Trabalho Múscia

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Para Schopenhauer a arte da msica no se enquadra em nenhuma das outras categorias de arte apresentadas (arquitetura, pintura, escultura, tragdia), estando isolada de todas essas outras manifestaes artsticas.No h nenhum reconhecimento de cpia ou reproduo de uma ideia dos seres no mundo, no entanto atua intensamente no interior do homem. Nesse interior a msica compreendida com intensidade e perfeio, com clareza, algo que ultrapassa o exerccio da aritmtica. msica deve-se atribuir um significado muito mais srio e profundo, relacionado com a essncia mais intima do mundo e de ns mesmos. A sua relao reprodutora com o mundo muito mais ntima, infinitamente verdadeira, precisamente correta, porque compreendida instantaneamente por qualquer um.Com a maravilhosa arte dos sons a reproduo do mundo ganha uma certa infalibilidade, pois possui forma a regras bem determinadas, de expresso numrica, de que no se pode desviar sem deixar de ser msica. Assim, Schopenhauer buscar uma explicao sobre a essncia interior e sobre o modo da relao reprodutora da msica com o mundo.As ideias platnicas so objetivao adequada da vontade. Cabe s artes ser o elo material pelo qual o sujeito cognoscente ser estimulado ao conhecimento das ideias. As artes mediam o conhecimento das ideias, no entanto elas mesmas tambm esto enquadradas no princpio de individuao, estando no mundo aparente.Mesmo com a ausncia do mundo, a msica existiria, pois ela independente do mundo aparente. A msica uma reproduo e uma objetivao to imediata de toda a vontade, como o so as ideias. A msica portanto no a representao das ideias, ela a representao da prpria vontade. Por isto o efeito da msica to mais poderoso e incisivo do que o das outras artes; pois essas somente se referem sombra, aquela porm essncia. (88pdf)Como entrementes a mesma vontade que se objetiva, ora nas ideias, ora na msica, apenas em cada uma de modo inteiramente diverso: assim deve haver, mesmo que no uma semelhana direta, pelo menos um paralelismo, uma analogia entre a msica e entre as ideias, cujo fenmeno na multiplicidade e imperfeio constitui o mundo visvel.

.Em analogia com a teoria musical, Schopenhauer, assim com fez com a ideia e as artes, define os graus de objetivao da vontade dentro da msica:Tons mais graves da harmonia: nela est o baixo fundamental que repousa em todos os tons, dele tudo se origina e se desenvolve. Ele representa os graus mais inferiores da objetivao da vontade, a natureza inorgnica, a massa do planeta. Assim como do tom inseparvel um certo grau de altura, assim da matria um certo grau de expresso da vontade (89)Dentro das objetivaes da vontade na msica as vozes que produzem a harmonia que esto mais prximas do baixo constituem os mais inferiores destes graus, os corpos ainda inorgnicos, mas que j se expressam de vrias maneiras; as mais elevadas representam para mim o mundo vegetal e animalNa melodia, na voz principal, aguda, que canta, apresentando um todo, dirigindo o conjunto e se desenvolvendo ao acaso do comeo ao fim, numa conexo contnua e significativa de um s pensamento, conheo o grau mais elevado da objetivao da vontade, a vida e as aspiraes providas de reflexo do homem, que percorre uma existncia com reflexo e por isto interligada como um todo.A melodia possui conexo significativa, intencional, do comeo ao fim. Ela relata, em consequncia, a histria da vontade iluminada pela reflexo, cuja impresso na realidade efetiva constitui a srie de seus atos; ela diz mais, porm, relata sua histria mais secreta, descreve toda agitao, todo impulso, todo movimento da vontade, tudo o que a razo rene sob o amplo e negativo conceito de sentimento, e que no pode continuar recebendo em suas abstraes. (90)

Para Schopenhauer o homem um ser de desejo, de querer e de sentir, e o seu bem estar s existe enquanto um desejo sanado antes de que surja outra. Assim, tambm a melodia que um vagar contnuo, transita pelos tons. um impulsionar mltiplo da vontade e um reencontro finito com o grau harmnico.O gnio consegue inventar e exprimir a melodia. Esta, por sua vez, est longe de toda reflexo e intencionalidade consciente, no h conceito pois pura inspirao. A imensidade inesgotvel de melodias possveis corresponde quela da natureza, quanto variedade dos indivduos, fisionomias e modos de vidaAssim como a passagem veloz do desejo satisfao e desta ao novo desejo constitui felicidade e bem-estar, assim melodias ligeiras, sem grandes desvios, so alegres; lentas, resultando em dissonncias dolorosas, e reencontrando o tom fundamental somente muitos compassos alm, so anlogas satisfao retardada, dificultada, triste. (91)

Contanto, Schopenhauer reitera que a msica no abarca os fenmenos, mas a essncia, a vontade. Ela no fala de uma outra alegria, mas da prpria alegria. Assim acontece com a dor, com a tristeza, com o espanto, com o jbilo, com a serenidade, etc.Por fugir aos fenmenos e ir essncia, a msica no pode entrar no conceito das palavras. Schopenhauer critica a msica cantada, como a pera, pois para ele quando a msica procura se apegar demais s palavras, e se acomodar aos acontecimentos, ela se esfora em falar uma linguagem que no a sua.

Deve -se explicar tambm por que, quando para qualquer cena, ao, circunstncia, ocorrncia, soa a msica adequada, esta parece nos revelar o seu sentido mais oculto, e se apresentar como seu comentrio mais correto e ntido; e igualmente, que quem se abandona completamente s impresses de uma sinfonia, se sente como se desfilassem ante seus olhos toda uma variedade de acontecimentos, do mundo e da vida;

A msica apresenta o metafisico, a coisa- em-si para tudo o que fsico no mundo, que est no nvel do fenmeno e que representado pelas demais artes. Schopenhauer comenta que ao inserir uma msica num contexto de uma pintura, o som ir levar o sujeito a contemplar algo que est para alm das imagens representativas dos fenmenos apresentadas pela obra.Por isso o gnio que compe a msica, o compositor, deve se inspirar em um conhecimento imediato da essncia do mundo, inconsciente de sua razo. A msica nunca deve ser uma reproduo, mediatizada numa intencionalidade consciente por conceitos, pois neste caso a msica no expressaria a essncia interna, a vontade ela mesma, mas somente copiaria de modo imperfeito o seu fenmeno, como acontece com a msica imitativa. Esse tipo de musica deve ser rejeitada, aponta Schopenhauer.Generalidade a linguagem da msica, no sentido de que ela apresenta o em-si do mundo. Schopenhauer ressalta que a msica, como o mundo, s objetiva a vontade se adquire apenas uma harmonia completa. A melodia penetra a harmonia como parte integrante, como tambm vice-versa; e como unicamente na plenitude de vozes do todo a msica exprime o que intenta, assim a vontade nica e extratemporal encontra sua objetivao perfeita apenas na combinao perfeita de todos os graus que, por uma clareza crescente por graduaes inumerveis, revelem a sua essnciaPor fim Schopenhauer aponta que a msica a maior das artes, traz a maior objetivao da vontade pois percebida nica e exclusivamente em e mediante o tempo, com inteira excluso do espao, sem influncia do conhecimento da causalidade, e portanto do entendimento. Para ele os tons criam a impresso esttica como simples efeitos, e sem retorno sua causa, como no caso da intuio. E assim Schopenhauer afirma com Leibniz a seguinte mxima A msica um exerccio oculto de metafsica, sem que o esprito saiba que est filosofando.