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Protagonistas de uma profecia

Mover os bens, movendo os corações

Quando o empresário EdC tem algo de artista

A Economia de Comunhão na Costa do Marfim

Porquê atuar na EdC

Pólo Lionello: em que ponto estamos?

Partilhar na fraternidade

Cartas do Mundo

Dez anos de monografias sobre a EdC

As sete cores de Arco-Íris

Olhar para o Céu

A economia, a felicidade e os outros

Alberto Ferrucci

Chiara Lubich

Luigino Bruni

André Penazzi

Giovanni Mazzanti

Benedetto Gui

Antonella Ferrucci

Filipe Coelho

Alberto Ferrucci

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Vittorio Pelligra

Annie AbboAs inúmeras qualidades do azeite de oliva

Diálogo com os leitores

ECONOMIA DE COMUNHÃOuma nova culturaAno X – nº 2 – junho 2004Suplemento da Revista Cidade Nova

Diretor responsável: Alberto Ferrucci

Endereço para correspondência:R. Igino Giordani, 17606730-000 – Vargem Grande Paulista – SPFone (11) [email protected]

Impressão:Paulus Gráfica

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Geneviève Sanze

Alberto Ferrucci

Carla Bozzani

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Recentemente, em Piacenza – Itália – reiniciaram as chamadas “Escolas para os empresáriosEdC”, como nós costumamos chamar. Na verdade não se trata de uma escola de gerenciamentoe administração de empresas nem de um espaço no qual se ensina a trabalhar segundo osprincípios da Economia de Comunhão, porque ainda não conhecemos pessoas que possam serconsideradas mestres neste setor.Nesses encontros, apresenta-se uma reflexão espiritual que norteia uma posterior partilha dasexperiências vividas pelas empresas, reflexões de estudiosos em Economia e momentos deperguntas e respostas. Há um intercâmbio de conhecimentos, uma instrução recíproca com ointuito de criar juntos uma cultura econômica a ser proposta no lugar da atual prática econômi-ca prevalecente, permanecendo na economia de mercado.Portanto, esses encontros são um espaço no qual dirigentes de grandes empresas junto comneo-empresários, estudantes e estudiosos de Economia – mais do que tentar entender “como”trabalhar na Economia de Comunhão – procuram aprofundar o “porquê” trabalhar de tal ma-neira: logo, mais do que know-how, trata-se de know-why.Tendo ficado claro o “porquê” de termos enveredado por este caminho, nos momentos dedecisão lembraremos como que é possível voltar às condições que muitas vezes nos permitiramdiscernir o rumo certo: tomando a iniciativa no amor, para introduzir na empresa o amorrecíproco; amor que traz do Céu até nossa empresa a atenção do nosso divino sócio escondido.Por muitas vezes, as dificuldades de cada dia suscitam preocupações que nos levam a acreditarque estamos perseguindo uma utopia irrealizável; só a confidência com o nosso Sócio, vendocomo ele age com concretude por caminhos inimagináveis, nos confirma que estamos coope-rando para antecipar a realização de uma profecia.Hoje, com efeito, é mais fácil acreditar que a EdC é uma profecia do que 12 anos atrás, quandoo projeto foi lançado. Aliás, ficou muito mais claro depois dos acontecimentos desses doisúltimos anos, que nos levam a prever um futuro muito nebuloso para o mundo, se não preva-lecer uma cultura de comunhão e de fraternidade em âmbito mundial. Mas para que esta possase afirmar, é preciso que haja homens e mulheres de boa vontade.A nós, empresários do projeto EdC nos é pedido para atuá-lo com eficácia nas nossas empresase nos relacionamentos com as outras empresas do projeto, para demonstrar que é realmentepossível viver a comunhão também na economia, confirmando que este novo comportamentoeconômico se alicerça em uma racionalidade mais ampla, que antecipa um modo de atuar quese tornará imprescindível em um futuro sustentável.

A nossa tarefa é tornar a nossa empresa um espaço de comunhão; paraisso podem nos ajudar as experiências e os desenvolvimentos particular-mente importantes que apresentamos neste fascículo e que ocorreramnos últimos anos, como o do Consórcio Roberto Tassano, de Sestri Le-vante, que emprega mais de mil pessoas; e a experiência de uma peque-na empresa africana que percorre este caminho mesmo que mergulhadaem uma difícil situação.

A nossa missão, portanto, é – principalmente na Itália – contribuir comprofissionalismo e recursos na construção do Pólo Lionello, próximo àMariápolis de Loppiano, junto com os seus mais de três mil acionistas. Oobjetivo é que, em pouco tempo, o Pólo esteja repleto de empresas queprosperem atuando na dimensão da comunhão; e que sejam uma expo-sição permanente deste novo agir econômico: que ele se torne, como oPólo Spartaco, no Brasil, um “templo leigo” desta nova cultura.Tudo o que conseguirmos fazer, com os sucessos e os fracassos dasnossas empresas, não será útil somente para nos levar a percorrer ocaminho da santidade por meio do trabalho, que Chiara nos propõe, masnos dará as premissas para construirmos os alicerces da nova visão daEconomia atual, extremamente necessária ao mundo inteiro.

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Chiara Lubich

PrêmioCidade de Castelgandolfo 2002

Castelgandolfo,13 de abril de 2003

(...) Todos conhecemos a situação atual que pesa sobre o nosso planeta:em primeiro lugar, o terrorismo. De fato, ele é conseqüência da obscuraforça do Mal, com M maiúsculo, como várias vezes advertiu João Paulo II.Mal este que convida as forças do Bem, com B maiúsculo, a entrarem emação: Deus acima de tudo e de todas as coisas que têm suas raízes nele,o modelo do espírito, dos grandes valores, da oração. Esta é a razão domaravilhoso evento de Assis, no ano passado.Mas, se um novo modo de viver, se o diálogo inter-religioso, especialmen-te com o mundo árabe, e a oração são indispensáveis para tentar contereste terrível fenômeno, mesmo assim, parece que tudo isso ainda não ésuficiente.

Sabemos que uma das suas mais profun-das causas é o desequilíbrio existente nomundo entre os países ricos e os paísespobres. É esta insuportável divisão do pla-neta em duas partes que gera ressenti-mento, vingança e manifestações de ter-ror.É preciso suscitar no mundo uma comu-nhão de bens mais justa e a solidarieda-de entre todos. Mas sabemos que os bensnão se movem sozinhos. É preciso antesmobilizar os corações, difundindo, da for-ma mais ampla possível, a idéia e a práti-ca da fraternidade; e, considerando aamplitude do problema, é preciso que hajauma fraternidade universal.A Economia de Comunhão na Liberdade,do Movimento dos Focolares, confirma issode um modo extraordinário; uma experi-ência especial de economia solidária. (...)

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Este é um agir econômico que – embora seja atuado dentro dosistema econômico vigente – caminha na direção oposta doscritérios fundamentais da economia. É proposta, aos empresári-os, uma nova linha de gestão empresarial, que coloca em açãocondutas inspiradas na nossa espiritualidade. Esta nova linhapede que o homem e os relacionamentos interpessoais sejamrecolocados no centro, evitando-se comportamentos contráriosao amor evangélico; requer a valorização dos funcionários, en-volvendo-os na gestão da empresa. Exige o respeito à ética nosrelacionamentos com os clientes, com os fornecedores, com aadministração pública; reclama, portanto, a legalidade. Requerque se dê atenção ao ambiente de trabalho e ao respeito ànatureza.

No final, mas também no início, é preciso lembrar de deixarespaço à intervenção de Deus, à sua Providência, inclusive naação econômica concreta: intervenção que só pode acontecersob a forma de uma entrada inesperada, de uma solução técni-ca genial, da idéia de um novo produto de sucesso ou, quemsabe, quantas outras formas ainda.

Chiara Lubich

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Luigino [email protected]

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Várias vezes tivemos a oportunidade de refletir naspáginas deste Noticiário sobre o significado do amorna Economia, de modo especial na EdC. Neste nú-mero, quero continuar a detalhar este tema.

A invenção da Economia foi uma grande tentativa – talvez a mais ambiciosa damodernidade – de construir a vida comum sem recorrer ao amor e às suas pala-vras características (sacrifício, sofrimento, fragilidade): de fato, o mercado foi con-cebido como a possibilidade de encontrar o outro, de receber dele o que nósprecisamos, sem passar pelo sacrifício e pelo sofrimento, por meio do paradoxo doencontro pessoal com o outro. Desse modo, o bem produzido para a troca torna-setotalmente “outra coisa” do seu produtor, torna-se uma mercadoria. Das mercado-rias, nós podemos nos libertar ou podemos adquiri-las sem colocar no fato aspalavras “elevadas” da vida em comum, sem necessidade de gratuidade, de sofri-mento, de sacrifício.Antes desta invenção, falar de vida em comum ou de comunidade significava falarde sacrifício e de sofrimento, portanto, de amor, inclusive na Economia: sem omercado ou fora dele, de fato, a passagem dos bens de uma pessoa para outra énecessariamente dolorosa: o sofrimento das guerras e dos assaltos, mas tambémo sofrimento de nos privarmos de algo para dá-lo a outra pessoa.

Este tipo de dor-amor ainda tem os seus vestígios na nossa so-ciedade, de modo especial na doação genuína e na arte.Quando um artista se priva de uma sua obra (talvez porque sejaobrigado a isso), entra no mercado e a troca por dinheiro; estatransação, se tem a ver com uma obra de arte e não com umbem de consumo, é extremamente dolorosa. É dolorosa para oartista, e isso se compreende; mas é dolorosa também para ocomprador, que sabe que adquiriu algo que jamais será total-mente seu, porque este bem está indissoluvelmente ligado aquem o produziu ou o criou.Por isso ainda hoje o “mercado da arte” não pode ser um merca-do como qualquer outro, porque a obra de arte jamais poderáser totalmente “mercadoria”, e porque o “belo” jamais poderáser completamente subjugado pelo “consumo”; embora atual-mente haja uma forte tendência neste sentido.Um amigo artista (Michel Pochet) lembrou-me que é possívelconsumir os “bens”, as coisas boas, mas as coisas belas (o “belo”)– se o forem de fato – não podem ser consumidas, porque exis-tem para sempre.Com a linguagem da Economia, eu diria que uma obra de arte –se for tal – é necessariamente um “bem público” (como um cha-fariz ou uma praça); e que, para ela, o mercado não funciona,assim como não funciona para todos os bens públicos. Bastapensar que o artista não se preocupa apenas em ganhar dinhei-ro; muitas outras coisas o atraem em troca de sua obra, comopor exemplo, o lugar onde será exposta e quem poderá vê-la.Sabemos que muitos artistas renunciaram a contratos vantajo-sos justamente porque faltava um desses quesitos.Quando um empresário, ou um trabalhador, quer assumir a co-

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munhão como razão de ser também na vida econômica, talvez semsaber, começa a experimentar algo muito semelhante ao que experi-menta um artista. Os bens (ou serviços) que ele produz começam atrazer impressos em si algo dos seus valores pessoais, possuem a mar-ca indelével da cultura que os gerou.Por isso um produto de uma empresa que atua com seriedade a pro-posta da EdC tem algo que o distingue dos outros; algo muitas vezesinvisível aos olhos da maioria, mas quem o fez sabe reconhecer e valo-rizar, porque é justamente neste “algo” que atua a sua vida de comu-nhão. Às vezes pode ser a atenção, aparentemente não remunerável,aos detalhes, ao ambiente, à confecção, à beleza dos produtos e dolocal de trabalho. Por isso a experiência de quem vive a comunhão naempresa traz consigo, assim como para o artista, o toque do sacrifício eda dor: antes, durante e depois da produção, porque tem a marca doamor, do amor recíproco, da comunhão.

Justamente por isso, como aconteceu várias vezes, umaempresa EdC é um lugar no qual quem entra podeexclamar “que belo!”; exclamação rara para a Econo-mia, mas normal se também a vida econômica for con-cebida de tal forma. Como as obras de um artista, oambiente de trabalho das empresas EdC e, numa certamedida, também os seus produtos, têm a vocação aser um “bem público”, ou seja, ser um bem cuja utili-dade ultrapassa o consumo individual, porque, comotudo o que é feito por amor, esses bens têm uma mar-ca que dura no tempo; e a recompensa que o empre-sário EdC espera em troca do seu produto não é ape-nas monetária, mas exige mais que um contrato usuale, simultaneamente, exige menos.Por que tudo isso? A resposta é simples se pensarmosque um bem econômico não é algo morto, mas é umfato totalmente humano, é o resultado de relaciona-mentos humanos, portanto, não pode ficar alheio àqualidade desses relacionamentos que o criaram.

No entanto, tudo isso requer sacrifício, sofrimento,fragilidade, amor, justamente as palavras que – porserem tão elevadas e exigentes – foram eliminadasda Economia na modernidade. A proposta da EdC,porque emana de um carisma, quer levar o empre-sário, o trabalhador e, em certos casos, o consumi-dor a provarem algo semelhante ao que experimen-ta o artista quando cria. Por esta razão os seus ato-res estão bem conscientes de que atuar a Economiade Comunhão é muito árduo, talvez, heróico. Maseles sabem que é possível: «Depende de mim, devocê, se coisas semelhantes acontecerem ou não emnossos campos de ação. Vamos fazer de tudo paraque aconteçam».

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Geneviève [email protected]

Recebemos esta cor-respondência de Gene-viève Sanze, focolarinada Costa do Marfim.Em 2002 falamos sobrea sua tese defendida naUniversidade de Abid-jan, com o título “O im-pacto sobre o gerencia-

mento na experiência da Economia de Co-munhão”.Neste último ano, Geneviève viveu com o seu povoa difícil situação da guerra civil em seu país, quandoa Mariápolis do Movimento dos Focolares, chamadaMariápolis Victoria, embora não tivesse defesas es-peciais, tornou-se um refúgio contra os perigos doscombates.Apesar de tudo, Geneviève acredita no projeto daEconomia de Comunhão e o difunde em seu país.Agora nos envia este depoimento.

Ontem conversei com Marcelle, uma voluntária doMovimento, que nasceu em Man, na região daMariápolis Victoria. Atualmente Marcelle está emAbidjan e não pode voltar à sua casa, no Oeste,porque esta região ainda está ocupada pelos rebel-des.Marcelle estava presente quando, no ano passado,apresentei o projeto da Economia de Comunhão naMariápolis Victoria.Ela é uma pequena empresária do setor agrícola,isto é, tem um terreno no qual, com a ajuda dealguns lavradores, cultiva diversos produtos paramanter sua família. Conversou comigo para saberse havia entendido bem como conduzir a sua ativi-dade segundo os princípios da Economia de Comu-nhão, e disse: «Gostei da Economia de Comunhão,mas como não pude estudar, gostaria que você medissesse se entendi corretamente. Gosto da perfei-ção no trabalho e, antes de ouvir falar sobre a EdC,eu estava sempre chamando a atenção dos meusempregados, mostrando-lhes que o trabalho não erabom, que não respeitavam o horário e assim pordiante.Escutando sobre a Economia de Comunhão, embo-ra não entenda bem o “francês grande”, pareceu-me compreender tudo o que você me disse: ficou-me impresso de um modo especial a cultura da par-tilha, transformar o meu ambiente de trabalho emuma família e colocar no primeiro lugar a pessoahumana.Ao voltar para casa, procurei entender melhor como

viver esses valo-res com os meusempregados. Lo-go no primeiro diaprocurei escutá-los, dar-lhes con-fiança e amá-loscom concretude,por exemplo, dan-do-lhes o que co-mer…Eles, então, co-meçaram a mecontar sobre suasvidas e suas difi-

culdades. Um deles, por exemplo, disse que em sua casasó havia uma esteira e quando fazia frio, não tinha nadapara se cobrir. Pediu-me que, se eu tivesse um pedaço depano, me lembrasse dele. Dei-lhe, então, uma cobertaque usava para mim.Um outro empregado, que não tem família, disse quenunca havia encontrado alguém que se interessasse porele; agradeceu-me pelo amor que estava lhe dando, quelhe devolveu a alegria de viver…».

Marcelle estava admirada com a transformação que ocor-rera em seu ambiente de trabalho: agora seus funcioná-rios trabalhavam com responsabilidade, sem necessida-de de serem repreendidos, pelo contrário, passaram achegar antes da hora.

«Um dia em que não deveriam trabalhar – continuou ela– todos vieram. Fiquei perplexa, mas deixei que traba-lhassem. No fim do dia fui pagá-los, mas não quiseramreceber, pois aquele não era um dia de trabalho; tinhamvindo, porque a ‘horta deles’ precisava. “A horta é nossa,vamos voltar nos dias de trabalho e você, então, nos pa-gará, mas não hoje”».

Marcelle ficou realmente impressionada com o amor e osenso de responsabilidade dos seus colaboradores, queagora considera ‘verdadeiramente seus filhos’. Ela meprocurou para confirmar se, mesmo não entendendo per-feitamente o “francês grande”, era assim que deveria vi-ver em seu trabalho a graça da EdC.Eu quis contar-lhes esta experiência que, para mim, foiuma confirmação de que realmente a Economia de Co-munhão é uma obra de Deus; e que para colher a suaessência não precisa muitos estudos (embora importan-tes), se estivermos prontos a transformá-la logo em vida.Marcelle não pode voltar à sua região, mas sabe que oseu terreno está sendo cultivado com amor pelos seuscolaboradores.

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André [email protected]

24 de novembro: retomou-se a prática dos encontrosde aprofundamneto espiritual e cultural da Economiade Comunhão. Durante o congresso internacional deCastelgandolfo, em 5 de abril de 2001, Chiara Lubichlançou a proposta de “criar escolas para empresários,economistas, professores, estudantes de Economia epara todos os membros das empresas». Assim, no dia28 de novembro de 2001, em Milão, aconteceu a pri-meira “aula”. Seguiram-se outros três encontros (25 dejaneiro, 25 de março e 27 de maio de 2002).

Agora recomeça uma nova série com o quinto encon-tro. Na introdução, Alberto Ferrucci ilustrou dizendo quePiacenza foi escolhida porque favorece a participaçãodas pessoas do Norte e do Centro da Itália (chegaramao Auditorium da Expo mais de 120 pessoas doPiemonte, Liguria, Lombardia, Veneto, Marche, Tosca-na, Lazio e Emília-Romagna). Piacenza foi escolhidatambém porque a EdC foi “acolhida” nesta cidade deum modo todo especial (desde um primeiro congresso,em 1996 até a outorga do título de doutor honoris cau-sa a Chiara, em 1999).

Esses encontros – esclareceu ele – podem ser defini-dos como workshops, nos quais nos reunimos para es-cutar um discurso espiritual que serve de alicerce paraa partilha das experiências vividas nas nossas empresase para reflexões de estudiosos de Economia, além demomentos de perguntas e respostas, nos quais nos ins-truímos reciprocamente: tudo isso com o objetivo decriarmos juntos uma cultura econômica de comunhãoa ser proposta à economia de mercado como alternati-va à cultura econômica atual. Portanto, aqui todos so-mos docentes e estudantes; grandes empresários, jo-vens iniciantes, estudantes e estudiosos de Economia.Mas, sobretudo, não participamos dessas aulas paraaprender o know-how, ou seja, como atuar na Econo-mia de Comunhão, mas para recordar o know-why, o“porquê” de se trabalhar na EdC.

Bruno Venturini, um dos primeiros focolarinos, atual-mente encarregado de acompanhar o aspecto da Eco-nomia do Movimento dos Focolares, apresentou a pa-lestra espiritual centralizada na “Arte de amar: ser osprimeiros”. Uma das imagens utilizadas pode ser aquirecordada: “se duas pessoas estão distantes cem pas-sos uma da outra e querem se encontrar no meio docaminho, cada uma delas pode dar 50 passos. Mas seuma das duas dá apenas um passo e a outra querencontrá-la do mesmo jeito, porque lhe quer bem, devedar os 99 passos. Eis como amar primeiro: jamais sedeve contar os passos nem calcular as distâncias, mastomar a iniciativa de ir ao encontro do outro”.

Giovanni Mazzanti, consultor empresarial de Bolonha,coordenou a mesa redonda: foram apresentadas al-gumas experiências de empresários (Tullia e LuigiNodari, proprietários de um hotel à margem do lagode Garda, Gualtiero Palmieri e Rina Santoli, sócios prin-cipais de uma atividade comercial aos pés dos ApeninosEmilianos). Além disso foi exposto o desenvolvimentodo Pólo Lionello, por meio de uma série de perguntase respostas feitas a Cecilia Mannucci, uma das admi-nistradoras responsáveis, e a Alberto Frassineti, mem-bro do Conselho de Administração da E. di C. spa (verp. 10).

Após o intervalo, Luigino Bruni propôs a reflexão «“Noamor o que vale é amar”. Gratuidade, desinteresse ereciprocidade». Foram focalizadas duas característi-cas da lógica de quem acredita no valor de tomar ainiciativa no amor: quem age dessa maneira «atribuium valor intrínseco, isto é, em si, ao ato de amar (noamor o que vale é amar), que o leva a agir dessemodo inclusive quando não espera a resposta do ou-tro. (…) Dito isso, logo acrescento que quem vive umacultura de comunhão sabe que a sua ação não é per-feita enquanto o outro não responde».

O momento de diálogo contou com a participação devárias pessoas: emergiram também problemas, aspec-tos sobre os quais é necessário aprofundar a avalia-ção. Como concluiu Bruno Venturini, realmente cadaum levou consigo o compromisso de viver para en-contrar pessoalmente “soluções” a serem propostasaos demais, quem sabe já para o próximo encontroem 26 de janeiro de 2004.

Os temas dos quatro primeiros encontros

28.11.2001, Milão“Deus é Amor”, de Enzo Fondi“O Amor-Ágape na vida econômica”, de Luigino Bruni

20.01.2002, Milão“A vontade de Deus”, de Enzo Fondi“A vontade de Deus na vida econômica”, de BenedettoGui

25.03.2002, Milão“O nosso texto: o Evangelho”, de Enzo Fondi“Evangelho e Economia: qual é o espaço dagratuidade?”, de Benedetto Gui

27.05.2002, Milão“O Amor, síntese de todas as palavras ( a arte de amar),org. por Enzo Fondi“A arte de amar – discurso prático”, de Luigino Bruni

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Falamos do Pólo Lionello nas edições anteriores. Ele sur-giu como complemento de Loppiano, uma cidade doMovimento dos Focolares próxima a Florença, por von-tade de Chiara Lubich, graças aos empresários e aosacionistas da Sociedade Anônima E. di C. S/A, empre-endedora e administradora do mesmo. O objetivo do Póloé dar um testemunho visível do projeto da Economia deComunhão na Itália. Além das empresas que ali se ins-talarão, o Pólo absorverá o relacionamneto com asdesmais empresas que o terão como referência.Por ocasião da Escola de Empresários, realizada emPiacenza, em uma conversa com Cecilia Mannucci, umadas administradoras da E. di C. S/A, e com AlbertoFrasssineti, um de seus conselheiros, perguntamos quaissão as perspectivas sobre a conclusão do Pólo e algu-mas notícias sobre o andamento da empresa.

A E. di. C. S/A no ano passado efetuou dois aumentosde capital chegando a um total de três milhões de Euros,totalmente subscritos. Recentemente lançou mais umaterceira subscrição, para alcançar cinco milhões de Eurosde capital. Por que foi necessário este novo aumento?A adesão imediata de muitas pessoas nos confirmou ovalor da idéia do Pólo: a impossibilidade de atender atodos os pedidos de subscrição e o interesse demons-trado pelas empresas de se transferirem para lá impulsi-onaram o aumento de capital. O Pólo foi concebido eestudado como uma estrutura modular e flexível, quepode oferecer superfícies úteis de ocupação variáveisentre 7.400 m2 e 11.400 m2. O projeto permite a coexis-tência de empresas industriais, artesanais, comerciais ede serviços, com locais de uso comum, que faz um totalde 8.500 m2. Somando os custos normais de construçãopor metro quadrado dos diferentes tipos previstos(galpões industriais, artesanais, escritórios, etc.) ao cus-to do terreno, da urbanização, da área verde e de trân-sito, chega-se a cinco milhões de Euros. (A. Frassinetti)

Como vocês estão administrando o capital arrecadado eainda não utilizado?Nós o investimos em produtos do mercado financeiro,que oferece rentabilidade máxima compatível com a tu-tela do capital; receita essa necessárial para enfrentaras despesas de administração e de captação do capital.(Cecilia Mannucci)

O projeto é belo, mas exigente do ponto de vista finan-ceiro, portanto, para cobrir as despesas, provavelmentevocês terão que cobrar das empresas um aluguel muitoalto.Belo não significa necessariamente rico: pode-se cons-truir bem, levando em consideração a beleza e a digni-dade de quem vai trabalhar, sem gastar demais. É o queacontece com a nossa estrutura, que tem um custo infe-rior àquela mais normalmente mais utilizada nos galpõesindustriais.O aluguel será cobrado das empresas de acordo com amédia do mercado da região, que hoje varia entre 5 e 8Euros por metro quadrado ao mês, de acordo com o tipode construção. Calculamos que esta receita irá cobrir asdespesas operacionais, deixando uma margem de lucro;o que será um resultado considerável. Geralmente Póloscomo este surgem por meio da iniciativa pública, comgrandes investimentos a fundo perdido e contribuiçõescomunitárias. (Cecília Mannucci)

Que planos vocês têm para garantir um balanço sau-dável nos primeiros anos, quando nem todos os es-paços serão ocupados e, portanto, a entrada com osaluguéis será limitada? Há previsão de outros tipos dereceitas para o Pólo?Várias atividades estão sendo estudadas pela equipeque se ocupa do estudo de viabilidade: serviços a se-rem prestados às empresas do Pólo e àquelas da re-gião, a comercialização dos produtos das empresas EdC,promoção de congressos e cursos de formação utilizan-do as salas e dependências do segundo andar do Pólo,inclusive para terceiros. (Alberto Frassineti)

Quando serão iniciadas as atividades das empresas equando o Pólo estará funcionando em equilíbrio? A cons-trução será totalmente concluída, embora alguns espa-ços não serão utilizados por vários meses? É conveni-ente?A Prefeitura de Incisa in Valdarno aprovou o projeto eagora estamos a espera do parecer da Superintendên-cia das Belas Artes. Prevemos que os trabalhos vão co-meçar no primeiro semestre de 2004 e, ainda em de-zembro do mesmo ano, esperamos concluir as estrutu-ras externas, para podermos receber as primeiras em-presas em agosto de 2005.Considerando o tipo de estrutura e a sua dimensão li-mitada, dividir a construção em etapas ao longo do tem-po comportaria um custo mais elevado do que cons-truir em uma única etapa, sem considerar os transtor-nos que seriam provocados às empresas já instaladasno Pólo em construção. (Alberto Frassineti)

Quantas empresas estão previstas no Pólo?Na fase de projeto, 26 empresas manifestaram o inte-resse de se instalarem ali. Tendo sido aprovado o proje-to definitivo, que prevê a instalação de atividades in-dustriais, artesanais, comerciais e de serviços, retoma-mos o contato com os interessados e 11 empresas con-firmaram a intenção de instalarem-se no Pólo, utilizan-do 30% da área disponível. Consideramos que até 2006o Pólo possa estar completamente ocupado. É maravi-lhoso ver esses empresários dispostos a arriscar paraestar presentes, assistir à determinação e “consciênciaempresarial” com a qual estão organizando a própriainserção no Pólo. (Alberto Frassineti)

Em que ponto está a nova campanha de subscrição deações para o aumento do capital?Até o momento foram subscritas ações em um valoraproximado de 3.600.000 Euros. Até 28 de fevereiro de2004, esperamos chegar à casa dos 5 milhões de Euros.Preparamos material de divulgação como, por exem-plo, o vídeo “Polarizemo-nos” que, em poucos minutos,traça as etapas da nossa história; e o CD que apresentao projeto no seu aspecto mais técnico (ambos podemser encomendados à E. di C. S/A). Muito além da com-preensão “racional”, embora necessária, entra em cenaa compreensão “profética” da EdC; a vontade de acei-tar o desafio, o desejo de escrever com a própria “ade-são do coração”, que leva os acionistas a se tornaremprotagonistas, construtores da Economia de Comunhão.(Cecilia Mannucci)

[email protected]@edicspa.com

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A cidade de São Paulo é realmente imensa. Fazmais de meia hora que estamos percorrendo umaavenida, a uma boa velocidade, entre colinas decasas de alvenaria de um ou dois andares que des-pontam aqui e ali, muitas delas inacabadas e ne-nhuma pintada, entremeadas por amplos terrenosabandonados.Aos poucos as construções, e também o trânsito,se tornam mais intensos, quando a avenida come-ça a margear um canal nada atraente, que o Go-verno está trabalhando para despoluir. Enquantome leva do aeroporto a Vargem Grande Paulista,onde se encontra a Mariápolis Ginetta, foi espontâ-neo perguntar à minha gentil motorista o que sefaz, aqui, pelos pobres no âmbito do projeto EdC.

A distribuição da ajuda é o último elo da ca-deia que, no extremo oposto, tem a subscri-ção das ações dos pólos e o compromisso detrabalho de quem atua nas empresas ligadasao projeto. Mas é um elo crucial, que contri-bui a dar significado a todo o resto.Todos nós que estamos envolvidos nesta atividadeextremamente delicada somos convictos disso. Por-que não se trata apenas de chegar à pessoa certae dar prioridade às exigências mais importantes, oque não é fácil quando as necessidades são muitase urgentes. Trata-se de fazer com que a ajuda sejaparte de um relacionamento de fraternidade quenão tolera posições de inferioridade e de superiori-dade, porque vê o outro como um “outro eu”, comoirmão, e isso é possível porque são pessoas quesabem partilhar.

Significa que são vocês que oferecem a aju-da, e não ao contrário, quem precisa apre-senta um pedido?Podem acontecer as duas coisas, mas não é raroque, embora as necessidades sejam urgentes, opedido não chega; somos nós que temos que per-ceber as diversas situações. Em parte, isso se deveao fato de que são pessoas habituadas a pensarantes nas necessidades dos outros; ou então por-que não é fácil aceitar que precisam de uma ajuda.Por isso procuramos usar a máxima delicadeza ereserva.

Vocês não têm medo de que esta ajuda pos-sa cair em assistencialismo, que alguém seaproveite da generosidade dos outros ou nãoassuma suas responsabilidades?

Algumas vezes tivemos a impressão de que pode-ria existir este risco: alguma despesa não necessá-ria ou uma certa expectativa de que “outros” deve-riam suprir as necessidades dos filhos… Em certoscasos basta conversar, dizendo de onde vem essedinheiro e quantas outras pessoas poderiam estarprecisando. Mas, por sorte, é mais freqüente o con-trário: quando a pessoa ou alguém da família en-contra um trabalho logo nos informam que não têmmais necessidade; ou então que a pessoa ajudada,uma vez que consegue abrir um pequeno negóciopróprio, passe a contribuir; ou ainda que pessoasajudadas repartam o que receberam com outraspessoas necessitadas.

A ajuda é destinada, acima de tudo, aos“membros da família”, a quem vive aespiritualidade da unidade. Vocês não têm aimpressão de que isso seja um limite na aber-tura em relação a todos?Pode parecer um limite o fato de que a ajuda sejadestinada antes aos “membros da família”, mas aocontrário, é extremamente positivo, porque comquem vive a espiritualidade da unidade é possívelse fazer a profunda experiência de “dar” as própri-as necessidades e “receber” a ajuda na dinâmicada comunhão. É uma experiência que se apresentaeficaz em um pequeno modelo, como um laborató-rio, e que poderá se multiplicar, assim como na se-mente está contida toda a planta.Acredito que a EdC é uma experiência que se apre-senta válida justamente porque é uma mi-crorrealização que, no futuro, poderá assumir umamacrodimensão, como modelo inovador. Além domais, observamos que este espírito dá um novosentido ao trabalho: instaura a igualdade entre to-dos, a fraternidade universal, protótipo da culturado amor.

Começamos a nos afastar da região mais densa-mente povoada, passando por uma série de pe-quenos bairros que surgiram ao longo da estrada,lugares que sabem bem o que é a pobreza.Continuo a pensar que a distribuição da ajuda vaicontinuar a ser a parte mais delicada do projeto,mais do que a gestão e o equilíbrio econômico dasempresas (o que não é pouco), e que deverá sercada vez mais objeto de uma contínua atenção, dediscussões, e que será necessário avaliar os critéri-os a serem seguidos. Mas tenho a consoladora im-pressão de que a experiência dá certo, que a ajudaeconômica chega ao destino por meio de uma ca-deia ininterrupta de relacionamentos vividos nafraternidade, na proximidade, na valorização dascapacidades das pessoas ajudadas e no respeito peladignidade de cada um.

Entrevista com Margi,da Mariápolis Ginetta, sobreum elo importante e delicadodo projeto EdC: a distribuiçãoda ajuda.

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Deus tem um plano de felicidade para todos

Voltamos para casa

Estar ao lado de quem precisa

No mês que vem, serei mãe

Carla Bozzanie-mail: [email protected]

Uma dificuldade ainda maior

Não sei como agradecer

Jamais havia nos faltado algo

Publicamos trechos de cartas enviadas por pessoas que participam do projeto EdC aceitando receber ajuda para suprir algumasnecessidades materiais, ajuda decorrente dos lucros das empresas EdC e da contribuição pessoal dos membros do Movimento dosFocolares.

Recebo ajuda da EdC há cinco anos e, graças a estaajuda, hoje estou no segundo ano da faculdade. Paramim, participar da EdC é muito mais do que receberajuda para as despesas mensais. Todos os meses quan-do chega o envelope endereçado a mim, renovo a con-vicção de que Deus tem um plano de felicidade paracada um de nós; porém, nos criou livres, deixando-nos a responsabilidade pelas nossas ações.No fim do ano passado tive a oportunidade de apre-sentar a EdC aos meus colegas e professores. Poucoantes nos havia sido pedido o trabalho de aprofundaruma questão ambiental e idealizar e propor um proje-to com soluções concretas. Uma colega e eu decidi-mos avaliar um dos maiores problemas ambientais,que é a pobreza e a desigualdade social; e como res-posta e solução, apresentamos o projeto da EdC.(Croácia)

Encontrei um modo de ir à escola

Um dia, tendo muitos problemas, inclusive de saúde,partilhei tudo com alguém; logo depois encontrei ou-tra pessoa que me falou de suas dificuldades, muitomaiores que as minhas, porque tinha uma filha doen-te e não tinha dinheiro para comprar os remédios. Eudispunha apenas do necessário para as minhas neces-sidades, mas dei-lhe tudo o que tinha, confiando queDeus sabia e acreditando na Sua providência. No diaseguinte, a sua resposta chegou mediante a ajuda daEdC, que ainda estou recebendo. Agradeço a Deus di-ariamente a sua ajuda, que chega justamente quandomais estou precisando. (Brasil)

Nunca havia faltado nada à minha família, mas no anopassado, repentinamente, perdemos tudo. Agora morosozinha e o meu salário não é suficiente para o trata-mento que devo fazer: faltou-me até o mínimo para aalimentação. Recebia a ajuda como um presente deDeus, que me deu o que comer.(Brasil)

Não sei como agradecer a ajuda que chega justamen-te quando não temos mais nada em casa para comer.Fui abandonada por meu marido e o meu salário ter-mina no meio do mês. Portanto, esta ajuda é realmen-te útil para providenciar o necessário aos meus cincofilhos.(Brasil)

Obrigado por nos ter ajudado a sepultar meu pai comdignidade.(Paquistão)

Leite que parece ouroUm dia eu estava muito preocupada porque não tinhaleite para os meus filhos. Inesperadamente me deramum pacote. O que havia dentro dele? Leite! Tive aimpressão de ter achado ouro! Senti o amor de Deusque amava com delicadeza, vindo ao encontro de mi-nhas necessidades. Só ele sabia daquela situação.(Brasil)

Precisei fazer uma cirurgia após um aborto natural: eraa segunda vez que Deus me pedia para dar-lhe de vol-ta uma criatura sua. Foi difícil fazer esta oferta, mas acriança sofria de uma mal formação grave e, talvez,por isso, Deus quis me poupar este sofrimento, em-bora eu desejasse muito ser mãe. Com a ajuda recebi-da pude fazer um tratamento e, no mês que vem, vouser mãe. Todos os exames deram um resultado normale o médico que me acompanha está satisfeito com oandamento da minha gravidez.(Paquistão)

O que recebemos é uma grande ajuda para nossos fi-lhos, dos quais dois freqüentam a universidade. Depoisde termos passado 10 anos vagando por várias cida-des, finalmente podemos voltar para a casa onde mo-rávamos antes da guerra. A casa estava destruída, den-tro dela cresceu o mato e até árvores… mas graças àProvidência recebida, pudemos torná-la habitável. Ésimples, mas é nossa e agora está à disposição de to-dos. Daqui a pouco vamos nos mudar, com um certoreceio, pois ali tudo ainda fala de ódio, mas temos nocoração a luz e a alegria que recebemos da espiri-tualidade do Movimento.(Croácia)

Por causa da crise econômica de nosso país, meu ma-rido, que tra-balhava como contador, perdeu o empre-go. Fizemos muitas dívidas que não conseguíamos pa-gar nem mesmo depois de termos hipotecado a casa.Com a ajuda da EdC quitamos as dívidas mais urgentes,ao mesmo tempo entendemos que deveríamos nosmanter fiéis ao nosso orçamento e partilhar nossasnecessidades, fazendo a experiência de estar ao ladode quem precisa. Os nossos filhos fazem alguns traba-lhos que lhes dão a possibilidade de cobrir suas despe-sas e nós experimentamos o amor por meio das pesso-as que nos rodeiam.(Argentina)

Pedi ajuda à minha família e aos amigos, mas ninguémpodia me ajudar a pagar a escola. Bati em muitas por-tas de escolas da Província de Lahore, mas nenhumase abriu… fiquei desesperado. Agora chegou o cêntuploe fui aceito em uma boa escola que me dará a chanceinclusive de trabalhar.(Paquistão)

Sepultar com dignidade

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Um profundo senso de solidão

O período de maior provação

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A alegria de assistir a minha mãe

Com a ajuda recebida, tive a alegria de poder fazer tudoo que foi necessário por minha mãe, que estava comum tumor e precisava de muitos cuidados. Eu a acom-panhei a uma outra cidade para continuar o tratamentoe, toda vez que parecia ser necessário interrompê-lopor falta de recursos, pedia a Providência e chegava aajuda como um dom da Providência. Mamãe partiu parao Paraíso, onde esperava por ela o amor de Deus, quetambém eu experimento, porque me deu todas as con-dições de fazer o que precisava ser feito por ela.(Brasil)

Na nossa pequena cidade da Croácia, a guerra devas-tou muitos co-rações e levou muitas famílias ao limiteda sobrevivência, inclusive a nossa. Meu marido adoe-ceu psiquicamente e começou a beber. Minha filha es-tava para começar a faculdade, mas com nosso grandesofrimento teve de renunciar, por causa da situação decasa.Eu achava que, ao final da guerra, tudo voltaria ao nor-mal, ao invés, estava para começar a maior provação.Um dia, meu marido, que es-tava bêbado, bateu emmim e fiquei inválida, agora só consigo fazer pequenostrabalhos de limpeza esporádicos.Todas as vezes que recebo a ajuda, digo à minha filhaque não esta-mos sozinhos: existe um Deus que nos ama.(Croácia)

Pagar as contas de luz e de gásFoi maravilhoso ter recebido! A providência chegouna hora certa, justamente quando estavam para noscortar a água, o gás e a luz, porque fazia meses quenão conseguíamos pagar as contas que, em nossopaís, são muito altas. Experimentamos que somosuma única grande família e podemos testemunhar atodos o amor imenso e pessoal de Deus.(Colômbia)

Sem esta ajuda teria sido muito difícil para mim conti-nuar os estudos. Neste mercado livre que promove aconcorrência a um grau excessivo, onde nada é gratuitoe tudo, ao invés, é objeto de troca, experimento umprofundo senso de solidão. A Economia de Comunhão érealmente revolucionária, totalmente sobrenatural e re-alizável, porque a pobreza poderá ser superada graçasàs empresas da Economia de Comunhão, que colocarãoem comum o lucro obtido.(Chile)

Passaram-se dez anos desde que foi defendida aprimeira tese de conclusão de curso sobre a EdC,escrita em junho de 1993 por Rita Baldacchino Borg,de Malta. Assim também o nosso arquivo está co-memorando dez anos de atividade.No decorrer do tempo, recebemos 105 teses de con-clusão de curso, embora provavelmente muito maistenham sido defendidas. Considerando que cadatese defendida, da qual não recebemos notícia, re-presenta uma verdadeira “perda” para o aprofunda-mento da EdC, convidamos quem estiver elaboran-do uma tese a partilhar o próprio trabalho quandoestiver concluído. O procedimento é muito simples:basta preencher o modelo abstract acessível no sitewww.ecodicom.net e enviá-lo junto com a tese parao endereço:[email protected]

As ultimas dez teses que recebemos demonstramcomo está amadurecendo a contribuição teórica queos formandos estão dando ao estudo da EdC. Apósum período em que prevaleciam as teses de descri-ção e divulgação do projeto, hoje, cada vez mais,esses trabalhos estudam tecnicamente os resulta-dos que a EdC produz dentro das empresas: a res-ponsabilidade social das empresas, a presença do“Capital intangível” em seu interior, o valor todonovo atribuído aos “Recursos Humanos”, a catego-ria dos “bens relacionais” que, por si só, consegueexplicar alguns comportamentos econômicos.Depois de terem ressaltado esses aspectos, passa-ram à tentativa de “mensurá-los” com instrumen-tos como o Balanço Social, o Balanced Scorecard,o Balanço do Capital intangível. Para este fim, osestudiosos valeram-se da colaboração dos empre-sários, oferecida por meio de questionários ou me-diante estudos de casos empresariais. Em um des-ses casos, chega-se a tratar de um ponto muitodifícil: a questão jurídica derivada da doação dolucro. Não faltam teses que inserem a EdC no ce-nário mundial, ressaltando a sua validade potencialpara contribuir na solução das graves problemáti-cas de desigualdade econômica e social.

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Diploma em Economia EmpresarialUniversidade Luigi Bocconi de Milão24 de abril de 2002

Tese em Organização das Empresassem fins lucrativosO Balanço Social: teorias e mo-delos econômico-empresariaisOrientador:Giorgio Fiorentini

Maria Grazia CampeseO objetivo da tese é difundir a consciência de que a empresa,antes de ser uma organização econômica, é uma organizaçãosocial, e que o lucro em si não é mais suficiente para expressara ação de uma empresa.O balanço social é o instrumento que mede aqueles “valores”de determinadas empresas que prescindem do lucro econômico.A empresa da EdC é apresentada como um caso significativo deempresa em condições de conjugar a eficácia econômica comum estilo de gestão empresarial marcado pela abertura ao pró-ximo e aos valores éticos: uma boa parte da tese consistiu emintroduzir na demonstração social o Consórcio de CooperativasSociais “Roberto Tassano”.Emerge a importância de gerir os bens identificados como bensrelacionais, que se revelam de extremo significado na vida daempresa EdC, pois trata-se de buscar os instrumentos que aju-dem a torná-los parte fundamental da governança.

[email protected]

Diploma em Economia e ComércioUniversidade Federico II,de Nápoles10 de julho de 2002

Tese em Metodologias e determinaçõesquantitativas da empresaO sistema informativo nas em-presas EdCOrientador:Mario di Sarno

Caterina Ferrone O objetivo da tese nasceu da solicitação dos próprios empresá-rios de que fosse identificado um instrumento capaz de “captu-rar” o “capital intangível” da empresa, aspecto relevante e ca-racterístico das mesmas: o estudo desembocou com naturali-dade na análise do caso empresarial “Unilab”.Dele emergiu que a Unilab, paralelamente ao balanço econômi-co, traçou um balanço social para identificar toda a riqueza deexperiências amadurecidas ao longo desses anos de trabalho,que nem sempre é possível exprimir por meios estritamenteeconômicos. Para completar, foi proposto à empresa a aplica-ção de um instrumento para o controle estratégico: a “BalancedScorecard”. Ele consiste em um sistema de indicadores de sín-tese voltado a exprimir o grau de alcance dos objetivos da em-presa, pela demonstração, lado a lado, dos dados econômicos ecom índices quantitativos e qualitativos, aos quais é atribuídoigual valor. Especificamente para a Unilab, foram monitoradassete perspectivas da empresa: a perspectiva do cliente, da ino-vação e do aprendizado, dos recursos humanos, a perspectivaeconômica-financeira, a perspectiva interna e a da comunica-ção.

O objetivo da tese é avaliar se a Economia de Comunhão podeser aplicada no sistema econômico global de um país, seja elecapitalista ou socialista. Após uma profunda análise das “fa-lhas” encontradas nos dois sistemas, chega-se à conclusão deque a Economia de Comunhão poderia ser aplicada nos doiscasos com sucesso. De fato, se muitas empresas adotassem aEconomia de Comunhão, a mentalidade da maioria das pessoasmudaria, com vantagem para a qualidade dos produtos e parao respeito à dignidade do homem. A aplicação da EdC não devese tornar motivo de “indolência” para quem é beneficiado coma sua ajuda. Seria necessário que os governantes exercessemum empenhativo papel de “difusores” e “divulgadores” da EdCcomo alguns já fizeram no passado, na Europa e no Brasil; eque as próprias empresas também assumissem esse papel. Noâmbito da tese, foi estudado o caso da empresa EdC Avicom,da República dos Camarões, especializada na produção de ovose de frangos.

[email protected]

Diploma em Ciências Bancáriase FinanceirasUniversidade de BueaRepública dos Camarões15 de julho de 2002

Tese em Ciências FinanceirasO significado da Economia deComunhão para um paísOrientador:Mr. Ntamack EricLíngua: inglês

Yves Cesaire Santounga

A tese apresenta o projeto EdC como uma atuação econômicaalternativa, analisando suas origens, seus desenvolvimentos eseus objetivos; portanto, analisa os instrumentos utilizados pe-las empresas EdC para comunicar a própria responsabilidadesocial. Por fim, apresenta o caso de duas empresas, das quaisfoi analisada a estrutura do balanço social, ressaltando como oprojeto EdC influencia a sua elaboração: a empresa é conside-rada uma única realidade na qual, porém, são frisados seteaspectos de igual importância e relacionados entre si.A empresa EdC busca criar uma comunidade de trabalho cujosrelacionamentos são alicerçados na comunhão, na comunica-ção e na cultura da partilha, estilo que, em seguida, é transmi-tido para fora da empresa. A utilização do balanço social pode-ria favorecer o alcance da massa crítica, tornando-se assimnecessário para que a EdC se torne “contagiosa”.

[email protected]

Diploma em Economia e ComércioUniversidade dos Estudosde Bergamo17 de julho de 2003

Tese em Contabilidade Geral e AplicadaA responsabilidade social dasempresas que aderem ao pro-jeto EdCOrientador:Prof. Gianfranco Rusconi

Laura Merla

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A tese começa delineando um quadro da problemática da po-breza e do subdesenvolvimento mundial, com referência àsregiões tradicionalmente consideradas “em via de desenvolvi-mento”. Sucessivamente trata de quatro temas fundamentaispara uma globalização “com rosto humano”: a introdução deum freio ao fluxo da finança especulativa, a solução da ques-tão da dívida externa dos países mais pobres, a equidade nasrelações comerciais internacionais e, por fim, a potencializaçãoda cooperação internacional.A responsabilidade da atuação dessas medidas cai sobre acomunidade internacional, ou melhor, sobre a comunidade dasnações mais desenvolvidas. Fundamentando-se na idéia deque também a sociedade civil pode ter um papel ativo na cons-trução da nova democracia econômica internacional, são exa-minados os instrumentos de que esta comunidade dispõe, en-tre os quais, de modo especial, a economia solidária. Por fim,leva-se em consideração a EdC na qualidade de um projeto deeconomia solidária totalmente peculiar e rico de poten-cialidades.O trabalho demonstra que a EdC tem em si todas as condiçõespara contribuir na luta contra a pobreza e a desigualdade:deseja-se, portanto, que, ao lado da atuação das medidasinternacionais acima mencionadas, haja uma maior difusãono mundo do projeto EdC, especialmente nos países menosdesenvolvidosMarco Paglicci

[email protected]

Diploma em DireitoUniversidade dos Estudos de Trento30 de outubro de 2002

Tese em Direito ComercialEconomia de Comunhão e for-mas organizacionais compatí-veisOrientador:Dr. Emanuel Cusa

Maria Israel Autieri A legislação italiana identifica as sociedades de capital comofinalizadas à obtenção do lucro; um objetivo altruísta é consi-derado característico de outros tipos de organizações coleti-vas, ou seja, entidades sem fins lucrativos.A tese analisa quanto as soluções adotadas pelas empresasde Economia de Comunhão estão de acordo com a legislação,em relação à partilha do lucro em três partes, com especialatenção à solução transcrita no Estatuto da E. di C. S/A. Eladestaca a forma como uma sociedade pode validamente cons-tituir reservas estatutárias às quais destina uma parte do lu-cro, mesmo quando tais reservas visam objetivos altruístasem senso lato, sem que, assim procedendo, entre em con-traste com a finalidade lucrativa característica da sociedadede capital, e sem considerar este fato uma mera liberalidade,mas uma ação gratuita orientada para satisfazer o objetivosocial.As conclusões partem de uma jurisprudência sancionada porum tribunal que estabelece que as decisões tomadas pelasempresas EdC, desde que em harmonia com o objetivo social,e com todas as conseqüências econômicas que isso compor-ta, essas ações devem ser entendidas como naturais e nãocomo liberalidades, portanto, compatíveis com os objetivos daempresa.

[email protected]

Diploma em EconomiaUniversidade dos Estudos de Lecce19 de fevereiro de 2003

Tese em Técnica industrial e comercialÉtica da empresa: a experiên-cia da Economia de ComunhãoOrientador:Prof. Andrea Piccaluga

Manuel Tana A tese começa com uma avaliação teórica que quer provarque a ética é conciliável com a Economia e, em especial, coma atividade empresarial. A partir dessa avaliação, passa para aanálise do pensamento social da Igreja, fazendo uma brevedescrição dos instrumentos das empresas do século XXI utili-zados para expressar os próprios valores éticos (balanço soci-al, códigos de ética, certificados sociais, etc.). São ainda apre-sentados alguns exemplos práticos de empresas com fins lu-crativos que perseguem determinados objetivos sociais (finançaética, comércio équo e solidário, etc.)Na segunda parte, está descrita a Economia de Comunhão,desde a sua origem até os desenvolvimentos atuais; os seusvalores, os princípios fundamentais e as diferenças essenciaisem relação às outras empresas que atuam no mercado. Alémdos desafios do desenvolvimento que as empresas EdC de-vem enfrentar, são expostas algumas problemáticas, críticas elimites do projeto. A tese apresenta ainda um maravilhosocompêndio (best practices) das experiências mais significati-vas desses primeiros dez anos dos agentes EdC, veiculadasem publicações sobre a EdC e em teses de formatura, orienta-das a ressaltar os vários pontos das “Linhas para a gestão deuma empresa EdC”.

[email protected]

Diploma em Economia e ComércioInternacionalUniversidade Parthenopede Nápoles22 de julho de 2003

Tese em Economia InternacionalRumo a uma democracia eco-nômica. As políticas internaci-onais e a sociedade civil con-tra a pobreza e a desigualda-de. A contribuição da Economiade ComunhãoOrientador:Prof. Salvatore Vinci

Carmela Russo

Arquivo mundial das tesessobre a EdC:Antonella [email protected]

As teses colocadas àdisposição pelos autorespodem ser consultadas napágina:www.ecodicom.net

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Na tese é apresentado um quadro sintético dos resultados ad-quiridos na mais recente literatura relativa ao papel das rela-ções interpessoais nos comportamentos econômicos. A tenta-tiva é encontrar conceitos que permitam traduzir a inter-personalidade em economia, expondo o que se entende porbens relacionais e “capital social”.Com tais instrumentos, a tese descreve os princípios funda-mentais do projeto da Economia de Comunhão detendo-se nosignificado microeconômico da reciprocidade.Com um questionário de 13 perguntas, dirigido a cem empre-sas italianas que aderiram à EdC, buscou-se entender como osprincípios EdC se traduzem na prática e a que conceito debem-estar o projeto se refere.Daí surgiram indicações sobre alguns espaços da organizaçãoda empresa, pelo que, graças à atenção colocada nas relaçõesinterpessoais, poderiam aparecer melhorias em termos de bem-estar econômico, seja no sentido tradicional, seja no sentidomais amplo. Nota-se que as empresas que aderem à EdC reco-nhecem nas relações interpessoais não apenas uma oportuni-dade, mas um verdadeiro e próprio valor.

[email protected] em Economia e ComércioUniversidade Federico IIde Nápoles14 de outubro de 2003

Tese em Economia e Administração deEmpresasA Economia de Comunhão:uma nova perspectiva para agestão dos recursos humanosnas empresasOrientador:Prof. A. Capasso

Anna Senese O objetivo do trabalho é propor às empresas uma alternativano modo de gerir os recursos humanos, seguindo os princípioséticos e morais, que gratificam e valorizam a pessoa, não maisconsiderada apenas um “meio de produção”.Inicia delineando a evolução histórica das teorias que tratamdo indivíduo, para alcançar as transformações ocorridas ao longodos anos, especialmente em relação ao conceito de recursoshumanos e a sua relevância atual nas empresas.Introduziu-se a EdC partindo da sua origem, com os seus prin-cípios, fundamentos e objetivos, questionando se é possívelgerir uma empresa segundo os cânones firmados pelo projeto.A resposta foi positiva, ressaltando que o novo modo de serempresa libera a cooperação entre as partes, um maiorenvolvimento e sentido de pertença.

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Diploma em Economia PolíticaUniversidade dos Estudosde Florença27 de outubro de 2003

Tese em Economia Política(cooperativas e empresas sem fins lu-crativos)O valor das relações inter-pessoais dentro e fora da em-presa: o projeto da Economiade ComunhãoOrientador:Prof. Pier Angelo Mori

Marco Paglicci

O objetivo do trabalho é dar destaque ao “Capital intangível”dentro da empresa e identificar oportunos critérios demensuração. Para avaliar sua eficácia, esses critérios foramaplicados nas empresas que aderem à EdC.Após um amplo tratado teórico das características do capitalintelectual e da sua função na criação da vantagem competitiva,foram examinados os critérios mais conhecidos de medição,com uma particular atenção ao “Balanço do capital intangível”.Este último instrumento foi empregado para aferir o “Patrimôniointangível” das empresas que aderem à EdC.Foi aplicado às empresas um questionário com 42 perguntasque se referiam ao capital intelectual. O estudo demonstraque, para as empresas EdC, o capital intelectual representaum importante instrumento competitivo, que as distingue dosconcorrentes. Investir em capital humano, instrumental erelacional as torna competitivas no mercado e permite quesobrevivam apesar de serem pequenas e das dificuldades atuaisdo mundo econômico.

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Diploma em Economia e ComércioUniversidade Católica do SagradoCoração, de Milão29 de outubro de 2003

Tese em EconomiaIntangíveis e criação de valo-res: critérios de aferição nocaso da Economia de Comu-nhãoOrientador:Prof. Marco Confalonieri

Enrica Motta

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Filipe [email protected]

Pouco depois do verão, no nascente Pólo empresarial daMariápolis Arco-íris, em Portugal, foi promovido um en-contro sobre gestão empresarial, muito desejado por doisempresários portugueses que haviam participado de umevento semelhante, na Mariápolis de Loppiano, em no-vembro de 2002. Por isso, convidaram à Mariápolis Arco-íris Elisa e Giampietro Parolin, que foram os animadoresdo encontro de Loppiano.

Nasceu, assim, uma experiência completamente nova,que envolveu profundamente 11 pessoas, entre empre-sários, diretores de empresas e estudiosos: Acácio Fa-ria, António Fernandes, Cristina e Carlos Marques,Catarina e Conceição Nóbrega, Diogo Neves, Inês eHenrique Gomes, José Maria Raposo e Mário Massa. Elesaceitaram a proposta de redescobrir com uma única cha-ve de leitura os diferentes aspectos que compõem a vidaempresarial, com a finalidade de aumentar a consciên-cia de que a criação do valor agregado, na visão da Eco-nomia de Comunhão, não se limita ao crescimento docapital econômico, mas abraça também o capitalrelacional, humano e intelectual, a dimensão ética, acultura e o clima empresarial e, por fim, o estilo de co-municação.Sete diferentes aspectos de uma única realidade que,na Economia de Comunhão, se fundamenta em sete di-ferentes aspectos do amor, que seguindo uma intuiçãode Chiara Lubich se acoplam às sete cores do arco-íris.

Esta visão unitária da vida empresarial da EdC, que ten-de a ser a expressão total do amor, estimulou intensa-mente os participantes a partilharem a própria riquezade idéias, de experiências, de exigências e a avaliar comoconcretizar um projeto que, tendo nascido em uma obrade Deus, está escrito no Céu.

Praticamente foram dois dias de formação interativa destavisão da vida empresarial, com jogos, simulações e par-tilha de pontos de vista e de reflexões, que permitiramconstruir um relacionamento fraterno entre os partici-pantes, que desse modo conseguiram a força e a liber-dade de olhar em profundidade, com esses novos olhos,a própria experiência empresarial, aproveitando a oca-sião para renovar uma escolha e um percurso de aber-tura que encontra a sua concretização na partilha dolucro com os pobres e a formação de homens novos.

Acácio Faria (Diretor Presidente da Faria & Irmãos, pro-dutora de fôrmas de calçados) ressaltou que experimen-tara a possibilidade de pensar e crescer juntos, redesco-

brindo a beleza da vida das empresas de EdC vistassegundo as sete cores.Diogo Neves (docente universitário no campo dos re-cursos humanos) destacou que a colaboração vivenciadano encontro oferecia uma renovada visão da gestãoempresarial, na qual a flexibilidade não reduz o rigor,mas podemos nos abrir às diferenças e assim se experi-menta a riqueza recíproca, que dá uma resposta às ne-cessidades mais urgentes do mundo econômico e em-presarial.

Um fruto do congresso foi a contribuição inovadora aotema de estudo da economia empresarial sugerido noCongresso de Subiaco, em julho de 2003 (ver os artigosde Alberto Ferrucci e Luciano Cillerai em “Economia deComunhão – uma nova cultura, nº18), que consiste emelaborar uma nova forma de “balanço empresarial EdC”em cujas demonstrações econômicas e patrimoniais fi-gurem itens contábeis atualmente negligenciados, dosquais se extraem os componentes da partilha do lucroem três partes.

A proposta elaborada no encontro português está re-presentada no quadro abaixo.

Nesses dias foi colocada uma semente a ser cultivada edesenvolvida na EdC em Portugal, na vida das empre-sas, mas também para a implantação do Pólo Produtivoque os empresários portugueses estão iniciando naMariápolis Arco-íris.Arco-íris, um nome que muito se identifica com estanova visão unitária da vida empresarial como amor, ca-racterística da EdC.

Balanço econômico reclassificado Cota do Balanço Cota EdcReceitas 100(a maioria não previstas) 10 A

CustosCustos de Pessoal 40(dos quais parte para formação de “homens novos”) 2 BOutros Custos 10(dos quais custos menores não previstos) 5 C(dos quais custos maiores para solidariedade local) 2 DAmortizações e Reservas (*) 15 15 ECustos Financeiros 5Lucro antes do IR 30Impostos 9Lucro líquido 21Dividendos (**) 16(dos quais destinados a EdC 10 FReservas 5 5 G

Balanço EdCProvidência A + C 15Autofinanciamento E + G 20Formação de “homens novos” B + 50% de F 7Pobres D + 50% de F 7

(*) Normalmente os investimentos são feitos no cursodo exercício, portanto, a cota das Reservas do lucro épouco significativa, ao passo que as amortizaçõesexprimem como o Fluxo de Caixa consente acontinuidade dos negócios e a cobertura dos novosinvestimentos feitos.

(**) Os dividendos podem incluir uma parte da retri-buição do empresário ou cobrir necessidades familiaresimprevistas.

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CCCCCO Consórcio hojeO conjunto das atividadesprodutivas e de serviços com-preendidas pelo ConsórcioRoberto Tasano, além do pró-prio Consórcio que deu ori-gem ao grupo, abrange tam-bém o Consórcio Campo delVescovo, o Consórcio Gianel-linrete e o Consórcio Alpe.

As muitas novidadesdo Consórcio Tassano

O Consórcio Campo del Vescovo administra várias ca-sas de repouso e centros terapêuticos para deficientesmentais que funcionam em edifícios da Cúria da cidadede La Spezia e é uma relevante instituição de perfilsocial e de saúde da região: opera em íntima comu-nhão com o Consórcio Tassano, que o ajudou na suaconstituição, no seu crescimento e no seu estar sempreatualizado conforme o espírito da EdC.

O Consórcio Gianellinrete surgiu por sugestão do Con-sórcio Tassano, com o objetivo de manter em funciona-mento as escolas administradas pela ordem religiosadas Gianellinas que, de outra forma, teriam fechado.

O Consórcio Alpe é responsável pela administração depessoal, gerencial e fiscal dos três Consórcios.Três anos atrás, em dezembro de 2000 (ver nº13)Maurizio Cantamessa, então diretor administrativo dogrupo, descreveu o crescimento tumultuado do Con-sórcio que em poucos anos, passou dos 26 sócios quecompunham a primeira cooperativa, a 663 pessoasempregadas.

Hoje, uma boa parte das pessoas que trabalham é for-mada por cooperados e chega a mais de mil pessoas:apesar da estagnação econômica, o Consórcio conti-nuou crescendo também nesses últimos anos e recen-temente percebeu-se a necessidade de adotar uma novaestrutura organizacional, compatível com a complexadimensão adquirida e com os objetivos sociais dos fun-dadores.Depois deste notável crescimento, é espontâneo ques-tionar-se se o Consórcio foi capaz de manter a culturade comunhão que o inspirou desde o início.

O estágio no ConsórcioÉ muito significativo o breve relatório que publicamos,de Paolo Favero, estudante de Economia Empresarialda Universidade de Veneza, sobre o seu primeiro con-tato com uma empresa do projeto EdC.

«Em setembro passado fiz um estágio de um mês noConsórcio de Cooperativas Sociais Roberto Tassano. Estaexperiência me deu a possibilidade de analisar, do pon-to de vista de um observador externo, o funcionamen-to de uma empresa que adere à Economia de Comu-nhão.Os dois aspectos que mais me impressionaram, e queconsidero entre os pontos fortes que caracterizam oConsórcio, são:- o esforço de construir relações humanas com todasas pessoas que estão em contato com a empresa (se-jam elas concorrentes, clientes, fornecedores, sindica-listas, etc.)- a busca para dar dignidade e um futuro às pessoasmais marginalizadas da nossa sociedade, não apenascom atividades assistenciais, mas principalmente aju-dando na superação da própria condição de desconfor-to social e na recuperação da pessoa marginalizada.A primeira característica – um dos valores da EdC –,leva os trabalhadores da Cooperativa a desenvolveremrelações humanas que tendem a construir a amizade ea colaboração, na tentativa de formar um ambienteharmonioso no qual todos possam exercer melhor aprópria função. Com certeza não é tão fácil alcançaresses objetivos, especialmente agora que o Consórcioteve uma grande expansão e dá trabalho a centenasde pessoas. Portanto, criar um clima de comunhão en-tre todos tornou-se mais difícil do que no início, quan-do havia poucas dezenas de cooperados.Pelo que pude ver, o esforço para alcançar esta meta énotável, também graças aos cursos de formação daEdC, dos quais os diretores participam.O outro aspecto que considero importante para o Con-sórcio é a atividade de recuperação das pessoas menosfavorecidas. Este objetivo é a base do surgimento daprimeira cooperativa, que se originou da vontade dossócios fundadores de dar trabalho e dignidade a quemse encontra em uma situação de desconforto social(deficientes físicos, doentes mentais, ex-toxico-depen-dentes, etc.)A filosofia empresarial concebe o trabalho como tera-pia capaz de reduzir a debilidade e, nos melhores doscasos, reinserir a pessoa marginalizada por meio daresponsabilização e do respeito pelos horários, regrase programas de recuperação personalizados, que le-vam em consideração a situação de cada trabalhador.Com esse estágio tive a demonstração de que umaempresa pode estar no mercado e apresentar índicescontinuados de crescimento econômico mesmo buscan-do, como finalidade principal, o auxílio às pessoas maisfrágeis. É um caso encorajador que demonstra que sepode viver a Economia de Comunhão no campo social.

Alberto [email protected]

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Este pode ser um exemplo para outras empresas semfins lucrativos que, através da EdC, podem receberoutros estímulos e maior convicção para levar adian-te suas finalidades sociais».

O agricultor e o céuEsta análise me parece ser uma confirmação da fide-lidade do Consórcio aos objetivos originais, nãoobstante o seu crescimento. Mesmo na atividade eco-nômica o primeiro lugar é dado à comunhão entretodos e à promoção humana dos menos favorecidos.O Consórcio já é tão vasto e tão espalhado em quatroregiões do norte da Itália, que sentiu a necessidadede criar um meio de comunicação interno, ou seja,um boletim informativo. Publicamos na íntegra o quepodemos considerar o editoral, escrito pelo seu pre-sidente, Giacomo Linaro:

«Em maio, juntamente com 40 sócios dos três Con-sórcios, participei de um encontro de atualização deempresas que aderem ao projeto da Economia deComunhão e, na ocasião, fiz uma reflexão que gosta-ria de comunicar a todos, pois fez com que eu com-preendesse melhor o sentido do trabalho de tantosanos.Pensei nos agricultores de antigamente, quando nãoexistiam os meios de que hoje dispomos para cultivara terra, e confiávamos no céu para que afastasse asdoenças, mandasse a chuva, o sol, o bom tempo paraa colheita...Nós também, quando começamos a cooperativa, éra-mos como aqueles camponeses: sem experiência, semum gestor (eu sou operário), sem ajuda; rezávamospedindo a Deus que mandasse a sua providência para

os nossos campos (o trabalho), para irmos em frentee podermos esperar uma boa “colheita”.Hoje, que contamos com especialistas, profissionais,gestores, sinto que não devemos esquecer de con-tinuar “olhando para o céu”, para manter semprevivo aquele nosso típico espírito que se encontra naorigem, na raiz de todas as nossas Cooperativas.Quantas vezes experimentamos que o Céu nosolhou! Quantas intervenções da Providênciaconstelam a nossa experiência! Quantas situaçõesdifíceis foram resolvidas de um modo imprevisível!Quantas pessoas conseguimos ajudar por termosacreditado e pedido juntos (ao Céu) a ajuda da Pro-vidência!Quantos amigos (inclusive de culturas totalmentediferentes) acreditaram (e ainda acreditam) nessenosso compromisso com o homem e trabalhamconosco!Hoje, que estamos mais equipados, que contamos,entre os nossos administradores, com pessoas for-madas e mais preparadas para conduzir as Coope-rativas e os Consórcios, hoje, que nos é possíveldar emprego e dignidade a mais de mil pessoas;hoje, que os elogios de todos falariam de sucesso,etc., eu gostaria de me fixar naquela primeira ex-periência, naquela fé, naquele empenho de nosdedicarmos aos outros com a conseqüente e sem-pre pontual intervenção da Providência.

Hoje, o nosso trabalho tem sentido somente se con-tinuarmos perseguindo esse “sonho social”!A propósito: neste projeto há lugar para todos, hálugar... também para você».

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A nova organizaçãoComo diz Giacomo Linaro, O Consórcio, nascido dodesejo de solidariedade de dois operários que qui-seram compartilhar com 26 sócios a sua atividadede conserto de eletrodomésticos, equipou-se atual-mente com o profissionalismo necessário para ad-ministrar, na economia de mercado, as mais varia-das atividades: dos serviços sociais à manufaturapara empresas privadas, incluindo escolas e cursosde formação. Foi possível manter o equilíbrio finan-ceiro e obter um modesto lucro, porém sempre vol-tados a dar o primeiro lugar à comunhão com a pes-soa do trabalhador, do cliente, do fornecedor, do fun-cionário público, do concorrente.A missão dos diretores do Consórcio Tassano não éfácil, por ser a primeira empresa ligada à EdC quechegou a tais dimensões. Eles buscam uma sínteseorganizacional que salvaguarde os múltiplos objeti-vos empresariais, e isso, portanto, merece uma aten-ção especial.Até pouco tempo atrás, toda a estrutura organi-zacional do Consórcio se apoiava numa Assembléiados Sócios, representada por um Presidente, umConselho de Administração e um Conselho Fiscal.Nessa estrutura, mesmo existindo delegação de po-deres aos diretores das várias seções do consórcio,a responsabilidade última e o poder executivo esta-vam concentrados no presidente. Com o crescimen-to do grupo, isso passou a não ser mais viável. Nãoera viável especialmente para uma empresa EdC, naqual aquilo que não é apenas o resultado econômi-co, mas conta igualmente – e até mais – o “como”esse resultado foi conseguido.Percebeu-se, assim, a importância de que a Assem-bléia encarregasse especialmente o presidente dezelar pelo modo “como” se atuava no conjunto, epara que todas as atividades produtivas do Consór-

cio respondessem sempre à atuação específica de umaempresa EdC: aquele modo de agir que o Consórcioadotou expressamente, incluindo no preâmbulo do pró-prio Estatuto os “Princípios para a gestão de uma em-presa EdC” (Cf. EdC nº 17, p.9).Ao lado dessa função específica do presidente, fazia-se necessário que o Conselho nomeasse um gerente-geral, que respondesse diretamente pela gestão em-presarial e pelo controle administrativo, além de umaComissão Executiva que ajudasse o administrador nagestão diária do Consórcio.A Assembléia dos sócios aprovou a nova estrutura, con-firmando Giacomo Linaro como presidente, MaurizioCantamessa como gerente-geral, e inserindo no Comi-tê Executivo também Giacomo Linaro, como responsá-vel direto do setor comercial e das relações públicas.Clemens Ries foi eleito responsável pelo setor das Coo-perativas Sociais, Lorenzo Tassi responsável pelo setordos Serviços Sociais e outras atividades, e Diego Ferri,responsável pelos Recursos Humanos e Secretaria.Esta nova estrutura, portanto, confirma o presidentecomo aquele que garante a identidade empresarial,com o poder de convocar a assembléia e pedir a elei-ção de um novo Conselho de Administração, caso cons-tate que a administração do Consórcio não está deacordo com o espírito da EdC –. O presidente, porém,delegou a outros a gestão efetiva do Consórcio.Giacomo Linaro, todavia, participa do Comitê Executi-vo como responsável do Setor Comercial e, portanto,sob esse aspecto, se reporta ao Comitê Executivo, noqual o gerente-geral dá a última palavra.Um equilíbrio, uma submissão recíproca, por amor, queé uma novidade e que foi aceita pelo presidente e portodos, justamente porque o objetivo comum é a co-munhão na empresa, que só pode nascer da comu-nhão em nível da alta administração.A ajuda entre as Cooperativas

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Um dos aspectos mais inovadores – e também críticosdo ponto de vista econômico – do grupo consiste nofato de que ele abriga uma realidade muito consisten-te de Cooperativas sociais que dão emprego a pesso-as menos favorecidas por causa de deficiências físi-cas, psíquicas ou psicológicas, fruto de um passadoatribulado, cujo grau de eficiência, embora notável, nãopode ser comparado ao obtido numa empresa de pes-soas sem tais deficiências.No entanto as Cooperativas Sociais devem competirno mercado com empresas normais, não só na Itália,mas a esta altura, com a globalização do mercado detrabalho, também em países do Leste Europeu e deoutros continentes, cujo patamar salarial é muito in-ferior ao salário mínimo italiano.Através da ótica da reciprocidade, até mesmo a ca-rência de eficiência nesses setores foi, de certa forma,compensada pela solidariedade dos outros setores doConsórcio. Porém, nos últimos anos, também estes,para se consolidarem, precisaram fazer grandes in-vestimentos, e isso reduziu as suas possibilidades decontribuir para manter o equilíbrio econômico das Co-operativas Sociais.Na prática, no decorrer destes anos, o Consórcio in-cumbiu-se de criar, com os próprios meios, oportuni-dades de trabalho capazes de resgatar da exclusãoessas pessoas menos favorecidas, tornando-se assimum “bem público” do território onde atuam, realizan-do um serviço público.A comprovação de que isso é verdadeiro e apreciadopode ser testemunhada pelos funcionários públicosmunicipais e por outros órgãos, especialmente na re-gião da Ligúria, que muitas vezes encaminham às Co-operativas Sociais da Tassano os casos difíceis comque deparam.Foi possível ver quanto este serviço tornou-se impor-

tante para a região quando a prefeitura de Sestri Le-vante decidiu atuar o Plano Diretor, que preconizava ademolição do conjunto de galpões das Cooperativas.Isso levaria ao fechamento das Cooperativas, que nãodisporiam mais de espaço físico para desenvolver o tra-balho. Foi então que as organizações sindicais e a ad-ministração local, apesar de suas diferenças ideológi-cas, decidiram juntas pela criação de uma Fundação,financiada por elas com 2 milhões de euros, para cons-truir novos galpões num município limítrofe.Foi uma demonstração evidente de que esta empresaEdC, mesmo sendo privada, é um “bem público”. Ago-ra, porém, seria necessário que as administrações pú-blicas cooperassem mais com o Consórcio, a fim deconcluir o processo de encaminhamento ao trabalhoexterno das pessoas menos favorecidas que foramreinseridas no mercado de trabalho, reservando às pe-quenas empresas onde eles poderiam trabalhar umaparte das concorrências que concedem aos operado-res externos.O presidente, Giacomo Linaro, é o encarregado de pro-mover essa consciência e este novo setor de ativida-des do Consórcio, auxiliado especialmente pelas fun-dadoras de uma das Cooperativas do Consórcio, a Tri-lha de Arianna, que, mesmo provindo de uma matrizcultural diferente da origem do Consórcio, há anos co-mungam o mesmo espírito da Economia de Comunhãoe orientam nesse sentido suas próprias atividades.

Parece-me que o Consórcio Tassano, no seu desenvol-vimento, está traçando uma trajetória que, sob certosaspectos, é nova e rica de idéias para quem se interes-sa por uma atuação na economia de mercado que con-sidera a pessoa, a solidariedade e a comunhão.

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s «A felicidade não é uma mercadoria; não se com-pra nem se vende, não tem um preço de mercado,não se troca nem pode ser taxada; não se produz.Por que então escrever um livro sobre a relaçãoentre a felicidade e a economia? Na verdade hámuitas e boas razões para isso; razões que deramcorpo ao livro que apresentamos nessas páginas:“A Economia, a felicidade, o outro”. Luigino Bruni,seu autor, acabou de entregá-lo à Editora CittàNuova, para que seja impresso.Uma premissa: essas páginas parecem ser o espa-ço mais adequado para antecipar algumas reflexõescontidas no livro, com o objetivo claramente espli-citado de suscitar o interesse à leitura no maiornúmero de pessoas. De fato, muitas idéias do autorforam elaboradas, confrontadas e doadas justamen-te no espaço que este noticiário metaforicamenterepresenta, isto é, o laboratório de reflexão teóricae cultural sobre o projeto da Economia de Comu-nhão, além de ser uma ocasião para o intercâmbiode vida entre todas as pessoas que, de diferentesmodos, aderem ao projeto.Creio que não cometo um erro ao afirmar que, paramuitos de nós, que refletimos sobre este projeto naqualidade de economistas, o livro representa umaespécie de inspiração primária que, diretamente ouindiretamente, “contamina” todas as nossas pes-quisas. Torna-se natural, portanto, pensar que tam-bém as outras pessoas que lerão este livro, tendovivido a experiência da Economia de Comunhão,encontrarão nas suas páginas algo a mais do queuma simples consonância, e sim ideais comuns, umamesma visão de base, um mesmo desejo de ummundo ”mais belo”, que para todos nós deriva doIdeal da Unidade e de Chiara Lubich.

Mas voltemos à questão com a qual demos início aeste artigo e ao próprio livro. Economia e felicida-de: um paralelo original, quase um paradoxo, umacontradição entre termos, ainda mais se lembrar-mos que até pouco tempo atrás a Economia eraconsiderada como “a ciência triste”. No entanto, naviagem que o autor nos propõe com “uma investi-gação sobre o bem e o bem-estar”, como diz o sub-título, encontramos idéias, personagens, movimen-tos culturais, teorias, paixões, revoluções, experi-mentos, algumas fórmulas, todos eminentementeeconômicos, que muito nos ajudam a compreender

em profundidade e a esclarecer a natureza do quechamamos felicidade.A viagem começa com um paradoxo e termina comoutro: um é a pergunta, o outro é a resposta. Oprimeiro, que Bruni define como o “paradoxo deEasterlin” afirma que, com o aumento da riqueza,quando ultrapassa um limiar, o chamado pontocrítico, o bem-estar alcançado pelas pessoas e afelicidade delas não só não aumenta, mas, muitasvezes diminui. O segundo paradoxo, que desco-briremos ao viajar por todo o livro, é a resposta aoprimeiro e nos diz que, se desejarmos a felicidadenão deveremos procurá-la; mais ainda, nos diz quese quisermos ser felizes, deveremos tornar os ou-tros felizes.

Este é o ponto de partida e de chegada da apai-xonante história que Luigino Bruni nos conta comgrande competência e com um certo envolvimento.Ele nos leva a descobrir que a Economia, surgidano século XVIII, como uma emanação da filosofiamoral, progressivamente perdeu de vista o seuobjetivo último, a felicidade pública, e transformou-se em uma mera ciência da riqueza. É a históriadesta transformação, por meio das suas etapascruciais, que torna a Economia uma ciência mo-derna, sofisticada e especialista, mas ao mesmotempo, percebemos agora, é uma ciência incapazde descrever e compreender aspectos cruciais daexperiência humana, das relações interpessoais,das emoções e dos valores. É uma história quenos mostra que, dessas limitações e do mal estarque suscitam, nasceram tentativas modernas emuito interessantes de alargar os esquemas

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conceituais tradicionais justamente para tornara compreender o que até hoje ficou à margemdos modelos econômicos, embora consideradoeconomicamente relevante.

Os professores de economia geralmente come-çam suas aulas explicando que um modelo mui-to detalhado da realidade seria tão inútil comoum mapa na escala 1:1; isto é, um mapa do ta-manho da superfície que ele descreve, seria to-talmente inútil. Do mesmo modo, se eu lhes con-tasse o conteúdo do livro detalhadamente, alémde precisar escrever um livro, e não de poucaspáginas, este artigo se tornaria imediatamenteinútil. É melhor, então, nos concentrarmos emalguns fatos que consideramos mais importan-tes ou talvez mais curiosos da história da relaçãoentre a Economia e a felicidade. Estamos naGrécia, na Grécia antiga de Sócrates, de Platão eprincipalmente de Aristóteles. Foi este último queamadureceu de um modo inovador a reflexãosobre o conceito de felicidade, que ele chamavade eudaimonia. O ponto central da posiçãoaristotélica é que a felicidade, pela sua próprianatureza, é “social”. «Um homem feliz – dizAristóteles – precisa de amigos»; entendendocom isso que uma vida pode ser feliz somente sefor vivida de acordo com as virtudes e, de modoespecial, com as virtudes políticas, característi-cas da polis, da comunidade civil. Deste conceitocomeça a emergir o lado paradoxal da felicida-de: para sermos felizes, precisamos da virtudeda amizade, do amor e do empenho político; masse nós buscamos essas virtudes em vista da feli-cidade, elas deixam de ser virtudes genuínas e,portanto, não atuam em favor da nossa felicida-de. Ela chega somente se não a buscamos dire-tamente e de modo instrumental.

Encontraremos esta natureza paradoxal mais tar-de, nas reflexões cristãs – de Santo Agostinho aSanto Tomás – que coloca no centro do pensa-mento um Deus que “morre na cruz como ummalfeitor, uma cruz que se tornará ícone de todoparadoxo”. Aqui começa a se desenvolver umanova idéia de sujeito como alguém que não estáfechado em si mesmo, mas que, por sua nature-za, é relação.

Uma idéia que, infelizmente, permaneceráinfecunda por muitos séculos e que o parênte-ses extraordinário do humanismo civil, atuante

na Itália do século XV, não conseguirá resgatar defi-nitivamente. A idéia crucial é bem expressa porColuccio Salutati quando escreve que «as duas coi-sas mais doces na terra são os amigos e a pátria...provendo, servindo, preocupando-se com a família,com os filhos, com os parentes, com os amigos, coma pátria que tudo abraça, você não pode deixar deelevar o seu coração ao céu e agradar a Deus». As-sistimos, assim, à revalorização da dimensão hori-zontal da vida, da qual depende também a dimen-são vertical. A qualidade da vida, inclusive a vidaespiritual, depende da qualidade dos relacionamen-tos com os outros, dos relacionamentos estabeleci-dos na civitas, isto é, dos relacionamentos civis.

Esta visão dos relacionamentos interpessoais comocaminho privilegiado que conduz à felicidade, inevi-tavelmente definha com a modernidade. Maquiavel,Hobbes e Mandeville são os profetas de um modelosocial baseado no individualismo, no interesse pró-prio e na força. O homem moderno é caracterizado– para estarmos com Kant – por uma “insociávelsociabilidade”. Não pode prescindir dos outros, masos considera um perigo em potencial. Disso surgemos grandes monstros, autoridades superiores, osestados aos quais cada cidadão cede parte de sualiberdade em troca de uma segurança física e, emum aspecto mais geral, da garantia do respeito aosseus direitos. Entende-se, então, a enorme diferen-ça entre esta visão atomística e individualista e avisão do humanismo civil. Contudo, a modernidadeserá a matriz cultural que dará origem à nova ciên-cia econômica.

Pouco tempo antes que Adam Smith tenha entre-gue à gráfica a sua Teoria dos Sentimentos Morais,em Nápoles foi instituída a primeira cátedra de Eco-nomia registrada na história. Esta cátedra foi confi-ada ao abade Antonio Genovesi, figura de destaquedo Iluminismo Napolitano. O interesse público nãoentra em conflito com o interesse privado; o merca-do é o espaço no qual há a troca do supérfluo pelonecessário e no qual há o apoio recíproco; a confi-ança é a principal característica da sociedade e omotor do comércio. Essas são algumas das ousadasposições elaboradas por Genovesi que, partindo deum modelo antropológico radicalmente oposto aomodelo de natureza hobbesiana, vê no comércio umfator de civilização. Naqueles anos desenvolveu-sea analogia entre as leis da mecânica celeste e as leisda convivência social; eis que a maioria dos autoresassocia a lei da gravidade universal da mecânica ao

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desejo de ganhar e viver feliz. A manobra deGenovesi neste campo é genial. Demonstrandouma profunda compreensão da teoria newtoniana,associa à lei da gravidade universal o desejo hu-mano de reciprocidade: assim como os planetasse atraem um ao outro com o aumento da massae a redução da distância, a reciprocidade nos tor-na solidários de maneira proporcional à “distân-cia social”. Antes e mais intensamente com aspessoas unidas pelo sangue e, progressivamen-te, com as pessoas do mesmo convívio, do mes-mo país, etc.Passamos do iluminismo napolitano ao escocês.Reencontramo-nos lançados na Glasgow de DavidHume e Adam Smith. Depois encontramos JohnStuart Mil e sua influente esposa e, por fim, che-gamos às margens do Cam, entre as torres e osgramados das escolas de Cambridge, onde epi-sódios intelectuais unem personagens bastantedistantes, como Alfred Marshall e Amartya Sen.Constatamos, então, como foi que, na metade doséculo XIX, “terminou na economia, a breve esta-ção da felicidade”. A partir daquele período, as-sistiremos à eclipse do binômio “felicidade comofim, riqueza como meio” e ao surgimento do con-ceito “riqueza como meio e, portanto, como fimem si mesma”. A chamada “revolução marginal,do fim do século XIX muda a ênfase para o sujei-to econômico e suas escolhas. O motor das esco-lhas passa progressivamente da felicidade à utili-dade e, depois, desaparece completamente. Nãointeressa mais saber porque se fez o que se fez;para que a economia se torne científica, afirmaPareto, é necessário que nos concentremos naobservação. Basta-nos observar as escolhas e queessas escolhas sejam coerentes. Isso é tudo o

que a economia precisa saber sobre a pessoa. Oresto é “metafísica”. O que se seguiu foi uma his-tória de incrível desenvolvimento intelectual, téc-nico e formal, mas também de um contemporâ-neo distanciamento da realidade. O divórcio en-tre a Economia e a felicidade, que aconteceu comPareto, é o símbolo de uma ciência que deixa deobservar e começa a criar uma realidade própria.Não faz muito tempo que esta tendência regres-siva e auto referencial foi desmascarada e parci-almente redimensionada.É a este ponto que assistimos a uma forte reto-mada do interesse pelo tema da felicidade na Eco-nomia. Livros, ensaios, revistas especializadas,congressos, um Prêmio Nobel, etc.. Luigino Bruninos ilustra habilmente e nos leva a penetrar noscomplexos tratados das tentativas modernas, denovos filões de pesquisa; e percebemos como nasantigas inspirações, que como um rio, depois deterem tido o próprio curso subterrâneo por sécu-los, agora emergem.Chegamos, assim, à última etapa desta viagem.Como um competente crítico de livros de suspenseque jamais revela o final, também eu me sintotentado a deixar a surpresa para o leitor, não re-velando o assunto do último capítulo. Impressio-nou-me este epílogo – devo admitir – porque emvez de fechar o livro ele, literalmente o abre; por-que nos damos conta que a solução para muitosparadoxos da felicidade nós a encontramos fora,fora de nós mesmos, nos outros. Não é por acasoque o título do livro é A felicidade e o outro, nosentido último, se bem compreendo, de que asduas palavras são inseparáveis. Também Aris-tóteles afirmou que não há felicidade sem os ou-tros.As razões são explicadas no oitavo e no últimocapítulo do livro, que no entanto já as entrevimosenquanto passávamos pelas páginas, e nos havi-am sido sugeridas por Aristóteles, Genovesi, Mill,Marshall...Chegamos ao final do artigo. Um pouco sem fôle-go, terminamos esta “corrida” entre as apai-xonantes idéias que ligam a economia à felicida-de. Naturalmente a velocidade da corrida nos le-vou a perder vários detalhes e muitos aspectosimportantes. Faço votos, porém, que tenha susci-tado em vocês a vontade de um “passeio” maistranqüilo e decididamente mais agradável por estemesmo cenário, desta vez, com Luigino Bruni, naspáginas do seu livro.

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Annie [email protected]

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iva Nas comemorações dos 110 anos do moinho Frantoio

del Podere Bevere, a família Abbo organizou em Ceselle,próximo a Turim (Itália), no dia 26 de setembro passa-do, um simpósio internacional que teve por título: «Atu-alização dos resultados da pesquisa científica sobre osaspectos nutritivos e salutares dos azeites virgens deoliva e os novos métodos para determinar a sua quali-dade».A empresa Abbo, produtora e distribuidora de azeitede oliva, cuja qualidade tem a certificação de váriosprêmios em reconhecimento pela sua qualidade (naItália e em outros países europeus), participa do pro-jeto Economia de Comunhão desde o início. A idéia dosimpósio surgiu para oferecer ao departamento de pro-dução, aos produtores, às empresas distribuidoras eaos clientes, informações úteis à produção e ao consu-mo consciente do azeite de oliva extra virgem. De fato,trabalhando diariamente nesse setor, percebemos queas suas bases estão minadas por políticas pouco cla-ras, seja do ponto de vista normativo, seja comercial,criando condições de concorrência desleal que estãolevando ao desemprego, principalmente no sul, alémde graves problemas ambientais, com a erradicaçãode plantações não mais rentáveis.Durante a preparação do simpósio a família conseguiuse organizar em equipe, dividindo os trabalhos entreIsabella e Jean, os jovens, que amadureceram a idéiae entraram em contato com cientistas e jornalistas,envolvendo instituições e associações da categoria, coma supervisão e a experiência de Giampaolo e Annie.Apesar de todas as dificuldades que surgiram, como,por exemplo, o extravio da passagem aérea de um dospalestrantes, no dia anterior ao início do congresso,conseguiu-se organizar algo diferente, não apenas pe-los assuntos tratados, mas pelo ambiente criado: paranós foi uma surpresa ver, na noite anterior ao congres-so, os palestrantes – que são os melhores médicospesquisadores e cientistas no cenário italiano e inter-nacional – entusiasmados com a própria participação,seja pela acolhida, seja pela atmosfera familiar queencontraram.Percebemos que, para muitos deles, esta foi uma opor-tunidade para se conhecerem pessoalmente, visto queaté aquele momento havia uma estima recíproca ba-seada somente no apreço dos trabalhos desenvolvidosno campo científico.O jantar tornou-se um “congresso dentro do congres-so”, com um formidável intercâmbio de informações ede experiências, ao qual assistimos com felicidade e

até com um pouco de orgulho, pois só por isso jádaria para perceber que estávamos promovendoalgo válido.O congresso contou com o apoio da Corporação dosProdutores de Azeite e da Academia Nacional daOliveira e do Azeite, duas importantes organiza-ções sem fins lucrativos que difundem informaçõescorretas sobre o produto.Os palestrantes centralizaram suas exposições so-bre os efeitos benéficos do azeite e sobre as suasinesgotáveis e múltiplas aplicações no campo damedicina. Por exemplo, as propriedades do azeiteextra de oliva de qualidade atuam como um exce-lente meio de prevenção de graves doenças, justa-mente por sua característica “anti-oxidante” contraos “radicais livres” responsáveis por muitas das maisgraves doenças modernas, como as neoplasias e asdoenças cardiovasculares.São muito interessantes também as propriedadesdos componentes do azeite de oliva, particularmenteadequadas à nutrição de crianças e de idosos bemcomo os novos métodos de análise capazes de cer-tificar a genuinidade e a qualidade do produto.O quadro oferecido aos agentes sanitários, da in-formação, aos empresários da gastronomia e atémesmo aos produtores de azeite de qualidade par-ticipantes do congresso, não foi somente aquele deinformar as mais recentes descobertas científicassobre o produto, mas foi uma ótima ocasião para seestabelecer propostas e reflexões comuns, úteis paraincentivar as instituições a uma atualização das nor-mas, a promover o consumo com campanhas apro-priadas e a orientar as pesquisas estimulando a di-vulgação de seus resultados.Para tratar desse tema, o congresso contou com odeputado Teresio Delfino, subsecetário do Ministé-rio das Políticas Agrícolas e Florestais, com a coor-denação do doutor Fausto Lucchetti, especialista in-ternacional da olivicultura e diretor demissionáriodo Conselho Internacional dos Óleos comestíveis,um dos setores das Nações Unidas.O congresso revestiu-se de um significado singularpor ter oferecido à olivicultura italiana um novo fu-turo, para tirar da crise um setor em dificuldades,para dar a todos a consciência do extraordináriopotencial deste produto natural: seja no campo eco-nômico, no qual garante novos postos de trabalho,seja no campo social, no qual pode contribuir con-cretamente para o bem estar das pessoas graçasàs propriedades demonstradas, seja no aspectohidro-geológico, porque a oliveira, com a sua estru-tura de raízes, estabiliza o terreno, atenuando even-tuais calamidades.

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Alberto [email protected]

Bolsas de estudo parao Instituto Superior de Cultura

O instituto Superior de Cultura, inaugurado porChiara Lubich em agosto de 2001, em seus pri-meiros anos, dirigiu suas atividades a estudan-tes universitários e a jovens recém-formadosprovenientes dos cinco continentes, com trêscursos de verão, de 15 dias cada um, com otítulo: Um humanismo para o terceiro milênio.Nesses cursos, o Instituto ofereceu uma forma-ção global e interdisciplinar inspirada na experi-ência espiritual e social do Movimento dosFocolares.O objetivo dos cursos do Instituto Superior deCultura (ISC) é oferecer uma chave de leiturapara o atual período de transição histórica queestamos vivendo, considerando os desafios fun-damentais que dele emergiram, como por exem-plo, o próprio sentido da pessoa humana, a ques-tão da compreensão e gestão do pluralismo edas diferenças em todos os níveis, e a globa-lização, entendida em um sentido mais amplo eprofundo do que simplesmente econômico, comoa irrefutável abertura de uma nova época histó-rica: a da mundialização do destino da humani-dade.O ISC ambiciona configurar uma proposta cul-tural unitária e, ao mesmo tempo, articulada nasvárias expressões do saber e da ação, funda-mentada na visão integral da pessoa na suaconstitutiva vocação ao diálogo e à comunhão;radicada na tensão originária do homem a Deuse no caminho da comunicação de Deus com oshomens, que abraça todos os tempos e todas asculturas, e encontra o seu cumprimento em Je-sus Cristo; o qual revela plenamente o homemao homem, chamando-o a realizar dinamicamen-te a imagem do Deus trinitário na história emtodas as expressões da sua existência.O programa estabelece itinerários interdisci-plinares da teologia à filosofia; das ciências hu-manas às ciências naturais; da economia apolitologia; da criação artística às comunicaçõessociais; e seu corpo docente é constituído porestudiosos de várias disciplinas, membros doCentro Interdisciplinar de Estudos “Escola Abbá”do Movimento dos Focolares, que começou suaexistência no início dos anos 90.A partir de 2003, o ISC abriu-se aos países emvia de desenvolvimento, e o nosso projeto é de-dicar uma especial atenção à presença deles noquarto curso – em agosto de 2004. Pergunto-me se as empresas da Economia de Comunhão,e as pessoas que de várias maneiras acompa-nham este projeto, não poderiam contribuir dealguma forma para viabilizar a participação deestudantes com particular desempenho dos pa-íses em via de desenvolvimento que, de outromodo, encontrariam grandes dificuldades eco-nômicas para garantir a própria presença.

Prof. Piero CodaReitor do Instituto Superior de Cultura

Parece-me que este convite deve ser seriamente levadoem consideração: o projeto EdC nos convida a destinarum terço dos nossos lucros à difusão da cultura da parti-lha e, a meu ver, a proposta de Piero Coda responde ple-namente a esta finalidade. O dar desinteressado na eco-nomia só pode ser conseqüência de uma visão mais am-pla, que envolve toda a pessoa humana.O curso de verão deste ano pretende receber 50 estu-dantes e gostaríamos que boa parte fosse provenientedos países em via de desenvolvimento: a presença delesseria muito importante, não apenas para eles mesmos,mas para o crescimento em cidadania de todos.O ISC poderá oferecer toda a documentação necessáriapara o processo fiscal. Assim convido as empresas daEdC e também as pessoas que acompanham este projetoa “apadrinharem” um desses 50 estudantes, oferecendo-lhe uma bolsa de estudos no valor de 1.500 Euros, quan-tia necessária para cobrir a passagem e a estada na es-cola.As pessoas interessadas podem entrar em contato comeste Noticiário, pelo e-mail: [email protected] –tel: 010-542011 (Itália).

Um empresário da EdC de Portugal

A minha empresa, PORTECTOOL Ltda. produz protó-tipos e moldes para a indústria automobilística, elétri-ca, da construção civil, da área técnica, de brinque-dos e outros.Dispensamos a máxima atenção para otimizar cadaprojeto a fim de obter a qualidade e a vida útilrequeridas pelo cliente, estudando soluções comple-tas, desde o desenvolvimento do produto até a inje-ção e a montagem das peças de plástico.Quero oferecer a minha colaboração de modo especi-al às empresas que, como a minha, participam doprojeto da Economia de Comunhão, inclusive de ou-tros países. Vocês podem me ajudar?

Jorge TavaresMarinha Grande – Portugaltel/fax: +351 244551015e-mail: [email protected]: www.portectool.com

Ficamos felizes por difundir esta disponibilidade a to-dos os nossos leitores e empresários. Recentementeum empresário italiano, valendo-se da sua credibi-lidade pessoal, deu uma enorme ajuda a uma empre-sa EdC da Argentina, para que esta conseguisse ex-portar os seus produtos para a Itália.A colaboração desinteressada entre as empresas EdCnos vários países do mundo é um dos testemunhosmais belos e um caminho concreto para gerar umarede internacional de comunhão.

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