Trazer à luz o lado invisível da Vida

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Trazer à luz o lado invisível da Vida **Desafio da Identidade** O texto de Ezequiel reaviva o desafio da identidade. Nos dias que correm o desafio de recrear a identidade é um jogo aberto, ambivalente e teatral. No passado, o desafio de recrear a identidade era revestido da solidez e estabilidade dos principios. O velho e amarelado album de fotografias é a imagem perfeita do que permanece ante os desafios da vida. Uma memória sólida de “aço e cimento”. Hoje, o desafio da identidade é recreado pela palavra “reciclar” e pelas memórias voláteis dos computadores. Estão feitas para reter grandes quantidades de informação, mas não de forma indefinida. Podem e devem ser apagadas. A avidez de mais informação é tal que o desafio de recrear a identidade se reveste duma ansiedade que afasta de todo o processo o verbo “permanecer”, ou “aquilo que dura”, e o substitui pelo verbo “reciclar”. O “aço e o cimento” dão lugar ao “plástico bio-degradável”. Hoje “identidade” e “significado” apenas existem como projetos temporários. E desafio dos “projetos” pós- modernos de identidade está no conceito de “distância”, ie, no “intervalo” que somos capazes de propor à nossa liberdade entre os desejos e a gratificação. Qual é a distância ajustada? Como perseverar na espera, e de integrar a consequente frustação, desenvovlem a identidade **Peregrinos** Pertence à condição humana essa fome do ir além, que ora se exprime em odisseias ou aventuras, e quanto mais o viver se consciencializa, menos ela se satisfaz ou se conforma» Toda o peregrinar é uma caminhada de homens e de mulheres em direcção a um centro. Mas o peregrino tem uma motivação específica, bem diferente da do viajante a caminho da realização de um objectivo comercial, politico ou familiar ou para uma mera visita de amigos ou, ainda, um encontro de estudo»: a pessoa de Jesus. A especialidade do deserto é livrar-nos das dependências,

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Trazer à luz o lado invisível da Vida

**Desafio da Identidade**O texto de Ezequiel reaviva o desafio da identidade. Nos dias que correm o desafio de recrear a identidade é um jogo aberto, ambivalente e teatral. No passado, o desafio de recrear a identidade era revestido da solidez e estabilidade dos principios. O velho e amarelado album de fotografias é a imagem perfeita do que permanece ante os desafios da vida. Uma memória sólida de “aço e cimento”. 

Hoje, o desafio da identidade é recreado pela palavra “reciclar” e pelas memórias voláteis dos computadores. Estão feitas para reter grandes quantidades de informação, mas não de forma indefinida. Podem e devem ser apagadas. A avidez de mais informação é tal que o desafio de recrear a identidade se reveste duma ansiedade que afasta de todo o processo o verbo “permanecer”, ou “aquilo que dura”, e o substitui pelo verbo “reciclar”. O “aço e o cimento” dão lugar ao “plástico bio-degradável”.

Hoje “identidade” e “significado” apenas existem como projetos temporários. E desafio dos “projetos” pós-modernos de identidade está no conceito de “distância”, ie, no “intervalo” que

somos capazes de propor à nossa liberdade entre os desejos e a gratificação. Qual é a distância ajustada? Como perseverar na espera, e de integrar a consequente frustação, desenvovlem a identidade 

**Peregrinos**Pertence à condição humana essa fome do ir além, que ora se exprime em odisseias ou aventuras, e quanto mais o viver se consciencializa, menos ela se satisfaz ou se conforma»Toda o peregrinar é uma caminhada de homens e de mulheres em direcção a um centro. Mas o peregrino tem uma motivação específica, bem diferente da do viajante a caminho da realização de um objectivo comercial, politico ou familiar ou para uma mera visita de amigos ou, ainda, um encontro de estudo»: a pessoa de Jesus.

A especialidade do deserto é livrar-nos das dependências, de agilizar os desejos e motivações ao recriar a capacidade perdida do “esperar”, da “distância” entre o ser e o querer.

Mais do que casas, somos construtores de estradas. De que servem as casas a um peregrino? As casas representam a tentação de parar, de descansar, de

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esquecer, ainda que por instantes, o ser peregrino… Para recrear a liberdade interior… nada melhor do que o deserto, onde encontramos Jesus… 

Batismo é sacramento sobre o qual se funda a nossa fé e nos torna membros vivos em Cristo e na Igreja. Com a Eucaristia e a Confirmação faz parte do processo de iniciação cristã. Não é uma formalidade, mas um rito que afeta profundamente a existência humana desde imersão na fonte de vida que representa a paixão morte e ressurreição de Jesus. 

**Despertar a memória do Batismo**  Devemos despertar a memória do nosso Batismo. Somos chamados a vivê-lo a cada dia, como realidade atual da nossa existência. Se conseguimos seguir Jesus e permanecer na Igreja, mesmo com os nossos limites, com as nossas fragilidades e os nossos pecados, é propriamente pelo Sacramento no qual nos tornamos novas criaturas e fomos revestidos de Cristo. É por força do Batismo, de fato, que, livres do pecado original, somos unidos à relação de Jesus com Deus Pai; que somos portadores de uma esperança nova, porque o Batismo nos dá esta esperança nova: a esperança de seguir pelo caminho da salvação, toda a vida. E esta esperança nada e ninguém

pode extinguir, porque a esperança não desilude.

Dentro de casa há quartos pequenos e salas amplas; escadas íngremes e corredores compridos. No coração da Luisa e de cada um de nós também há disso. Tal como em casa, também a vida tem compartimentos, espaços e lugares, passagens e esconderijos, jardins e arrecadações. 

Quase sempre mostramos as salas e as dependências mais bonitas aos que se aproximam do nosso coração. Mas se os lugares recônditos, empoeirado, escuros, estritos, obtusos, tortuosos ficarem sempre fechados e inacessíveis, como conseguiremos ser um todo? Como podemos ser com tantas portas do coração fechadas? Com tantas escadas de difícil subida para a misericórdia? Com sótãos empoeirados onde guardamos a solidariedade?