Teologia e Missão - Perspectiva Paulina da Missão Urbana em Romanos - Norval Silva

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    Teologia e missão: perspectiva paulina da

    missão urbana em RomanosNorval Oliveira da Silva

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    INTRODUÇÃOA carta aos Romanos

    É c ons e ns o ge ra l que a c a rt a de P a ul o a os Roma nos é um dosescritos mais importantes e mais profundos da religião Cristã.Foi através dela que homens como Agostinho, Lutero, JohnWesley e Carl Barth tiveram uma experiência pessoal com Cristo

    (Bruce, 1979, pp. 50-51). Calvino diz que “se porventuraconseguirmos uma genuína compreensão dessa epístola,teremos aberto uma amplíssima porta de acesso aos maisprofundos t e s ouros da Es c ri t ura ” . Le on M orri s di z que1

    Romanos trata de grandes temas, temas que estão bem no

    1  Joã o CALVINO, Romano s , São Paulo: Ediçõ es Paraclet os , 1997. p. 26.

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    c o raç ã o do c ris t ia nis mo . A s s im, e s s a c a rt a nã o foi ape nas2

    importante para a primeira geração de cristãos, mas se tornarelevante também tanto para os crentes de hoje em dia comopa ra os de é poc a s fut ura s .

    O objetivo desse trabalho é analisar, ainda que de forma breve, ot e ma de mi s s õe s urba na s no c ont e xt o da Ca rt a a os Roma nos .Nele, procuraremos enfocar a visão que Paulo tinha da cidade, asua perspectiva missiológica para a cidade, os problemasenvolvidos na pregação do Evangelho no contexto urbano e assoluções apontadas pelo autor. Concluiremos o trabalho com

    uma abordagem sobre a relevância do tema para os nossos diasde hoje e faremos uma breve aplicação para o nosso contextobrasileiro.

    2  Leo n MORRIS, The Epist le to Th e Romans , Erdman s Pu blish ing Compa ny , 1987.

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    1. O evangelho e a cidade de Roma

    Não sabemos com certeza como o Evangelho chegou a Roma.Lucas narra em Atos 2:10-11 que em Jerusalém no dia dePentecostes havia judeus de todas as partes do mundo e“visitantes vindos de Roma, tanto judeus como convertidos ao

       judaí smo (NVI, grifo meu). Sup õ e-se q ue foi ass im q ue o

    Evangelho foi levado à capital do império, pelas mãos depe s s oa s c omuns . O ut ra pos s i bi l i da de a i nda é de que , a pós amorte de Estevão, os crentes de Jerusalém que se espalharampor todas as partes tenham chegado também a Roma. Aterminologia usada por Paulo para se dirigir aos cristãos deRoma indica que a igreja daquela cidade não era de organizaçãotão recente (F.F. Bruce, 1988).

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    2. Qual era a visão do autor sobre a cidade?

    A cidade de Roma foi fundada em 735 A.C. sobre sete colinas enos tempos do Novo Testamento estava em plena pujança dos eu d es envo lvimento. Havia na c id ad e mais d e um milhão d ehabitantes e sua estrutura urbana era de dar inveja às grandescidades do nosso tempo (J.D. Douglas, 1962, p. 1408).

    Não há qualquer evidência histórica ou escriturística de quePaulo conhecia Roma ou a tenha visitado antes de escrever a suac a rt a a os c ri s t ã os da que l a c i da de . Embora c i da dã o roma no por

    nascimento (Atos 16:37; 21:39; 22:25), ele era de Tarso, na Ásia

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    Menor e ao que tudo indica, fora educado em Jerusalém, aospés do rabino Gamaliel. Havia porém em Roma muitos cristãosque Paulo conhecera aqui e ali em suas viagens (F.F. Bruce,1989, p. 14).

    No mundo dos dias de Paulo, o nome de Roma muitosignificava, e não deixa de exercer um forte fascínio tambémsobre o apóstolo, uma vez que ele expressa o forte desejo depregar o evangelho também ali (Douglas, 1962, p. 1412). Comobom estrategista missionário, Paulo sabia da importância deRoma como base missionária para novos campos pioneiros e

    c omo c e nt ro de e xpa ns ã o do c ri s t i a ni s mo por t odo o i mpé ri o.Esse modelo de centros de expansão como prática missiológicaé largamente atestado na tarefa missionária paulina, de acordoc om o l i vro de A t os dos a pós t ol os . F oi a s s i m que o a pós t ol osempre viu o seu ministério: escolher centros estratégicos deexpansão regional, passar o tempo necessário lá para a

    implantação de uma comunidade cristã e seguir em frente paraum novo centro. Essa atividade se repetia quantas vezesnecessárias até que uma dada região estivesse estrategicamenteocupada pela presença cristã.

    Tem se discutido muito nos círculos acadêmicos hoje qual era areal intenção de Paulo ao escrever a carta aos Romanos. Por

    muito tempo se viu nela um propósito teológico. De acordo comos que interpretam dessa maneira, a carta aos Romanos temcomo finalidade a apresentação de uma síntese do Evangelhopregado e defendido pelo apóstolo (Walvoord,1983, p. 437).Nas últimas décadas, porém, tem havido uma mudança de foco.Segundo essa nova corrente, a exegese de Romanos tem se

    afastado de uma interpretação doutrinária, que tomava os

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    ensinos de Paulo como verdades atemporais sem que seperguntasse para quem e para que ele escrevia. Em vez disso, aa t e nç ã o t e m s e vol t a do pa ra o(s ) propós i t o(s ) da Ca rt a nocontexto do trabalho missionário de Paulo (Klaus Haaker, 2006,

    p. 5).O texto de Romanos 15:24, quando lido na perspectiva damissiologia paulina, nos dá a dimensão da visão que o apóstolotinha de Roma: um centro de missões. Vejamos o que ele dizaos romanos: “Planejo fazê-lo quando for à Espanha. Esperovisitá-los de passagem e dar-lhes a oportunidade de me ajudarem

    em minha viagem para lá, depois de ter desfrutado um pouco dacompanhia de vocês”.

    P ort a nt o, pode mos a fi rma r c om c onvi c ç ã o que a c a rt a a osRomanos tem motivação missiológica e que o apóstolo vê noscristãos romanos um potencial de parceria missionária cujafinalidade seria o estabelecimento de novos centros de expansãoda fé cristã, desta feita na Ibéria. Timoteo Carriker, comentandoo trecho d e Ro manos 15:24, 28 diz :3

    A e xpre s s ã o ‘s e r e nc a mi nha do por voc ê s ’, v. 24, e rapraticamente um termo técnico nos círculos cristãosmissionários, que se referia ao apoio moral e também

    provavelmente financeiro necessário para a proclamaçãodo evangelho…Paulo então, está pedindo o apoio doscristãos romanos para a viagem missionária que pretendiafazer até à Espanha.

    3  Timo t eo CA RRIKER,     A missiol ogi a Apoca líp tica da Carta aos Romanos, p. 5.

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    Corrobora com essa visão mais dois fatores: primeiro, o fato deque o próximo alvo missionário do apóstolo era a Ibéria, regiãolatina. Assim, o apóstolo espera obter a ajuda de irmãos latinospara alcançar outros latinos. Isso explicaria a inclusão de muitosnomes latinos na lista de irmãos mencionados no final daepístola (Carriker, 1998, p. 5). Segundo, como Paulo jáafirmara, ele não tinha intenção de se estabelecer em Roma, umavez que o evangelho já estava presente lá e ele tinha comoprincípio missionário básico o não construir sobre alicercealheio (Rom. 15:20-21).  

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    3. Quais problemas o autor estava apontando?

    Para que as intenções missionárias do apóstolo Paulo fossem

    concretizadas, porém, era necessário esclarecer uma série dequestões que diziam respeito ao seu ministério e à natureza doEvangelho que ele pregava. Não devemos imaginarinocentemente que havia consenso quanto ao evangelho pregadopelo apóstolo. Ele mesmo dá a entender tanto em sua carta aosRomanos quanto em outros lugares que havia oposição,

    especialmente por parte de judeus cristãos que não viam com

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    bons olhos o seu “liberalismo” em relação aos costumes epráticas gentílicas e a sua veemente defesa da não observânciada lei mosaica por parte dos cristãos não-judeus. Assim, oprimeiro problema apontado por ele na carta diz respeito à

    natureza do homem e à natureza do Evangelho.Convém lembrar nesta altura de que a igreja em Roma eraconstituída de judeus e gentios, com uma maioria prováveldestes últimos. Portanto, ao falar sobre a natureza do homem,Paulo passa a demonstrar que perante Deus, nem os judeus nemos gentios estão em vantagem a priori. “Todos pecaram e

    destituídos estão da Glória de Deus” (3:23). Isso era umanovidade, já que os judeus se consideravam em vantagemhistórica no relacionamento com Deus. Porém, no evangelhopregado por Paulo, tanto judeus como gentios se encontram empe c a do e pa s s í ve i s do j uí z o di vi no, e mbora o a pós t ol oreconheça a prioridade dos judeus de ouvirem o evangelho,

    prática que ele mesmo utilizou ao viajar de cidade em cidadeproc l a ma ndo a s Boa s N ova s de Cri s t o.

    Em a nos re c e nt e s os e s t udi os os de Roma nos t ê m foc a do a s uaatenção nas tensões existentes entre os judeus e os gentios nasc ongre ga ç õe s roma na s . Es s a s t e ns õe s s urgi ra m l ogo a pós ore t orno dos j ude us pa ra Roma , de poi s do e xí l i o de c re t a do pe l o

    imperador Cláudio (Carriker, 1998, p. 1) e giravam em torno doestilo de vida cristão e da aplicação da lei mosaica aos gentios.A c onc l us ã o de P a ul o de que os ge nt i os nã o e s t ã o de ba i xo dale i c a us o u e s p a nt o e o p o s iç ã o .

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    4. Que elementos teológicos/missiológicospodem ser encontrados nesta carta?

    A Carta aos Romanos é rica em princípios teológicos e

    missiológicos. Nela, Paulo apresenta a natureza do cristianismo ea sua relação com as culturas e tradições. Como já dito antes, amotivação do autor é missionária, senão missiológica e,portanto, as verdades apresentadas são fundamentais para umacompreensão da natureza do Evangelho e do cristianismo. Vouresumir a seguir as verdades missiológico/teológicas queconsidero mais relevantes:

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    4 . 1 T o d o h o m e m é p e c a d o r

    O apóstolo utiliza os três primeiros capítulos da carta para tratarda natureza do homem. Segundo a sua mensagem, o homem é

    pe c a dor e e s t á de s t i t uí do de D e us . N o c a pí t ul o 1, de mons t raque os ge nt i os s ã o pe c a dore s e e s t ã o pe rdi dos . N o c a pí t ul o 2afirma que não só os gentios, mas também os judeus sãope c a dore s . E no c a pí t ul o 3, que “ t odos pe c a ra m e de s t i t uí dosestão da Glória de Deus”.

    O tema da natureza pecaminosa do homem é fundamental para ateologia paulina. É a partir desse estado pecaminoso do homemque a história da salvação se revela em Jesus Cristo. Como dizMurray “O evangelho como poder para a salvação se torna semsignificado à parte do pecado, condenação, miséria e morte.Es s a é a ra z ã o porque P a ul o s e propõe a de mons t ra r que t odo omundo é culpado diante de Deus e está sob a sua ira e

       julgamento ”4

    4 . 2 O E v a n g e l h o é o p o d e r d e D e u s p a r a s a l v a ç ã o

    Outro tema missiológico importante nessa carta é que Deus nãodeixou o homem, judeu ou gentio, em seu estado de morteespiritual. Ele providenciou um meio para a salvação, Jesus

    Cristo, através da proclamação do Evangelho. O apóstoloafirma que esse evangelho “é o poder de Deus para a salvaçãode todo aquele que crê” (1:16).

    Missiólogos têm discutido sobre a essencialidade da obra deCristo para a salvação. Para alguns, Cristo é o meio de salvação

    4  John, MURRAY, Epistl e to The Romans, p. xxii i. 

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    para os que ouvem e crêem. Porém, para os que morrerem semoportunidade de ouvir o evangelho, Deus dará um outro jeito desalvá-los, sem que a fé em Cristo seja usada como critério de

       julgamento . Emb ora a express ão ‘ p o der de Deus’ no verso

    analisado em Grego não tenha o artigo definido o poder’, issonão quer dizer que devamos traduzir por ‘um poder de Deus’,pois a gramática irá nos indicar que substantivos que precedemo verbo e funcionam como o foco da oração são geralmenteusados sem artigo definido (Levinsohn 2000). Portanto,p o demos afirmar q ue, co m b ase ness e verso , o evangelho é o

    meio de salvação, não um meio de salvação. Assim entendo euque a teologia paulina não deixa qualquer margem de dúvidaq uando à ess encialid ade de Cris to p ara a s alvação tanto d e

       judeus q uanto de gentios p ois é em Cristo que tod os o s quecrêem são justificados, pela fé, sem a qual ninguém verá a Deus.

    4. 3 E m C r i s to, Ju d e u s e ge n ti os for m am u m s ó c or p o

    Um outro elemento fundamental na teologia paulina, expressa emRoma nos e e m out ra s c a rt a s , c omo Efé s i os , por e xe mpl o, é ainclusão dos gentios nas promessas vétero-testamentárias. Essefator é considerado pelo apóstolo como o grande mistério queDeus havia guardado, mas agora revelado ao seu povo (11:25).N o c a pí t ul o 4 de Roma nos e l e de mons t ra que a s prome s s a s de

    Deus a Abraão ocorreram ainda quando ele era incircunciso e,portanto, Abraão é também pai dos gentios que crêem (4:14), eno capítulo 11, utiliza metáforas para demonstrar o “enxerto”dos gentios na videira que é Cristo. Com isso, o autor chamaatenção dos gentios para uma postura de humildade, mostrandoa necessidade deles permanecerem na videira para que não

    ocorra com eles o que ocorreu com alguns galhos originais

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    (judeus) que foram cortados e lançados fora em função da suaincredulidade (11:18, 22).

    F.F. Bruce diz que a igreja de Roma poderia se desintegrarrapidamente se os grupos cristãos (judeus e gentios) insistissemem exercer sua liberdade cristã sem se importar com a opiniãod o s o utros . Paulo , então apresenta um c ritério q ue d eve s er5

    s e gui do por t odos pa ra re s ol ve r e s s a s que s t õe s prá t i c a s naigreja: o amo r e a tolerância. No verso 13 do c apí tulo 14 eleinsta os cristãos a não julgarem um ao outro. A colocarem ointeresse do próximo acima do seu próprio interesse. Nessa

    matéria ele mesmo foi um grande exemplo pois “se fez de tudopara com todos a fim de ganhar alguns” (1 cor. 9:19).

    Finalmente, no capítulo 15, o apóstolo conclama a todos paraque assumam uma postura de tolerância e amor ao próximo como fim de promoverem a unidade no Corpo de Cristo ele diz em15:7 “Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma queCristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus”.

    4 . 4 É p e l a p r e g a ç ã o q u e o s e l e i t o s v ê m a C r i s t o

    S e gundo o t e xt o de Roma nos , D e us nã o s ó e s c ol he u um povopara si, mas também o chamou (do Grego kaleo). Sem sombrade dúvidas o método de Deus para chamar os eleitos é apregação. É a proclamação do evangelho, as Boas Notícias. “Afé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus”. Defensor dessavi s ã o, o a pós t ol o P a ul o, no c a pí t ul o 8 de Roma nos , a oapresentar e resumir todos os passos da atividade missionária,clama dizendo “Como ouvirão se não há quem pregue?”. Fora

    5  F.F. BRUCE, Romanos, Introdução e Comentário, p.197

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    da proclamação das Boas Novas não há como os eleitos virem aCristo. O Espírito Santo é quem, pela palavra, convence omundo do pe c a do da j us t i ç a e do j uí z o, e os c onduz a Cri s t o.

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    5. Qual foi a proposta do autor para a soluçãodo(s) problema(s)? 

    A propos t a do a pós t ol o pa ra a re s ol uç ã o do probl e ma   judeu/gentio tem uma nuance teoló gic a e o utra prátic a. A

    teológica é demonstrar que a obra redentora de Cristoa proxi mou os ge nt i os de D e us e dos j ude us fe z dos doi s povosum só. Paulo demonstra que a Lei mosaica tinha um propósitoespecífico, histórico e temporal, mas era ineficiente paraconduzir o homem a uma verdadeira transformação espiritual.Paulo demonstra que Deus aceita os gentios como eles são e

    que é direito deles exercer a sua liberdade em Cristo. RenéP adilha d iz :6

    Os apóstolos sabiam muito bem que, para quea c ont e c e s s e uma a c e i t a ç ã o ge nuí na da s pe s s oa s ‘a s s i mc omo e l a s s ã o’, e nã o uma a c e i t a ç ã o da boc a pa ra fora ,

    6  René PADILHA,  M i s s ã o I n t e g r a l, p. 169

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    teria que haver uma comunhão real, acima de todas asbarreiras, no nível da congregação local.Consequentemente eles se esforçaram para criarcomunidades nas quais…judeus e gentios…adorariam a

    Deus juntos e aprenderiam o significado de uma unidadeem Cristo ainda que fosse necessário encarar dificuldadesque surgiriam das diferenças de bagagem cultural ou declasse social entre os membros.

    A nuance prática apresentada por Paulo é conclamar os gentios(os fortes) a serem mais tolerantes para com os judeus (os

    fracos) e não transformarem a sua liberdade em motivo deescândalo. O apóstolo demonstra que, para que haja unidade noCorpo de Cri s t o, é pre c i s o c ons i de ra r o próxi mo e a má -l o, poi sesse era o resumo da Lei.

    Q ua nt o à s i t ua ç ã o dos povos a i nda nã o a l c a nç a dos pe l oevangelho, no caso específico em mente a Espanha, de acordocom a teologia de Paulo, o único meio de salvação para eles eraatravés da proclamação do evangelho. O apóstolo então, esperauma c ompre e ns ã o por pa rt e dos roma nos e o re c onhe c i me nt ode que ele devia, de fato, ir à Espanha e cumprir a sua missão delevar as Boas Novas até aos confins da terra. O ser humano estácaído e a natureza do evangelho exige ser ofertado e

    gratuitamente proclamado em todo o mundo: “Como pregarãose não forem enviados?” (10:15). A esse ponto, o argumento doapóstolo deve ser suficiente para convencer os romanos asustentá-lo e enviá-lo à Espanha!

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    6. Qual a relevância desta carta para a missãourbana hoje? 

    O s probl e ma s a pre s e nt a dos pe l o a pós t ol o P a ul o a os Roma nosnão são muito diferentes dos problemas que nós enfrentamoshoje em nossas igrejas. As questões de relacionamentos na

    comunidade cristã continuam a ser um dos grandes desafios dosnos s os d ias. Ess es pro b lemas se agravam ainda mais em funç ãoda s t e ndê nc i a s pós -mode rna s . In S i k H ong dá c omocaracterísticas do pós-modernismo o individualismo, a falta decrença em valores absolutos, uma ênfase exagerada no presenteem detrimento de perspectivas futuras, o isolacionismo social e

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    o s ub je tivis mo . To da s e s s a s t endê nc ia s s e c o ns t it ue m em7

    desafio a nós pastores na apresentação do evangelho e nacondução do povo de Deus nessa peregrinação aqui na terra. Épreciso refletir se o evangelho que estamos pregando é o mesmo

    pregado por Paulo. Será que ele é um evangelho de poder? Ema i s , pode r pa ra a s a l va ç ã o. O que di z e r do própri o c onc e i t o desalvação. De repente, a salvação foi transformada por certosteólogos em algo menos do que aquilo que o apóstolo Pauloc ria e p regava , isto é, s alvação integral aqui e ago ra, mas8

    também salvação espiritual e escatológica, eterna.

    O conceito de unidade de judeus e gentios no corpo de Cristo étambém de extrema relevânc ia para nós ho je. Embo ra no Bras il,as dificuldades de relacionamento não sejam propriamenteétnicas, elas são de cunho social. A sociedade brasileira é umasociedade bastante estratificada. Temos igrejas de ricos e igrejasde pobres. Historicamente temos favorecido mais os ricos que

    os pobre s . Q ua ndo obs e rva mos o mi ni s t é ri o t e rre no de J e s us ,porém, vemos que ele deu uma ênfase grande na proclamaçãodo e va nge l ho a o pobre . S e gundo J orge Ba rro, o pobre , a l vo dapre ga ç ã o de J e s us , é a pre s e nt a do por Luc a s c omo re pre s e nt a doem várias categorias humanas, a saber, no paralítico, no cego,no aleijado , etc. 9

    7  In Sik HONG e outros, Ética y Relig iosid ad en tiempos posmoderno s, pp. 7-17.8  Veja, po r exemplo, a noçã o de s alvação d efend ida por Ron aldo Satlerr-Ros a em C u i d a d o

         past ora em Tempos de Inseguranç a, pp.35 -48, em que o autor defende a idéia de salvaçãocomo bem-estar social.

    9  Jorge BARRO, De Cid ade em Cida de, p. 182.

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    Outro aspecto interessante apresentado pelo apóstolo dizrespeito à relação teologia/missão. Paulo não se detém em fazerteologia sistemática como um fim em si mesmo. Para ele ateologia serve para fundamentar a sua missão. Como muito bemcoloca Carriker, “a teologia, para Paulo, era conseqüência damis s ã o , e nã o v ic e - ve rs a ” .10

    Por fim, devemos aprender com a postura missionária de Paulo.Fica claro pelo contexto que ele buscava apoio e parceria doscrentes romanos para o seu novo projeto missionário. A sua

    atitude para convencer os romanos a investirem em seu projetonão foi o uso de apelos românticos e mirabolantes. Foi umaexposição clara e convincente da natureza do homem, estec a í do e de s e s pe ra da me nt e ne c e s s i t a do da obra re de nt ora deCristo, e a natureza do evangelho, Boa Nova e poder de Deuspara a salvação, tanto de judeus como de gentios.

    Pessoalmente fico fascinado pela exposição de Paulo quanto ànatureza do Evangelho. Como missionário transcultural há quasevinte anos, trabalhando com povos indígenas do Brasil, éexatamente essa a motivação que tenho: o evangelho é o poderde Deus para a salvação de todos. Não há outro meio. Esseevangelho precisa ser ofertado gratuitamente a todos os povos

    da terra para que assim Deus vá chamando e formando um povopara si, povo esse multi-étnico, multirracial e multi-linguístico.Essa nova criação de Deus deve então caminhar em união, viverem comunhão e fazer proclamação na terra, glorificando ao seuSenhor e aguardando o dia da redenção final. Maranata!

    1 0  Timo t eo CA RRIKER,     A missiol ogi a Apoca líp tica da Carta aos Romanos: com ênfaseem Rom. 15.14-21 e 9-11, p. 15.  

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    Referências Bibliográficas

    BARNES, E. Notes on The New Testament. Grand Rapids:Baker Book House, 1949.

    BARRO, Jorge. H. De Cidade em Cidade- Elementos para umaTeologia bíblica de Missão em Lucas-Atos. Londrina:Descoberta, 2002

    BRUCE, F. F. Ro manos Introd ução e Co mentário. São Paulo :Edições Vida Nova, 1979.

    CALVINO, Jo ão. Ro manos . São Paulo : Ediçõ es Paracletos ,1997.

    CARRIKER, Timoteo. A missiologia Apocalíptica da Carta aosR o mano s : c o m ênfase em R o m. 15.14-21 e 9-11. o n-line:http://www.mackenzie.c o m.b r/teolo gia/fid es/vo l03/num01/Timo te o . p d f. Acessado em 05/07/2006

    DOUGLAS, J.D. Ed itor. O Novo Dic io nário d a Bí b lia. São

    Paulo: Edições Vida Nova, 1962.

    HAAKER, Klaus. The Theology of Paul,s Letter to TheRomans. On-line.http://assets.cambridge.org/052143/4807/sample/0521434807ws.p d f. Acessado em 05/07/2006.

    http://assets.cambridge.org/052143/4807/sample/0521434807ws.pdfhttp://assets.cambridge.org/052143/4807/sample/0521434807ws.pdfhttp://www.mackenzie.com.br/teologia/fides/vol03/num01/Timoteo.pdfhttp://www.mackenzie.com.br/teologia/fides/vol03/num01/Timoteo.pdf

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    HONG, In Sik e o utros . Étic a y R eligio s id ad en tiempo sposmodernos. Buenos Aires: Kairós Ediciones, 2001.

    LEVINSOHN, Steve. Discurse Features of New Testament

    Greek. Dallas: SIL, 2000.

    MORRIS, Leon. The Epistle to The Romans. Grand Rapids: W.Eerdmans Publishing, 1987.

    Novo Testamento Grego, UBS 4a Edição

    PADILHA, C. René. Missão Integral. Ensaios sobre o Reino esobre a Igreja. São Paulo: Fraternidade Teológica Latinoamericana Brasil, 1992.

    S A TLER-RO S A , Rona l do. Cui da do pa s t ora l e m Te mpos deInsegurança- Uma Hermenêutic a C o ntemp o rânea. São P aulo :ASTE, 2004

    SMITH, William S. A Carta aos Romanos. 3a. Edição.Patrocínio-MG: CEIBEL, 1979.

    WALVOO RD, John F. & ZUCK, R oy. T he Bib le KnowledgeCommentary. Victor Books, 1983.

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    O autor

    N or val Ol i ve i r a d a S i l va é missionário da APMT (AgênciaPresbiteriana de Missões Transculturais) e da ALEM

    (Associação Linguística Evangélica Missionária). É mestre em

    exegese bíblica e linguística pelo Dallas Theological Seminary,

    n o s E s t a d o s U n i d o s .

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    Morávios

    Este é o ministério Morávios, que busca promover a obra

    missionária motivado pela glória de Jesus Cristo em todas as

    n a ç õ e s .

    Esta é uma iniciativa de voluntários que deseja oferecerconteúdo para igrejas, líderes de missões, vocacionados e

    missionários, através de artigos, reportagens, vídeos e ebooks

    sobre teologia de missões, história de missões, desafios

    missionários e vida do missionário.

    O ministério é inspirado na história do movimento dos irmãos

    morávios ocorrido na Alemanha do Século XVIII, e mais

    especificamente em uma história de dois jovens desta

    comunidade, apresentada no filme“Primeiros Frutos, a história

    dos irmãos morávios”, e popularizada por uma mensagem do

    http://youtu.be/9eXkruC_ieM?list=PLwufMcMYJmRnmdcW5kGSYcsrjy2nRzQkzhttps://www.youtube.com/watch?v=VcRn54aYh3whttps://www.youtube.com/watch?v=VcRn54aYh3w

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    pregador Paul Washer  e busca promover a Obra Missionária de

    forma apaixonada, motivado pela Glória de Jesus Cristo em

    t o d a s a s n a ç õ e s .

    O nosso logotipo é uma estilização de um selo clássico decristãos primitivos, muito utilizado pelos irmãos morávios, que

    mostra o Cordeiro como porta bandeiras envolto da inscrição

    em latim “Vicit Agnus Noster, Eum Sequamur”, “Nosso

    Cordeiro Venceu, Vamos Seguí-lo”.

    A c e s s e > > http://moravios.org  

    http://moravios.org/http://youtu.be/9eXkruC_ieM?list=PLwufMcMYJmRnmdcW5kGSYcsrjy2nRzQkz