Tira Duvidas Completo Da Lingua Portuguesa

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Tira dúvidas completo da Língua portuguesa Abelha europa ou abelha oropa? Essa pergunta surgiu no ônibus de professores salesianos, indo a Cuiabá para participar de congresso. A professora Maria Urbana dizia que era oropa, eu achava que "oropa" era uma pronúncia acaipirada de "Europa", como é mesmo, mas eu não sabia que já estava incorporada ao léxico. Para ficar bem explícito, a resposta certa é oropa. A palavra é uma corruptela do nome do continente europeu, como registram os dicionários Aurélio e Houaiss, usada no sul do Brasil. Não há neles verbete "europa" como nome de uma espécie de abelha. Abreviaturas: como abreviar as palavras? Muitas vezes precisamos abreviar as palavras por economia de tempo ou de espaço. A regra geral para abreviatura das palavras é simples. Basta escrever a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sílaba, seguidas de ponto abreviativo. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até a consoante. Exemplos: fut. (futuro), adj. (adjetivo), gram. (gramática), num. (numeral), al. (alemão), subst. (substantivo). Se a palavra tiver acento gráfico, este será conservado se cair na primeira sílaba. Exemplos: núm. (número), gên. (gênero), créd. (crédito), déb. (débito), lóg. (lógica), méd. (médico). Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, as duas farão parte da abreviatura. Exemplos: pess. (pessoa), constr. (construção), secr. (secretário), diss. (dissílabo). Algumas palavras não seguem a regra geral para abreviatura. Exemplos: a.C. ou A.C. (antes de Cristo), ap. ou apto. (apartamento), bel. (bacharel), btl. (batalhão), cel. (coronel), Cia. (Companhia), cx. (caixa), D. ( digno, Dom, Dona), f. ou fl. ou fol. (folha), ib. ou ibid. (ilidem, da

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Tira dúvidas completo da Língua portuguesa

Abelha europa ou abelha oropa? Essa pergunta surgiu no ônibus de professores salesianos, indo a Cuiabá para participar de congresso.A professora Maria Urbana dizia que era oropa, eu achava que "oropa" era uma pronúncia acaipirada de "Europa", como é mesmo, mas eu não sabia que já estava incorporada ao léxico.Para ficar bem explícito, a resposta certa é oropa. A palavra é uma corruptela do nome do continente europeu, como registram os dicionários Aurélio e Houaiss, usada no sul do Brasil. Não há neles verbete "europa" como nome de uma espécie de abelha.

Abreviaturas: como abreviar as palavras?

Muitas vezes precisamos abreviar as palavras por economia de tempo ou de espaço. A regra geral para abreviatura das palavras é simples. Basta escrever a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sílaba, seguidas de ponto abreviativo. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até a consoante. Exemplos: fut. (futuro), adj. (adjetivo), gram. (gramática), num. (numeral), al. (alemão), subst. (substantivo). Se a palavra tiver acento gráfico, este será conservado se cair na primeira sílaba. Exemplos: núm. (número), gên. (gênero), créd. (crédito), déb. (débito), lóg. (lógica), méd. (médico). Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, as duas farão parte da abreviatura. Exemplos: pess. (pessoa), constr. (construção), secr. (secretário), diss. (dissílabo). Algumas palavras não seguem a regra geral para abreviatura. Exemplos: a.C. ou A.C. (antes de Cristo), ap. ou apto. (apartamento), bel. (bacharel), btl. (batalhão), cel. (coronel), Cia. (Companhia), cx. (caixa), D. ( digno, Dom, Dona), f. ou fl. ou fol. (folha), ib. ou ibid. (ilidem, da mesma forma), id. (idem, o mesmo), i.é. (isto é), Ilmo. (Ilustríssimo), Ltda. (Limitada), M.D. (Muito Digno), p. ou pág. (página), pp. págs. (páginas), pg. (pago), p.p. (próximo passado), P.S. (pós escrito = escrito depois), Q.G. (Quartel General), rem. ou remte. (remetente), S.A. (Sociedade Anônima), sv. (serviço), S.O.S. (Save Our Souls = salvai nossas almas), u.i. (uso interno), U.S.A. (Unitid States of America = Estados Unidos), vv. (versos, versículos). Os gramáticos tradicionais não admitem flexão em abreviaturas, como: profª (professora), págs. (páginas). É bom lembrar que na flexão de gênero, não aparece a desinência “o”, indicativa do masculino nas abreviaturas, como: prof. profª. Está errado grafar o masculino assim: profº. Nas abreviaturas de caráter internacional, não se põe o ponto abreviativo: h, kg, km, kw, l.

Nunca corte a palavra numa vogal, sempre numa consoante. Exemplo: departamento = dep., nunca depa.) A abreviatura deve ter metade ou menos da metade da palavra original, do contrário, será melhor escrever a palavra por extenso. Não se deve usar abusivamente abreviaturas em provas, trabalhos, artigos ou redações, só em anotações de uso pessoal. No caderno Classificados da Folha  da Região, o uso da abreviatura é uma constante porque o cliente quer economizar espaço para pagar menos. 

Abreviatura - ponto

No período: “O professor respondeu a Pedro Marcolino Jr.” não há a necessidade de repetir a pontuação. O ponto da abreviatura serve para indicar o final do período também.

Abreviatura - plural

Professor, certa vez, fazendo um curso de redação o professor disse que não se deve utilizar siglas no plural, como CD’s. Contudo, não perguntei o fundamento dessa orientação gramatical. Tenho enfrentado resistência dos colegas de trabalho quando faço essa correção, em razão de ser amplamente utilizada o plural em siglas. Qual seria a fundamentação para o veto de utilizar o plural de sigla e como empregar na redação. Álvaro Luiz.RESPOSTA: plural de CD é CDs, se escreve assim, sem apóstrofo, e não assim: CD's (isso é coisa do inglês, nada a ver com o português). Seria melhor parar de brigar com os colegas, pois o plural em siglas e abreviaturas está tão incorporado que é perda de tempo nadar contra a maré. Seu professor está certo, mas a língua pertence a seus usuários, portanto, ficar contra as mudanças é uma luta inglória.A fundamentação pelo não-uso seria o fato de as desinências serem detalhes indicativos de número e de gênero nos nomes, e abreviatura e siglas dispensam detalhes, ficam apenas com o principal, seria uma impropriedade do sistema o seu uso.Considero uma briga fútil, pois a presença de desinência de número em siglas, às vezes, é indispensável ao bom entendimento, e também não vai deformar a nossa língua, há outras deformações que precisam ser evitadas, como os estrangeirismos.

Abreviatura de numeral 

COMO? 1,5 MILHÃO DE REAIS?

Quando abreviamos R$ 1.500.000,00 para 1,5 milhão de reais, a casa do milhão é a que fica antes da vírgula. Observe mais exemplos: 2,1 milhões = dois milhões e cem mil; 1,3 bilhão = um bilhão e trezentos milhões; 4,1 bilhões = quatro bilhões e cem milhões.

Abreviatura de ordinal

Pedro Aleixo Filho, ex-colega de Folha da Região, tem uma nova pergunta. Na indicação de primeiro, primeira, segundo, segunda deve-se utilizar o algarismo, tendo, ao lado, um ponto encimado pela letra "a" o ou a sobrescritas ou utiliza-se apenas as letras? Ex.: 1.º e 1.ª ou 1º e 1ª?

Usar a última forma (sem o ponto) parece indicação de grau de temperatura na escala Celsius. Ex.: 1º (um grau), 32º (trinta e dois graus), 0º (zero grau), - 4º (menos quatro graus, quatro graus negativos ou quatro graus abaixo de zero).

É, também, errado colocar um tracinho (-) ou dois (=) abaixo das letras a e o sobrescritas (ª e º). Certo?

Resposta: o Pedro perguntou, mas já tinha a resposta na ponta da língua, pois conheço o seu zelo pelo português culto. O único reparo que faço é colocar C depois do ozinho para indicar centígrados: 32º C.

Abreviatura de professor

A abreviatura da palavra professor não tem "o" como há em professora (prof.ª). Ninguém abrevia doutor como "dr.º". Doutora, sim, "dr.ª".

À custa de / às custas de

Como afirma o professor Sérgio Nogueira, embora muito usada no plural, a locução prepositiva correta é "à custa de". É importante lembrar que as locuções prepositivas de base feminina devem receber o acento da crase: à custa de, à mercê de, à base de, à procura de, à moda de...

Adequar Na conjugação do verbo adequar, nem a forma "eu adéquo" nem a forma "eu adeqúo" podem ser usadas, porque o verbo adequar é defectivo, não é conjugado em todas as formas. Só é empregado nas formas ditas arrizotônicas, em que o acento tônico incide fora da raiz. Em adequar, há três sílabas: a-de-quar. A mais forte é quar, que é, então, a sílaba tônica. Logo, não podem ser usadas as formas em que o acento incidiria na sílaba anterior, que é de. Não existe, portanto, a forma "adéquo". Alguns, tentam escapar, dizendo "adeqúo", e fica pior ainda. O verbo adequar só pode ser usado nas formas em que a tônica recai depois do qu: adequar, adequado, adequamos, adeqüei... Nos casos em que não podemos usar o verbo adequar, devemos lançar mão de sinônimos, como, por

exemplo ajustar, adaptar, ou, então, introduzir um verbo auxiliar: "eu procuro adequar...".

À distância / a distânciaSó haverá acento grave se a distância estiver especificada. Exemplo: O carro deve manter-se à distância de cinco metros. O namorado espreitava-a a distância.

Adolescente e adulto – palavras cognatas

Palavras cognatas pertencem ao mesmo tronco, ao mesmo radical, são da mesma família. Assim acontece com duas palavras tão opostas, como explica José Miguel Wisnik, escritor, músico e professor da USP

“Adolescente é um substantivo no particípio presente: um ser que está acontecendo.

O segredo do adolescente está guardado, há séculos, no DNA da palavra adolescente, para só revelar-se agora, no nosso tempo. O radical vem de verbo latino oleo, -es, -ere, -olui, que quer dizer exalar um perfume, um cheiro, recender – bem ou mal. É a mesma raiz da palavra olor, significando aroma sutil, fragrância. Com a preposição ad como prefixo formou-se o verbo latino adoleo, que quer dizer queimar, fazer queimar, consumir pelo fogo em honra de um deus. [...]

O terceiro elemento da fórmula, o esc, só acentua a idéia de processo temporal, de algo que vai acontecendo, como na palavra evanescente – o que se esvai aos poucos. Assim, adolesco, extensão de adoleo, é um verbo de duplo sentido, que significa transformar-se em vapor, em fumaça, e também passar de um estado a outro – crescer, desenvolver-se, tornar-se maior.

O elemento ent só vem acentuar mais uma vez o acontecimento temporal: adolescente é aquele mutante que está sendo posto para se consumir ardentemente, enquanto cresce. O particípio passado do mesmo verbo é (pasmem!) adulto. Assim, diante do adolescente, o adulto se arrisca sempre a ser o fósforo queimado, aquele que não fede nem cheira. [...]” (José Miguel Wisnik, in revista MTV, ano 1, março de 2001)

A gente e agente 

a) A gente = nós; o povo, as pessoas. Exemplo: Nós vamos à praia este fim de semana. (Forma mais culta.) A gente vai à praia este fim de semana. (Forma mais popular.) b) Agente = indivíduo encarregado, responsável por determinada ação: aquele

que age. Agente possui também outros significados. Exemplo: Meu pai é agente de viagens da Varig.

A gente ou nós?

Se você estiver num contexto formal, que exige a gramática tradicional, não há dúvida de que nós é palavra mais adequada; no entanto, nada impedirá a utilização de a gente num ambiente descontraído e informal. Cabe lembrar-se, apenas, de que a concordância verbal deve prevalecer sempre: use nós com o verbo na 1ª pessoa do plural; use a gente com o verbo na 3ª pessoa do singular. Nunca use: a gente fomos.

Aguar

concursando me encontrou na rua e me perguntou por qual motivo a forma verbal “águam” tem acento, se ela não se encaixa em nenhuma regra de acentuação? Na verdade, é uma paroxítona terminada em “m” ou, se levarmos em conta apenas a pronúncia, é uma paroxítona terminada em tritongo.Vejamos a conjugação do verbo aguar.Presente do indicativo; águo, águas, água, aguamos, aguais, águam.Pretérito perfeito do indicativo: agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram.Presente do subjuntivo: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem.Imperativo afirmativo: água, ágüe, agüemos, aguai, ágüem.Imperativo negativo: não ágües, não ágüe, não agüemos, não agüeis, não ágüem.Segundo Domingos Paschoal Cegalla, nas formas ágüe, ágües, ágüem (e eu acrescento: águam), o acento agudo é desnecessário. Pela mesma razão, desnecessário é o acento agudo nas palavras enxágüe(m), míngüe(m), deságüe(m) e bilíngüe. Tais palavras continuam a ser inutilmente acentuadas devido a uma falha ou omissão do código ortográfico oficial (regra 12.ª, l.ª observação).O Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa, de Candido Jucá (filho), apresenta no verbete “aguar”: águo (ú), aguamos; agúe, agúes, agüemos; agüei. Exemplo: As chuvas de janeiro, que lhe aguam (sem acento) os bagos (João Ribeiro). O Vocabulário de 1943 ensina, sem razão, “águo, águas; ágüe”.Fica, então, o registro de mais uma incoerência de nossa ortografia.

Aids ou aids? Como Aids é uma sigla, a inicial deve ser maiúscula. O Brasil adotou a sigla inglesa, em português ou espanhol seria Sida (adotada pela Argentina). Acho que foi interferência de Nossa Senhora Aparecida... a nossa Cida querida. Não ia ficar bem dizer que o fulano morreu de Sida.

Alfabeto - letras k, w, y

Por excesso de nacionalismo, tais letras não são consideradas de nosso alfabeto, embora o Brasil seja povoado de pessoas com sobrenomes estrangeiros. Elas aparecem apenas em casos especiais. A palavra whisky contém os três exemplos. Aportuguesando a palavra, tem-se uísque. A letra K deu lugar a QU; W, a U; e Y, a I.

Mas as letras K, W e Y aparecem em alguns casos, como:

a) abreviaturas internacionais: kg (quilograma), km (quilômetro), kWh (quilowatt-hora), W (watt), WC (water closet - banheiro)

b) nas palavras estrangeiras: marketing, walkman, lobby

c) nas palavras derivadas de nomes estrangeiros: kantismo, wagneriano, byroniano

d) As palavras derivadas de nomes estrangeiros comuns devem ser aportuguesadas: marqueteiro, lobista

Os nomes escritos com tais letras não seguem as regras de acentuação de nosso idioma. Exemplos: Válter (com acento) Walter (sem acento), Vágner (com acento), Wagner (sem acento), Cátia (com acento), Katia (sem acento).

Alerta

Alerta: sentinelas, alerta! (invariável, interjeição). "Todos os sentidos alerta funcionam" (advérbio - invariável)

Os gansos deram o alerta (substantivo - variável).

As autoridades sanitárias estão alertas (adjetivo, variável).

Há gramáticos que tratam essa palavra apenas como advérbio, invariável.

Alto-falante

Carlos Munhoz quer saber por que "alto-falante", se tal peça fica no carro, na caixa. E, às vezes, o som fica baixinho, conforme a vontade do usuário.

O alto de alto-falante se deve à ampliação da voz. Também à altura onde eram postas as cornetas. Quem tem mais idade, como eu, conheceu o serviço de alto-falante das cidades. Geralmente, havia um poste e lá em cima ficavam as caixas para que toda a cidade ouvisse os recados e músicas. Auto não dá, pois ele não fala por si mesmo.

Ambos - empregoO numeral "ambos", que é o único "dual" em português, pode ser reforçado em "ambos os dois", "ambos de dois", "ambos e dois", "ambos a dois", "a dois ambos". Exemplos: "O certo é que ambos os dois monges caminhavam juntos." (Herculano) "Ambos estes dois instrumentos." (Vieira) "Nós viemos praticando ambos de dous." (Antônio Prestes) "De ambos de dois a fronte coroada/ Ramos não conhecidos e ervas tinha." (Camões). Modernamente, porém, vem se evitando o emprego pleonástico de "ambos os dois", embora seja correto. (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa.)

Ampersand (&)

O ampersand (&) ou "e" comercial é um caracter ou símbolo utilizado para substituir a conjunção entre nomes de empresas (daí o seu nome incluir a palavra comercial). Por outro lado, no contexto das linguagens de programação, como C, o "&" simboliza uma operação AND (conjunção) bit-a-bit, enquanto que dois "&&" simbolizam uma conjunção lógica. É uma espécie de monograma que representa a conjunção latina et (mãe de nossa conjunção aditiva E). Trata-se de uma ligatura - combinação do desenho de duas letras num único sinal, usado para aumentar a velocidade da escrita manual - desenvolvida por Marcus Tullius Tiro, secretário de Cícero, o grande orador romano. Para poder registrar os discursos e da correspondência ditada por este último, Tiro, que era um escravo liberto, criou várias formas de acelerar a escrita, sendo por isso considerado o avô da taquigrafia. Embora o traçado do símbolo tenha evoluído até deixá-lo visualmente desvinculado da forma original, em algumas famílias de fontes ainda é possível enxergar as duas letras que ele representa (Wikipedia).

Anexo / anexa / em anexoAdjetivo cujo significado é junto, ligado, contíguo. Por se tratar de adjetivo, deve variar em gênero e número, concordando com o substantivo a que se refere. Exemplos: Documento segue anexo. Seguem anexas as fotografias.Em anexo é locução adverbial, por isso invariável. Exemplos: Documento segue em anexo. Seguem em anexo as fotografias.

Anexo

Em anexo (locução adverbial) - invariável. Exemplos: Os arquivos seguem em anexo. As pastas seguem em anexo.

Anexo (adjetivo) - variável (gênero e número). Exemplos: Os arquivos seguem anexos. As pastas seguem anexas. 

OBSERVAÇÃO: embora seja comum na linguagem comercial e jurídica, a locução adverbial “em anexo” é condenada pelos gramáticos.

A nível de? (Veja também o artigo "A nível de causa polêmica")Jô Soares condena o uso da expressão "a nível de", mas nunca explicou o motivo da condenação. Não que eu tenha o hábito de utilizá-la, mas é realmente incorreto o seu emprego? (Leitor desta coluna). Transformei a dúvida dele em teste da semana. Resposta: A nível de tornou-se uma muleta, ou seja, expressão dispensável, desnecessária. Veja os exemplos: "Decisão a nível de diretoria". Não fica melhor dizer (ou escrever) "Decisão de diretoria"?  "O clube está fazendo contratações a nível de futuro". Não ficaria mais elegante escrever: "O clube está fazendo contratações para o futuro"? Em determinadas situações, podem ser usadas as locuções no plano (de) ou em termos de. Ou no nível de / em nível de, uma vez que "nível" rejeita o "a" sozinho. Exemplos: O grupo elevou a entidade ao nível primeiro mundista (a nível primeiro-mundista - não seria a expressão mais correta)  Existe também ao nível de, mas apenas com o significado de à mesma altura: ao nível do mar. (Manual do Esstadão)

Ano novo/ ano-novo

“Feliz ano novo!” – sem hífen, pois a pessoa está desejando-lhe todas as felicidades do mundo no ano que se inicia.  “Para o Natal e para o ano-novo, o supermercado Y tem as melhores ofertas.” – com hífen, pois é a festa. Em ambos os casos, letra minúscula. 

Anos  sessentasQual é o erro desta frase? “Durante uma hora ele falou, emocionado, sobre sua juventude nos anos sessenta.” A resposta certa: Durante uma hora ele falou, emocionado, sobre sua juventude nos anos sessentas. Diz-se duas canetas ou duas caneta? A primeira, claro!  Cuidado para não confundir “numeral” com “substantivo”. Numerais : quarenta anos, setenta anos, noventa anos. Substantivos : anos quarentas, anos noventas, anos noventas. Os anos setentas são: 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78 e 79. Vários setentas! Há quem defenda o singular, pois alega que sessenta é um substantivo com função de adjetivo, que estabelece o tipo ou categoria, como em banana-maçã, bananas-maçã. A tendência atual é pluralizar: anos sessentas.  Os estudantes antigamente faziam a prova dos noves na escola? O número

5555 é formado por quatro cincos; o número 777, por três setes. E o número 111? Mesmo raciocínio: formado por três uns.

Internauta discorda Primeiro: na expressão em questão, a palavra sessenta tem valor adjetivo, e não substantivo como querem todos; portanto se trata de uma adjetivação. "Anos" é o substantivo, "sessenta" é o numeral com valor adjetivo;segundo: a concordância nominal ou a verbal, sem o intuito de aumenatar ainda mais a polêmica, é objeto de estudo da sintaxe, tendo a palavra sessenta a classificação de APOSTO, o qual não concorda nem em número nem em gênero com a palavra antecedente. O aposto identifica o termo anterior, como em "rua dois" e não "rua duas", "plataforma um" e não "plataforma uma", "anos sessenta" e não "anos sessentas";terceiro: as pessoas, de uma maneira geral costumam mudar, a torto e a direito, a classe morfológica das palavras, como se derivação imprópria não fosse um erro gramatical. Exemplos: adjetivo empregado no lugar de advérbio: "falar errado", em vez de dizer "...erradamente"; adjetivo, no lugar de advérbio: "ela está toda atrapalhada", em vez de "...todo atrapalhada". No caso do aposto, este não concorda com o termo anterior, independente da classe gramatical que assumir, se numeral, como no caso "anos sessenta", se substantivo, como em "a palavra gato", se pronome, como em "o pronome elas".Portanto, para finalizar, a classe morfológica de "sessenta" na expressão anos sessenta permanece numeral, visto que, em se tratando de um aposto, não concorda com o termo anterior.

Cássio Marcelo [email protected]

Ansiar  (verbos terminados em -iar)MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR e ODIAR, cujas letras iniciais foram o nome MÁRIO, são irregulares na conjungação porque ganham o I transformado em EI nas formas rizotônicas (acento tônico recai no radical) nas três primeiras pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do presente do indicativo e do presente subjuntivo. Exemplo: odeia, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam/ odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Os outros verbos terminados em -iar são regulares. Exemplos: afio, aprecio, chio, crio, esquio, guio, mio, premio, principio e outros. A exceção é MOBILIAR, nele as formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) têm acento tônico na sílaba BI (conseqüente acento gráfico) e não na LI: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam/ mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.

Antártica ou AntártidaEsse assunto é polêmico. Luiz Antonio Sacconi afirma que a região gelada chama-se Antártica, que é

oposta ao Ártico. Eduardo Martins no Manual de Redação do Estadão; Domingos Paschoal Cegalla em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa possuem outra posição:  Antártida - nome da região Antártico, antártica: adjetivo. Exemplo:  continente antártico, aves antárticas. Os dois últimos são mais lógicos.

Antraz ou carbúnculo?

O nome antraz está nas primeiras páginas dos jornais, mas para os médicos o nome utilizado para designar a doença causada pela bactéria Bacillus anthracis é carbúnculo.

Antraz, segundo o médico professor Sebastião A. Prado Sampaio,  82 anos, médico e professor emérito de dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, em artigo publicado na FSP de 18/10/2001, é uma outra moléstia, provocada por estafilococos e que está associada a furúnculos. Nossos dicionários (Aurélio e Houaiss) de língua portuguesa não trazem antraz como sinônimo de carbúnculo, mas dizem que a doença é provocada pelo Bacillus anthracis. Isso não acontecia no Aurélio nas edições anteriores. Na edição "Século XXI" a equipe adotou a versão inglesa. Já o Michaelis usa antraz como sinônimo de carbúnculo.

Em inglês, as palavras que designam as duas doenças são as mesmas que em português, mas com o sentido trocado: ou seja, carbúnculo é "anthrax" e antraz é "carbuncle". O “Webster's Enciclopedic Dictionary of English Language (1994)” confunde mais ao dizer que "anthrax" é um "malignant carbuncle", o que equivale a dizer, em português, que carbúnculo é um antraz maligno.

Sebastião A. Prado Sampaio, termina seu artigo, dizendo: “Seria importante também que o ministro da Saúde fosse informado de que antraz, em português, é um grupo de furúnculos, uma infecção estafilocócica, e que fosse esclarecido para a população: o "anthrax", em inglês, é o carbúnculo, em português”. 

Tal missão será difícil diante da massificação da mídia sobre a palavra antraz. Fica aqui a colaboração deste site. Se  os professores de Português tiverem a consciência desse fato, já é uma vitória.

O site português www.ciberduvidas.com discute amplamente o assunto, pois tanto no Brasil como em Portugal, o engano está sendo cometido.

Pena que não seja essa polêmica acadêmica que eliminará a insanidade da guerra biológica.

Ao encontro de/ de encontro aHá muita gente que faz confusão ao empregar as duas expressões acima. Veja a diferença:  Os governantes deveriam ir "ao encontro das" necessidades do povo. (Indica conformidade, acordo.) A reeleição vem "de encontro às" expectativas de Maluf. (Indica oposição, conflito.)

A persistirem/ ao persistirem

"A persistirem os sintomas, procure orientação médica."

"Ao persistirem os sintomas, procure orientação médica."

As duas formas aparecem em propagandas de medicamentos na tevê. Qual é a correta? Quem fez a pergunta foi João Batagelo, radialista (Rádio Tietê, Araçatuba).

Há duas estruturas diferentes, e deve-se optar entre elas com base no que pretende dizer. "A persistirem os sintomas..." é uma estrutura condicional; equivale a "se persistirem os sintomas...".

"Ao persistirem os sintomas" é temporal; equivale a "quando persistirem os sintomas".

Nessa frase do Ministério da Saúde, o significado implícito é "se os sintomas persistirem", embora o nexo temporal também seja possível.

Conclusão: as duas formas estão corretas, mas muitos gramáticos só admitem a frase na condicional: "A persistirem os sintomas...".

Apagão ou blecaute? 

A duas palavras são de origem estrangeira e têm como definição a falta total de energia elétrica numa cidade ou região. Apagão não é encontrada nos dicionários, já blecaute é registrada por Aurélio e Michaelis. Isso não quer dizer que esteja errado empregá-la, é um neologismo legítimo, que foi adaptado ao nosso sistema ortográfico. Entre blecaute e apagão, prefiro a última, pois advém de uma língua também latina, o espanhol.  Segundo Eduardo Martins, que escreve “De palavra em palavra” no suplemento infantil Estadinho, apagão não é o aumentativo de nenhuma palavra do nosso idioma, mas o aportuguesamento do termo espanhol “apagón”.  O vocábulo era usado na América Central para designar o material que não queimava com facilidade ou o charuto difícil de acender. Por extensão, passou

a ser sinôni-mo de escurecimento total.  A forma apagão chegou ao Brasil por causa dos ataques de grupos guerrilheiros americanos. Esses atos terroristas deixavam regiões às escuras pela destruição de usinas ou redes de transmissão de energia.  Blecaute. Outra palavra estrangeira, adaptada, do inglês “blackout”. O blecaute pode ser uma falta de energia repentina, causada por pane na rede elétrica, ou uma ação planejada. Durante as guerras, apagam-se as luzes ( blecaute) para evitar incursões de aviões inimigos. 

A princípio / em princípio

Segundo Domingos Paschoal Cegalla em seu "Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa", as duas locuções são empregadas, mas cada uma tem seu significado. 

Em princípio: significa em tese, teoricamente, antes de qualquer consideração. Exemplo: "Em princípio, sua proposta nos interessa, mas só a direção da empresa é que pode aceitá-la".

A princípio: significa no começo, inicialmente. Exemplo: "A princípio, tudo parecia um mar de rosas, mas não tardaram a surgir dificuldades".

A priori / a posteriori

"A priori", expressão latina, significa anterior à experiência, anterior à verificação experimental. E tem como antônima outra expressão latina: "a posteriori" que significa conhecimento, afirmação, verdade provenientes da experiência, ou que dela dependem. Na verdade, há uma banalização das duas expressões como se fossem sinônimas de "antes" e "depois". Tomar cuidado.

Ar condicionado/ ar-condicionadoSem hífen é o próprio ar, cuja temperatura foi alterada para quente ou fria. Exemplo: O ar condicionado lhe fez mal. Com hífen, designa o aparelho: Vende-se um ar-condicionado. Ou seja, um condicionador de ar. 

ArrobaQual é o sentido do símbolo @, usado nos endereços eletrônicos?  Resposta: A palavra arroba vem do árabe «ar-ruba» e quer dizer 15 kg, tem como antiga abreviatura@, portanto o símbolo existe antes do computador. A informação está na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. O Dicionário Aurélio afirma que a palavra tem origem grega, mas há quem

diga que ela vem mesmo da Espanha.  Veja o que diz o internauta José Carlos Nellis, araçatubense, mas mora há muito nos Estados Unidos: "De acordo com o famoso Merriam Webster's Collegiate Dictionary, 10ª edição, usado em todas universidades aqui nos EUA, a verdadeira origem de @ "arroba" vem do antigo espanhol e português, e é também usado no francês, mas não indica que vem do árabe. O gramático Adriano da Gama Kury também afirma que "arroba" é uma palavra de origem árabe. A influência dos mouros no português e no espanhol é contemporânea do latim. Como o dicionário do José Carlos é de inglês, não tem compromisso etimológico mais profundo com nossa língua. Não encontrei uma explicação clara do motivo de tal símbolo ser transferido tal e qual para a informática. Nos endereços eletrônicos, ele está no lugar de "em", que pode ser traduzido assim: em qualquer lugar.  Recebi do leitor Luís Ibanhez a seguinte explicação: O símbolo @ na informática é por que na língua inglesa ele significa AT, que traduzido significa EM. Então o nome está @: em algum provedor.

Artes plásticasQuando se fala em artes plásticas, a pessoa se lembra do plástico e fica a imaginar a relação existente entre uma pintura artística e uma sacola plástica do supermercado. Artes quer dizer a expressão da atividade criadora. Plástico significa aquilo que tem propriedade de adquirir determinadas formas sensíveis, por efeito de uma ação exterior. Artes plásticas, portanto, envolvem cores, formas, linhas, volumes. Chama-se de artes plásticas a pintura, escultura, desenho, gravura e colagem.

Ascendência/descendência

Pergunta de leitora.

"Em uma conversa com um colega, perguntei-lhe:

1 - Você é descendente de árabes?

Ele, em tom de correção respondeu:

2 - Sou de ascendência árabe, descendentes serão meus filhos.

Quero saber se foi devida a correção.

Resposta: Veja os verbetes no Aurélio. "Ascendente: pessoa de quem se descende; antepassado, ancestre. Diversas famílias de Santa Catarina têm ascendentes alemães. Descendente: pessoa que descende de outra, ou de um povo".

Analisando o seu caso. Seu amigo está certo quando disse que tem ascendência árabe e que os filhos dele é que são descendentes, mas ele não se posicionou, porque é descendente em relação aos antepassados dele e ascendente sob o ponto de vista dos filhos dele.

Você está certa, e ele não errou, apenas se excluiu marotamente da frase.

Aspas- empregoRecorremos ao livro “A Pontuação Hoje” , de Odacir Beltrão, para dar ao leitor um estudo detalhado do emprego das aspas. Há dois tipos de aspas: Simples: feita com o sinal do apóstrofo ('); Duplas: (") Quando se aplicam as aspas 1. Em transcrições ou citações: O político Maurício Cardoso disse certa vez: "Uma hipótese é uma coisa que é e não é, mas que a gente gostaria que fosse só para ver como ela é, caso fosse". (Maurício Cardoso) O ponto final vai após as aspas, encerrando o período. Já no exemplo: "A diferença que existe entre convicção e preconceito está em que podemos discorrer sobre uma convicção sem nos zangarmos."  O ponto final está compreendido pelas aspas, portanto vai antes delas. Igual orientação vale para os parênteses.  Em textos digitados, o itálico ou negrito substitui as aspas. 2. Há aspas simples quando uma citação está contida noutra: "Nos velhos tempos, ’escrever em papel grosso, em meia folha, era só para gente ordi-nária ou sem criação'; os tempos mudaram."  3. Em palavras estrangeiras, expressões latinas, palavras grafadas errada-mente, neologismos e gíria ainda não incorporada ao vocabulário: Ela es-creveu "nóis" por nós. "Pô!" é uma nova interjeição. Gosto dos "magrinhos". Ele funcionou como escrivão "ad hoc". As crianças ficaram no "playground". A tendência moderna é usar o itálico em vez de aspas. Mesmo os termos ou expressões latinos, no original, enquadram-se nesta regra: sui generis  Os termos estrangeiros já incorporados não precisam nem de um nem de outro. Exemplo: show, marketing. 4. Não existe motivo convincente para que se coloque entre as aspas apeli-dos, quando forem simples apostos: Josefa Ramos, conhecida por Fafá. É correto aspear ou pôr entre parênteses o apelido: Lynette "Squeaky" Fromme tentou matar o presidente. Lupicínio (Lúpi) Rodrigues, compositor. 5. Não se põem aspas em alcunhas das páginas policias ou locuções subs-tantivas próprias, tais como: Foi detido ontem Mário Rodrigues Quintana, vulgo Bodão. Abril se inicia com a Semana Santa. 6. Aspas e destaque são coisas diferentes. Quando se quer dar destaque a uma palavra, é melhor pô-la em negrito ou itálico.  7. O uso das aspas é justificado quando indica ironia ou malícia: Falei ao

"professor" Fulano. O tesoureiro pagou "por engano" o serviço do cunhado. 8. Põem-se aspas  em títulos de artigo de jornal, crônica, de revista, capí-tulo de livro etc. Ou em itálico (ou negrito) em texto digitado: A crônica "Fabricante de Mães" está na “Folha da Região”.  9. Para suprir a repetição de palavras: 2 caixas de clipe. 5   "    de caneta. 10. Aspeiam-se as referências a elementos de textos ordenados ou articula-dos: No exemplo "a" o redator empregou aspas erroneamente ao escrever "BEM FALANTE", já que as palavras estão em caracteres maiúsculos. Não devemos grifar nem aspear os exemplos: Vamos pingar os pontos nos ii. Escreva direitinho, com todos os efes e erres. 11. Na redação oficial, em transcrições com mais de um parágrafo, aspei-am-se o começo de cada parágrafo e o final do último.  l2. Não abuse das aspas para destaque. O efeito pode ser outro, porque o texto se transformará num verdadeiro matagal de aspas, anulando o objeti-vo pretendido.

Aspecto verbal 

O aspecto verbal exprime a ação verbal no seu início, no seu desfecho, no seu curso, num de seus instantes, na sua freqüência. O aspecto pode ser: pontual: indicando que o processo foi instantâneo (disse, olhei); cursivo ou durativo: em que se vê a ação em seu desenvolvimento (ia dizendo, estava olhando); conclusivo:  o processo é visto em seu fim, como concluso e com um resultado (leu, trabalhou); permansivo: o processo está concluso e com um resultado permanente (caiu, sabe, aprendeu); incoativo ou inceptivo: em que o processo verbal é visto em seu começo (amanhecer, partir); interativo ou freqüentativo: se exprime uma série de processos repetidos (voejar, saltitar, tenho falado, bate que bate).  O aspecto pode ser expresso por sufixos: - ecer, asp. incoativo, -ejar, -itar, asp. iterativo, por um verbo auxiliar – começar a, entrar a, asp. inceptivo ou incoativo  pelo tempo verbal – o pretérito imperfeito é de asp. cursivo, ao passo que o perfeito é conclusivo pela própria significação do radical – cair é pontual, partir é incoativo, chegar é conclusivo, andar é cursivo, saber é permansivo.  O presente do indicativo é usado para o momento que se fala, mas ele pode ser empregado no lugar no pretérito perfeito, chamado presente histórico. Neste caso, a consulta do “Pelé”, as duas alternativas estão corretas. 

AssentamentoEsta Folha noticiou que o município de Lourdes-SP assentou 15 famílias em terras arrendadas pela prefeitura.. Os assentados irão plantar e colher, evitando assim o desemprego. Leitor perguntou-me por telefone se assentar/assentamento não trazem no sentido a noção de definitivo, já que a per-manência as 15 famílias seria provisória. O verbo assentar tem várias acepções; no caso, significa “instalar”, que pode ser por certo tempo.  Na verdade, os termos “assentar/assentamento” ganharam ultimamente conotação política, pois são empregados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)  e pelo MST (Movimento dos Trabalhado-res sem Terra). Daí, talvez, venha a dúvida do leitor.

Asterisco e númeroPrimitivamente só era usado o asterisco a fim de chamar a atenção do leitor para alguma nota colocada em rodapé na página. Por ter o aspecto de pequena estrela (*), ele recebeu o nome popular de estrelinhas e pode vir isolado, seguido de parênteses fechado ou entre parênteses: * ou *) ou (*). Atualmente surgiu o emprego de número para substituir os asteriscos, nas chamadas de rodapé ou no fim do escrito (artigo, tese, livro e outros). Exemplo: Mark Twain (*) foi dos primeiros compradores de máquina de escrever. Consta que seu romance "Tom Saywer" foi o primeiro livro cujos originais chegaram datilografados ao editor.  -----------------------------------------------------------------------  * Mark Twain, famoso escritor norte-americano.

Exemplo: Mark Twain (1) foi dos primeiros compradores de máquina de escrever. Consta que seu romance "Tom Saywer" foi o primeiro livro cujos originais chegaram datilografos ao editor. ---------------------------------------------------------------------- 1. Mark Twain, famoso escritor norte-americano.

Ateu e agnóstico

É um assunto de filosofia. De modo grosseiro, pode-se dizer que, enquanto o ateu nega a existência de Deus, o agnóstico (de agnosticismo) considera-se incapaz de atingir um conhecimento absoluto sobre fenômenos como a origem da vida.

À-toa / à toa  À-toa é adjetivo (invariável) vem com hífen e exige crase. Significa impensado, inútil, fácil, desprezível, insignificante. Exemplos: Eram comentários à-toa. Mas que sujeito à-toa! Essa é uma afirmação à-toa. Tal adjetivo originou-se da locução adverbial "à toa", inicialmente usada na linguagem náutica. Quando um navio não pode dirigir-se por si mesmo e outro

o reboca por meio de um cabo chamado "toa", diz-se que o primeiro está indo à toa, isto é, a reboque. Daí passou-se ao sentido moral e diz-se que um ser é "à-toa" quando não tem determinação própria. À toa é locução adverbial, sem hífen e com crase. Significa: ao acaso, sem fazer nada. Exemplos: "Estava à toa na vida, o meu amor me chamou." (Chico Buarque) Ninguém vem ao mundo à toa.

Através de Essa locução tem o sentido de "por dentro de", "de um lado para outro", ao longo de", "por entre": Olhava através das grades da janela. Viajou através do país. Cavalgava através dos pastos e florestas. Foi companheiro através de anos e anos. Portanto, evite usá-la quando corresponder ao sentido de: "por meio de", "por intermédio", ou simplesmente "por" (pelo, pela). A campanha seria feita por meio de cartazes Mandei as cartas pelo correio. Soube do ocorrido por intermédio de uma vizinha/ou por uma vizinha

Auto-elétrica ou auto-elétrico? Internauta me fez essa pergunta. Nenhum dicionário registra essa palavra, nem os tira-dúvidas mais tradicionais. Na prática, encontramos estabelecimentos autodenominados sob as duas formas. "Auto" em "auto-elétrica" não é prefixo que significa por si mesmo, como em "automóvel" (move por si mesmo), porque a oficina não age por si mesma. Trata-se de uma palavra derivada por abreviação, como "moto" em motocicleta. "Auto" em "auto-elétrica" é uma abreviação de automóvel. Auto-elétrica significa uma oficina que cuidada da parte elétrica do automóvel. A palavra deve ser separada por hífen porque "elétrica" começa por vogal e ficar no feminino por se subentender a palavra oficina.

Auto-escolaO leitor Alaor Tristante Júnior acha que o plural de auto-escola deveria ser "autos-escolas", afinal "auto" não é prefixo, mas forma reduzida de automóvel. Como a referência de todos é o Aurélio, nele o plural registrado é "auto-escolas". Na verdade, há uma confusão entre o elemento de composição "auto" com a redução homônima de "automóvel" diz Adrino da Gama Kury em seu livro "Para Falar e Escrever Melhor o Português", por isso "auto" não vai para o plural, comportando-se como se fosse um prefixo. Da mesma forma auto-estrada: auto-estradas. 

Autópsia / necropsia/ biópsia

Autoópsia ou autopsia significa exame de si mesmo, intuição, instropeccção. Na Medicina Legal, estga palava vem sendo usada no lugar de necropsia, significando abertura de um cadáver para exame minucioso, a fim de determinar a causa mortis. Exemplo: Seu corpo foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) para ser submetido à necropsia (e não autópsia). A pronúncia correta tem como sílaba tõnica SI. A palavra não é acentuada.

Biópsia / biopsia – é a retirada de um fragmento de tecido de organismo vivo, para o exame da natureza das alterações celulares nele existentes: biopse. A pronúncia mais usada é biópsia.

A ver/ haver Essa roupa não tem nada a ver com você. Nada a haver tem sentido completamente diferente: que não tem nada a receber.

À vista / a vista / a prazo

Quando se tratar de modalidade de pagamento, só se usa o acento grave se a frase sem ele ficará ambígua. Exemplo: João vendeu a vista (sem acento, vendeu um dos olhos). Então, João vendeu à vista. Na expressão “a prazo”, não se pode titubear, trata-se de uma palavra masculina, portanto sem acento grave.

Se o pagamento foi efetuado à vista da secretária, na frente dela, então, o acento grave é inevitável.

Avô e avó (plurais)

Plural de avô é avôs; de avó é avós. Quando se refere tanto a avô como avó, o plural é avós (acento agudo). Isso acontece também quando se trata de antepassados. Exemplos: Os avós do menino são ricos. Os avós do homem são os macacos.

Plural de águaGostaria de parabenizá-lo pelo site. Tenho visitado freqüentemente e, por vezes, encaminho os artigos para as pessoas aqui na empresa. Gostaria de pedir sua ajuda numa dúvida que não estamos conseguindo encontrar a

resposta. A palavra "água" tem plural? Podemos dizer "águas"? Leio sempre "águas" na internet, jornais, revistas, porém, pela regra, como água é incontável, não deveria existir o plural da palavra, certo? Muito obrigada pela atenção. Christiane Lacerda.RESPOSTA: água tem plural: Águas de março, música de Tom Jobim, por exemplo. O plural se dá pela incidência pluvial. Os dicionários registram o verbete "águas".

Bebedouro ou bebedor d’água Internauta me passou e-mail, inconformado com a inscrição que há na estação rodoviária de Araçatuba: “bebedor d’água”. Bebedor é aquele que bebe muito. Exemplo: Joaquim é um bom bebedor de cerveja.  “Bebedouro”, segundo o Aurélio, é designação genérica de diferentes tipos de aparelhos ligados à rede hidráulica de edifícios, que fornecem água a temperatura normal ou gelada, e que permitem beber sem necessidade de copo, muito utilizados em escolas, fábricas, escritórios, lojas, etc. Que tal o administrador fazer a correção: bebedouro d’água? Araçatuba gosta de dar demonstração aos visitantes de que cuida mal do português. As placas colocadas nos canteiros centrais da av. Brasília é um exemplo evidente disso   

Biópsia / biopsiaÉ a retirada de um fragmento de tecido de organismo vivo, para o exame da natureza das alterações celulares nele existentes: biopse. A pronúncia mais usada é biópsia.

Biquíni  Palavra paroxítona terminada em "i", por isso é acentuada. Vejamos a origem da palavra:Antes da bomba nuclear, as mulheres só usavam maiôs. Dizem que as mulheres da antiga Roma, nas orgias imperiais, já usavam o biquíni. Mas a peça, na modernidade, foi criada em 1946 pelos estilistas Louis Réard e Jacques Heim. O último queria dar o nome de "átomo" ao novo vestuário de banho, já que era a menor partícula. Porém, como os Estados Unidos fez sua primeira experiência de bomba nuclear naquele ano pós-guerra, no Atol de Bikini das Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, a minúscula roupa feminina foi batizada de biquíni. As palavras surgem de formas variadas. 

Bode expiatório

Outro dia ouvi dizer que determina pessoa era bode expiatório numa reunião, como se ela fosse espiã. Houve uma confusão lingüística. O verbo expiar quer dizer “sofrer as conseqüências, pagar pelos outros”, por isso bode expiatório é

pessoa sobre quem se faz recair as culpas alheias ou a quem são imputados todos os reveses. Não confunda “espiar” com “expiar”.

Boêmia ou boemia?

A propaganda da cerveja Bohemia está deixando as pessoas confusas, porque ela diz que a Bohemia (pronunciada como se tivesse o acento) é amiga da boemia. Afinal, é boêmia ou boemia?

Analisando a história da palavra, o correto é dizer boêmia (bo-ê-mia), como palavra paroxítona terminada em ditongo, mas consagrou-se a pronúncia boemia (bo-e-mi-a), sem acento, terminada em hiato.

Aliás, a marca da cerveja tem “h” porque na ortografia da época, 1853, quando foi criada a cerveja, a letra indicava que sílaba anterior era a tônica da palavra.

Boemia (ou boêmia) tem o sentido melhor quando quer dizer roda de intelectuais, artistas que leva a vida bebendo e divertindo-se. No pior sentido, significa procedimento de quem é vadio e pândego.

Segundo o dicionário Houaiss, a palavra veio do francês “bohême” ou “bohème” (1372), significando habitante da Boêmia, vindo do topônimo latino medieval Bohemus, no latim clássico Boihaemum (nome do país de povo celta na Europa central). Também teve a acepção (1522) de cigano, membro de tribos errantes tidas como originárias da Boêmia. Segundo a filologia histórica, em 1899, Bohêmia era registrada com a letra “h” e com acento.

O correto é boêmia, mas essa forma está se tornando um arcaísmo ou apenas a pronúncia da marca da cerveja. A predominante hoje é bo-e-mi-a.

Leitor perguntou

Olá, Hélio. Recentemente foi publicada em sua coluna uma matéria sobre a pronúncia da palavra boemia. Parece que você leu meus pensamentos, pois eu estava com uma grande duvida a respeito disso e agora surgiu outra dúvida: a palavra boemia tem seu modo masculino quando se refere a algum homem? No caso ficaria boemio, mas qual seria a pronúncia correta, boêmio ou boemio?

Vinícius Javaroti Souza.

RESPOSTA: se os usuários do português no Brasil optaram por “boemia”, como hiato, em termos de substantivo abstrato (roda de intelectuais, artistas etc. que leva a vida de modo hedonista e livre, bebendo e divertindo-se), não fizeram o mesmo na designação do indivíduo que participa da roda. Para designá-lo, usa-se a pronúncia tradicional, com ditongo: o boêmio (homem), a boêmia (mulher). Como o uso determina a língua, nem sempre há lógica.

Brasileiro e não brasiliense. Por quê? O português dispõe de vários sufixos para formar adjetivos pátrios. Os mais usados são: —ÊS: português, chinês, neo-zelandês, calabrês, holandês. —ANO: americano, italiano, californiano, baiano, boliviano. —INO: belo-horizontino, bragantino, argelino, marroquino, londrino, florentino. —ÃO: alemão, lapão, afegão, catalão, coimbrão, gascão, parmesão (de Parma). —ITA: israelita, iemenita, moscovita, vietnamita —ENHO: costa-riquenho, hondurenho, porto-riquenho (de topônimos do espanhol). —ISTA: santista, paulista, campista (raro). O sufixo —eiro, por sua vez, é muito usado para indicar profissão ou atividade: jornaleiro, sapateiro, cabeleireiro, ferreiro. Isso explica por que os nascidos no Brasil são brasileiros (e não brasilenses): essa era a denominação dos que trabalhavam, nos primeiros dias do descobrimento, na extração do pau-brasil, e passou a designar todos os que nasciam aqui nesta terra. Da mesma forma, chamamos de mineiros os que nascem em Minas Gerais, palavra que já existia como profissão. Adjetivos pátrios com a terminação —eiro são muito raros e não devem chegar a meia dezena. Brasiliense, hoje, é adjetivo pátrio de Brasília, capital do Brasil.

Broxa ou brocha? Fui escrever a minha coluna "Entrelinhas" e registrei "homem brocha". Aquele que perde a potência sexual. A dúvida me corroeu. Com "x" ou "ch"? Abri meu Aurélio eletrônico no computador onde escrevia, pois dicionário não é pai-dos-burros, é o protetor dos cuidadosos, previdentes. Lá a palavra era escrita com "x". Fiz a alteração no texto. Cheguei à redação desta Folha à tarde, minha visita diária. O Matias (Antônio Matias Alves, editor de "Mundo") me questiona: como eu havia escrito "broxa" com "x" se era com "ch". O pessoal da redação gosta de achar deslizes em meus textos, pois sou o chato que comenta profissionalmente os erros deles, e gosto disso, porque sempre digo que todos erram, por isso não dispenso uma boa leitura de meus textos pelo editor. Perguntei ao Matias onde ele havia encontrado "brocha" com "ch" se no Aurélio está com "x". Ele me respondeu que o dicionário Hoaiss registra a palavra e seus derivados com "ch" e ainda, no verbete "broxa", expressa recomendação para que se escreva com "ch". O Aurélio reserva a palavra escrita com "ch" no sentido de prego ou encadernação, pois vem da palavra francesa "broche". Cadernos de brochura, por exemplo. E "broxa", também do francês "brosse", para pincel grande, de pêlos ordinários, usado em pintura pouco apurada, e outros sentidos. Já o Hoaiss registra a palavra de uma forma só, apenas com "ch", e sabe que sua posição é polêmica diante da tradição do Aurélio, por isso no verbete "brocha" busca razões etimológicas (de origem) para justificar a sua posição. O Michaelis segue a mesma posição do Aurélio. Nessa briga, os pobres usuários ficam desorientados. Escrever só com "ch"

facilita ortograficamente, mas a diferenciação ortográfica refletindo no sentido da palavra já é uma tradição. Fico com o Aurélio.

Em portugal: Sr. Hélio Consolaro, Li o seu artigo sobre a indefinição ortográfica à volta de broxa e brocha. Procurei no Dicionário de Sinónimos da Porto Editora, e lá encontrei brocha como sinónimo de impotente. Também consultei o dicionário da Porto Editora na internet, tendo lá encontrado, na entrada brocha, a expressão portuguesa "andar à brocha" que significa "ter dificuldades". Em Portugal parece ser preferida a grafia brocha em conotação com impotência e com dificuldade. (Henrique Carlos, Suécia)

 

Bufê ou bifê?

A língua francesa nos forneceu um grande conjunto de palavras, muitas já devidamente aportuguesadas: ateliê, abajur, boate, batom, chofer, detalhe, garçom, marrom, vermute... No caso de buffet, a forma aportuguesada é bufê. Garage, por exemplo, é palavra francesa. É melhor usar a forma aportuguesada garagem, com a terminação agem, como tantas outras palavras da língua portuguesa: viagem, paisagem, plumagem, contagem...  

C- emprego da letra

A letra "c" pode representar dois fonemas: a) antes de "a", "o" e "u", tem som de "k". Exemplos:: casa, colete, bacana, espetáculo. b) antes de "e" e "i", tem som de "ss". Exemplos: cela, cínico. Veja a correlação entre palavras primitivas e derivadas: branco branquinho Casa Branca casabranquense casca casquinha Nesses casos, houve alteração na grafia, mas não houve alteração no som. Para manter o som de "k" antes de "e" e "i", troca-se o "e" pelo dígrafo "qu". 

Cabotiã, cabotiá ou kabotchã?A transcrição do nome da chamada abóbora japonesa sempre foi um problema, porque ela não está dicionarizada. E as pessoas sempre gostam de uma referência bibliográfica quando se afirma que uma palavra é escrita de determinada forma. Buscar aleatoriamente pelo Google na internet não é confiável, porque o meio é um muro, onde todos picham e escrevem.A palavra é mais usada em anúncios de supermercado. E os artes-finalistas

aqui da Folha sempre querem saber qual é a forma correta.Com a letra “k” não seria, já que tal letra não pertence ao nosso alfabeto.“Cabotchã” – seria possível, pois temos “tchau”, mas o som /xê/ de palavra estrangeira nunca é transcrito com “ch” no aportuguesamento das palavras, sempre se usa X: xerife, xampu. Tchau é uma exceção.Percebi que encontraria uma referência segura, quando esta Folha, edição de 22 de junho, publicou sua primeira página em japonês, em homenagem aos 98 anos da imigração dos nipônicos.As professoras Emília Emy Urabe Kajimoto e Célia Mayumi Kimura Miyada, do Centro de Difusão da Língua Japonesa de Araçatuba, foram as responsáveis pela proeza idiomática, pois haviam ajudado o editor-chefe a compor a capa da edição do dia anterior.Por telefone, a professora Emília disse que seria “cabotiá”, pois assim nos livraríamos do dígrafo “ch”. O último fonema /a/ não era nasalizado.Como falamos ditiã, batiã (nasalizadas) e a internet também oferecia lista considerável de registros de “cabotiã” no mundo hortifrúti, optamos por essa pronúncia, porque já está consagrada entre nós. Optar por “cabotiá” seria a mesma de dizer ao pizzaiolo que a forma correta de escrever muçarela não é com dois esses.A Internet registra também vários sites que chamam a abóbora japonesa de “cabotiá”.

Cãibra ou câimbraAs duas formas são registradas pelo dicionário Aurélio. “Cãibra” paroxítona, mas o dicionário Michaellis separa suas sílabas assim: cã-i-bra.  Enquanto “câimbra” é proparoxítona, por isso o acento circunflexo, porém há quem discorde, dizendo que ela continua sendo uma paroxítona pois o encontro vocálico, na verdade, é um ditongo decrescente nasal.  Em Portugal só há cãibra.

Caixa

Qual é a construção correta?1. Maria é o caixa daquele supermercado.Ou: Maria é a caixa daquele supermercado.2. Saquei o dinheiro no caixa eletrônico.Ou: Saquei o dinheiro na caixa eletrônica.RESPOSTA: o caixa – masculino - indivíduo que trabalha numa caixa (seção, local). Seja ele homem ou mulher.Feminino: seção de estabelecimentos comerciais, bancos, repartições públicas, etc. Onde são feitos pagamentos e recebimentos. Exemplo: Para pagamentos, dirija-se à caixa (mesmo que seja eletrônico).

Calçar as luvas?

"No inverno, as pessoas friorentas calçam luvas."

Não há erro. Também se calçam as luvas, pois "calçar" significa vestir os pés ou as mãos, como pôr as calças. Já houve muita polêmica sobre assunto, dizia-se que não se vestem as luvas. Não é verdade. Posso usar "calçar as luvas", que é mais clássico; como "vestir as luvas".

Câmpus

O dicionário Aurélio registra a palavra latina campus (plural campi). Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas defende o aportuguesamento: câmpus. O aportuguesamento teria a vantagem de evitar o emprego do plural latino campi (o chamado plural estranho). O Manual de Redação do Estadão recomenda: câmpus. O câmpus, os câmpus.      

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Carnaval e Quaresma

A palavra Carnaval vem do italiano "carnevale". Designava a terça-feira gorda, a partir da qual a Igreja passava a suprimir o uso de carne. Outros estudiosos vêem na expressão latina "carne, vale" (carne, adeus) a origem mais coerente. Mas, "carnelevamen", também do latim (prazeres da carne), antes das tristezas e continências da Quaresma, também é uma explicação plausível. Antes de o Carnaval ser a festa que é, chamava-se Entrudo (do latim "introitu", entrada), porque aqueles três dias são a porta de entrada para a Quaresma.

Já Quaresma vem do latim "quadragesima", período de quarenta dias, contados da Quarta-feira de Cinzas ao Domingo de Ramos. Terminadas as festas do Carnaval, os católicos vão às igrejas para receber um pouco de cinzas sobre a cabeça, numa cerimônia em que o padre diz a cada um deles uma frase alusiva à morte. Antigamente era dita em latim "memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris", cuja tradução é "lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás" (explicações do professor Dionísio da Silva no livro "De Onde Vêm as Palavras", Editora Mandarim).  

Catupiry ou catupiri?Sou redator publicitário e me deparei com uma dúvida cremosa: qual a grafia correta do derivado de leite catupiri? É com Y ou I? Diogo Borges.RESPOSTA: vamos por parte.Origem: o requeijão Catupiry é uma marca presente em tantos pratos brasileiros como pizza, camarão na moranga, pastel, frango. O requeijão Catupiry foi criado, em 1911, por Mário e Isaíra Silvestrini, um casal de imigrantes italianos, na estância hidromineral de Lambari, em Minas Gerais. Vinha numa caixinha redonda, de madeira com rótulo nas cores vermelho, azul e branco. A embalagem foi alterada há algum tempo.

A industrialização do produto começou em 1922, e São Lourenço, Minas Gerais, e passou a ser feita em São Paulo, em 1949. Em agosto de 1936, a marca foi registrada sob o número 47.449. Catupiry significa excelente em tupi-guarani. A marca genuína é produzida pelo Laticínios Catupiry Ltda. Mas em muitos casos, o que é vendido e apresentado em cardápios de restaurantes são apenas produtos similares.Que grafia usar? Catupiry ou catupiri? Esse é um caso de metonímia, em que se usa a marca pelo produto, como ocorreu com Gilete (Gillette) que passou a ser sinônima do substantivo comum “lâmina de barbear”. Quando se tratar de sinônimo de requeijão, pode ser usada a grafia “catupiri”, ao se referir à marca “Catupiry”, “y” e letra maiúscula.

Cavoucar ou cavucar? Empreguei a forma popular do verbo cavoucar na Entrelinhas de quinta-feira, Concurso Público, ou seja, cavucar, alguém ligou apontando o emprego como erro. A forma culta-cultíssima é mesmo cavoucar quando a palavra tiver o sentido de fazer cavoucos, cavar buracos, mas a forma popular cavucar ganhou sentido novo: cavar a vida, lutar pela subsistência. Está no Aurelião. É bom esclarecer que a crônica diária, ligada ao cotidiano, tem um compromisso com a linguagem informal, popular. Por exemplo, na crônica Vereador Banguelo preferi a variante popular, mais usada na região, à forma culta banguela. As duas formas são registradas pelo Aurelião.

Cecê, cê-cê ou c.c..Segundo o dicionário Houaiss, abreviatura de cheiro de corpo. Popularizada no início da década de 1940, pela publicidade de um sabonete desodorante; o fato gráfico cecê por c.c. é recente (1987)

Cedilha

Embora não seja mais usado na grafia do Espanhol, foi na Espanha que se originou o cê-cedilha (ou cê cedilhado). No Castelhano antigo, servia para representar um som semelhante a um /ts/; na edição original do Quixote, de Cervantes (1605), o nome de seu escudeiro está escrito Sancho Pança, e não Panza, como hoje escrevem no Espanhol moderno. No séc. XV, já está bem difundido no Francês e no Português; o estranho, para nós, é que podia aparecer antes de qualquer vogal, tanto no início quanto no interior dos vocábulos. Em 1536, Fernão d'Oliveira, nosso primeiro gramático, ainda escrevia "çidadão" e "Çíçero", embora essa prática tenha sido criticada por Duarte Nunes de Leão, em 1576 ("Ortografia da Língua Portuguesa"), que recomenda usá-lo apenas antes de "A", "O" e "U", sempre no interior do vocábulo - como é até hoje.Em alguns textos arcaicos, aparece o dígrafo "CZ" no lugar que viria a ser ocupado pelo cê-cedilha; com o tempo, contudo, este "Z" foi reduzido e

colocado sob o "C", assemelhando-se a uma pequena cauda - o que faz muita criança, até hoje, falar no "cê com rabinho". Na verdade, o "rabinho" continua a ser um zê diminuto, um zezinho, um zê pequenino. O vocábulo "cedilla" nada mais é, portanto, que o diminutivo da letra "Z", chamada "zeda", ou "ceda" no Espanhol antigo, formado com o conhecido sufixo "-illa" (o nosso -ilha), presente também em outras palavras que recebemos daquele idioma, como flotilha, baunilha, estampilha e morcilha.Ao percorrer minhas fontes, colhi a informação (talvez pouco útil, mas no mínimo curiosa) de que este sinal também é utilizado na grafia do Romeno e do Turco moderno! (Prof. Cláudio Moreno - www.sualingua.com.br)

Cerveja que desce redondoA frase “A cerveja que desce redondo” está certa? Sim, está certa, pois redondo é um adjetivo adverbializado, portanto não flexiona. A cerveja não é redonda, ela desce redondo, advérbio de modo. Exemplo semelhante é “Cerveja custa caro”.

Cesária ou cesárea? 

A cirurgia se escreve com "e", ou também cesariana; cesária com "i" tem outro significado (tesourão de gráfica).

Chegar, ir e vir (regência)Estes três verbos são quase idênticos quanto às suas regências. Os três são intransitivos e regem a preposição "a" e nunca a preposição "em" quando indicam movimento. Exemplos: Chegaram a Atlanta na quinta-feira. Foram a Atlanta na sexta-feira. Os brasileiros vêm a Atlanta com muita esperança.  A lingua culta já tolera o uso do verbo chegar com regência com a palavra casa. Exemplo: Cheguei cedo em casa. IR - Quando indicar um tempo determinado (por algum tempo) exige a preposição "a". Exemplo: Foi a Camboriú no final de samana. IR - Quando indicar um tempo definitivo (para ficar) exige a preposição "para". Exemplo: José Ferreira foi para São Paulo com toda a família.

Chegou a hora da onça beber água?Segundo o uso padrão, há um erro na expressão popular acima. “Onça” é sujeito do verbo beber, por isso não pode haver a combinação da preposição “de” e o artigo “a”,  pois o sujeito de uma oração nunca pode ser inici-ado por preposição. Na linguagem culta, a expressão ficaria assim: “Chegou a hora de a onça beber água”.

Chope/chopesQual a forma correta: chopp/chopps ou chope/chopes? Resposta: A forma correta é chope/chopes, que significa cerveja fresca de barril. No alemão, schoppen; no francês, chope.

Cinqüenta 

Não existe a forma "cincoenta", como algumas pessoas escrevem em cheques. A forma única de escrever por extenso o numeral 50 é cinqüenta. Não esquecer o trema. 

Círculo vicioso

O certo é círculo vicioso e não ciclo vicioso. Exemplo: O vaivém das denúncias de corrupção no Brasil já se tornou um círculo vicioso.

Cirurgiã-dentista

Um profissional da área me solicitou esclarecimento: meus professores da faculdade me disseram que não há feminino de cirurgião-dentista. Isso é verdade?

Não. Cirurgião-dentista é um substantivo composto. Seus elementos constitutivos: substantivo + substantivo. Neste caso, os dois variam: cirurgiões-dentistas, cirurgiã-dentista.

Não sei se há alguma polêmica na odontologia, como existe na literatura entre poeta e poetisa. Há mulheres que versejam e não gostam de ser chamadas de poetisa, preferem poeta. Há um matiz ideológico na questão.

Os ciúmes, o ciúmeA coluna Periscópio publicou "o ciúmes de político". Está correto? (Rigoberto Silva Figueiroa). RESPOSTA: ciúmes - a palavra foi acentuada corretamente. Ela é derivada de cio.. Semanticamente (quanto ao sentido) foi empregada com precisão, pois "ciúmes" ou "ciúme" também têm o sentido de emulação, competição, rivalidade. O dicionário Aurélio apresenta dois verbetes: ciúme e ciúmes. Ao registrar o plural, manda procurar o singular. Tanto no singular como no plural,o substantivo pode significar o nome de uma planta. O dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, de Cândido Jucá, afirma

que o substantivo é mais usado no plural: "os ciúmes". O livro Não Erre Mais, de Luiz Antonio Sacconi, registra um erro comum ao se empregar tal palavra, cometido também na coluna Periscópio: O ciúmes. Na verdade, a concordância correta é os ciúmes, uns ciúmes. O artigo devia ter concordado com o número do substantivo.

Clipe ou clipsQue nome se dá em português às peças de metal que servem para prender folhas: clips ou clipes? O aportuguesamento do inglês “clip” é clipe. O plural é clipes. 

Coco/ cocô 1) Que palavra tem acento: coco (fruto do coqueiro) ou coco (excremento)? Resposta: cocô (excremento) é acentuada, porque é uma palavra oxítona terminada em “o”. Já coco (fruto do coqueiro) não tem acento, pois não se acentuam as palavras paroxítonas terminadas em “o”.

Coalizão e colisão “Uma coalizão de centro-esquerda reelegeu Mário Covas.” Coalizão significa união, acordo, aliança. “Já Maluf está em colisão com os marqueteiros.” Colisão significa choque, conflito, luta. 

Coletivoscoletivos.html

ColocaçãoNum seminário, alguém pede a palavra e diz: “Farei agora uma colocação polêmica”. Errado. As palavras colocar e colocação só devem ser usadas no sentido de arrumação, disposição. Elas não eqüivalem a observação, sugestão ou idéia.

Colocação pronominal LHE: Comunicamos-lhes  A construção correta é "comunicamos-lhes", embora pareça estranha. Cortamos o "s" apenas com os pronomes "o", "a", "os", "as", e não para os pronomes "lhe", "lhes".  Escrevemos, portanto: Ofertamo-lo/ esperamo-lo/ comunicamos-lhe/ oferecemos-lhes.

Corpus Christi - de que línguaCorpus Christi é uma expressão latina, do latim, idioma do Império Romano, da qual a língua portuguesa é a filha caçula, sendo as mais velhas: italiano, espanhol, francês e romeno. A tradução é Corpo de Cristo, uma festa de calendário móvel da Igreja Católica que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia. Ela é realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade ou Pentecostes.A origem da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século 13. A festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano 4º, com a bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264.

-LO, -LA, -LOS, -LASSe o verbo terminar em -S, -R ou -Z, os pronomes oblíquos "o", "os", "a" e "as" ligar-se-ão a ele cortando-se a letra final (S-R-Z) e acrescentando-se um L antes dos pronomes (LO, LA, LOS, LAS). Exemplos: amar a ele = amá-lo fazer a prova = fezê-la já o fiz = fi-lo eu os pus = pu-los ele as faz = fá-las -NO, -NA, -NOS, -NAS Quando o verbo terminar em -M, -ÃO, ÕE, deixa-se o verbo como está e acrescenta-se um N aos pronomes -O, -A, -OS, -AS (no, na, nos, nas). Exemplos: Elas o amam = amam-no Ele a põe = põe-na Eles são so réus? = São-nos OBSERVAÇÃO Se a terminação do verbo for -MOS, ele perde o S antes de NOS (a nós) Exemplos: Nós nos informamos = informamo-nos

CUIDADO Tu tens o livro = tem-lo Ele tem o livro = tem-no Tu pões a mão = põe-la Ele põe a mão = põe-na

 

Colheitadeira, colhedeira ou colhedora?

Prezado professor, venho pedir sua ajuda, pois não consegui obter resposta até o momento, ecomo o senhor é amante da etimologia, gostaria de que me ajudasse a esclarecer minha dúvida e de muitos colegas.

Para designarmos a máquina que colhe grãos (trigo, arroz, soja, café), o correto é utilizar COLHEDORA, COLHEDEIRA ou COLHEITADEIRA? Já sei que COLHEITADEIRA é um termo consagradoe originário da região sul, porém, aqui no sudeste e demais regiões, usamos muito COLHEDORA ou COLHEDEIRA, está correto? Gostaria de pedir que a resposta viesse com a justificativa para a proibição ou não recomendação douso das outras duas palavras. Daniel Alan, Marília/SP

RESPOSTA: Colhedeira (colher + eira) é sinônimo de colheitadeira (colheta + eira). Também há colhedor (colher + or) e colherdora (colher + ora), que está mais para o ser humano, pois os dicionários nada falam de máquina em seus verbetes. Se colhedor ou colhedora é aquele que colhe, por que não pode designar a máquina também?

Diante disso, você pode usar:

colheitadeira (bem usual);

colhedeira (bem usual);

colhedora, se na sua região é a palavra consagrada.

ComercializarMuitos repórteres trocam "comprar e vender" por "comercializar". É uma troca descabida, como diz Josué Machado em seu livro Manual da Falta de Estilo, Editora Best Seller. O verbo comercializar significa tornar comercial ou comerciável. Frases como "O balconista comercializa calcinhas e sutiãs." ou "Os feirantes comercializam alfaces e rabanetes." não estão construídas corretamente. O melhor seria dizer "O balconista vende...", "Os feirantes vendem..." 

Está correto escrever "como, por exemplo"?

“O Assistente pede informações essenciais, como, por exemplo, o nome da loja e as informações de contato.”Não há necessidade de usar juntas as duas expressões, pois “como” já implica a idéia de que se vai apresentar um “exemplo”. Portanto, já que elas são equivalentes, não convém que andem juntas.Veja:“O Assistente pede informações essenciais, como o nome da loja e as informações de contato.”“O Assistente pede informações essenciais, por exemplo, o nome da loja e as informações de contato.”

Conjuração ou Inconfidência Mineira?

O brasileiro, tão hostil aos governos e ao Estado, tão avesso ao pagamento de impostos, deve chamar o movimento encabeçado por Tiradentes de Conjuração Mineira.Conjuração significa associação, secreta ou clandestina, contra um governo. No caso de 21 de abril, contra a coroa portuguesa pela sede de impostos.Tratar o movimento de Inconfidência Mineira é apresentar uma visão lusitana do problema, porque o substantivo “inconfidência” significa infidelidade, deslealdade, especialmente com o Estado ou governante. O grupo de Vila Rica foi desleal com a coroa portuguesa, portanto, eram inconfidentes sob o ponto de Maria I, a Louca.Nesse episódio da História do Brasil, há um cruzamento com a literatura, porque a intelectualidade de Vila Rica participava do movimento, como os escritores Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga. Além de padres, advogados e mineradores.O único condenado à morte foi Tiradentes, porque tinha pouco prestígio social, não houve quem interviesse por ele. Os demais tiveram como pena a deportação para outras colônias portuguesas.Então, no dia 21 de abril, o calendário brasileiro lembra-se da Conjuração Mineira.

Conosco / com nós Usamos "com nós" quando depois da expressão vierem as palavras: próprios, todos, outros, mesmos e numerais. Exemplos: Mamãe saiu com nós dois. Mamãe saiu conosco. O professor saiu com nós todos. O professor saiu conosco. Com nós mesmos o fato aconteceu. Conosco o fato aconteceu.

Consigo“Consigo” só pode ser usado com o sentido reflexivo, ou seja, a ação recai sobre a mesma pessoa que a pratica. Exemplos: A mãe trouxe consigo as receitas./ João disse consigo mesmo./ Guarda a carta consigo. No Brasil, é inadmissível usar “consigo” para substituir “com você”, “com o senhor”. Veja alguns exemplos corretos: Quero falar com o senhor (e não “quero falar consigo”). Concordo com você (e não “concordo consigo”). 

Convalescença ou convalescência O doente que se recupera está  em convalescença. É ença o final correspondente aos verbos finalizados em scer, ecer e erer. Assim, renascer: renascença, parecer: parecença, malquerer: malquerença.

A terminação ência derivada dos adjetivos terminados em ente. Exemplo: beneficente: beneficência. O certo é convalescença.

Cozer e coserCozer (com z) significa cozinhar: Mamãe vai cozer o repolho. Coser (com s) significa costurar: Mamãe vai coser minha roupa.

Craseado. Existe?Qual a forma correta: “a” com acento grave ou “a” craseado? Esse tipo de confusão ocorre com freqüência. Crase é apenas o nome dado à fusão de dois aa. Não é o mesmo que acento. Acento grave (à) é o sinal indicador de crase, de fusão de dois aa. Por isso é errado perguntar se um "a" tem crase, ou se é preciso "crasear" um "a". O que um "a" pode ter é acento grave.

CrucificaçãoCrucifixo: crucificar ou crucifixar /crucificação ou crucifixão? Tórax: torácico ou toráxico?  Não há nenhum erro nas palavras derivadas de “crucifixo” e “tórax”?  Resposta: crucificar ou crucifixar/ crucificação ou crucifixão são corretas as duas formas, mas toráxico não existe. 

Cumeeira ou cumieira?Cumeeira é o termo correto. Trata-se da parte mais elevada da montanha ou do telhado de uma casa; cume; espigão. Cumeeira, de cume (por sua vez do latim culmen, “cimo”. 

“Curriculum vitae” - plural

A expressão latina significa o conjunto de dados concernentes ao estado civil, ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se candidata a um emprego, a um concurso. Seu plural segue a gramática latina, portanto é “curricula vitae”. Existe a forma aportuguesada correspondente: currículo/ currículos. Bem menos complicada.

Custar (regência)Este verbo, sinônimo de ser difícil, penoso, só pode ser empregado com o objeto indireto (com preposição) e na 3ª pessoa do singular. Exemplos:  Custou-me aprender. A você custou sair. Atenção! Na linguagem culta, é errado escrever "Custei aprender." e "Você custou sair".

Customizar

Customizar significa adaptar os produtos e processos ao gosto do cliente, visando à satisfação do freguês. A origem da palavra está no inglês "customer", que significa "cliente" não tem nada a ver com "costume". Na internet, há o emprego de costumizar está em vários sites, mas não está correto.Há também o substantivo customização.

Dar à luzParir, publicar ou editar uma obra, dar ao mundo: dar à luz gêmeos. Nesse caso, o verbo é transitivo direto e indireto. Dar o quê? Gêmeos. A quem? À luz, ao mundo. Faz-se necessário o acento grave antes do substantivo feminino LUZ.

DatasExistem três possibilidades para abreviar a grafia de datas:com traço: 28-12-1945com barra: 12/11/2002com ponto: 21.10.2004Observações:Os números cardinais devem ser escritos sem ponto ou espaço entre o milhar e a centena: 1999 (e não 1.999); 2007 (e não 2.007).O ano pode ser registrado com os dois últimos dígitos: 12/11/02.- O primeiro dia do mês deve ser escrito assim: 1º (e não 1). Exemplo: 1.º/2/07 ou 1.º/02/07.O emprego de zero antes do dia ou do mês formado de um só algarismo não é de rigor: 02/02/99 ou 2/2/99.Atualmente, no entanto, a anteposição de um zero é prática corrente, pois atende a objetivos estéticos. E é sempre aconselhável, quando se quer evitar fraude.Prof. Me. Gilberto Scarton (FALE/GWEB)/ Profa. Dr. Marisa Magnus Smith (FALE/SEVES)

Dêixis e anáforaAnáfora do gr. anaphora, repetição. Processo pelo qual um segmento do discurso (chamado anafórico) remete a outro segmento (antecedente) presente no contexto.Dêixis ou díxis. Faculdade que tem a linguagem de designar mostrando ao invés de conceituar; designação mostrativa ( O pronome é o vocábulo que se refere aos seres por dêixis em lugar de fazê-lo por simbolização, como os nomes)Os elementos anafóricos remetem ao contexto lingüistíco, e não, como os dêiticos. à realidade extralingüística. Assim, o demonstrativo "este" pode ser empregado como dêitico: Este livro é bonito; e como anafórico: Há um livro sobre a mesa; eu vi este livro.(Maria do Socorro)

Demais, de mais, ademaisDemais (advérbio), no sentido de "em demasia". Exemplo: Ele correu demais.Demais (adjetivo) significa demasiado, excessivo. Exemplo: Isso é demais (demasiado).Demais (pronome indefinido) equivale a "os restantes" , "os outros", "os mais", vindo quase sempre precedido de artigo. Exemplo: João e Carla passaram o Natal em Araçatuba, os demais no Rio de Janeiro."De mais" - locução que sempre acompanha substantivos ou palavras com valor de sustantivo, que tenham sentido contrário a "de menos". Exemplo: Sobraram muitos assados na festa, compraram comida de mais (oposto: de menos).Ademais (advérbio): singifica "além disso". Exemplo: Já disse tudo; ademais, não lhe devo tantas explicações.

De pé ou em pé? Segundo o "Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa" de Domingos Paschoal Cegalla, "pode-se dizer, indiferentemente: ficar em pé ou ficar de pé".

O site www.ciberduvidas.com, de Portugal, apresenta uma análise do "Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem" de Rodrigo de Sá Nogueira sobre “a pé”, “de pé”, “em pé”. Ele diz: "Só quem conhece bem a língua pode empregar com propriedade estas três expressões.  Vejamos:

1) ‘ir a pé’ é ir por meio dos pés, isto é, é não ir a cavalo, nem de carro, etc.; 

2) ‘ir de pé’ ou ‘em pé’ é não ir sentado, nem de cócoras, nem deitado; 

3) às 6 horas da manhã estava já a pé, quer dizer: já não estava na cama, já me tinha levantado; 

4) às 6 horas da manhã estava ‘de pé’ ou ‘em pé’, quer dizer: não estava sentado, nem ajoelhado, nem deitado; 

5) um poste, que caiu pela força do vento, por exemplo, põe-se de pé ou em pé, quer dizer: endireita-se de novo, pondo-se na posição vertical, não se põe a pé; 

6) o Exército está em pé de guerra, não está a pé, nem de pé de guerra." Portanto, fiquemos de pé ou em pé. Salvo num contexto muito específico, como em “fiquemos com os pés no chão”, querendo com isso expressar que é necessário realismo. 

Desculpar - regênciaO locutor diz pela tevê: “Desculpem a nossa falha”. Ele desculpou-se da falha e cometeu outra, segundo a gramática tradicional. A mídia geralmente opta pelo uso mais popular, principalmente o meio que envolve a fala. Há outros exemplos: queira desculpar a falta de comodidade; desculpe a insistência; desculpe, não o ouvi bem.Em português mais castiço, quem desculpa, desculpa alguém de alguma coisa. O certo seria: “Desculpem-nos da nossa falha”.No sentido de justificar-se, alegar como desculpa, pede a preposição “com”: Recusei o convite do patrão para ir a sua casa, desculpando-me com o cansaço.Desculpar no sentido de perdoar é transitivo direto e indireto e pede a preposição “a”: Ainda não desculpei ao vereador aqueles xingamentos.Os gramáticos condenam o uso da preposição “por” na regência do verbo desculpar.

Despercebido/ desapercebido Elas são palavras parônimas, parecidas. Despercebido significa, segundo o Aurélio, que não se viu ou não se ouviu; em que não se atentou; impercebido, desatento, distraído, desacautelado. Já desapercebido tem o sentido de desprevenido, desacautelado, desprovido, desguarnecido. O Aurélio aceita as duas formas: despercebido/desapercebido para o senti-do de distraído, mas ele é um dicionário que registra todos os usos, não tem compromisso com a gramática normativa.

Deus – nEle Um aluno me questionou sobre tal forma quando se refere a Deus, pois ele a encontrou num livro de religião. A palavra Deus tem a letra inicial maiúscula. O Manual do Estadão recomenda que também se grafe com letra maiúscula o início dos pronomes que se referem a Deus. Exemplo: Eu queria que Ele me ajudasse. “Ele” é Deus. Seria lógico escrever “Nele” com a letra N maiúscula, não o “e” intermediário. A regra manda pôr a letra inicial dos nomes próprios

em maiúsculo. Confesso que não achei nenhuma explicação sobre isso (nEle) nas gramáticas.

Detrás – de trásLeia o que ensina Luiz Antonio Sacconi.Detrás - adjetivo, significa traseiro, posterior, que fica na parte posterior ou oposto à principal. Exemplos: sentar-se no banco detrás, vir no carro detrás, bateu na parte detrás do carro.Detrás - advérbio, significa na parte posterior ou oposta à principal; por de trás; por trás (em oposição a "pela frente").Ainda há as expressões:De detrás: Ele saiu de detrás da fila.Detrás de: Ficar detrás de alguém.Dizer mal de alguém por detrás.Por detrás: Vá por aí, que eu vou por detrás.Por detrás de: Vá por aí, que eu vou por detrás da casa. Ele chegou por detrás de mim. Via-se muita gente por detrás de meu amigo.De trás - locução adverbial e equivalente a "de longe". Exemplo: Essa rixa não é nova, já vem de trás.De trás - expressão preposicionada que completa um nome ou um verbo. Exemplos: Ele veio de trás. Sua vinda de trás.

Dia D e hora H

O D de Dia-D é a abreviatura do vocábulo dia, tradução do codinome D-Day, usada pelo exército britânico desde a Primeira Guerra, hoje incorporada à linguagem militar da maioria dos países.

Serve para designar o dia exato em que uma determinada operação militar deverá ser iniciada. Apesar de pleonástica, a expressão foi incorporada à linguagem militar da maioria dos países por sua inegável utilidade: ela cria um ponto de referência no tempo, o que assegura o sigilo e permite que se troque a data real sem que seja necessário alterar toda a logística planejada. Fala-se o dia sem precisar a data.

Já houve centenas de dias D, mas a expressão evoca em especial o dia da invasão da França pelas forças aliadas, em 6 de junho de 1944.

Em qualquer dia D, a hora exata em que a operação vai ser desencadeada é chamada, coerentemente, de hora H (em Inglês, H-Hour).

Para nossa sorte, dia e hora iniciam, no português, pelas mesmas letras que day e hour no inglês, o que deixa as expressões ainda reconhecíveis, embora

se troquem de posição os elementos, obedecendo à diferente ordem sintática do Português e do Inglês.

A linguagem usual já incorporou a expressão hora H com o significado de "momento exato, decisivo", inclusive com seus desdobramentos eróticos, como se vê nas revistas do gênero: "O que você diz a seu parceiro na hora H?"; "O medo do fracasso na hora H pode levar à impotência", etc.

Quanto à presença de hífen e letra maiúscula, o dicionário Aurélio apresenta dia D e hora H. É melhor segui-lo, já que ele é uma espécie de manual de língua portuguesa do brasileiro.

Dias da semana (plural) Qual forma está correta: "quarta e quinta-feira" ou "quarta e quinta-feiras"?  É preferível “quarta e quinta-feira” por dois motivos:  a) Quarta e quinta-feira = “quarta-feira e quinta-feira”. Em “quarta e quinta-feira”, subentende-se o elemento “feira” depois de “quarta”. Por isso, não há razão para se pluralizar o elemento “feira” de “quinta-feira”.  b) Se antepusermos o artigo, definido ou indefinido, diremos: “a quarta e a quinta-feira”, uma “quarta” e uma “quinta-feira” – sem pluralização.

Direito ou direito A letra inicial de nomes de cursos não precisa ser grafada com letra maiúscula, como: medicina, pedagogia, agronomia. Em direito, para evitar ambigüidade, escreve-se com  maiúscula. Exemplo: Ele faz direito. (Se não colocar maiúscula, entende-se que ele faz bem suas tarefas.) Ele faz Direito. (Neste caso, só há um entendimento: ele se prepara para ser advogado.) 

Domicílio. 1 - É em domicílio a expressão que se usa para entregas: Fazem-se entregas em domicílio (e não "a" domicílio). Equivale a: Fazem-se entregas em casa. Da mesma forma: Dão-se aulas em domicílio. 2 - A domicílio exige verbo de movimento: Conduziram o doente a domicílio. / Foram levá-lo a domicílio. (Manual de Redação do Estadão)

DoutorSeria possível me esclarecer quanto ao uso do título de doutor, em que circunstâncias e em quais profissões se usa o título, é somente após o curso de doutorado? Existe alguma profissão em que se use o título sem a conclusão do curso de doutorado? O advogado recém-formado apenas com o curso de direito é doutor? RESPOSTA: no sentido restrito, doutor é um título de quem fez doutorado,

defendeu tese. No Brasil, o advogado e o médico são chamados de doutores por força da tradição. Em regiões mais pobres do Brasil, qualquer pessoa bem vestida é chamada de doutor pela população excluída. Internauta acrescentaCaros senhores, apenas para esclarecer, que o advogado é doutor por força de lei e não por tradição conforme está no site:Quanto à lei, temos a de 11 de agosto de 1827 (criou os cursos de Direito), que em seu artigo 9.º, segunda parte, estabelece "Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos estatudos, que devem formar-se, e só os que obtiverem, poderão ser escolhidos para lentes". O silogismo é simples: O titulo de doutor seria destinado aos habilitados nos estatutos futuros (como o estatuto da OAB, hodiernamente usado), assim tendo o acadêmico completado seu curso de Direito, sido aprovado e estando habilitado em estatuto competente, teria o titulo de doutor. Os bachareis devem enfrentar o prova da Ordem.Verônica [email protected]

Dum e num. Existem?

 Pessoas com excesso de zelo com o uso culto do idioma  fogem de certas formas, corretas, como DUM/DUMA, NUM/NUMA. Elas existem, e o uso delas depende do gosto da pessoa.

Há uma regra para empregar “dum” (duma) e “de um” (de uma).  Deve-se empregar “de um”, e também “de o” (e não “do”), quando a preposição “de” não se ligar ao artigo que se lhe segue, mas a palavra/s que vem/vêm mais à frente: 1) O fato DE uma pessoa TRABALHAR... 2) O fato DE um aluno SER MAL COMPORTADO...

A preposição DE não se encontra ligada ao artigo, mas às palavras sublinhadas à direita. O mesmo se dá com DE + PRONOME/DETERMINANTE 3) Apesar DE este diretor ESTAR LIVRE... 4) A resolução DE ele IR AO PORTO... 5) Já é tempo DE aquelas pessoas TEREM JUÍZO. 6) Depois DE isso ESTAR ESTABELECIDO... E há outra regra para EM UM/NENHUM. Quando se falam essas duas expressões, soam praticamente da mesma forma. Ao escrevê-las, porém devemos observar certas distinções.

Entrou na casa em que NENHUM morador o notasse. (antônimo de algum)

NEM UM morador do prédio o cumprimenta. (= nem um sequer, nem um único; opõe-se a MUITOS.)

E,  com vírgula Quando indica a conexão de duas orações, com sujeitos e verbos diferentes, o "e" deve ser ajudado e introduzido por vírgula. Um sujeito fez uma coisa, e outro fez outra. Exemplo: A professora mandou o aluno à diretoria, e o diretor aplicou-lhe uma repreensão escrita. 

Eficácia e eficiência Trata-se de traduções atribuídas aos termos ingleses "effectiveness" e "efficiency" utilizados com sentidos diferentes na linguagem de Gestão. Nesta linguagem, "efficiency", termo traduzido para «eficiência», corresponderia à execução de uma atividade com qualidade, produtividade e respeito pelos prazos, enquanto "effectiveness", termo traduzido para «eficácia», além de corresponder a todas aquelas características, teria também em conta os resultados da atividade em causa, face aos objetivos últimos a atingir; isto é, posso realizar otimamente uma atividade cujo resultado pouco interessa à empresa em que me insiro: sou eficiente; se a realizo do mesmo modo, mas o resultado acrescenta valor de algum modo à empresa, face aos seus objectivos: sou eficaz. Tenho, assim, sempre de pôr em causa se o que faço, mesmo que bem, serve para alguma coisa ou é mero desperdício de energia. Essa é a diferença entre eficiência e eficãcia. (Margarida Pinto- Lisboa- Portugal)

Embora A palavra embora é um advérbio formado etimologicamente pela aglutinação dos vocábulos que compõem a locução adverbial em boa hora.

Ninguém vê mais no embora essa idéia de em boa hora. O Aurélio diz que, em vamos embora, embora é uma partícula desprovida de significado, pois se pode dizer apenas vamos. Já o dicionário Houaiss afirma que embora  continua como advérbio, mas com outro significado.

Em mão/ em mãos Uma internauta  quer saber se estava certo escrever “em mãos”. Apenas o “Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa”, Editora Nova Fronteira, de Domingos Paschoal Cegalla, se manifesta a respeito. Ele considera as duas formas corretas, mas acrescenta que “em mãos” é mais usual no Brasil. 

Emigrar / Imigrar / Migrar

Emigrar (emigração) significa deixar um país ou região para estabelecer-se em outro local: O nordestino emigra somente quando a seca se torna insuportável.Imigrar (imigração) tem o significado de chegar a um país ou região para estabelecer-se em definitivo: A imigração japonesa começou há cem anos.

Migrar (migrar) expressa a idéia de "mudança periódica, passagem de uma região para outra, de um país para outro": No inverno, as aves tendem a migrar para regiões mais quentes.

Empecilho  Há quem escreva "impecilho", "impecílio". Certamente associa essa palavra com o verbo impedir. O correto é empecilho, da família do verbo "empeçar" (estorvar).

Encastôo ou castor Durval, pescador, travou uma contenda com filhos e netos. Como se chama mesmo aquela peça de arame que vai entre o anzol e a linha? A discussão acabou na página de  tira-dúvidas. O nome correto, segundo o Michaelis, é “encastôo”, e o verbo é “encastoar”. O Aurélio nada traz a res-peito. Quem falar “castor”, “encastor”, está errando...

Entre mim e ti/  Entre eu e tu  O certo é "entre mim e ti", assim como o correto é dizer entre "mim e você". "Entre" é uma preposição. Antes dos pronomes "eu" e "tu" não se usa preposição. Assim, não se diz: Ele pensou em eu e tu. Mas: Ele pensou em mim e ti.

Em vez de/ ao invés de O Manual do Estadão, recomenda o uso de “ao invés de” somente quando houver oposição. Também está certa a argumentação do Cegalla, dizendo que a expressão “ao invés de” está em fase de transição na língua. Para evitar erro, use “em vez de” em qualquer situação, nunca ao “ao invés de”. Assim, a sua frase estará sempre abençoada pelos gramáticos. 

Enxurrada / enchente  Por que “enxurrada” é escrita com X e “enchente”, com CH? Resposta: depois de EN-, o fonema [xê] é grafado com X: enxurrada, enxada, enxuta. “Enchente” é um substantivo derivado do verbo “encher”, que por sua vez vem de “cheio”, portanto conserva a grafia original, com CH. 

Erros  grosseiros 1 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) As casas só podem ser “geminadas”, pois a palavra é derivada de gêmeos.

“Germinadas” nem pensar! 2) Ser “de menor” ou “de maior” são expressões comumente ouvidas em rodas de gente estudada, mas estão erradas. “O garoto preso é menor” ou “O rapaz parece uma criança, mas é maior”. Mais exemplos:  “O delinqüente é menor de idade” ou “O preso é maior de idade”. 3) “O aluno repetiu o ano.”  “A aluna passou o ano.”. Só os italianos que ainda falam mal o português dizem “repetir ou passar de ano”. 4) “O aluno fica para recuperação”, ele nunca “fica de recuperação”. 5) Meu aniversário caiu num domingo. Está errado falar “caiu de domingo”.  6) O filho saiu ao pai, esculpido e encarnado. “Cuspido e escarrado” é impossível.  7) “Saíram elas por elas” é a concordância correta. “Saiu elas por elas” fere os princípios gramaticais. 8) Atenção políticos e advogados da velha guarda. Tive a “subida honra” de saudar o presidente, nunca “a súbita honra”.  “Subida” significa elevada; “súbita”, repentina. 9) Aos sábados, não trabalho. Está corretíssimo. Errado é falar ou escrever: De sábado, não trabalho. 10) O sujeito escapou ileso de um acidente de trânsito e comete um desatino, falando: “Faltei pouco para não morrer”. O sujeito da oração é “pouco”, e não “eu”, portanto a forma correta é “Faltou pouco para não morrer”.  11) Mandado de segurança.Os magistrados expedem mandados. Os políticos têm mandato. 12) Estou aguardando notícias. Nada de dizer “estou no aguardo de notícias”. Tal expressão não existe. 

Erros  grosseiros 2 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) “Apêndice supurado” ou “Apêndice estuporado” ? Supurado quer dizer convertido em “pus”.  2) Seu caderno é “espiral” ou “aspiral”? Lógico, espiral, pois o arame do caderno tem a forma da rosca de um parafuso. Quem diz “aspiral”, está dando vexame. 3) Estou quite com o Serviço Militar. Ou é “quites”? Se for uma pessoa só, ela está “quite”, porque “Os jovens estão quites com Serviço Militar”.  4) Neusa é médium/ Neusa é média? Neusa é médium, pois a palavra “médium” é usada para o homem quanto para a mulher, como ídolo, vítima, pessoa. 5) A mala estava leve ou leviana? A mala estava leve, pois uma mala só pode ter pouco peso. “Leviana” significa imprudente, irresponsável.  6) Fiquei fora de mim/Fiquei fora de si? “Fiquei” está na 1ª pessoa, portanto, “fora de mim”. 7) Dessas mulheres, só conheço algumas delas/ Dessas mulheres, só conheço umas par delas? A segunda, nem por brincadeira. 8) Vou trocar-me em dois minutos/Vou vestir-me ou trocar de roupa em dois minutos? Não se deve usar “trocar-se” por vestir-se ou trocar de roupa. 9) O motorista perdeu o controle do veículo/ O motorista perdeu a direção?

Perder a direção é perder o rumo. 10) O paciente sentiu melhoras/O paciente sofreu melhoras? Se está sofrendo, então não melhorou.  11) Não saí porque estava chovendo/ Não saí por causa que estava chovendo? Indiscutível, a segunda forma tem apenas uso popular.  12) Ele já acordou/ Ele já se acordou? É impossível alguém se acordar.  13) Se ele não pode comprar isto, que dirá de mim/ Se ele não pode comprar isto, que dirá eu? Se o leitor achar pedante a primeira, que é a correta, use “muito menos eu” ou “quanto mais eu”. 14) Estou com pigarro/Estou com pigarra? Pigarra quem tem é galinha.

Erros grosseiros 3 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) Tenho menos sorte que você/ Tenho menas sorte que você? Não se diz nunca “menas”, tal palavra não existe. 2) Inimigo figadal/ inimigo fidagal? O fígado era, segundo os antigos, a sede da ira, do ódio.  3) O rapaz puxava de uma perna/ O rapaz puxava uma perna? Todos os que mancam, puxam de uma perna. 4) Luís é muito xereta/ Luís é muito xereto? Os homens são também muito xeretas. “Xereto” não existe. 5) O pessoal não gostou do filme/ O pessoal não gostaram do filme? Pessoal exige o verbo no singular, assim como “turma” e outros substantivos coletivos. 6) Prova dos noves/ Prova dos nove? Todos nós dizemos noves fora, mas incompreensivelmente alguém fala “prova dos nove”. Os nomes de algarismos variam normalmente quando sustantivados. 7) Horas extras/ horas extra? Nesse caso, extra é um adjetivo (equivale a extraordinário), por isso varia de acordo com o substantivo.  8) Eu procurava um emprego que condissesse com meu nível cultural/ Eu procurava um emprego que condizesse com meu nível cultural? O pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo “dizer” é “dissesse”, portanto o certo é “condissesse”. Assim acontece com todos os outros verbos derivados de dizer. 9) Não poderíamos dizer isso perante ela/ Não poderíamos dizer isso perante a ela? “Perante” já é preposição, por isso não há a necessidade de outra, o “a”.  10) Não vou lá em hipótese nenhuma/ Não vou lá de hipótese nenhuma? Convém não dizer nem escrever isso em hipótese nenhuma.

Esotérico e exotérico Um internauta  pediu-me uma pesquisa sobre a diferença de sentido entre “esotérico” e “exotérico”, sendo que elas são homônimas, pois há uma diferença apenas na grafia, enquanto são idênticas na pronúncia. “Esoterismo” em nossos dias é sinônimo de “ocultismo”. Veja o que fala o Aurélio sobre ocultismo: 1. Estudo e/ou prática de artes divinatórias e de fenômenos que parecem não

poder ser explicados pelas leis naturais, como, p. ex., a astrologia, a quiromancia, a magia, a telepatia e a levitação; ciências ocultas. 2. P. ext.

Hermetismo, esoterismo.  Para fazer a diferença entre os dois termos, apelamos à Enciclopédia Digital Koogan/Houaiss, que registra o seguinte:  ESOTÉRICO  adj. Qualificação dada, nas escolas dos antigos filósofos, à sua doutrina secreta. / Incompreensível às pessoas não iniciadas: linguagem esotérica. EXOTÉRICO  adj. Diz-se das doutrinas filosóficas e religiosas ensinadas publicamente (por opos. às doutrinas esotéricas). Como exemplo, pode-se dizer que a maçonaria está deixando de ser tão esotérica para se tornar mais exotérica.

Espaço de tempo Espaço de tempo  é uma expressão freqüentemente usada para designar um período ou intervalo de tempo. Período de tempo é uma construção pleonásti-ca que deve ser evitada, pois já se refere a tempo. Espaço de tempo está certo. 

Espinha ou espinho de peixe?  Espinho é encontrado em vegetais. As laranjeiras possuem espinhos, já o peixe, espinha, de espinha dorsal. Exemplo: Margarida não gosta de peixes que têm muita espinha.

Estada e estadiaEstada: refere-se à permanência de pessoas em algum lugar. Exemplos: 1) A sua estada na fazenda foi longa. 2) Repensou sua vida durante a estada no hotel. Estadia: refere-se a um objeto estacionado em lugar próprio ( navio no porto, avião no hangar, carro no estacionamento). Exemplo: Qual é o preço da estadia de meu carro aqui, moço!Observaçao: há dicionaristas e gramáticos que não valorizam tanto a diferença semântica entre essas duas palavras.

EstadoO Formulário Ortográfico prescreve inicial maiúscula para "nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou nacionalistas", e dá como exemplos Igreja, Nação, Estado, Pátria, Raça, mas observa, em nota, que esses nomes se escrevem com minúscula quando são empregados em sentido

geral ou indeterminado. O dicionário Aurélio confirma que Estado deve ser escrito com inicial maiúscula quando significa "Nação politicamente organizada". Quando, porém, se trata de "divisão territorial de certos países", a palavra é registrada com minúscula: "O Brasil tem 26 estados e um distrito federal". O dicionário Houaiss segue a mesma prática e exemplifica com "o estado de Sergipe". O Manual de Redação do Estadão recomenda escrever "Estado do Paraná", por exemplo, com letra maiúscula. O manual da Folha de S. Paulo dá a mesma recomendação a seus jornalistas. Ambos contrariam o Formulário Ortográfico. Escrever Estado com maiúscula, mesmo para designar as unidades de uma federação, tem sido prática consagrada, seguida até pela Constituição brasileira.

Estado ou estado?  Escreve-se com letra maiúscula "Estado" como nação organizada. No sentido de província, como é empregada a palavra no Brasil, a letra é minúscula. Exemplo: Os municípios e estados brasileiros são mal administrados. O Manual do Estadão manda colocar maiúscula em ambos os casos..

Este, esse, aquele 1 As pessoas têm dificuldade em empregar tais pronomes demonstrativos. No circuito da comunicação, há o emissor (a pessoa que fala), o receptor (a pessoa com que se fala) e a mensagem (de que ou de quem se fala).  Assim: Perto da pessoa que fala: este, estes, esta, estas, isto. Perto da pessoa com que se fala: esse, esses, essa, essas, isso. Longe das duas pessoas: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo.  Exemplos: a)O carro que aqui está é o meu. Este carro é o meu. b) De quem é o pente que está em sua mão, Ziloca? De quem é esse pente, Ziloca?  c) De quem são as casas que vemos lá no alto? De quem são aquelas casas? d) Que é a coisa que você está segurando, Tânia? Que é isso, Tânia? e) De onde vieram as carteiras que estão lá no fundo da sala? De onde vieram aquelas carteiras?

Este, esse, aquele 2 Os demonstrativos extrapolam a questão espacial, eles também organizam o tempo no texto. Veja alguns exemplos: 1. Este, esta e isto: o tempo presente em relação à pessoa que fala. Exemplo: “Este século está terminando”. Quer dizer o século em que vivemos, o XX. Se fosse dito por um escritor do século passado, então ele estaria se refe-rindo ao XIX. 

2. Esse, essa e isso: o tempo passado ou futuro próximo com relação à época em que se coloca a pessoa que fala. Exemplo: “Esses anos de chumbo prejudicaram a democracia”. Anos de chumbo se referem ao militarismo que dominou o Brasil, portanto eles constituem um passado recente. 3. Aquele, aquela, aquilo: um afastamento no tempo de modo vago, ou de uma época remota. Exemplos: “Por que acordou naquela hora morta?”/ “Na-quele tempo, a coisa era diferente”. 

Este, esse, aquele 3 Os pronomes demonstrativos também podem estabelecer relações entre as partes do discurso, ou seja, podem relacionar aquilo que já foi dito numa frase ou texto com o que ainda se vai dizer. Observe: “Meu argumento é este: crescimento econômico só faz sentido quando produz bem-estar social.” “O crescimento econômico faz sentido quando produz bem-estar social. Essa é a posição que defendo.”  Este (estes, esta, estas, isto) se refere ao que ainda vai ser dito na frase ou texto; esse (esses, essa, essas, isso) se refere ao que já foi dito na frase ou texto.  Também se pode utilizar a oposição entre os pronomes de primeira pessoa e os de terceira pessoa na retomada de elemento anteriormente citados: “Crianças e idosos enfrentam problemas semelhantes na sociedade brasileira: estes (os idosos) são desprezados por um sistema previdenciário ineficiente e corrupto; aquelas (= as crianças) são massacradas por uma distribuição de renda que impede os pais de criá-las dignamente.” Em determinadas situações, há outras palavras que podem atuar como pronomes de-monstrativos, desempenhando importantes papéis no inter-relacionamento das partes constituintes das frases e textos: o, os, a, as, tal, tais, mesmo, mesmos, mesma, mesmas, próprio, próprios, própria, próprias (Ulisses Infante, in Curso de Gramática Aplicado aos Textos). 

Estender e extensão "Estende"r se escreve com "s" e que “extensão” se escreve com "x", embora ambas as palavras tenham a mesma origem, ou seja, o mesmo radical latino, que é com "x": “extendere” e “extensione”.

Trata-se de uma explicação histórica, segundo o professor Odilon Soares Leme, da Rádio Jovem Pan.

“Estender” entrou para o léxico português no século 13, vindo do latim vulgar. Ora, naquela época, já no latim vulgar, o “x” tinha-se tornado “s” antes de consoante. Então, estender já entrou com "s" e foi mantido assim, mesmo em palavras derivadas desse verbo como estendível, estendedor,estendedouro, estendal.

Já o substantivo “extensão” entrou para o léxico português bem mais tarde, e só aparece em dicionário no século l8, tendo ido buscar a forma do latim

clássico, “extensione”, da qual manteve o "x", que foi mantido também em extenso, extensivo, extensível, extensibilidade...

Estorno bancário Na fila do banco, o Miguel me mostrou indignado um carimbo numa guia de recolhimento: “Proibido fazer extorno bancário”. Retificação de um lançamento se escreve com “s”, do italiano “storno”. Como há “exterior”, “externo”, as pessoas se contaminam e escrevem a palavra com “x”. O carimbo está errado, pois o certo é “estorno bancário”.

Estrelados ou estalados? Quando nos referimos ao ato de frigir ovos, sem os mexer, o verbo a ser empregado é estrelar. Deixá-los em forma de estrela. Diga-se, portanto, “ovos estrelados”. Estrelar> significa também “encher de estrelas” e “trabalhar (em filme) como estrela ou astro”.

Et cetera – etc. Não se põe “e” antes de etc. Como o Pequeno Vocabulário da Língua na sua redação usou vírgula antes de “etc.”, os gramáticos passaram a recomendar o seu uso. Assim: Comprou camisas, calças, cuecas, etc. Não se admite o “e” porque a expressão latina já a contém “et cetera”. No final de período, não se duplica o ponto, assim: Comprou, camisas, cal-ças, cuecas, etc.. (está errado, pôr apenas um ponto). 

Eventual, provável, possível e potencial Essas quatro palavras não são sinônimas, não têm sentidos semelhantes. Veja como, às vezes, são empregadas erroneamente: 1) Palmeiras é o eventual campeão brasileiro de 2000. Errado. O adjetivo certo: Palmeiras é o provável campeão brasileiro de 2000. Por quê? Eventual significa esporádico, ocasional, o que acontece de vez em quando, como na frase: Aquele professor é substituto eventual. 2) Uma eventual derrota deixará o São Paulo em situação complicada. Errado. O adjetivo correto: Uma possível derrota deixará o São Paulo em situação complicada. 3) Até outro dia, Itamar era o eventual candidato do PMDB à presidência da República. Errado. O adjetivo certo: Até outro dia, Itamar era o provável.candidato do PMDB à presidência da República.  4) Possível e provável também possuem seus empregos trocados. Possível significa que pode acontecer, há possibilidade. Provávelé o que deve acontecer. Exemplo: É possível que não haja segundo turno nas eleições presidenciais, mas é pouco provável. 5) Margarida é uma eventual candidata à vaga de fiscal. Errado. O adjetivo certo: Margarida é uma potencial candidata à vaga de fiscal. Potencialsignifica

que pode vir a ser, tem capacidade para isso. Se fosse eventual seria uma candidata esporádica. 

Existe a palavra entorno?Existe a locução prepositiva “em torno de”, que significa "à volta de", "em redor de", ou "aproximadamente". Mas trata-se de três palavras, escritas separadamente. Exemplos: Os fãs se acotovelavam em torno do craque. Ganhei em torno de R$ 3.000,00.Existe também o substantivo “entorno”, que significa "adjacência, circunvizinhança".

Expectador e espectador Espectador (com s) é aquele que assiste a um espetáculo. No carnaval, muita gente é apenas espectadora, ou seja, passa a festa vendo tevê, não participa.  Expectador (com x) é aquele que está na expectativa de alguma coisa, espe-rançoso. O folião, por exemplo, passa o ano como expectador do carnaval, esperando a festa chegar. Cuidado com as palavras “esplêndido”, “espontâneo” e “estranho”, “esgotar”. Elas são escritas apenas com “s”.

Expô ou Expo? Brevemente teremos a realização da Exposição Agropecuária de Araçatuba. Jornais já divulgam notícias do evento. Por que o acento é necessário? A língua portuguesa (escrita) pede que se acentuem sempre as palavras oxítonas terminadas em "o", como: camelô, bangalô, vovó, compôs. "Expô" não é uma abreviatura? Ela não é uma abreviatura no sentido tradicional, é uma palavra derivada por abreviação, como são "moto" de motocicleta, "metrô" de metropolitano, "táxi" de taxímetro, "pornô" de pornografia. A palavra "moto" não é acentuada porque a regra das paroxítonas proíbe o acento gráfico, mas "metrô", "táxi" e "pornô" estão dentro da regra das oxítonas. O que é palavra derivada por abreviação? As palavras derivadas no português geralmente aumentam o tamanho: livro/livreiro, pedra/pedregulho, jornal/jornalista. As derivadas por abreviação diminuem o tamanho: exposição/expô, pornografia/pornô. Expô  é a forma correta.

Face Estamos em dúvida. Qual é o correto: “...propor a presente ação em face de fulano de tal ou face a fulano de tal? Jonas.

RESPOSTA: use “em face de” ou “ante” no lugar de “face a”, locução inexistente em português: “... propor a presente ação em face de fulano de tal...". Outro exemplo: "Em face da (ou ante a) confusão reinante no presídio, a direção cancelou as visitas”.

Falar e dizerFalar não equivale a dizer, afirmar, declarar. Mas a dizer palavras, expressar-se por meio de palavras.Exemplo: Ele fala várias línguas./ Falou com o prefeito. Não falará no assunto./ O apelo da criança fala ao coração. Já dizer é verbo declarativo. Equivale a declarar, afirmar. Exemplos: O governo disse que aumentará o salário mínimo. Ninguém diz toda a verdade. "São Pedro disse: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença." Na dúvida, substitua o falar pelo dizer. Exemplos: Ministro fala (diz) na TV que o dólar vai baixar. O professor falou (disse) que vai haver aula. Quem falou (disse) isso? O falar não combina com a conjunção "que". Os dois são inimigos inconciliáveis. Na presença do "falar que", não duvide, substitua por "dizer que" (professora Dad Squarisi).

FALSO E DISFARÇO “Falso”, falsificação, falsificado, falsificador são com “s”, pois pertencem à mesma família de falsidade, que significa fingimento. “Disfarço” já é do verbo disfarçar, que se origina de disfarce (também tem o sentido de fingi-mento).

Fazer com que, fazer que  No sentido de fingir, só se pode usar fazer que. Exemplos: Fez que não ouviu a advertência. / Fez que não viu o amigo. Como esforçar-se ou empenhar-se por, causar, obrigar a, existem as duas formas, fazer com que e fazer que.  O Manual do Estadão prefere fazer que. Exemplos: Fez que lhe autorizassem a saída. / O trabalho do advogado fez que o réu fosse absolvido. / Seu empenho faz que lhe reconheçam a capacidade. 

Fazer erro, fazer falta.

Em bom português, fazer não substitui cometer ou praticar. Use, pois: cometer erros, praticar faltas, cometer equívocos, distrações, enganos.  Fazer mais infinitivo: não flexione o infinitivo. Exemplos: Pressão sindical faz políticos recuar (e não recuarem). / O jogo fez os pais se atrasar. Veja o uso do infinitivo.

Fazer mortes: para mortes, use causar e provocar, nunca “fazer”. Exemplos: Avião cai e causa 15 mortes (e não "faz" 15 mortes ou mortos). / Dia violento provoca dez mortes no Rio (e não "faz" dez mortos). Da mesma forma não empregue fazer para feridos: Temporal "faz" dez feridos.

Ficar em pé / ficar de pé As duas expressões são corretas. 

Fim de ano ou fim-de-ano? Sem hífen, pois não há formação de um terceiro sentido, como em “pé-de-moleque”. Assim também: fim de semana, fim de século, fim de milênio, fim de tarde.

Fim-de-semana ou fim de semana?Fim de semana - é o final da semana, bom ou ruim.Exemplo: Há muito tempo não vou visitar minha mãe em fins de semana.Fim-de-semana - lazer, mordomias, descanso.Exemplo: Há muito tempo não tenho fim-de-semana.

Fim ou finalSegundo Eduardo Martins, Manual de Redação do Estadão, fim é a palavra correta para indicar o término ou a conclusão de alguma coisa: fim de semana, fim do ano.Final - deve ser empregada em duas condiçõpes:a) Para definir a parte final de alguma coisa ou uma decisão de campeonato. Exemplo: A final foi emocionante.b) Como adjetivo: Esta é a palavra final sobre o caso.

Fitas piratas ou fitas pirata A manchete de jornal apresentava um pequeno erro de concordância: DIG desmonta laboratório de fitas piratas. O problema é que o Manual do Estadão diz assim: "Como adjetivo permanece invariável: liquidação monstro, comícios monstro". Até aí eu estava com a razão, e a redação desta Folha, errada. Mas o verbete pirata afirma:  "Use como adjetivo quando vier depois do substantivo: edição pirata, fitas piratas, emissora pirata". Neste ponto, há incoerência do Manual do Estadão. O certo é fitas pirata. Pirada é um substantivo na função de adjetivo, portanto a regra manda que ele fique invariável. É correto os jornais serem vanguardistas na incorporação de neologismos e concordâncias mais populares, assim obrigam os gramáticos a reverem suas

posições, mas recomendar as concordâncias "comícios monstro" e "fitas piratas" é incoerência mesmo, para não dizer cochilo. 

Forma/fôrma Fizemos na seção “Teste da Semana” da edição de terça-feira passada a seguinte pergunta: O bolo está na fôrma. / O pão ganha forma. Fôrma, no sentido de vasilha, modelo, tem acento circunflexo para se diferenciar de “forma”?  RESPOSTA: De acordo com a reforma ortográfica de 1971, quando caíram os acentos diferenciais, “forma(ó)” ou “forma(ô)” não haveria acento algum. Mas o dicionário Aurélio, seguido pelo Michaelis, se rebelou e registra a “forma” e “fôrma” com a seguinte explicação: “Verbete: fôrma,  s. f., e pl. formas.  Parece-nos inaceitável (não só nesta palavra, mas, talvez, sobretudo nela) a abolição do acento diferencial, de-corrente da Lei no. 5 765, de 18/12/1971, que estabelece alterações no sis-tema ortográfico de 1943. Considerem-se estes versos de Manuel Bandeira: "Vai por cinqüenta anos / Que lhes dei a norma: / Reduzi sem danos / A fôrmas a forma." (Estrela da Vida Inteira, p. 51.) Seria inteiramente impos-sível perceber o sentido da estrofe se não fora o acento diferencial. O mes-mo se dirá disto de Martins Fontes: "Pela penugem, primeiro, / E, depois, segundo a norma, / Pelo gosto, pelo cheiro, / Pela fôrma, ou pela forma, / Certas frutas européias, / Como o pêssego - oh! prazer! - / Por vezes nos dão idéias / Que me acanho de dizer." (Sol das Almas, p. 40.)  Você, caro leitor, deve escolher: seguir a recomendação oficial ou aderir à rebeldia do Aurélio. 

Foro - pronúnciaTenho uma dúvida quanto à pronúncia da palavra foro. Pesquisando em alguns dicionários foro (ô) [de foro com mudança de timbre] - dicionário Aurélio. A minha dúvida: as duas palavras têm a mesma origem (latim foru), mas pronúncias diferentes, e ainda não fui convencida desta diferença (Adriana Fabíola Martins Sousa Jesus). RESPOSTA: O dicionário de pronúncia do prof. Sacconi afirma foro com uma só pronúncia: primeiro "o" fechado, permanecendo assim também no plural. Já os dicionários de dificuldades do Cegalla, do Napoleão Mendes de Almeida edo Cândido Jucá (filho) diferenciam fôro de fóro (acento: usado apenas pra indicar pronúncia), com mudança de sentido, como faz o Aurélio. Cabe à internauta você tomar uma posição diante do assunto. Quando questionada, explicar o porquê de sua atitude.

Franca Aproveito a oportunidade para divulgar a mensagem recebida do internauta Aldo Bachi:“Estive na cidade de Franca (ou seria da Franca) e reparei que por lá tudo é da

Franca e não de Franca:- Rua Voluntários da Franca- Clube de Campo da Franca- Diário da Franca Eis a dúvida, por que lá tudo é ‘da Franca’ e não ‘de Franca’".RESPOSTA: o uso do artigo em Franca tem razões históricas, é uma tradição, tanto que os nomes antigos de jornais e logradouros o mantêm. O nome do lugar era a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo, simplificada para Franca, em homenagem ao Governador da Capitania, Antônio José da Franca e Horta.Atualmente, essa tradição está se rompendo.

Fronteira, divisa e limite Qual a diferença semântica entre estas três palavras? Muita gente faz confusão com elas. Exemplo: Sacoleiros foram presos na divisa com o Paraguai. Errado, entre países se usa fronteira. Assim, fica correto: Sacoleiros foram presos na fronteira com o Paraguai. Usam-se divisa entre estados e limite entre municípios. Exemplos: O carro sumiu na divisa de Minas Gerais com a Bahia. Araçatuba faz limite com Birigüi.

Fulano, beltrano, sicrano Há à disposição palavras para quando se quer fazer uma referência vaga ou genérica a alguém, ou falar de uma pessoa cujo nome se desconhece. Este recurso existe em todas as línguas.

No Português, as três mais usadas para essa designação incerta são os habituais fulano, beltrano e sicrano.

1. Fulano vem do árabe fulân ("tal"). Pela evolução do Português, fulano deu fuão, mas a preferência se fixou na forma primitiva, talvez por influência castelhana.

2. Beltrano, diz Luft, veio do nome próprio Beltrão (espanhol: Beltrán; francês: Bertrand), nome extremamente popular na Península Ibérica pelas novelas de cavalaria. A terminação em -ano veio por analogia com fulano.

3. Sicrano, forma de origem misteriosa. Por indicar que o nome verdadeiro não é digno de ser guardado ou mencionado, todas essas denominações carregam um toque depreciativo. Pejorativas são as variantes da linguagem coloquial, como: fulano-dos-anzóis, joão ninguém, zé ninguém, zé dos anzóis. 

Furtar Notícia de jornal tinha como título: "Ladrões furtam em casa de comerciante". Uma internauta me pediu que eu analisasse o emprego de tal verbo nesta

coluna, pois achara esquisita a maneira como o verbo foi usado.  Luiz Antonio Sacconi diz que furtar é tomar ou reter os bens de outros sem que ele o saiba. Roubar é tomá-los à vista da vítima ou, então, com violência. Na notícia, o ladrão arrombou a porta da frente da casa, mas a vítima não estava na casa, portanto, o emprego não foi tão impróprio. Errado seria escrever "Ladrões furtam casa de comerciante". Nesse caso, daria o sentido de que o ladrão roubara a casa toda, com telhado e paredes. Quem redigiu o título, empregou o verbo "furtar" intransitivamente. Aí está a dúvida da internauta, com essa regência aparecem exemplos nos dicionários: Furtar no peso, Furtar no jogo, Ele tinha a mania de furtar. Ficaria melhor se o título da notícia fosse: "Ladrões arrombam casa de comerciante". 

Futuro como imperativo Alguns dos dez mandamentos usam o verbo no futuro do presente para dar uma ordem. Não seria mais correto usar o imperativo, já que manda (mandamentos)? Veja: "Amarás a Deus sobre todas as coisas/ Não tomarás seu santo nome em vão/ Guardarás os domingos e feriados/ Honrarás pai e mãe  Não matarás/ Não pecarás contra a castidade/ Não furtarás ...." Resposta: "Não furtarás", ao pé da letra, significa que é proibido furtar no futuro, apenas no futuro, o que abre a possibilidade de se entender que o ato é perfeitamente aceitável no presente. Mas, na verdade, "não furtarás", que é futuro, tem o valor de imperativo e, como tal, indica que é proibido furtar em qualquer tempo. Ao analisar um tempo verbal não se esqueça de considerar que ele pode indicar seu valor específico ou um valor paralelo (aspecto verbal), ou seja, um valor decorrente de seu uso no idioma. (Prof. Pasquale)

Garagem ou garage?  Devemos usar garagem e não "garage", que é uma palavra francesa que foi aportuguesada para garagem.

Grafia das palavras  Há palavras que são faladas normalmente, mas na hora de serem escritas, sempre trazem dúvidas. A única alternativa é memorizá-las. Exemplos: Por cima  - Por cima de sua vestimenta, o o aluno usava uma jaqueta. Devagar - Bem devagar o povo começou a se retirar. Depressa - Faça sua tarefa depressa, para podermos ir ao dentista. De repente - De repente uma bola atingiu a vidraça e a quebrou. Por isso - O diretor descobriu a verdade, por isso ficou irritado.

Grama - feminino ou masculino

A palavra grama com o sentido de erva miúda e rasteira que cobre o solo, é de origem latina e é do gênero feminino. Grama com o significado de unidade de massa correspondente a um milésimo do quilograma, é de origem grega e tem o gênero masculino. Assim, as pessoas que querem falar bem devem dizer “mil e duzentos gramas”, ou (já que quilo é uma forma reduzida de quilograma) “um quilo e duzentos gramas”.

Gratuito  O certo, na pronúncia padrão, é gra-tui-to. Não se deve destacar o I do U ao se pronunciar a palavra.

Grave – acento 1) “Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu à ela, uma por uma, cada coisa de sua cesta.” Onde está o erro? Resposta:  o erro está em “à ela” com acento grave. Antes de pronome, a letra “a” é apenas preposição, nela não há artigo. Apenas substantivos ad-mitem artigo. Se o pronome estivesse no masculino “a ele”, não aconteceria “ao ele”, portanto em “a ela” não há dois ás.  2) A previsão é de arrecadação igual ou superior a deste ano.” (Frase de jornal.) Resposta: faltou acento grave em “a deste ano”, pois o substantivo femini-no “arrecadação” foi omitido: (A previsão é de arrecadação igual ou supe-rior à arrecadação deste ano.) Substituamos “arrecadação” por “lucro”: A previsão é de lucro igual ou superior ao (lucro) deste ano. Se ocorrer “ao” em palavra masculino, o acento grave é obrigatório no feminino “à”.

Gol – pluralO plural gols é um barbarismo consagrado pelo uso, pois usa desinência do plural como se gol fosse uma palavra estrangeira, quando, na verdade, em inglês é goal . As formas mais dentro de nosso sistema seriam goles (ô) e gois.

Haja e aja  "Haja" é 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo (e modo imperativo) do verbo haver. Exemplo: É preciso que não haja descuido. "Aja" é 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo (e modo imperativo) do verbo agir.  Exemplo: Aja com cuidado, Toninho!

Haja vista/ haja visto É comum se ouvir: "Haja visto os problemas da própria Febem. Onde está a concordância? Entre visto, palavra masculina, e os problemas, também masculina." Haja vista é uma expressão cristalizada e é o mesmo de haja visão, por isso a expressão é invariável, não se modifica. O certo é dizer ou escrever: "Haja vista os problemas da própria Febem." Ou então: "Hajam vista os problemas da própria Febem". "Haja visto" nunca.

HanseníaseHanseníase é uma doença crônica causada pelo bacilo de Hansen, conhecida popularmente como lepra. Sou de Guararapes-SP, estudo português para concursos , tenho uma dúvida.De acordo com os professores Luiz Fernando Mazzarotto, José de Nicola e Ernani Terra , o H é uma letra especial: ela não representa fonema algum (daí ser chamada de " letra muda"). Mantém-se nalgumas palavras de nossa língua em decorrência da etimologia ou da tradição escrita . Mas, no caso de Hanseníase , verificamos que esse H tem som de R, não sei se esta palavra vem do inglês, pois no inglês o H tem som de R (house, horse...) O que responder num concurso na hora de contar os fonemas? Fábio Moreira.}RESPOSTA: A palavra hanseníase deve ser pronunciada com o h mudo (como em haras, haste, harpa). Pronuncia-se o nome Hansen (do médico e botânico norueguês Armauer Gerhard Hansen) com o h aspirado. Pronunciar a palavra "hanseníase" como no inglês é cometer um erro de prosódia portuguesa.

Happy hourAndei vendo em barezinhos a concordância "a happy haour", mas sempre ouvi "o happy hour". Qual é o certo? Marcela Bragotto RESPOSTA: o inglês trata as coisas como gênero neutro. Bem diferente do Português que determina gênero de seres inanimados, portanto os dicionários de inglês não são bons orientadores. O Michaelis (Português) trata "Happy hour" como substantivo masculino, concordando com horário. Já os dicionários Aurélio e Houaiss se omitem quanto ao gênero. É melhor seguir o Michaelis, pois o masculino está mais consagrado.

Emprego do verbo haver Clicar aqui

Hexa ou ser campeão pela sexta vezO Brasil foi de fato campeão em 1958, bicampeão em 1962, porque foram duas conquistas seguidas. Há quem argumente que para ser hexacampeão, faz-se necessário uma série de seis conquistas ininterruptas, sem pular uma vez, ou seja, um quatriênio, assim, o selecionado brasileiro de futebol chegou apenas ao bicampeonato. Com esse critério, se a seleção brasileira conseguir novo título neste ano, será campeã pela sexta vez.

Embora tal explicação tenha fundamento, a tradição consagrou que a série de conquistas pode ser pulada, como aconteceu com o título de pentacampeão do Brasil: 1958, 1962 (bicampeão), 1970 (tricampeão), 1994 (tetracampeão), 2002 (pentacampeão). E se conseguir novo título no certame organizado pela Fifa, será hexacampeão.A população e a mídia abreviaram tais títulos (formação de palavras por redução), usando apenas os prefixos: bi, tri, tetra e hexa, como : "Ruma ao hexa". Bi e tri são prefixos latinos, tetra, penta e hexa são radicais gregos.

Hífen - emprego Alguns chamam-no traço de união, mas como ele serve também para separar sílabas, abandonaram tal perífrase. Na verdade, o seu emprego não tem uma forma sistemática, não há regras para tudo, isso deixa os usuários do português escrito à deriva. Em palavras compostas deve ser usado quando as duas palavras formarem um terceiro sentido. Exemplo: pé-de-cabra, pé e cabra se uniram para dar nome a uma ferramenta.  No caso dos prefixos, há regras mais definidas, embora exista muita incoerência. Exemplos: co-interessado/coirmão, auto-sugestão/hipossecreção, super-homem/desumano/lobisomem. Adriano da Gama Kury conta em seu livro "Para Falar e Escrever Melhor o Português" que ao ser publicado em 1943 o Pequeno Vocabulário da Academia Brasileira de Letras, o velho mestre do Colégio Pedro II, José Oiticica, justamente indignado com a falta de critério das regras sobre o hífen, desafiou o relator das Instruções e executor do Vocabulário a submeter-se a um ditado, o que, evidentemente, não foi aceito.

Hífen - com não Revisor de editora de São Paulo fez a seguinte pergunta por e-mail:

"Esse governo tem dado mais importância e atenção às organizações não governamentais./ As instituições não acadêmicas entraram no mercado..."

"Não governamentais" e "não acadêmicas" têm hífen?

Respondi-lhe assim: só há hífen depois do NÃO se a palavra seguinte for SUBSTANTIVO. Exemplo: "...a não-restituição causará transtornos..."

"Não acadêmicas" e "não governamentais", as duas palavras, colocadas depois do NÃO, são adjetivos, portanto, sem hífen.

História e estória Quando uso “História”, “história” e “estória”? Luiz Antonio Saconni admite a separação entre história (narrativa de fatos reais) e estória (narrativa de ficção). O Manual do Estadão aconselha a seus repórteres a usar apenas “história” para ambos os casos. Para não complicar e

nem cometer anglicismo (importação do inglês), considero melhor a última recomendação: “história” tanto para fatos reais como para narrativas inventadas. História com “h” maiúsculo se trata de ciência, estudo. Exemplo: História do Brasil. 

Holerite Qual a origem da palavra holerite? Veja o que diz o Aurélio. Do inglês Hollerith, de Herman Hollerith (1860-1929), inventor norte-americano, criador de um equipamento eletromecânico para contagens e tabulações estatísticas, que funcionava com cartões perfurados.

Homógrafas - palavras Mesma grafia mas com significações diferentes. A relação do lado mostra palavras escritas de forma idêntica, mas possuem a sílaba tônica  em posição diferente (proparoxíto-nas e paroxítonas): crédito  (substantivo)- credito (verbo) crítica (substantivo) - critica (verbo) cópia (substantivo) - copia (verbo) filósofo (substantivo) - filosofo  (verbo)

Homônimas e parônimas - relação de palavras Clicar aqui

Hora H e dia D  O D de Dia-D é a abreviatura do vocábulo dia, tradução do codinome D-Day, usada pelo exército britânico desde a Primeira Guerra, hoje incorporada à linguagem militar da maioria dos países.

Serve para designar o dia exato em que uma determinada operação militar deverá ser iniciada. Apesar de pleonástica, a expressão foi incorporada à linguagem militar da maioria dos países por sua inegável utilidade: ela cria um ponto de referência no tempo, o que assegura o sigilo e permite que se troque a data real sem que seja necessário alterar toda a logística planejada. Fala-se o dia sem precisar a data.

Já houve centenas de dias D, mas a expressão evoca em especial o dia da invasão da França pelas forças aliadas, em 6 de junho de 1944.

Em qualquer dia D, a hora exata em que a operação vai ser desencadeada é chamada, coerentemente, de hora H (em Inglês, H-Hour).

Para nossa sorte, dia e hora iniciam, no português, pelas mesmas letras que day e hour no inglês, o que deixa as expressões ainda reconhecíveis, embora se troquem de posição os elementos, obedecendo à diferente ordem sintática do Português e do Inglês.

A linguagem usual já incorporou a expressão hora H com o significado de "momento exato, decisivo", inclusive com seus desdobramentos eróticos, como

se vê nas revistas do gênero: "O que você diz a seu parceiro na hora H?"; "O medo do fracasso na hora H pode levar à impotência", etc.

Quanto à presença de hífen e letra maiúscula, o dicionário Aurélio apresenta dia D e hora H. É melhor segui-lo, já que ele é uma espécie de manual de língua portuguesa do brasileiro.

Horas e dias da semana – paralelismoEscreva assim:De segunda a sexta-feiraDe terça a quinta-feiraouDa segunda à sexta-feiraDa terça à quinta-feiraNão escreva assim:De segunda à sexta-feiraDe terça à quinta-feiraEscreva assim:De 9h a 11hDe 8h30min a 11h30minouDas 9h às 11hDas 8h30min às 11h30minNão escreva assim::De 9h à 11hDe 8h30min à 11h30min9h às 11h8h30min às 11h30minProf. Me. Gilberto Scarton (FALE/GWEB)Profa. Dr. Marisa Magnus Smith (FALE/SEVES)

Horas - como abreviar? A melhor abreviatura de horas é simplesmente "h", sem ponto e sem registrar o "s" para indicar o plural: 15h, 19h, 10h15min. (ou 10h15). Os ingleses usam os dois pontos: 10:00, 15:00, 10:15. Como não somos ingleses... É bom lembrar que o sistema ortográfico brasileiro não admite o registro do plural (a letra "s") em nenhuma abreviatura, embora o uso seja corrente.

Houve/ouve  "Ouve" é do verbo "ouvir". Pode ser a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo (ele ouve) ou a 2ª pessoa do singuar do imperativo afirmativo (ouve tu). Exemplos: 3ª pessoa, presente do indicativo: Ele ouve bem. 2ª pessoa, imperativo afirmativo: Ouve o que eu digo. "Houve" é do verbo haver. É a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo. Tem o sentido de aconteceu, ocorreu. Exemplos: Houve uma festa ontem. O que houve com você?

Hum mil reais ou mil reais?  Melhor será escrever sempre mil reais (mesmo em cheques). Os bancários

defendem a inclusão de "hum" para evitar  fraudes. A adoção de dois traços (=) antes do extenso é uma boa prática. Assim se evita a fraude e não agride a ortografia. 

Ídolo tem feminino? Na linguagem popular, ouve-se a frase: "Fulana é minha ídala". Nem é "ídola". Quando se trata de escrever ou falar corretamente, de modo formal, não existe feminino de ídolo. Existem substantivos classificados como sobrecomuns. Isso significa que esses substantivos mantêm o seu gênero (masculino ou feminino), independentemente do sexo da pessoa a que se referem. E ídolo é um desses substantivos, ao lado de criatura, membro, testemunha, cônjuge. Por essa razão se diz que "João é uma criatura maravilhosa", ou seja, criatura continua sendo palavra feminina, apesar de se referir a João. "Maria é o cônjuge de João", porque cônjuge é palavra masculina, apesar de estar sendo aplicada a Maria. Pela mesma razão se diz que "João é uma testemunha-chave". Como ídolo é um substantivo sobrecomum, só se pode dizer "você é meu ídolo", mesmo que estejamos nos dirigindo a uma mulher. (Explicação do professor Odilon Soares Leme)

Incidente ou Acidente? Apelamos ao Eduardo Martins, consultor de língua portuguesa do Estadão.  Acidente é um acontecimento infeliz, desastre. Exemplos: acidente de trânsito, acidente entre o ônibus e a carreta, acidente de trabalho.  Incidente equivale a circunstância casual, episódio, atrito. Exemplos: Houve um incidente entre os dois deputados. O incidente fez que rompessem a amizade. 

Indulto. Saída temporária do preso é indulto? Os jornais trataram erroneamente a saída temporária do preso como “indulto de Natal. Os dicionários nada esclarecem a respeito, ou melhor, deixam o consulente mais confuso. Procurei um jurista, ele estabeleceu a diferença. Indulto de Natal é o perdão da pena, enquanto saída temporária poderá acontecer em várias épocas do ano: Páscoa, Dia dos Pais, Dia das Mães, morte de familiares, sem necessidade de decreto presidencial.

Infinitivo pessoal ou impessoal?  Exemplo de infinitivo pessoal: amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem. Exemplo de infinitivo impessoal: amar (como está no dicionário).  Também é esclarecedor afirmar que não foi invenção dos gramáticos, mas dos  usuários da língua, nós mesmos é que inventamos  tal expediente. Depois saímos por aí, dizendo injustamente que os gramáticos complicam o português.

Um leitor  ligou questionando um título de notícia. Ele queria saber se a concordância: “Presos suspeitos de ser donos de armas”  estava correta, pois ele achava que o infinitivo devia flexionar “de serem donos de armas”. Desenvolvendo o período, já que o jornalismo trabalha com frases curtas nos títulos, ela seria assim: Foram presos os indivíduos suspeitos de ser donos de armas. Veja o que diz o Manual de Redação do Estadão: “Não se flexiona o infinitivo com preposição (de ser = preposição mais verbo no infinitivo) que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou próprio verbo principal (suspeitos de ser = adjetivo + preposição + verbo no infinitivo). Exemplo: Eram

fáceis de resolver. Salvo melhor juízo, o título da notícia estava com concordância corretíssima. Conselho prático de um tradicional gramático paulista, Napoleão Mendes de Almeida, na dúvida, deixe o infinitivo intacto, sem flexão.

Infinitivo e o SE Veja exemplos de emprego errôneo do "se": "Como se evitar a decomposição do país." "... é muito importante se ter consciência disso." "... era preciso estender esse processo para se transmitir." "... a necessidade de se chamar a atenção." "...coisas interessantes para se ler." "...amontoados para se fazer uma fogueira..." Nos exemplos acima o "se" não tem função. Não é objeto direto, não é apassivador, não é conjunção, não é nada. É bom lembrar que o infinitivo preposicionado já tem valor passivo, por isso rejeita o "se". Osso duro de roer = Osso duro de ser roído.

Inobstante. Existe? Apesar de ser registrada a palavra inobstável, que qualifica algo a que não se pode obstar, não há registro de “inobstante”. O que existe é a locução não obstante, com o sentido de apesar de, contudo, apesar disso. Em “não obstante”, o elemento “não” não pode ser substituído pelo prefixo in-, uma vez que esse obstante não é um adjetivo qualificando um substantivo, mas parte de uma locução prepositiva ou conjuntiva consagrada pelo uso. Diz-se, por exemplo: “Não obstante a pouca idade, ele é extremamente responsável (Explicação do mestre Odilon Soares Leme).

Internet x internet Conforme explicações do professor Cláudio Moreno, as duas formas são usadas, mas a tendência vencedora dever a inicial minúscula. Há também a discussão em outros idiomas, mas o caminho parece ser o mesmo. Michael Quinion, autor do sítio World Wide Words, diz que, no início, nos anos 60, o termo era escrito em minúsculas. Na década de 80, no entanto, passou a ser grafado com a inicial maiúscula, como se fosse um nome próprio - até recentemente, quando a rede se consolidou, considerarem-na um substantivo comum. A internet está ao lado do telefone, do rádio e da televisão, e aquele "I" foi se tornando cada vez mais estranho. É mais ou menos o que aconteceu com produtos industriais que se tornaram nomes genéricos, como a gilete, o bandeide e o xérox. Segundo Quinion, a importantíssima revista Wired terminou de adotar, como norma, internet, net e web definitivamente em minúsculas, o que representa um sinal de qual será a forma sobrevivente. No Brasil, tanto o dicionário Houaiss quanto o Aurélio preferem internet.

Interveio/interviu? Ele interviu ou ele interveio? Qual forma do verbo intervir está correta? Resposta: O certo é “ele interveio”. O verbo “intervir” deriva-se do verbo “vir”. Exemplos: eu vim/ eu intervim, tu vieste/tu intervieste, ele veio/ele interveio, nós

viemos/nós interviemos, vós viestes/vós interviestes, eles vieram/eles inter-vieram.

Inúmeros  "Inúmeros" significa incontáveis. Há o uso errôneo desse adjetivo, como: "O elemento deu inúmeras facadas na amásia". É muito exagero. Neste caso, seria melhor usar "numerosas", "muitas", "diversas".

Ir a/ ir de  Ir a: ir a pé, ir a cavalo. Ir de: ir de trem, ir de ônibus, ir de avião, ir de barco, ir de carro. A expressão "de a pé" não é recomendável, está errada. Nunca use "Vim de a pé".

Ir para/ir a Usa-se a preposição “para”, quando se supõe que não haverá retorno. Exemplos: Ele morreu, foi para o céu. Ele vai para São Paulo fixar residência. Usa-se, entretanto, a preposição “a”, quando se supõe o retorno. Exemplos: Amanhã iremos ao cinema. Ele foi a São Paulo em gozo de férias. 

-izar, -isar, -eza, -ez, -esa, -ês:  sufixos  1. Quando um verbo derivar de um substantivo, sua terminação será sempre "z", a menos que o substantivo já tenha "s" no radical. Exemplos: Cicatriz - cicatrizar, civil - civilizar. Mas: aviso - avisar, bis - bisar. Exceções: hiponose - hipnotizar, batismo - batizar, síntese - sintetizar, catequese - catequizar. 2. Quando um substantivo for derivado de um adjetivo, seu final "ez-eza" será sempre escrito com "z".  Exemplos: pobre - pobreza, ácido - acidez, rico - riqueza, viúvo - viuvez, pequeno - pequenez. 3. A terminação "ês-esa" com "s" acontecerá sempre: a) Quando for de um adjetivo derivado de um substantivo, normalmente indicando ORIGEM. Exemplos: monte - montês, campo - camponês, Japão - japonês(esa), Pequim - pequinês(esa). b) Quando for a terminação de um título de nobreza (nobiliárquico). Exemplos: marquês - marquesa, duque - duquesa, príncipe - princesa. 

Jantar ou janta A palavra “janta” não existe na língua padrão. O substantivo feminino é uma forma popular. Na linguagem culta, devemos dizer “o jantar”. 

Judeu, judaico, hebreu, israelita e israelense Segundo o professor Odilon Soares Leme, da rádio Jovem Pan, com o nome "hebreu" designa-se os membros ou descendentes de um povo semita da Antiguidade, de religião monoteísta, que reivindica descendência dos patriarcas Abraão, Isac e Jacó, e cuja história é relatada nos livros do Antigo Testamento (a Bíblia dos judeus).

Com o termo "judeu" designa-se o indivíduo de um povo largamente disperso pelo mundo, que descende dos antigos hebreus e que partilha uma herança étnica e cultural baseada no judaísmo. Originalmente, o nome judeu designava os membros da tribo de Judá, e os habitantes da Judéia, região meridional da Palestina.

Como Jacó, um dos três patriarcas, tinha também o nome de Israel, os judeus são também chamados de israelitas.

É preciso, porém, tomar cuidado: quando se diz israelita, refere-se a alguém que pertence a um grupo étnico, religioso, cultural, centrado na religião judaica, independentemente de sua nacionalidade. Quando se diz israelense, é alguém que nasceu ou vive no Estado de Israel e que, é claro, não é necessariamente judeu.

Com o adjetivo judaico, qualifica-se o que é relativo ou pertencente aos judeus ou ao judaísmo. Falamos de tradições judaicas, de cultura judaica, de ritos judaicos.

O feminino de hebreu é hebréia. O feminino de judeu, como substantivo, é judia; como adjetivo, judaica (povo judeu, cultura judaica). O feminino do adjetivo judaico é judaica.

Junto a Essa locução expressa uma posição e significa "ao lado", "próximo", "perto". Exemplos: Construiu uma casa junto ao lago. Comprou um apartamento junto ao pai. Porém, ela tem se tornado um verdadeiro curinga, sendo usada para substituir diferentes preposições. Veja alguns exemplos apresentador  por um artigo do jornalista Eduardo Martins, publicado em O Estado de São Paulo, 7/5/92.  "Seu passe deverá ser comprado em definitivo do (e não junto ao) Brasil de Pelotas." "O prestígio do jornal entre os (e não junto aos) entrevistados era muito grande." "Ela caiu em desgraça com a (e não junto à) primeira-dama." "O empresário não conseguiu rolar sua dívida com o (e não junto ao) Banco do Brasil." "A advogada entrou com um recurso no (e não junto ao) tribunal." "O programa despertou rara unanimidade nos ou entre os (e não junto aos) espectadores." "O ministro aumentou seu prestígio com (e não junto ao) o presidente.

k, w e y

A escrita brasileira da língua portuguesa é regida ainda  pelo Acordo Ortográfico de 1943, assinado por  representantes brasileiros e portugueses e levemente  modificado em 1971. Por força desses dois acordos, a língua  portuguesa tem apenas as 23 letras das palavras tipicamente portuguesas, sendo consideradas especiais as letras k, w e y, que serviam e servem para a

escrita de palavras estrangeiras, primitivas (Kuwait) ou derivadas (kuwaitiano), siglas (TWA ou KLM) e símbolos internacionais (km ou kg).  Querendo obedecer a esses acordos, sugere-se que apresente o alfabeto deste modo: “O alfabeto da língua  portuguesa tem 23 letras comuns e 3 especiais, que  aparecem nesta ordem:  a b c d e f g h i j k l m n  o p q r s t u v w x y z. Um terceiro Acordo Ortográfico foi discutido e assinado em  1990 por representantes brasileiros e portugueses. Até agora não foi posto em prática. Ao tratar do alfabeto, esse Acordo diz textualmente em seu primeiro item: “O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula (...)”. Como esse Acordo já foi apreciado pelo Congresso Nacional, faltando-lhe somente o apoio do uso, nada impede que se apresente o alfabeto dessa maneira, claramente parecida com a sugestão anterior: “O alfabeto da língua portuguesa tem 26 letras comuns, ficando três delas para o emprego em palavras estrangeiras e siglas ou símbolos internacionais”. A disposição das letras é igual à apresentada antes (Excerto de resposta dada pelo professor Geraldo de Mattos na revista Nova Escola.)

Lava-a-jato? É assim mesmo?O amigo Beltrão da Silva Santos, de Araçatuba, quis saber como se escreve lava-jato (ou será lava jato, lava a jato)?RESPOSTA: segundo o dicionário Aulete, a forma correta é lava-a-jato.Se quiser instalar gratuitamente a edição digital desse dicionário seu computador, caro leitor, acesse: www.auletedigital.com.br

Lençóis Paulista? Um internauta me perguntou se no nome da cidade Lençóis Paulista não havia um erro de concordância. Já procurei em livros, indaguei colegas, e fiquei sem resposta. Na verdade, eu queria encontrar um respaldo à minha conclusão.  Lençóis é uma cidade da Bahia. Quando uma cidade do Estado de São Paulo tem o mesmo nome de uma outra de estado diferente, é costume acrescentar o adjetivo paulista. Daí o nome de Lençóis Paulista. Assim temos: Neves Paulista, Tupi Paulista. O mesmo não acontece em outros estados, que preferem acrescentar o adjetivo novo ou nova às cidades homônimas. Exemplos: Nova Andradina, Novo São Joaquim. Quanto à concordância em Lençóis Paulista, acredito existir uma silepse de número. O que é silepse? “Figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido e não segundo as regras da sintaxe” (Dicionário Aurélio).  Paulista, no caso de Lençóis e Neves, não concorda com os substantivos comuns lençóis e neves, pois nada tem a ver com eles, mas concorda com o substantivo subentendido cidade. Fazendo uma perífrase para entender o caso, ficaria assim: cidade paulista de Lençóis.  Se alguém tiver melhores explicações, me comunique.

Ler, dar, ver e crer  Apenas estes verbos dobram a vogal "e" na terceira pessoa do plural: ele lê/eles lêem, que ele dê/que eles dêem, ele vê/eles vêem/ ele crê/eles crêem.

Obviamente, essa mesma norma se aplica aos derivados destes verbos: ele relê/eles relêem, ele antevê/eles antevêem, ele descrê/eles descrêem, que ele desdê/que eles desdêem. Há verbos que apresentam "e" duplo em todas as pessoas de todos os tempos e modos. Devemos ter especial cuidado quanto aos seguintes: compreender, empreender, depreender, surpreender. 

Letras (plural) O plural das letras se faz de duas maneiras, indiferentemente: os 5 ss/ os 5 esses, os aa/os ás, pingo nos ii/pingo nos is. 

Letra maiúscula com acento As letras maiúsculas, se começarem um parágrafo, podem ou não ter acento?  Ao contrário do francês, em português, a manutenção dos acentos em letras maiúsculas é obrigatória, independentemente de começarem parágrafos ou não. Nomes como Álvaro continuam acentuados em qualquer lugar da frase. Da mesma forma ocorre com locuções como “À noite”, por exemplo, no começo de parágrafos – sem acento teria um sentido distinto. 

Madrasta - casais separadosQuando os pais se separam e a mãe/pai da criança ainda são vivos, os atuais esposo (a) do pai e da mãe são madrasta e padrasto mesmo? Não há outra palavra para esses novos companheiros do pai e mãe? Eliane Ferrari.RESPOSTA: madrasta é uma palavra de origem latina, significa “mulher do pai”, mas o Houaiss dá como sentido básico “mulher em relação aos filhos anteriores do homem com quem passa a constituir sociedade conjugal”.Padrasto (palavra de origem latina, ligada ao radical “pater”): homem em relação aos filhos anteriores da mulher com quem passa a constituir sociedade conjugal. Então, não há outra palavra, mais bonita. Os filhos costumam dizer “namorado da mãe”, “namorada do pai”, como eufemismo.

Magérrimo/macérrimo/magríssimo O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Michaelis, regista magérrimo como superlativo absoluto sintético de magro, embora considere este termo uma forma anormal, sendo a correta macérrimo. Ainda regista ma-gríssimo.  A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, só refere macérrimo e magríssimo. O Dicionário de Dificulda-des da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, diz no verbete macérrimo, o seguinte: "(...) A forma magérrimo é anormal. Prefira-se macérrimo (forma erudita) ou magríssimo (forma vulgar)." Já o Dicionário de Questões Vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, só registra, para superlativo sintético de magro, as formas magérrimo e magríssimo. 

Mais informações/ maiores informações O sentido da palavra maior está relacionado com tamanho, espaço, intensidade, duração, grandeza, número, importância, como: máximo, superior. O maior dos artistas; um maior período de tempo; o maior lápis.

"Para maiores informações..." está, na verdade, querendo dizer "Para outras (ou mais) informações...", porque não existe uma relação entre tamanho e informações. Use mais informações, fica melhor.

Maioria foi/ maioria foram O verbo deve concordar com o sujeito, não há outra alternativa.  Exemplo: A maioria foi embora. Mas há polêmica quando se determina a maioria. Exemplo: A maioria dos alunos foi embora. Há gramáticos que admitem a concordância com o determinante do coletivo: A maioria dos alunos foi (ou foram) embora. A multidão de torcedores fanáticos aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada. Dizem os contrários a essa concordância que o sujeito nunca pode começar por preposição (dos alunos/ de torcedores...). 

Mais melhorPor que a expressão "mais melhor" é condenada, enquanto "muito melhor" não é. Se "muito" e "mais" são advérbios de intensidade, por que um é admitido diante de adjetivo no grau superlativo e o outro não? (Login: prc) RESPOSTA: meu caro, a língua não tem lógica, porque quem a faz é o povo. O professor de oratória Reinaldo Polito tem um livro prefaciado por Pasquale Neto, cujo título é "Fale muito melhor". Pensando como sistema, realmente a forma mais correta seria "Fale melhor", pois melhor, no caso, significa "mais bem". A primeira incongruência do sistema é ter superlativo de um advérbio, e a segunda é usar duplamente a intensidade. "Fale muito melhor" significaria "Fale muito mais bem". Na dinâmica evolutiva da língua, "melhor" está perdendo o caráter de superlativo, por isso acontecem tais construções. Pensando como purista, a sua indignação tem fundamento; como lingüista, a construção é explicável.

Mais pequeno/ mais grande No Brasil, "mais grande" e "mais pequeno" como grau comparativo de superioridade de adjetivos podem ser usados desde que sejam qualidades comparadas no mesmo substantivo.

Exemplo: Joaquim é mais pequeno do que inteligente. Joana é mais grande do que bonita.

No linguajar coloquial, eles são muito usados em comparativos de superioridade entre seres diferentes.

Em Portugal, diz o site www.ciberduvidas.com que é usual "mais pequeno".

Maiúsculas - emprego de letras Há línguas que exageram no emprego da inicial maiúscula. O alemão, por exemplo, chega a iniciar todos os substantivos com letra maiúscula. No português as últimas normas são de 1943. Há usuários que economizam as maiúsculas e outros abusam de seu uso. Os grandes jornais possuem seus

manuais de redação como referência, que nem sempre acatam o sistema quando o assunto é a letra maiúscula.

Os pronomes de tratamento devem ser grafados com maiúscula, como: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Isto herdamos da tradição de tratar as autoridades com respeito e, às vezes, subserviência. 

Toda citação entre aspas deve iniciar com maiúscula, mesmo que ela não venha depois de dois pontos. Exemplo: Quando escreve que "O mistério é o encanto da vida.", Machado de Assis estava definindo o seu processo criador. Isso não acontece se a frase for reproduzida pela metade, como: "... é o encanto da vida." Nomes de meses não devem ter a inicial maiúscula. Exemplo: No mês de junho, as bombinhas começam a estourar nas escolas. Falar que os nomes próprios iniciam com letra maiúscula é dizer o óbvio, mas como o óbvio às vezes precisa ser dito, vamos lá. a) nomes de pessoas, incluindo alcunhas. Exemplos: O sonho de Alexandre, o Grande, era dominar o mundo. b) Nomes de entidades sagradas, religiosas, mitológicas. Exemplos: Deus, Alá, Jeová, Tupã, Júpiter, Espírito Santo, Nossa Senhora. É tradição religiosa usar maiúscula inicial nos pronomes referentes a Deus e a Maria.  Exemplos: A Ele rogamos e nEle confiamos. A Ti (ou a Vós, a Ela) recorremos. c) Nomes de lugares (países, cidades), regiões geográficas, topônimos (mares, rios, lagos, montanhas); linhas geográficas imaginárias; logradouros públicos.  Exemplos: O Ocidente e o Oriente devem lugar por uma coexistência pacífica. Rua Marechal Deodoro é a mais tradicional da cidade. Adriano da Gama Kury recomenda que os nomes comuns que acompanham os nomes próprios de acidentes geográficos escrevem-se com minúsculas: o canal do Panamá, a ilha da Madeira, o rio Amazonas. Não é o caso de logradouros públicos: Praça Rui Barbosa. d) Nomes de astros, em sentido amplo. Exemplos: O Sol, estrela de 5ª grandeze, pertence à galáxia da Via Láctea..." Quando usados fora do contexto astronômico, Sol e Lua se escrevem com minúsculas: banho de sol, namorar à luz da lua. e) Nomes de eras e períodos históricos, épocas e eventos notáveis. Exemplos: Idade Média, Renascimento, Proclamação da República. Adriano Gama Kury defende que neste item devem incluir-se os nomes de movimentos estéticos, filosóficos, políticos, doutrinários.  Exemplos: Classismo, Romantismo, Nazismo, Fascismo, Marxismo, Contra-Reforma. f) Títulos de livros, jornais, revistas e produções que tradicionalmente se escrevem em tipo diferente, o grifo. Exemplos: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Folha da Região, A Adoração dos Magos (quadro de Leonardo da Vinci). A Biblioteconomia, defendendo a uniformidade nas várias línguas, mas contrariando a ortografia oficial, recomenda que somente a primeira letra do nome da obra seja maiúscula. Exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas, Para falar e escrever melhor o português.

g) Nomes de instituições públicas e privadas, agremiações, partidos políticos e congêneres.  Exemplos: Ministério a Educação, Partido Popular Brasileiro, Editora Nova Fronteira, Academia Araçatubense de Letras, Diciose de Araçatuba. h) Altos conceitos religiosos, nacionais e políticos. Exemplos: a Igreja, a Pátria, a Nação, o Estado, a Democracia, o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, a República. Quando usados em sentido geral ou indeterminado, esses nomes se escrevem com inicial minúscula. Exemplos: Costa Rica, pequena república da América Central... i)Nomes de "artes, ciências ou disciplinas, bem como os que sentetizam em sentido elevado, as manifestações do engenho e do saber". Exemplos: Astronomia, Português, Educação Artística, Medicina, Letras.  Os nomes de idiomas devem ser escritos com inicial minúscula. Se "português" for o nome da disciplina do currículo escolar, a inicial deve ser maiúscula. j) Nomes de festas religiosas. Exemplos: Páscoa, Quaresma, Natal. l) Substantivos comuns personificados e seres morais e fictícios.  Exemplos: o Amor, a Capital, o Lobo e o Cordeiro, a Cidade. m) Nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos. Exemplos: Presidente da República, Governador, Prefeito, Papa, Ministro, Bispo. n) Nas expressões de tratamento e reverência, inclusive quando abreviadas, e nos títulos que as acompanham. Exemplos: Sr. Diretor, MM. Juiz de Direito, S. Exª o Ministro da Cultura. Um bom dicionário apresenta em sua introdução o Formulário Ortográfico. Qualquer dúvida, consulte-o. A consulta sistemática é uma boa forma de memorização.

Mau / MalMau é adjetivo, palavra variável, modifica substantivo. Tem feminino (má) e plural (maus, más).Mal é advérbio, palavra invariável, modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em caso de dúvida quanto ao emprego de uma ou outra palavra, substituí-la pelo seu antônimo. O antônimo de mau é bom; o de mal, bem: O garoto tem o mau hábito de escrever nos muros. Não percebe que, com isso, faz o mal à coletividade.

Mandar um abraçoTerminar uma mensagem na internet, mandando beijos é bem normal. Lógico, entre mulheres ou numa conversa heterossexual, porque homem mandar beijo para homem fica sob suspeita.Outro dia, recebi uma mensagem em que a pessoa, uma mulher nordestina, a terminava dizendo: “Um cheiro”. Expressão pouco usual pela região do Noroeste paulista.Ainda é muito usual entre o povo do Nordeste dizer “cheiro” em vez de beijo. O "cheiro" é uma aspiração delicada junto à epiderme da pessoa amada, crianças em maioria. As narinas sorvem o odor que parece ao enamorado perfume indizível.As mães humildes pedem sempre aos filhinhos o "cheiro" tradicional. “Dê cá um cheirinho pra mamãe!...” ou “Um cheiro, filhinho, para mamãe”.

Naturalmente, gente grande não desaprende a técnica e apenas muda a orientação e diz: “Eu ainda dou um cheiro no cangote daquela malvada...”Mudando de cheiro para abraço, o internauta José Willian, de Goiânia, Goiás, quis saber qual a expressão está certa: “mande um abraço para o João” ou “dê um abraço no João”.O verbo mandar também tem o sentido de fazer chegar uma mensagem, votos a; transmitir, enviar. O dicionário Houaiss dá o exemplo: Mande-lhe lembranças.Se é possível mandar lembranças, os usuários da língua já transferiram a regência também para "abraços". Como aconteceu com o verbo "namorar". Se é "casar com", o povão já começou, por analogia, a dizer e escrever "namorar com", quando a regência correta é "namorar o (a)".O correto é pedir que se dê um abraço, mas como a palavra "abraço" transcende o ato de envolver o outro nos braços, se tratando mais de carinho, apreço, o uso popular tem uma lógica.

Marmitex Um internauta escreveu perguntando o porquê de "marmitex", já que os dicionários só registram o verbete "marmita". O termo surgiu com a marmita descartável, cuja marca devia ser "Marmitex", como são "Pirex" e "Panex". Como usar a marca no lugar do produto é um processo de formação de palavras em nossa língua, passamos a usar o neologismo: gilete por lâmina de barbear, brama por cerveja, ramona por grampo, xérox por fotocópia.  Também há uma certa dose de "marketing" na nova nomenclatura. Segundo Célio Pinheiro, presidente da Academia Araçatubense de Letras, a palavra "marmita" está no domínio das classes populares. Quem usa marmita é bóia-fria. Mudar para "marmitex" foi um recurso usado para valorizar mais o produto, a classe média gosta de "glamour". 

Mas/ no entanto Os dois conectivos unem idéias contrárias, portanto usar as duas na mesma frase é redundância. Exemplo errado: Dona Maria saiu cedo, mas, no en-tanto, chegou atrasada.  Empregos corretos: Dona Mariana saiu cedo, mas chegou atrasada ou Dona Mariana saiu cedo, no entanto chegou atrasada. O mesmo acontece com “porém”. Não existe no entretanto.

Mas, más e mais  "Mas" é conjunção coordenativa, com sentido adversativo. Facilmente substituída por porém. Exemplo: Eu perco, mas (porém) recomeçarei tudo novamente. "Mais" é advérbio intensidade, ao contrário de "menos" Exemplo: As mais belas palavras sempre saem dos mais belos corações. "Más" é adjetivo, feminino de "maus", significa maldosas, ruins. Exemplo: Pessoas más deveriam fazer reflexões, mudar suas atitudes.

Mato-grossense-do-sul ou sul-mato-grossenseHá as duas formas – mato-grossense-do-sul (dicionários Aurélio, Michaelis e Houaiss) e sul-mato-grossense (dicionário Houaiss e Michaelis). O Aurélio registra, talvez por cochilo: sul-matogrossense.

Meia-noite ou zero hora? Leia a informação abaixo passada por um e-mail a este jornal: "Nesse dia, 1.º de julho, exatamente, às 00h01 (meia noite e um minuto), acontece a pré-estréia do filme 'Homem Aranha' nos cinemas do Araçatuba Shopping". Não se pretende desmerecer ninguém, apenas aproveitar o erro para discutir o assunto, pois com um exemplo concreto, a aprendizagem fica mais fácil. Na verdade, o dia não era 1.º de julho, pois havia passado um minuto da zero hora. O emissor usou também, entre parênteses, meia-noite e um minuto (expressão da oralidade), portanto a mensagem ficou confusa: 00h01 de sexta-feira, seria no dia 2; meia-noite e um minuto de quinta-feira, seria dia 2 de julho. A mensagem queria mesmo dizer que filme estrearia no dia 2 de julho, mas foi noticiado erroneamente por ambigüidade do e-mail. O Manual de Redação e Estilo, do Estadão, afirma que "meia- noite" e "zero hora" se equivalem, mas a primeira pertence ao dia anterior e a segunda, ao posterior. Assim, um aumento entra em vigor à meia noite da sexta-feira ou à zero hora do sábado. Redigir com pressa, sem fazer uma revisão, questionar se todos vão entender o sentido pretendido da mensagem, propicia tais ambigüidades. Mensagem redigida, com exatidão de sentido: "Nesse dia, 2 de julho, exatamente, às 00h01 de sexta-feira (ou meia noite e um minuto de quinta-feira), acontece a pré-estréia do filme 'Homem Aranha' nos cinemas do Araçatuba Shopping".

Meio/ meia Qual forma está correta? Meio nervosa ou meia nervosa? Resposta: A palavra “meio”, quando se refere a um substantivo, concorda com esse. Exemplo: Ele tomou meia caneca de leite/ Márcio comeu meio pão. Nesse caso, “meia/meio” são numerais, significam metade. Mas quando “meio” se refere a um adjetivo, é invariável, permanece sempre no masculino e no singular. Exemplos: Ela ficou meio nervosa./ Lúcio ficou meio zonzo. Nesse caso, “meio” é advérbio de intensidade, por isso fica invariável. Simplificando: quando “meio” significar metade, tem masculino e feminino; se o sentido for “mais ou menos”, não tem variação. Há também  o substantivo “meia”, peça de pano que cobre os pés. 

Menos piorDeve-se usar a expressão menos pior? Se "pior" é comparativo de superioridade, é incoerente usar "menos pior", porque indica inferioridade. Se fosse "menos mal" ou "menos bom", não haveria problemas.Na verdade, quem usa "menos pior" está ignorando o grau do adjetivo, tratando-o como sinônimo de "mal".Devemos levar em conta que os usuários são construtores da língua, portanto, no uso coloquial, a expressão é aceita, embora os gramáticos não a aprovem. Não se atreva a usá-la em documentos formais.Há até um filme com essa expressão: Um Mundo Menos Pior.

Menos ou menas? A palavra menos não deve ser modificada para o feminino, porque é advérbio.

Exemplo: Naquele instante não tive menos coragem do que antes. "Menas" não existe.

Micro / micros Micro é uma derivação por redução, como acontece com motocicleta/ moto. As palavras reduzidas moto e micro flexionam em número: o micro/ os micros, a moto/ as motos.

Em micros e médios empresários, micro é um radical que funciona como um adjetivo, como o prefixo extra em horas extras.

A pluralização é pertinente, pois micros precisa concordar com empresários. 

Misto quente ou mixto quente? Misto é escrito com “s”. Para ter certeza, basta associar com “mistura”, palavra da mesma família de “misto” e que ninguém hesita em escrever com “s”.

Moji ou MogiGostaria de lhe fazer algumas perguntas (Gustavo C. Del Bianco). Estou estudando para alguns concursos e vi nos livros algo que me deixou em dúvida. Sempre vi a palavra Mogi escrita com a letra G, porque a cidade de Mogi-Mirim é dessa forma. Os livros registram que Mogi é uma palavra indígena e o som /gê/ nas palavras indígenas é sempre grafado com a letra J, então Mogi seria Moji, isso se confirma? RESPOSTA: Sim, mas como a língua é feita pelo costume, mudar isso agora, para atender à regra, é impossível. Nem os moradores de lá aceitam a mudança.

Moral O moral: substantivo masculino, significa coragem, estado de espírito. Exemplo: O moral de cada homem deve ser preservado. A moral: substantivo feminino, significa conclusão moral que se tira de um fato. Exemplo: A moral da história teve excelente repercussão.

Morar, residir, situar-se (regência) Estes três verbos são como três irmãos, têm o mesmo sangue (sinônimos) e as mesmas aspirações (regências). São intransitivos. Morar, residir, situar-se regem a preposição "em". Exemplos: Moro na rua Jardim Brasil. Residiu na rua Nilo Peçanha. A sede do jornal situa-se na rua Afonso Pena.

A moto-táxis ou o mototáxis O leitor Alaor Tristante Júnior escreveu para esta coluna. Ele comentou a questão do uso de tal termo nos jornais locais. Ele considera correta a forma com hífen, com o qual concordo, mas discordo dele em alguns aspectos.  Entre os especialistas de Língua Portuguesa, há o consenso de que existe no Brasil a chamada "Ditadura do Aurélio". Se estiver nos dicionários, ‹ lei, embora nem sempre eles acertem. Mas... se não estiver no Aur‹lio, dá a maior confusão.

Assim está acontecendo com a escrita da palavra moto-táxi. O uso do hífen não foi bem regulamentado pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso o seu uso se dá por analogia e pelo bom senso. MOTOTÁXI - quem usa esta forma justifica que "moto" (abreviatura de motocicleta) e "táxi" (abreviatura de taxímetro) são dois radicais, por isso não seguem as regras dos prefixos. Se "minissaia", "psicossocial", "videorrepórter" são juntos, por que não juntar "moto + táxi". Esse procedimento facilita o plural da palavra e de suas derivadas, pois é só pôr a desinência "s" no final delas: mototáxis, mototaxistas.  Usar "o mototáxi", no masculino, parece não encontrar paralelo na língua, pois, embora não se use o hífen, "táxi"  o tipo de moto. Mototáxi seria a moto do tipo táxi, que faz corrida. Veja a palavra composta  "o banho-maria", o masculino do primeiro termo (o banho) determinou o gênero da palavra toda (o banho-maria), como acontece nas sociedades machistas, o feminino de "maria" não contou. O correto é o feminino: "a mototáxi"  ou "a moto-táxi". Na época da polêmica, um leitor me telefonou dizendo que pode ser usado o moto-táxi (ou o mototáxi) se tiver subentendida a palavra "servico", portanto a expressão completa ficaria assim: o (serviço de) moto-táxi. Ele tem toda razão, pois neste caso há uma silepse de gênero, como se emprega em "O (time) AEA...", "A (cidade) Rio de Janeiro..." MOTO-TÁXI - quem usa esta forma justifica que "moto" e "táxi" possuem independência fonética, ou seja, cada palavra tem sua sílaba tônica, e há  uma paradinha na pronúncia entre as duas palavras. Este procedimento dificulta o plural, porque os dois elementos da palavra composta são separados por hífen, por isso possuem regras especiais. E sendo o segundo elemento substantivo e determinante do primeiro - só este vai para o plural. No caso, o plural de "moto-táxi"  é "motos-táxi", porque as motocicletas são muitas, mas o tipo  um só. Já há a tendência registrada por algumas gramáticas de plurarizar os dois: hora-atividade = horas-atividade ou horas-atividades/ moto-taxi = motos-táxi ou motos-táxis.  Já "moto-taxista" faz o plural em "moto-taxistas" porque, neste caso, quem determina é o primeiro elemento. Que tipo de taxista é o sujeito, ele é moto-taxista. Numa sala poderá haver 15 moto-taxistas reunidos e nenhuma moto.  Em conversa telefônica com Célio Pinheiro, ex-presidente da Academia Araçatubense de Letras e professor de Português, ele prefere a primeira forma. Enquanto Lúcia Piantino, membro da AAL, Adauto Vilela - professores de Português - preferem a forma com hífen. A Gazeta Mercantil, segundo Adauto Vilela, já grafou o termo com hífen. As duas formas são possíveis dentro de nosso sistema lingüístico: a mototáxi, a moto-táxi. Não há paralelo na língua usar "o mototáxi", no masculino. A forma que aparecer na próxima edição do Aurélio será consensual.

Muçarela ou Mussarela Livros, jornais e supermercados trazem “mussarela”. Certamente esta forma muito difundida irá prevalecer, mas o Aurélio apresenta o verbete “mozarela”, enquanto o Michaelis registra as duas formas: mozarela/muçarela. Nenhum registra “mussarela”. Napoleão Mendes de Almeida em seu Dicionário de Questõpes Vernáculas e o Manual de Redação e Estilo do Estadão apresentam a forma "musssarela" A palavra ficou com duas grafias porque os gramáticos disseram uma coisa, e

o povo fez outra. Veja: casserole (francês) deu "caçarola" em português. Som de dois esses de palavra estrangeira, quando aportuguesada, passa para a letra "ç". Como no italiano "mozzarella" tem duas letras "z", passamos automaticamente para duas letras "s". E assim consagrou-se "mussarela". E essa está prevalecendo.

Muito obrigada, eu mesma, eu própria  As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu mesma, eu própria. Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mesmo, eu próprio. 

Música/ músico Parece esquisito, mas feminino de “músico” (o profissional) é música (a profissional). Há coincidência com o substantivo música no sentido de “arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido”.

Assim acontece com o clínico geral (o médico) que faz o feminino em clínica geral (a médica).

Namorar o/ namorar com? Embora o Sílvio Santos fale namorar com, a regência deste emprego do verbo namorar está errada, segundo os padrões cultos da língua. O usuário popular da língua acaba fazendo um paralelo com o verbo casar, cuja regência é casar com e lasca o namorar com. Casar com está correto, namorar com, errado. Exemplo correto: João Alfredo namora a Maria Flávia. 

NacionalidadeAo preencher um formulário, escreva, quando se pede a nacionalidade, BRASILEIRA, pois o adjetivo precisa combinar com o substantivo NACIONALIDADE. Mas há quem defenda que se coloque BRASILEIRO para homem e BRASILEIRA para mulher.

Não - uso do hífen

O uso do hífen com a palavra "não" O uso do hífen (-) não é uma questão pacífica em nossa língua escrita. Adriano da Gama Kury chama-o de tracinho trapalhão, porque o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, de 1943, deixou a regularização de seu uso com muitas omissões, por isso os problemas devem ser resolvidos pelo método da analogia ou pelo bom-senso. Quando se trata da palavra "não", a coisa se complica mais. Segundo Luiz Antônio Sacconi, usa-se hífen quando ela funciona como autêntico prefixo de substantivos, equivalente a "in-". Exemplos: a não-intervenção, o não-pagamento, o não-comparecimento. Se o "não" anteceder adjetivo, não haverá hífen. Exemplos: livro não descartável, bens de consumos não duráveis, infinitivo não flexionado, menor não infrator, problemas não resolvidos, governo não comunista. Considero deselegante usar o não (tanto no substantivo como no adjetivo) quando for possível aplicar o prefixo "in". Exemplos: existente/inexistente, existência/inexistência.

O Dicionário Aurélio apresenta o hífen também com o "não" antecedendo o adjetivo, como "não-identificado". Caso o adjetivo for substantivado com o "não", no caso de "não-participante", considero o hífen indispensável, como no exemplo seguinte: Os não-participantes são os sócios mais críticos.  Cândido Jucá Filho, em seu  Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa (Edição do Mec), afirma no verbete "não" que a palavra funciona como adjetivo, quando acompanha substantivo. Ele apresenta vários exemplos. Destaco este: O meu não conhecimento do caso me arrastou a esta falta. Jucá não põe hífen em "não conhecimento".  O critério adotado por Sacconi parece ser mais lógico.

Nem um ou nenhum?

A expressão "nem um" equivale a "um só", "sequer um". Exemplos: Não me deram nem um real a mais./ Não lhe sobrava nem uma hora para ficar com a família. Nesses casos, UM é numeral.O pronome indefinido "nenhum" corresponde a "algum" (posposto ao substantivo). Exemplos: Esta cédula não tem nenhum valor (Esta cédula não tem valor algum)./ Não tenho nenhuma pressa (Não tenho pressa alguma).

Nível"A nível de" ou "em nível de"?Empregar "a nível de" no sentido de "no que diz respeito a", "em relação a", "em termos de" é inadequado. Se optar por usá-la, empregue com a preposição em.Exemplos:Em nível de Brasil, verificam-se grandes diferenças regionais. Não há outra opção melhor do que Araçatuba, em nível de pecuário no estado de São Paulo. A expressão a nível de deve ficar restrita ao sentido de nivelamento.Exemplo:Birigüi não fica ao nível do mar.As águas chegaram a um nível insuportável.As expressões como em termos de, no que concerne a, no que diz respeito a são bem mais expressivas.

Nobel  O certo é dizer No-bel (com a última sílaba tônica). 

No entanto/ no entretanto?

Há muita gente que escreve erroneamente "no entretanto", quando a locução conjuntiva correta é "no entanto". Forma correta: Trovejou, no entanto não choveu. Forma errada: Trovejou, no entretanto não choveu

Nomes próprios - pluralOs nomes próprios, de acordo com determinação do Formulário Ortográfico, seguem as mesmas normas dos nomes comuns e por isso têm plural, como: os Dungas, as Ednas, os Andorfatos, Papais Noéis, os Corsas, os Corcéis, os Fords, Gols.

Segundo Luiz Antonio Sacconi, Eça de Queirós escreveu “Os Maias” e não “Os Maia”, como existem Rua dos Gusmões, Rua dos Andradas. Camões escreveu: Os Afonsos, os Almeidas.

Se o nome termina em S ou em Z, fica invariável: os Quadros, os Rodrigues, os Vaz, os Moniz.

Convém lembrar que os nomes e sobrenomes compostos só têm o primeiro elemento variável. Exemplos: Os Luíses Antônio, as Marias Antonieta, os Almeidas Prado.

Aqui há uma discordância entre Eduardo Martins (Almeida Prados) e Sacconi (Almeidas Prado).

Considero a posição do último mais coerente.

Nomes próprios - topônimos

Há pessoas que questionam o porquê da Folha da Região grafar Luís Pereira Barreto (com S) em seus anúncios, enquanto as placas das ruas são escritas com Z..

Noutro dia, na série “Se esta fosse minha”, saiu Luiz Pereira Barreto. Como consultor de língua portuguesa do jornal, conversei com o editor de Cidades, explicando-lhe os motivos.

Se a pessoa for viva, obedece-se a grafia original, aquela da certidão de nascimento. Se lá estiver escrito Luiz, Rachel, conforme a grafia antiga, antes de 1943, respeita-se tal maneira de escrever, pois se trata até de uma questão jurídica, se atualizar, a pessoa poderá perder direitos.

Se a pessoa for falecida, atualiza-se a ortografia. Há gramáticos que defendem a atualização em vida mesmo, quando a personalidade tiver seu nome citado pelo jornal, por exemplo.

A Folha da Região segue o Manual de Redação do Estadão (p. 193, 3.ª edição) que respeita a ortografia original enquanto a pessoa for viva. Há dois anos atrás, escrevia-se Rachel de Queiroz, pois a escritora estava viva. Agora, já falecida, grafa-se Raquel de Queirós. Assim acontece com os nomes das ruas.

Acontece que a rua Luís Pereira Barreto é antiga e algumas de suas placas foram fixadas nas paredes há muito tempo, por isso o nome da rua está grafada em grafia arcaica, não foram atualizadas. E é até bom que permaneça assim, como testemunho histórico. Afinal, Araçatuba tem a fama de não preservar sua memória.

É possível também que nas placas novas, a Prefeitura, arbitrariamente, tenha mantido o Z nas placas novas.

O jornal é um instrumento de leitura mais democrático, mais acessível à população. Mais que a revista, mais que o livro, por isso ele tem o papel de formar bem o leitor na língua escrita. Há ainda falhas na Folha da Região, pois erro zero em jornal é impossível, mas procura-se fazer o melhor.

Muitos alunos escreviam "páteo" nas redações escolares, quando é pátio, por causa de uma loja de móveis nos altos da av. Brasília. Também acontecia isso com a nomenclatura misto quente, alunos grafavam "mixto quente" por haver uma lanchonete com esse nome. Como marketing, nota 10, mas atrapalha o ensino da ortografia.

Assim acontece com o bairro Juçara. A TUA registra em seus letreiros o nome do bairro com dois esses (Jussara). Algumas mulheres têm seus nomes grafados assim também: Jussara. O primeiro a escrever o nome do loteamento, por desconhecimento, marcou-o com SS, mas a grafia correta é com Ç, pois é nome indígena: designa um tipo de palmeira.

Há exemplos históricos a respeito disso. Mogi Guaçu e Mogi Mirim sofrem disso também, pois o correto é Moji Guaçu e Moji Mirim, pois são nomes indígenas também. O estado da Bahia brigou em 1943 para que a letra H não fosse tirada de seu nome na reforma ortográfica, embora no adjetivo pátrio, baiano, a letra desapareça.

Nossa Senhora da Aparecida?

Na próxima sexta-feira, comemoram-se Dia da Criança e da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, com feriado nacional. Há pessoas que escrevem “da Aparecida”, fazendo uma analogia com as aparições “de Fátima” e a “de Lourdes”.Não há o nome “Nossa Senhora da Aparecida”. A confusão  reside em dois nomes de outras aparições, por analogia: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lourdes, porque a Imaculada Conceição se manifestou naquelas duas cidades, que já existiam, Lourdes-França, Fátima-Portugal, quando se deu cada fenômeno.                                                                                                         A cidade de Aparecida do Norte, no Brasil, surgiu com o fato de um pescador trazer em sua rede a imagem (1717), aquela que apareceu, por isso Aparecida. A cidade não existia antes do fenômeno, ela surgiu com os peregrinos chegando até o porto. Ela foi fundada em 1745.                                                                                    O certo é Nossa Senhora Aparecida.

Núcleo duro. O que é isso? Repare no emprego mais comum atualmente da expressão "núcleo duro": O PMDB reivindica o acesso ao chamado núcleo duro do poder no governo Lula. / Falhas levam o presidente a dissolver o núcleo duro do governo.

E, quanto à origem, você teria alguma idéia? Se pensou no idioma referencial do português, que é o inglês, acertou. Segundo o Eduardo Martins, autor do Manual de Redação e Estilo, do Estadão, núcleo duro nada mais é que a tradução de hard core (de hard, duro, e core, núcleo). Qualquer dicionário

médio do inglês diz que hard core pode tanto designar o núcleo permanente, dedicado e integralmente leal de um grupo ou movimento (num partido político) como a parte de um grupo (qualquer) resistente a mudanças. No governo Lula, o núcleo duro seria constituído pelos ministros do PT mais próximos do presidente.

A locução, embora quase exclusiva do politiquês, aparece também (mais raramente) em outros contextos. Na política internacional: "O Mercosul representa o núcleo duro das posições latino-americanas em relação à Alca." Na economia: "As empresas conservarão apenas um núcleo duro e restrito de pessoal permanente e os demais funcionários dependerão das necessidades da ocasião." E até na crítica de arte: "Enfim, a base familiar da neurose adulta forma um núcleo duro da obra de Ingmar Bergman."

Número - mudança de sentido  Há substantivos que mudam sua significação com a mudança de número. Veja:

bem: virtude  bens: propriedade  cobre: metal  cobres: dinheiro copa: ramagem  copas: naipe de carta corte: residência real  cortes: parlamento  costa: litoral  costas: dorso, lombo haver: crédito  haveres: bens humanidade: gênero humano  humanidades: letras clássicas letra: sinal gráfico  letras: literatura liberdade: livre escolha  liberdades: regalias ouro: metal  ouros: naipe de cartas vencimento: fim de um contrato  vencimentos: salários

Mas há também uma relação de substantivos que são usados somente no plural. Veja:

alvísseras  anais  antolhos  arredores  belas-artes  calendas  cãs 

condolências  esponsais  exéquias  fatos  fezes  matinas  núpcias  óculos  olheiras parabéns  pêsames  primícias  víveres. 

Num, dum, noutro, dalgum. Pode?

Tenho uma dúvida e gostaria de poder contar com a sua ajuda para esclarecê-la. Trata-se do uso de contrações de preposições segundo a norma culta da língua portuguesa.Disseram-me que certas combinações das preposições “de” e “em” são admissíveis na língua portuguesa, mas denota o uso do português arcaico ou coloquial, sendo, assim, admitidas no registro oral mas não no escrito. E, ainda, que são usadas em jornais, mas não, por exemplo, num texto enciclopédico.Diz-se, além disso, que construções como:De + algum = dalgumEm + algum = nalgumDe + um = dumDe + outro = doutroNão se utilizam por serem arcaicas. Coisa que me parece bem. Mas dizer que o mesmo ocorre com:Em + uma = numaDe + uma = dumaEm + outro = noutronão me parece correto.Desse modo, quais as contrações que se podem usar na norma culta da língua? (Internauta Tkarla).

RESPOSTA: todas essas combinações podem ser usadas, sem exceção. Evitá-las é excesso de zelo e, às vezes, por isso, erram. Muita gente acha chique dizer "Mora à rua tal" e vulgar: "Mora na rua tal". Na verdade, a regência culta é a última.

Doutro - por exemplo, pode ser arcaísmo, mas não significa que não possa ser usada num texto culto. O uso vai apenas dificultar a leitura e demonstrar que o seu autor é pernóstico.

Usar “dum” e “num” e suas respectivas flexões não deprecia o texto de ninguém.

Numerais - transcrição

2003 OU 2.003?

Na escrita cardinal (não por extenso) de números, quando se trata de datas, devemos ou não separar por ponto as casas de milhares? Ex.: 28/4/2.002 ou 28/4/2002? (Pedro Aleixo Filho - Araçatuba-SP)

Na língua portuguesa, separam-se por ponto as casas de milhares (ou deixa-se espaço), e a indicação de anos é uma contagem de tempo. Ex.: 4.537 casas, 7.581 habitantes, 1.531 quilômetros, 115.782 litros, 1.500 anos, ano 1.000, ano 1.822, ano 1.789, 28 dias do mês de abril do ano de número 2.002 da era cristã.

Vê-se na imprensa uma regra particular das redações, que diferenciam a contagem comum, separando por ponto as casas de milhares, da contagem de anos, para a qual não utilizam o ponto.

Jornais e revistas nem sempre se submetem às ranhetices da gramática tradicional e dos detalhistas. Ainda bem, assim se cria oportunidade de tornar a escrita mais próxima da realidade.

Veja:Centenas, dezenas e unidades separaram-se com E.Milhares, milhões, bilhões separam-se com vírgula.Quando o número tem vários grupos de três algarismos, usa-se vírgula para separar esses grupos.Dentro de cada grupo de três algarismos, usa-se a conjunção E para separar as centenas das dezenas e essas das unidades. Atenção: 1001 - mil e um / 1.200 - mil e duzentos / 8.096 - mil e noventa e seis.

Ó, oh! “Ó” é a forma do vocativo: Veja, ó incrédulo./ Ó jovem, comporte-se. “Oh!” é interjeição de espanto ou admiração: Oh! Não o encontrei mais ali.

Obrigado/ obrigada A palavra "obrigado", como forma de agradecimento, concorda normalmente em gênero e número com a pessoa que está agradecendo. Portanto, a mulher deve dizer "obrigada"; o homem, "obrigado". Exemplos: Muito obrigado - disse o rapaz. Obrigada pela gentileza - disse a menina. 

Obrigado, você. Está certo? Quando a pessoa fala "obrigado" ou "obrigada", ela resume a seguinte frase: Se você me pedir um favor, estarei obrigado (ou obrigada) a fazê-lo. Seria a obrigação de retribuir.

Se a pessoa disser "obrigado ou obrigada", e a interlocutora responder "obrigado (ou obrigada), você", está sendo indelicada. Por quê? Porque confirmará que a outra estará mesmo obrigada a lhe atender.

Já a resposta "obrigado, eu", embora não seja a ideal, tem mais coerência. Com essa resposta, ela estará dizendo à outra que não tem obrigação alguma de retribuir a sua boa ação, mas ela continua obrigada a repeti-la.

O certinho mesmo seria responder: "não há de quê", "esqueça isso", "não seja por isso", "nada".

A lingüística explica que a frase "obrigado, você" é o resumo de "obrigado, digo eu a você".

Assim também acontece com a expressão "risco de vida". A pessoa pode correr risco de morte, se é "de vida", não há risco algum, por isso ela é condenada pelos gramáticos. Na verdade, "risco de vida" sintetiza a frase "risco de perder a vida".

Os gramáticos se escandalizam, os lingüistas procuram explicar o processo.

Octogésima ou octagésima? Em tempo de eleição, é comum o eleitor dizer que votou na "octagésima" segunda seção. Quem fala assim, comete um erro de pronúncia, pois o correto é dizer octogésima segunda seção. 

Óculos “Adquira aqui seu óculos.” (Placa de ótica de Araçatuba.) Óculos é uma palavra usada apenas no plural, como “férias”. Ninguém escreve: Sua férias foi boa?  A concordância correta é “Suas férias foram boas?” Óculo é cada aro, como ninguém usa mais pincenê (um aro só), o certo era o letrista ter escrito “Adquira aqui seus óculos”. 

Óculos/ Estados Unidos/ Minas Gerais

Eu e meus colegas estávamos numa aula de português , quando a professora reclamou da redação de um aluno em que havia escrito "O EUA devem...". Nossa professora disse que Estados Unidos só poderia ser escrito anteposto do artigo no plural ou sem artigo.Eu e alguns colegas discordamos, pois em Minas Gerais pode ser usado no plural ou no singular. Além disso, EUA é um nome próprio, de um país, assim como Minas Gerais.Quando se fala O EUA não está falando dos estados e sim do país como em Minas Gerais não se fala de minas. Nossa professora também usou o exemplo de ÓCULOS. Disse-nos que ÓCULOS só poderia ser usado no plural. E também disse que a palavra ÓCULO não existe, e que óculos significam as lentes. Mas se ÓCULOS só tem plural como poderíamos diferenciar as orações: Onde estão meus óculos ( para um óculo) e onde estão meus óculos (para mais de um óculo)? SaraRESPOSTA: A professora da Sra está certinha. Há palavras só usadas no plural, como "parabéns", "fezes". Estados Unidos cobrou solução (sem artigo ). Os Estados Unidos cobraram solução ( com artigo). Minas Gerais aceitou a proposta (sem artigo). As Minas Gerais aceitaram as propostas (com artigo).

Cada aro é um óculo, como há dois aros, os óculos ou par de óculos : meus óculos sumiram.

Olimpíada ou Olimpíadas Olimpíada, no singular, quando se refere especificamente à competição esportiva que acontecerá neste ano na Grécia. Exemplos: Estou treinando para a próxima olimpíada. Na olimpíada de Atenas, aeróbica estará entre as modalidades disputadas. Pode usar também "jogos olímpicos de Atenas". Ao se referir a vários eventos olímpicos, usa-se olimpíadas. Exemplos: Quero participar das olimpíadas de 2004, 2008, 2012, ou seja, todas! As olimpíadas são, sempre, momentos de grande emoção para os esportistas.

Ombudsman e ombudswoman O internauta Paulo Arruda de Pereira quis saber por que Casas Rio Branco, de Araçatuba usa ombudsman para mulher. Não seria “ombudswoman”?

O Manual de Redação de O Estado de São Paulo dá as seguintes flexões: ombudsmen, ombudswoman e ombudswomen.

O Manual de Redação da Folha de São Paulo orienta seus jornalistas a usarem a palavra OMBUDSMAN tanto para o masculino como para o feminino. Daí deve vir a influência no uso do termo pelas Casas Rio Branco.

O dicionário Aurélio, no verbete correspondente, omite o feminino. O Michaelis acompanha o Aurélio. O Houaiss também não diz nada sobre o feminino.

A tendência é seguir a orientação da Folha de São Paulo, pois é mais cômodo do que usar a flexão inglesa.

Onde - emprego indevido Onde equivale a "em que", referindo-se a lugar físico (= no lugar em que). Exemplos: A casa onde nasci./ O navio onde viaja./ A empresa onde trabalha. Porém, tanto em programa de rádio e televisão, como nas redações escolares, vem aumentando o uso indiscriminado desta palavra que, transformada num verdadeiro curinga, acaba prejudicando a expressão da idéia. Veja dois exemplos do emprego não ortodoxo de "onde", encontrados em redações de vestibular: "Ele me convidou para sair, foi `onde' eu disse que não queria nada com ele. (= quando) "Essas coisas prejudicam a gente, `onde' a gente não pode reagir." (= de tal forma) 

Onde/aonde Onde: quando o verbo indicar permanência e puder usar "em". Exemplo: Onde o homem deve permanecer? Em que lugar deve o homem permanecer?

Aonde: quando verbo indicar movimento e exigir a preposição "a". Exemplo: Aonde irás, homem./ Irás ao quarto.

Pagode: templo e música

A palavra foi introduzida nas línguas ocidentais pelos avós portugueses, que trouxeram de suas andanças pelos portos do Oriente. Como templo budista, associa-se ao Japão ou à China.

Alguns etimologistas vêem em pagode uma legítima palavra vernácula, derivada de pagão; seria, portanto, um termo depreciativo que os portugueses formaram para denominar todo e qualquer templo não-cristão.

Há etimologistas que vão mais longe: pagode seria a aglutinação de pagan good  (deus pagão, em Inglês).

Apesar de exóticas, tais explicações, segundo o professor Cláudio Moreno, há algo que não deve ser desprezado: a antiga animosidade para com as religiões não-cristãs.

Tanto o pagode quanto a sinagoga, templos budistas e judaicos, adquiriram, já no português do séc. 16, o significado secundário de barulho, confusão, como na frase Ele armou o maior pagode ou festa ruidosa, festança popular como em Fomos a um pagode na casa do Dorinho. Para Houaiss, daí surgiu a designação de samba de partido alto, introduzido no Rio de Janeiro na década de 70. Um longo trajeto da Ásia dos descobrimentos ao morro carioca do final do séc. 20.

País e nação. Há diferenças?

Um país pode ter várias nações - o Brasil, além de ser uma nação, tem no seu território várias nações indígenas. Uma nação pode estar dividida em vários países, como os judeus ou os curdos atualmente. 

Palavras estrangeiras

O Manual de Redação e Estilo, do Estadão, passa as seguintes recomendações: 1) Quando houver a adaptação da palavra estrangeira à nossa ortografia, é preferível usá-la. Assim: xou (em vez show), musse (em vez de mousse), xampu (em vez de shampoo), videopôquer (em vez de videopoker), caratê (em vez de karatê), clube (em vez de club), gangue (em vez de gang), ringue (em vez de ring), surfe (em vez de surf), clipe (em vez de clip), moletom (em vez de moleton). 2) Se a palavra estrangeira já tiver um vocábulo em português, prefira o termo vernáculo. Exemplos: adeus (em vez de ciao), escanteio (em vez de corner), correio eletrônico (em vez de e-mail), desempenho (em vez de perfomance). 

PalíndromoPalíndromo é verso que se lê da esquerda para a direita ou da direita para esquerda sem alterar o sentido. Parece cobra de duas cabeças. Exemplo bastante conhecido de palíndromo é "Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos".

Papai Noel tem plural?

Sim. Nomes próprios possuem plural. Exemplos: A menina escreveu uma carta a Papai Noel./ A rua está repleta de Papais Noéis.

Papais Noéis – PolêmicaHamilton Castro - Petrópolis- [email protected]

Polemizei com um portal sobre o uso da expressão Papais “Noéis” (com o sobrenome no plural) e eles me indicaram o portal de vocês como fonte deste uso. Mas como o português, como é a regra em nossa mídia, é que anda mal das pernas, resolvi trocar esta idéia com eles. Em que pese alguns lexicógrafos brasileiros adotarem esta fórmula, sobrenomes ou nomes de família não podem ser quantificados e, com tal, não podem ou não deveriam sofrer flexão de número, até mesmo porque, no caso de Papai Noel, o vocábulo Noel é um atributo do papai ou dos papais e não um adjetivo com o qual este deva concordar como, por exemplo, no caso de águas-marinhas, em que o primeiro elemento é um substantivo e o segundo um adjetivo concordando com o primeiro. O correto seria dizer (e escrever) Papais Noel e não Papais "Noéis". Se tivéssemos, por exemplo, de editar uma biografia sobre o Raul e o Fidel Castro (aqueles lá de Cuba), teríamos de denominá-la " A vida dos irmãos Castro" e não dos irmãos "Castros". Os irmãos que possuem um mesmo sobrenome podem ser vários mas o sobrenome deles é um só. Além do mais, alguns de vocês já ouviram ou leram, por exemplo, algo do tipo os prêmios “Nobéis” de Medicina e de Literatura foram concedidos a dois italianos? Ou é os prêmios Nobel de Medicina e literatura? Se “Nobéis” é errado, logicamente “Noéis” também o é e pelo mesmo motivo. Como se pode aceitar um como “certo” porque o “costume” (errado) o consagrou e o aceitar o outro como “errado”, pelo mesmo motivo: aceitação pelo uso?

Sei que este portal decerto argumentará que prenomes próprios podem ser pluralizados em alguns casos. Sim, o podem mas este não é caso. Podemos dizer, por exemplo, “por este Brasil afora encontramos muitos joões e marias que sofrem diariamente”. Aqui o plural de João e de Maria tem significado retórico, quase em função de pronomes indefinidos, usando-se-os para designar, de forma indeterminada, todos os homens e mulheres anônimos do Brasil que sofrem diariamente e não um João e uma Maria determinados. Prova-o minha afirmação o fato de que nestes dois casos os prenomes joões e marias são grafados com iniciais minúsculas, indicando claramente que mudaram sua categoria gramatical para substantivos comuns, estes sim passíveis de quantificação e, conseqüentemente, de pluralização gramatical. É preciso entender a íntima e lógica relação entre os critérios de quantificação, que dizem respeito ao mundo físico da matéria e pluralização, distinguindo-se-

os dos que dizem respeito ao mundo dos fatos gramaticais de uma língua. A regra é simples: só pode e só deve der gramaticalmente pluralizado aquilo que puder ser quantificado no mundo dos fatos físicos. Pluralizar Noel seria o mesmo que pluralizar felicidade, um substantivos abstrato. Alguém diria, por exemplo, eu tenho “duas felicidades”? Para terminar, caberia ainda aqui – ultima ratio – uma vista d´olhos pela analogia com algumas das principais línguas neo-românicas, onde predominam, pela nossa origem comum, as mesmas regras no que tange a este aspecto. Papais Noel é dito pères Noël em francês, papás Noel em espanhol e padri Noel em italiano e nestas três línguas o sobrenome Noel permaneceu inalterado, apenas o antecedente papais ficando no plural (vide as desinências de plural em negrito e sublinhado).

Tenho doutorado em línguas indo-européias (neolatinas, eslavas e anglo-germânicas) e em línguas mortas, além de lecionar há 38 anos português, latim, grego clássico e hebraico antigo, bem como diversas outras línguas indo-européias modernas. Mas é na mídia, mais do que no falar do povão humilde, que sempre vejo, por escrito (!), os maiores absurdos contra o pobre idioma de Camões.

Parênteses - quando empregar?

1. Em elementos (notação, palavra ou frase) interparentéticos, ou seja, intercalados no texto: a) Outrora, usava-se o lacre preto (!) para fechar envelopes, quando se estava de luta. b) A firma (= assinatura) deve ser reconhecida em cartório. c) Insumo (neologismo técnico já aceito por todos) é tudo aquilo que entra na elaboração de um produto, da matéria-prima à embalagem. Como ocorre com as aspas, o ponto final será posto dentro ou fora dos parênteses, consoante o caso: a) Fulano de Tal: "Protesto, Senhor Presidente!". (Palmas.) b) Tudo é possível (quem o nega?). Quando os termos entre parênteses são independentes na frase, surge a vírgula após o segundo parêntese: a) No seu encontro em Brasília (antes que os parlamentares votassem a reforma da Previdência), FHC disse a Maluf que... Antes do primeiro sinal é erro, mas infelizmente nem todo redator ou revisor conhece isso. 2. Em formas combinadas de redação: a) Queira(m) o(s) senhor(es)... Se retirados os parênteses, a leitura será normal: "Queiram os senhores... ". São, por conseguinte, incorretas as combinações do tipo "datilógrafo(a)", pois teríamos "datilografoa". Embora Odacir Beltrão diga que tal procedimento esteja errado, o uso do feminino entre parênteses já faz parte do uso diário da língua escrita. Mesmos literatos exploram o recurso e um dos exemplos mais originais é de Carlos Drummond de Andrade: a) "...pelas ruas do rio de Janeiro que não é rico, é um oceano inteiro de (a)mo(r)cidade." b) (M)Olhai os lírios do campo... (Título de poema que homenageou Érico

Veríssimo, em 1975, ano de seu falecimento.)  3. Em numeração de partes de um texto: - enumeração feita corridamente, isto , sem paragrafar: ...........; (1) ...........; (2)............ - enumeração com novas linhas: 1)...........; 2)...........; Mas também pode ser assim: 1º 1. l- I- 2º 2. 2- II- 4. Para chamar a atenção a algo já citado, mas não indicado na frase: a) O outro (o banco pagador) não é responsável pelo engano. 5. Indicando a alcunha, quando interposta: a) Manuel (Maneca) dos Santos. 6. Na escrita por extenso de números, ou seja, na escrita literal de números: a) Recebi R$500,00 (quinhentos reais). Os parênteses servem para "incluir expressões explicativas de palavras ou idéias do texto" ou para sua complementação: a) Disse Rui Barbosa (Réplica, edição originária do Senado Federal, pág. 430, § 99, n. 330) que, nos monumentos escritos da História ou da Lei, um ponto ou uma vírgula pode encerrar os destinos de um mandamento, de uma instituição ou de uma verdade. 7. Em código, números ou referências telefônicas: a) Folha da Região ()xx18) 620-7777 (PBX). 8. Em endereços: 16.050-120 Araçatuba (SP)  l6.050-120 Araçatuba/SP 16.050-120 Araçatuba-SP Observações 1ª) Há gramáticos que recomendam o uso da vírgula em frases curtas em vez de parêngeses. Os autores novos agem com plena liberdade e adotam, inclusive, a forma combinada, antes empregada unicamente em comunicações comerciais ou em formulários: ... deve(m) aparecer o(s) cabeçalho(s) em itálico.  2ª) As vírgulas, os travessões e os parênteses são substituíveis uns pelos outros, consoante os casos ou o estilo do redator: Os títulos ou dizeres, em negrito, ou tipo normal, serão dispostos... Os títulos ou dizeres, em negrito - tipo normal - serão dispostos... Os títulos ou dizeres, em negrito (tipo normal) serão dispostos... * Aviso num parque público. "Não apanhe (nem esprema, corte, arranque, pise, torça, esmague, quebre, empreste, rolube, dê ou faça qualquer coisa que mutile ou ponha em perigo as) flores." (Seleções do Reader's Digest, out. ded 1975.)  3ª) Quando ao dirigir-se a alguém com os verbos e pronomes na terceira pessoa, o redator ou escritor desejava esclarecer que determinada referência era relativa a outra pessoa, punha entre parênteses a forma analítica do pronome: a) Informo-o de que lhe (a ela) dei toda a assistência possível. b) Posso identificar-me com ele? É certo que o prêmio lhe (me) deu prazer e

honra. (Carlos Drummond de Andrade. (in Pontuação Hoje, de Odacir Beltrão)

Particípio irregular

Por gentileza . Tenho uma dúvida com respeito ao uso do verbo " ter" e o verbo "ser" quando usados com o particípio : ter aceitado ou ter aceito? Ser aceitado ou ser aceito? Avaldir D'Alessandro

RESPOSTA: TER e HAVER - usar com o particípio regular: tenho aceitado. SER e ESTAR - usar com o particípio irregular: é aceito.

Passar

Os verbos "haver" e "fazer" são impessoais quando indicam tempo. E quanto ao "passar"? Quais frases estão certas? 1) Passaram muitos anos. 2) Passaram-se muitos anos. 3) Passou muitos anos. 4) Passou-se muitos anos. Resposta:  A frase 1) está certa. O sujeito é muitos anos. Os muitos anos é que pas-saram.  A frase 2) também está correta. O sujeito é muitos anos. Se se considerar o “se” como partícula apassivadora. Isto é, passaram-se = foram passados - como também se diz. A frase 3) está errada porque o verbo se apresenta no singular, mas o su-jeito (muitos anos) está no plural. A frase 4) também a podemos ter como correta, considerando o “se” como  índice de indeterminação do sujeito. O sujeito existe, mas não se sabe qual é, porque se encontra indeterminado pela partícula “se”. Isto é, al-guém passou.

Patinar ou patinhar

PATINAR tem três sentidos: produzir pátina (oxidação) em alguma coisa; deslizar, escorregar, rodar em patins; quando as rodas do veículo giram sem sair do lugar. PATINAR se origina de patim + ar e de pátina + ar. PATINHAR significa agitar a água como fazem os patos; quando as rodas do veículo giram sem sair do lugar (neste sentido é anterior ao PATINAR). PATINHAR é formado de patinha (diminutivo de pata) + ar. Conclusão: PATINAR é uma variante de PATINHAR. Assim também: caimbra/cãibra; sapê/sapé; corruptela/corrutela; cotidiano/quotidiano.

Pedir para / Pedir para que

A construção pedir para deve ser usada somente no sentido de "pedir permissão, licença ou autorização": O Deputado pediu ao Presidente para se retirar da reunião, pois tinha um compromisso (= pediu licença para se retirar); O Deputado pediu para falar em primeiro lugar, pois tinha que sair mais cedo

(= pediu autorização para falar).

Empregado com o sentido de solicitar a alguém que faça algo, o verbo pedir não deve ser acompanhado de para ou para que, mas sim de que: O Presidente pede aos deputados que votem (não: O Presidente pede aos deputados *para que votem, ou *para votarem); O Governo pede que o Congresso aprove as reformas (não: O Governo *pede para o Congresso aprovar). Esta última construção é encontrada em autores consagrados, mas, conforme indica Cegalla, "como se trata de um caso controvertido, recomendamos que, pelo menos na linguagem culta formal, se siga, acerca do verbo pedir, a doutrina tradicional, podendo-se usar as construções incriminadas na comunicação familiar do dia-a-dia."

isso vale para outros verbos em construção análoga, como determinar, recomendar, solicitar: O Diretor determinou que os funcionários entrem pelo Anexo I; Recomenda-se que os funcionários ponham o crachá em lugar visível; O Secretário solicitou que os funcionários dêem preferência ao estacionamento 2.

Pego ou pegadoGostaria de saber quando se usa "pego" ou "pegado"? (Salézio Mendes, Criciúma-SC)RESPOSTA: pego e pegado – particípios do verbo pegar. “Pego” – forma irregular; “pegado”, irregular. Pegado - depois dos verbos auxiliares “ser” e “estar”. Pego - depois dos verbos auxiliares “ter” e “haver”. Há uma tendência para se usar apenas “pego”, predominando, portanto, o particípio irregular.

Peixe-boi – peixe-mulherÉ tão grande a variedade de peixes, que a imaginação popular criou uma enorme quantidade de nomes compostos com a palavra peixe. É claro que tais designações se baseiam na semelhança que as pessoas vêem entre determinado peixe e tal animal ou coisa. Assim é que temos, só para exemplificar, peixe-espada, peixe-lua, peixe-cachorro, peixe-cavalo, peixe-charuto, peixe-frade, peixe-morcego... Não é de estranhar, pois, que haja um peixe-boi. O estranho é que se dê, como feminino de peixe-boi, peixe-mulher. Mas é isso mesmo que encontramos no Aurélio e no Houaiss. Caldas Aulete também registra peixe-mulher, dizendo tratar-se da fêmea do peixe-boi na linguagem dos pescadores brasileiros e angolanos. Eles devem ter lá suas razões. Eu não sei explicar... (explicação do mestre Odilon Soares Leme).

Pequim ou Beijing?Agosto, mês de olimpíada na China: Pequim. Como no logotipo do evento consta Beijing, muita gente se pergunta: sempre pronunciamos erroneamente o nome da capital chinesa? O professor Cláudio Moreno apresentou os motivos disso em seu site: http://www.sualingua.com.br/06/06_pequim.htm.Os chineses da capital vivem em Pequim. Nossos antepassados lusitanos entraram na China no século 16, por isso herdamos deles uma língua que conhece o nome Pequim há 500 anos. Naquele início, havia também algumas divergências quanto à sua pronúncia. Fernão Mendes Pinto, o escritor-viajante, fala, no capítulo 105 da Peregrinação, desta "cidade que nós chamamos

Paquim, a quem os seus naturais chamam Pequim". Portugal manteve intenso intercâmbio com a China, enviando embaixadores, missionários, aventureiros, comerciantes e militares ao império dos "chins", como diziam, acabando por estabelecer uma base em Macau, até recentemente sob domínio ocidental. Por tudo isso, nosso idioma se acostumou a nomes como Pequim, Cantão e Nanquim, além de suas derivações. Falamos da cozinha cantonesa, da tinta nanquim, do cachorro pequinês (aquele peludo cãozinho doméstico de focinho achatado). O governo da China, pretendendo uniformizar as transliterações que o Ocidente faz de seus nomes, desenvolveu e divulgou o sistema “pinyin”, que regula a transcrição fonética da língua chinesa para o alfabeto romano. É útil e necessária a iniciativa das autoridades chinesas; a adoção desse sistema muda a grafia do presidente Mao (Mao Tse-Tung, Mao Tsetung, agora Mao Zedong) ou de Chiang Kai-shek (Chang Kai-chek, Tchang Kai Chek, parece que agora Jiang Jieshi).

Isso não significa, porém, que vamos abandonar os nomes já enraizados em nosso léxico. Para entender isso, basta comparar o nome tradicional com a nova versão pinyin: Cantão – Guangzhou / Xangai – Shanghai / Pequim – Beijing / Nanquim – Nanjing / Hong-Kong – Xianggang. Não houve uma "troca de nome", como a do Sião para Tailândia, ou de São Petersburgo para Leningrado, e de Leningrado de novo para São Petersburgo - casos em que existe uma pressão natural que nos leva a adotar a nova denominação. Houve apenas uma troca de sistema de transcrição, o que termina sendo pouca coisa além de uma troca na grafia já que a pronúncia é variável nas diferentes regiões da vasta China continental. É sabido que as leis ortográficas de um país não costumam ter repercussão nas outras línguas. Quando nós oficializamos a grafia Brasil, os países de língua inglesa continuaram a usar Brazil, a forma consagrada durante nosso regime imperial, enquanto a França sempre usou alegremente o seu Brésil. Por isso, mesmo que um bilhão de chineses não concordem, devemos manter o Pequim do Português, da mesma forma que se mantiveram Pékin (francês.), Pechino (italiano.), Pekín (espanhol) e Peking (alemão). Só os jornais de língua inglesa se apressaram em aderir à novidade. Segundo Cláudio Moreno, em nome da globalização, a imprensa brasileira poderia adotar o hábito educativo de incluir, entre parênteses, o nome reformulado: Pequim (Beijing).

Perda / Perca

Perda é substantivo: Houve uma perda irreparável.Perca é verbo: É preciso que você perca dois quilos. Há muita gente usando erroneamente “perca” no lugar de “perda”.

Portfolio ou portfólio?Gostaria de saber como devo escrever a palavra portfolio, usada para designar uma coleção de trabalho de uma pessoa. No dicionário encontra-se a palavra sem o “i”, mas há pessoas que escrevem assim: portifólio ou portfólio. Estou em dúvida e gostaria de saber sua opinião (Adriana).RESPOSTA: portfolio - assim, sem acento, é forma inglesa. Há dicionários que aportuguesaram a forma assim: portfólio, apenas acrescentando o acento.

Outros optam por porta-fólio. A tendência é usar a forma aportuguesada portfólio.

Posar / Pousar

O verbo posar deriva de pose, enquanto pousar, de pouso: A modelo posou o dia todo; O rapaz posava de bom moço, quando, na verdade, era um bandido; O avião pousou com atraso de duas horas.

PossuirOs verbos terminados em uir formam o presente do indicativo com a terminação ui, não ue. Assim: ele possui (não possue); ele conclui (não conclue); ele inclui (não inclue); ele atribui (não atribue); ele polui (não polue). Esse erro deriva da confusão com a terminação ue dos verbos em uar no presente do subjuntivo: que ele continue; que ele recue; que ele atue; que ele atenue.

PraRedução da preposição para. De uso informal, deve ser evitado na língua escrita formal.

Pego(ê)  ou pego (é)?

“Pégo” ou "pêgo". Ambas as formas são escritas sem acento. Quanto à pronúncia da letra "e", ela é fechada, segundo o Aurélio, pois, quando havia acento diferencial (antes de 1971), o particípio irregular do verbo "pegar" recebia o acento circunflexo: pêgo. Não sei onde o Jô Soares arrumou a pronúncia aberta do "e" (pégo), mas isto é uma questão menor, pois se trata de regionalismo. 

Penalizado ou punido?

“Os jogadores foram penalizados pelo Tribunal Esportivo da Federação.” Eles foram punidos. Penalizado não é sinônimo de punido. Penalizado é quem tem pena, dó, compaixão. Estão corretas frases seguintes: O artista ficou penalizado diante de tanta miséria nas favelas. A lei do colarinho branco pune com prisão.

Professor concordaEm aditamento ao texto de vocês, se seria correto dizer-se penalizado ou punido, o qual foi editado neste portal, queria acrescentar um comentário, que não elide o acerto do leitor que abordou este assunto. Realmente, penalizado é aquele que sentiu dó, comiseração ou pena de alguém, enquanto que punido é o que sofreu uma puniação ou castigo por algo de errado que haja feito. Ocorre que, hoje em dia, nota-se o uso equivocado do verbo penalizar como se fosse sinônimo de punir. O uso é errado mas explicável: é que o vocábulo pena em português (do latim poena) igualmente é sinônimo de penalidade ou sanção aplicável a quem transgride uma norma legal ou administrativa. Daí o equívoco de considerar-se penalizado o que transgrediu uma norma (no sentido de penalidade). O correto seria usar o neologismo apenar, este sim significando

aplicar uma pena (no sentido de punição ou penalidade) como equivalendo ao verbo punir. Penalizado, portanto, refere-se a pena somente no sentido de dó ou comiseração (fiquei penalizado com o fato), enquanto que ao uso de pena como punição dever-se-ia aplicar apenas os verbos punir ou apenar.

Personagem

“Personagem” é palavra masculina ou feminina? O personagem de Antônio Fagundes é viril. A personagem de Antônio Fagundes é viril. Em português, quase todas as palavras terminadas em –agem são do gênero feminino: a bagagem, a folhagem, a personagem. Nesse caso, “personagem” se comportaria como um substantivo de gênero sobrecomum, como criança, pessoa, vítima. Embora seja feminina, designa homem e mulher. Atualmente, o substantivo “personagem” está se tornando comum de dois gêneros. A personagem – quando mulher; o personagem – quando homem.  Os gramáticos mais rigorosos optariam pela segunda frase, enquanto os mais flexíveis diriam que as duas estão corretas.

Pessoa humana é pleonasmo? 

Há talvez pleonasmo na expressão, mas ele não é descabido. É que há pessoa divina (as três pessoas da Santíssima Trindade), pessoa física, pessoa jurídica…e nem todas são humanas.

Plano ou plaino

Houve um entrevero lingüístico no início do mês entre esta Folha e a Câmara Municipal de Araçatuba, pois o vereador Joaquim de Paula (PSDC), diretor de escola aposentado, assumiu a vereança em Araçatuba diante da licença de 30 dias de Nilo Ikeda (PRTB) que foi ao Japão, a convite do governo japonês. A coluna Periscópio, desta Folha, estranhou que o vereador houvesse falado "cidade plaina" ao se referir a Araçatuba, e colocou o erro entre as "pérolas" lingüísticas dos vereadores de Araçatuba. Sempre digo que, em termos de língua portuguesa, quem tem muita certeza erra mais. A variável "plaina" é pouco usada na região, é tida até como pronúncia caipira, mas não é o que falam os dicionários. Num lampejo, posso até classificar "plaina" como uma pronúncia arcaica que, atualmente, é mais usada pelo povão, por isso desprestigiada socialmente. Daí a ironia do colunista sobre o vereador Joaquim de Paula, que foi, prontamente, rebatida pela assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Araçatuba. O mesmo processo acontece com a expressão "ambos os dois", considerada como pleonasmo vicioso, mas foi muito usada na linguagem culta e ainda é considerada por gramáticos como expressão enfática. A coluna Periscópio não estava totalmente errada, pois levou em conta a pronúncia mais usual na região, mas pecou por não consultar o dicionário e por debochar do vereador. O impasse foi resolvido por pedido de desculpas e houve compreensão das partes.

Pleonasmo vicioso

“Cair lá embaixo” é pleonasmo vicioso? Há várias situações, como:  Situação 1: "O garoto tropeçou e caiu." Situação 2: "Por favor ajudem! Vejam aqui! o rapaz caiu lá embaixo!" enquanto o falante aponta para o local onde está o rapaz. O emprego do pleonasmo é aceitável em situações como as descritas. Sem algum reforço de sentido, seria muito mais difícil o entendimento da mensagem. “Hemorragia de sangue”, “entrar para dentro”, “sair para fora”, “subir para cima”, “descer para baixo”, “há anos atrás” são pleonasmos intoleráveis.

Pisar a grama/ pisar na grama

Não pise a grama — esta é a construção correta, segundo a gramática tradicional. Mas o uso "Não pise na grama" está consagrado. Para efeitos de concurso e textos formais, use a primeira. 

Plural das palavras terminadas em -ão

O plural de palavras terminadas em -ão varia conforme a forma latina da palavra que lhe deu origem. Isso porque a terminação em português é resultado do desenvolvimento de três terminações latinas, que tiveram o sinal de nasalação da letra (o til) em substituição da letra n: "-ane", "-anu" e "-one", que respectivamente acabaram no plural em -ães, -ãos e -ões.  Assim, temos os exemplos: Cão (em latim “cane”) – cães Pão (em latim "pane") – pães Mão (em latim "manu") – mãos Tradição (em latim “traditione”) – tradições  Em relação à palavra ancião, que tem origem no francês antigo "ancien", o dicionário Aurélio registra três possibilidades para o plural: anciãos, anci-ães e anciões (Prof. Amílcar Caffé)

Plural de tributos e partes do corpo

Ronaldo Costa, consultor de língua portuguesa da Editora Abril, abordou na revista Nova Escola, setembro 2000, a questão do plural inadequado. Veja alguns casos: 1) “O Último Ano do Resto de Nossas Vidas” – título do filme de Joel Schumacher, 1985; 2) “Eu preciso aceitar que não dá mais pra separar as nossas vidas” – trecho de música de Chitãozinho e Xororó; 3) “Salve o Corinthians/ O campeão dos campeões/ Eternamente/ Dentro dos nossos corações” – hino do Timão. 4) “Ainda não se sabe quem atirou nos rapazes, nem o motivo de suas mortes” – trecho de reportagem da Folha de São Paulo. Atributos e partes do corpo que são únicos em cada indivíduo, não se pode colocar no plural. A pessoa só tem uma cabeça, uma vida, uma consciência. Nos três primeiros exemplos citados acima, o pronome possessivo (nosso)

devia ficar no singular. No hino do Corinthians, o autor quis rimar “campeões” com “corações”, portanto usou a chamada licença poética. Na última frase, uma alteração resolveria o problema: “... nem o motivo da morte deles”. Como afirma o professor Ronaldo Barbosa: “Afinal de contas, só se morre uma vez”. 

Pobríssimo ou paupérrimo

Pobríssimo e paupérrimo são superlativos absolutos sintéticos do adjetivo pobre, portanto pode-se utilizar um ou outro. O primeiro é mais popular; o segundo é chamado erudito, pois advém de radical latino.

Põe e Põem

Põe –   3ª pessoa do singular do presente do indicativo (ele/ela – você) Põem – 3ª pessoa do plural do presente do indicativo (eles/elas –vocês)

Pôr e puser

Quando se usam as formas pôr e puser? Está certa a frase seguinte: Se eu pôr o copo na mesa, não mexa nele. Resposta: Se o verbo estiver numa oração temporal (introduzida pela conjunção “quando”) ou condicional (introduzida pela conjunção “se”),  “pôr” assume a forma “puser” do futuro do subjuntivo. O mesmo acontece com os verbos derivados: depor, compor, impor, decompor, recompor. Assim, a forma verbal correta seria “Se eu puser o copo na mesa, não mexa nele”. Exemplos:  ... quando eu depuser.. (depor) ... se ele compuser... (compor) ... se ele impuser... (impor) .... quando e decompuser... (decompor) .... se ele recompuser.... (recompor) 

Por que o porquê é tão difícil?

Nenhuma dificuldade. É só aprender as regrinhas abaixo, que já deram polêmica entre os gramáticos. Hoje há uma certa unanimidade no emprego das regrinhas abaixo, que são também do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (de 1943). Rocha Lima, em sua "Gramática Normativa da Língua Portuguesa", edição de 1972, por exemplo, considera que a grafia do advérbio interrogativo seja "porquê?", só admitindo o porquê separado quando o quê for pronome adjetivo, como na frase "Por que assuntos te interessas no momento?"  Por que  *Nas interrogações diretas. Exemplo: Por que o nomearam? *Quando der para substituir por "pelo qual". O ideal por que (pelo qual) lutamos é nobre. As razões  por que (pelas quais) nos speramoas foram várias.

* Quando vem expressa ou subentendida a palavra "motivo" (interrogação indireta). Exemplo: Quero saber por que (motivo) elas não apareceram. Por quê?  *No caso de interrogações diretas ou indiretas, no fim da oração Exemplo: Nomearam-no por quê? Elas não apareceram nei por quê. *Conclusão: Toda vez que o porquê corresponder a uma pergunta, ele será separado, com ou sem acento. Porque  (conjunção) *Nas explicações (respostas).  Exemplos: Não fiz porque não quis. * Para indicar uma causa. Exemplos: Não fiz porque estava viajando. * Indicando finalidade. Exemplo: Ela se esforça porque a admirem. Porquê Quando é substantivo, significando motivo ou palavra. Exemplo: Já sei o porquê disto. Não apresentou nenhum porquê. Quê?  * Referindo-se à letra "q". Exemplo: Esta palavra se escreve com quê. * Na exclamação. Exemplo: Quê! é mentira! * No final da oração: Exemplo: Fazer o quê! * Substantivo, significando jeito, modos. Exemplo: Você tem uns quês de gênio.

Porcentagem - concordância

Concordância verbal com sujeito-porcentagem  Eis as recomendações de Josué Machado em seu "Manual da Falta de Estilo": 1- Quando o sujeito-porcentagem aparece desnudo, sem acompanhantes, o verbo concorda com o número: "Cem por cento roubam o povo." "Um por cento paga o pato." "Noventa por cento são safados."  2- Se o sujeito-porcentagem vem acompanhado de partitivo, o verbo concorda com o partitivo: "Noventa e nove por cento do STF aplica bem a justiça." "Um por cento dos juízes aplicam bem a justiça." 3- Se o partitivo vier antes da porcentagem, a concordância se fará com o número: "Do Congresso, 10% adoram o delicioso cheiro do povão." "Dos congressitas, 1% merece confiança." 4- Se o verbo vier antes da percentagem, a concordância se fará com o número:

"Leva a breca 1% dos honrados congressitas." "Levam a breca 70% do Congresso." 5. Se a porcentagem vier qualificada ou determinada, a concordância se fará com o número e também, é claro, com a determinação ou a qualificação: "Aqueles 97% do Supremo adoram ministrar a justiça justíssima." "O restante 1% dos congressitas não rouba o povão."

Posto que

Diz Domingos Paschoal Cegalla em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, Editora Nova Fronteira, no verbete "Posto que": uma locução equivalente de ainda que, se bem que, embora: Era o primeiro a entrar no jardim, pisava firme, posto que cauteloso." (Carlos Drummond de Andrade). "Posto que estivesse mais ou menos a par da situação, Emília, vendo a irmã em tal estado, começou também a oferecer resistência." (Ciro dos Anjos). "Abismo sem fundo e caldo quente são expressões aceitáveis, posto que redundantes em face da etimologia" (Mário Barreto). Esta locução não tem o sentido de porque, visto que. Não serve, portanto, para exprimir idéia de causa.

Prà e prò

Prò, prà, pròs, pràs, contração de pra (redução de para) com o o, a, os, as, quer sejam artigos, quer pronomes. É bom esclarecer que só se dever servir dessa grafia, quando a pessoa quiser representar a pronúncia popular. Ex. Isto é prò (para o) meu pai. Este dinheiro é pròs (para os) que me ajudaram. Não há nenhum absurdo, porque o acento grave serve para indicar o fenômeno da crase. Essa raridade, encontrei-a no site Ciberdúvidas.

Precatório. O que é?

Um leitor me telefonou para saber o sentido da palavra precatório,  tão em voga no momento. Dei-lhe as explicações resultantes de leituras de jornal. Depois fiz uma pesquisa mais sistemática.  Precatório é uma palavra cognata (da família) de precaver, precaução. Precatórios são ordens emitidas por juízes e tribunais para que municípios, estados e federação paguem indenizações para pessoas físicas e jurídicas. A Constituição de 5 de outubro de 1988 proibiu estados e municípios de criarem dívidas novas com emissão de títulos. Mas a Carta abriu uma exceção: eles poderiam emitir títulos públicos para pagar precatórios pendentes até aquele dia (5/10/1988). Títulos públicos são papéis vendidos no mercado por governos para arrecadar dinheiro. A irregularidade da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, é que só havia R$24 milhões de precatórios sujeitos ao pagamento, mas o prefeito pediu autorização para o Senado para emitir R$600 milhões.  Na venda destes títulos no mercado é que houve desonestidade, corretoras e bancos ganharam dinheiro às custas dos cofres públicos com o beneplácito de prefeitos e governadores. 

Prefeitável ou prefeiturável

Prof. Hélio, tenho uma dúvida sobre a utilização dos termos "prefeiturável" e "prefeitável". Nenhuma é encontrada no Aurélio, mas as duas são uma adaptação do termo "presidenciável". Diz o Aurélio que a palavra presidenciável vem de "presidenciar (presidente + ar, seguindo o padrão analógico) + -vel".

Neste caso, o certo (se é que podemos chamar assim, por se tratar de um neologismo) seria "prefeiturável" - "prefeiturar (prefeito + ar, seguindo o padrão analógico) + -vel".

Gostaria de saber se o "prefeiturável" é mesmo a forma correta. Fabrício

RESPOSTA: prefeiturável (dicionário Aulete) ou prefeitável (dicionário Houaiss) têm como sentidos a pessoa que pode se candidatar a prefeito ou tem possibilidade de se eleger para prefeito. Os dicionários Aurélio e Michaelis não apresentam os verbetes. O internauta tem razão, quando analisa o neologismo por analogia a presidenciável. Se presidenciável vem de presidência, então é lógico que a forma mais coerente do neologismo é a apresentada pelo dicionário Caldas Aulete: prefeiturável, em vez de prefeitável. Embora Aulete e Houaiss apresentem prefeiturável e prefeitável respectivamente, não contêm os verbetes presidenciar, prefeiturar e prefeitar.

“Mas qual é a correta?”. As duas formas estão dicionarizadas, inclusive “prefeitável”, que é a forma mais popular. Para o sistema lingüístico, a forma mais correta é “prefeiturável”.

Prefeitura ou prefeitura municipal?

O verbete “prefeitura” no dicionário Houaiss afirma que se trata de prédio da administração municipal onde fica o gabinete do prefeito. Embora as prefeituras de municípios ostentem o adjetivo municipal, há uma tendência no jornalismo a não usar “prefeitura municipal”, pois seria uma redundância, porque prefeitura já quer dizer um órgão da administração de um município. Mas há outro senão: existem as prefeituras das cidades universitárias, portanto há controvérsia. O manual de redação do jornal O Estado de São Paulo recomenda a seus jornalistas que usem apenas “prefeitura”, sem o adjetivo “municipal”. Isso mostra que não se pode assumir uma atitude dogmática a respeito, pois se há prefeituras nas cidades universitárias, e elas não são municipais. Usar “prefeitura municipal” não constitui, portanto, pleonasmo vicioso tão gritante como querem alguns.

Premia ou premeia?

Qual forma está correta? Premia  ou premeia (verbo premiar)? Em se tratando de verbos terminados por “iar”, a norma é apresentarem “ia” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. A resposta certa é “premia”.

Exemplos: variar/ ele varia, negociar/ele negocia. Existem, porém, cinco verbos terminados por “iar” que apresentam “eia” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: mediar/ele medeia, ansiar/ele anseia, remediar/ele remedeia, incendiar/ele incendeia, odiar/ele odeia. É fácil memorizar esses cinco verbos: basta perceber que se juntando as letras iniciais de todos eles, forma-se a palavra MÁRIO. 

Preposições (duas)

Quantas vezes ouvimos locutores esportivos dizerem erroneamente: Rivaldo chutou a bola por sobre o travessão. Denílson passou a bola por entre as pernas do zagueiro. Não há necessidade de usar duas preposições juntas, isso constitui erro. Basta pôr uma preposição: Rivaldo chutou a bola sobre o travessão. Denílson passou a bola entre as pernas do zagueiro. 

PresidentaA forma feminina presidenta, embora tida como neologismo, parece já consagrada por força do uso. É defendida por Evanildo Bechara, Celso Cunha, Cegalla e Rocha Lima, e já está registrada no Vocabulário Oficial. Mas a palavra presidente continua a ser registrada como palavra de dois gêneros, ou seja, pode-se dizer, sem medo de erro, o presidente e a presidente. Portanto, o tratamento “senhora presidenta” é tido como correto, ao lado de “senhora presidente”.

Princípio: "A princípio" e "Em princípio"

A princípio significa inicialmente, no começo; em princípio significa teoricamente, em tese, em termos, de um modo geral. Exemplos: Toda sociedade é, a princípio, uma verdadeira maravilha. Depois, bem, depois é o fim...Em princípio, sou favorável ao casamento. 

Professor concordaEm aditamento ao texto de vocês, se seria correto dizer-se penalizado ou punido, o qual foi editado neste portal, queria acrescentar um comentário, que não elide o acerto do leitor que abordou este assunto. Realmente, penalizado é aquele que sentiu dó, comiseração ou pena de alguém, enquanto que punido é o que sofreu uma puniação ou castigo por algo de errado que haja feito. Ocorre que, hoje em dia, nota-se o uso equivocado do verbo penalizar como se fosse sinônimo de punir. O uso é errado mas explicável: é que o vocábulo pena em português (do latim poena) igualmente é sinônimo de penalidade ou sanção aplicável a quem transgride uma norma legal ou administrativa. Daí o equívoco de considerar-se penalizado o que transgrediu uma norma (no sentido de penalidade). O correto seria usar o neologismo apenar, este sim significando aplicar uma pena (no sentido de punição ou penalidade) como equivalendo ao verbo punir. Penalizado, portanto, refere-se a pena somente no sentido de dó

ou comiseração (fiquei penalizado com o fato), enquanto que ao uso de pena como punição dever-se-ia aplicar apenas os verbos punir ou apenar.

Propositalmente ou propositadamente?

O adjetivo proposital é registrado nos dicionários, por isso não se pode chamar de erro o uso do advérbio propositalmente, formado a partir desse adjetivo, conforme o professor Odilon Soares Leme.

O adjetivo propositado tem duas acepções. Pode significar  adequação, oportunidade ou intencionalidade. A expressão observação propositada significa que ela é adequada, vem a propósito, é oportuna. Quando se fala de uma ação ou atitude propositada, o sentido é intencional, portanto criou-se o adjetivo proposital para indicar a idéia de intencionalidade.

Essa discussão tem cem anos, quando houve uma polêmica entre o professor Carneiro Ribeiro e Rui Barbosa. Ambos concordaram em que proposital e propositalmente eram neologismos condenáveis e concordaram em que "as regras da analogia não autorizam a formação de semelhante neologismo".

Por causa disso, até hoje há quem condene o emprego dessas palavras, sugerindo que se dê preferência às formas propositado e propositadamente. Há um purismo exagerado nessa posição.

Pombas ou pombos

O português generaliza pelo masculino. Exemplo: Os homens são mortais. As mulheres estão inclusas. Há certos animais cuja generalização acontece no feminino. Exemplo: Criar galinhas é uma atividade rendosa. Com certeza, os galos estão inclusos. Outro exemplo: As pessoas alimentam as pombas na praça. Entre as fêmeas, estão também os machos.

Qual de vós

Ao empregar a expressão “qual de vós”, deve-se ficar atento ao termo “qual”. Se esse termo estiver no singular, o verbo será obrigado a concordar com ele. Exemplo: Qual de vós quer entrar?

Mas se o termo “qual” estiver no plural (quais), o verbo poderá concordar com esse termo ou com o complemento “vós”. Exemplos: Quais de vós querem entrar?/Quais de vós quereis entrar?

Qualquer / Nenhum / Algum (em negativas)

Em frases negativas, tradicionalmente usa-se nenhum: O Presidente não viu nenhuma inconstitucionalidade na proposta. Como consigna Houaiss, algum, "quando posposto, mesmo quando não ocorre partícula negativa (não, sem, etc.), tem o sentido de nenhum (p. ex.: dinheiro algum acalmará sua consciência; não tinha motivo algum para insultá-lo)." Assim, o mesmo exemplo poderá ser alterado para: O Presidente não viu inconstitucionalidade alguma na

proposta. Quanto ao uso de qualquer, no mesmo sentido negativo é aceito por gramáticos mais modernos como Cegalla. Assim: O Presidente não viu qualquer inconstitucionalidade na proposta.

Qual - seu uso

Internauta me perguntou: “Fui alfabetizado em inglês. Apesar de falar português desde pequeno, só tive o ‘contato técnico’ com a língua portuguesa na adolescência, por isso muitas das minhas dúvidas advêm daí.Não sei usar ‘as quais’, ‘das quais’, ‘o qual’, ‘a qual’. Ainda não consegui entender quando devo usar esses pronomes de forma certa (Guilherme Faro).Há pessoas que na ânsia de se livrar dos quês vão distribuindo “qual” e “quais” a esmo, sem obedecer a regras. Conheçamos algumas delas.Deve-se usar o pronome relativo "qual" nos seguintes casos:1) quando o quê estiver afastado do termo antecedente ou permitir mais de uma interpretação. Exemplo: O presidente da delegação, o qual compareceu à sessão inaugural do congresso, garantiu... Se usasse quê, estaria referindo-se tanto ao presidente como à delegação. Como "o qual" permite flexão de gênero, a ambigüidade é evitada.2) “Qual” é empregado depois das preposições “sem” e “sob” e de todas aquelas que tenham duas ou mais sílabas (além das locuções prepositivas). Exemplos: O remédio sem o qual podia viver. Os patrões para os quais trabalhava...3) Com as preposições “a”, “com”, “de”, “em” e “por” emprega-se de preferência o pronome relativo quê.4) O qual - é também recomendado antes de certos indefinidos, numerais e superlativos. Exemplos: Mesmo assim comprou os livros, alguns dos quais sabia que nunca iria ler. Reuniu-se com os ministros, dois dos quais iriam representá-lo na solenidade. Tinha dois irmãos, o mais novo dos quais era o seu preferido.

Quatorze ou catorze?

As duas formas estão corretas, sendo a primeira preferida no Brasil. Também se admitem as formas “cota” e “quota”, "cociente” e “quociente”. Cuidado! O numeral 50 só tem uma transcrição: cinqüenta. “Cincoenta” não existe.

Quê acentuado

O quê é acentuado quando for tônico, tiver pronúncia forte, independência fonológica. Veja os casos em que ele é acentuado:

1) Quando for substantivo, com o sentido de alguma coisa, qualquer coisa. Exemplo: Tinha um quê de mistério. Desconhecia o quê da questão.

2) Quando for o nome da letra q. Exemplo: Um quê maiúsculo.

3) Quando, como interjeição, significa espanto. Exemplo: Quê! Não é o que você pensa?

4) Quando encerra uma oração. Exemplo: Ele não vem por quê? Ele vem para cá! Para quê? Queria não sei o quê.

5) Na expressão sem quê nem para quê. Exemplo: Ele, sem quê nem para quê, se irritou com todos.

Quem – concordância

Fui eu quem falou ou Fui quem falei? A norma culta admite apenas a primeira frase, o verbo fica na terceira pessoa. O uso popular tem como tendência a segunda frase. E já existem gramáticos que registram em seus livros a concordância na primeira pessoa. Se você, caro leitor, quiser usar a forma correta mesmo, de acordo com o uso padrão, o certo é Fui eu quem falou.

Quando o pronome relativo é o quê, não há problemas, a norma culta e o uso popular coincidem, concordando com o termo antecedente: Fui eu que falei/ Foste tu que falaste/ Fomos nós que falamos.

Quorum ou quórum

Se o usuário preferir a forma latina quorum, não possui acento, mas deve colocá-la entre aspas ou em itálico. Caso opte pela forma aportuguesada, com acento: quórum.

Raios X ou raio X?  A forma mais consagrada é raios X, pois é impossível emitir um raio só.   

Rapto / SeqüestroRapto é o ato ou efeito de arrebatar, de roubar uma pessoa por violência ou sedução. Seu objetivo é, geralmente, sexual.Seqüestro significa o ato de reter ilegalmente a alguém, privando-o de sua liberdade. Pode referir-se também a objetos materiais. Existe, finalmente, a figura do seqüestro judicial. Consiste na apreensão de objeto sob litígio, o qual é entregue a seu legítimo proprietário após decisão da Justiça.

Real e réis O real era moeda no Brasil até 1942, que tinha o plural "réis". Um real, dois réis. O real do FHC tem o plural "reais". Um real, dois reais. Falar "dois real" ou "500 real" fere os princípios gramaticais. Outra dica: Plano Real, letra maiúscula. 200 reais, um real, letra minúscula.

Reavê. Existe? O verbo reaver é derivado do haver (re + haver), por isso se conjuga con-forme o primitivo. O pretérito perfeito do indicativo do verbo haver, terceira pessoa do singular, é “houve”, e reaver nesse mesmo tempo é “reouve” (re + houve).  Além disso, “reaver” é defectivo, pois não apresenta todos os tempos e pessoas. Ele só é conjugado nas formas que apresentam a letra “v”.  No presente do indi-cativo, por exemplo, só tem as formas <I>reavemos<I> e reaveis. Não há a forma “reavê”. Fuja dela. É  reouve. 

RecordeForma aportuguesada, palavra paroxítona (sílaba tônica: COR)

Rebuliço - reboliço  Rebuliço (com u): agitação, desordem, gritaria. Reboliço (com o): é o que tem forma de rebolo, que rebola.

Reestruturar/ restruturar Por enquanto, os dicionários brasileiros registram apenas  reestruturar (de re+estruturar). Significa dar nova estrutura a; estruturar de novo; reformar. 

Regência verbal - 1 Os caprichos de alguns verbos 1) PAGAR E PERDOAR - Ambos possuem a mesma regência. Há três possibilidades de construção: a) Quando se paga ou perdoa alguma coisa a alguém. Nesse caso, os verbos tomam as regências direta e indireta (TDI). Exemplos: Miguel pagou a dívida a Toninho. a dívida: objeto direto a Toninho: objeto indireto O editor perdou a culpa ao repórter. a culpa: objeto direto ao repórter: objeto indireto b) Se o objeto for pessoa, paga-0se ou perdoa-se a alguém. Logo a regência é indireta (TI). Exemplos Deves pagar ao dentista. ao dentista: objeto indireto Perdoa-lhe, é o que deves fazer. lhe: objeto indireto c) Se o objeto for coisa, paga-se ou perdoa-se alguma coisa. Logo a regência será direta (TD). Exemplos: Carolina perdoou a dívida. a dívida: objeto direto O funcionário pagou a conta. a conta: objeto direto 2) PREFERIR - Erra-se muito o emprego deste verbo. Observe: A assembléia preferiu a proposta 1 à proposta 2. a proposta 1: objeto direto à proposta 2: objeto indireto Prefiro isto àquilo. isto: objeto direto àquilo: objeto indireto Na linguagem culta não se deve escrever ou falar: A assembléia preferiu a proposta l do que a proposta 2. Prefiro isto do que aquilo. 3) RESPONDER - Este verbo possui duas regências possíveis: a) Pode-se responder alguma coisa a alguém. Neste caso, ele será transitivo direto e indireto (TDI). Exemplo: Respondi-lhe a carta.

lhe: objeto indireto a carta: objeto direto Responderam a chamada ao professor. a chamada: objeto direto ao professor: objeto indireto. b) Pode-se responder a alguém ou a alguma coisa. Neste caso, será transitivo indireto (TI). Respondi à carta. à carta: objeto indireto Repondeu ao diretor. ao diretor: objeto indireto. 4) SINMPATIZAR/ ANTIPATIZAR- Estes verbos não são reflexivos; não se deve usar, pois, com pronomes me, te, se, nos, vos. Exemplo: Eu simpatizo contigo. É errado dizer: Eu me simpatizo contigo.  5) COMUNICAR, ACONSELHAR, PREVENIR, PROIBIR, ENSINAR, INFORMAR, AVISAR, INCUMBIR, LEMBRAR e RECORDAR são todos transitivos diretos e indiretos (TDI), admitindo, indiferentemente, objeto indireto de PESSOA e direto de COISA. Aconselho a você sair. a você: objeto indireto sair: objeto direto Aconselho você a sair. você: objeto direto a sair: objeto indireto.

Regência verbal - 2 Regência dos verbos chegar, ir e vir  Estes três verbos são quase idênticos quanto às suas regências. Os três são intransitivos e os três regem a preposição "a" e nunca a preposição "em" quando indicam movimento. Exemplos: Chegaram a Atlanta na quinta-feira. Foram a Atlanta na sexta-feira. Os brasileiros vêm a Atlanta com muita esperança.  IR - Quando indicar um tempo determinado (por algum tempo) exige a preposição "a". Exemplo: Foi a Camboriú no final de samana. IR - Quando indicar um tempo definitivo (para ficar) exige a preposição "para". Exemplo: José Ferreira foi para São Paulo com toda a família. Regência dos verbos morar, residir, situar-se Estes três verbos são como três irmãos, têm o mesmo sangue (sinônimos) e as mesmas aspirações (regências). São intransitivos. Morar, residir, situar-se regem a preposição "em". Exemplos: Moro na rua Jardim Brasil. Residiu na rua Nilo Peçanha. A sede do jornal situa-se na rua Afonso Pena. Regência do verbo custar Este verbo, sinônimo de ser difícil, penoso, só pode ser empregado com o objeto indireto (com preposição) e na 3ª pessoa do singular. Exemplos:  Custou-me aprender.

A você custou sair. Atenção! Na linguagem culta, é errado escrever "Custei aprender." e "Você custou sair."

Resfolegar ou resfolgar? O internauta Éderson Franco de Lima gostaria de saber qual a conjugação correta do verbo resfolegar. "Eu resfolgo" ou "Eu resfolégo"?. Segundo ele, esses dois exemplos foram tirados de apostilas de Português. O verbo resfolegar (ou resfolgar) significa tomar fôlego, respirar com esforço. Os dicionários Aurélio e Houaiss apresentam a seguinte conjugação do verbo refolegar no presente do indicativo: resfólego, resfólegas, resfólega, resfolegamos, resfolegais, resfólegam, mas apresentam o verbete “resfolgar” também, como variável. O Aurélio vai mais além, com uma observação no verbete “resfolegar”: variedade sincopada (diminuída): resfolgar. Presente do indicativo: resfólego ou resfolgo, resfólegas ou resfolgas, resfólega ou resfolga, resfolegamos, resfolegais, resfólegam ou resfolgam. Presente do subjuntivo: resfólegue ou resfolgue, resfólegues ou resfolgues, resfólegue ou resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis, resfóleguem ou resfolguem. Há um detalhe. Alguém usa os verbos resfolegar ou resfolgar atualmente? Eles são arcaísmos, ou seja, palavras em desuso, que saíram de circulação.

Retaliar/retalhar "Retalhar" é cortar em retalhos, picar. Exemplo: O açougueiro retalhou a carne. Já "retaliar" é aplicar a lei de talião, significa castigar com a pena ou mal semelhante à ofensa recebida. Exemplo: Retaliar, nunca; amar, sempre.

Rever/ revir Tirará nota baixa se não rever os textos/ Tirará nota baixo se não revir os textos? Qual está correta? O verbo rever, por ser derivado de ver, deve seguir a conjugação do verbo primitivo. O futuro do subjuntivo do verbo ver é: se eu vir, se tu vires, se ele vir, se nós virmos... Assim, os verbos derivados (rever, prever, antever...) devem seguir a conjugação do verbo ver: se eu revir, se eu previr, se eu antevir... Aqui tampouco podemos confundir infinitivo (ver, rever, prever) com futuro do subjuntivo (vir, revir, previr). A presença da conjunção condicional "se" pede o uso do futuro do subjuntivo: "Só posso opinar se eu vir o filme"; "Não haverá investimentos se o governo previr novos aumentos de impostos". Não podemos confundir vir com vier. A forma vir pode ser infinitivo ("Ele foi convidado para vir a Brasília") ou futuro do subjuntivo do verbo ver ("Ele só assinará o contrato se vir os documentos"). A forma vier é futuro do subjuntivo do verbo vir: "Ele só assinará o contrato se você vier a Brasília." (professor Sérgio Nogueira)

Risco de morte Risco de perder a vida - essa seria a frase completa = risco de vida. Risco de ter a morte (risco de morrer) - essa seria a frase completa = risco de morte. Na verdade, as pessoas fazem um vendaval em torno da expressão "risco de

vida", mas ela é explicável, como demonstrei. Em todo caso, é melhor usar "risco de morte".

Rival / AdversárioRival é adjetivo que significa "aquele que disputa o amor de outrem, que deseja as mesmas posições ou vantagens de outra pessoa, que rivaliza". Não é sinônimo de adversário, que significa "aquele que luta, que se opõe a, que é contrário, adverso". Portanto, um deputado que se opõe a outro vê nele um adversário, não um rival.

Russa/ruça (   ) A situação está russa! (x) A situação está ruça! Russo (feminino: russa) quer dizer pertencente ou relativo à Rússia ou aos seus habitantes. Ruço (feminino: ruça) pertence à gíria brasileira e significa: difícil, complicado, apertado: "A coisa tá ficando ruça" (Da música Alô, alô, marciano, de Rita Lee e Roberto de Carvalho.) Resposta correta: A situação está ruça!

Santo Antônio, São João e São Pedro Junho é o mês dos santos fogueteiros. Nós soltamos as bombas, mas eles levam a fama. Por que Santo Antônio, se  os outros dois são tratados como "são"? Muito simples. Antônio começa por vogal, enquanto João e Pedro iniciam-se por consoantes. Mas São Hilário não começa por "h", e por que também é "são"? Porque a letra "h" é morta, não é pronunciada. Eu também, quando virar santo, serei chamado de São Hélio. Entendeu?  Mas como na Gramática sempre há exceções, aqui há algumas. Santo Tirso é uma delas. Já São Tomás e São Borja possuem as duas formas, embora a cidade gaúcha seja chamada de São Borja. Na verdade, "são" é uma forma sincopada (abreviada por cortes de fonemas e letras) de "santo". Todos são santos do mesmo quilate.

Sedizente - existe?Recebi de ilustre advogado de São Paulo a seguinte consulta:“Com a devida vênia, partilho da minha dúvida.Sou profissional da área jurídica e como todo bom brasileiro vez ou outra tenho que enfrentar as dificuldades impostas pela gramática culta.Desta vez é quanto ao vocábulo sedizente.É que no meio jurídico emprega-se muito a sedizente vítima, o sedizente advogado, o sedizente credor, o sedizente possuidor do imóvel, no sentido de pessoa que "se diz ser" ou, ainda, "autodenominado".Aliás, no sítio eletrônico do TJSP - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do STJ - Superior Tribunal de Justiça obtive ementas de julgados que adotam o vocábulo sedizente.Todavia, não encontrei esse vocábulo nos dicionários Aurélio e Houaiss.Assim, gentileza - na medida do possível - enviar algum esclarecimento, orientação, sugestão sobre o assunto, porquanto tenho dúvida se ante a gramática culta é correto o uso do vocábulo sedizente. Grato. Afonso Rebelo, São Paulo - SP

RESPOSTA: cada profissão tem o seu jargão que, às vezes, não tem todas as palavras dicionarizadas. Isso não quer dizer erro, os neologismos existem para os usuários enriquecerem a língua com novos vocábulos. O processo de formar uma palavra a partir de uma expressão (se dizer ser) não é tão comum na língua portuguesa, lembro-me apenas de fidalgo: filho de algo.

Seminário e congresso -diferençaA internauta Elídia Maria de Novaes Souza, do CEATS / FIA – Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor, São Paulo, quis saber a diferença entre as várias nomenclaturas de eventos organizados por entidades.Ela fez uma pesquisa no dicionário Antônio Houaiss, que define cada um:COLÓQUIO: reunião, geralmente de especialistas, em que se discutem e confrontam informações e opiniões pessoais sobre determinado tema.CONFERÊNCIA: encontro formal de especialistas, em que se discutem questões consideradas importantes, com eventual confronto de opiniões e tomada de resoluções. / Exposição oral perante um auditório de um tema da especialidade do orador: palestra, aula.CONGRESSO: reunião de especialistas para que deliberem sobre questões de interesse comum ou para que se apresentem estudos, novas descobertas etc.SEMINÁRIO: congresso científico ou cultural, com exposição seguida de debate.SIMPÓSIO: reunião ou conferência para discussão de algum assunto, especialmente encontro no qual diversos oradores debatem determinado tema perante um auditório.WORKSHOP / OFICINA: seminário ou curso intensivo, de curta duração, em que técnicas, habilidades, saberes, artes etc. são demonstrados e aplicados.E ela continuou: “Mas como eu posso saber, ao organizar um evento, qual é o título mais adequado. Há questões de grau de aprofundamento? Tempo de duração? Número de especialistas? Reuniões em plenária ou segmentadas?Ou a gente dá o nome que acha melhor?”RespostaMinha resposta dependeu mais de minhas antigas militâncias estudantil, política e sindical do que mesmo do conhecimento lingüístico.COLÓQUIO: só fica na troca de idéias, não há decisões nem conclusões, termo pouco usado.CONFERÊNCIA, CONGRESSO: tomam-se decisões no evento, há resoluções, vota-se. Nesse caso, a conferência (ou congresso) é um órgão deliberativo de determinada entidade.SEMINÁRIO: apenas estudo, um processo de atualização. Confunde-se com o termo colóquio, que é pouco usado.SÍMPÓSIO: bem parecido com colóquio e seminário, são quase sinônimos.WORKSHOP / OFICINA: nesse evento, há o fazer, a prática, como fazer, não dá para ser confundido com os demais termos.

Sendo queSENDO QUE, segundo Domingos Paschoal Cegalla, em seu livro Dificuldades da Língua Portuguesa, editora Nova Fronteira "não é expressão recomendável para unir orações. Em alguns casos, convém dispensá-la por ser inútil . Em outros - continua o

professor em seu livro - é preferível substituí-la por uma conjunção ou por um pronome relativo. E ele dá três exemplos:1) O pescador trouxe muitos peixes do rio, sendo que alguns deles ainda estvam vivos. Correção: O pescador trouxe muitos peixes do rio, alguns deles ainda vivos;2) O rio invadiu parte da cidade, sendo que a violência das águas arrastou mais de uma casa. Correção: O rio invadiu parte da cidade e a violência das águas arrastou mais de uma casa.3) Ele escreve mais de uma dezena de romances, sendo que três deles já foram traduzidos em vários idiomas. Correção: Ele escreve mais de uma dezena de romances, três dos quais já foram traduzidos em vários idiomas.

Senso / CensoA palavra senso diz respeito à capacidade de julgamento, de entendimento: Sempre alegre, o Deputado é conhecido pelo seu aguçado senso de humor.A palavra censo significa levantamento estatístico do conjunto de indivíduos de um dado grupo ou que vivem em certo espaço (= recenseamento).

Sentar-se à mesa Ninguém se senta na mesa para comer, seria anti-higiênico e indelicado, portanto as pessoas sentam-se à mesa. Normalmente, senta-se no banquinho, numa cadeira, mas na mesa não. Da mesma forma que não nos sentamos no piano para tocar, mas nos sentamos ao piano.Outra questão. O verbo sentar no sentido de dobrar o próprio corpo é reflexivo: sentar-se, embora no coloquial o verbo "sentar" esteja se tornando intransitivo, como na frase: Sentou no chão.

Seja/ esteja Seja/sejam, esteja/estejam são formas corretas dos verbos ser e estar. Não existem seje/sejem nem esteje/estejem. Já o verbo desejar faz o presente do modo subjuntivo em deseje, desejes, deseje, desejemos, desejeis, desejem.

Senão/ se nãoSE NÃO1. Se não (trata-se da conjunção se com o advérbio não): pode ser substituído por caso não: Se não chover (caso não chova.)2. Equivale ainda a quando não:Seriam como irmãos, se não (quando não) como pais e filhos.3. O se é conjunção integrante e introduz oração que funciona como objeto direto: O repórter perguntou se não era melhor adotar outra solução.

SENÃOPode ser substituído por:1. Do contrário, de outra forma, aliás: Ande logo, senão chegaremos atrasados.2) A não ser, mais do que, menos, com exceção de: Não vieram senão eles.3) Mas, mas sim, mas também: Isso não cabe a ele, senão aos amigos.4) De repente, de súbito, eis que (como senão quando): Eis senão quando todos o viram chegar.5) Mas antes, mas sim (como senão que): Agora, não falará apenas por uma

rede de TV, senão que por todas as emissoras.6) Falha, defeito, obstáculo (como substantivo): Não há pessoa sem senão.7) Senão a: antes de pronomes, use sempre senão a: Não tinha outros parentes senão a eles.( Manual do Estadão, página 264)

Sentar na mesa? Se a pessoa puxa a cadeira para perto da mesa e senta no móvel adequado, então, o certo é “à mesa”. Sentar na mesa é falta de respeito. Separação silábica 2 - translineaçãoHá algumas observações a ser observadas na translineação:1. Evite-se escrever uma vogal isolada no fim ou início de uma linha (o computador também faz assim).2. Evite separar as sílabas de nomes próprios personativos.3. Evite-se deixar em uma das linhas uma parte da palavra que possa ser linda como calão ou baixo calão. Ex.: após-tolo, vaga-bunda.4. Evite-se separa o hiato em final de palavra. Exemplo: ba-ú.Para alguns autores, quando a translineação acontece num lugar da palavra em que há hífen, esse se repete no início da linha seguinte, mas isso não é consensual, e o computador não tem essa prática na digitação de textos. Ex.: disse-/-lhe, infra-/som.

Separação de sílabas (ditongo, hiato e tritongo) Inicialmente, é sempre bom lembrar que não há na língua portuguesa uma sílaba sem vogal e que a letra "a" nunca funciona como semivogal. Também é importante registrar que a letra está para a escrita como o fonema está para a pronúncia, a fala.  Há três tipos de encontros vocálicos (de vogais): ditongo, hiato e tritongo. O DITONGO é composto por vogal + semivogal (ditongo decrescente), como: papai, mamãe; por semivogal + vogal (ditongo crescente), como: série, história. Os ditongos são inseparáveis na hora de dividir a palavra em sílaba: pa-pai, ma-mãe, sé-rie, his-tó-ria. SEMIVOGAL é uma vogal mal pronunciada, quase desparece no conjunto do encontro vocálico. Ela é parecida com a consoante, que sempre precisa de uma vogal para ser pronunciada. O HIATO já é composto por duas vogais plenas (vogal + vogal): hiato, saúde, Luís, balaústre, juiz, rainha. Na divisão sílábica, as duas vogais ficam separadas, cada uma numa sílaba: hi-a-to, sa-ú-de, Lu-ís, ba-la-ús-tre, ju-iz, ra-i-nha. Não é qualquer conjunto de três vogais que pode ser classificado de TRITONGO, como: assembléia. O tritongo possui uma fórmula fixa: semivigoal + vogal + semivogal: quais, U-ru-guai. As-sem-bléi-a possui vogal + semigoval + vogal, havendo um ditongo formando hiato com o /a/. O caro leitor percebeu que o tritongo é inseparável: Pa-ra-guai, en-xá-guam. Veja a separação de sílabas nas palavras seguintes: Goi-ás, Pi-au-í, sa-bí-eis, cai-a, pa-ra-guai-a, cai-as, guai-ais (tritongo + ditongo) do verbo guaiar: lamentar.

Separação silábica 2 - translineaçãoHá algumas observações a ser observadas na translineação:Evite-se escrever uma vogal isolada no fim ou início de uma linha (o computador também faz assim). Evite separar as sílabvas de nomes próprios personativos. Evite-se deixar em uma das linhas uma parte da palavra que possa ser linda como calão ou baixo calão. Ex.: após-tolo, vaga-bunda. Evite-se separa o hiato em final de palavra. Exemplo: ba-ú. Para alguns autores, quando a translineação acontece num lugar da palavra em que há hífen, esse se repete no início da linha seguinte, mas isso não consensual e o computador não tem essa prática. Ex.: disse-/-lhe, infra-/som.

Ser / ir - verbos Os verbos ser/ir possuem a mesma forma de conjugação no pretérito perfeito do indicativo: eu fui/ tu foste/ ele foi/ nós fomos/ vós fostes/ eles foram. Exemplos:  Eu fui um bom jogador. (Verbo ser.) Eu fui a Roma. (Verbo ir.) Como o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, pretérito imperfeito do indicativo e futuro do subjuntivo são tempos derivados do primeiro, a identidade entre a conjugação dos dois verbos permanece neles também. Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: eu fora/ tu foras/ ele fora/ nós fôramos/ vós fôreis/ eles foram. Exemplos: Fôramos para o Canadá em 1994, mas em 1995 fomos ao Japão. (Verbo ir.) Fôramos amigos, enquanto tínhamos algo em comum. (Verbo ser.) Pretérito imperfeito do subjuntivo: se eu fosse/ tu fosses/ ele fosse/ nós fôssemos/ vós fôsseis/ eles fossem. Se fossem embora, seria uma boa medida. (Verbo ir.) Se fossem amigos, o problema estaria resolvido. (Verbo ser.) Futuro do subjuntivo: quando eu for/ tu fores/ ele for/ nós formos/ vós fordes/ eles forem. Exemplos: Quando eu for embora, você sofrerá. (Verbo ir.) Quando eu for dentista, tratarei de seus dentes. (Verbo ser.)

Seu João ou "Seo" João?  A forma popular do pronome de tratamento "senhor" é "seu". O correto é dizer "Seu João", assim registram os dicionários Aurélio, no primeiro verbete "seu", e Cândido Jucá (Dicionário Escolar de Dificuldades da Língua Portuguesa), no verbete "senhor".

Shopping/ xópin A expressão completa em Inglês só pode flexionar o substantivo center: shopping centers. Shoppings centers é uma versão impossível. Apenas shopping, substantivado, à moda brasileira, pode flexionar em número: Construíram um shopping/ Construíram vários shoppings.

Há duas outras opções: usar a tradução da expressão inglesa, centros comerciais, ou o aportuguesamento de "shopping": xópin, xopins. Esta última requer um pouco mais de coragem, mas começa a ser usada. Luís Fernando Veríssimo é um exemplo. 

Siglas?  A sigla é um tipo de abreviatura. Ela tem o gênero da primeira palavra que a compõe. DAEA, por exemplo, é o DAEA porque o "D" quer dizer departamento (palavra masculina). Quando a primeira palavra da sigla estiver no plural (CEASA - Centrais de Abastecimento S.A.), prevalece a concordância com ela.  Exemplo: As CEASA colaborarão com o consumidor.  Confesso que não é o uso corrente. Fala-se até "O CEASA..." Fuvest ou FUVEST? As duas formas estão corretas porque as siglas longas podem ser escritas apenas com a letra inicial maiúscula: Ceagesp, Ceasa, Dersa, Cogesp. Quando devo usar ponto em sigla?  Se a sigla formar sílabas, como se fosse uma palavra, não se usa o ponto: Ceasa, Fuvest, Daea. Do contrário, o ponto é usado, como: C.E.E. (Conselho Estadual de Educação), D.S.T. (doenças sexualmente transmissíveis), E.E.P.G. (escola estadual de primeiro grau) Aids ou aids? Como Aids é uma sigla, a inicial deve ser maiúscula. O Brasil adotou a sigla inglesa, em português ou espanhol seria Sida (adotada pela Argentina). Acho que foi interferência de Nossa Senhora Aparecida... a nossa Cida querida. Não ia ficar bem dizer que o fulano morreu de Sida. A AEA ou o AEA?  Imprensa e rádio araçatubenses (a mídia paulistana prefere o nome da cidade: o Araçatuba) têm usado as duas formas, e elas estão corretas. Quando se escreve "A AEA..." a concordância é feita com a primeira palavra da sigla "Associação Esportiva de Araçatuba"; quando se fala (ou escreve) "O AEA", faz-se uma silepse de gênero porque a concordância é feita com a idéia de "time". Errado mesmo é falar "O time do AEA." ou "A equipe do AEA." Toda abreviatura termina em ponto? Sim. Exemplos: séc., núm. O ponto só não é usado nas abreviaturas de caráter internacional, como: kg (quilograma), g (grama), km (quilômetro), m (metro), h (hora) e outras.

Sinais gráficos: * , # e §. * asterisco: sinal gráfico em forma de estrela (*), empregado para remissão a uma nota no pé da página, ou no fim do capítulo ou do volume (podendo, nestes casos, vir entre parênteses, ou seguido de um arco de parênteses, ou isolado); para substituir um nome que não se quer mencionar (caso em que se usa em grupo de três, dispostos horizontalmente), ex.: o Marquês ***; para separação de períodos (podendo então ser usado simples: *, ou em grupos de três: ***); ou ainda, como símbolo de uma convenção. Dicionário Aurélio. § -  Sinal que separa seções em textos de leis. Dicionário Aurélio. # - conhecido como jogo-da-velha, mas a Telesp Celular chama-o de sustenido, nomenclatura da Música. 

Símbolo &O ampersand (&) ou "e" comercial é um caracter ou símbolo utilizado para substituir a conjunção entre nomes de empresas (daí o seu nome incluir a palavra comercial). Por outro lado, no contexto das linguagens de

programação, como C, o "&" simboliza uma operação AND (conjunção) bit-a-bit, enquanto que dois "&&" simbolizam uma conjunção lógica. É uma espécie de monograma que representa a conjunção latina et (mãe de nossa conjunção aditiva E). Trata-se de uma ligatura - combinação do desenho de duas letras num único sinal, usado para aumentar a velocidade da escrita manual - desenvolvida por Marcus Tullius Tiro, secretário de Cícero, o grande orador romano. Para poder registrar os discursos e da correspondência ditada por este último, Tiro, que era um escravo liberto, criou várias formas de acelerar a escrita, sendo por isso considerado o avô da taquigrafia. Embora o traçado do símbolo tenha evoluído até deixá-lo visualmente desvinculado da forma original, em algumas famílias de fontes ainda é possível enxergar as duas letras que ele representa (Wipedia).

Sob / SobreSob significa "debaixo de". Sobre quer dizer "em cima de" ou "a respeito de". Assim, são incorretas as frases Ficou sobre a mira do assaltante; Sobre esse ponto de vista, você está certo (o certo é sob a mira e sob esse ponto de vista).

Sobressair ou sobressair-se? “Sobressair” não é um verbo pronominal, portanto não tem o “se”. Exemplos: Ele sobressai (e não “sobressai-se”) entre os colegas. Foi o jogador que mais sobressaiu (e não “sobressaiu-se”) na partida. Verbos que também não são pro-nominais: simpatizar (e derivados), confraternizar e deparar. 

Sofrer -  uso do verbo  "A entrega do IR de pessoa física pode sofrer prorrogação." Como diz Josué Machado: "o verbo sofrer carrega as dores do mundo". Assim: O salário sofre reajustes. O prazo sofre antecipação. A doença sofre melhora. Nestes casos, o verbo "sofrer" foi usado indevidamente, como muleta de quem não possui riqueza vocabular.

Subdelegada/subdelegacia Um jornal escreveu subdelegada junto e separou sub-delegacia no texto de uma mesma reportagem. O prefixo "sub" só admite hífen com a palavra seguinte começando por "r", como: sub-região. Subdelegada e subdelegacia não possuem hífen. Outra incoerência cometida pelo mesmo jornal: grafa a palavra "mototáxi" sem o hífen, mas "moto-serviço" com ele. Para ser coerente, "motosserviço" deveria ser grafado assim, como "minissaia" o é

Subsídio (pronúncia)O professor Sacconi afirma que a palavra "subsídio" é pronunciada como obseqüente, obsessão, observação, obsoleto. "Obséquio" já é diferente porque, segundo ele, já veio com som de Z diretamente do latim.

Substantivos coletivos

Pesquisando, encontrei esse conteúdo, mas ele não é muito exato na resposta."Aos coletivos indeterminados acrescenta-se, em regra , o nome do ser a que se refere. Assim, dizemos: um bando de crianças, um bando de aves, um renque de colunas, um renque de árvores ." Portanto, de acordo com o acima

exposto, teríamos: um bando de escorpiões .Já para o "Dicionário Michaelis" temos o seguinte:"Na maioria dos casos, a forma coletiva se constrói mediante a adaptação do sufixo conveniente: arvoredo (de árvores), cabeleira (de cabelos), freguesia (de fregueses), palavratório (de palavras), professorado (de professores), tapeçaria (de tapetes) etc." Então, para escorpiões seria escorpionada? Andressa Araújo Martins.RESPOSTA: a internauta está analisando a língua como se ela fosse um sistema sem desvios. Nem todos os substantivos têm o coletivo correspondente. As duas possibilidades (e não regras) apontadas por você estão corretas, mas nem sempre ocorrem. Lembre-se: a língua é construída por seus usuários, por isso possuem desvios, ilogicidades.

Suicidar ou suicidar-se? O Getúlio suicidou/ suicidou-se? O verbo suicidar ‹ pronominal por natureza (verbo pronominal é aquele que é conjugado com o pronome), sempre por isso a forma correta é "Getúlio suicidou-se.". Há verbos essencialmente pronominais: arrepender-se, queixar-se, suicidar-se, indignar-se, resignar-se e outros, como há verbos que …às vezes são pronominais: magoar-se, irritar-se, separar-se, ferir-se, comunicar-se, ferrar-se e muitos outros.

Tão pouco e tampouco 

A expressão "tão pouco" acompanha um substantivo; e a palavra "pouco", no caso, é variável. Veja: Eu tive tão pouco tempo para preparar a festa de Natal. Eu estava com tão pouca disposição para o trabalho!  A expressão "tampouco" se refere a um verbo; é, portanto, invariável e significa "também não". Veja: Se a professora não resolveu o problema, tampouco o inspetor o resolverá. 

Tapuer

Aquelas vasilhas de plástico que servem para guardar comida na geladeira e eram vendidas em reuniões domiciliares tinha a marca Tupperware. Eram caríssimas, adquiridas apenas por madames.Hoje, alguns anos depois, tais recipientes de plásticos são comuns, produtos preferidos das lojas de R$ 1,99, mas como temos a mania de trocar a marca pelo produto, como chamar de gilete qualquer lâmina de barbear, de brama todas as cervejas e bombril qualquer palha de aço, tupperware passou a designar qualquer vasilha de plástico.Tal estrangeirismo não consta de dicionários, nem a forma aportuguesada tapuer. Há na internet o registro também de “tapoer”.

Taramela ou tramela? 

As duas formas existem. No sentido de peça de madeira, que gira ao redor de um pino. Tramela é a pronúncia popular de taramela.

Tem/têm 

Tem (singular): Marcos tem muitos brinquedos. Têm (plural): As crianças têm muitos brinquedos. Não existe a forma "têem". Assim também se conjuga o verbo vir: Vem (singular): Alberto vem para cá hoje. Vêm (plural): Papai e mamãe vêm para ver a situação. A forma "vêem" é do verbo "ver". 

Terçol ou tersol

Não existe “tressol”. O que existe é “terçol” com “ç” (pequeno abscesso no bordo as pálpebras) e “tersol” com “s” (toalha de igreja para o sacerdote limpar as mãos). Também estão erradas as palavras: desinteria, estigmatis-mo, infarte, panariço. Estão certas: disenteria, astigmatismo, enfarte, enfarto ou infarto, panarício ou panariz.

"Ter que" ou "ter de"?

Não há uma regra definitiva. Existem duas regras que estão se tornando consenso. Elas vão transcritas abaixo. Na dúvida, o leitor deve escolher a que mais lhe convier.  1) Recomenda-se o uso de “ter que” quando se subentende alguma coisa antes do “que”. Exemplos: Tenho muito (muitas coisas) que fazer hoje. / Tinha (coisas) que fazer. /Terá explicações que lhe fazer. 2) Aconselha-se o uso de “ter de” se antes do “de” se subentende alguma necessidade ou obrigação. Exemplos: Tenho (obrigação ou necessidade) de fazer isso hoje./ Tinha (necessidade)  de comprar o remédio. / Temos obri-gação de prevenir tudo.  Na verdade, o leitor deve escolher a que mais lhe convier.

Terminar / acabar "O prefeito terminou de chegar para o ato público", disse o repórter. Na verdade, seria mais adequado falar: "O prefeito acabou de chegar para o ato público". Deve-se evitar o uso do verbo terminar mais infinitivo. Em vez de "terminou de chegar", é melhor "acabou de chegar"; em vez de "terminou de escrever um livro", prefira "acabou de escrever um livro". Como escreve o professor Sérgio Nogueira: "acabar também merece uma observação. Devemos evitar seu uso com os verbos começar, iniciar, terminar ou com o próprio verbo acabar. Observe como soam estranhas as construções a seguir: O jogo acabou de começar; O filme acabou de terminar. Pior ainda é a aula que acabou de acabar".

Tigresa

A edição de 1964 do dicionário Aurélio já registrou a forma “tigresa” para o feminino, como uso próprio do estado do Paraná. Caetano apenas generalizou-o para todo o Brasil com sua música, pois todos os dicionários atuais apontam

“tigresa” como feminino de tigre. A gramática de Celso Cunha, atual, versão eletrônica, continua registrando o substantivo “tigre” como uniforme, ou seja, de gênero epiceno: tigre macho, tigre fêmea. Não a atualizou ou acha inadmissível tal feminino.

Til - onde colocá-lo?

Ao escrever um texto à mão, às vezes, as pessoas têm dúvida onde colocar o til, principalmente nas terminações “oes”, “aos”e “aes”. Há quem faça um til maior, pegando as duas vogais. Isso não é correto. O til é colocado sobre as vogais “a” e “o” para indicar a nasalização dessas vogais ou do ditongo de que fazem parte. Segundo o professor Odilon Soares Leme, nos documentos antigos, em português ou latim, feitos pelos copistas, esse sinal era colocado sobre a vogal para substituir as letras m ou n, geralmente do final da palavra. Tem a forma de um S deitado e invertido, ficando parecido com um n pequeno, colocado sobre a letra. A palavra til veio para o português do castelhano tilde, que por sua vez remonta ao latim titulus, com o significado de "inscrição", "algo sobrescrito". No espanhol, o til é usado sobre o n para formar a letra ñ (eñe), que corresponde ao nosso nh, como na palavra niño, que quer dizer "menino". No português atual, o til se coloca só sobre uma letra, para indicar a nasalização do a (irmã), ou a nasalização dos ditongos: ãos (irmãos), ões (limões), ães (pães).

Tipo assim

Aceitável apenas na linguagem coloquial (mas não nos textos formais) em frases como: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assim, assuntando./Era um homem tipo assim, quem tudo sabe./Era uma mulher tipo assim, perua.     

Nem metaforicamente (pela linguagem figurada ou transporte de significados) há lógica na expressão.

O que vemos é uma chuva de “tipo assim, cara..”,  “tipo assim, não gosto de estudar.”  É um modismo da juventude, como acontece com todas as gerações.

"Tipo assim" e "a nível de"

Aceitável na linguagem coloquial, mas abominadas pela gramática tradicional nos textos formais, as frases: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assim, assuntando./Era um homem tipo assim, quem tudo sabe./Era uma mulher tipo assim, perua. Nem metaforicamente (pela linguagem figurada ou transporte de significados), há lógica na expressão. Atualmente, há uma chuva de "tipo assim, cara..", "tipo assim, não gosto de estudar." É um modismo da juventude, como acontece com todas as gerações. "A locução 'a nível de', modismo desnecessário e condenável, tornou-se uma das mais terríveis muletas lingüísticas da atualidade, em substituição a praticamente tudo que se queira", afirma Eduardo Martins, no Manual de

Redação do Estadão. O manual apresenta alguns exemplos de como evitar a expressão: Decisão "a nível" de diretoria (decisão de diretoria). / Decisão "a nível" de governo (decisão governamental). / Reunião "a nível" internacional (reunião internacional). / O clube está fazendo contratações "a nível de" futuro (contratações para o futuro). / A proposta pelo jogador será "a nível de" (em torno de) 5 a 6 milhões de dólares. / Pude avaliar o técnico "a nível de" (como) uma pessoa pública. / Ela, "a nível da" (em relação à) eleição, só pretende votar bem. / "A nível de" (como) jornalista, prefere assuntos mais leves. Em determinados casos podem ser usadas as locuções "no plano (de)" e "em termos de". Ou, em última instância, "no nível de" e "em nível de" (uma vez que "nível" rejeita o a sozinho): Os candidatos teriam hoje, "a nível" nacional (no plano nacional, em termos nacionais), 24% das intenções de voto. / O grupo elevou a entidade "a nível" primeiro-mundista (ao nível primeiro-mundista). Existe ainda "ao nível de", mas apenas com o significado de "à mesma altura": ao nível do mar.

Tivesse ou estivesse? Internauta pergunta se na frase "... ele sentiu-se como se tivesse (ou se estivesse) fazendo...". Qual é diferença entre tivesse e estivesse? Estivesse é do verbo estar, enquanto tivesse, do verbo ter. Como no linguajar popular se fala, às vezes, "tava" em vez de estava, "tá" em vez de está, quando o usuário chega ao pretérito imperfeito do subjuntivo,acontece também "tivesse"em vez de estivesse. Como "tivesse" existe também no verbo TER, surge a confusão. Conjuguemos os dois verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo: ter: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se ele tivesse. estar: se eu estivesse, se tu estivesses, se ele estivesses, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles estivessem. "Estar" e "ter"são verbos auxiliares também, fazendo parte de locuções verbais: tenho calado/ tivesse calado, estava calado/ estivesse calado, por isso a confusão se aprofunda ainda mais. Recomendei à internauta que fizesse o teste, mudando o tempo verbal do verbo em questão, no caso de sua frase: ... ele sentiu-se como se tivesse ou se estivesse fazendo ... ... ele sentiu-se como se tinha ou se estava fazendo ... Qual das alternativas deu sentido? Lógico que foi "estava fazendo". Então, na sua frase, o certo é "estivesse fazendo". Dou o mesmo conselho ao internauta.

Todo / Todo oTodo o (toda a) significa inteiro: Andou por toda a cidade (pela cidade inteira); Toda a bancada (a bancada inteira) foi advertida.Sem o artigo, todo (toda) quer dizer cada, qualquer: Em toda cidade (qualquer cidade) por onde andou, obteve expressivo apoio; Todo homem (cada homem) é mortal; Toda nação (qualquer nação) tem inimigos. No plural, todos exige o artigo os: Todos os eleitores depositaram seus votos na urna; Era difícil apontar todas as contradições do texto.

Torácica ou toráxica? 

Tórax é escrito com x, mas o adjetivo torácico é com c. Fenômeno semelhante ocorre com as palavras terminadas em z: feliz, voraz, feroz, veloz. Embora sejam escritas com a letra z, é interessante observar que o som é de s. E, para manter esse som de s, as palavras derivadas são escritas com c: felicidade, voracidade, ferocidade, velocidade.

Translineação – divisão silábica

Translineação significa mudança de linha. 1. Evite-se escrever uma vogal isolada no fim ou no início de uma linha. Exemplo: a-cento ou assembléi-a. 2. Evite-se separar as sílabas de nomes personativos (próprios). 3. Evite-se deixar em uma das linhas uma parte da palavra que possa ser lida como calão ou baixo calão. Exemplos: após-tolo, vaga-bunda. 4. Evite-se separar o hiato em final de palavra. Exemplo: já-ú (o peixe). 5. Para alguns autores, quando a translineação acontece num lugar da palavra em que há hífen, este se repete no início seguinte. O computador não faz isso. Exemplo: disse-/-lhe ou infra-/-som.  (in Gramática pela Prática, Ernani Filgueiras Pimentel, Editora VestCon)

Trema 

Muitos pensam que o trema não existe mais. Existe. Faz parte do sitema ortográfico vigente e deve ser usado quando a letra U for pronunciada atonamente nos grupos QÜE ,QÜI e GÜE, GÜI. Um exemplo claro e muito conhecido é a palavra CINQÜENTA. Veja nas cédulas de CINQÜENTA reais. Há outra palavra muito bonita e interessante que, normalmente, as pessoas pronunciam de forma errada: QÜIPROQUÓ. QÜIPROQUÓ é uma expressão latina que significa confusão. O trema deve aparecer no primeiro U. O segundo U não está em nenhum dos grupos que exigem esse sinal.(Prof. Pasquale) Veja o esquema abaixo para entender melhor: Ca, que, qui, co, cu Qua, qüe, qüi, quo,  - Ga, gue, gui, go , gu Gua, güe, güi, guo,  -

Treminhão

Eu viajava para Ribeirão Preto, quando vi placas à beira da rodovia com a seguinte inscrição: "Tráfego de treminhões". Consultei meu companheiro de viagem, quando soube que "treminhões" são caminhões que puxam vários vagões no transporte de cana até as destilarias de álcool. Está aí um neologismo (palavra nova) feito do acoplamento de trem + caminhão = treminhão. Palavras formadas através deste processo se chamam "palavra-valise", como: brasiguaio, portunhol.

Tisuname ou tsunami ou tisunâmi?

O vocábulo chegado da Ásia é masculino ou feminino? O jornal O Globo oscilou entre masculino e feminino. Por fim, rendeu-se ao feminino. Mas a TV Globo preferiu onda gigante. O Estado de São Paulo adotou o masculino, pois utilizou como critério que está implícito ali um fenômeno e não uma onda. Quem adotou o feminino, considerou que está subentendido ‘onda’. Foi o caso desta Folha. O dicionário Houaiss afirma que ‘tsunami’ veio do japonês ‘tsu’, porto, e ‘nami’, onda (masculino). Já para a esteira de palha de arroz, presente nas residências japonesas e utilizadas nas lutas de caratê e de judô, o mesmo dicionário registra ‘tatame’ e ‘tatâmi’, ambos masculinos, mas adverte que a segunda opção é menos usada. Por que não ‘tisuname’? Sou pelo aportuguesamento, mas nas minhas férias esta Folha adotou tsunami (feminino). Não houve erro, foi uma opção. Na importação de neologismo, no início, não há um consenso, os estudiosos ainda estão tateando, consolidando conceitos. Assim, cada órgão de imprensa toma uma posição.

Um dos (concordância) Por que tais frases estão corretas quanto à concordância? a) O Tietê é um dos rios paulistas que atravessa o Estado de São Paulo. Explicação: O uso do singular (atravessa) é recomendado porque o verbo se refere a um só ser, e não a mais de um: dos rios paulistas, o Tietê é o único que atravessa o Estado de São Paulo.  b) O Sol é um dos astros que dá luz e calor à Terra. Explicação: a mesma do período “a”. c) O Tietê é um dos rios paulistas que estão poluídos. Explicação: cabe o plural (estão) porque a referência verbal se faz a dois ou mais seres, e não apenas a um; dos rios paulistas que estão poluídos, o Tietê é um deles, não o único.  d) O Sol é um dos astros que possuem luz própria. Explicação: a mesma do período “c”. 

Vacilo ou vacilada

Os repórteres e comentaristas esportivos usam “vacilo” em vez de “vacilação” ou “vacilada”. O Vocabulário Ortográfico não registra vacilo, enquanto os dicionários Aurélio e Houaiss o fazem, como brasileirismos (português do Brasil). Sempre lembrando que os dicionários não são normativos, eles marcam o uso, popular ou culto. Se o leitor estiver em busca a linguagem mais formal, a melhor opção seria vacilação. Não se melhora nada a linguagem trocando vacilo por vacilada, pois ambos são classificados como brasileirismos próprios da linguagem informal. Na tradição da linguagem esportiva, os termos informais vacilo e vacilada podem ser usados, com a idéia de distração ou erro, como sinônimos de bobeada. Para os ouvintes, a palavra vacilação, em lugar de vacilada ou vacilo, seria tão estranho quanto cochilação em vez de cochilo ou cochilada.

 

Veado ou viado?

Em vez de “veadagem”, se escreve “viadagem” (atos ou trejeitos exagerados de certos homossexuais; bichice).

Muitas pessoas consideram que “veado” é o animal silvestre e “viado” é o homossexual. Na verdade, há uma forma só para ambos os sentidos: veado. Não existem “viado” e nem “viadagem”.LEXICÓGRAFA DISCORDA - Em vez de "veadagem", se escreve "viadagem" (atos ou trejeitos exagerados de certos homossexuais; bichice). Muitas pessoas consideram que "veado" é o animal silvestre e "viado" é o homossexual. Na verdade, há uma forma só para ambos os sentidos: veado. Não existem "viado" e nem "viadagem".

Como atualmente sou pesquisador na área de lexicografia, convém mencionar que discordo plenamente da colocação, contida no site sobre "veado ou viado". Em princípio, vamos aos fatos.

A palavra VEADO¹ (com "e") refere-se ao animal mamífero da família dos cervídeos que incluem: veados, cervos, alces e renas.

Já a palavra VIADO (com "i") refere-se ao homossexual masculino, empregado por nós brasileiros de forma pejorativa. Explico. A palavra viado resulta de uma truncação do adjetivo transviado², o que é até frequente na linguagem popular.

O dicionário Houaiss define da seguinte maneira o verbete transviado: 1.que ou quem se transviou; extraviado, perdido. 2.que ou aquele que não obedece os padrões comportamentais vigentes. Ainda no Houaiss, podemos encontrar esse verbete, sendo sinonímia de desgarrado que por sinal, faz todo sentido. Já o Aurélio, define sendo um 'brasileirismo' . «Diz-se de, ou aquele que se desviou dos padrões éticos e sociais vigentes»

Percebam a riqueza da acepção 2 do Houaiss, «que ou aquele que não obedece os padrões comportamentais vigentes » e a acepção concedida pelo Aurélio. Logo, um "viado" não obedece os mesmos padrões comportamentais de um homem heterossexual. Podemos realmente dizer que ele se transviou, fugiu de uma norma.

Na canção "Calúnias (Telma eu Não Sou Gay)" interpretada pelo Ney Matogrosso, se prestarmos atenção na letra e acima de tudo nos versos " Eu deixei aquela vida de lado / E não sou mais um transviado", com todo rigor de uma interpretação, perceberemos que a palavra transviado aproxima-se muito mais da definição concedida ao substantivo "viado" com "i", do que "veado" com "e". Sendo assim, nota-se que se trata de coisas distintas.

Infelizmente, como os dicionários apresentam inúmeras falhas, essa é apenas mais uma no meio de tantas outras que chega até nós usuários.

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¹ O dicionário Houaiss apresenta a seguinte acepção para o verbete veado: 4. fig (da acp.1) B tab. Homossexual do sexo masculino. Já o Aurélio. 4. Chulo Homossexual. Em relação a essas acepções penso que as equipes desses dicionários, desconheçam com todo respeito, "talvez" a truncação do verbete transviado, pois longe daquilo que se pensa, não se trata de mais uma corruptela no português do Brasil.

² Assim como transviado, segue os verbetes transexual, transformista, travesti (acepção 2 do Houaiss e 3 do Aurélio), para se referi a sexualidade humana. Junto a esses verbetes, ainda incluo o verbete desviado (olha o "i", novamente) que na acepção 2, do dicionário Houaiss, vamos nos deparar com o palavra transviado.

Gilney Tosta - [email protected]

Ver - futuro do subjuntivo

O futuro do subjuntivo (couber) é um tempo derivado do pretérito perfeito do indicativo (coubeste), como também: pretérito imperfeito do subjuntivo (coubesse), pretérito mais-que-perfeito do indicativo (coubera). Esses tempos têm o mesmo radical da segunda pessoa do pretérito perfeito do indicativo (coubeste).

Conjugação do pretérito perfeito do indicativo do verbo trazer: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram. Tire o radical da segunda pessoa: "troux" e conjugue os tempos derivados.

Assim acontece com todos os verbos regulares (não mudam o radical) e irregulares (mudam o radical).

Veja, agora, o verbo VIR no pretérito perfeito do indicativo: eu vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram, assim o futuro do subjuntivo: quando vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem.

Verbo VER, pretérito perfeito do indicativo: eu vi, tu viste, ele viu, nós vimos, vós vistes, eles viram. Então, o futuro do subjuntivo do verbo VER nasce do radical de “viste”, “vistes”, ou seja, vi + R (desinência do futuro do subjuntivo):

VIR.

Quando eu vir, tu vires, vir, virmos, virdes, virem.

Verbos abundantes

Nem precisa dizer que "abundante" e "abundância" são palavras cognatas, ou seja, pertencem à mesma família; portanto verbos abundantes são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes. É comum os livros didáticos apresentarem verbos abundantes somente de particípio. A abundância de fato acontece mais nesta forma nominal, mas também ocorre em outras formas. 

Há um verbo com dois infinitivos: fremer e fremir (estremecer, tremer, agitar-se). "Apiedar" tem duas formas para o presente e imperativo: apiedo/apiado.  Construir e destruir estão nas mesmas condições: construis ou constróis, construi ou constrói, construem ou constroem; destruis ou destróis, destrui ou destrói, destruem ou destroem. Já os verbos "instruir" e "obstruir" não possuem formas abundantes. O verbo "comprazer" tem duas formas para todo o pretérito perfeito do indicativo: comprazi, comprazeste, comprazeu, comprazemos, comprazestes, comprazeram; ou comprouve, comprouveste, comprouve, comprouvemos, comprouvestes, comprouveram. Esta abundância é transportada também para os tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, como: pretérito mais-que-perfeito do indicativo, futuro do subjuntivo, pretérito imperfeito do subjuntivo. Há também as formas abundantes: vamos/imos, entope(s)/entupe(s), faze/faz, dize/diz, traze/traz, refolgo/refólego. Algumas já são de uso arcaico.

Infinitivo Particípio regular / Particípio irregular

PRIMEIRA CONJUGAÇÃO aceitar:  aceitado /  aceito/aceite entregar:  entregado /  entregue enxugar:  enxugado /  enxuto expressar: expressado / expresso expulsar: expulsado /  expulso fartar: fartado /  farto findar: findado /  findo isentar: isentado /  isento matar: matado /  morto salvar: salvado /  salvo soltar: soltado /  solto vagar: vagado /  vago 

SEGUNDA CONJUGAÇÃO acemder: acendido /  aceso benzer: benzido /  bento eleger: elegido /  eleito envolver: envolvido /  envolto incorrer: incorrido /  incurso morrer: morrido /  morto nascer: nascido /  nato prender: prendido /  preso romper: rompido /  roto suspender: suspendido / suspenso

TERCEIRA CONJUGAÇÃO emergir: emergido /  emerso erigir: erigido /  ereto exprimir: exprimido /  expresso extinguir: extinguido / extinto

frigir: frigido /  frito imergir: imergido /  imerso imprimir: imprimido /  impresso incluir: incluído /  incluso inserir: inserido /  inserto omitir: omitido /  omisso submergir: submergido / submerso tingir: tingido /  tinto

Observações:  1) Os particípios regulares empregam-se na voz ativa, ou seja, acompanhados dos verbos auxiliares "ter" ou "haver".

2) Os particípios irregulares empremgam-se na voz passiva, ou seja, acompanhados dos verbos auxiliares "ser" ou "estar". 

3) Somente as formas irregulares podem ser usadas como adjetivo, por isso elas combinam com ser, estar, ficar, andar,  ir e vir. 

4) A forma "morto" é particípio irregular de "matar" e "morrer".

5) A forma "roto" é mais empregada atualmente como adjetivo.

6) O verbo "imprimir" possui duplo particípio somente no sentido de "estampar", "gravar". Já no sentido de "infundir", "produzir movimento" só possui a forma regular: imprimido.

7) Pelo modelo de "entregue", formou-se "empregue", de uso popular. Na região de Araçatuba esta forma irregular não é usada.

8) O particípio irregular "chego" do verbo "chegar", comum em Araçatuba, ainda não é registrado por nenhum gramático. 

VERBOS QUE SÓ POSSUEM O PARTICÍPIO IRREGULAR

ganhar: ganho gastar: gasto pagar: pago dizer: dito escrever: escrito fazer: feito ver:  visto pôr:  posto abrir: aberto cobrir: coberto  vir:  vindo

Observações: 1) O verbo "vir" faz o particípio e o gerúndio de uma única forma: "vindo".

2) Apesar do desuso, as formas regulares "gastado", "ganhado" e "pagado" podem ser empregadas.

Verbos terminados em -iar 

MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR e ODIAR, cujas letras iniciais foram o nome MÁRIO, são irregulares na conjungação porque ganham o I transformado em EI nas formas rizotônicas (acento tônico recai no radical) nas três primeiras pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do presente do indicativo e do presente subjuntivo. Exemplo: odeia, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam/ odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Os outros verbos terminados em -iar são regulares. Exemplos: afio, aprecio, chio, crio, esquio, guio, mio, premio, principio e outros. A exceção é MOBILIAR, nele as formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) têm acento tônico na sílaba BI (conseqüente acento gráfico) e não na LI: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam/ mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.

Verbo ver - futuro do subjuntivo

Diante do esquema dos tempos primitivos e derivados, o futuro do subjuntivo é derivado do tema (radical + vogal temática) do pretérito perfeito do indicativo: Eu vi/ Nós vimos Tu viste/ Vós vistes Ela viu/ Elas viram No caso do verbo "ver", o tema é "vi". Vi + r = vir, por isso o futuro do subjuntivo do verbo "ver" é assim, igual ao infinitivo pessoal do verbo vir:  Quando eu vir /  Quando nós virmos  Quando tu vires /  Quando vós virdes Quando ele vir / Quando eles virem

Vereador - etimologia

Um leitor desta Folha ligou à redação querendo saber a etimologia da palavra vereador, ou seja, a história dela, como surgiu. Talvez seja alguém que esteja preparando o discurso de posse ou queira escrever uma carta para este jornal, puxando as orelhas de algum legislador municipal. Vereador parece ter orelhas de burro, todos querem puxá-las. Na coluna diária “Entrelinhas”, de 17/9/2004, instigado pelo acadêmico Lourival Amílton Lautenschläger (o Lorico), escrevi alguma coisa superficialmente. Hoje, nesta coluna de caráter mais específico, apresento pesquisa mais aprofundada, posso ir além do Manual do Vereador, editado pelo CEPAM, 1983. A palavra vereador vem do verbo verear, que, segundo o dicionário Houaiss, veio do português arcaico “verea” por “vereda +-ar”. E manda o usuário observar o radical “vered”. No verbete “vered”, o dicionário afirma que entre o espanhol “veredero” e o português “vereador” há um sentido inicial comum de administrador de caminhos (veredas) e coisas de interesse municipal, donde “verear”, já em 1352, com o sentido de governar um lugar, uma região, um país.

Vereador, então, significava pessoa que vereia, isto é, pessoa que tinha a incumbência de vigiar pela comodidade, bem-estar e sossego dos munícipes. Atualmente, vereador é membro de câmaras municipais, legislador municipal. Aquele que devia ficar de olho nas ações do prefeito.

Viagem/viajem 

Viagem: substantivo. Exemplo: A viagem transcorreu normal. Viajem: verbo viajar Exemplo: Quero que todos viajem!

Vim ou vir?

As duas formas são corretas, mas dependem da situação em que foram empregadas. “Vim” é a primeira pessoa (eu) do pretérito perfeito do indicativo do verbo “vir”: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram. “Vir” é o infinitivo impessoal do verbo, a forma como ele é apresentado no di-cionário. Em frases como: “Ele ficou de vim aqui hoje” há erro. “Ele ficou de vir aqui hoje” é a forma correta. “Vim ontem para cá. /Eu vim cedo.” Estas frases estão corretas. 

Vírgula

Mais um exemplo da importância da vírgula. Um membro da Academia Francesa foi mordido por um cachorro. A família toda ficou muito assustada. Puseram imediatamente o animal sob rigorosa vigilância e a vítima embarcou para o Instituto Pasteur, em Paris. Aguardavam, com visível ansiedade, notícias do cão. A chegada do telegrama, todos empalideceram: "Cachorro come nada, louco." Não havia remédio. A raiva canina é muito transmissível e perigosíssima. O ilustre paciente tinha de se submeter aos duros tratamentos anti-rábicos. Quando já sofria as desagradáveis reações das vacinas, chega um outro telegrama, retificando o primeiro: "Desculpe erro vírgula. Cachorro come, nada louco."

Vírgula com a conjunção “e”

O normal é não usar vírgula antes da palavra “e”. Como no exemplo: “Saímos pela manhã e voltamos à tarde”. Os verbos “saímos” e “voltamos” possuem o mesmo sujeito: nós. Veja outro exemplo:  Ele entrou no palco, e caiu a cortina. O sujeito do verbo entrou é ele, enquanto, do verbo caiu é a cortina. Nesse caso, com sujeitos diferentes, usa-se a vírgula antes da conjunção “e”, embora o Manual do Estadão não recomende a presença da pontuação. É normal também o uso de um entre-vírgulas após a conjunção “e”, fato que só deve ocorrer, quando se quer isolar um elemento que esteja fora de ordem. Ordem direta:

Almejamos a vitória e a alcançaremos apesar dos obstáculos. Ordem indireta: Almejamos a vitória e, apesar dos obstáculos, a alcançaremos.

Vírgula no aposto Se uma pessoa ocupa um cargo de vereador no município, se escreve: O vereador José Antunes elogiou o prefeito, Ataíde Jequitibá. Não se usou a vírgula depois da palavra vereador, porque o nome do vereador é um aposto de especificação, pois há outras pessoas na cidade que exercem o mesmo cargo. Como se escrevesse: A rua Marechal Deodoro é a principal via pública de Araçatuba. Marechal Deodoro é aposto de especificação do substantivo rua.

E por que usou vírgula quando citou o prefeito? Como há um só no município, nem precisaria explicar quem era, só diria o cargo. Mas o redator era um assessor, quis deixar claro o nome do seu chefe. Nesse caso, é um aposto explicativo, quase pleonástico, como se dissesse: O leite, líquido branco, foi colorido pelo chocolate. Líquido branco, como o nome do prefeito, é aposto explicativo.

Vítima fatal

Vítima fatal - fatal significa mortífera, que causa a morte, portanto o acidente ou a pancada pode ser fatal, nunca a vítima.

Vistar. Existe esse verbo?

Essa pergunta é de uma internauta. Não. Existem os verbos ver e visar, cujos particípios são "visto" e "visado". Há também o substantivo "visto", que significa declaração de que determinada autoridade examinou os documentos. "Vistar" é um neologismo do jargão burocrático derivado de "visto", que significa pôr no processo tal declaração, mas ainda não foi incorporado pelos dicionários e pelas gramáticas. Como os verdadeiros construtores de uma língua são seus usuários, logo o teremos incorporado. O mesmo processo aconteceu com o verbo "inspecionar". A língua já possuía o "inspetar" que deu origem ao substantivo "inspeção", ato de inspetar, mas de "inspecão" acabou nascendo um outro verbo com o mesmo sentido "inspecionar". 

“Você” como interlocutor imaginário é erro

Há vestibulandos que põe em seus textos um interlocutor imaginário, como se estivesse conversando com alguém. Veja a frase: “Para isso, você preci-sa ter um governo sem rabo preso...” Ficaria melhor se fosse  construída assim: “Para isso, é necessário ter um governo independente, com apoio popular...” Wanderley Luxemburgo, por exemplo, tem a mania de empregar esse “você” (interlocutor imaginário) em suas entrevistas. Na fala, é tolerável, mas mesmo assim ele cria situações embaraçosas, como aquela citada por Pas-quale Neto. Uma mulher que era entrevistada falou assim para o repórter (homem): “Quando você está grávida...” O repórter fez cara de espanto.

Na verdade, o “você” não era o repórter, era um interlocutora imaginária. Ficaria melhor assim: Quando uma mulher estiver grávida...

Vossa Excelência

V. Exa. é generoso. Está certa essa concordância? Sim, está certa, desde que a pessoa tratada por Vossa Excelência seja homem. Há na frase uma silepse de gênero. Se for mulher, será “V. Exa. é generosa”. Abreviatura de Vossa Excelência é V.Exa. V. Excia. está errado.

Vossa Excelência / Sua Excelência

Antes dos tratamentos “Excelência”, “Senhoria”, quando se está falando com a pessoa, emprega-se “Vossa”.  Exemplo: Como vai Vossa Excelência? Usa-se o possessivo “sua” quando se está falando sobre a pessoa, a respeito da pessoa.  Exemplo: O vereador disse da tribuna do Legislativo, na ausência da prefeita: “Sua Excelência não está administrando bem a cidade”. 

Votos brancos?

Não há voto branco, apenas voto em branco. A folha de papel, sem nada escrito, é uma folha em branco. Assim também é o voto, a pessoa não escreveu nada na cédula. Agora, com as urnas eletrônicas, mais ainda, pois não se vê nem a cor da cédula. Veja bem: voto nulo/votos nulos; voto em branco/votos em branco.

Vou ir

Internauta quer saber se a frase "Pode esperar, eu vou ir, sim!" está correta. "Vou ir" é uma locução verbal cujos verbos são os mesmos (ir + ir). Luiz Antônio Sacconi diz que os verbos "ir" e "vir" podem ser auxiliares de si próprios, desde que haja uma justificativa. Se a frase fosse "Pode esperar, eu já vou indo, sim!" a locução verbal acrescentaria um aspecto verbal novo ao seu sentido. O emissor da frase já está a caminho quando responde à pergunta. Já a frase do leitor me parece um pleonasmo vicioso, pois a locução verbal nada acrescenta ao sentido da frase. Seria melhor construí-la assim: "Pode esperar, eu vou (ou irei), sim!". "Vou ir" parece mais uma fuga do uso do futuro do presente do indicativo, tão pouco falado na língua coloquial.

Vozes de animais e barulhos ou ruídos de coisas

(Fonte: Dicionário Michaelis) Abelha - azoinar, sussurrar, zinir, ziziar, zoar, zonzonear, zuir, zunzum, zumbar, zumbir, zumbrar, zunzir, zunzar, zunzilular, zunzunar  Abutre, açor - grasnar  Águia - borbolhar, cachoar, chapinhar, chiar, escachoar, murmurar, rufar, rumorejar, sussurrar, trapejar, crocitar, grasnar, gritar, piar 

Andorinha - chilrar, chilrear, gazear, gorjear, grinfar, trinfar, trissar, zinzilular  Andorinhão - crocitar, piar  Anho - balar, mugir  Anhuma - cantar, gritar  Anta - assobiar  Anum - piar  Apito - assobiar, silvar, trilar  Araponga - bigornear, golpear, gritar, martelar, retinir, serrar, soar, tinir  Arapuá - V abelha  Arara - chalrar, grasnar, gritar, palrar, taramelar  Arganaz - chiar, guinchar  Ariranha - regougar  Árvore - farfalhar, murmurar, ramalhar, sussurrar  Asa - ruflar  Asno - V burro  Auroque - berrar  Avestruz - grasnar, roncar, rugir  Azulão - cantar, gorjear, trinar  Bacurau - gemer, piar  Baioneta - tinir  Baitaca - chalrar, chalrear, palrar  Bala - assobiar, esfuziar, sibilar, zumbir, zunir  Baleia - bufar  Bandeira - trepear  Beija-flor - trissar  Beijo - estalar, estalejar  Bem-te-vi - cantar, estridular, assobiar  Besouro - zoar, zumbir, zunir  Bezerro - berrar, mugir  Bife - rechinar  Bisão - berrar  Bode - balar, blalir, berrar, bodejar, gaguejar  Boi - mugir, berrar, bufar, arruar  Bomba - arrebentar, estourar, estrondar, estrondear  Búfalo - bramar, berrar, mugir  Bugio - berrar  Burro - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, relinchar, zornar, zunar, zurrar  Buzina - fonfonar  Cabra, cabrito - balar, balir, berregar, barregar, berrar, bezoar  Caburé - piar, rir, silvar  Caititu - grunhir, roncar  Calhandra - chilidar, gazear, grinfar, trinfar, trissar, zinzilular  Cambaxira, corruíra, garrincha - chilrear, galrear  Camelo - blaterar  Campainha - soar, tilintar, tocar  Camundongo - chiar, guinchar  Canário - cantar, dobrar, modular, trilar, trinar  Canhão - atroar, estrondear, estrugir, retumbar, ribombar, troar  Cão - acuar, aulir, balsar, cainhar, cuincar, esganiçar, ganir, ganizar, ladrar, latir, maticar, roncar, ronronar, rosnar, uivar, ulular 

Capivara - assobiar  Caracará - crocitar, grasnar, grasnir  Carneiro - balar, balir, berrar, berregar  Cavalo - bufar, bufir, nitrir, relinchar, rifar, rinchar  Cegonha - gloterar, grasnar  Chacal - regougar  Champanha - espocar, estourar  Chave - trincar  Cigarra - cantar, chiar, chichiar, ciciar, cigarrear, estridular, estrilar, fretenir, rechiar, rechinar, retinir, zangarrear, zinir, ziziar, zunir  Cisne - arensar  Cobra - assobiar, chocalhar, guizalhar, sibilar, silvar  Codorna - piar, trilar  Coelho - chiar, guinchar  Condor - crocitar  Copo - retinir, tilintar, tinir  Coração - bater, palpitar, pulsar, arquejar, latejar  Cordeiro - berregar, balar, balir  Corneta - tocar, estrugir  Corrupião - cantar, gorjear, trinar  Coruja - chirrear, corujar, crocitar, crujar, piar, rir  Corvo - corvejar, crocitar, grasnar, crasnar  Cotovia - cantar, gorjear  Cozimento - escachoar, acachoar, grugulejar, grugrulhar  Crocodilo - bramir, rugir  Cuco - cucular, cuar  Curiango - gemer  Cutia - gargalhar, bufar  Dedo - estalar, estrincar  Dente - estalar, estalejar, ranger, ringir, roçar  Doninha - chiar, guinchar  Dromedário - blaterar  Égua - V cavalo  Elefante - barrir, bramir  Ema - grasnar, suspirar  Espada - entrechocar, tinir  Espingarda - espocar  Esporas - retinir, tinir  Estorninho - pissitar  Falcão - crocitar, piar, pipiar  Ferreiro - V araponga  Flecha - assobiar, sibilar, silvar, zunir  Fogo - crepitar, estalar  Foguete - chiar, rechiar, esfuziar, espocar, estourar, estrondear, pipocar  Fole - arquejar, ofegar, resfolegar  Folha - farfalhar, marulhar, sussurrar  Fonte - borbulhar, cachoar, cantar, murmurar, murmurinhar, sussurrar, trapejar 

Fritura - chiar, rechiar, rechinar  Gafanhoto - chichiar, ziziar 

Gaio - gralhar, grasnar  Gaivota - grasnar, pipilar  Galinha d'angola - fraquejar  Galinha - carcarejar, cacarecar, carcarcar  Galo - cantar, clarinar, cocoriar, cocoricar, cucuricar, cucuritar  Gambá - chiar, guinchar, regougar  Ganso - gasnar, gritar  Garça - gazear  Gato - miar, resbunar, resmonear, ronronar, roncar, chorar, choradeira  Gaturamo - gemer  Gavião - guinchar  Gongo - ranger, vibrar, soar  Gralha - crocitar, gralhar, gralhear, grasnar  Graúna - cantar, trinar  Grilo - chirriar, crilar, estridular, estrilar, guizalhar, trilar, tritrilar, tritrinar  Grou - grasnar, grugrulhar, gruir, grulhar  Guará (ave pernalta) - gazear, grasnar  Guará - uivar  Hiena - gargalhar, gargalhear, gargalhadear  Hipopótamo - grunhir  Inambu - piar  Inseto - chiar, chirrear, estridular, sibilar, silvar, zinir, ziziar, zoar, zumbir, zunir, zunitar  Jaburu - gritar  Jacu - grasnar  Jaguar - V onça  Jandaia - V arara  Javali - arruar, cuinchar, cuinhar, grunhir, roncar, rosnar  Jia - coaxar  Jumento - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, zornar, zurrar  Juriti - arrular, arulhar, soluçar, turturinar  Lagarto - gecar  Lama (quando batida com as mãos, com os pés ou com o corpo) - chapinhar  Leão - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar  Lebre - assobiar, guinchar  Leitão - bacorejar, cuinchar, cuinhar  Leopardo - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar  Líquido - gluglu, gorgolejar  Lobo - ladrar, uivar, ulular  Locomotiva - apitar, resfolegar, silvar  Lontra - assobiar, chiar, guinchar  Macaco - assobiar, guinchar, cuinchar  Macuco - V inambu  Maitá, maitaca - V baitaca  Mar - bramar, bramir, marulhar, mugir, rebramar, roncar  Marreco - grasnar, grasnir, grassitar  Martelo - malhar  Melro - assobiar, cantar  Metal - tinir  Metralhadora - pipocar, pipoquear, matraquear, matraquejar 

Milhafre - crocitar, grasnar  Milheira - tinir  Mocho - chirrear, corujar, crocitar, piar, rir  Morcego - farfalhar, trissar  Mosca - zinir, zoar, zumbir, zunir, zumbar, ziziar, zonzonear, sussurrar, azoinar, zunzum  Motor - roncar, zunir, assobiar, zumbir  Mula - V burro  Mutum - cantar, gemer, piar  Onça - esturrar, miar, rugir, urrar  Onda - bater, bramir, estrondar, murmurar  Ovelha - balar, balir, berrar, berregar  Paca - assobiar  Palmas (das mãos) - estalar, estrepitar, estrugir, soar, vibrar  Pandeiro - rufar  Pantera - miar, rosnar, rugir  Papagaio - charlar, charlear, falar, grazinar, parlar, palrear, taramelar, tartarear 

Pardal - chaiar, chilrear, piar, pipilar  Passarinho - apitar, assobiar, cantar, chalrar, chichiar, chalrear, chiar, chilrar, chilrear, chirrear, dobrar, estribilhar, galrar, galrear, garrir, garrular, gazear, gazilar, gazilhar, gorjear, granizar, gritar, modular, palrar, papiar, piar, pipiar, pipilar, pipitar, ralhar, redobrar, regorjear, soar, suspirar, taralhar, tinir, tintinar, tintinir, tintlar, tintilar, trilar, trinar, ulular, vozear  Patativa - cantar, soluçar  Pato - grasnar, grassitar  Pavão - pupilar  Pega - palrar  Peixe - roncar  Pelicano - grasnar, grassitar  Perdigão, perdiz - cacarejar, piar, pipiar  Periquito - chalrar, chalrear, palrar  Pernilongo - cantar, zinir, zuir, zumbir, zunzunar  Peru - gluginejar, gorgolejar, grugrulejar, grugrulhar, grulhar  Pião (brinquedo) - ró-ró, roncar, zunir  Pica-pau - estridular, restridular  Pintarroxo - cantar, gorjear, trinar  Pintassilgo - cantar, dobrar, modular, trilar  Pinto - piar, pipiar, pipilar  Pombo - arrolar, arrular, arrulhar, gemer, rular, rulhar, suspirar, turturilhar, turturinar.  Porco - grunhir, guinchar, roncar  Porta - bater, ranger, chiar, guinchar  Poupa - arrulhar, gemer, rulhar, turturinar  Rã - coaxar, engrolar, gasnir, grasnar, grasnir, malhar, rouquejar  Raposa - regougar, roncar, uivar  Rato - chiar, guinchar  Rinoceronte - bramir, grunhir  Rola - V pombo  Rouxinol - cantar, gorjear, trilar, trinar 

Sabiá - cantar, gorjear, modular, trinar  Sagüi - assobiar, guinchar  Sapo - coaxar, gargarejar, grasnar, grasnir, roncar, rouquejar  Seriema - cacarejar, gargalhar  Serpente - V cobra  Tico-tico - cantar, gorjear, trinar  Tigre - bramar, bramir, miar, rugir, urrar  Tordo - trucilar  Toupeira - chiar  Touro - berrar, bufar, mugir, urrar  Tucano - chalrar  Urso - bramar, bramir, rugir  Urubu - V corvo  Vaca - berrar, mugir  Veado - berrar, bramar, rebramar  Vespa - V abelha  Zebra - relinchar, zurrar 

Vultoso ou vultuoso? 

Vultoso é derivado de grande vulto, que singifica volumoso. Já voltuoso significa estar atacado de voltuosidade, que incha e torce a boca. Assim o correto é "Montante vultoso".

Emprego da letra X Emprega-se a letra "x": a) normalmente depois de ditongo (vogal + semivogal ou vice-versa). Exemplos: ameixa, caixa, faixa, peixe. Exceções: caucho, recauchutafgem, recauchutar. b) em palavras de origem indígena ou africana. Exemplos: abacaxi, caxambu, orixá, xangô, xará, xavante. c) depois da sílaba inicial "en-". Exemplos: enxada, enxame, enxaqueca, enxoval. Exceções: enchova (variante de anchova) encher, enchimento, preencher (dervivadas de cheio); encharcado, encharcar (derivaddas de charco); emchumaçado, enchumaçar (derivadas de chumaço). d) depois da sílaba inicial "me-". Exemplos: mexer, mexerica, mexerico, mexilhão. Exceção: mecha (a pronúncia do "e" é aberta). (Guia Prático de Ortografia, Ernani & Nicola.)

Recebi do escritor Alaor Tristante Júnior, de Araçatuba, um poema ortográfico, cujo tema é o uso do xis. Vale a pena reproduzi-lo: 

Problemas com xis

Em geral, depois de ditongo, Escreve-se com xis: rouxinol! Que é um pássaro canoro Sempre sonoro no vate arrebol!

Início com "en" se escreve Com xis sem medo de errar: Enxúndia: gordura de porco. Enxó, enxárcia e enxaguar.

Mas cuidado com enchova Que é nome de um peixe; Este rima sempre com feixe Aquele com tomara que chova!

Há ainda outras exceções: Encher e enchente de cheio: Chumaço de que se origina enchumaçar; Charco que vem nos encharcar.

Início com "me" se grafa Com xis sem medo de errar: Mexilhão: molusco que se tarrafa. Mexer, mexicano e mexericar.

Mas cuidado com mecha Apesar de ser madeixa; Esta rima com queixa Aquela rima com flecha.

Naquelas provindas do inglês Prefira escrever sempre com xis; Desta forma, em português, Quem preferiu xópingue, bem quis.

Palavras de origem indígena E também de origem africana Escreve-se sempre com xis Sem cair na casca da banana.

Um abacaxi: a solução da gente. Xavante: tribo do Brasil central. Pixaim: liso à força de pente. Xucro: com ares de capiau.

Bem que eu quis relaxar Para vencer no xadrez Mas não consegui enxergar O xis do lixo burguês.

A bruxa da caixa Que continha ameixa Percebeu a baixa E pôs culpa na gueixa.

Ninguém é tão trouxa Para errar em fichário Enrolar-se na colcha E mexer no xarope sudário.

Gritou: "Você aí xará!" Respondi: "Diga meu Xá Que não se toma na xícara E nem com açúcar se dá."

Xícara  Este site tem a pretensão de só discutir os fatos lingüísticos. Digo isto porque meu comentário sobre a questão da "Chícara" ou "Xícara" gerou um certo constrangimento à professora em sua escola, embora não tenha dito o nome dela nem o do educandário. O Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, elaborado pela Academia Brasileira de Letras em 1943 (em vigor até hoje) e publicado pela Imprensa Nacional em 1944, traz as duas formas: xícara ou chícara.  Hermínio Sargentim, autor de livros didáticos, em sua "Gramática Básica", página 263, no qual a professora de 4ª série se baseou, faz a mesma observação. Insisto em dizer que os dicionários modernos não registram a forma "Chícara".  Quem trouxe o problema para eu comentar foi um membro da Academia Araçatubense de Letras, que fora procurado por uma mãe de aluno, no intuito de debater o assunto.

Zero-quilômetro (plural)Existe, sim, a palavra composta zero-quilômetro, cujos elementos são ligados por meio de hífen. Zero-quilômetro significa novo. Trata-se de palavra invariável, por isso não sofre modificação alguma quando usada no plural. Deve-se dizer "um carro zero-quilômetro", "dois carros zero-quilômetro".