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TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO e SERVIÇO SOCIAL : desafios para o assistente social em espaços sócio-ocupacionais reestruturados. Karla Fernanda Valle 1 Janete Luzia Leite 2 RESUMO: Este trabalho debate os impactos das transformação do mundo do trabalho no contexto do capital-imperialismo, abordando as implicações da disseminação do ideário pós-moderno (e a sustentação que este dá ao discurso gerencial) sobre a atuação profissional do Serviço Social e da classe trabalhadora inserida no setor público. Metodologicamente, foi realizado um levantamento bibliográfico, hemerográfico e documental do pensamento social crítico e da realidade do judiciário trabalhista carioca, selecionado por ser um exemplo privilegiado da atuação profissional num contexto de reestruturação produtiva. Conclui-se que a atual conjuntura inflexiona o legado ético e político de cariz progressista do Serviço Social brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Pós-Modernidade; Capital-Imperialismo; Gerencialismo. ABSTRACT: This paper discusses the impact of the transformation of the workers world in the capital-imperialism context, addressing the implications of the spread of postmodern ideas (and the support that this gives to the management speech) on the professional practice of Social Work and working class inserted in the public sector. Methodologically, was performed a survey of bibliography, newspaper and documents of the critical social thinking and the reality of Rio de Janeiro labor court, selected to be a prime example of professional practice in a productive restructuring context. We conclude that the current situation shrugs the ethical and political legacy of progressive nature of the Brazilian Social Work. KEY-WORDS: Social Work; Post-Modernity; Capital- Imperialism; Managerialism. 1 Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrante do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Políticas Públicas, “Questão Social” e Serviço Social (NUPEQUESS/UFRJ - Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq). Assistente Social do Tribunal Regional do Trabalho-RJ. [email protected] 2 Professora Associada da Escola de Serviço Social (Graduação e Pós-graduação) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Políticas Públicas, “Questão Social” e Serviço Social (NUPEQUESS/UFRJ - Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq). [email protected]

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TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO e SERVIÇO SOCIAL : desafios para o assistente social em espaços sócio-ocupacionais

reestruturados. Karla Fernanda Valle1

Janete Luzia Leite2 RESUMO: Este trabalho debate os impactos das transformação do mundo do trabalho no contexto do capital-imperialismo, abordando as implicações da disseminação do ideário pós-moderno (e a sustentação que este dá ao discurso gerencial) sobre a atuação profissional do Serviço Social e da classe trabalhadora inserida no setor público. Metodologicamente, foi realizado um levantamento bibliográfico, hemerográfico e documental do pensamento social crítico e da realidade do judiciário trabalhista carioca, selecionado por ser um exemplo privilegiado da atuação profissional num contexto de reestruturação produtiva. Conclui-se que a atual conjuntura inflexiona o legado ético e político de cariz progressista do Serviço Social brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Pós-Modernidade; Capital-Imperialismo; Gerencialismo.

ABSTRACT: This paper discusses the impact of the transformation of the workers world in the capital-imperialism context, addressing the implications of the spread of postmodern ideas (and the support that this gives to the management speech) on the professional practice of Social Work and working class inserted in the public sector. Methodologically, was performed a survey of bibliography, newspaper and documents of the critical social thinking and the reality of Rio de Janeiro labor court, selected to be a prime example of professional practice in a productive restructuring context. We conclude that the current situation shrugs the ethical and political legacy of progressive nature of the Brazilian Social Work. KEY-WORDS: Social Work; Post-Modernity; Capital-Imperialism; Managerialism.

1 Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrante do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Políticas Públicas, “Questão Social” e Serviço Social (NUPEQUESS/UFRJ - Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq). Assistente Social do Tribunal Regional do Trabalho-RJ. [email protected] 2 Professora Associada da Escola de Serviço Social (Graduação e Pós-graduação) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Políticas Públicas, “Questão Social” e Serviço Social (NUPEQUESS/UFRJ - Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq). [email protected]

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I. INTRODUÇÃO

Debater o Serviço Social contemporâneo implica na capacidade de nos

debruçarmos sobre as ampliadas funcionalidades do Estado postas pelo chamado

capitalismo tardio, característico de sociedades como a brasileira. Trata-se, pois, de um

Estado que diante de uma crise estrutural permanente e crônica, posiciona-se como um

agente essencial de preservação e maximização da lógica de reprodução do valor.

Esta conjuntura traz ao Serviço Social demandas e desafios diretamente

vinculados a uma dinâmica societária centrada na maximização dos lucros e na

conformação do ideário da finaceirização que, por sua vez, atravessa a diversas esferas de

sociabilidade, tendo em vista que o conceito de modo de produção se remete, também, à

produção da totalidade da vida social e dos modos de existência (FONTES, 2012).

Neste contexto, discorremos especialmente sobre as particularidades laborais

dos assistentes sociais na condição de servidores públicos, posto que são reiteradamente

chamados a responder ao hiato existente entre a intenção progressista do projeto

profissional (que ainda supõe-se hegemônico) e espaços sócio-ocupacionais cada vez mais

engessados, seja por políticas sociais precarizadas, por direitos sociais descaracterizados

pelo avanço (retrocesso) neoliberal, e/ou locais de trabalho reestruturados e submetidos a

uma lógica gerencialista que a tudo domina: tempo de vida e tempo de labor, forjando um

homem desprovido do potencial ontológico do trabalho.

Destarte, é a partir destes pressupostos que este texto debate as implicações do

processo de contrarreforma do Estado sobre os trabalhadores empregados em seu aparato,

tendo em vista que esta condição laboral perde a maior parte de seu atrativo, tornando-se

mais uma mera forma de exploração voltada à multiplicação do capital e a canalização dos

excedentes (BRAVERMAN, 2012). Para realizarmos este estudo, ateremo-nos aos efeitos

dessa hipotética modernização que produz uma verdadeira precarização/intensificação das

relações de labor e dos espaços sócio-ocupacionais pertinentes ao Estado. Isto porque, a

parcela de trabalhadores inseridos nesta esfera passa, segundo Alves (2013), por uma

verdadeira dessubjetivação de classe advinda, dentre outros aspectos, do enfraquecimento

dos coletivos laborais e da valorização de preceitos liberais travestidos em critérios de

eficiência e eficácia.

Para demonstrar esta assertiva, daremos ênfase à correlação entre a praxis do

Serviço Social e as reatualizações da Organização Científica do Trabalho (OCT, como

nosso híbrido fordismo/toyotismo) que trazem, ao contrário do discurso agregador e

coletivista veiculado, um projeto que visa a reapropriação das qualidades humanas,

reapresentando-as como um produto das organizações (HELOANI, 2011). Debatemos, pois,

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o estabelecimento de um caldo gerencialista (oriundo do acirramento da lei geral de

acumulação do capital), o qual demanda uma coerção de novo tipo, com roupagem sutil,

explicitada por meio de técnicas e instrumentais que geram uma aceitação tácita do

trabalhador em torno dos objetivos do empregador.

Neste sentido, analisaremos o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro

(TRT/RJ) por se tratar de um locus de atuação do Serviço Social em uma instituição pública

federal (o que, em termos nacionais, representaria um emprego de melhor qualidade dentro

do setor público); bem como por comportar um fazer profissional análogo aquele

desenvolvido nas instituições privadas, tendo em vista, por exemplo, as características dos

programas e ações institucionais em que se demandam o assistente social. De antemão,

podemos afirmar que estas particularidades desvelam a irônica lógica gerencial que

atravessa a toda instituição, fator este que se choca com o princípio protetor inerente ao

direito do trabalho.

O referencial teórico-metodológico desta investigação ilumina-se pela

perspectiva marxiana. Realizamos um resgate bibliográfico e documental que contemplou

autores que debatem o chamado mundo do trabalho e o movimento macrossocietário que

incide diretamente sobre ele, a “reforma” do Estado e a prática gerencial, assim como a

sistematização do cotidiano do Serviço Social, que ingressou há apenas quatro anos na

instituição. Sequencialmente, realizaremos uma breve exposição acerca das perniciosidades

da lógica gerencialesca adotada pelo judiciário trabalhista carioca, realizando uma primeira

aproximação sobre os impactos destes direcionamentos para os servidores públicos e para

a atuação do Serviço Social. Por fim, salientamos a importância, para os assistentes sociais

brasileiros, da investigação sobre as diversificadas formas de reatualização conservadora

nos espaços sócio-ocupacionais da profissão (consagrados ou novos), tendo em vista que a

atual conjuntura propicia grandes retrocessos às conquistas profissionais advindas do

Serviço Social legatário das correntes progressistas – teórica, ética, política e socialmente.

II. GESTÃO COMO IDEOLOGIA E CAPITAL-IMPERIALISMO: Desafios ao Serviço Social brasileiro

A partir de meados da década de 1990, o Brasil vivencia uma ofensiva de cariz

neoliberal em que se veicula a desconstrução dos serviços públicos e, com ela, a

desqualificação dos funcionários públicos. Tais programáticas são incentivadas pelos

organismos multilaterais pertencentes às bases do capital-imperialismo, a exemplo do grupo

Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isto significa que por força

do capital internacional e especulativo prevalecem, hoje, mais do que antes, os princípios do

mercado sobre todos os demais. Nesta conjuntura, mesmo as instituições públicas que não

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estão diretamente conectadas a geração de valor tendem a adotar os princípios

neoprodutivistas toyotistas (ALVES, 2013). Trata-se de um contexto que busca forjar uma

materialidade social permeada pelo o que Gurgel (2003) sinaliza como um reinventado

arsenal de noções ideológicas constituintes de uma nova vulgata que objetiva recrudescer o

ideário do pensamento único e de uma solução única para a crise – a qual vai ao encontro

dos pressupostos mais draconianos do capital, justificando reformas profundas no aparelho

do Estado, para além de abolir os direitos da classe trabalhadora e ampliar as garantias do

capital. Destarte, estas transformações no mundo do trabalho podem ser caracterizadas

como uma nova precariedade salarial no Brasil, a qual, segundo Alves (Op. cit.), se

manifesta não apenas pelo aumento da contratação flexível, mas pela adoção da

flexibilização da jornada de trabalho e da remuneração salarial que se realizam tanto na

esfera pública (por meio, por exemplo, de concursos públicos com contratações

temporárias) quanto na esfera privada (remunerações variáveis etc.).

Esta cultura resultante da contrarreforma do Estado se traduz, pois, na

progressiva perda de direitos que diante da nossa conformação social, econômica e política,

mostra-se ainda mais perniciosa. Isto porque, segundo Coutinho (1979), o Brasil caracteriza-

se por ser detentor de uma história essencialmente incompleta no que diz respeito a sua

modernização, trazendo consigo entraves e problemáticas do seu histórico escravocrata e

colonial. Desta forma, são inerentes a nossa sociabilidade, a confusão entre o “particular e o

privado”, as dominações de base tradicional e patrimonial, bem como o oligarquismo, que

maximizam uma história onde o atraso é usado como instrumento de poder. Tais

característcias retratam a dimensão viciosa desse sistema político/econômico que se imiscui

em todas as dimensões de nossa sociabilidade, naturalizando saídas conservadoras à

precarização dos direitos sociais e trabalhistas, os quais têm nos assistentes sociais

mecanismos de sua execução e instrumentalização.

Frente ao exposto, Gurgel (2003, p.16) assinala que esta herança histórico-

nacional, somada a uma concentração de capital sem precedentes, abre espaço para a

introjeção e naturalização das teorias de gestão, mediante um discurso ideológico que visa

reavivar e afirmar « os princípios individualistas do liberalismo conservador, ainda que se

apresentem sob formas pós-modernas». Segundo Fontes (2012), este é um contexto

oriundo de uma concentração de capitais a patamares inimagináveis, que submerge a

humanidade em dejetos por meio do aprofundamento do estranhamento da grande maioria

da população em relação ao mundo que ajudou a construir. Neste sentido, a intensificação e

a prezarização do trabalho no serviço público e, consequentemente, sobre o espaço sócio-

ocupacional (ainda majoritário) do Serviço Social nos coloca diante de novos desafios que,

paradoxalmente, retroalimentam práticas que representam aquilo que há de mais

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conservador na profissão, como práticas de tutela, coerção e convencimento. Tais

características, quando mescladas aos ditames do ideário gerencial e respaldadas pela

generalização do abandono da razão pelo pensamento pós-moderno, forjam novas

necessidades sociais que naturalizam técnicas de mobilização da subjetividade e

passivização do trabalhador (Mota, 2010).

Elucidamos, assim, um contexto contemporâneo que, segundo Alves (2014),

caracteriza-se por um processo de captura de subjetividades mais intenso, de maneira que

o atual estágio de fetichização e estranhamento vivenciado pelo homem que trabalha não

necessariamente o leva ao sofrimento. Assim, há aqueles que se identificam com as

generalizações dos pressupostos gerenciais, incorporando tais perspectivas, inclusive, na

esfera privada de suas vidas. Portanto, considerando este aspecto do capitalismo

contemporâneo, observamos uma disseminação do pensamento pós-moderno, o qual, a

nosso ver, dá sustentabilidade à retórica gerencial que nos traz conceitos e práticas como:

empreendedorismo, mediação de conflitos, qualidade de vida no trabalho, responsabilidade

social, chefia e lideranças, gestão por competências, programação neuro-linguística,

«coach», dentre outros.

Esta disseminação da perspectica gerencialesca, incentivada pelos manuais dos

organismos multilaterais revela, para Baran e Sweezy (1978), a estruturação de um homo

economicus que se forjou sob uma tradição psicologizante da realidade, legatária do

utilitarismo do século XIX, a qual resulta na reinvenção da confusão e do obscurantismo

social. É neste sentido que Gaulejac (2007) afirma que o sistema gerencialista suscita um

modelo de personalidade narcísica, agressivo, pragmático, sem estados de alma, centrado

sobre a ação e não tanto sobre a reflexão, pronto a tudo para ter sucesso. Para o referido

autor, o empregado projeta sobre a empresa o seu próprio ideal de onipotência e de

excelência e, ao mesmo tempo, introjeta o ideal de expansão e de conquista proposto pela

empresa (Ibid.).

Neste contexto, a disseminação da ideologia toyotista na gestão dos processos

de trabalho no setor de serviços e na administração pública contribui para a afirmação de

uma perversidade como característica do ethos da gestão capitalista do trabalho humano

(Alves, 2013). Tal processo implica na captura da subjetividade do homem que trabalha,

envolvendo o trabalhador emocional e afetivamente com o conteúdo de sua atividade

laboral. Logo, o adoecimento pessoal é apenas a situação-limite do estranhamento que

perpassa, hoje, o trabalho na sociedade burguesa (Ibid.). Destarte, conforme pontua Marx

(2006), as fúrias do interesse privado atravessam substantivamente todo o mundo do

trabalho, de maneira que a qualidade de vida no emprego não pode mais ser aferida pelos

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seus vínculos contratuais, devendo-se observar, principalmente, a relação entre o trabalho e

vida que advém daquela experiência de trabalho assalariado.

Neste sentido, baseados em Netto e Carvalho (2011), entendemos que a vida

moderna cotidiana é um espaço modelado pelo Estado e pelo trabalho assalariado, que

tende a limitar o homem a uma vivência robótica a qual, nas palavras dos autores, é capaz

de resultar em um consumismo dócil e voraz, de eficiência produtiva e também de abdicar

da sua condição de cidadão. Assim, para pensarmos as transformações do mundo do

trabalho e seus impactos sob a atuação do assistente social é necessário refletirmos,

também, sobre os desafios inerentes a reprodução acrítica de práticas e saberes

profissionais no cotidiano laboral, tendo em vista que a vida cotidiana tanto pode se

apresentar como um espaço da alienação; como um mundo de mediocridade ou como um

mundo com possibilidade de resistências e transformações (IDEM).

No TRT-RJ o Serviço Social atua, essencialmente, com as resultantes de uma

relação estranhada do homem com o trabalho, elucidada por meio de fênomenos como

assédio moral e sexual, adoecimento físico e psicossomático. Logo, a tônica do sofrimento

no trabalho mostra-se como a primeira ponta das expressões da questão social no que diz

respeito às inflexões contemporâneas do capital sobre o trabalho. E aí reside o grande

desafio, posto que o Serviço Social é chamado a mediar conflitos; a promover ações

pontuais de qualidade de vida no trabalho, assim como para estabelecer mecanismos

socioeducativos voltados à adesão dos servidores aos valores e metas instituconais.

Para entendermos a atuação do Serviço Social no judiciário brasileiro, é

necessário discorrermos sobre o Documento Técnico nº 319, do Banco Mundial que

delimita uma nova organização do Poder Judiciário para a América Latina e Caribe. Sob a

influência direta deste documento, foi criado o Conselho Nacional de Justiça, baluarte

propulsor das transformações “necessárias”. No documento suprarreferido, o Banco Mundial

delimita que os Estados-Nação devem repensar o papel dos respectivos países, tendo em

vista que estes precisam atuar como facilitadores e reguladores das atividades inerentes

aos setores privados. Isto porque o Banco Mundial «constata» a ineficiência dos setores

públicos «pouco produtivos» e com serviços de baixa qualidade, resultando em um

excessivo acúmulo de processos no Poder Judicário, o que, para o BM, reflete uma

deficiência no seu processo de gerenciamento. Neste mesmo contexto, o Documento nº 319

delimita que os serviços são prestados de uma forma pouco competitiva pelos servidores

públicos. Destarte, o BM explicita que o seu programa de reforma visa aumentar a eficiência

e a eficácia do Judiciário, viabilizando a dissolução de conflitos e a promoção do

desenvolvimento do setor privado (tendo em vista que hoje a esfera pública não estaria

sendo capaz de solucionar a contento as demandas do referido setor). Para comprovar esta

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ineficiência, o documento cita: “No Brasil, em 1990, mais de 40 milhões de processos foram

ajuizados nas Cortes de 1ª Instância, mas apenas 58% dos processos foram julgados ao

final deste período”. Neste mesmo contexto, o BM indica que 74% da população brasileira

se refere à administração da Justiça como “regular ou insatisfatória”. Recomenda, também,

a revisão do número de servidores, por meio de uma análise sobre as demandas

institucionais, pontuando que a solução para um atendimento de qualidade não está,

necessariamente, no aumento do número de seus empregados. Segundo o Documento

Técnico nº 319, os juízes e servidores públicos estão na “raiz do problema” da morosidade e

da ineficiência do Judiciário e, portanto, dificultam as mudanças e transformações

necessárias.

Ademais, o texto deixa muito clara a preocupação com os processos gerencias e

de administração, como se pudéssemos resumir a morosidade da Justiça à questão

organizacional. Esta deve ser apreendida, apenas, como mais um dos aspectos. Sabemos

que, por vezes, vícios de sociabilidade como o coronelismo, o autoritarismo e o

patrimonialismo são mais determinantes para os limites do Judiciário do que os limites

administrativos propriamente. Também devemos levar em consideração que a corrida da

população ao Judiciário deve-se ao contínuo desmonte das políticas sociais (sendo um

exemplo a judicialização da saúde), além do desrespeito sistemático do empresariado no

descumprimento das leis do trabalho (Ribeiro, 2005). Sob este aspecto, revela-se a

dimensão perniciosa da cultura do “consenso e da conciliação”, tendo em vista que,

reiteradamente, pela emergência vivida, muitos trabalhadores são levados concordar com

conciliações que redundam em uma remuneração imediata sempre menor que aquela

efetivamente devida. Pode parecer inocente, mas vale lembrar: técnicas gerenciais não são

científicas, neutras ou apolíticas. Elas atendem a visões de mundo e, principalmente, a

interesses. Portanto, a análise do BM para a reforma do judiciário delimita um mero recorte

e abstração da realidade, que transforma os limites do judicário em simples questões

administrativas, ignorando o massivo processo de desconstrução dos direitos sociais, o

acirramento do individualismo possessivo e a fragilização dos coletivos laborais, associada,

por sua vez, ao enfraquecimento das lutas classistas, redundando na judicialização da

própria sociedade, que só observa caminhos restritos às relações jurícas burguesas as

quais, por si só, já possuem um desenvolvimento desigual (MARX, 2011). Sobre esta

questão, pontua Lukács (212, p.336): «O processo só se torna misterioso quando as

relações econômicas não são entendidas como relações entre homens, mas ao contrário,

são fetichizadas, ‘reificadas’».

Destarte, as Varas do Trabalho, por exemplo, se transformam em locais de

trabalho reestruturados, territórios laborais que refletem a nova precariedade salarial que

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colabora para a intrusividade do tempo de trabalho sobre o tempo de vida (Alves,2014). No

que tange às novas tecnologias, o Processo Judicial Eletrônico (PJe) aparece não apenas

como um mecanismo de racionalização do processo de trabalho, mas instaura uma nova

forma de controle sobre o trabalho dos juízes e servidores em tempo real. Trata-se de um

instrumental incorporado ao processo de trabalho que objetiva a redução do tempo das

atividades acessórias ao processo judicial, automatizando procedimentos e viabilizando a

execução de tarefas de forma paralela – portanto, uma verdadeira reestruturação produtiva

do judiciário.

Tais transformações exigem novas competências para os servidores, que são

levados à adoção de valores como proatividade e polivalência. Observa-se ainda que esta

reestruturação do processo de labor implica não só no aumento objetivo/numérico da carga

de trabalho, mas também em uma intensificação desta carga de trabalho, tendo em vista a

maior quantidade de informações recebidas e administradas pelos servidores. Parte dessas

“novas competências” metamorfoseiam-se em fatores de sofrimentos para os servidores, em

especial para aqueles que possuem uma trajetória conectada às antigas formas de labor.

Segundo Alves (2014), o estresse e o sofrimento psíquico podem ser compreendidos como

resultantes desta nova dinâmica, estimulada pelas técnicas de gestão by stress, que veicula

valores como “adesão, consentimento, produtividade, responsabilidade social”,

transformando o homem que trabalha em patrão de si mesmo, corroendo a ponderação

necessária à efetivação da Justiça. Para Alves (Op. cit.), o problema da Justiça do Trabalho

não se restringe, portanto, a uma transição organizacional, mas sim, a uma concepção

política de gestão e a própria concepção de produção da Justiça do Trabalho. Nas práticas

gerenciais contemporâneas podemos observar, portanto, uma fragmentação ainda maior do

trabalhador coletivo, de maneira que o homem que trabalha é confrontado cotidianamente

pela solidão (relacional e de si) e pela violência inerente à cultura da produtividade

(DEJOURS, 1992).

Por fim, entendemos que o Serviço Social brasileiro também está submetido a

esta realidade, tendo em vista que a sociedade gerencial é uma consequência da

reestruturação produtiva e possui como característica ser um sistema que tem no centro, o

universo econômico, social e cultural ditado por regras empresariais, trazendo uma grande

transformação de valores e modos de ser (GAULEJAC, 2007). Os homens procuram na

gestão um sentido para a ação e até, por vezes, para a sua vida e seu futuro. E, dessa

maneira, em nome do desempenho, da qualidade, da eficácia, da competição e da

mobilidade, construímos um novo mundo, que tem a gestão como ideologia, legitimando

uma abordagem instrumental, utilitarista e contábil das relações entre o homem e a

sociedade. Problematizamos, portanto, o fato de que todos os espaços da vida social são

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atingidos por esta nova lógica. Cada indivíduo é convidado a se tornar um empreendedor da

própria vida, de maneira que o humano se torna um capital que convém tornar produtivo.

Nesta mesma esteira, o referido autor nos adverte que a violência no trabalho em tempos

modernos não é diretamente repressiva (ainda que subsistam formas de repressão); ela é

principalmente uma violência psíquica, conectada a exigências paradoxais. Desta forma, o

próprio sistema aparece como perverso, tendo em vista que capta processos psíquicos para

mobilizar o funcionamento organizacional.

Tal fato mostra que, diante da nova dinâmica patogênica do capital, o sistema de

aferição epidemiológico dos adoecimentos do homem que trabalha está ultrapassado no

sentido técnico-categorial. Sobre esta questão, é mister trazermos as considerações de

Ribeiro (2005), que delimita que não há nenhuma transcendência científica na classificação

de doenças do trabalho e doenças que não sejam do trabalho. Essa é uma classificação

pragmática do Estado moderno, que enquadrou tais doenças tendo como referência o custo

para o sistema reparador e regulador do sistema público que – direta ou indiretamente – é

controlado e administrado pelos interesses mercantis. Portanto, faz-se necessário o debate

acerca da complexidade e das múltiplas dimensões que envolvem a passagem do estado

habitual de saúde para um estado de transtorno da saúde, por mediações com as formas

contemporâneas das relações sociais de trabalho.

De acordo com Alves (2013), esta é a dupla perversidade do sistema

contemporâneo: ocultar e imputar às vítimas a culpa de seu adoecimento, de maneira que a

ideologia da doença do trabalho é enquadrada como um caso clínico, e não como produto

de uma forma de organização e gestão do trabalho. Assim, a lógica gerencial traz uma

sensação de intensificação do trabalho, articulada ao não desligamento da atividade laboral,

redundando no agravamento de quadros de estresse, de síndrome de Burnout, e de uma

espécie de insalubridade mental, tendo em vista que o indivíduo se animaliza: suas

aspirações resumem-se a comer, beber, dormir, procriar… – quando muito, se estendem a

espaços de consumo fetichizado. O tempo de trabalho coloniza a vida pessoal de tal forma

que, ainda que este indivíduo não esteja desenvolvendo atribuições formais, possui a sua

mente conectada e subjugada à dinâmica laboral – fator este que redunda no adoecimento.

Em meio a este complexo contexto, o cotidiano institucional suprarreferido

permite a aferição de uma objetiva expectativa institucional (permeada por valores e

princípios gerenciais) de que o Serviço Social atue como um agente apaziguador em

questões de cunho organizacional. Logo, problematizamos uma instituição que recebe o

assistente social como parte fundamental de uma proposta de adaptação dos servidores aos

novos métodos de trabalho, fazendo parte da adoção de uma política voltada à persuasão e

ao consenso (os quais, vale dizer, se chocam com a estrutura rigidamente hierarquizada do

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TRT-RJ). É neste sentido que este espaço sócio-ocupacional do Serviço Social se mostra

como um desafio, tanto em termos práticos operacionais, quanto éticos e políticos, tendo em

vista que a lógica esquizoide que atravessa toda a organização do trabalho, (re)abre espaço

àquilo que há de mais conservador na profissão. Este fato revela-se por meio das demandas

institucionais e pelo acompanhamento individualizado e de cariz “psicossocial” de seus

servidores, além da adesão ao verborrágico e quantofrênico universo gerencial, mediante a

conhecida dimensão pedagógica da profissão que, neste contexto, tende a sobrepor-se às

demais características profissionais.

III. CONCLUSÃO

O Serviço Social brasileiro encontra-se premido por uma sociedade que se

acostumou a uma permanente contrarrevolução que, por vezes, pode forjar a sensação de

avanço e efetivação de direitos mas, em verdade, põe em xeque uma categoria que, ainda

que possa contar com uma sabida vanguarda progressista, precisa administrar uma rarefeita

tradição intelectual que chegou a se conduzir por um amálgama de messianismo e

falatalismo, como nos adverte Iamamoto (2004). Desta forma, entendemos que a análise

sobre os «novos postulados gerenciais» não traz consigo apenas uma luta de ideias, mas a

possibilidade de resistência e renovação crítica de uma profissão que carece debruçar-se

sobre a radicalidade da própria questão social, não aderindo a instrumentos mitigadores das

violências das relações sociais capitalistas, por meio de práticas e instrumentos que se

pretendem neutros e aclassistas. Isto porque, segundo Marx (2011), a população [o público

usuário do Serviço Social], por exemplo, torna-se uma abstração quando deixa de fora as

classes pelas quais é constituída.

Nesta sociabilidade, Baran e Sweezy (1978) denunciam que o pagamento é a

chave das parcas satisfações permitidas aos trabalhadores através de bens materiais

(autorrespeito, status, reconhecimento dos companheiros), ao mesmo tempo em que, dentro

da estrutura social existente, tais instrumentos de consumo tendem a, cada vez mais, trazer

menos realização. Assim, retroalimenta-se uma destruição da identidade do trabalhador com

seu trabalho, paralelamente a sua mera identificação como consumidor. Desta forma, «o

trabalho e o consumo partilham, assim, da mesma ambiguidade: embora atendendo as

necessidades básicas da sobrevivência, perdem cada vez mais seu conteúdo e sentidos

interiores» (Ibid., p. 342). Tal questão, a nosso ver, desvela parte das razões pelas quais a

cultura gerencial (sustentada pelo ideário pós-moderno) ganha tamanho espaço nesta forma

de sociabilidade. Assim, conforme pontua Heloani (2011), o capital contemporâneo

desenvolve novas formas de poder que transcendem a excessiva padronização ou

simplificação do trabalho para uma verdadeira gestão do inconsciente, por meio do

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obscurecimento da intensificação do trabalho. Para tanto, o Estado desenvolve o papel

imprescindível para o capital-imperialismo de coordenar os mecanismos de absorção do

excedente e veiculação cultural por meio da modulação das políticas e direitos sociais sob a

ótica gerencial.

Para além disso, o cenário histórico de crise de hegemonia da esquerda abre

caminho para o conservadorismo reatualizar-se por meio de mitos, comportamentos

autoritários e irracionais, ideias valorizadoras de hierarquia, acarretando na reprodução do

medo social (BARROCO, 2011). Este, por sua vez, atua como um facilitador de projetos

conservadores na profissão, tendo em vista que o próprio assistente social pertence a

parcela estendida da classe trabalhadora, submetida a precarização das condições de

trabalho e da formação profissional. Neste contexto, segundo Lukács (2012), a

irracionalidade (e as respostas irracionais) nada mais é [são] do que a projeção subjetiva de

um retrocesso do pensamento, produto de um assombro diante de uma problemática real,

concreta, cuja insolubilidade adquire para o sujeito a forma enganadora de uma resposta

irracionalista. Desta maneira, ainda baseados em Lukács, podemos apreender o ideário

gerencialesco como a falsa consciência, uma autoilusão de nossa época que põe grandes

desafios à sua superação, tendo em vista que cada vez mais se torna distante a cooperação

concreta entre os homens.

Frente ao exposto, reafirmamos o cariz imprescindível do debate de Netto (1996),

que há quase duas décadas, discorria sobre o grande desafio que seria posto ao Serviço

Social, redundando em dois paradigmas: de um lado, estaria o técnico bem adestrado que

vai operar instrumentalmente sobre as demandas do mercado de trabalho tal como elas se

apresentam, adotando acriticamente práticas e conceitos. De outro, apresentar-se-á o

intelectual que, por meio de uma qualificação operativa e teórico-crítica, buscará aprofundar

a direção estratégica da profissão. Neste sentido, torna-se mister a pesquisa acerca das

novas tendências e desafios profissionais, a fim de que não nos iludamos com o espectro

modernizante e “humanizador” das tecnologias vinculadas a “gerência científica do

trabalho”, priorizando uma análise crítica dos reinventados mecanismos de produção de

consentimento de classe.

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