TEMA IV: RECURSOS HIDRICOS NOME DO AUTOR...
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TÍTULO DO TRABALHO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO LAJEADO – PENÁPOLIS/SP
TEMA IV: RECURSOS HIDRICOS
NOME DO AUTOR (A): Rosane de Fátima
Dantas
RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO ORAL: Rosane de Fátima Centenaro
Dantas
CURRÍCULO: Bióloga; Especialista em Aspectos da Biologia Animal e Ambiental;
Responsável Técnico pelo Tratamento de Água e Esgoto do Departamento Autônomo
de Água e Esgoto de Penápolis (DAEP); atua nas áreas de Gestão de Bacias
Hidrográficas, Tratamento de Água e Esgoto e Saneamento Ambiental.
ENDEREÇO:
Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Penápolis
Av. Adelino Peters, 217
Vila São Vicente
Penápolis – S. P.
CEP: 16300.000
e-mail: [email protected]
Equipamentos a serem utilizados na apresentação
• Projetor multimídia com computador
• Programa Power Point
INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica corresponde a uma unidade natural, ou seja, uma determinada
área da superfície terrestre, cujos limites são criados pelo próprio escoamento das
águas sobre a superfície, ao longo do tempo. Isso significa que a bacia é o resultado da
interação da água e de outros recursos naturais como: material de origem, topografia,
vegetação e clima. Assim, um curso d água, independentemente de seu tamanho, é
sempre o resultado da contribuição de determinada área topográfica, que é a sua bacia
hidrográfica (BRIGANTE & ESPÍNDOLA, 2003).
O estudo das características fisiográficas da bacia hidrográfica, bem como seu
uso e ocupação, no geral, tornam-se importantes fatores para a avaliação da
degradação ambiental que essa bacia possa estar sofrendo ou mesmo contribuindo
para que outras sofram. As bacias hidrográficas na América do Sul, particularmente no
Brasil, têm sido consideravelmente alteradas nos últimos anos em função do
desenvolvimento industrial, do crescimento desordenado das cidades e da
superpopulação, além de diversas atividades antrópicas potencialmente impactantes
que se instalam, de forma não planejada ao longo das bacias.
Com o crescente uso da água para diversos fins, e o estado de
degradação em que se encontram os mananciais, é necessário administrar sua
disponibilidade e uso, além do conhecimento atualizado do quadro degradante quando
houver e criar processos de gerenciamento para sua recuperação e/ou conservação,
assegurando desta maneira a qualidade e quantidade dos recursos que esta pode
oferecer.
Neste trabalho são apresentadas análises da qualidade da água, aspectos da
estrutura da população de peixes e ainda aspectos da caracterização do uso múltiplo
no entorno do ribeirão.
Salientamos que este estudo foi desenvolvido com recursos financeiros do
Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), Comitê de Bacias do Baixo Tietê
(CBH – BT) e do Consórcio Intermunicipal Ribeirão Lajeado (CIRL), com apoio logístico
do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Penápolis (DAEP).
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo a caracterização ambiental da Bacia
Hidrográfica do Ribeirão Lajeado, levando em consideração os impactos sofridos na
qualidade e quantidade de suas águas, assim como todas as ações implantadas em
prol de sua recuperação e preservação, ressaltando que o ribeirão é a única fonte de
abastecimento público do município de Penápolis.
METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO
A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado localiza-se na região noroeste do Estado de
São Paulo. Possui área física de 44.000 ha, com suas nascentes no município de Alto
Alegre e sua foz no reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Nova Avanhandava, rio
Tietê, município de Barbosa. Ocupa uma extensão de 38,5km, sendo 5% em Alto
Alegre, 15% em Barbosa e 80% no município de Penápolis (Figura 1).
Figura 1. Mapa do Brasil, do Estado de São Paulo e a localização geográfica dos municípios de Alto Alegre, Penápolis e Barbosa.
O estudo ambiental da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado foi realizado de
maio a novembro de 2004. Foram selecionados seis pontos amostrais ao longo do
ribeirão desde sua nascente até sua foz (Figura 1 – Anexo). Para realização do estudo
foram considerados o uso e ocupação do solo, caracterização da ictiofauna,
caracterização fitoplanctônica e caracterização da qualidade da água.
O levantamento do uso e ocupação das bordas foi realizado por via terrestre e
fluvial, desde a nascente até a foz do ribeirão, utilizando-se aparelho tipo GPS
(Geographical Positioning System) para plotagem das coordenadas geográficas dos
eventos relevantes, além do registro fotográfico, para confecção do mapa temático.
A ictiofauna foi caracterizada abrangendo toda a extensão do ribeirão. Os
indivíduos foram coletados utilizando-se redes de arrasto, peneirões e redes de espera
de malhas 3,0 a 7,0 cm entre-nós.
Para o conhecimento dos aspectos ictiofaunísticos foram empregados os
seguintes procedimentos: i) Identificação das espécies e composição taxonômica, com
base nos trabalhos de Britski (1972) e outros; ii) a similaridade ictiofaunística entre os
pontos de coleta está expressa pelo índice de Jaccard (in LUDWIG & REYNOLDS,
1988), cuja expressão é:Q: C/(A+B-C)*100.
A comunidade fitoplanctônica foi caracterizada através de coletas de amostras
na sub-superfície (0,10m de profundidade). A densidade fitoplanctônica foi estimada
segundo o método de Utermöhl (1958) com prévia sedimentação da amostra (o valor
sedimentado variou de acordo com a quantidade de materiais suspensos na amostra).
A densidade fitoplanctônica foi calculada de acordo com APHA (1998) e o resultado foi
expresso em indivíduos (células, cenóbios, colônias ou filamentos) por litro.
As amostras para caracterização da qualidade da água foram coletadas na sub-
superficie (em média 0,10m de profundidade) da água.
Para a caracterização desta foram realizadas análises de diversos parâmetros
físicos, químicos e microbiológicos, tais como: O.D, série nitrogenada, metais pesados,
organoclorados entre outros. As coletas foram efetuadas conforme metodologia descrita
no Guia de coleta e preservação de amostras de água da CETESB (CETESB, 1977).
Os resultados foram avaliados de acordo com os padrões estabelecidos pela
Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 20/86 e Decreto nº
8648 em seu Art. 19-A.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Os levantamentos efetuados mostraram que as margens do ribeirão são ocupadas por
estreitas faixas de mata ciliar descontinua, apesar dos diversos reflorestamentos
realizados, apresentando vários fragmentos florestais distantes do leito (Figura 2A –
Anexo).
A ocupação das margens do ribeirão em sua maioria se caracteriza pela
pecuária bovina (Figura 2B – Anexo) e cana de açúcar (Figura 2C – Anexo), inexistindo
outras culturas em grande escala.
O lazer é desenvolvido através de condomínios de lazer (Figura 2D – Anexo),
principalmente na porção inferior (alagada) e da prática da pesca esportiva/turística em
toda a sua extensão (Figuras 2E – Anexo).
Quanto à utilização da água foi observado apenas um ponto de irrigação em
funcionamento e o maior usuário desta é o município de Penápolis sendo que o ribeirão
é sua única fonte de abastecimento (Figura 2F – Anexo).
Em relação a ictiofauna foram registradas no período de estudo trinta e seis (36)
espécies de peixes, tais como o Curimbatá (Prochilodus lineatus), (Figura 2G - Anexo),
Lambari (Astyanax fascxiatus) (Figura 2H – Anexo) e Tucunaré (Cichla monoculus)
(Figura 2I) entre outros, mostrando que o ribeirão abriga uma boa diversidade
ictiofaunística. De uma maneira geral o Ribeirão Lajeado em toda sua extensão é
propicio à manutenção da fauna aquática (peixes), sendo que a montante da captação
o ambiente se mostrou favorável ao desenvolvimento de espécies que requerem uma
melhor qualidade da água, por exemplo o Curimbatá.
A comunidade fitoplanctônica esteve representada por 79 táxons, distribuídos em
10 grupos fitoplanctônicos, sendo que as diatomáceas (Bacillariophyceae) foram mais
especiosas, constituindo 41% do total de táxons registrados, conforme demonstra a
Tabela 1.
Tabela 1. Riqueza (número de táxons/amostra) fitoplanctônica nos pontos monitorados no ribeirão Lajeado Araponga (Ponto 1)Captação (Ponto 3), nos meses de maio e novembro de 2004.
Maio Novembro Ponto 1 Ponto 3 Ponto 1 Ponto 3 Bacillariophyceae 14 15 10 21 Cyanobacteria 4 7 4 5 Chlorophyceae 2 6 2 3 Chrysophyceae 2 1
Euglenophyceae 1 1 1 8 Zygnemaphyceae 6 4 2 4 Dinophyceae 1 Xanthophyceae 1 Rodophyceae 1 Oedogoniophyceae
1
Total 27 38 19 43
Os resultados mostraram também que a densidade do grupo de algas
pertencentes as Cyanobacterias estiveram abaixo do limite permitido pela Portaria
518/04, destacando que o ribeirão no período estudado não apresentou sinais de
eutrofização no trecho a montante da captação.
Tabela 2. Densidade (ind.mL-1) dos táxons fitoplanctônicos inventariados nos pontos monitorados no ribeirão Lajeado Araponga (Ponto 1) e Captação (Ponto 3), nos meses de maio e novembro de 2004.
MAIO NOVEMBRO CYANOBACTERIA Arapong
a Captação
Araponga
Captação
Aphanocapsa sp. 0,001 0,001 Coelomorum tropicale Sem., Peres &Kom.
0,003
Cyanophanom sp. 0,382 0,007 0,025 0,008 Geitlerinema cf. maius 0,001 Merismopedia glauca Breb. 0,001 0,003 Oscillatoria sp. 0,010 0,001 Phormidium sp. 0,002 0,001 Planktolyngbya limnetica (Lemm.)Kom.-Legn. & Cronb.
0,002
Planktothrix agardhii (Gom.) Kom. etAnag.
0,005 0,001 0,009
Synechocystis aquatilis Sauv. 0,006 Colonial não identificada 0,001 Densidade total de Cyanobacteria 0,398 0,010 0,043 0,015
Os diferentes resultados obtidos através das análises da água, evidenciaram
alterações na qualidade desta (Tabela 3), sendo detectadas nos trechos a jusante da
captação de água do DAEP. O grau de urbanização, as formas de uso e ocupação do
solo e a industrialização mostraram relação direta com a qualidade da água. Conforme
mostra a Tabela 3, um dos parâmetros que representa essa alteração da qualidade da
água é a Condutividade, no Ponto Assis (jusante), com valores quatro vezes maiores
que os à montante da captação. Os Cloretos, Sólidos Totais Dissolvidos entre outros,
também apresentaram níveis altíssimos no ponto Assis em relação à captação,
evidenciando dessa forma um grau de poluição elevada neste local.
Tabela 3. Valores médios dos parâmetros analisados para a caracterização da qualidade da água do Ribeirão Lajeado nos pontos de coleta Captação e Assis no período de maio a novembro de 2004.
Valores médios CARACTERÍSTICAS UNID. CONC.Captação Assis TEMPERATURA AMBIENTE oC 25,5 25,7 TEMPERATURA DA AMOSTRA oC 22,5 22,1 ALCALINIDADE TOTAL mg/L 16,7 24 ALUMÍNIO mg/L 0,057 0,064 AMÔNEA mg/L 0,068 2,0 CLORETOS mg/L 31,0 174,5 CLOROFILA ug/L 0,218 2,5 COBRE mg/L 0,013 0,033 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA us/cm 85,4 364,8 COLIFORMES TERMOTOLERANTESNPM/100ML 1047 1000 COLIFORMES TOTAIS NPM/100ML 5175 9000 COR uH 199,0 154 CROMO TOTAL mg/L 0,009 0,003 D.B.O mg/L 2,25 5,25 D.Q.O mg/L 12,0 22,75 DUREZA TOTAL mg/L 28,0 40,0 FENÓIS mg/L 0,039 0,007 FEOFITTINA ug/L 0,5 9,2 FERRO TOTAL mg/L 1,9 1,2 FOSFATO TOTAL mg/L 0,11 0,48 NITROGÊNIO ORGÂNICO TOTAL mg/L 0,355 1,05 NÍQUEL mg/L 0,087 0,061 NITRATO mg/L 0,460 1,8 NITRITO mg/L 0,04 1,3 OXIGÊNIO DISSOLVIDO mg/L 5,9 4,0 PH - 6,9 7,3 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS mg/L 63,8 304 SÓLIDOS TOTAIS SUSPENSOS mg/L 22,5 23,5 SÓLIDOS TOTAIS mg/L 88,2 329,5 SULFATO mg/L 18,6 42,0 SULFETO mg/L 1,2 1,95 TURBIDEZ UT 13,3 9,2 ZINCO mg/L 0,21 0,195
Os resultados obtidos mostraram que apesar das intervenções realizadas pelo
CIRL através de ações como reflorestamentos, manejo de solo entre outras, ainda há
pontos com erosões, outros sem vegetação ciliar, solapamentos e diversos pontos com
assoreamentos. Contrapondo a esses aspectos negativos é notório que após essas
intervenções, aliadas a outras ações, o ribeirão tem se recuperado gradualmente das
condições ambientais diagnosticadas na década de 90, saindo de um estado ambiental
alarmante e depressivo, para um estágio controlado, em fase de recuperação e
conservação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard methods for
examination of water and wastewater. 20 ed. Edition. Edited by Lonorre S. Clesceri,
Arnold E. Greemberg e Andrew D. Eaton. 1998.
BRIGANTE, J. & ESPÍNDOLA, E. L. G. Limnologia Fluvial: Um Estudo no Rio Mogi-
Guaçu. São Carlos: Editora RiMa. 2003. 278p.
BRITSKI, H. A . Peixes de água doce do Estado de São Paulo: Sistemática. In:
Comissão Interestadual da bacia do Paraná-Uruguay. Poluição e Piscicultura: nota
sobre poluição, ictiologia e piscicultura. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública.
USP/Instituo de Pesca-CPRN. P. 79-108
CETESB. Guia Técnico de coleta de amostras. Por Helga Bernhard de Souza e José
Carlos Derisio. São Paulo. Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental
(CETESB). 1977. 257p.
LUDWIG, J. A ., REYNOLDS, J. F. Statistical ecology: a primer on methods and
computing. New York: John Wiley & Sons, 1988, 337p.
UTHERMOHL, H. 1958 Zur Vervollkommung der quantitativen Phytoplankton-
Methodik. Mitt. Int. Verein. Theor. Angew. Limnol., Stuttgard: E. Schweizerdart´sche
Verlagsbuchhandlugn, n.9, p 1-38
ANEXOS
PENÁPO LIS
BA
RB
OS
A
AV
AN
HA
ND
AV
A
GLI
CÉ
RIO
ALTO ALEG RE
PLANALTO
ESCALA 1 :50000
RIBEIRÃO BO NITO
LEG ENDA
Figura 1. Mapa da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado mostrando os pontos de coleta.
Mata ciliar descontinua (A); Pecuária bovina (B); Cultura de cana-de-açucar (C)
Condomínios de Lazer (D); Pesca esportiva (E); Captação de água do DAEP (F)
Curimbatá (G); Lambari rabo vermelho (H); Tucunaré (I) Figura 2A a 2I . Aspectos do uso e ocupação do solo no entorno do ribeirão e algumas espécies de peixes encontradas no período.
A B C
D E F
G H I