Tópicos do pensamento de maquiavel2

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TÓPICOS DO PENSAMENTO DE MAQUIAVEL 1) Maquiavel escreve sobre o campo político - relação entre governo e governados – e portanto a aplicação do que escreveu ao campo privado é indevido. 2) Separa a MORAL DA VIDA PRIVADA da política. Esta tem OUTRA MORAL fundamentada no coletivo, nas instituições, nas leis, na natureza má dos homens, na sociedade dividida em classes, na indeterminação da política, na exigência de eficiência da política. Por exemplo: às vezes o governo tem que ser mau, avarento, não cumpridor das promessas. Mas isto depende das circunstâncias. Quando for necessária uma conduta política que está em desacordo com a moral privada o príncipe deve empregar a ASTÚCIA e dissimulá-la sob a máscara da virtude. Isto porque sendo o povo incapaz de compreender o bem (político) que se oculta por detrás da necessidade de praticar o mal (moral) resta a alternativa da astúcia para APARENTAR possuir as qualidades que o povo julga boas. 3) Não existe comunidade política. A sociedade é dividida entre os GRANDES, que querem oprimir, e os PEQUENOS, o POVO, que não quer ser oprimido. Ou seja, apesar de Maquiavel não usar o termo classe podemos afirmar que bem antes de Marx percebeu que a sociedade é dividida em classes sociais. 4) VIRTÙ = tem virtú o governo que sabe agir de acordo com as circunstâncias sem se deixar perturbar pela diferença entre virtude e vício. Por isso a virtú sempre é oscilante, flexível e só com ela pode ser enfrentada a FORTUNA. Para isso o príncipe tem que ser pudente, autoconfiante, firme, decidido, não ser odiado, tomar partido e não se manter neutro, SER SÁBIO. 5) FORTUNA = força imprevisível. Governa, segundo Maquiavel, metade das ações humanas. O nosso LIVRE ARBÍTRIO pode ser exercer sobre a outra metade. 6) CIRCUNSTÂNCIAS = tornam possível o aparecimento do homem de virtú 7) O governo tem que ter apoio do povo para se manter no poder porque são em maior número. O povo consente em obedecer para se livrar da opressão dos grandes e se for tratado bem pelo governo. A fortaleza do príncipe (governo) está no povo. 8) Principais fundamentos do Estado: boas leis e boas armas. 9) Política: tem a ver com a verdade efetiva das coisas e não com a imaginação sobre elas. Não deve se trocar o que se faz pelo que se deveria fazer. A política exige EFICIÊNCIA, RESULTADOS. 10) Governante: misto de homem (leis) e animal (força). Animal: LEÃO (amedronta os lobos mas cai nos laços) e RAPOSA (escapa dos laços mas não dos lobos). 11) Parlamento: importante para controlar os grandes e favorecer os pequenos evitando exposição inconveniente do príncipe (ou governo). 12) O conflito não é mal por princípio, pode levar a leis melhores e maior justiça.. 13) Melhor regime para Maquiavel: REPÚBLICA. Se for o BEM COMUM que engrandece as cidades este é observado somente nas Repúblicas (= participação popular e liberdade). A Monarquia é aceita em períodos onde domina a corrupção e a desigualdade (= domínio dos grandes). Mas após o saneamento deve vir a República. Na República a manutenção da

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TÓPICOS DO PENSAMENTO DE MAQUIAVEL1) Maquiavel escreve sobre o campo político - relação entre governo e governados – e portanto a aplicação do que escreveu ao campo privado é indevido.

2) Separa a MORAL DA VIDA PRIVADA da política. Esta tem OUTRA MORALfundamentada no coletivo, nas instituições, nas leis, na natureza má dos homens, na sociedadedividida em classes, na indeterminação da política, na exigência de eficiência da política. Porexemplo: às vezes o governo tem que ser mau, avarento, não cumpridor das promessas. Masisto depende das circunstâncias. Quando for necessária uma conduta política que está emdesacordo com a moral privada o príncipe deve empregar a ASTÚCIA e dissimulá-la sob amáscara da virtude. Isto porque sendo o povo incapaz de compreender o bem (político) que seoculta por detrás da necessidade de praticar o mal (moral) resta a alternativa da astúcia paraAPARENTAR possuir as qualidades que o povo julga boas.

3) Não existe comunidade política. A sociedade é dividida entre os GRANDES, que queremoprimir, e os PEQUENOS, o POVO, que não quer ser oprimido. Ou seja, apesar deMaquiavel não usar o termo classe podemos afirmar que bem antes de Marx percebeu que asociedade é dividida em classes sociais.

4) VIRTÙ = tem virtú o governo que sabe agir de acordo com as circunstâncias sem se deixarperturbar pela diferença entre virtude e vício. Por isso a virtú sempre é oscilante, flexível e sócom ela pode ser enfrentada a FORTUNA. Para isso o príncipe tem que ser pudente,autoconfiante, firme, decidido, não ser odiado, tomar partido e não se manter neutro, SERSÁBIO.

5) FORTUNA = força imprevisível. Governa, segundo Maquiavel, metade das açõeshumanas. O nosso LIVRE ARBÍTRIO pode ser exercer sobre a outra metade.

6) CIRCUNSTÂNCIAS = tornam possível o aparecimento do homem de virtú

7) O governo tem que ter apoio do povo para se manter no poder porque são em maiornúmero. O povo consente em obedecer para se livrar da opressão dos grandes e se for tratadobem pelo governo. A fortaleza do príncipe (governo) está no povo.

8) Principais fundamentos do Estado: boas leis e boas armas.

9) Política: tem a ver com a verdade efetiva das coisas e não com a imaginação sobre elas.Não deve se trocar o que se faz pelo que se deveria fazer. A política exige EFICIÊNCIA,RESULTADOS.

10) Governante: misto de homem (leis) e animal (força). Animal: LEÃO (amedronta os lobosmas cai nos laços) e RAPOSA (escapa dos laços mas não dos lobos).

11) Parlamento: importante para controlar os grandes e favorecer os pequenos evitandoexposição inconveniente do príncipe (ou governo).

12) O conflito não é mal por princípio, pode levar a leis melhores e maior justiça..

13) Melhor regime para Maquiavel: REPÚBLICA. Se for o BEM COMUM que engrandeceas cidades este é observado somente nas Repúblicas (= participação popular e liberdade). AMonarquia é aceita em períodos onde domina a corrupção e a desigualdade (= domínio dosgrandes). Mas após o saneamento deve vir a República. Na República a manutenção da

liberdade deve ser confiada à coletividade dos cidadãos e aos excelentes, que tem boareputação. A reputação é legítima. O perigo está em estar acima do bem coletivo. Por isso éboa a reputação adquirida quando se age pelo bem comum. A reputação originada por viaprivada, através do "favor popular", é perigosa e nociva à República, pois pode introduzir opoder tirânico.

14) IDEAL REPUBLICANO = harmonizar o benefício privado e o bem de todos. Satisfazerapetites individuais ou de grupos (natureza maligna do homem) sem torná-los incompatíveiscom o bem comum. Visa o equilíbrio de forças entre os grandes e o povo, nela os diferentesgrupos sociais se equilibram mutuamente. Deve ter mecanismos de participação popular comoa possibilidade de acusação pública, mas as calúnias não devem ser toleradas pois sãoperniciosas para a República.

15) Maquiavel se coloca contra a TIRANIA que visa interesses particulares e egoístas.

16) Por isso cidadão é aquele que tem afeição não à pessoa do governante mas às leis einstituições. A criação de laços pessoais promove a particularização do que é público.

17) O que honra o governante são AS LEIS E INSTITUIÇÕES que são os principaisfundamentos do Estado.

18) Como outros renascentistas Maquiavel valoriza a vida ativa em detrimento dacontemplativa. O homem pode intervir no mundo. Por isso o ócio é negativo podendoproduzir corrupção política, a ruína política.

19) Maquiavel propõe a imitação dos homens de virtù porque tem como princípio aimutabilidade do homem e da natureza. . "Isto porque, como todas as coisas são executadaspor homens que têm e terão sempre as mesmas paixões, não podem deixar de apresentar osmesmos resultados" (Discorsi, III, 43).

20) Estudo da História - só tem sentido se for útil para o presente. Procura-se extrair lições dopassado para aplicá-las no presente e ao futuro. A história se converte em instrumento daeducação.

21) Religião - interessa na medida em que contribui para a ordem, paz, submissão ás leis eobediência dos súditos aos dirigentes. O mau uso da religião produz a descrença nasdivindades e isto é perigoso para o Estado facilitando o caminho para a corrupção. O temor àdivindade constitui uma alternativa ao emprego da violência. O Catolicismo da sua época écriticado pois prega o desprezo pelas coisas deste mundo e exalta a humildade e o apego avalores extraterrestres. Não forma para a luta, para o enfrentamento como a religião romana.

22) O melhor regime político é a República (Maquiavel escreve mais sobre ela no seu livro,pouco conhecido, intitulado: “Comentários à primeira década de Tito Lívio). Mas quando ogovernante se depara com um Estado corrompido a solução é a MONARQUIA. Só amonarquia, com um poder forte, pode conter os grandes e acabar com a corrupção. ESTE É OCONTEXTO DE “O PRÍNCIPE”. Mas mesmo assim Maquiavel prefere o PRÍNCIPE(monarca) NOVO ao PRÍNCIPE HEREDITÁRIO. O príncipe novo para se manter precisa doapoio do povo: “aquele que, contra o povo e pelo favor dos grandes, se torna príncipe, deve,antes de qualquer coisa procurar conquistar o povo” (O Príncipe, 9:272). Isto expressa a suaruptura com a estrutura política feudal.

23) POVO para Maquiavel: pequena e média burguesia ligada às corporações de ofício. Estaparticipava politicamente nas cidades-estado republicanas. O mesmo não se pode dizer emrelação ao popolo magro (desvinculado de qualquer corporação, sem especialização,miseráveis).

24) A república perfeita caracteriza-se pelo EQUILÍBRIO DE FORÇAS que se torna realquando os diferentes grupos sociais detêm uma parcela de poder, de modo que possamcontrolar-se mutuamente (Discorsi I, 2:81). “O poder dos tribunos da plebe foi grande emRoma e, como dissemos mais de uma vez, necessário, pois de outro modo não teria sidopossível frear a ambição da nobreza...” (Discorsi, III, 11:216). A sobrevivência do regimerepublicano depende da capacidade do governante em estabelecer medidas que garantam aLIBERDADE. Esta tarefa deve ser confiada à maioria, isto é, ao POVO: “nunca se devepermitir, numa cidade, que a minoria (i pochi) possa tomar alguma deliberação entre aquelasque ordinariamente são necessárias à manutenção da república” (Discorsi, I, 50:132).