Teria sido mais fácil nos acostumar à situação de uma...
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"Teria sido mais fácil nos acostumar à situação de uma guerra
atômica como a de Hiroshima, pois sempre nos preparamos para
ela. Mas a catástrofe aconteceu num centro atômico não militar, e
nós éramos pessoas do nosso tempo e acreditávamos, tal como
nos haviam ensinado, que as centrais nucleares soviéticas eram as
mais seguras do mundo, que poderiam ser construídas até mesmo
na Praça Vermelha. O átomo militar era o de Hiroshima e
Nagasaki, o átomo da paz era o da lâmpada elétrica de cada casa.
Ninguém imaginava que ambos os átomos, o de uso militar e o de
uso pacífico, fossem gêmeos."
Svetlana Aleksiévitch
1. INTRODUÇÃO
No dia 26 de abril de 1986, o mundo foi abalado pelo que foi considerado o maior
acidente nuclear da história da humanidade. Na usina de energia nuclear de Chernobyl, um
dos reatores explode resultando em um incêndio e derretimento nuclear. Uma nuvem
radioativa viaja agora sobre um número cada vez maior de países, levada pelo vento e pela
chuva às casas de milhares de pessoas. Não há certeza de segurança na Europa e, diante de
tamanho caos, até mesmo os mais importantes chefes de Estado não sabem como lidar com a
situação.
Em apenas alguns dias, já se observa um vasto leque de providências extremamente
discrepantes entre si apresentadas por países que, geograficamente, possuem o mesmo risco
de exposição à radioatividade. Tornaram-se necessárias reuniões extraordinárias de diversos
comitês das Nações Unidas, que, juntos, serão responsáveis por definir o rumo de
praticamente toda a população afetada diante do terrível acidente.
A Organização Mundial da Saúde é, então, a responsável por estabelecer as medidas
de proteção à saúde da população em curto, médio e longo prazo, enfrentando um mundo
polarizado onde os Programas Nucleares de grandes potências são priorizados mesmo diante
de riscos à vida humana. Além disso, a escassez de outras opções de recursos energéticos em
alguns países e o conhecimento limitado sobre os efeitos da radioatividade no corpo humano
apresentam sólida dificuldade a ser enfrentada pelos delegados responsáveis pela Proposta de
Resolução da OMS.
2. CONTEXTO HISTÓRICO
2.1. Energia Nuclear - Surgimento
Energia nuclear é a energia gerada a partir de uma reação nuclear, a partir da
fissão de núcleos atômicos. Já na Grécia Antiga, por volta do século V a.C., o átomo
era objeto de estudo. Definido primeiramente pelo filósofo Demócrito de Abdera
como a menor partícula presente na natureza, menor constituinte de tudo que existe, o
termo significa justamente “não divisível”. No entanto, estudos posteriores
demonstraram que o átomo na verdade ainda seria formado por outros componentes
(elétrons, prótons e nêutrons), sendo possível inclusive fragmentá-lo e gerar energia.
Em 1938 uma equipe de cientistas incluindo Otto Hahn, Fritz Strassmann, Lisa
Meitner e Otto Frisch descobriram a fissão nuclear. Quando seus experimentos foram
confirmados e anunciados, a beira da Segunda Guerra Mundial, cientistas ao redor do
mundo começaram a requerer apoio governamental para pesquisa visando o
desenvolvimento de uma arma nuclear. Assim se inicia o desenvolvimento do uso da
energia nuclear - incitada pelo uso militar em meio a guerra. Os Estados Unidos da
América aparecem como país pioneiro no domínio da matéria, concebendo o “Projeto
Manhattan” (Manhattan Engineer District of the US Army Corps of Engineers,
dirigido pelo General Leslie R. Groves) com o objetivo de desenvolver as primeiras
armas nucleares. Tendo rápido desenvolvimento, já em 1945 foram detonadas as
primeiras bombas atômicas da história (a primeira em 16 de julho, como teste no meio
do deserto em Novo México, a segunda em 6 de agosto sobre a cidade de Hiroshima,
Japão, e a terceira em 9 de agosto sobre Nagasaki, também no Japão).
Após a Segunda Guerra, reuniões, tratados e debates buscaram organizar como o
mundo poderia lidar com esta nova ferramenta disponível - para fins tanto militares
quanto pacíficos. Enquanto no contexto militar as negociações foram difíceis e por
vezes infrutíferas, em relação ao uso civil obteve-se maior sucesso nos acordos entre
países com potencial nuclear. Em 1953, o presidente dos EUA Eisenhower apresentou
na ONU o programa de cooperação internacional "Átomos pela Paz", enfatizando a
necessidade do desenvolvimento de usos pacíficos do poder nuclear. Em 1957, foi
fundada a Agência Internacional de Energia Atômica “em resposta aos medos e
expectativas geradas pelas descobertas e diversos usos da tecnologia nuclear”1.
2.2. Uso como fonte de energia
Usina nuclear é uma instalação industrial cujo objetivo é gerar energia elétrica a
partir de reações nucleares (energia nuclear). A Usina Obninsk, localizada na cidade
de mesmo nome, na Rússia, a 110km de Moscou, foi a primeira central nuclear a
gerar eletricidade (cerca de 5 megawatts) em 27 de junho de 1954. No entanto, a
primeira usina nuclear comercial foi Sellafield, oficialmente aberta em 1956,
localizada em Cumbria, Inglaterra.
1 Disponível em https://www.iaea.org/about/overview/history. Acesso em 8 de agosto de 2017.
Já em 1954, a marinha do Estados Unidos da América utilizou poder nuclear na
propulsão de submarinos. Entre as décadas de 1960 e 1980, a capacidade de geração
de energia cresceu exponencialmente, passando de 1 a 300 gigawatts (GW).
Importante fator neste desenvolvimento foi a crise do óleo durante a década de 1970,
que afetou países como França e Japão, levando a maiores investimentos na energia
nuclear.
Antes disso, no entanto, cientistas e parte da população já começaram a
expressar preocupação quanto ao uso do poder nuclear. No final da década de 1960,
os receios expressados por cientistas incluíam acidentes e proliferações nucleares,
lixo radioativo e terrorismo nuclear. Na primeira metade da década de 1970, um
projeto de usina para a cidade de Wyhl, na Alemanha, foi cancelado após grandes
protestos por parte da população e o sucesso das manifestações incentivaria outros
movimentos de oposição a energia nuclear em outras partes da Europa e na América
do Norte. Entre 1975 e 1977, aproximadamente 175 mil franceses protestaram contra
o uso desta nova fonte de energia. Similarmente, na Alemanha Ocidental, 280 mil
pessoas se mostraram presentes em manifestações contrárias a energia nuclear entre
1975 e 1979.
3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
A Usina Nuclear de Chernobyl está localizada próxima a cidade de Pripyat, atualmente
Ucrânia, a quase 15 km da cidade de mesmo nome. Originalmente nominada Usina Nuclear
Vladimir Lenin, começou a ser construída em 1972 e o primeiro reator começou a funcionar
em 1977 (seguido pelo reator 2 em 1978, reator 3 em 1981 e reator 4 em 1983; ainda era
prevista a construção de mais dois reatores). Assim, constituída por quatro reatores, era capaz
de produzir 1000 MW na época do desastre (aproximadamente 10⁒ da necessidade energética
da Ucrânia).
3.1. Chernobyl e Pripyat
A cidade de Chernobyl tem seu maior atrativo em sua proximidade a grandes
cidades e indústrias soviéticas. Sua localização no norte da República Socialista
Soviética Ucraniana a coloca a uma distância de 150 km de Kiev e a 600 km de
Moscou. A cidade é banhada pelo Rio Pripyat, cuja largura máxima dentro dos seus
limites corresponde à largura do Rio Tâmisa, trazendo a Chernobyl excelentes
condições para um porto fluvial.
A 14 km a norte da cidade, existe um reservatório de cerca de 4 km de
extensão, que poderia ser utilizado como meio de refrigeração para uma usina nuclear.
Em 1970, começa a ser construído o primeiro de quatro reatores que iriam compor a
Usina de Energia Atômica de Chernobyl. Durante os anos seguintes, o
desenvolvimento da região abrigou cerca de 130 mil moradores, incluindo os quase
50 mil habitantes da cidade planejada de Pripyat, construída especialmente para
acolher os operários empregados na usina.
Em um raio de 30 km ao redor das estruturas, existem cerca de 100 fazendas e
vilas, plantações de linho, batata, milho, soja, beterraba. Nos reservatórios à beira do
rio Pripyat, há colônias de pescadores que se encontram há séculos na região.
3.2. A usina
Todo o complexo da Usina de Energia Atômica de Chernobyl é composto por
quatro reatores do tipo RMBK, sendo que a construção de dois novos reatores está
suspensa pelo governo soviético após o acidente. A sigla RMBK significa reator de
tipo canal de grande potência, sistema que opera somente na URSS. O sistema foi
considerado caro e complexo durante os primeiros investimentos de energia nuclear
soviética, mas voltou a ser colocado em prática em 1970. Sua vantagem em relação
aos outros tipos de reatores é basicamente composta por dois fatores: a necessidade de
pouca quantidade de material físsil como combustível e que ainda produz plutônio e a
possibilidade de reabastecimento onload, que exige frequente mudança das placas das
barras de urânio mas não requer o desligamento de todo reator. Atualmente, há 10
reatores do tipo RMBK em funcionamento na URSS além dos quatro que compõem a
Usina de Chernobyl.
Os geradores de Chernobyl foram construídos em pares; cada par se localiza
em partes opostas de um mesmo complexo, que abriga as turbinas para as duas
unidades. Assim como todo gerador RMBK, os de Chernobyl possuem um núcleo que
utiliza moderadores de grafite dispostos em colunas com aberturas cilíndricas para
combustível e as hastes de controle. Esses moderadores de grafite separam as
aberturas de pressão para o combustível, impedindo que o fluxo de nêutrons liberado
durante a fissão seja demasiado acelerado para que a cadeia de reação se mantenha.
O combustível usado para esse tipo de reator são pastilhas de óxido de urânio
levemente enriquecidas dispostas em tubos de liga de zircônio com extremidades
compostas de aço. Tais tubos compõem subgrupos que são arranjados em grupos de
36, e cada um desses grupos ocupa uma das aberturas de pressão entre as placas de
grafite. Os tubos de pressão se estendem por 7 metros, e cada um é resfriado
individualmente por água pressurizada, que sofre ebulição devido à queda de pressão
(que passa de 8.2 MPa a 7 MPa) e ao aumento de temperatura (que sobe de 270 ºC a
284.5 ºC) sofridos ao entrar no núcleo do reator. A diferença na temperatura é
extremamente importante para reduzir a cavitação causada pelos propulsores nas
entradas dos tubos de pressão e diminuir os danos aos próprios tubos ao longo do
tempo.
Ao sair do núcleo do reator, há uma mistura de água e vapor saturado que
passa por dois separadores de vapor - um para cada metade do gerador - juntamente
com água reciclada de cada sistema isolado. O vapor gerado e separado percorre um
sistema de turbinas que gera energia elétrica, e então é resfriado e pode ser reposto
nos separadores de vapor para auxiliar na diminuição da temperatura da água
proveniente do núcleo. Assim, um sistema fechado utiliza o próprio vapor saturado
que gera energia para resfriar o interior do reator. O fluxo de cada um dos tubos de
pressão deve ser conferido e estabilizado para que a proporção de vapor saturado e
água não varie e tenha sua cavitação aumentada. A proporção de água e vapor
também é importante devido às propriedade absortivas de nêutrons da água líquida.
Quanto mais vapor d’água existe dentro dos canais, menos nêutrons são absorvidos e
as reações de fissão aumentam de forma exponencial, gerando assim mais calor para a
produção de vapor, o que pode sobrecarregar a capacidade do gerador. Essas
propriedades são determinadas pelo ‘coeficiente de reatividade do vazio’, ou void
coefficiency em inglês.
Os núcleos da Usina de Chernobyl dispõem de uma série de mecanismos de
controle, como hastes de absorção para controle de da taxa de fissão e diferentes tipos
de medidores para identificar diversos parâmetros. As hastes de controle são
compostas de carbeto de boro e estão dispostas de maneiras distintas ao longo do
núcleo. Vinte e quatro hastes curtas estão inseridas no fundo do reator, para nivelar a
distribuição axial de nêutrons. Para controle manual da distribuição radial dos
nêutrons, 139 hastes ocupam as aberturas nas placas de grafite, e hastes adicionais são
adicionadas na troca de combustível para compensar a radioatividade adicional do
novo material - e são gradativamente sendo substituídas pelos tubos de combustível a
medida em que os mais antigos são gastos. Há ainda 24 hastes de controle automático
do próprio reator, que são acionadas em caso de mudanças nas leituras dos parâmetros
dos núcleos. Outras 24 hastes podem ser utilizadas em caso de emergência.
O núcleo do gerador se localiza em uma cavidade reforçada de concreto
armado que impede a propagação da radiação. Os canais de combustível estão ligados
a uma cobertura de 1000 toneladas de aço e a uma camada inferior também feita de
aço. Os separadores de vapor tem suas próprias proteções de concreto armado. Além
de contenções físicas, o fato de que o combustível é distribuído em canais, diminui
drasticamente a chance de fusão total do núcleo, o que se demonstra um problema em
outros reatores.
Ainda assim, os núcleos da Usina de Chernobyl têm um intervalo de
temperatura para seu funcionamento em segurança reduzido em comparação a de
outros tipos de reatores. Para que haja funcionamento eficiente, os núcleos de um
reator RBMK precisam de uma temperatura mínima de 550 ºC. Em temperaturas
acima de 750 ºC, o zircônio presente nos tubos dos núcleos perde sua resistência
estrutural e pode reagir com o vapor, resultando em hidrogênio - que pode levar o
grafite das placas a combustão. Dessa maneira, os reatores da Usina de Chernobyl têm
uma margem de segurança limitada a uma faixa de temperatura de menos de 200 ºC.
3.2. O acidente
As informações obtidas pela comunidade internacional sobre o acidente de
Chernobyl ainda estão longe de ser completas. Sabe-se que no dia 26 de abril,
‘Durante desativação experimental do grupo gerador nº 4, houve um aumento
súbito da potência do reator. A descarga de vapor e a reação subsequente
causaram a formação de hidrogênio, sua explosão, a destruição do reator e a
emissão radioativa decorrente.’ 2
Essa declaração foi feita pelo atual presidente da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, no dia 15 de maio. No mesmo discurso, televisionado na URSS
e distribuído como transcrição para a imprensa internacional, Gorbachev reforçou que
investigações para apurar os detalhes do acidente estão em andamento para se evitar
novos eventos do tipo no futuro. Reconheceu os esforços dos homens presentes em
Chernobyl que auxiliaram na evacuação da população próxima à usina e das regiões
adjacentes, demonstrando a preocupação pela saúde dos afetados. Quanto às vítimas,
o presidente soviético lamentou as mortes de dois funcionários no momento do
acidente, Vladimir Nikolayevich Shashenok e Valery Ivanovich Khodemchuk, assim
como os sete óbitos posteriores decorrentes da radiação. Ainda confirmou que 299
pessoas se encontram hospitalizadas com diversos tipos de alterações e doenças
causadas pela radiação, afirmando que todas as vítimas e suas famílias terão o apoio
do governo soviético. Por fim, Gorbachev declarou que o acidente e a sua divulgação
foram tratados com a urgência e a eficiência que a situação exigia.
Ainda que as informações passadas pelo presidente soviético pareçam
satisfatórias quando o discurso é analisado na íntegra, elas foram divulgadas quase
três semanas após o acidente ter de fato acontecido. A comunidade internacional,
2 Gorbachev, Mikhail. 1986. In: Hawkes, Nigel. Chernobyl: o fim do sonho nuclear. Rio de
Janeiro: J. Olympio. 1986. Pág. 78
contudo, já percebia que algo estava errado e fazia especulações poucos dias após o
acidente. Na manhã do dia 28 de abril, medidores de uma usina nuclear na costa sueca
detectaram níveis anormalmente altos de radiação nas roupas dos funcionários.
Monitores atmosféricos de outros países escandinavos também fizeram leituras
alteradas no dia em questão, e se calculou que os ventos que estavam trazendo
partículas radioativas vinham de algum lugar do Mar Báltico em direção ao Mar
Negro. A embaixada sueca em Moscou requisitou explicações durante todo o dia 28,
contudo a burocracia soviética não permitiu que quaisquer informações fossem
reveladas. Ao menos se sabia que nenhuma bomba tinha sido ativada, pois não fora
detectada movimentação sísmica e a análise das partículas atmosféricas indicava
presença de cobalto, iodo e césio, elementos não associados a testes bélicos.
Na noite do mesmo dia 28, às 21 horas, uma declaração do Conselho Soviético
de Ministros foi televisionada:
‘Houve um acidente na Central Elétrica de Chernobyl, e um dos reatores foi
danificado. Estão sendo tomadas medidas para eliminar as consequências do
acidente. As pessoas afetadas estão recebendo assistência. Foi criada uma Comissão Governamental.’
3
Esta foi a primeira informação do acidente a ser divulgada pelo governo
soviético, o que gerou diversas especulações entre a comunidade externa. Uma
corrida entre as redes de inteligência nacionais e a mídia foi lançada. Agências
governamentais competiam com os meios civis para conseguir a maior quantidade de
informações possíveis sobre o acidente. Imagens de satélites foram analisadas, e pela
primeira vez poderiam fornecer informações valiosas sobre o que acontecia em
Chernobyl. Essas imagens, contudo, podem ter passado as impressões erradas sobre o
acidente.
As altas medições de radioatividade em países distantes de Chernobyl aliadas
com a calamidade das fotografias dos satélites - que, segundo fontes internas do
governo americano, representavam um incêndio gigantesco na usina -, fizeram muitos
acreditarem que teria ocorrido uma catástrofe de dimensões inimagináveis, com
óbitos nas casas dos milhares. Os números fornecidos pelo governo soviético,
contudo, contradizem tais previsões. Muitos detalhes sobre os incidentes dentro da
3 In: Hawkes, Nigel. Chernobyl: o fim do sonho nuclear. Rio de Janeiro: J. Olympio. 1986.
Pág.
90
usina e condições climáticas locais ainda precisam ser avaliados pela comunidade
internacional para que se possa montar um panorama sobre o acidente e se saiba como
agir em relação aos danos a longo prazo.
Informações sobre a nuvem radioativa que atingiu o restante da Europa são
fornecidas pelos próprios países atingidos, o que pode significar que números talvez
sejam alterados por governos preocupados com a possível reação negativa de suas
populações em relação aos seus programas nucleares. A necessidade da cooperação da
comunidade internacional para o recolhimento e computação dos dados se dá pela
imprecisão da tentativa de se determinar níveis de radioatividade apenas com a análise
meteorológica. Além de não ser conhecida a quantidade exata de material radioativo
liberado no acidente, diversos fatores podem influenciar na contaminação de uma
região, sendo a chuva o mais importante. A precipitação das partículas radioativas
jogadas na atmosfera é estreitamente às condições climáticas, e variou imensamente
desde a dispersão a partir de Chernobyl. Quanto mais essas partículas permanecem na
atmosfera, mais tempo têm para decair e consequentemente poderão ser menos
danosas.
3.3. A radiação e a saúde da população
Todo o indivíduo está exposto a certos níveis de radiação: até mesmo fontes
naturais contribuem para esses valores. Na realidade, as fontes naturais compõem
cerca de 80% da radiação em situações normais, e são representadas pelo sol e fontes
terrestres como as rochas, certos solos e o gás atmosférico radônio. As fontes
artificiais são componentes geralmente insignificantes para um indivíduo na
sociedade moderna: originam-se em exames de raio-X. Parcelas ainda menores
podem ser atribuídas a operações normais de centrais nucleares, relógios luminosos,
aparelhos de TV e até mesmo viagens aéreas aumentam os níveis de radiação
cósmica. Antes de 1963, também se considerava chuvas de partículas radioativas
provenientes de testes de armas nucleares na atmosfera, que foram proibidos por um
tratado internacional.
Em um acidente nuclear, o maior risco oferecido à população são os do
decaimento de radioisótopos voláteis derivados da fissão inicial de urânio. Estima-se
que um reator de 1000 megawatts possa liberar material radioativo que possua
atividade na casa das centenas de quinquilhões de becquerel, unidade de medida que
calcula a meia-vida (tempo necessário para que metade do material deixe de ser
radioativo), sendo que um becquerel equivale a uma desintegração por segundo.
Certos radioisótopos oferecem maiores riscos à saúde humana do que outros,
dependendo de sua meia-vida, de sua relação com o meio-ambiente e de sua absorção
pelo organismo. Os radioisótopos do estrôncio, por exemplo, pode se concentrar nos
ossos e seu radioisótopo 89 tem meia-vida de 52,7 dias, enquanto a do estrôncio 90 é
de 27,7 anos. Os elementos césio 134 e 137 se armazenam no tecido muscular, e têm
meia-vidas de cerca de 2 e 30 anos respectivamente. Já o iodo 131 apresenta um ciclo
crítico, pois se deposita no capim, sendo consumido pelas vacas e concentrando-se no
leite. No organismo humano, é estocado na tireoide e pode ser extremamente
prejudicial a crianças, que dependem das funções normais deste órgão para um
desenvolvimento normal. Como medida profilática, pode ser considerado o
fornecimento de iodo normal a fim de saturar a tireoide e impedir o acúmulo de
radioisótopos.
Os limites de radiação estabelecidos para os seres humanos variaram muito
desde a descoberta da radioatividade por Becquerel. Na época dos primeiros
experimentos com o fenômeno, já se havia determinado que a exposição causava
lesões orgânicas. Esse fato não impediu que muitos cientistas adoecessem e fossem a
óbito por terem sido expostos a radiações ionizantes durante seus experimentos. As
radiações ionizantes são responsáveis por alterações nos átomos das estruturas
celulares, que perdem elétrons e ganham cargas positivas - prejudicando assim a
maneira com que interagem entre si. Os danos mais permanentes e difíceis de serem
avaliados são aqueles causados às moléculas de DNA, que causam o aumento da
probabilidade de se desenvolver câncer. Para se analisar as doses de radiação às quais
os seres humanos foram expostos, utiliza-se a unidade rem, que considera não apenas
a quantidade de energia armazenada por grama de tecido como também o tipo de
radiação que a gerou. Ainda é possível se determinar uma dose equivalente efetiva
quando se leva em consideração o órgão atingido e as propriedades de seus tecidos.
Sabe-se que a morte por uma emissão maciça de radiação acontece em ondas,
determinadas pelo nível de exposição de cada indivíduo, sua sensibilidade e pelos
locais no seu corpo em que as lesões atingem. Em poucos dias, se espera que aqueles
que sofreram danos ao sistema nervoso central - que correspondem aos que receberam
uma dose de centenas de rems de radiação - venham a óbito, por esse ser um sistema
sensível a alterações e que não sofre regeneração como outros tecidos. Prevê-se que a
segunda onda de doenças e mortes ocorra em algumas semanas após o acidente, e
sintomas que envolvem o aparelho gastrointestinal já são observados em algumas
vítimas, como anorexia, diarreia, vômitos, cólicas, desidratação. Esses sintomas,
associados com fadiga, apatia, sudorese e febre são conhecidos como doença da
radiação. Em alguns meses, uma terceira onda deve atingir aqueles expostos a um
nível de por volta de 100 rems, correspondendo àquelas pessoas com lesões
medulares, que podem precisar de transplantes de medula óssea. Essas três primeiras
ondas são de aparecimento agudo, e são facilmente associadas à exposição à radiação.
As ondas mais tardias correspondem aos casos de câncer que surgirão até
mesmo em áreas menos afetadas pela nuvem radioativa. A quarta onda deve começar
a surgir em 1988 e demorará cerca de 25 anos para que reflua. Ela é representada por
leucemias, que se espalharão por toda a Europa. Por fim, deve se esperar uma quinta
onda em que diversos outros tipos de câncer irão atingir a população, especialmente
de mama, da tireóide e do pulmão. Prevê-se que essas consequências se estendam até
2025. Será difícil relacionar esses casos de câncer com a radiação proveniente de
Chernobyl, tanto pela ocorrência tardia como por poderem ser causados por níveis de
exposição à radiação abaixo de 100 rems e consequentemente serem de áreas
potencialmente negligenciadas.
Os dados atuais sobre os limites de radiação tolerados pelo ser humano se
baseiam principalmente nas bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki. Contudo,
muitos especialistas apontam que esses limites são na verdade muito mais inferiores
do que deveriam ser, e portanto deveria se ter cuidado ao se usar essas informações no
cenário atual. Argumenta-se que envoltórios que revestiam as bombas de urânio Little
Boy e a de plutônio Fat Man teriam gerado um padrão irregular de expansão
radioativa. Ainda se acredita que os níveis de proteção das residências de madeira e
papel das construções japonesas tenha sido subestimados: o padrão de distribuição
aglomerado das casas teria exposto os residentes a uma radiação muito menor do que
o considerado pelas análises. Por fim, há diferenças entre que o aconteceu no Japão e
o que está acontecendo na URSS, já que expansão de partículas radioativas em uma
explosão nuclear é muito mais acentuada do que em um acidente em uma usina,
porém os elementos instáveis decaem de forma muito mais acelerada. Chernobyl,
portanto, oferece uma oportunidade de se realizarem novos estudos sobre níveis de
tolerância à radiação, assim como pode significar o teste de novas eficácias
terapêuticas.
4. BLOC POSITION
Alemanha Ocidental
A República Federal da Alemanha recebeu a notícia de que um reator soviético havia
sido danificado apenas três dias após o acidente. Os soviéticos buscaram ajuda, mas não
havia alguém especializado que pudesse auxiliá-los. Os alemães possuem ambiciosos planos
de capacidade nuclear, que estão ameaçados pelo acidente de Chernobyl, apesar das
declarações de que as usinas alemãs possuem melhores condições de funcionamento. Mesmo
não tendo recebido uma carga tão expressiva de material radioativo, em comparação aos
países nos arredores do desastre, os moradores receberam orientações. As principais dizem
respeito ao consumo de leite e água e às atividades ao ar livre, que devem ser evitadas.
Alemanha Oriental
A República Democrática Alemã esteve significativamente vulnerável à
contaminação radioativa, apesar de não tanto quando comparada aos países do Leste
Europeu. Mesmo assim, o país tem decidido manter sigilo sobre os níveis de radiação
detectados, pronunciando-se apenas no sentido de negar quaisquer riscos à população. A
Alemanha Oriental possui um ambicioso plano de energia nuclear, o que permite
compreensão sobre a conduta em relação ao acidente de Chernobyl. A ideia de uso de energia
nuclear já estava rodeado por críticos e a aceitação popular estava reduzida, por isso é
esperado que haja um esforço para evitar notícias negativas. Apesar de fundamentada, tal
conduta tem consequências diretas sobre os alemães, que não receberam orientações
preventivas para a contaminação à qual estão sujeitos.
Austrália
A Austrália já enfrenta problemas com população exposta a radiação e lixo radioativo
em seu território há alguns anos. Quando a Inglaterra decidiu desenvolver sua própria bomba
nuclear, testes foram realizados em território australiano e muitas pessoas foram
contaminadas, dentre pilotos, população local e aborígenes. Além disso, os britânicos
também foram responsáveis por despejar lixo radioativo no deserto da Austrália. O desastre
de Chernobyl não afetou diretamente a Austrália, mas serve para chamar atenção aos
acidentes e negligências que já vêm acontecendo na utilização de tecnologia nuclear por
alguns países ao redor do globo.
Brasil
A radiação proveniente da nuvem de Chernobyl não é, obviamente, um problema de
saúde pública para o governo do Brasil. Seu interesse em participar das reuniões sobre o
acidente se justificavam, portanto, na oportunidade de absorver informações sobre protocolos
e medidas de proteção no uso de energia nuclear. O país, apesar de estar passando por crise
econômica, tinha grandes ambições na indústria de energia nuclear, e buscava credibilidade
para fazer uso da tecnologia.
Canadá
Houve registros não-usuais de aumento de radiação no início de maio tanto em
Vancouver e em Quebec, associados a iodo radioativo. Essas leituras, porém, não
necessariamente indicam perigo à saúde da população canadense. Para as discussões sobre o
tópico, o Canadá pode oferecer sua perspectiva como precursor na utilização de energia
nuclear com fins pacíficos. Até 1946, o país participava do desenvolvimento de armas
nucleares em conjunto com a Inglaterra e com os EUA, quando uma lei proibiu o
compartilhamento de informações de energia nuclear aos cientistas estadunidenses. Desde
então, o Canadá desenvolveu e construiu 16 usinas nucleares, e outras 6 estão em construção.
Desta forma, o país tem a responsabilidade de se envolver nas discussões sobre Chernobyl a
fim de evitar um desastre semelhante em seu território.
República Popular da China
Até então, a China não possui forte histórico de energia nuclear. Não possui usina
nuclear em funcionamento, mas sim um reator em construção. Assim, o debate pode ser
fundamental ao país para estudar e refletir se e como deve ser feito o uso deste tipo de
energia. Considerando a construção de uma unidade em andamento, cabe pensar seus riscos,
prós e contras, já que trata-se de um debate em meio a um desastre nuclear. Para isso deve-se
levar em conta também as necessidades energéticas de um país cujo desenvolvimento e cuja
população vem crescendo.
Egito
Carvão, petróleo e energia hidrelétrica constituem a base energética do país. Na época
do desastre, o Egito não possuía usinas nucleares; no entanto, ao menos duas eram
planejadas. Assim, o país terá pelo menos dois pontos relevantes no debate. Primeiro, a
relativa proximidade da usina de Chernobyl - apesar de alguns milhares de quilômetros
separarem o país da usina, em meio ao desconhecido essa distância não se mostra tão segura.
Segundo, refletir e argumentar quanto ao uso do tipo de energia envolvido no desastre,
considerando que há perspectiva do mesmo uso no seu país.
Estados Unidos da América
Como não corre grandes riscos de contaminação, como os países europeus, os Estados
Unidos não poderiam tomar outra postura que não a de duras críticas ao governo soviético. O
desastre se mostra uma possibilidade de reforçar a superioridade americana sobre a União
Soviética, não apenas no que diz respeito à produção de energia, mas, mais ainda, em relação
ao poderio bélico que essas nações possuem. A imprensa estadunidense se ateve a notícias
como a demora de 36 horas para a evacuação da população de Chernobyl, aproveitando para
reforçar a ideia de que a segurança de suas usinas era superior e de que o seu próprio uso de
energia nuclear não deve ser questionado pelo acidente.
Finlândia
Assim como a Suécia e outros países, a Finlândia identificou níveis anormais de
radioatividade relativamente cedo. Porém, novamente em postura semelhante a outros países,
decidiu não noticiar muitos detalhes sobre o acidente ocorrido na Ucrânia. A Finlândia é um
dos países interessados na utilização de energia nuclear e possui usinas em seu território, mas
permaneceu em silêncio para evitar efeitos negativos sobre seus planos nucleares. Seu
objetivo em manter certo sigilo sobre a situação justificou-se, simplesmente, na conclusão de
que não havia necessidade de alarmar a população, visto que os riscos não eram
significativos. Apesar disso, o governo finlandês decidiu adiar a decisão de construir novos
reatores para suas duas usinas.
França
A França tem adotado uma política de sigilo, bem semelhante a de vários outros
países que, pelo mesmo motivo, decidiram omitir a real gravidade do acidente de Chernobyl a
suas populações. O objetivo desses governos é manter boas impressões sobre o uso de
energia nuclear. A França, particularmente, apoia seu uso devido à falta de outros recursos
para produção de energia, o que torna a energia nuclear uma excelente alternativa. A
consequência direta aos franceses foi a declaração precipitada de que os alimentos cultivados
ao ar livre estavam próprios para consumo, mesmo que produtos bem semelhantes do outro
lado da fronteira tenham sido descartados. Outras medidas de prevenção também deixaram de
ser divulgadas.
Japão
A política de uso de energia nuclear no Japão é bem semelhante à da França, devido à
escassez de outros recursos energéticos e, também, por causa do já destacado caráter evoluído
das tecnologias japonesas. O país não foi muito afetado pela nuvem radioativa, pelo menos
neste primeiro momento, participando da reunião da OMS não na necessidade de adotar
medidas para seus cidadãos, mas para compartilhar conhecimentos na área e, com isso,
fomentar ainda mais o crescimento da indústria energética em território japonês.
Líbia
Tendo se tornado signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear em 1968 e
fechando acordo de salvaguarda com a Agência Internacional de Energia Atômica em 1980, o
programa nuclear da Líbia parece permanecer apenas nos estágios iniciais. Na época do
desastre de Chernobyl, o país não possuía nenhuma usina nuclear, apenas o planejamento de
duas, assim como o Egito. Assim, similarmente a este, seus principais pontos de discussão e
reflexão serão, primeiro, a considerável ou não proximidade da usina de Chernobyl e o país,
considerando os riscos à sua população, e segundo, os prós e contras do uso de energia
nuclear - considerando o planejamento da sua utilização.
Nova Zelândia
Sua posição no hemisfério sul protegeu a Nova Zelândia das partículas radioativas
que se espalharam pela outra metade do planeta. Contudo, o país não deixa de se preocupar
com a proteção de seus cidadãos em relação às contaminações por energia nuclear. Os testes
de bombas atômicas no Oceano Pacífico por países como o Reino Unido têm incomodado
tanto a população quanto o governo neozelandês há muito tempo. Em 1976, o país escolheu
não construir usinas nucleares e em 1985, assinou um tratado com outros países da Oceania
que baniu a detenção, o uso e o teste de armas nucleares na região. A Nova Zelândia planeja
para o futuro ser um país livre da influência nuclear, e suas preocupações e justificativas
talvez possam contribuir para as discussões no comitê.
Polônia
A Polônia foi o primeiro país fora da União Soviética a receber a nuvem radioativa.
Não diferente de muitos outros países, a Polônia adotou uma postura de sigilo, que foi
responsável por atrasar as medidas preventivas de saúde à população em pelo menos um dia.
Tal medida foi compreensível, ao se analisar o comprometimento do governo polonês com o
Programa de Expansão Nuclear. O acidente de Chernobyl pode ser responsável por reforçar a
reprovação da população polonesa sobre a construção da primeira usina atômica do país.
Porém, os esforços do governo em evitar a exaltação da população não foram suficientes,
pois organizações clandestinas se incumbiram de divulgar informações internacionais e
inflamar o povo da Polônia contra a expansão nuclear no país. A única medida tomada de
imediato foi a distribuição de uma solução de iodo, que foi julgada insuficiente e causou
ainda inúmeros episódios de alergia.
Reino Unido
O Reino Unido tem uma política de defesa da energia nuclear, possuindo usinas em
seu território e tendo sido responsável por testes nucleares bélicos em anos anteriores ao
acidente. Esse posicionamento fez com que o governo buscasse uma rápida forma de
tranquilizar a população assim que o desastre foi noticiado. Apesar de serem detectados
dados anormais de radioatividade sobre o território britânico, as autoridades primeiramente
mantiveram o discurso de que não havia motivo para preocupação e que a nuvem radioativa
estava apenas passando pelo país. Basicamente, a passagem da nuvem sobre o Reino Unido
não foi, comparada às regiões próximas ao acidente, perigosa à saúde da população; pode
significar, porém, um momento de grande instabilidade nas relações públicas do país,
causando alvoroço geral e desconfiança no Estado.
Suécia
A Suécia teve importante papel na compreensão das proporções do acidente de
Chernobyl. Níveis altíssimos de radioatividade foram detectados logo no dia seguinte à
catástrofe, apesar de ter sido necessário mais tempo até ser identificada a origem da mesma.
Foram aplicadas então diversas medidas de restrição ao consumo de alimentos pela
população, e as notícias não foram omitidas ou alteradas. A Suécia possui uma visão
completamente diferente sobre a utilização de energia nuclear e declarou um compromisso de
desativar suas usinas em até 25 anos, compromisso esse reforçado após o desastre de
Chernobyl.
URSS
A União Soviética é, sem dúvidas, o país que mais tem problemas decorrentes do
acidente em Chernobyl. Desacreditação internacional, inaceitável em época de Guerra Fria, é
um dos mais graves. Mesmo assim, tal fator influenciou negativamente na credibilidade das
notícias pós-acidente, dificultando o real conhecimento da magnitude dos desastres por outros
países e tornando mais fáceis as medidas protetivas aplicadas contra os países da União
Soviética. Os produtos oriundos desses países pararam de ser aceitos pela maioria dos outros
países da Europa, o que tem desestabilizado financeiramente diversos pontos da União. Seu
maior problema é, porém, a radiação em si, que contaminou diversos países soviéticos em
escalas muito mais alarmantes do que as apresentadas por qualquer outro país da Europa.
Apesar disso, as medidas protetivas têm sido tomadas de forma tardia, sendo a evacuação das
pessoas da região do acidente realizada apenas mais de um dia após o mesmo, o que pode
demonstrar à comunidade internacional um atraso também nas outras medidas que deveriam
ser tomadas na tentativa de minimizar a exposição à radiação. Países europeus consideram
que o protocolo seguido até então é atrasado e sujeita a população soviética - principalmente
ucranianos - a níveis fatais de resíduos radioativos.
5. QUESTÕES A PONDERAR
1. Qual o papel da OMS em meio ao desastre nuclear de Chernobyl? De que maneira a
organização pode prestar auxílio aos países afetados e sistematizar medidas corretivas
e preventivas?
a. Há outras organizações que possam ser contatadas para cooperar nesta
situação?
2. Quais medidas devem ser tomadas quanto à saúde física das pessoas localizadas em
áreas afetadas? E quanto à saúde mental? Além disso,
3. Pensar quais ações devem ser tomadas imediatamente e quais ações devem ser
perspectivadas - ou seja:
a. Ações de curto prazo
b. Ações de médio prazo
c. Ações de longo prazo
4. Quais medidas paralelas (de escopo governamental) são importantes para a
manutenção da saúde das pessoas afetadas?
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