Teorias Críticas Do Currículo Na Pós-Modernidade

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1 TEORIAS CRÍTICAS DO CURRÍCULO NA PÓS-MODERNIDADE Resumo Este é um artigo sobre teorias críticas do currículo na pós-modernidade,capítulo II da dissertação de mestrado formação profissional em Educação Física no Amapá, revisado após a disciplina Currículo e Formação de Professores, ministrada no doutorado em Educação da UFPA. O objetivo deste artigo é a partir das teorias do currículo propostas por Silva(2000), revisitar as lições de currículo proposta em 1992, pelas teorias criticas com base marxista e neomarxista, relacionando com os temas atuais da sociedade do conhecimento e pedagogia das competências no sentido de se refletir sobre a sua utilização.O estudo apresenta as teorias tradicionais, criticas e o dialogo como a teoria pós- moderna Os resultado apontam que as teorias criticas,no contexto da denominada sociedade do conhecimento, mesmo em um processo de crise dos ideais da modernidade,dos seus pressupostos, apresentam um referencial que foi refinado e encontra um possibilidade de dialogo com a pós-modernidade desde que alguns ideais da modernidade sejam preservados.

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Teorias críticas do currículo na pós-modernidade

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    TEORIAS CRTICAS DO CURRCULO NA PS-MODERNIDADE

    Resumo

    Este um artigo sobre teorias crticas do currculo na ps-modernidade,captulo II da dissertao de mestrado formao profissional em Educao Fsica no Amap, revisado aps a disciplina Currculo e Formao de Professores, ministrada no doutorado em Educao da UFPA. O objetivo deste artigo a partir das teorias do currculo propostas por Silva(2000), revisitar as lies de currculo proposta em 1992, pelas teorias criticas com base marxista e neomarxista, relacionando com os temas atuais da sociedade do conhecimento e pedagogia das competncias no sentido de se refletir sobre a sua utilizao.O estudo apresenta as teorias tradicionais, criticas e o dialogo como a teoria ps-moderna Os resultado apontam que as teorias criticas,no contexto da denominada sociedade do conhecimento, mesmo em um processo de crise dos ideais da modernidade,dos seus pressupostos, apresentam um referencial que foi refinado e encontra um possibilidade de dialogo com a ps-modernidade desde que alguns ideais da modernidade sejam preservados.

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    TEORIAS CRTICAS DO CURRICULO NA PS-MODERNIDADE1

    Consideraes iniciais

    Este artigo parte de uma dissertao de mestrado sobre teorias curriculares,

    utilizado para apontar o desafio de apresentar o debate curricular utilizado como referencial

    terico de analise. Neste artigo, revisado a partir da disciplina currculo e formao de

    professores, buscar-se- compreender o currculo a partir das teorias criticas em seu dilogo

    com as teorias ps-modernas. O objetivo deste artigo a partir das teorias do currculo

    propostas por Silva(2000), revisitar as lies de currculo proposta em 1992, pelas teorias

    criticas com base marxista, relacionando com os temas atuais da sociedade do

    conhecimento e pedagogia das competncias no sentido de se refletir sobre a sua

    utilizao.

    Estudar o currculo considerar a possibilidade de situ-lo nas relaes mais

    amplas da sociedade, bem como do contexto em que est inserido e, como resultado da

    trama cultural, poltica, social e escolar, carregado de valores e pressupostos que precisam

    ser desvelados, inclusive no embate de foras que se estabeleceram na sua proposio e

    efetivao. SILVA(2005)Moreira(2005)

    De acordo com Sacristn (2000), a teorizao sobre currculo no se encontra

    sistematizada e a sua prtica2, reflete de forma explcita ou implcita, comportamentos,

    valores, esquemas de racionalidade que condicionam a teorizao do currculo, que aparece

    em muitos casos como linguagem e conceitos tcnicos, legitimando uma prtica efetivada.

    Por outro lado aparece como um discurso crtico que procura esclarecer os pressupostos e

    o significado das referidas prticas.

    Nessa perspectiva, o currculo uma construo social, e no algo que tenha a sua

    existncia antes e fora da experincia uma organizao de um conjunto de prticas

    educativas. Ele s tem sentido na sua praticidade, em uma prtica complexa, atendendo as

    funes de socializao, resultado de uma prxis, projeto, plano construdo, equilbrio de

    interesses e foras, tradio seletiva, sedimentado em uma trama cultural, poltica e social

    (SACRISTN, 2000).

    Em virtude dessa complexidade, os significados, dirigidos a um determinado contexto

    poltico, cientfico, filosfico e cultural atribudos, determinam uma viso mais pedaggica do

    1 Artigo elaborado como instrumento avaliativo da disciplina Currculo e Formao de professores, ministrada

    pelo PRF. Dr. Genylton Odilon Rgo, do curso de doutorado em Educao da UFPA(PPGED) 2 Prtica pedaggica aqui entendida em sua indissociabilidade entre teoria e prtica. Nesse sentido,

    Sacristn(2000) aponta que a teorizao do currculo se constri a partir de um entrecruzamento de prticas que passam a ter um sentido ou significado terico aps a sua efetivao.

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    currculo ou, como imagens, nos trazem o conceito de como o currculo entendido: como

    contedos da educao; como experincias quer seja do aluno ou da escola; conjunto de

    disciplinas; conjunto de atividades planejadas; planos; propostas; objetivos; valores; forma

    ou metodologias de aprendizagem; e resultado da aprendizagem.

    Segundo Sacristn(2000), o currculo como construo social, entrecruzamento de

    prticas que s podem ser entendidas em um processo complexo de vrias fases, que

    estariam em dois campos: econmico, poltico, social, cultural, e administrativo; e o campo

    dos condicionamentos escolares. No primeiro, estariam presentes, o currculo prescrito, o

    apresentado e o modelado pelo professor; no segundo campo, o ensino interativo ou

    currculo em ao, o currculo realizado, e o currculo avaliado.

    No se pode entender o currculo como algo a ser descoberto, que teria uma

    existncia independente e que seria interpretado a partir de uma teoria, mas como uma

    construo social que ter sentido, na medida em que a sua construo e elaborao

    ocorram nos respectivos contextos em que foram criados e legitimados. (SILVA, 2000

    SILVA, 2005; MOREIRA, 2005; SACRISTN, 2000).

    A emergncia do currculo, como campo de estudos, est ligada a formao de corpo

    de especialistas de currculo que, nas universidades, na burocracia educacional do estado e

    nas prprias revistas especializadas e respectivas produes, possibilitaram o

    desenvolvimento desse campo profissional e est identificada com a existncia das teorias

    de currculo (SILVA; MOREIRA, 2005).

    Silva(2000) alerta que as teorias pedaggicas de certa forma, em diferentes pocas,

    sem utilizar o termo currculo, j tratavam de suas questes, sem se configurarem teorias de

    currculo no sentido estrito do termo. A prpria emergncia da palavra currculo, no sentido

    que atribumos ao termo, est ligada s preocupaes, organizao e mtodo. S

    recentemente em pases europeus e sob influncia da literatura americana, o termo

    currculo passou a ser utilizado no sentido que hoje lhe damos.

    Para o referido autor, mais importante que definir o que o currculo, perceber as

    questes que uma teoria curricular ou um discurso curricular pretendem responder a partir

    de seus referenciais sobre natureza humana, natureza da aprendizagem ou natureza do

    conhecimento da cultura e da sociedade.

    A questo primordial seria: qual conhecimento deve ser ensinado? O que os alunos

    devem saber? Qual conhecimento ou saber considerado importante ou vlido para

    merecer ser parte do currculo? Em todas essas questes o centro a pergunta: o qu?

    Dependendo da nfase que determinada teoria (tradicional, crtica, ps-moderna) vai dar, de

    acordo com seus referenciais, a diferena entre elas se estabelecer sem, entretanto,

    perder de vista essa questo central a ser respondida pelo currculo (SACRISTN, 2000).

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    Em um segundo momento, aps a definio de que conhecimentos devem ser

    ensinados a partir de critrios de seleo, as teorias curriculares buscam responder o que

    eles ou elas devem ser, ou que eles ou elas devem se tornar. Isto se dar a partir de uma

    justificativa para a pergunta: Por que estes e no outros conhecimentos foram

    selecionados? Qual servir de suporte para se definir que tipo de ser humano serve para um

    determinado tipo de sociedade e quais os conhecimentos que sero considerados

    importantes para atender este objetivo. (SACRISTN, 2000).

    Teorias tradicionais

    As teorias tradicionais sobre o currculo se apresentam como neutras, cientficas e

    objetivas, em sintonia com as demandas da sociedade, da economia, em uma relao de

    adaptao e preparao para o trabalho. Os princpios de eficincia e produtividade so

    transportados para o ensino.

    Nessa perspectiva, segundo Silva(2000),(2005), situa-se o primeiro estudo sobre

    currculo que iria ser considerado um marco no estabelecimento do currculo como campo

    especializado de estudos com a obra de Bobitt3, a qual vem em sintonia com as demandas

    dos Estados Unidos,no incio do sculo passado, disputando posio hegemnica com

    Dewey4 se consagrando como sendo o currculo.

    Assim, tem incio a construo terica de uma perspectiva que tem relao direta

    com a economia em relao aos procedimentos e a racionalidade utilizada nas empresas

    comerciais ou industriais onde as suas palavras-chave eram a eficincia e produtividade. Os

    resultados do sistema educacional deveriam ser especificados para se obter mtodos de

    forma precisa, bem como deveriam ser criados mecanismos de mensurao para saber se

    eles foram realmente alcanados. O sistema educacional deveria ser to eficiente como as

    empresas. As teorias tradicionais queriam transferir para a escola o modelo de organizao

    e gesto das empresas (SILVA, 2000).

    Como j anunciado, tambm se estabelece uma relao de poder no prprio campo

    das teorias tradicionais do currculo entre Bobbit, que iria se tornar dominante, e as

    vertentes consideradas progressistas, representadas por Dewey, que estava mais

    preocupado com a construo da democracia do que com a economia. Nessa disputa, a

    proposta de Dewey, no iria ter a mesma influncia que a de Bobbit.

    Os estudos de Bobbit foram aperfeioados por Ralph Tyler(1974) e iriam dominar o

    campo da educao, nos Estado Unidos e no Brasil, com as categorias e conceitos: ensino,

    3 Silva se refere ao livro de Bobbit, The Curriculum(1918), que iria ser considerado como referncia

    para tornar o currculo um campo de estudos especializado. 4 Antes de Bobbit, em 1902, John Dewey publica The Child the Curriculum, iniciando a construo de

    uma vertente mais progressista, ligada mais as experincias das crianas e dos jovens

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    aprendizagem, avaliao, metodologia, didtica, organizao, planejamento, eficincia e

    objetivos., identifica trs fontes nas quais se devem buscar os objetivos da educao:

    estudo sobre os prprios aprendizes; estudo sobre a vida contempornea fora da educao;

    e sugestes dos especialistas das diferentes disciplinas. Essas fontes deveriam ser

    submetidas a duas espcies de filtros: a filosofia social e educacional da escola e a

    psicologia da aprendizagem.

    Nessa perspectiva surge a orientao comportamentalista em que os objetivos

    devem ser claramente estabelecidos, definidos e elaborados de acordo com os

    comportamentos. Essa orientao iria se reforar com o tecnicismo que surge fortemente,

    na dcada de 70, em paralelo ao modelo progressista que, mesmo no tendo grande

    influncia, avana nos estudos centrados na experincia do aluno, servindo de base ao

    movimento da escola nova. A consolidao dos modelos tradicionais de currculo, tanto os

    tcnicos como os progressistas, iriam superar o currculo clssico, por fora da

    democratizao do ensino, e iriam ser contestados como o movimento de

    reconceptualizao do currculo, das teorias crticas e da nova sociologia da educao

    (SILVA, 2000; SILVA, 2005; MOREIRA, 2005).

    Silva em sua anlise pontua que os modelos tradicionais de currculo comeam a ser

    questionados pelos movimentos revolucionrios da dcada de 60, na Frana e em outros

    pases, inclusive o Brasil, com autores como Althusser(1983), Bordieu e Passerom(2008),

    Badelout e Establet(1971), que depois so substitudos por Apple(2002;2006),

    Giroux(1986;1997), entre outros.

    Este autores iniciam a fase de construo das teorias crticas do currculo que

    efetuam uma completa inverso das teorias tradicionais, como visto, eles no questionavam

    o statu quo, e concentravam-se mais nas formas de organizao do currculo. As teorias

    crticas so teorias de questionamento e transformao e, ao invs de desenvolverem

    tcnicas de como fazer o currculo, desenvolvem o conceito para compreender o que o

    currculo faz (SILVA, 2000).

    O currculo no se restringe, na questo do conhecimento, a suas relaes de

    determinao, ou de adaptao ou de transformao dos contextos histricos em que est

    inserido, ao contrrio, amplia suas relaes subjetivas de construo de conhecimento que

    esto intimamente relacionadas questo de identidade. Ele tambm envolve questes de

    poder, tanto nas relaes professor-aluno e administrador-professor quanto em todas as

    relaes que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relaes de

    classes sociais (classe dominante, classe dominada) e questes raciais, tnicas e de

    gnero, no se restringindo a uma questo de contedos. (SILVA,2003)

    Assim, a questo de poder vai separar as teorias tradicionais das teorias crticas e

    ps-modernas. As teorias curriculares, nessa seleo de conhecimentos, privilegiando um

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    tipo de conhecimento em detrimento de outro, esto envolvidas em uma relao de poder,

    em busca de um consenso para obter a hegemonia, isto , esto em uma disputa de

    posies no centro de um territrio contestado (SILVA; MOREIRA, 2005).

    Teorias crticas

    Na formulao de Silva(2000), os modelos tradicionais do currculo, que se diziam

    neutros e se restringiam atividade de como faz-lo, so questionados pelas teorias

    crticas, que duvidam de seus pressupostos. As teorias de adaptao e ajuste dos modelos

    tradicionais, atravs dos conceitos de ideologia de base marxista, so colocadas, na obra de

    Althusser, em suas funes de reproduo e responsabilizao das desigualdades sociais.

    Nesta linha de interpretao Silva afirma que a relao entre currculo e ideologia foi

    fundamental para questionar os princpios liberais e tradicionais da educao, a maneira

    como a classe dominante transmitiria suas idias e a reproduo da estrutura social

    existente.

    Como que a escola transmite ideologia? A escola atua ideologicamente atravs do

    seu currculo, seja de uma forma mais direta, atravs das matrias mais suscetveis ao

    transporte de crenas explcitas sobre a desejabilidade das estruturas sociais existentes [...]

    (SILVA, 2000,p.29).

    Alm desse aspecto, o autor citado acima, adverte que ideologia atua no sentido da

    reproduo das classes, inclinando a classe dominada submisso e subordinao,

    enquanto que as pessoas da classe dominante aprendem a comandar e a controlar. Essa

    relao de poder reside nos mecanismos seletivos que fazem com que as crianas das

    classes dominadas abandonem a escola antes de se apropriarem dos cdigos da classe

    dominante

    De acordo com Silva(2000), o argumento central de Althusser, em relao as suas

    formulaes sobre os aparelhos ideolgicos de estado, de que a sociedade capitalista

    depende, para sua permanncia, alm da reproduo de seus componentes

    econmicos(foras de produo e meios de produo), da reproduo de seus

    componentes ideolgicos, sustentados pelas suas instituies ou aparelhos ideolgicos.

    Na opinio desse mesmo autor, a sociedade capitalista no se sustentaria, caso no

    houvesse esses mecanismos institucionais para garantir a manuteno do statu quo, Esse

    consentimento obtido atravs da ideologia ou da fora repressiva.

    Embora o conceito de ideologia utilizado por ele, como falsa conscincia tenha sido

    muito criticado, Silva aponta que a segunda parte de sua obra apresenta uma noo de

    ideologia ainda no superada. Inmeros estudos surgiram com o refinamento desse

    conceito, ajudaram na compreenso do papel da ideologia no processo educacional.

    (SILVA, 2000)

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    Em sua reviso dos autores crticos o autor citado acima, situa que para buscar

    compreender a natureza e a conexo entre a escola e a produo, Bowlers e Gintis(1981)

    apresentam o conceito de correspondncia para um estudo, no sobre os contedos, mas

    sobre as atitudes e os valores que so repassados aos alunos, dependendo da classe social

    e da respectiva escola que frequentam.

    Mesmo no partindo de referenciais marxistas, a reproduo, ainda hoje, representa

    um clssico estudo de conceitos de capital cultural, domnio simblico, hbitos, cdigos,

    condies e mecanismos de manuteno, reproduo cultural e excluso das classes

    sociais, que por sua vez, no conseguindo decifrar os cdigos, tm que encarar o fracasso

    escolar.

    No movimento de reconceptualizao curricular, um dos campos o da crtica

    neomarxista. Um de seus expoentes Michael Apple que, utilizando-se de referncias da

    crtica neomarxista e apoiando-se nos estudos culturais e sociais de Raymond Williams,

    refina o conceito de hegemonia, ideologia e poder, com a obra que se tornou clssica nos

    estudo curriculares: Ideologia e Currculo(1982); e, depois em Educao e Poder(1986),

    desenvolve o campo das teorias crticas de currculo.

    O objetivo de Michael Apple compreender "como as escolas produzem e

    reproduzem formas de conscincia que permitem a manuteno de controle social sem que

    os grupos dominantes tenham que recorrer a mecanismos declarados de dominao".

    (APPLE, 2006 p.37). Para isso, investiga trs reas da vida escolar: a) a experincia escolar

    e o ensino ideolgico dissimulado, ou seja, a questo do currculo oculto; b) a

    problematizao do contedo ideolgico do currculo, ou seja, as formas de conhecimento c)

    a problematizao da atuao do educador.

    Nesse contexto, o autor, situa o papel crtico-reflexivo do educador, sugerindo que

    este que no deve desvincular de sua prxis a anlise do referido contexto e que deve ter,

    como pressuposto de anlise, a relao entre ideologia e cultura, poder e conhecimento,

    para desvelar a realidade estruturada, ainda que contraditria da sociedade capitalista.

    Para o referido autor o problema do conhecimento em educao, ou seja, o que se

    ensina nas escolas - o currculo - deve ser considerado uma forma de distribuio mais

    extensa de bens e servios dentro da sociedade. Para ele, trata-se de saber: a) Em que

    medida o conhecimento transmitido pela escola contribui para a manuteno das diferenas

    sociais? b) Por que se ensinam nas escolas alguns conhecimentos e no outros? c) Como

    fazem as escolas para distribuir esse capital cultural? Este estudo sobre o conhecimento

    educacional deve ser um estudo em ideologia.

    Apple(2006) procura construir sua anlise nos processos de reproduo social e

    cultural. Porm, apenas com o desenvolvimento posterior das teorias crticas do currculo

    que as contradies e resistncias iriam se destacar. Deste modo, o conceito de resistncia

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    e oposio que foi apenas esboado, em seu livro Ideologia e Currculo, seria aperfeioado

    por Henry Giroux.

    Giroux, seguindo a linha terica da escola de Frankfurt, crtica a racionalidade

    tcnica e utilitria do currculo, bem como as abordagens fenomenolgicas e estruturalista.

    Como Apple, rejeita as posturas de determinao entre economia, educao e cultura.

    no conceito de resistncia, entretanto, que Giroux vai buscar bases para

    desenvolver uma teorizao crtica mais alternativa sobre a ideologia e o

    currculo(SILVA,2000, p.53)

    Para ele, conhecimento sempre conhecimento de alguma coisa. Isto significa que

    existe uma separao entre o ato de conhecer e aquilo que se conhece. Utilizando o

    conceito fenomenolgico de inteno, o conhecimento para Freire sempre intencionado

    (SILVA, 2000, p.60)

    Nesta linha Silva considera que Freire, embora no tenha elaborado uma teoria

    curricular, pois a sua preocupao era o que ensinar, centrou sua obra na elaborao de um

    mtodo, influenciando autores ligados construo de teorias curriculares. Embora sua fase

    inicial tenha forte influncia da fenomenologia, seus estudos sobre a cultura popular foram

    um ponto de partida para os temas centrais dos estudos ps-colonialistas.

    Nesta perspectiva Arroyo vem construindo em sua obra um proposta de currculo

    com base na proposta freireana e avanando na formulao da proposio de um currculo

    a partir da experincia dos educadores e dos educando, em um territrio em disputa.(

    Arroyo2010)

    Na dcada de 80, o predomnio de Paulo Freire, no campo educacional brasileiro,

    confrontado com a pedagogia histrico-crtica, ou pedagogia crtico-social dos contedos

    que tambm no pretendia elaborar uma teoria curricular, mas sua formulao tem como

    centro questes especficas das teorias curriculares. Para Saviani, um de seus principais

    autores, a tarefa da pedagogia crtica seria transmitir aqueles conhecimentos universais que

    so considerados patrimnio da humanidade. (SILVA,2000).

    Nesta perspectiva, o currculo deixa de ser visto como uma rea eminentemente

    tcnica, relativa a questes de objetivos, mtodos e procedimentos. Na perspectiva de

    Silva(2000), Silva(,2005) e Moreira(2005), o currculo abordado em questes sociolgicas,

    polticas e epistemolgicas um campo de estudos que se criou e por isso permite falar de

    uma tradio crtica do currculo. Nesse sentido, o currculo visto em uma perspectiva mais

    ampla que se relaciona com temas como ideologia, relaes de dominao, relaes de

    classe, relaes sociais de produo, currculo oculto que depois sero refinados com os

    conceitos de hegemonia5, tradio seletiva6, capital cultural7, entre outros.

    5 Hegemonia aqui entendido na perspectiva de Gramisc.

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    Segundo Apple(2006, p.37), no h apenas a propriedade econmica, mas tambm

    a propriedade simblica capital cultural - que as escolas preservam e distribuem, criam e

    recriam formas de conscincia que permitem a manuteno e controle social sem terem que

    usar mecanismos abertos de dominao.

    [...] o currculo no considerado um artefato social e cultural. Isto significa que ele colocado na moldura mais ampla de suas determinaes sociais, de sua histria, de sua produo contextual. O currculo no um elemento neutro de transmisso desinteressada do conhecimento social. O currculo est implicado em relaes de poder. O currculo transmite vises sociais particulares e interessadas, o currculo produz identidades individuais e sociais particulares. O currculo no um elemento transcendente e atemporal ele tem uma histria vinculada a formas especficas e contingentes de organizao da sociedade e da educao (SILVA; MOREIRA, 2005, p.7)

    Teorias crticas no contexto da ps modernidade

    As perspectivas ps-modernas no tm um nico discurso para explicar a realidade,

    mas vrias perspectivas, pelo que pode se extrair das diretrizes, a sociedade do

    conhecimento a perspectiva que se encontra subjacente justificativa do apreender a

    aprender, com base na pedagogia da diferenciao e do construtivismo. (RAMOS,2009).

    O contexto atual apresenta um cenrio de incertezas, perplexidades e desafios que

    se instalam no mundo globalizado em meio a mais uma crise econmica. Em paralelo, a

    velocidade das mudanas, atravs das novas tecnologias de informao, tem-se

    intensificado.

    Essas mudanas iniciaram com a questo da qualidade total e agora esto ligadas

    com as competncias, desejando formar um novo indivduo que atenda s exigncias do

    sistema capitalista em seu novo ciclo. Isto se dar pelo desenvolvimento das competncias

    e as atitudes implcitas que podem ser desveladas pelo currculo oculto. Caber a escola a

    certificao destas competncias que a sociedade exige.(RAMOS,`2006).

    Nesse cenrio de crise econmica, questionam-se valores e saberes e desenvolvem-

    se vrios setores. A cincia tradicional no consegue explicar e dar solues para os

    problemas atuais, gerando uma crise nos paradigmas clssicos e nas relaes de

    causalidade e de determinaes.

    6 Refinamento do conceito de hegemonia em relao cultura, elaborado por Raymond Williams e

    citado por Apple em Ideologia e Currculo. Seria a maneira pela qual, de toda rea possvel do passado e do presente, somente alguns significados e prticas so escolhidos, enquanto outros so excludos e negados; 7 Segundo Apple(2006, p.37), no h apenas a propriedade econmica, mas tambm a propriedade

    simblica capital cultural - que as escolas preservam e distribuem, criam e recriam formas de conscincia que permitem a manuteno e controle social sem terem que usar mecanismos abertos de dominao.

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    A crise provoca tenses no campo da educao, refletindo-se nas teorias que enfocam as questes curriculares. Dentre elas acentuadamente a teoria curricular - essa que examina as relaes entre o conhecimento escolar e a estrutura de poder na sociedade mais ampla, abrindo possibilidades para a construo de propostas curriculares informadas por interesses emancipatrios - que vista em crise tanto nos Estados Unidos como no Brasil(MOREIRA, 2005, p.12)

    Em sua reflexo sobre a crise da teoria crtica do currculo no Brasil, Moreira assinala

    que, na quarta fase, iniciada na virada nos anos 90, intensificam-se crticas j anunciadas na

    fase anterior sobre os referenciais tericos do neomarximo e da Escola de Frankfurt, para

    compreenso dos processos curriculares.

    Uma nova feio da teoria curricular crtica se delineia, com a colaborao do ps-estruturalismo, dos estudos de gnero, da psicanlise, dos estudos ambientais, dos estudos culturais e dos estudos de raa. O controvertido dilogo entre os neos e ps domina a etapa, contribuindo para que se veja a tendncia como enfrentando perigosa crise.(MOREIRA, 2005, p.24)

    Segundo Moreira(2005), nos ltimos anos no Brasil e em outros Pases, a influncia

    do pensamento ps-moderno tem sido marcante nos estudos curriculares contemporneos.

    Nesses estudos, a caracterstica tem sido um rompimento com os ideais da modernidade,

    com o fim das grandes narrativas, com a rejeio da utopia, com a preocupao com a

    linguagem e subjetividade, com o discurso relacionado ao poder e celebrao da

    diferena.

    Silva aponta que neste contexto da ps-modernidade, parece haver no s uma

    incompatibilidade entre o currculo existente e o ps-moderno,mas a prpria teoria crtica

    que colocada sob suspeita.

    [...] A teorizao crtica ainda dependente do universalismo, do essencialismo e do fundacionismo do pensamento ps-moderno. A teoria crtica do currculo no resistiria sem o pressuposto de um sujeito que , atravs de um currculo crtico, se tornaria finalmente emancipado e libertado[...] (SILVA, 2000, p.119).

    Desse modo o referido autor assinala que o ps-modernismo, de certa forma, coloca

    a teoria crtica nos seus limites, saindo da sua posio de vanguarda. A certeza que reinava

    na crtica ao currculo existente, agora se encontra em uma posio incmoda e

    desconfortvel. Assim o ps-modernismo assinalaria o fim da pedagogia crtica e o incio da

    pedagogia ps-crtica.

    No entanto, alguns crticos associam o ps-modernismo ao neoliberalismo e s suas

    polticas de reduo do estado e s polticas sociais, j exaustivamente denunciadas. Estas

    seriam incompatveis com as teorias crticas e seriam incapazes de fornecer bases para

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    enfrentar os desafios polticos e morais que os educadores tm que enfrentar. (MOREIRA,

    2000)

    Moreira, entretanto, ancorado em Giroux, defende a combinao das teorias crticas

    com o ps-modernismo, desde que sejam preservados alguns ideais da modernidade, tais

    como a utopia e o projeto emancipatrio.

    Em outras palavras, apoiando-me em Giroux, posiciono-me favor de um discurso de

    emancipao, no qual a luta contra a dominao constitui parte de um projeto educacional

    de cunho poltico.(MOREIRA, 2000, p.11)

    Segundo Moreira, Apple mais cuidadoso na adoo dos ps-modernistas,

    reafirmando sempre sua fidelidade teorizao curricular crtica. Embora reconhecendo que

    as relaes de classe no do conta de explicar toda a dinmica das relaes de poder,

    considera o abandono da categoria classe uma tragdia de imensas propores.

    (MOREIRA,2005,p.26)

    De acordo com o referido autor, a crise das teorias crticas, no pensamento

    americano, encontra vrias explicaes que vo desde a incompatibilidade terica da

    combinao de temas clssicos, como reproduo, resistncia, hegemonia e ideologia que

    incorporam inconsistentemente questes de raa, gnero e novos temas at a questo da

    inconsistncias de evidencias das proposies dos estudos qualitativos, se tornando pouco

    convincentes comunidade escolar.

    O referido autor, em uma consulta a especialistas em currculo, assinala que os

    avanos tericos afetam pouco a prtica docente, embora causem prestgio no meio

    acadmico, os resultados e desdobramentos dificilmente chegam escola para que esta

    possa se renovar (MOREIRA, 2005).

    Consideraes finais

    Ento para situar o dialogo das teorias criticas com os desafios da ps-modernidade

    para o currculo vamos, nos limites deste artigo apresentar uma sntese das proposies

    elaboradas por SILVA, nas denominadas lies de currculo apresentada na obra o o que

    produz e reproduz e o que reproduz em educao: ensaios da sociologia.Em uma tentativa

    de sintetizar a produo das teorias crticas, Silva(1992) elaborou 10 (dez ) lies sobre o

    currculo das quais resumidas em apenas trs: a)A relao entre o conhecimento curricular

    e o capitalismo;b) o processo de socializao da escola na reproduo do currculo explcito

    e do oculto; c) as mediaes entre o pretendido e o realizado, bem como as suas

    determinaes estatais.

    a) O processo de criao, seleo, organizao e distribuio de conhecimento

    escolar,est relacionado com os processos sociais mais amplos de acumulao da

  • 12

    sociedade capitalista. Essa definio constitui uma seleo particular e arbitrria e

    distribuda de forma desigual de acordo com as diferentes classes e grupos

    sociais.(SILVA,1992, p.78-79)

    Essa lio situa o currculo nas suas relaes mais amplas com a economia, no em

    uma relao mecnica e determinista, como nos ensina Apple, mas mediada pelo embate

    de foras e pela ao dos sujeitos envolvidos, como tambm pelo processo de construo

    curricular conforme aponta Sacristn (2000), em suas vrias dimenses. Isso percebido no

    processo histrico das elaboraes tericas, nas disputas hegemnicas de cada contexto e

    na demanda da sociedade, medida que as relaes de produo se modificam e

    aparecem as reformas curriculares para uma adequao s exigncias do mercado.

    Mesmo o currculo sendo colocado nas suas relaes mais amplas, o poder agora

    discutido como uma relao e no como uma posio de classe e sua relao com o

    estado. Como conseqncia percebe-se a hegemonia da pedagogia das competncias, que

    reformulando o conceito de qualidade total, agora se apresenta com apoio de teorias

    psicolgicas do aprender a aprender, na sociedade do conhecimento, seriam no olhar de

    Duarte uma ideologia para desviar as contradies do modelo capitalista para as questes

    de gnero etnia e demais temas ps-modernos.

    b) A escola est implicada na reproduo da diviso social do trabalho entre manual

    e intelectual, no somente atravs da socializao, mas tambm porque ajuda a reproduzir

    a definio dessa diviso. Como nenhum currculo responsvel pela reproduo social,

    no h garantia de transformao social. A socializao da escola no est apenas no

    currculo explcito, mas tambm no oculto e na capacidade de definir identidades, dado o

    poder que a escola detm de certificar aqueles que ela consagra. (Idem,1992p.80-85)

    Esta questo de denuncia do papel principalmente da escola nas teorias tradicionais

    do currculo,foi um marco nos estudos do currculo na medida em que se percebeu a sua

    importncia no papel de poltica curricular, com mecanismos de controle e eficincia que

    tem relao com as demandas do mercado. Os estudos das teorias crticas do currculo com

    base neomarxista mostraram que as pedagogias baseadas no progressivismo e tecnicismo

    mesmo mostrando metodologias e tcnicas de inovao agora reconfiguradas na pedagogia

    das competncias, defendendo ensino de qualidade e alunos crticos e criativos, continuam

    propondo uma socializao como uma adaptao as demandas do mercado.

    c) No possvel entender o currculo, efetivamente em ao, sem compreender

    aquilo que acontece, quando o currculo pretendido interage com as condies presentes na

    escola e sala de aula. Quando se pensa em currculo, no se pode separar a forma do

    contedo. O contedo est sempre envolvido numa certa forma e os efeitos desta podem

    ser to importantes quanto os comumente destacados efeitos do contedo, pois a estreita

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    regulamentao estatal limita e determina as possveis transformaes do currculo. (Ibidem,

    1992.p.86-88)

    Para responder essas questes atuais, necessrio recorrer elaborao de

    currculo apresentada por Sacristn(2000) como um processo, pois no basta a sua

    reformulao prescrita para garantir sua efetivao. O currculo prescrito, o apresentado,

    modelado, o realizado e o avaliado, ao momentos que se entrecruzam constroem e

    reconstroem o processo curricular que aps a sua efetivao nos territrio em disputa vai

    apresentar certa configurao resultado da posio hegemnica consolidada.

    O currculo analisado pelas propostas crticas atravs da ideologia, cultura e poder,

    tem caracterizado as problematizaes vista sob este enfoque. central a essa tarefa de

    investigao do currculo oficial uma perspectiva que tenha um foco histrico. A contingncia

    e a historicidade dos presentes arranjos curriculares s sero postas em relevo por uma

    anlise que flagre os momentos histricos que esses arranjos foram concebidos e tornaram-

    se naturais. Desnaturalizar e historicizar o currculo existente um passo importante na

    tarefa poltica de estabelecer objetivos alternativos e arranjos curriculares que sejam

    transgressivos da ordem curricular existente. por isso que uma histria do currculo deve

    ser parte integrante de uma Teoria Crtica do Currculo dedicada construo de ordens

    curriculares alternativas. (SILVA; MOREIRA, 2005, p.31)

    Essa naturalizao para Silva e Moreira est centrada na prpria organizao do

    currculo e da disciplinaridade que precisa ser superada pela interdisciplinaridade de uma

    forma mais radical, em especial no que diz respeito s noes de conhecimento,porque

    estas no podem ficar indiferentes cultura popular, como propem os analistas crticos. A

    utilizao de novas tecnologias de informao tem promovido a formao de uma

    diversidade de identidades culturais formadas pela mdia que no podem ser ignoradas,

    precisando ser analisadas no contexto da ps-modernidade, em que novos temas, como

    multiculturalismo, se apresentam nas teorias curriculares.

    Neste novo contexto, vrios so os desafios que se apresentam, tanto para as

    teorias crticas que so colocadas em uma posio desconfortvel como as crticas aos

    ideais da modernidade que ela se sustenta. Todavia alguns autores como Moreira,

    defendem a manuteno das teorias crticas na ps-modernidade, desde que alguns ideais

    da modernidade sejam preservados.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS. APPLE, Michael W. Ideologia e Currculo. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006 ______ . Repensando Ideologia e Currculo. In MOREIRA, Antonio Flavio; SILVA,Tomaz Tadeu (Orgs.) Currculo Cultura e Sociedade. 8 ed. So Paulo: Cortez, 2005. DUARTE, Newton. Sociedade do conhecimento ou sociedade das iluses. Campinas,Autores Associados, 2003. FREITAS, Luis Carlos. Crtica da Organizao do Trabalho Pedaggico e da Didtica. 9 ed. Campinas: Papirus, 2008. FRIG.OTTO,Gaudncio (org.).Educao e crise do trabalho:perspectivas de fim de sculo.Petropolis,Vozes,1998. GIROUX,Henry. Teoria Crtica e Resistncia em Educao. Petrpolis: Vozes, 1986 . LOBATO, Antonino,C.L. A formao profissional em educao Fsica no Amap.Dissertao de Mestrado em Cincia da Motricidade Humana.UCB,RJ,2010. MOREIRA,Antnio Flavio. Currculo, utopia e ps-modernidade.In MOREIRA,Antnio Flavio(org.) Currculo: questes atuais.Campinas, Papirus,2000. MOREIRA, Antonio Flavio. A crise da teoria curricular crtica. In COSTA,Maria Vorraber. Currculo:no limiares do contemporneo. Rio de Janeiro, DP&A, 2005. MOREIRA, Antonio Flavio; SILVA, Tomaz Tadeu. Sociologia e Teoria Crtica do Currculo: Uma Introduo. In: MOREIRA, Antonio Flavio; SILVA,Tomaz Tadeu. Currculo Cultura e Sociedade. 8 ed. So Paulo, Cortez, 2005 PERRENOUD,Philippe.THULER,Mnica Gather. As competncias para ensinar no sculo XXI. So Paulo, Artmed,2002. RAMOS, Nogueira Ramos. A pedagogia das competncias: autonomia ou adaptao. So Paulo: Cortez, 2006 SACRISTN, Jos Gimeno. O Currculo: uma reflexo sobre a prtica. 3 ed. Porto Alegre: Artemed, 2000. SILVA, Tomaz Tadeu. O que produz e o que reproduz em educao:ensaios de sociologia da educao.Porto Alegre.Artes Mdicas,1992 ______. Teorias do Currculo: Uma Introduo Crtica. Porto: Porto Editora, p.11, 2000 TYLER, Ralph W. Princpios bsicos do currculo e do ensino. ,3.Ed.Porto Alegre, Editora Globo,1976.