Coisas Simbólicas...aí tristes, acabrunhados, a fazer versos à lua, e a me ditar na tragédia que...

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Preço 1$00 Quinta feira, 30 de Janeiro de 1958 III N .• 150 0 I N F O R M A C A O Proprietário, Administrador e Editor v. S. M O T T A P I N T O C U L TU R A REDACÇÃO E AUMINISTRAÇÂO - AV. I). NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467 ---------------------------M O N T I J O -------------- ----------------------------- t— COMPOSIÇÃO K IMKtESSAO — TIPOGRAFIA «GRAFEX» — TELEF. 026 236 — MONTIJO DIRECTOR Á L V A R O V A L E N T Coisas Simbólicas Por AMARAL FRAZÃO Meu Pai, que manejava a sátira com verdadeira mes- tria, embora também fosse um poeta sentimental, fez e publicou, em 1903, um livri- nho de quintilhas satíricas, que intitulou «Tropa Fan- danga». Esse livro, apesar de ter mais de meio século de exis- tência, ainda hoje é actual, pelo menos simbolicamente, embora as coisas tivessem mudado muito de então para cá e se matem homens com mais limpeza, mais ciência e mais rapidez. Pois esse livro foca, entre outras figuras im p o r ta n te s daquela época, o sabichão, o parlapatão, o jogador, o par de França e o pateta. Como retratos de indiví- duos que naquele tempo exis- tiram, éuma devassa aturada, soberba, completa, duma fla- grante Verdade. Contudo, essa famosa fa- lange que o livrinho foca, era ainda relativamente re- duzida. Se fosse hoje, a colecção das quintilhas não trataria apenas dos casos e perso- nagens apontados pelo autor. O livrinho, que tem qua- renta e seis páginas, teria de ser enorme, incomensurável mesmo. Para conter o re- trato da gente q u e a c tu a liz o u o ca cte r, como diria o meu falecido amigo Rocha Mar- tins, um milhão de quintilhas não bastaria, não bastaria certamente. E não bastaria porque o carácter individual anda muito por baixo, ou por ou- tra, o que se deve entender por honestidade, boa moral, integridade de sentimentos e de proceder, diferem um bom bocado do tempo das quintilhas de meu Pai, em- bora elas tivessem então causado fcrtes engulhos aos que se julgaram atingidos Por elas e de serem canta- dos em Verso... .apesar de meu Pai ter dito, no final, que as suas Quintilhas satíricas não bu- llam com a vida de quem quer que seja, senJo con- tudo cópia do natural. I A nossa literatura é pobre de humoristas. Fazer rir nunca foi o nosso forte e creio mesmo, dada a propen- são da nossa gente para o fatalismo, que nunca chega- remos a ter verdadeiros hu- moristas. Falta-nos aquilo a que se chama graça natural, espontânea, qualidades natas dum espírito alegre e sàdio. É certo haver na nossa literatura páginas de fino recorte gracioso e de bom humor, mas isso é apenas uma espécie de devaneio, que nunca o estado de espí- rito habitual do escritor. A nossa literatura, para ser tida como boa, ou tem vestígios de lágrimas ou ecos de protestos. Chorar e protes- tar são dois verbos muito queridos dos nossos" escri- tores que não eáquecem, de resto, as preferências do público leitor. Não sabemos rir pela mesma razão qué não sabe- mos compreender aqueles que passam pela vida a dar sinais da sua graça. Temos mesmo um adágio que diz «muito riso pouco siso», que equivale a cognominar o semelhante, dotado de tal particularidade, como can- didato a maluco. E ’ claro que um povo que vive agarrado ao saudosismo e escuta o trinado das gui- tarras para carpir as suas mágoas, não pode entender o humorismo. E ’ qual irre- verência que não merece perdão. E ’ por isso que nas reu- niões mundanas, e até mesmo familiares, o e s p í r i t o só começa a flutuar livremente depois de ingeridos alguns cálices de saboroso néctar, que é também, ao mesmo tempo, o mais seguro refú- gio para os acanhados e melancólicos. E ’ certo que nessas ocasiões há muita gente que se faz engraçada, sem ter graça nenhuma; mas a culpa não é deles, coitados, ----------- Por - -------- Á L V A R O PEREIRA porque afinal vem ao de cima a falta de preparação, do tal convívio alegre, tão arredio de nós. Temos um sol radioso, um clima ameno e uma paisa- gem de sonho. Tudo isto, claro está, quando a divina natureza não inverte os ter- mos ao tempo e pratica a regra da desolação e do frio polar. Mas isso acontece aqui como acontece em qual- quer outra parte do Mundo. Simplesmente, a nossa gente parece não sentir a graça de tais concessões. Andam por aí tristes, acabrunhados, a fazer versos à lua, e a me- ditar na tragédia que há-de acabar por consumir os últi- mos dias da existência. O «parece-mal» absorve a mente e a paz de espírito dos portugueses. Andam tão preocupados com o que se não deve fazer que se es- quecem lamentavelmente da alegria de viver. Essa preocupação, porém, vem de longe. Logo que a criança começa a rasgar o casulo do seu pequenino mundo, logo os progenitores a ameaçam com perigos vá- rios e consequências desa- gradáveis. O menino não pode correr, nem brincar, nem saltar, porque tudo isso faz confu- são aos vizinhos e irrita a tensão nervosa da avòzinha. E a criança, cujo anseio de liberdade é mais natural e flagrante do que nos adultos, vai perdendo a p o u c o e pouco o entusiasmo da brin- cadeira, e, em seu lugar, surge a melancolia, a apatia, o desinteresse por tudo que incita ao movimento e à vida. E o homem taciturno, solitá- rio, algo infeliz, surge ao Mundo como um fantasma. No campo feminino, então, o caso toma aspectos de verdadeiro calvário. Sendo a cor um reflexo do estado de espírito da pessoa, o luto predomina na maior parte das nossas mulheres, nâo porque lhes tenha morrido ente querido, o que seria natural, mas por ser de tra- dição a escura vestimenta. A alma cobre-se de luto an - tes da hora própria e os re- (Continua na página 4) T E M A S H I S T Ó R I C O S E S T A P A L A V R A H I S T O R I A D O R Feio Professor Jose iSíattviel L^ancleirc» Lemos algures que a His- tória só se escreve com do- cumentos. Sem eles, torna-se com- pletamente impossível re- constituir o Passado e só se poderá fazer obra de imagi- nação ou fantasia, sem base séria da Verdade. A História, depois que o nosso grande Alexandre Herculano Vascu- DESLEAlDADf D iz e s -te a m ig o ? S e i l á ! . .. Q u e m o m a l a s s im p r o c e d e ... A m ig o é se m p r e o q u e d á E a o o u tr o n u n c a re ce b e . S e a m ig o tu d iz e s se r , P o r q u e è q u e a s s im p r o c e d e s te ? ... P a r t i a ta ça a o sa b e r O n e p o r e la j á b e b e ste . Q u e b r e i a ta ça e m b a n q u e te , A ta ça q u e a lg u é m m e d e u ... — N a v id a n ã o so u jo g u e te D a ta ça q u e o u tr o b e b e u ... Manuel Giraldes da Silva lhou a maior parte dos ar- quivos, tanto oficiais como particulares, tornou-se uma ciência. Foi ele o grande ar- quitecto do monumento His- tória-Ciência, que não pode estar à mercê de puras in- venções de um ou outro «quidam», sem a mínima preparação de estudo ou ape- trechamento documental. A História, como a definia o grande e saudoso mestre P.' Alves Matoso, bispo da Guarda, para nós de tão saudosas recordações, «é a narração crítica e metódica de factos memoráveis para a instrução da humanidade», acrescentando, nas aulas, ser, depois do Evangelho, o maior e mais instrutivo compêndio de moral. Tinha razão o saudoso mestre em afirmar a utilidade desta ciência, no ensino da moral. Por ser um compêndio moral, embora não dogmá- tica, não deve ser deturpada com mentiras, filhas da fan- tasia de pseudo-historiador. O historiado,r, digno e me- recedor deste nome, tem de ser honesto, sincero e leal quanto à citação. Não se compreende encori- trar-se «historiadores» que citem documentos que eles nunca viram ou leram, mas que foram já citados por ou- trem, e eles tiveram apenas o trabalho de os transcrever. Historiadores deste quilate são autênticos plagiadores ou, então, copistas. Fazem o mesmo serviço dos antigos copistas profissionais que nós não consideramos e nem eles se apelidaram de historia- dores. «Historiadores» há(te- mos disso a certeza) que nunca se Viram no labirinto, mas bem ordenado, Tor -1 do Tombo, e nas suas ob afirmam que os docume por eles citados se encon- tram na Torre do Tombo, onde eles, repetimos, nunca entraram. Neste caso devem pôr em destaque a sua leal- dade e honestidade, dizendo que tal documento se encon- tra na Torre do Tombo ou em qualquer outra biblio- teca, mas citado por fulano tal, no seu livro ou trabalho intitulado X. Temos dito isto mesmo no boletim oficial do Minis- tério da Educação Nacional (Continua na página 4)

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Preço 1$00 Quinta feira, 30 de Janeiro de 1958 III N .• 150

0

I N F O R M A C A O

Proprietário, Administrador e Editor

v . S . M O T T A P I N T O

a« C U L T U R A

REDACÇÃO E AUMINISTRAÇÂO - AV. I). NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467---------------------------M O N T I J O -------------- -----------------------------t —

C O M P O S IÇ Ã O K IM KtESSA O — T IP O G R A FIA «GRAFEX» — T E L E F . 026 236 — MONTIJO

D I R E C T O R

Á L V A R O V A L E N T

Coisas SimbólicasPor A M ARAL FRAZÃO

Meu Pai, que manejava a sátira com verdadeira mes­tria, embora também fosse um poeta sentimental, fez e publicou, em 1903, um livri­nho de quintilhas satíricas, que intitulou «Tropa Fan- danga».

Esse livro, apesar de ter mais de meio século de exis­tência, ainda hoje é actual, pelo menos simbolicamente, embora as coisas tivessem mudado muito de então para cá e se matem homens com mais limpeza, mais ciência e mais rapidez.

Pois esse livro foca, entre outras figuras i m p o r t a n t e s

daquela época, o sabichão, o parlapatão, o jogador, o par de França e o pateta.

Como retratos de indiví­duos que naquele tempo exis­tiram, éuma devassa aturada, soberba, completa, duma fla­grante Verdade.

Contudo, essa famosa fa­lange que o livrinho foca, era ainda relativamente re­duzida.

Se fosse hoje, a colecção das quintilhas não trataria apenas dos casos e perso­nagens apontados pelo autor.

O livrinho, que tem qua­renta e seis páginas, teria de ser enorme, incomensurável mesmo. Para conter o re­trato da gente q u e a c t u a l i z o u

o c a r á c t e r , como diria o meu falecido amigo Rocha M ar­tins, um milhão de quintilhas não bastaria, não bastaria certamente.

E não bastaria porque o carácter i n d i v id u a l anda muito por baixo, ou por ou­tra, o que se deve entender por honestidade, boa moral, integridade de sentimentos e de proceder, diferem um bom bocado do tempo das quintilhas de meu Pai, em­bora elas tivessem então causado fcrtes engulhos aos que se julgaram atingidos Por elas e de serem canta­dos em Verso. . .

• • .apesar de meu Pai ter dito, no final, que as suas Quintilhas satíricas não bu- llam com a vida de quem quer que seja, senJo con­tudo cópia do natural.

I

A nossa literatura é pobre de humoristas. Fazer rir nunca foi o nosso forte e creio mesmo, dada a propen­são da nossa gente para o fatalismo, que nunca chega­remos a ter verdadeiros hu­moristas. Falta-nos aquilo a que se chama graça natural, espontânea, qualidades natas dum espírito alegre e sàdio.

É certo haver na nossa literatura páginas de fino recorte gracioso e de bom humor, mas isso é apenas uma espécie de devaneio, que nunca o estado de espí­rito habitual do escritor.

A nossa literatura, para ser tida como boa, ou tem vestígios de lágrimas ou ecos de protestos. Chorar e protes­tar são dois verbos muito queridos dos nossos" escri­tores que não eáquecem, de resto, as preferências do público leitor.

Não s a b e m o s rir pela mesma razão qué não sabe­mos compreender aqueles que passam pela vida a dar sinais da sua graça. Temos mesmo um adágio que diz «muito riso pouco siso», que equivale a cognominar o semelhante, dotado de tal particularidade, como can­didato a maluco.

E ’ claro que um povo que vive agarrado ao saudosismo e escuta o trinado das gui­tarras para carpir as suas mágoas, não pode entender o humorismo. E ’ qual irre­verência que não merece perdão.

E ’ por isso que nas reu­niões mundanas, e até mesmo familiares, o e s p í r i t o só começa a flutuar livremente

depois de ingeridos alguns cálices de saboroso néctar, que é também, ao mesmo tempo, o mais seguro refú­gio para os acanhados e melancólicos. E ’ certo que nessas ocasiões há muita gente que se faz engraçada, sem ter graça nenhuma; mas a culpa não é deles, coitados,

----------- Por - --------

Á L V A R O P E R E I R A

porque afinal vem ao de cima a falta de preparação, do tal convívio alegre, tão arredio de nós.

Temos um sol radioso, um clima ameno e uma paisa­gem de sonho. Tudo isto, claro está, quando a divina natureza não inverte os ter­mos ao tempo e pratica a regra da desolação e do frio polar. M as isso acontece

aqui como acontece em qual­quer outra parte do Mundo. Simplesmente, a nossa gente parece não sentir a graça de tais concessões. Andam por aí tristes, acabrunhados, a fazer versos à lua, e a me­ditar na tragédia que há-de acabar por consumir os últi­mos dias da existência.

O «parece-mal» absorve a mente e a paz de espírito dos portugueses. A n d a m tão preocupados com o que se não deve fazer que se es­quecem lamentavelmente da alegria de viver.

Essa preocupação, porém, vem de longe. Logo que a criança começa a rasgar o casulo do seu pequenino mundo, logo os progenitores a ameaçam com perigos vá ­rios e consequências desa­gradáveis.

O menino não pode correr, nem brincar, nem saltar, porque tudo isso faz confu­

são aos vizinhos e irrita a tensão nervosa da avòzinha. E a criança, cujo anseio de liberdade é mais natural e flagrante do que nos adultos, vai perdendo a p o u c o e pouco o entusiasmo da brin­cadeira, e, em seu lugar, surge a melancolia, a apatia, o desinteresse por tudo que incita ao movimento e à vida. E o homem taciturno, solitá­rio, algo infeliz, surge ao Mundo como um fantasma.

No campo feminino, então, o caso toma aspectos de verdadeiro calvário. Sendo a cor um reflexo do estado de espírito da pessoa, o luto predomina na maior parte das nossas mulheres, nâo porque lhes tenha morrido ente querido, o que seria natural, mas por ser de tra­dição a escura vestimenta. A alma cobre-se de luto an­tes da hora própria e os re-

(Continua na página 4)

T E M A S H I S T Ó R I C O S

E S T A P A L A V R A H I S T O R I A D O RF e i o P r o f e s s o r J o s e iS ía ttv ie l L ^an cleirc»

Lemos algures que a H is­tória só se escreve com do­cumentos.

Sem eles, torna-se com­pletamente im p o s s í v e l re­constituir o Passado e só se poderá fazer obra de imagi­nação ou fantasia, sem base séria da Verdade. A História, depois que o nosso grande Alexandre Herculano Vascu-

D E S L E A l D A D fD i z e s - t e a m i g o ? S e i l á ! . . .

Q u e m t ã o m a l a s s i m p r o c e d e . . .

A m i g o é s e m p r e o q u e d á

E a o o u t r o n u n c a r e c e b e .

S e a m i g o t u d i z e s s e r ,

P o r q u e è q u e a s s i m p r o c e d e s t e ?

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O n e p o r e l a j á b e b e s t e .

Q u e b r e i a t a ç a e m b a n q u e t e ,

— A t a ç a q u e a l g u é m m e d e u . . . —N a v i d a n ã o s o u j o g u e t e

D a t a ç a q u e o u t r o b e b e u . . .

Manuel Giraldes da Silva

lhou a maior parte dos ar­quivos, tanto oficiais como particulares, tornou-se uma ciência. Fo i ele o grande ar­quitecto do monumento His- tória-Ciência, que não pode estar à mercê de puras in­v e n ç õ e s de um ou outro «quidam», sem a mínima preparação de estudo ou ape­trechamento documental. A História, como a definia o grande e saudoso mestre P .' Alves Matoso, bispo da Guarda, para nós de tão saudosas recordações, «é a narração crítica e metódica de factos memoráveis para a instrução da humanidade», acrescentando, nas aulas, ser, depois do Evangelho, o maior e mais instrutivo compêndio de moral.

Tinha razão o saudoso mestre em afirmar a utilidade desta ciência, no ensino da moral.

Por ser um compêndio moral, embora não dogmá­tica, não deve ser deturpada com mentiras, filhas da fan­tasia de pseudo-historiador.

O historiado,r, digno e me­recedor deste nome, tem de ser honesto, sincero e leal quanto à citação.

Não se compreende encori- trar-se «historiadores» que citem documentos que eles nunca viram ou leram, mas que foram já citados por ou- trem, e eles tiveram apenas o trabalho de os transcrever. Historiadores deste quilate são autênticos plagiadores ou, então, copistas. Fazem o mesmo serviço dos antigos copistas profissionais que nós não consideramos e nem eles se apelidaram de historia­dores. «Historiadores» há(te- mos disso a certeza) que nunca se Viram no labirinto, mas bem ordenado, Tor- 1 do Tombo, e nas suas ob afirmam que os docume por eles citados se encon- tram na Torre do Tombo, onde eles, repetimos, nunca entraram. Neste caso devem pôr em destaque a sua leal­dade e honestidade, dizendo que tal documento se encon­tra na Torre do Tombo ou em qualquer outra biblio­teca, mas citado por fulano tal, no seu livro ou trabalho intitulado X.

Temos dito isto mesmo no boletim oficial do M in is­tério da Educação Nacional

(Continua na página 4)

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Bombeiros, 026048 Taxis, 026025 e 026479

Ponte dos Vapores, 026425 Policia, 026144

Continuam com o maior entusiasmo as classes de ginástica do C lube Despor­tivo de Montijo, o que nos traz a convicção de que a Ideia va i em marcha g lo ­riosa.

Regozijamo-nos com o facto, pois a nossa terra, e toda a sua gente moça, só tem a ganhar com a in ic ia ­tiva.

Depois da nos?a últim a reportagem acerca das clas­ses de ginástica e seu de­senvolvimento, a frequência a u m e n t o u consideravel­mente, o que ainda mais nos im punha a continuação desta verdadeira campanha em prol dos benefícios in ­contestáveis dessa m odali­dade desportiva.

Para melhor elucidação e conjunto de esforços, fomos e n t r e v i s t a r o sr. Manuel Cota Dias, i l u s t r e pro­fessor das referidas classes de ginástica, por ser quem de direito melhor nos pode­ria dizer acerca do assunto.

Acolhidos com sim patia e gentileza, num dos Cafés da Praça da República, ali mesmo, num à vontade in ­teressante, se realizou a entrevista.

E “ entre a xícara do calé e a fumarada do cigarro, abordámos im ediatam ente o caso que a li nos levara.

A prim eira pergunta a propósito dos benefícios da Educação F ís ica em Montijo deu lugar a uma curiosa dissertação em que o nosso e n t r e v i s t a d o demonstrou Jargos conhecimentos e uma visão clara e precisa das c o n s e q u ê n c i a s benéficas dessa in ic iativa.

— A l é m dos benefícios para a saúde, que hoje já não admitem dúvidas a n in ­guém, a Educação F ís ica tem um papel preponderante na formação do carácter e da personalidade, — diz-nos o ilustre P r o f e s s o r . A s crianças, os praticantes da modalidade adquirem o do­mínio próprio, aperfeiçoam- -se nos vários sentimentos humanos, educam-se física e moralmente. Como vê, as vantagens são extraordiná­rias e a velha m á x im a «mens sana in corpore sano» passa a uma realidade in ­d iscutíve l e proveitosa.

— E no caso restrito de Montijo, em relaçao às c las­ses de ginástica que dirige, o que se lhe oferece dizer ?

— Estou muito satisfeito com a forma como tudo decorre e funciona, pois vejo e sinto à m inha volta bas­tantes d e d i c a ç õ e s , como observo também o aumento constante da frequência des­sas classes. iNo entanto, em­bora já tivéssemos adquirido algum m aterial para os exer­c í c i o s , d e v i d o p rincipa l­mente ao subsídio que a

Câm ara M unicipal de Mon­tijo concedeu o ano passado, há uma falta im portante e que, satisfeita ela, daria á à Educação F ís ica o maior increm ento : — a construção dum Ginásio. É este o ponto basilar que mais deve preo­cupar quantos se interessam por estes assuntos. Tudo m udaria acto seguido e ve ­ríamos surgir o interesse geral, a satisfação de mais um grande melhoramento dentro desta terra. Veja, por exemplo, o Barreiro . Depois de ter o G inásio e p r e p a r a n d o conveniente­mente as suas equipas de j o g a d o r e s , alcança o lu- gai de campeão nacional de Basquete. E tanto esse

prestígio como outros bene­fícios para os sócios e famí- lias,jsó se tornaram efectivos com a criação do Ginásio. Era , justamente, este ponto que o seu jorna l devia acentuar, no interesse geral da Causa e de Montijo.

Interrompendo por m inu­tos o nosso entrevistado, afirmámos-lhe que por d i­versas vezes «A Província» tem abordado esse problema e por ele tem terçado armas, ainda que na convicção de que resta criar o indispen­sável a m b i e n t e e juntar boas vontades para tanto.

Continuando, então, a en- trevista interrom pida, per guntám os:

— Tenciona fazer em breve alguma exibição das suas clases ?

E o nosso entrevistado esclarece:

— No Fes tiva l que se está organizando para A b r il, ha­verá essa exibição. Conta­mos desde já com a colabo­ração do Barre irense e de atletas doutros C lu b es ; mas, mesmo assim, as classes de ginástica do C lube Despor­tivo de Montijo comparece­rão e mostrarão o que po­dem e o que valem.

E s t á v a m o s suficiente­mente esclarecidos acerca dos motivos que nos tinham levado ao encontro do P ro ­fessor ManueJ Cota D ias em relação à Educação F í ­sica na nossa terra e às classes de ginástica em fun- c i o n a m e n t o . En tretanto, como as conversas a este respeito são sempre in teres­

santes, abordámos outros pontos que vimos tratados e discutidos com ampla e ponderada visão.

E , quando nos despedimos, após a entrevista-relâmpago realizáramos, ficávamos com ■ a certeza de que o C lube Desportivo de M ontijo en­contrara o Professor de que necessitava para o seu no­táve l empreendimento.

E quanto ao G inásio, pro­metemos não deixar de mão o assunto e persistirmos na sua propaganda, como é mister e de in te ira justiça.

Apresentando os nossos agradecimentos pela m anei­ra gentil, simples e aten­ciosa como nos recebeu, re i­teramos ao ilustre Professor o intento em que estamos de o acompanhar nos seus esforços e aspirações.

N e s t a t e r r a , e m d i v e r s õ e s !

N ã o h á n i n g u é m d e s c o n t e n t e

N ã o h á z a n g a s , n e m q u e s .

[ t õ e s ,

P o i s a s s i m m e s m o é q u e ê !

E q u e s e d i v i r t a o Z é ,

R a p a z e s e r a p a r i g a s ,

Q u e t u d o o m a i s s ã o c a n t i ■

[<?«*.

O q u e m e l e v a d a b r e c a

N e s t e g r a n d e p a n d e m ó n i o ,

O q u e m e p r e g a u m a s e c a

E n o s l e v a a o m a n i c ó m i o

E a t é m e f a z c o c e g u i n h a s , S ã o a s m a l d i t a s b o m b i n h a s 1

V a m o s n ó s m u i s o s s e g a d o s ,

T r a n q u i l o s e d e s c u i d a d o s ,

P e n s a n d o e m c o i s a s e t e r n a s ;

E v a i s e n ã o q u a n d o ,— P á s , z á s ,

Z a c a t r á s !

E s t ã o r e b e n t a n d o

A s b o m b i n h a s e n t r e a s per.;[ n a s .

P o r i s s o c u d i g o e r e p i l o ,

A s s i m q u e v e j o o s t a i s

E m e v e j o m u i t o a f l i t o - ,

— O s e u s g r a n d e s d r o g a s .

A t i r e m b o m b a s a o s m a i s !

A t i r e m b o m b a s à s s o g r a s !

Homem ao mar

Ecos deSetúbd(Por Rui Oliveira)

No concurso de presépios promovido pela Delegação de Setúbal da F. N. A. T. registaram-se as seguinte; classificações: 1 .° prémio original — Fábrica Mundet; 2 ° — C a s a do Povo da Quinta do Anjo ; 3 .° — Coló­nia Penal do Pinheiro da Cruz de Grândola ; 1.° pré­mio tradicional — Bombeiros Municipais de Setúba l; 2.'— Casa do Povo de Abela:3.9 — Casa do Povo de Ca­nha.

* *;jí íjí

No Ginásio da Mocidade Portuguesa desta cidade rea­lizou-se no próximo dia 25, pelas 22 horas, o tradicional baile promovido pelos alunos finalistas do Externato Frei Agostinho da Cruz, o qua foi abrilhantado pelo Con­junto B l u e S t a r M e l o d y coí o seu vocalista Carlos Costa

No Grande Salão Recrei do Povo efectua-se no di 26, pelas 11 horas, a sessão cinematográfica mensal pr°' movida pelo Cine-Clube df Setúbal dedicada aos seu associados.

* ** *Foi nomeado Chefe *

Serviço de Educação FíslC,i da A la de Setúbal, da Mo. dade Portuguesa, osr.capi® Jo sé Carlos Sirgado Ma'8, que desempenha também

(Continua na página 4)

o t ô tf U n i tTrabalhos para amodom fotografias d’flrl? Aparelhos fologrófito»

I t t p o r t i p m f&tográ[|C3

Rua Biílkão Pala, 11 - MQNIUO

O O M T I N I C A D O

C O M U N IC A - S E Q U E S E E N C O N T R A M A B E R ­T A S A S IN S C R IÇ Õ E S P A R A F R E Q U Ê N C IA DA CLASSE FEMININA D£ GINÁSTICA, C U JA S A U L A S S E IN IC IA M E M F E V E R E IR O , E S E R Â O D IR IG ID A S P O R U M A C O M P E T E N T E P R O F E S S O R A D IP L O M A D A P E L O IN S T IT U T O N A C IO N A L D E E D U C A Ç Ã O F Í­S IC A .

H o rá rio de F un c ion am en to

2.as e 5.as F E IR A S das 19 às 20 horas

Classe in fa n til de ginástica do C. D. M.

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30-I-958 A P R O V I N C I A 3

A G E N D A

E L E G A N T E 1M O N T J O

1A n i v e r s á r i o s

JANEIRO

_No dia 28, o sr. Francisco deBrito Júnior, esposo da nossa esti­mada assinante. sr.a I). Maria dos Anjos Ribeiro de Brito.

— No dia 31, o nosso prezado assinante, sr. llélder Almeida Es- dras Martins.

FEVEREIRO

_ No dia 2, la/, seis anos de idade a gentil menina Maria Elisa- bete Severo Catalão, filhinha do nosso dedicado assinante, sr. Teo­doro da Silva Catalão.

__ No dia 6, a sr.a I). Vitória Branco Pascoal de Almeida, sogra do nosso estimado assinante, sr. Américo Tavares.

_N o dia 6. a sr.a D. Elisa Pe­reira Cambolas, irmã do nosso prezado amigo e assinante, sr. Francisco Pereira Cambolas.

— No dia 7. a sr “ D. Maria Eu- çrénia Garroa Soare», filha do nosso estimado assinante sr. Nicolau Madeira Soares._No dia 7, a nossa dedicada

funcionária, menina Ma' ia José da Silva Caixada.

— No dia 8, a sr.a 1). Josefa Maria Araújo, esposa do nosso prezado assinante, sr. José António Araújo.

— No dia 8, o sr. José António Crespo de Almeida, irmão do nosso estimado assinante, sr. Francisco de Almeida.

— No dia 9, a injnina Rosalina Maria Farinha, gentil filha do nosso prezado assinante, sr. Fla- mino Joaquim Farinha.

Estada— Acompanhado de sua esposa

esteve nesta vila. de visita a sua família, o nosso pre/.ado assinante, sr. Tenente-Coronel João Mário Prazeres Milheiro, comandante militar de Penamacor. os nossos cumprimento'* muito respeitosos.

O P A LM E IR A S

No próximo dia 8 de Fevereiro, pelas 22 horas, realiza este Clube «uma noite carnavalesca», no S - Ião de Festas do Café Portugal.

O Baile de Máscaras será abri- lliant do pelo excelente O njunto José da Silva, do Barreiro, o que, por si só, é uma garantia da es­plêndida noite que tal festa pro­porcionará.

Como é de calcular, vai o maior entusiasmo entre a gente moça por esta noite promissora.

Felicitamos «O Palmeiras» pela iniciativa e agradecemos, reconhe­cidos, o convite que nos dirigiram.

Informação do Secretariado Paroquial de Montijo

S o b r e C inem a

Os produtos de salsicharia

e os novos preçosSegundo a declaração da Comis­

são de Coordenação Económica, oublicada no Diário do Governo, lixam-se assim os preços corren­tes daqueles produtos, por cada quilo, na origem, e os corri spon- dentes na venda ao público:

Ranha fundida, a granel, 12$00 e 13$80; chouriço de carne, a gra­nel, :íOSO() « 35$40; chouriço dc carne, enlatado, 22$00 c 36$80: loucinho alto, 10$00 c 11 SõO; ba­nha em rama (unto), 1 I$00 c ‘ -5/0; fiambre, tipo corrente, a granel,40$00e 52$00; fiambre, tip > corrente, enlatado. 30$00 c 52S00: fiambre, tipo inglês, enlatado, 32S00 c 54$00.

^os preços de venda ao público Podem ser acrescidos, na provín­cia, o custo dc transporte, auiori- *aao pe|a IntendèriciáhGeral dos Abastecimentos e a taxa sanitária, «'•rnpre que exist.'.

ã.Meira, 30; «ACONTECEU EM ADEN». Pais de origem - França. Com: Danv Robin, André Luguet e Robert Manuel.

Enredo : — Uma companhia teatral regressa, de barco, a Paris, depois dum período de actuação no Oriente. O barco teve uma avaria e foi forçado a aportar em Aden. A companhia pretende dar ali alguns espectáculos, mas há oposição devido às «liberdades parisienses». As artistas, com a sua vivacidade, chamam a atenção de todos, conseguindo, por fim, efectuar várias récitas. Um prín­cipe enamora-se da artista prin­cipal e rapta-a. Ela protesta mas acaba por aceitar a -ituação, re­gressando principescamente a Pa- ’ is, por entre os aplausos e a sur­presa de todos.

Apreciação estét ica: — Boa interpretação e excelente colorido.

Apreciação m ora l: — Alge­mas cenas, algo livre*, ftzem que se reserve este f i l m e 1‘ ARA ADULTOS.

Estreado no Cinema Monumental em 7-5-1957.

Sábado, 1; «OTI1ELLO». País de origem - Rússia. Com S. Bon- dartchouk, A. Popov, I. Skobtseva e Y. Scochaiski.

Enredo : A história é a da tra­gédia de Shakespeare. O general mouro Othello, servidor do estado de Veneza, conquista o amor da bela Dcsdémona e desposa-a. Se­guem juntos para Chipre, onde o general combate os turcos. O in­fame lago, convencido da infideli­dade de sua própria esposa, com Othello c o seu tenente Cássio, urde um plano tenebroso para cobrir de calúnias a Desdémona, junto do marido. Insinua-lhe que ela lhe era infiel com Cássio. Para mais, este, caído em desgraça, tem em Desdémona uma protectora. Othello mata Desdémona, no pró­prio leito Quando reconhece o seu erro apunhala-se.

Apreciação estética: — Rea­lização impecável. Excelente in­terpretação.

Apreciação m ora l: - A vio­lência das paixões e as cenas san­grentas levam a reservar o filme PARA ADULTOS.

Estreado no Cinema Roma em 9-1-1958.

Domingo, 2 ; « . . . E O SOL TAMBÉM BRILHA». Pais de ori­gem - E. U. A.. Com: Tyrone Power, Ava Gardner. Mell Ferrer e Errol Flvnn.

Enredo: — A película descreve a história duma rapariga, repórter duma revisia americana, que foi mandada ao México par» descobrir o paradeiro dum romancista e escrever sobre cie um artigo. En- contra-o, en.imora-se dele, escreve o artigo, mas o romancista não acredita na sua paixão. Ele leva-a na sua avioneta. O aparelho tem uma avaria e cai em plena selva. Aí tem de lutar com très crimino­sos. Salvos, seguem viagem.

Apreciação estética: — Boa in­terpretação. Excelente colorido. Música expressiva.

Apreciação m ora l: — Inten­

sidade dramática. PARA ADUL­TOS.

Estreado no Cinema Politeama em 13-12-1957.

3.a-feira, 4 ; «O TECTO». l\>ís de origem - Itália. Com : G tb iella Pallotti e Giorgio Listuzzi.

Enredo : — Natal e Luzia ca­sam ; mas, como são muito pobres, tèm de viver no mesmo quarto onde vivem já os pais dele e uma irmã casada. Devido a discussões frequentes, são obrigados a mu­dar-se. Numa noite, eles e seus amigos constroem uma barraca. Quando a polícia chega, já a bar­raca tinha tecto, pelo que não pode ser demolida. O jovem casal espera um filho o que lhes cria imensa alegria, depois de tantas arrelias e canseiras.

Apreciação estética : — Es­plêndido desempenho das princi­pais personagens. Óptima realiza­ção de Vittorio de Sic .

Apreciação m ora l: — Sim in­convenientes de ordem mural PARA TODOS.

Estreado no Cinema I > pério em 24-5-1957.

L U T U O S AO. Benvinda da Conceição

OliveiraPor lapso ocasional ocorrido na

notícia dada neste jornal, na se­mana finda, do falecimento desta senhora oco rido cm 8 do corrente, em Cascais, omitimos a referência devida às pessoas de sua família residentes em Montijo e ligadas directamente ao sr. Manuel Maria de Oliveira, digno chefe da esta­ção dos C. T. T., nesta vila.

Assim, cabe-nos juntar a essa lòcal, a indicação do* nomes da sr.“ D. Mar a da Conceição Correia de Oliveira, e do sr. Jorge Manuel Correia de Oliveira, respectiva­mente, nora e neto da saudosa extinta; — espova e filho daquele nosso prezado amigo.

Por essa involuntária falta, so­mos a apresentar-lhes as nossas desculpas.

Na e residência de sua família, — sita na Rua da Barrosa, 43, desta vila, faleceu no último domingo, dia 26, a sr.a D. Luíse Adelaide, de 91 anos, viúva, doméstica, na­tural de Montijo, mãe da sr.a D. Maria de Jesus Valador; avó da sr.a D. Maria José Vala ior Manho-o da Ponte, e tia das st- í5 D.as Bea­triz Anaia, Maria Gertrudes Pinto Anaia e Hortense Anaia Pequer­rucho.

O seu funeral realizou-se no dia seguinte, para o cemitério desta vila.

A toda a familia em luto, apre­sentamos os no=sos sentidos pê­sames.SANFER, 1L. D A

S E D ELISBOA, Bua de S. luliõo, 41-1.°

A E R O M O T O R S A N F E R o n ciclone — F E R R O S para A R C O S , etc.

C IM E N T O P O R T L A N D , T R I tos para gados

R IC IN O B E L G A para adubo d C A R R IS , V A G O N E T A S e toc

minho de FerroA R M A Z É N S DE R]

ARMAZÉNS íHOIIIUO, Rua da Bela Vista

toínho que resistiu aoconstruções, A R A M E S ,

T U R A Ç A O de alimen-

e batata, cebola, etc.Jo o m aterial para Ca-

iC O V A G E M

desealçfrPor determinação de Sua Ex.a o

sr. Governador Civil do Distrito, a partir de 1 de Fevereiro é proi­bido o «pé descalço* nas sedes dos Concelhos, sob pena de multas estipuladas.

Achamos bem, muito em espe­cial pelo mau aspecto que tanto impressiona estrangeiros e visi­tantes, pela impressão, desagradá­vel à vista, que causa essa apre­sentação dns nossas classes traba­lhadoras e menos afortunadas.

No entanto, achávamos igual­mente bem que se providenciasse para que se fornecesse calçado a todos os que o não podem adqui­rir. de modo que se podesse depois exigir o cumprimento rigoroso des_sa determinação.

E que, infelizmente, há muitos e muitos que não têm disponibi­lidades para o obter, e assim pas­sarão a ser multados pela falta que sem intenção praticam.

Soc«ôdode Recreativa

AtalaienseA progressiva agremiação deste

título, da vizinha povoação da Atalaia, prepara-se para proporcio­nar aos seus associados e famílias, uma memorável noite de fados e guitarradas.

Assim por iniciativa da sua Comissão Pró-Sede, eftetua-se na aludida sociedade, no próximo domingo, 2, pelas 21 horas, uma atraente diversão desse género, à qual dão o seu concurso valiosos artistas da canção nacional.

Nesse certame de fados e guitar­radas colaboram obsequiosamente Joaquim Silveirinho, Mário Rocha, Raúl Dias, Manuel Bogalho e a aplaudida fadista, Mária Amélia Proença.

Oi acompanhamentos serão fei­tos por Albertino Vilar, guitarrista, e Henrique Margo, como viola.

Ao darmos a público mais uma demonstração de dinamismo da activa Comissão Pró-Sede, felici­ta nos a honrosa colectividade at d .ien-e, de-ejando-lhe o melhor exito desse empreendimento.

A G EA DA | U T IL IT Á R IA j

Farmácias de Serviço

5.*-feira, 30— M o n t e p i o ft.‘ - feira, 31 — M o d e r n a Sàba do, 1 — I I i g i e n * Domingo, 2 — D i o g o2.’ - feira, 3 — G i r a l d e s3.*-feira, 4 — M o n t e p i o4.* - feira, ;"> — M o d e r u a

Sociedade Recreativa

Progresso AfonsoeirenseCom larga concorrência, efec­

tuou-se no passado domingo, 26, uma «soirée» dançante abrilhan­tada pelo apreciado Conjunto Musical «Os Reis da Alegria», da nossa vila.

A sua actuação decorreu a contento geral.

Para o próximo domingo, dia 2, está contratado um novo Conjunto, —dos mais distintos da nossa região —, para um baile de início do Carnaval naquela agremiação recreativa.

Dentro em breve, terá lugar a eleição de novos corpos directivos da prestimosa colectividade do vizinho bairro do Afonsoeiro.

A t e n ç ã o— Por motivo de obras, a

antiga Cata das Louças, na Rua Almirante Cândido Reis, 54, em Montijo, liquida toda a existência ao preço des Fábricas.

Descontos» de 10 - - 20 e 30 ./°.

Em pregada— PARA ESCRITÓRIO, com

prática de dai tilogralia. 18 anos, oferece-se.

Pocin.iodas Nascentes, Travessa Direita, 25- MONTIJO.

Boletim Religioso

Culto CatólicoMISSAS

5.*-feira, às 8,30 e 9 b.6.*-feira, às 8,30 e 9,10 k.Sábado, às 8,30 e 9 h.Domingo, às 8 h. na Igreja da

Misericórdia; às 10, 11,30 e LS ti. na Igreja Paroquial; às 11,30 h. na Atalaia; e 18,30 h. no Afon­soeiro.

Culto EvangélicoHorário dos serviços religiosos

na Igreja Evangélica Presbiteriana do Salvador — R'ia Santos Oliveira,4 - Montijo.

Domingos — Escola dominical, às 10 horas, para crianças, jovens e adultos. Culto divino, às 11 e21 horas.

Quartas-feiras — Cirlto abre­viado, com ensaio de cânticos reli­giosos, às 21 horas.

Sextas-feiras — Reunião de Oração, às 21 horas.

No segunde domingo de cada mès, celebração da Ceia do Senhor, mais vulgarmente conhecida por Eucarística Sagrada Comunhão.

Igreja Pentecostal, Hua Ale­xandre Herculano 5-.1 - Mon tijo.

Domingos ; — Escola Domini­cal, às 11,30 h.; Prègação do Evan­gelho, às 21 h.

Quintas fe iras: — Prèg.içio do Evangelho, às 21 li.

E s p e c t á c u l o sCINEMA TEATRO

JOAQUIM DE ALMEIDA5.a ft ii a, 30; (17 anos) Uma obra

de graça e constante gargalhada, «Aconteceu em Aden», em Cine­mascópio c Eastmancolor, com Dany Robin. No programa, Cine- -Jornal de actualid-des.

Sábado, 1 ; (17 anos) O filme russo que foi o triunfador do fes­tival de Cannes, «Othello», a obra imortal de Williams Shakespeare.

Domingo, 2; (17 anos) - Mati­née às 17,15 h.-Soirée às 21,15 h.— O grande espectáculo da tempo­rada, «E o sol também brilha», um filme inesquecível, com um elenco excepcional: Tyrone Power, Ava Gardner, Mel Ferrer, Errol Flyn, etc., em Cinemascópio, Cor de Luxe e som nas 4 bandas magné­ticas.

3." feira, 4; (12 anos) Um dos maiores acontecimentos cinemato­gráficos do ano, «O Tecto», um filme realizado por Vittorio di Sica.

Pintor— De letras e publicidade, ceno­

grafia e desenho para zincogra- vura, etc.

RUA MACHADO SANTOS - 38 MONTIJO.

Explicações— De Matemática (1.* ciclo) e

Contabilidade, por ex-professor de Ensino Técnico.

R. SERPA PINTO - 153 - 1." Eiq.»-MONTIJO.

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4 A P R O V I N C I A 30-1-958

F A Z E R R I R (luitekfrl Campeonato Nacio­nal da 2.a Divisão

M o n t i j o , 1 -

(Continuação da í.a página)

sultados não se fazem espe­rar : 0 indivíduo, já propenso à tristeza, vai-se divorciando de tudo que lhe dá colorido e graça, e 0 definhamento do corpo e da alma surge antes do tempo.

E ’ por isso que a mulher da nossa terra envelhece precòcernente, não, muitas vezes, por questões familia­res ou económicas, que acei­tamos serem para cuidados e ralações, mas por ordem sentimental, 0 tal sentimento que a inibe de exteriorizar 0 seu entusiasmo e de ver a vida como sol que aquece e reconforta e nunca como fogo que queima e aniquila.

No dia em que 0 portu­guês se divorciar do «parece- -mal» e do mau hábito de carpir lamentações, então será possível encarar 0 hu­morismo como modalidade

literária indispensável ao re­creio do espirito.

Até lá, há que preparar os lenços para enxugar mais lágrimas que copiosamente hão-de escorrer pelas faces de tantos leitores sentimen­tais, porque, infelizmente, hoje em dia, nem a «rádio» escapa à obrigação de trans­mitir dores inconsoláveis.

Á L V A R O P E R E IR A

Oferecesse— COSTUREIRA de CALÇAS,

para trabalhar em casa.Informa R. Machado Santos, 22

MONTIJO.

Balança— Nova, em ferro, força de õOO

quilos, vende-se. Trata Constru­tora de Balanças Montijense, lis­trada Nacional, ' ">l Afonsoeiro, MONTIJO.

T e m a s H i s t ó r i c o s

Esta palavra Historiador

(Continuação da í .a página)

na nossa secção N a c i o n a l i ­

z e m o s a H i s t ó r i a P á t r i a .

Esta nossa afirmação tem, pois, a homologação das en­tidades superiores a quem compete, por intermédio dos seus delegados, a conserva­ção dos valores espirituais da História Pátria. Só com essa rede de delegados con­celhios, a que temos a honra de pertencer, se po­derá opor uma barreira forte aos deturpadores da história, para nâo dizermos falsifica dores da mesma história.

Os historiadores do século X IX legaram-nos disso tris­tíssimas lembranças. É por isso que, para nós, I lerculano tem o valor especial. Soube ser historiador, no verdadeiro significado do termo

Herculano foi um historia­dor imparcial, isto é, pondo de parte a política e a crença religiosa.

Com lealdade diz a fonte onde foi beber aquilo que afirma nas suas obras, Não nos ornamentemos de penas de pavão, que em breve as Veremos cair umas após ou­tras, e uma vez caídas serão levadas pelo vento e recolhi­das por algum lugar de es- crementação com o que virão a confundir-se. A este res­peito já o mesmo afirmaria Rui de Pina com a sua au­toridade de c r o n i s t a que, áparte algumas leviandades históricas que teve, tem para nós, como historiador, e tal­vez por laços genealógicos, uma simpatia muito especial. Mas ele era R u i d e P i n a ,

cronista que foi do reino.Para se ser historiador

não se torna necessário fre­qu en ta r a Faculdade de Letras, ou qulquer estabele­cimento de ensino com esta especialidade. Não tivemos nós um Dr. Leite de Vas­concelos, que se formou em medicina? Nào houve um padre chamado F r a n c i s c o Manuel NeVes, o imortal Abade de Baçal, que nos legou uma obra histórica mo­nográ f ica importantíssima? Não temos ainda um profes­sor Abel Viana ? Para se ser historiador torna-se simples­mente necessário um estudo profundo, feito com lealdade e h o n e s t i d a d e , avesso a qualquer faceta política ou crença, isto é, exige-se im­parcialidade, e, ainda, espírito de investigação. Não deve­mos ornamentar - nos com as jóias de ontem, pois que os donos dessas jóias, para não dizermos da i n v e s t i g a ç ã o , podem exigir-nos que lhe digamos o local ou obra onde as suas afirmações fo­ram recolhidas. Em resposta podemos ficar em «papos de aranha ? » . . .Prof. José Manual Landeiro

Venci e-?e— UMA FAZENDA, com cerca

de 5 hectares, no Pena.Informa pelo Telefone 02Ô984.

Campo: Luís de Almeida Fi­dalgo, Montijo.

Formação das equipas:MONTIJO — Redol; Anica e

Barrigana; Serralha, Manuel Luís e André 2.°; Garrola, Romeu, Er­nesto, José Paulo e Mora.

ALMADA —Faustino; Santana e Sena; Costa, Silva e Lídio; Si­mões, Saraiva, Aureliano, José Augusto e Vitoriano.

A’rbitro— Hermínio Soares, de Lisboa.

Com regular assistência, reali­zou-se este encontro, no Campo Luís de Almeida Fidalgo, de mau resultado para o Montijo que assim perdeu «em casa».

Aos 3 e aos 20 minutos, Simões e Lídio marcaram os dois pontos do Almada, o 1.° sem perigo apa­rente, o 2.° resultante duma pena­lidade grande. Aos 22, José Paulo consegue o ponto de honra do Montijo.

Na 2-a parte o resultado não se alterou e Montijo, apesar das reac ções dos seus jogadores, não al­cançou qualquer modificação con-

Jogo a contar para o Campeo­nato Regional, disputado no Mon­tijo e arbitrado pelo sr. João Máximo.

As equipas alinharam :MONTIJO : (12 cestas e 4 lances

livres transformados em 11 tenta­dos) Adriano (4), Frade, Alexan­dre, Cepinha (2), Ribeiradio (8), Belchior, Sacoto e Abel (14).

LUSO ; (2 cestas e 3 lances li­vres transformados em 1 5 tentados) Lino (2), Marques (5), Oliveira (1), Ramos, Santos (1), Rodrigues (4) e Diamantino (4).

Ao intervalo 19-2.Foi o segundo jogo da equipa

de juniores do C. D. M. neste Campeonato sendo para nós o primeiro em que a vimos em acção.

Dado o pouco espaço de tempo para uma apreciação objectiva à equipa, suas possibilidades, valor individual e conjuntivo, faremos hoje uma ligeira passagem, muito superficial sobre o que observámos no passado domingo.

Adriano Lucas tem em suas

Ecos de Setúbal(Por Rui Oliveira)

(Continuação da página 2)cargo de comandante distri­tal da Polícia de Segurança Pública nesta cidade.

No Clube Recreativo da Palhavã realiza-se no dia ‘2 5 ,

pelas 21,30 horas, um espec­táculo de variedades dedi­cado aos sócios e suas fam í­lias em que tomam parte entre outros Cecília Pereira, Sebastião Pires, Fernando Correia, Francisco Baptista, e José Pires. D irige esta festa o locutor setubalense Alberto S ilva .

O Grupo Desportivo «Os Ibéricos», de Setúbal, rece­bem no dia 2 de Fevereiro a visita do Grupo D. «Os Zimbijos» de Sesimbra. Está elaborado um programa de recepção que constará de jo­gos de futebol e voleibol para disputadas Taças «Ami­zade» e «Arriba», almoço e lanche de confraternização, e visitas aos monumentos e museus desta cidade.

A l m a d a , 2 .

tra a enérgica defesa dos alma- denses.

A arbitragem foi regular.E desla boa maneira, Moniijo

ficou em 9.° lugar, na classificação geral, com 22 pontos !

Não sabemos se ainda haverá quein se zangue connosco por la­mentarmos tudo isto e nos acuse, como é hábito dos cafés, de n ida percebermos de futebol. Os factos, porém, aí estão para justificar quanto temos escrito.

Há «doentes» e intelectuais qu>-, mesmo em casos desta natu­reza. querem que digamos bem e atribuamos à pouca sorte e a ou­tros factores imaginários as de i- lusões sofridas.

Continuaremos assim, com exi­bições como a de Domingo pas­sado, descendo, descendo na cl;s- sificação. perdendo «em casa» cora grupos de pequena categoria ?

Querem que digamos o contrá­rio ?

— Nãa há cego pior do que o que não quer ver. ..

E qual o remédioOs técnicos que respondam.

mãos uma boa equipa. Esta foi a nossa primeira opinião, aliás já formada pelas exibições que temos presenciado nos treinos com a 1.* categoria.

Razoável poder de organização, bom poder de encestamento por parte de Ribeiradio e Abel, este principalmente já excelente mar­cador.

Atrás, há um elemento que se distingue sobremaneira: Adriano.

A sua evolução de jogador com- paramo-la, nós, à de José Maria, pelo mesmo tempo de aprendiza­gem ; diferindo apenas na rapidez de execução pois José Maria movi­menta-se melhor. Adriano tem contudo uma percepção de jogo verdadeiramente notável e se no domingo ele não esteve totalmente feliz, vimo-lo muito nervoso e ori­ginando faltas evitáveis, não obsta que o consideremos no inoment» como uma da« grandes promessas do C. D. M..

Com estes elementos não será difícil a Adriano Lucas -formar uma equipa que honre o compor­tamento das anterioies, sempre das melhores do Distrito.

Cremos que o único contra­tempo com que luta é a falta de I suplentes à altura dos titulares Mas confiamos na sua experiência de jogador já veterano (não na idade, note-se) para a formação de mais uma camada de jovens pres- tigiantes do Basqueti boi monti­jense.

O sr. João Máximo que dirigiu a partida esteve bem. Soube com­preender, que se tratavam de dua< equipas júniores e que tambérol num terreno enlameado, cotnol estava o do C. D. M. deve permi-l tir-se embora não exagerandoi uma ou outra jogada de choque.I

No jogo anterior os júniore<| montijenses exibindo-se desfalca-1 dos do melhor marcador, Abel. I foram vencidos pela marca del 26-9, a favor do Naval Setubalense-1

Luciano Mocho I

L e i l a o d e P e n h o r e s— No dia 10 de Março - 1958-•

com roupas, máquinas costura- bicicletas, relógios, ouro etc..

E s p i n g a r d a s— Recebem-se como penhor. Rua da Cruz, 23 - MONTIJO.

O f e r e c e - s e— TRACTORISTA ENCAH

TAOO, com longa prática de 1*' vouras, debulhas, e mecânica.

Dirigir a esta Redacção.

CuEini in PfiHisiicasResultado do 16 .' cupão publicado em 9 de janeiro

N e n h u m c o n c o r r e n t e a c e r t o u e m t o d o s

o s r e s u l t a d o s — E n t r a r a m 1 8 7 c u p õ e s

Acertaram em 11 resultados, B concorrentesF o r a m s o r t e a d o s e n t r e e l e s d o i s l i v r o s e f o r a m c o n ­t e m p l a d o s : — J u s t i n i a n o A n t ó n i o C a r d o s o G o u v e i a , r u a G u e r r a J u n q u e i r o , 1 6 - M o n t i j o e J o s é A u g u s t o V e i g a M a t i a s , r u a d a C a d e i a V e l h a , 1 6 - B e j a .

Prémio atribuido para este cupão:

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fm compras em estabelecimento à escolha do contemplado

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C u p ã o N.® 19

C o n c u r s o d e P r o g n ó s t i c o s d e F u t e b o l

d e « Â P r o v i n c i a »

2.* Divisão (Zona Norte) 2,a Divisão (Zona Sul)

Espinho Vianense Beja Almada

Leixões Guimarães Olhanense Serpa

Vila Real .... Tirsense Montijo Portiraonens.

Gil Vicente Peniche j Coruchense Arroios

Sanjoanense Leões i Atlético ___ Kstoril

Marinhense Chaves Juventude „ . Portalegre

Covilhã Boavista União Sport FarenseCampeonato Nac onal da 1.“ Divisão

B«i«nanses Benfica___

N o m e

M o r a d a

L o c a l i d a d e

in v ic r ííle cupão até às 11 horas de Domingo, 9

B A S Q U E T E B O L(JTJ]NIOItfc:S) - M o n t i j o , - L u s o , 1 7

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3o-i -958 A P R O V IN C IA

MARIA L A L A N D E(Continuação da página 6)

eoria, não podemos frequentar «cafés", como os outros artistas. Além disso, deixe-me dizer-lhe que sou muito caseira e prefiro o meu lar. Nunca saio, a não scr para os ensaios, ou para alguns assuntos que me obrigara a deixar a minha casa que tanto

^Assim nos falou Maria Lalande, actriz insigne do nosso teatro de­clamado, que se estreiou como discípula no Teatro da Trindade, na peça «Cova da Piedade», e <:m 1031 fez a sua estreia, já como ar­tista. no Teatro Nacional e na peça americana «Romance».

Aníbal Anjos

O Teatrona actua lidade

(Continuação da página 6)das as ribaltas ; quando os dramas de Shakespeare surgiram nos palcos, novas radiações percorre­ram e renovaram os âmbitos e a influência instrutiva e educativa do Teatro ; e a Civilização univer­sal subiu do ponto por intermé­dio desse poderoso talismã, sempre que a sua acção e os seus proces­sos progrediam.

Em face de quanto argumento, continuo na convicção de que o nosso Teatro vive num colapso passageiro, que o afasta do famo«o final do século XIX mas que não pode traduzir-se por «acidente terminal".

Se os valores teatrais da actua­lidade se juntassem em vez de se dispersarem ; se houvesse aquela ordem e aquela disciplina internas que foram apanágio da outra época; se os artistas tivessem maior protecção, quer no pleno vigor das suas faculdades, quer na velhice, de forma que a classe se impusesse moral e material­mente; se os artistas não estivessem na contingência do desemprego, como acontece amiúde; se o Tea­tro vivesse mais da Arte do que da bilheteira; — talviZ que essa crise deminuisse de intensidade e fosse a caminho do revigoramento e da regeneração.

Apontam-se várias causas : Falta de público e seu desinteresse; falta de artistas novos ; concorrên­cia de Cinema, dos Desportos, e até da Televisão.

O problema é muito complexo e as causas não são apenas estas.

A falta do público e o seu de­sinteresse, — é a eterna questão.

oaouuaaianaPegões-Gare

— No passado domingo, dia 19, r e a l i z o u - s e , com desusado movimento, o tra ­dicional mercado que todos os meses se efectua nesta povoação.

Desta vez, para satisfação das c e n t e n a s de pessoas aqui r e s i d e n t e s , e como excepção do que se tem passado anos atrás, em que o dito mercado tem estado em completa decadência, o vasto recinto destinado a esse fim apresentou-se com­pletamente repleto de gado b o v i n o , suino etc., bem como exposições de qu in ­qu ilharias várias, havendo muitas transações, nas com­pras e vendas efectuadas.

Oxalá que nos meses se-

Ainda hoje não está absoluta­mente sabido se é o público que faz o Teatro, ou se é o Teatro que faz o público. No entanto, o que sabemos ao certo é que, quando há bom Teatro, no sentido intrín­seco do significado, o público não falta...

A falta de artistas novos, — pa­rece-me utra redundância. O que me parece indispensável é o valor e o talento. A idade pouco signi­fica, a não ser para os galãs, em­bora eu já tivesse visto o actor Alvaro fazer o Luís da «Morgadi- nha» quase aos 90 anos...

A concorrência do cinema, etc., ainda que verdadeira, não explica a crise.

A crise é m ás daquele valor e daquele talento do que da concor­rência.

A concorrência voltaria se o Teatro voltasse a ser o que foi nos fins do século passado e prin­cípios do actual.

E por tudo isto, uma tristeza profunda me domina quando evoco a minha mocidade e me recordo dos tempos saudosos em que o Teatro Português podia ombrear, sem receios, com o Teatro das nações mais civilizadas.

Álvaro ValenTe

guintes haja sempre maior movimento.

— Realizou-se§ no dia 5 do corrente mês, na Igreja Paroquia l de Canha, o en­lace m a t r i m o n i a l do Sr. Francisco Casim iro Baila- dor, filho da sr.a D . A lb e r ­tina Rosa Casim iro e do sr. M anuel Sem ião B a ila d o r,— sócio gerente da firma «La ­voura Mecânica de Pegões, Lda.» e nosso dedicado as­sinante, com a sr.a D. Joana V irtuosa Duarte de Matos, filha da sr.a D. A lice do Rosário Duarte e do sr. Francisco de Matos, pro­prietário.

Apadrinharam o acto por parte do noivo, o sr. José M a r i a Leão, proprietário, de Montijo, e o sr. Norberto Velez B a r r a d a s , também proprietário, residente em Pegões; e por parte da noiva, sua irm ã a sr,a D. G ertrudes Duarte de Matos, e a sr.a D. V icência Rama- lh inho Duarte, professora oficial no Barreiro .

Aos 200 convidados pre­sentes foi servido, na casa do noivo, um lauto jantar.

Felicitam os e cu mprimen- tamos o novo casal.

(Baixa da (BankeJia— G r u p o C o l u m b ó f i l o B a ­

n h e i r e n s e — Os novos corpos gerentes, para dirigir os des­tinos desta prestigiosa agre­miação, eleitos em Assem­bleia Geral, e a que oportu­namente n o s referiremos, foram empossados há poucos dias, motivo porque muito sinceramente os cumprimen­tamos e felicitamos, dese- jando-lhes as melhores faci­lidades no desempenho das suas espinhosas missões.

Igualmente cumprimenta­mos e felicitamos a Direcção cessante, pelos bons servi­ços prestados, de princípio ao fim.

— Em 28-12-57, cerca das 21 h., também na sala prin­cipal desta agremiação, rea­lizou-se uma sessão solene para distribuição dos prémios da campanha de 1957, a quaj decorreu na melhor ordem e com um certo brilhan­tismo.

Foram conferidos prémios, aos seguintes classificados : — 1 .* Adão Cantante ; 2.° João Frederico da S i l v a

Am ado; 3 .° Alberto Cassiano da S ilva ; 4 .° Laurentino M a ­teus da S ilva ; 5.° Francisco Rafael P ra tas ; 6 . ° Francisco Lou ção ; 7 .° Diogo Ferrer Calado; 8 .° José António Lúcio ; 9.° Silvestre Pereira Victorino ; e 10.° João Bicas. Os nossos sinceros parabéns a todos os concorrentes que deram a sua valiosa colabo­ração, nesta campanha.

A completar esta notícia, cumpre-nos a g r a d e c e r a amável gentileza do convite ao nosso jornal, para assistir a e s t a seasão, — embora singela, mas cie grande sig­nificado. — (C .)

Valério da Fonsecafabricante de apoios de borrachapara iodas as marcas de automóveis.

Rua Françe Borges, 52

L A V R A D I O

E S T RB A N D A M U N I C I P A L

M O Z

Tomaram posse os novos corpos gerentes da Banda Municipal, que ficaram cons­tituídos da forma seguinte:

Assembleia GeralPresidente — Alfredo C or­

tes S im õ e s ; Secretários — António Luís Pimentão e Á lvaro Duarte Adoinho.

DirecçãoPresidente — F r a n c i s c o

Joaquim Baptista; Secretário— António Cristóvão Pere i­ra ; Tesoureiro — Ricardo de Jesus Pere ira ; V o g a i s — Leonardo Manteigas e A l­fredo Duarte Garcia.

Conselho Fiscal

Presidente — Isidoro A n ­tónio C artaxo ; Secretários— Caetano Augusto da Con­ceição e Cipriano Mendes Caeiro.

Café Alentejano

A gerência do popular Café Alentejano, acaba de adquirir um aparelho de T e ­levisão, dando assim aos seus clientes momentos de boa disposição, observando as emissões.

O aparelho foi fornecido pela firma Electro Rádio de Manuel Fernandes Martins, desta cidade.

À gerência e seus clientes os nossos parabéns. — (C .)

N . ° 8 9 F o l h e t i m d e « A P r o v í n c i a » 3 0 - 1 - 1 9 5 8

fffldeia do ffívessoc P c z c Á l v a r c 9 5 a L e n t e

Encontram-se pequenos lugarejos, aldeias negras, com suas casitas graníticas sem rebocos, — Aldeia de S . M iguel, Pinhanços, Santa Marinha, etc.; e, como distinções obrigatórias em todos os lugares da Terra, os chalés bicudos que lembram Normandias distantes, de balcões ao ripanso e paspalho, quase sempre abandonados fora das férias e dos verões, marcan­tes dos que foram e vieram, pobres para lá e ricos para cá.

Tornejam-se os vales, cobiçam-se as hortas.A caravana vai na primeira avançada, agora alegre e viçosa como flor

serrana que os orvalhos salpicaram e espertaram.

- S E I A —Passa na rasteira da primeira vila, cá nos fundos, à roda, à roda até

que ela se sume na volta da esquina.A ’s curvas sucedem-se mais curvas e contra curvas ,— a curva é na

Beira a representante das estéticas seculares; e, insensivelmente, a cara­vana sempre vai subindo dos trezentos para os quatrocentos e destes para os quinhentos.

- G O U V E IA -Quando se chega à segunda vila já a subida vai próximo dos setecen-

tos, com os tais zumbidos nos ouvidos e peso nos pulmões.Dos panoramas já passados a caravana pouco admira e contempla, com

° sentido posto nas merendas e nos pipotes de meio almude que os guias levam nas cavaletas.

O Homem, assim junto a outros hom eis, não se concentra, não se extasia, torna-se materialão pelo contacto.

Depo is . . . 0 ar fino e acerado da serra é 0 melhor vinho quinado que existe.

Primeira pausa, primeiro assalto.Abrem-se farnéis, deglute-se à sombra numa tearvalhada» estrondosa,

chupam-se as zurrapas com seu pique acético, e criam-se novas energias para 0 prosseguimento da escalada.

Um torpor esquisito, quase sonolência, estatela os corpos nas rampas dos penedos e nos tapetes da caruma. Os guias, porém, como senhores e directores da marcha, arrumam, ensacam, encestam e ordenam.

— Prá frente ! Prá frente que já vai 0 sol bem a l to . ..Os outros cantam para disfarçar 0 sono, .nas obedecem.E a caravana parte.Daqui ao diante os seus componentes começam a interessar-se mais,

visto que começa a verdadeira subida e surgem as paisagens variadas e fantásticas.

Não há como subir para que 0 Homem se julgue maior, — para 0 que basta montá-lo num asno; mas, se a subida se efectua em plena Natureza, o Homem sente-se mais pequeno quanto mais sobe. Questão de misticismo ou de mistério indecifráve l...

A caravana atravessa agora a segunda vila.Vai silenciosa.À frente os guias com as cavaletas, atrás 0 grosso da coluna.É preciso dar a impressão de certa solenidade e compustura. Há muito

tempo para desnortear, — quando, lá para os cocurutos, só se avistarem pedras e extensões desertas.

Entra-se no caminho das corcovas. É que daqui por diante sòmente se endireitam os corpos nas paragens. . .

Ataca-se a montanha em espirais. Cada espiral, cada curva e outra curva para formar 0 5 . E a cada espiral terminada, mais uns tantos metros para cima.

( C O N T I N U A )

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6 A PROVINCIA

Tenho cinquenta e três anos de idade e cinquenta de teatro, pois, quando tinha três anos meu pai, o falecido actor Kaúl Anjos cujo nome alguns montijenses de então talvez ainda recordem, tinha por alturas de 1907 um teatrinho, na Quinta de Santo António, no Es- toril.

Depois, até o seu falecimento, corri os bastidores dalguns gran­des teatros de Lisboa e, mais tarde, o jornalismo atirou-me para esses mesmos bastidores, que frequentei assiduamente, entrevistando al­guns dos melhores artistas da cena portuguesa.

Ultimamente, uma pergunta me tem obsecado, em face da crise que o nosso Teatro vem atravessando, a qual não deixei nunca de formu­lar a todos os meus entrevistados, no desejo insofrido de saber donde provinha a maleita. — «A que atri­bui a crise que o nosso teatro vem atravessando P»

Devo confessar que as respos­tas têm sido as mais diversas e senão, v e ja m o s :

Bárbara Virgínia disse-m.e que, para haver público nas bilheteiras seria n e c e s s á r i o escolher boas peças e saber-se representá-las, pois que nessa deficiência residia a falta de público ; Irene Isidro en­carou o problema doutra maneira e garantiu-me categoricamente que uma casa de espectáculos, para

que possa manter-se, deverá pelo menos realizar uma receita bruta, diária, de trinta mil cscudos, o que não se verifica senão nos primei­ros dias da estreia duma peça— e daí os fracassos o que assistimos; Madalena S itto, lastimou a falta de empresários que existe actual­mente e Vasco Santana, esse, mais reservado, apenas se limitou a constatar os factos, mas dizendo não compreender bem o que se passa 11a hora actual com o nosso teatro, quando, havia ainda pouco tempo, durante uma viagem de turismo que acabava de fazer pela França e pela Espanha, tinha en­contrado em Paris mais de oitenta teatros sempre com enchentes, al­guns até recusando público, outro- tanto se verificando em Madrid.

Beatriz Costa, quando lhe for­mulei a mesma pergunta, contes­tou-me que, nem 0 cinema nem os desafios de futebol podiam influir de qualquer modo na crise assus­tadora do teatro português, por­quanto, no Brasil , tudo vivia — teatro, cinema e fu te b o l— , pois que ali há público para as três modalidades. Ao domingo enchem- -se os campos arrelvados da bola, a transbordar; e à noite, o mesmo acontece nos teatros ou nos cine­mas.

E se bem que Irene Isidro não me tenha escondido a sua convic­ção de que o cinema, por sei mais

barato, se torna mais acessível às multidões, que o preferem, em de­trimento do teatro, eu continuo perguntando: — «Onde está o mal do teatro português ?».

Se a crise financeira que o nosso povo atravessa, de par com um nível baixo de vida, que sempre existiu em Portugal, são duas causas que em muito contribuem para o marasmo em que se debate o nosso teatro, conservando inac­tivos alguns artistas de valor, ou obrigando outros a emigrar, tal como aconteceu com Bárbara Vir­gínia, Alfredo Ruas, Octávio de Matos e outros, acho que haveria uma solução a dar ao problema, para que o nosso teatro, ao menos, não morresse. Criarem-se mais teatros de câm a ra (experimen­tais) eao mesmo tempo dar, sobre­tudo, lugar aos «novos» que mui­tas vezes constituem valores que não se podem revelar.

E ’ facto que já existem alguns desses ditos teatros, como o de António Pedro, do Porto, o de Pepita de Abreu, ou o de Maria Emília Castelo Branco. Mas não bastam. São precisos mais para in jectar seiva viçosa na alma do nosso teatro de tão antigas tradi­ções e para o qual haveria sempre público.

A n í b a l A n j o s

M A R I A L A L A N D E“ Entre a tradicional e arcaica rua de S. Bento e a Politécnica, onde se formam as «nossas» sapiências, ao meio duma rua ingreme, ergue- -se um pequeno prédio de azulejo, onde a trágica de «Frei Luís de Sousa» vive, estuda os seus papéis, lê]!e ensaia. Ao cair da tarde, quando Maria Lalande já terminou a sua actividade, bato à porta. Je m on tre patte b la n ch e e imedia­tamente sou introduzido numa pequena sala mobilada com gosto requintado. Na sua meia penum­bra, um rápido exame do meu olhar revela-me, através dos mó­veis Luís XVI, dos cadr-irões estilo lmpcrio e de diversas miniaturas dependuradas nas paredes forradas a papel «granité», cor de rosa, o gosto apurado, se bem que um

pouco severo, da «Nora» de «A casa dc boneca». Naquele ambiente soturno foram certamente estuda­das e criadas as protagonistas de tantíssimas peças que Lalande i n ­carnou sobre o tablado português, as quais fizeram vibrar, em arre­batamentos de justificável delírio, as plateias mais exigentes do nosso teatro declamado. As protagonistas dc «Bosa engeitada», «Miss Ba», «Nora» da «Casa de boneca», de Ibsen, a pervertida de «Baton», de Alfredo Cortez, ou as infantis pro­tagonistas de «Pimpinela» e dc «.loão Batão», que divertiram cen­tenas de «miúdos», nasceram en­tre as quatro paredes daquela saleta atapetada e confortável, so­bre cujas alcatifas o eco dos nossos passos morre abafado neste cre ­

púsculo duma tarde de in ­verno, quando cá fora o sol morre, esbatendo com luz pálida as sete colinas de L is b o a !

Foi a este cismar que fui arrancado pelo riso esfu- siante da actriz Maria La­lande, cuja entrada inopi­nada enche, como que da um súbito novo sol, a saleta da artista, sobrepondo-se à penumbra ingente do dia que m o r r e !

Envergando um álacre pi­jama de cores vivas, que lhe realça o seu ar agaia- tado, Maria Lalande colo­ca-se, desde logo, à disposi­ção do jornalista, — para o sacramental interrogatório, num à — vontade de sim ­patia que transporta a a r ­tista, por uns instantes, às suas criações cénicas.

E o interrogatório começa:— Gostou da sua criação

de «Nora» na peça natura­lista, de Ibsen, "Casa de bo­neca» ?

A esta pergunta, a artista olha- -nos por seu turno, interrogativa­mente e, baixando os seus olhos, enquanto deixa brincar os seus dedos afilados sobre o tecido mul­ticor do sofá, onde está sentada, responde com certa modéstia.

— Trabalhei muito para o papel de "Nora», mas acho que ainda assim tinha defeitos; podia ter feito melhor.

Não concordámos, pois vimos Maria Lalande interpretar ess j papel que bastante nos satisfez. Porém, a curiosidade do jornalista vai mais longe e, invertendo a pergunta formulada peio signatá­rio desta entrevista relâmpago, ao actor cómico Vasco Santana, há tempos, sobre se se sentia com ãninio para interpretar um papel dramático, perguntei à minha en­trevistada se, na sua qualidade de artista dramática, poderia repre­sentar uma farsa. Lalande afirma- - n o s :

— Mas certamente, pois também já representei comédia, noutros tempos, quando trabalhei no T e a ­tro Nacional. Ali interprelei suces­sivamente— drama, comédia, tea­tro clássico de Gil Vicente, e até teatio i n f a n t i l . Fui a c iadora dalguns personagens deste último género da Arte de Talma.

Depois, quisemos saber a opi­nião da artista sobre o motivo porque os artistas da cena poitu- guesa não frequentam, como os seus colegas do estrangeiro, as sa­las dos nossos «cafés». Apontá­mos-lhe, a tal respeito o que acontece, por exemplo, em Paris, Londres ou Berlim, onde existem salas frequentadas exclusivamente por artistas de teatro ou de cinema. A esta nossa interrogação, Lalande contesta-nos decididamente:

— Não temos, infelizmente, nad.i no género, e nós, artistas de cate-

(C o n tin u a n a p á g in a 5)

Alma Flora, embora portuguesa pelo nascimento e pelo m atr im ó­nio, sem esquecer a sua pátria, consegue ser brasileira cem por cento, pelo coração, não só pélos muitos anos que no Brasil viveu, como pelo muito que deve à pá­tria irmã da nossa, pois foi em regiões de Santa Cruz que os de­sígnios da sua sorte lhe propor­cionaram o lugar de destaque dc que actualmente usufrui, tanto sobre o nosso tablado como sobre o carioca.

E q >ando digo que Alma Flora não esqueceu a pátria em que nasceu, digo-o com conhecimento de causa, pois tive ocasião de sentir a sinceridade com que a artista me afirm ou:

— «Desde a idade de nove anos que estou no Brasil e creia que de há muito aguardava esta opor­tunidade de voltar a ver Portugal, oportunidade essa que fracassou várias vezes, a última das quais quando estive para ser contratada pelo realizador Leitão de Barros, para incarnar a protagonista do f i l m e «Vendaval Maravilhoso», que veio a ser interpretado por Amália Rodrigues.

E ao interrogar a intérprete del «O Divórcio», sobre a impressij que sentiu ao chegar a Portugal! Alma contestou-me o seguin((| que vem confirmar a sua sinceri.| dade patriótica :

— -<Não sei. Fiquei como qg|| paralizada, presa duma etnoçjj que não posso definir, porque tnl encontrava de novo em Portu».! — a minha Pátria».

Alma Flora estreou-se em I93ll| no Teatro Municipal, de Niterói,j na peça «O C h a u ffeu r Milioni rio», de Celestino Silva. Aa suai coroas de glória, foram : «Deusa di todos nós», de Bontempelli , «StJ remos sempre crianças», de Pi coal Carlos Magno, «Vila RicaJ de Raimundo Magalhães Júnioi «Corda de Prata», de Luz Cardoi e a O divórcio», da escritora inglei Clarence Dane.

Alma Flora, cujo talento honnL bem a nossa Pátria sobre os tablil dos brasileiros, possui a medallii de ouro de 1947, que lhe foi couf cedida pela Associação dos Ciíj ticos Teatrais Brasileiros.

ANÍBAL AN.IOS I

O T e a t r o

na aetualidadfio grande artista e querido amigo Afonso de Matos

Quando me ponho a olhar e a recordar o Passado, com aquele extenso desenrolar de amargas reminiscências que vai até a mo­cidade, e poiso o pensamento no Teatro português doutrora, sinto uma tristeza profunda que todo me domina.

Com exclusão de meia dúzia de artistas, que ainda surge no céu nebuloso dos palcos actuais, que ainda prestigia o nome do nosso Teatro, vejo o clarão que ao longe se extinguiu e a sombra que tudo cobre agora.

Eu sou dos tempos gloriosos.Bemexendo as cinzas da minha

meninice, saltam-me em faúlhas quase mortas .1 Arte e os Artistas de então, as peças e as figuras, os aspectos e os episódios, e não sei que mais lam en tar : se o tempo implacável que tudo destruiu, se a Memória que persiste em me tra­zer à mente as g r a n d e z a s que conheci e admirei.

Sou dos tempos em que hesitá­vamos na escolha do teatro a fre­quentar certa noite, sendo que todos eles nos tentavam e sedu­ziam.

Na «alta comédia», a Companhia Kosas Brasão com seu reportório excelso, — conjunto soberbo em que não havia artistas medíocres, nem peças inferiores ; na «comé­dia propriamente dita», o «Giná- sio> com seus núcleos inconfundí­veis, suas peças que se tornaram mortais ; na opereta, o «Trindade» com aqueles enlencos notáveis, em que o canto nos seduzia e arras­tava ; e até na «Revista», — a céle­bre “Revista do ano», companhias de belos elementos que represen tavam peças cheias da «antiga e lusitana graça».

Tudo era grande no Teatro da­queles saudosos tempos !

No entanto, enquanto a Memóri me traz à mente esse passado rioso, continua o raciocínio a di zer me que o Teatro não morrerí não pode morrer, porque é c sen E terno.

As crises temporárias ocasionai interrupções como acontece, nal, em todas as a r te s ; mas ni conseguem nunca deminuir-lhe valor i n t r í n s e c o , o significai cultural.

O Teatro há-de vencer atravl de todos os obstáculos e contri riedades, embora sofra, no decof rer do tempo^ duma ou doutr pausa.

As pausas não significam morli e até se explicam como necesst dade augusta de repouso pa' criação de novas energias e mais arrojados voos.

E não podem significar «mortt porque o Teatro é uma M inexgotável de Beleza, onde 0 io! tinto e o s e n t i m e n t o humano vão beber a linfa que dessedenl o espírito ansioso.

O Teatro foi sempre o índice di grau de civilização dum povo, pelo seu menor 011 maior progres| se avaliou sempre a prosperi '- da alma colectiva.

Quando Aristófanes e escreviam as suas comédias e tr» gédias a Grécia apontava ao mun1 a sua cultura exem p lar ; quaw Racine, Molière, c Corneille ei plendiam seu talento e génio, arte dramática atingia em Fran! prodigiosas alturas e as reverb* rações resultantes iluminavam

(Continua n t p á g in a 5)À’lvaro Valente