito de ns mesmos. Uma criana, por exemplo, que no acredita muito em si tem a tendncia de se envolver, isto , de manter seu corpo em estado de tenso quando se sente ameaada.

Verificamos, s vezes, que existem crianas que no conseguem controlar

o tnus de seus braos e pernas, Umas so hipertnicas, isto possuem um aumento do tnus. Seus msculos apresentam uma grande resistncia, pois esto contrados em excesso. Tm seus movimentos voluntrios e automticos comprometidos, no balanam os braos ao andar, ou escrevem to forte que chegam a rasgar a folha. Outras so hipotnicas. Apresentam uma pequena resistncia muscular, isto , tm uma diminuio da tonicidade muscular, isto , tm uma diminuio da tonicidade muscular da tenso. Seu traado to leve que mal se enxerga.

Quando no um caso muito srio que exija cuidados mdicos, um educador pode auxiliar o aluno a desenvolver ou refrear seu tnus alterado atravs de exerccios apropriados, no sentido de propiciar um maior controle. Podemos citar como exemplo, uma criana trabalhando com massinha. Ela cria

bolas, cilindros, bolachinhas, cobrinhas. Ao mesmo tempo em que desenvolve

suas funes mentais, na medida em que compara as formas, os tamanhos,

cores, tambm esto desenvolvendo o tnus muscular de suas mos.

Desenvolve o tnus muscular dos seus ps, quando escreve com os dedos dos ps na areia, quando pula amarelinha ou escadas.

O tnus muscular, portanto, depende muito da estimulao do meio. Neste aspecto, a figura do educador assume um papel fundamental na vida da criana, pois pode auxili-la a confiar mais em todas as suas possibilidades e passar e agir no meio ambiente com mais segurana.

Informe-se:O termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Dupr em 1920. Significando um entrelaamento entre o movimento e o pensamento. Desde 1909, ele j chamava ateno de seus alunos sobre o desequilbrio motor, denominando

o quadro de debilidade motriz. Verificou que existia uma estreita relao entre as anomalias psicolgicas e as anomalias motrizes, o que o levou a formular o termo psicomotricidade.

Aristteles (A poltica) j enunciava a um primrdio de pensamento psicomotorquandoanalisouafunodaginsticaparaummelhor desenvolvimento do esprito. Afirmava que o homem era constitudo de corpo e alma, e que esta deveria comandar. Na procriao, o corpo se coloca primeiro e deve obedincia ao esprito da parte afetiva inteligncia e razo.

O pensador grego valorizava bastante a ginstica, pois ela servia para dar graa, vigor e educar o corpo. A ginstica para ele, devia ser desenvolvida at o perodo da adolescncia com exerccios no muito cansativos para no prejudicar

o desenvolvimento do esprito. Ele Explica (op. Cit., p. 175):

... ginstica que cabe determinar que espcie de exerccio til a este ouquele temperamento, qual o melhor dos exerccios (este deve serobrigatoriamenteoconvenienteao corpo melhor formado e que se tenhadesenvolvidoda maneira mais completa) e, por fim, o melhor convm maior parte dos indivduos e que apenas por si seria conveniente atodos; pois nissoest a funo adequada da ginstica. Oprprio homem que no tivesse invejanem o vigor fsico nem

da cincia, que d a vitria, nos jogos atlticos,precisariaaindadopedtribaedoginastaparaatingiratograude mediocridade com o qual ficaria satisfeito.Podemos notar que Aristteles d uma conotao da ginstica, de movimento, como algo mais do que simplesmente o exerccio pelo exerccio; acredita que se deve procurar o melhor exerccio de acordo com o temperamento,

o que convm para a maioria dos homens.

A EDUCAO PSICOMOTORA COMO ESTRATGIA DEINTERVENO PEDAGGICA"Em Educao Infantil qualquer atividade que no seja de alta qualidade representa uma oportunidade perdida de oferecer s crianas um bom comeo para o resto de sua vida" (Formosinho, 1988).

Sabemos que vrios aspectos inerentes infncia foram por longo tempo desconsideradospelasinstituiesinfantis,prevalecendoumconjuntode concepes que estigmatizaram a prtica educativa considerando-a como uma etapa anterior fase adulta, buscando desenvolver atividades que pudessem preparar as crianas para o futuro no levando em conta suas necessidades e potencialidades atuais. A prpria sociedade, durante sculos, considerou as crianas como adultos em miniatura.

SomentenosculoXVIquesurgiramosprimeiroslivrosde aconselhamento aos pais e depois do sculo XVII que o "sentimento de infncia" (Aris) de alguma maneira se instaurou. Os pais comearam a perceber

a simplicidade, a docilidade e a alegria das crianas e passaram inclusive a vesti-

lasdiferentementedosadultos.NosculoXIX,cientistasvislumbrama possibilidade de estudar a criana buscando compreender seu desenvolvimento e interesses.

E hoje, no despontar deste novo sculo, ns educadores, devemos considerar como condio bsica conhecer sobre o desenvolvimento infantil para propiciar s crianas o espao ondeverdadeiramente se desenvolvero, crescero e aprendero.

Variadas pesquisas sobre o tema tm destacado que ao carter cognitivo

do desenvolvimento infantil devem se agregar os aspectos afetivo, motor e social., compreendendo a criana como um ser completo, isto , um sujeito que desde os primrdios de sua vida tem necessidades, desejos, capacidade prpria que convm ser respeitadas e sobretudo desenvolvidas.

Para que a criana alcance este desenvolvimento faz-se necessria a presena "do outro", na mediao deste processo. Esta concepo muito bem

apontada por Vygotsky assinala que a criana constri seu conhecimento e

desenvolve habilidades desde o seu nascimento retro-alimentando seu mundo

interno com o que recebe do mundo externo, numa interao com o adulto a princpio e posteriormente com outras crianas, essencial que a criana estabelea com "a outra relao em diferentes esferas e nveis de atividade humana, no processo de construo de sua personalidade.

No tenho dvida de que a construo do conhecimento e a expresso de sentimentos se d por meio da expressividade corporal, que antecede a fala nos primeiros anos de vida e que, a configurao de sua personalidade se sustenta na interao com o outro e com o meio onde se insere.

O trabalho corporal, no entanto, no tem sido muito enfatizado dentro de nossas escolas, sendo um recurso escassamente utilizado e, quando lanado mo, quase sempre acontece de maneira desvinculada dos contedos e objetivos pedaggicos, dentro de uma concepo instrumentalista e racional do corpo. O corpo, no entanto, no pode ser considerado simplesmente como um instrumento sendo tambm fonte de conhecimento, de comunicao, de afeto e de relao.

No h como ignorar o aspecto psicomotor da criana. Atravs de manifestaes corporais ela expressa seus problemas, seus sentimentos, se comunica, , se relaciona, estabelece vnculos e aprende. Portanto em nossa prtica educativa devemos levar em considerao este sujeito como uno, indivisvel, diferente da concepo dualista do sujeito fragmentada em corpo e mente. No podemos pensar a educao como simples transmissora de conhecimentosnemtampouconumaprticapsicomotoracompensatria preenchendo falhas e lacunas, treinando capacidades e habilidades.

Segundo Lapierre (1984) A escola um dos elementos mais importante do ambiente social. Em um sentido mais amplo a educao deve preocupar no s em transmitir conhecimentos, mas com a formao da personalidade nos seus aspectos mais profundos.

Aescoladeeducaoinfantildeveserevelarcomoespaode desenvolvimento e aprendizagem e, para se trabalhar este ser em sua globalidade, o recurso fundamental e indispensvel no poderia ser outro seno o

jogo, pois brincando que a criana tem a oportunidade de interagir com as

pessoaseobjetos,explorarseuslimiteseadquirirrepertrios

comportamentais/afetivos.

A Psicomotricidade se fundamenta na globalidade do ser humano, principalmente na fase da infncia que tem seu ncleo de desenvolvimento no corpo e no conhecimento que se produz a partir dele. (Berruezo y Adelantado,

1995), e ao trabalharmos com o jogo psicomotor estaremos possibilitando criana brincar, a "mergulhar na vida, podendo ajustar-se s expectativas sociais

e familiares" ( Cunha, 1994)

A criana em sala de aula, no pode ter apenas o espao da mesa e da carteira, onde atividades dirigidas delimitam seu grfico.

Na programao educativa h que se conciliar espao e tempo para a msica, teatro, brincadeiras, explorao do corpo, vivncias socioculturais, arte, literatura, dentre outras.

Pode-se utilizar a psicomotricidade como instrumento educativo, pois ela permite conduzir a criana rumo a sua autonomia e formao de sua personalidade, bem como potencializar o desenvolvimento cognitivo e ajudar na sua socializao e adaptao no s na escola, mas em sua vida.

Soboprismadessesconhecimentosconvmrepensaraprtica psicomotora na Educao Infantil. Sabemos que o ensino se dirige dimenso intelectual. Isso constitui uma parte da educao, mas no toda a educao. Segundo A. Lapierre, para que esta se torne completa h que se inserir as dimenses afetiva, emocional, relacional, cujas razes se situam no universo fantasmtico da criana.

Acompanhar a criana num processo psicomotor possibilita-lhe vivenciar suas prprias experincias e atravs desse poder estruturar de maneira mais adequada sua atividade mental. A ao motora, isto a ao corporal vivenciada espontaneamente pela criana vai de encontro a uma pedagogia onde se permite

a descoberta, a criatividade e onde se desenvolvem relaes de confiana consigo mesma e com o outro, restabelecendo seu controle interior e sua auto-

estima.

Conhecer para conviver melhorPara podermos saber como proceder ao longo do desenvolvimento das crianas, faz-se necessrio o conhecimento dos seus aspectos evolutivos. Este conhecimento ser extremamente facilitador para a elaborao das atividades que se devero programar para cada etapa vivida no mundo-escola.

A criana ao nascer trouxe a expectativa do tipo de pais que viriam ao seu encontro. A totalidade de suas experincias com eles e com o mundo determinaro, agora, sua forma de querer e receber um filho. (Aberastury, 1973: 88)A criana de zero a dezoito mesesO afeto dever estar presente em todos os momentos de ateno a um ser to frgil como a criana. Os sentidos de um beb funcionam como a porta de entrada para o mundo. Nos primeiros oito meses de vida, enquanto o sentar e o engatinhar vo acontecendo, estimular corporalmente essencial para a descoberta do corpo. A vida dos bebs no se restringe unicamente a comer, dormir, fazer xixi e ter a pele cuidada para no "assar". So importantes as massagens comuns ou tipo shantala (indiana, maravilhosa), os exerccios com bolas enormes, sobre as quais os bebs so colocados seguros pelo adulto (para exerccios de equilbrio, movimento e espao), e os exerccios de explorao em barra fixada na parede, para quando comearem a sustentar o corpo em p, como apoio.

Osestmulosauditivoschegamatravsdecantigas,conversase brinquedos que produzam sons. Da mesma maneira, devem-se apresentar e oferecer objetos com cores bem vivas (mesmo o roxo, o laranja e o preto), para que a discriminao visual no fique restrita a tons plidos ou pastis, mais difcil.

O ambiente ao alcance das mos, dos olhos e dos ouvidos do beb deve estar arrumado de tal maneira que, mesmo sem o adulto, ele possa interagir.

O movimento de apreenso ser exercitado atravs de brincadeiras que aproveitem o segurar ou agarrar. Mais tarde o beb estar com confiana

segurando sua mamadeira sozinho. Sabemos que, prximo ao segundo ano de

vida, o copo e a colher estaro quase sendo segurados perfeitamente, para que o

beb se alimente j no prato.

Para as conquistas que chegam com a maturidade biolgica (andar, engatinhar, andar, montar cubos, encaixar, controlar esfncteres) ser necessria

... uma maturidade racional e emocional do adulto que se relaciona com ela: cabe ao adulto, a partir de suas atitudes, assegurar criana condies para que ela possa se organizar e realizar as conquistas que sua maturidade biolgica lhe permite. (Craidy, M. 1998: 35)A experimentao a atividade primeira dos bebs, que estaro provando, mexendo, lambuzando-se de papa com suas mos ou colheres ou marcando com "sujeira" o ambiente, coisas e gentes que o cercam. Sua comida espalhada experimentao e o adulto deve entend-lo como tal. Mais tarde, as marcas deixadas pelos bebs sero registros de papis picados, brinquedos mordidos, marcas de dentes nos amiguinhos. Futuro? .. Material grfico-plstico usado como meio de expresso ser tambm sua marca.

Descubra quem vai falar em breveFalaedesenvolvimentocorporaltmtemposdiferentesde amadurecimento. A gestualidade tem a ver com o corpo todo, enquanto a fala est restrita boca. Mas a boca tem importante papel nos dois primeiros anos de vida: tudo que a criana pega leva boca, a boca que emitir os sons do choro,

os gritos e os risos e que proporcionar o prazer advindo dos alimentos. O fato de no estar ainda falando no impede que a criana desempenhe atividades variadas e v conhecendo melhor a si mesma e as pessoas com quem interage.

Atravs das diversas utilizaes da fala que interagem com as crianas que elas vo construindo o sentido, percebendo a necessidade da fala e produzindo o desejo de tornarem-se falantes, de expressarem-se atravs desta linguagem. Se at aprenderem a falar suas necessidades e desejos so expressos em grande parte atravs da gestualidade, apontando objetos, coisas e lugares, a partir do momento em que comeam a organizar-se intencionalmente, a gestualidade passa a funcionar

como umacessrio da fala, no mais como linguagem principalatravs da qual se comunicam e conhecem sobre si e o mundo. (Craidy, M. 1998: 38)Neste ponto, vamos destacar algumas concluses de Piaget, referindo-soe

a este estgio de desenvolvimento. Tais concluses, reafirmadas por inmeros pesquisadores, so consideradas bsicas para a nossa compreenso dos aspectos seqenciais do desenvolvimento. Mesmo que cada indivduo apresente um ritmo diferente, a ordenao dos estgios a mesma para todos (resultante bsica do fato de o desenvolvimento ser um processo combinatrio de gnese e estruturas). Cada estrutura um subsdio para as posteriores, que tm dentro de

si as anteriores. Difcil? ... s voc entender que cada pessoa tem um ritmo e construir seu desenvolvimento dentro de suas condies genticas, em combinao com o que o que lhe ser oferecido de solicitaes e condies ambientais.

(Complemente lendo "Seis Estudos de Psicologia", um conjunto de artigoseconfernciasdo

mestre,queapresentamo essencial de suasdescobertaseaabordagemdealguns problemas centrais comopensamento, linguagem e afetividade, sob a tica da dupla perspectiva gentica e estruturalista.)Voltando ao nosso beb, o importante sempre lembrar que o trmino do perodo, situado por Piaget entre zero e dois anos (assim como qualquer outro), no tem data rgida para acontecer. "( ... ) O que indica que a criana j no est mais nesta etapa a linguagem. Este o perodo sensrio-motor, que se estende

do nascimento do beb at a aquisio da linguagem. ( ... ) Houve uma grande evoluo que pode ser facilmente constatada, do beb recm-nascido, preso a comportamentos reflexos, at esta criana que se apresenta possuidora de novos esquemas e capacidades. A principal caracterstica de atividade inteligente neste perodo se d atravs de aes diretas do sujeito sobre a realidade" (Sucupira da

Costa Lins, 1983: 22-23).

Importante Fale normalmente com a criana, sem os famosos diminutivos, que no acrescentam coisa alguma ao desenvolvimento qualitativo e quantitativo da fala.

Ajude a criana a arriscar-se na oralidade, fazendo perguntas claras sobre

o objetivo do gesto que ela est executando. Se a criana continuar em silncio repetindo o gesto, o adulto agir como se estivesse respondendo: "J sei! Voc quer banana. Vou dar a ba-na-na agora."

A voz humana envolvente, e cada pessoa tem sua prpria melodia, ritmo

e entonao voclicas peculiares. Cante, com ou sem acompanhamentos, faa gestos que acompanhem o ritmo ou a cano, abuse de brincadeiras com sons onomatopaicos e use CDs ou fitas de vdeo ou udio como recursos estimulantes.

Exploreossonsdosobjetosesituaesdomsticas."Invente"

instrumentos com material de refugo (latas, caixas, potes de iogurte etc.).

O "livro-objeto". Sendo tudo pelo sensrio-motor, lance na banheira algo com formato livresco, colorido e plstico ou de borracha, para j despertar a ateno do beb, que ainda no tem nem seis meses. Uma delcia, aquele objeto aparecer na gua tpida, acompanhado da voz querida de quem d o banho.

Dos seis aos doze meses, os livros de pano (no necessitam de texto), com ilustraes grandes referentes a determinado tema, j fazem sucesso, principalmente se acompanhados de algum estmulo sonoro (falamos dos sons de animais, guizos etc.). Se de papelo, que os livros sejam resistentes, com formas divertidas e figuras coloridas, sem texto. Como sero "comidos" tambm, ao compr-losverifiquesesoconfeccionadoscommaterialatxicoe

hipoalergnico.

A caminho dos dois anosAgora o corpo desloca-se, de uma maneira ou de outra, passando esta possibilidade de deslocamento a ser a grande atrao para a criana, que vai preferir as coisas que puder carregar. Nossa criana estar mais exigente, necessitando de estmulos sensoriais (texturas variadas para o material), de formas conhecidas (livros, carro ou livros-casa, com formas de animais) e de aes como puxar cordes, dobrar partes internas, cobrir e descobrir etc. Seus assuntos dizem respeito aos hbitos, aos brinquedos, ao que usa, ao que come.

A oralidade est se instalando; cresce o interesse em ouvir o mundo e as pessoas.Oadultointroduzpequenasnarrativascomos"assuntos"j mencionados em momentos estrategicamente escolhidos (antes ou depois das atividade rotineiras). As pequenas histrias "reais" podero ser acompanhadas de dramatizaes com o prprio livro, com fantoches, com algo pertencente criana. Os textos continuam desnecessrios ainda que se faa de conta que haja leitura, com o ato de abrir e passar as folhas do livro para a criana. E por que no estabelecer o momento da histria?

A criana de dois anosMelhor do que fixarmos datas precisas para o incio e o fim das "fases evolutivas" preocuparmo-nos com o que poder estar ocorrendo numa viso global do desenvolvimento, conhecendo as caractersticas evolutivas de dois a seis anos.

Aos dois anos, pesando entre 10 e 13 quilogramas, a criana necessita ainda de repouso tarde e de um mnimo de 10 horas de sono noite. A bexiga

j tem capacidade para conter mais urina, mas o desenvolvimento muscular ainda

insuficiente para que consiga um controle esfincteriano perfeito.

Coordenao global, equilbrio e conhecimento corporalColoca-se em posio bpede e anda;

corre com dificuldade, embora no caia muito; > sobe escadas, a cada

movimento apoiando os

dois ps em cada degrau;

percebe-se no espelho e aponta algumas partes do corpo;

salta desajeitadamente;

mantm-se em p e imvel sobre um banco, com os ps juntos, durante segundos;

desenha garatujas.

Coordenao de msculos menores (musculatura fina)Copo e xcara so usados sem derramar muito lquido e comea a comer sozinha usando a colher;

tira os prprios sapatos e fecha zper;

possui capacidade de preenso nos dedos para segurar objetos, coloc-las um ao lado do outro, enfiar contas grandes em fios, folhear pginas etc.;

transporta coisas e aponta objetos com o indicador;

consegue copiar uma linha nos sentidos vertical ou horizontal, mas dobrar papel ou manejar um pincel ainda apresentam dificuldade;

comeam a "construir" torres de at oito peas empilhadas.

Comunicao e expresso e percepoUsa freqentemente a palavra no;

atende pelo prprio nome;

sua linguagem torna-se til;

comea a construir frase curtas e simples;

descreve objetos em termos de suas funes;

explora o mundo pelos sentidos;

a preferncia por algumas cores j se faz sentir e distingue preto e branco;

nomeia objetos, reconhece figuras e classifica algumas figuras geomtricas em termos de forma;

mantm ateno concentrada por aproximadamente cinco minutos (s

vezes mais) ;

alguma noo de quantidade j percebida e at comea a enumerar coisas;

lembra-se do lugar onde deixou certos brinquedos e objetos.

A scio-afetividadeChamando-se pelo prprio nome, j distingue meninos e meninas e conhece a diferena entre "eu" e "voc", mas no entende o "ns" muito bem;

o momento do "eu" x "eu"; a sociabilidade pouco diferenciada, com atividade ldica solitria; ainda -no divide os brinquedos;

com atividade viva e explosiva, gosta de controlar os outros e de dar ordens;

fazendo as coisas a seu modo, irrita-se com interferncias, manifestando emoes sem controle; comuns nessa poca so o morder, o beliscar e o bater;

para a criana nesta fase, fazer escolhas no fcil e provavelmente demonstrar ansiedade quando fracassar;

gosta de dar ordens, de controlar as pessoas e de manter distncia de estranhos.

Orientao espacial e temporalJ com noes de localizao, capaz de grandes exploraes no espao

(em cima/ em baixo, dentro/fora);

"aqui" e "l" j so compreendidos;

encaixa formas geomtricas simples, em locais de experimentao;

tendo noo do "agora", compreende seqncias simples sem referncias

ao passado.

(Seria timo, neste momento, um exerccio de observao de crianas desta idade, em uma creche, playground ou classe de um jardim da infncia. Sugiro a tcnica de observao tipo "protocolo- corrido": anotar apenas os comportamentos observados, sem

interpretao, sem "achar" coisa alguma,isto , visando a umclaro e simples registro do "fazer" da criana.)A criana de trs anosAs "cinturinhas" de beb definitivamente foram-se embora. Vemos agora uma linda e esperta criana que provavelmente pesar de treze a dezesseis quilogramas, com um tempo de ateno que ultrapassa dez ou quinze minutos. O sono da tarde deveria continuar acontecendo, mas este hbito no Brasil no muito aceito pelos pais. O adulto acredita que se a criana dormir tarde custar

a dormir noite. Ns, educadores, sabemos que na verdade o ritmo e horrio das famlias resultaram em mudanas de hbitos variadas que afetaram de alguma maneira a dinmica da vida de seus membros.

Coordenao global, equilbrio e conhecimento corporalAlternando os ps, corre, salta, pula, sobe escadas e pode parar por alguns momentos equilibrando-se em um p s; tambm j salta com os ps juntos sobre algo estendido no solo;

O equilbrio est bem melhor e a postura, automatizada;

Reconhecendo e nomeando as diferentes partes do corpo, cala o sapato correspondente a cada p;

Faz tentativas em desenhar uma pessoa.

Coordenao de msculos menores (musculatura fina)Os dentes j so escovados com ajuda, usa corretamente a colher e at o garfo pequeno; os utenslios podem ser segurados pelas alas, mas com dificuldade em despejar lquido de um recipiente para outro;

Guarda suas prprias roupas e pode vestir-se se no existirem cordes para desamarrar; abotoa grandes botes, mas ainda no d laos;

As torres tm mais de nove peas e suas construes so equilibradas e

ordenadas;

A tesoura sem ponta pode ser utilizada; gosta de manipular a massa de

modelar e faz cpias de crculos e de cruzes; tambm dobra uma folha de papel na horizontal ou na vertical.

Comunicao, expresso e percepoMuito curiosa, a criana entra na fase dos "por qus" (pensamento finalista:

na realidade, quer saber a finalidade, o "para qu" das coisas);

J sabe a sua idade, diz seu nome e sobrenome e nesta fase fala consigo mesma e com pessoas imaginrias (algumas deixam at um lugar para o "amiguinho" que vai chegar para brincar);

Forma frases completas;

Poder passar por fase de gagueira, que depois desaparecer;

Ainda no discrimina realidade e fantasia (vamos explorar "histrias e assuntos mais adequados em um prximo mdulo);

Classifica objetos por cor ou forma e reconhece as cores primrias;

Os detalhes chamam a sua ateno e comea a identificar, classificar e comparar;

O quente e o frio so determinados;

E, muito importante, aumenta o interesse em ouvir.

A scio-afetividadeEst interessada na diferena fisiolgica entre os sexos;

Percebendo os outros e a diferena entre "eu" e "ns", usa o "meu", demonstrando noo do eu e de posse;

Os adultos so imitados, capaz de dramatizar e consegue esperar sua vez nos jogos;

Oratmida,oraextrovertida,poderfazer"birra",gritaretc. (comportamentos que estaro acontecendo na poca apropriada);

Est mais conformada com as atividades rotineiras, apesar de ainda um

pouco ritualista;

Julga e escolhe entre duas opes.

Orientao espacial e temporalTem noo da casa e de suas divises, reconhecendo a ordem dos objetos familiares;

Percebe o espao onde se d uma ao e orienta-se em itinerrios simples;

Tem vocabulrio razovel (mais de dez palavras para designar o tempo);

as crianas anos:Amam os animais, a gua, as plantas; so grandes apreciadoras da natureza.

Necessitam de vigilncia constante, visto que so atiradas e aventureiras,

e incapazes de medir alturas, distncias ou tempo. Parecem desconhecer qualquer forma de perigo.

de:

Muito sensveis aos impulsos do momento, a criana de trs anos necessitaExperincias motoras;

Experincias sensoriais;

Experincias sociais.

A serenidade caracterstica indispensvel a quem lida com crianas dessa idade.A criana de quatro anosPesando aproximadamente de dezesseis a dezoito quilogramas, a criana

de quatro anos apresenta integrao do automatismo corporal. vigorosa nas brincadeiras, tem movimentos graciosos e sua rtmica corporal est repleta de novas conquistas e habilidades: anda com firmeza, corre mais depressa e trepa em lugares altos e difceis. Fica de p sobre uma perna s, salta para frente com

os ps juntos e d saltos no mesmo lugar; caminha na ponta dos ps. "Encaixar"

e "construir" so atividades que executa com propsitos em vista. Ao ar livre irrequieta: necessita de gastar a energia que tem. Pode andar de bicicleta, jogar bola e aprender a nadar.

Seu vocabulrio rico (mais de 2000 palavras) e pode-se concentrar por perodos de quase trinta minutos, s vezes at em atividades criadas por elas mesmas.

Faz perguntas e se interessa praticamente por tudo: morte, nascimento, Deus, outras pessoas, mquinas etc. Demonstra curiosidade pelos rgos genitais, pelo nascimento dos bebs e pelas diferenas sexuais. Reconhece as partes do corpo, interessando-se por gestos e roupas dos adultos.

(Voc vai adorar "De onde viemos?", da Editora Mosaico, com tima traduo, que recebeu o prmio do "53d Annual of Advertising and Televison Art and Design". acessvel s crianas e agradvel a pais e educadores.)Coordenao de msculos menores ( coordenao fina)Realiza "construes" elaboradas, podendo at fazer combinaes entre vrias "obras";

Pode vestir-se, abotoar suas roupas e distinguir frente e atrs; na higiene pessoal, at banho consegue tomar sozinha (!);

A figura humana est presente nos desenhos e retrata coisas que j viu;

Recortapapelesegurapincel(seumovimentodepinaest amadurecendo); a atividade de colagem apreciada;

Com agulhes (j os temos de madeira) "borda" em materiais como a talagara.

Comunicao, expresso e percepoGosta muito de palavras sem sentido e de palavres;

Se perguntada, diz nome, sobrenome e idade; pequenas canes so cantadas muito bem e faz perguntas todo o tempo;

a poca em que fala muito sozinha e sua imaginao muito frtil;

Reconhece cores e tonalidades, tamanhos e formas geomtricas;

Apesar de j ter idia das coisas abstratas, necessita principalmente de vivncias e experincias; na verdade, as "idias" nesta idade so maiores que as capacidades;

Reconhece objetos pelo tato, mesmo sem v-los.

A scio-afetividadeSuas emoes so extremas: ou gostam muito ou detestam muito;

Importante agora o desenvolvimento do sentido do "eu": tem mais noo dos limites (meu, teu, nosso, certo/errado);

Fisicamente afetuosa, segrega os sexos nas brincadeiras, j demonstrando autoritarismo, expansividade e iniciativa;

Gosta muito de ser elogiada e se auto-elogia;

As demonstraes de medo so evidentes: recomenda-se cuidado com a temtica das histrias contadas criana (estamos incluindo o que chega atravs de filmes, da TV e dos teatros a que assistem);

Na verdade, "onde" e "quando" ainda no so claramente discriminados;

certo e errado, com firmeza amiga por parte do adulto, j so identificados;

Orientao espacial e temporal: como tem noo de rua e de cidade, representa itinerrios mentalmente;

Emprega com exatido o vocabulrio relativo a espao, no sentido de direo e/ou de posies;

Demonstra noo de durao das situaes vividas e o vocabulrio sobre o tempo est aumentando.

A idade de ouro: a criana de cinco anosA criana de cinco anos apresenta um evidente progresso em seu crescimento; so mais altas e com propores diferenciadas da de quatro anos.

Aos dois anos era gordinha; aos trs e quatro anos, bem feita e compacta;

aos cinco anos as pernas so longas e tem fisionomia de menina ou de menino, no de beb.

Com aresimportantes,refere-seaosmenores

comopirralhos

do "maternal". Quer ser reconhecida, necessitando de apoio e responsabilidade delegadosporquemlidacomela.Os

traosquecaracterizamasua personalidade podem ser reconhecidos.

Planeja atividades: a idia precede a ao, o que significa pensar antes deagir.

Com um vocabulrio muito rico, vence maiores dificuldades de pronncia efaz muitas e interessantes perguntas. Quando vai a certos lugares, como o supermercado, "l" algumas palavras, j reconhecidas de objetos e embalagens

de seu dia-a-dia.

Coordenao global, equilbrio e conhecimento corporal.Preciso e destreza na motricidade para pedalar, correr, sentar ereta, nadar, atirar e virar cambalhotas;

Tem bom conhecimento das propores corporais;

Apresenta independncia total em suas necessidades (bexiga e intestino).

Coordenao finaA motricidade fina est mais hbil: d ns simples, modela, manipula, constri, veste-se s;

Domina as atividades grfico-plsticas, dentro de limites: amarra, abotoa, usa at faca ao comer;

Escreve seu primeiro nome.

Neste momento, voc perguntar porque Piaget no est sendo citado freqentemente. O que estamos levando at voc uma contribuio ao melhor aproveitamento da leitura (entre outros autores) de "A teoria de Piaget e a

educao pr-escolar", de Constance Kamii e Rheta Devries, em especial o

captulo II das "Implicaes pedaggicas". Nossa proposta a viso do desenvolvimentoglobaldacrianacomosuporteparaasreasde Psicomotricidade, Recreao e Artes.

Caractersticas scio-afetivasA criana de cinco anos, com iniciativa e idias prprias, mais autocrtica

e segura. Continua apresentando ansiedade em relao a coisas cuja explicao desconhece, mas aceita regras e limites, conseguindo jogar cooperativamente.

socivel, j tem interesse pelos vizinhos e pessoas novas, demonstrando sentido mais seguro do "eu" (tambm aparecem juzos de valor sobre seu prprio comportamento).

A me continua sendo o centro de seu universo, embora esteja muito mais independente dela;

Inicia atividades grupais, ainda que com fins mais individuais do que coletivos.

Orientao temporalA criana de cinco anos interessa-se pelo tempo presente, compreendendo perfeitamente bem dia/noite, manh/tarde etc.;

Maneja os termos referentes ao tempo, adequadamente.

Finalmente, as palavras da mestra Sarah Margareth Dawsey: "... So muito dramticas e vivem grande parte do tempo no mundo da imaginao. Gostam de histrias de fadas e so muito curiosas. Adoram que os adultos leiam para elas a respeito de outros povos e a funo destes na sociedade, (...). No podemos confundir este interesse com prontido para comear a aprender a ler. Estas crianas gostam de fazer excurses e comeam a compreender o mundo que as rodeia. As crianas de cinco anos precisam de muito apoio, responsabilidade,

brinquedos de grupo, oportunidade para concentrao e boa orientao."

(Sabia voc que todas as "crianas-prodgio" foram descobertas por volta dos cinco anos?... Faa uma pesquisa) s de curiosidade!)A criana de seis anosSe de dois a cinco anos os msculos maiores eram mais usados, aos seis

os msculos menores esto bem mais controlados e praticamente "prontos". A viso binocular est amadurecendo (coordenao dos olhos para focalizar longe e perto com facilidade), tornando-se normal.

O crescimento fsico acentuado e difere-se do de outras idades pela perda dos dentes de leite;

Veste-se e despe-se sozinha;

Precisa de espao e descanso, pois se cansa sem o saber.

Comunicao e expresso e percepoCanta muito, dramatiza, faz comparaes e tem senso de humor apurado;

Levar recados algo que lhe agrada e quando ouve palavras novas gosta de repeti-Ias (usando, inclusive, palavras estranhas);

Suas vivncias so relatadas com prazer, querendo mesmo transformar o mundo num laboratrio de experincias; faz muitas perguntas, gosta de planejar passeios, querendo fazer tudo sua moda; o adulto deve encoraj-la a "ouvir" e a saber falar na hora apropriada, sempre estimulandoaexpressolivre,paraumbomdesenvolvimentodo vocabulrio em conversaes (a criana sempre dever ouvir palavras pronunciadas corretamente).

O interesse pelas horas j se faz notar e tenta identificar e aprender semana, ms e ano;

O interesse por cincias muito acentuado, querendo sempre respostas e

informaes honestas;

D notcia das ocorrncias mundiais, gosta de ter acesso ao computador

para "jogar" e sua concentrao pode ultrapassar sessenta minutos;

O mundo do faz-de-conta agora bem identificado; as aventuras, as fadas,

os piratas, os animais e os personagens de outros contos e histrias, com habilidade do narrador, desbancam os super-heris;

Sente necessidade da matemtica e seu desenvolvimento favorece um interesse natural e crescente pela leitura (curiosidade pela lngua escrita).

No desenvolvimento scio-emocionalas tticas verbais so usadas agora, para defesa em combate;

tem necessidade de ser aceita e aprovada num grupo;

quer ganhar sempre, ser a primeira, a mais elogiada ou a mais querida;

administra bem conflitos, planeja atividades em grupo, como festinhas e est aprendendo que existem horas apropriadas para tudo;

entendeosdespontamentosdosadultospeloolharejest desenvolvendo reconhecimento de direito de propriedade (como tirar coisas que no lhe pertencem);

pode mostrar comportamentos antagnicos em casa e na escola e quando contrariada pode reagir com linguagem agressiva;

hbitos mais comuns: piscar com freqncia excessiva, roer unha, coar- se, chupar dedo, outros.

sugesto para o adulto: seja hbil e resolver com facilidade os problemas emocionais surgidos nesta poca.

Algumas perguntas: a criana de seis anos ir para se Alfabetizar? Como a criana aprende?

Quando dizemos, por exemplo, que, para ensinar a criana uma coisa determinada, preciso esperar que ela amadurea ou atinja uma certaidade, estamos subordinando a aprendizagem ao desenvolvimento. Ou seja, admitimosqueparaaprender necessrio determinado nvel dedesenvolvimento. Poroutro lado, sempre ouvimos dizer que o ensino deve

promover

o

desenvolvimento da criana.. (FONTANA, R-CRUZ, Nazareth:1997, pg 5)No nosso prximo captulo, comearemos a "trabalhar" com estas crianas que acabamos de conhecer um pouco e descobrir o que podemos e devemos apresentar-lhes como bsico para seu desenvolvimento global.

Encerrealeituradocaptulo2,commaisumareflexosobre desenvolvimento (Sucupira Lins, 1983):

... Basicamente, pode-se observar que o desenvolvimento um processo gradativo, e que no ocorre num dado momento isolado como um elemento nico. Podemos sintetizar numa s idia toda estaabordagemsobreodesenvolvimentodoindivduo, enfatizando-se a necessria relao dainterao sujeito/ objeto. somente por meio da atividade do sujeito sobre o ambiente que se realiza o desenvolvimento, na medida em que ele modifica e modificado por este ambiente. (Sucupira da Costa Lins, 1983: pg.24)Msica, ritmo e movimentoAt aqui, falamos um pouco do desenvolvimento das nossas