Técnicas de Microfonação
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7/23/2019 Técnicas de Microfonação
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>Técnicas de microfonação (Parte 1) ByFábio Henriques
Tenho recebido muitos e-mails de leitores pedindo dicas e métodos para
microfonar vários instrumentos. Como imagino que muitos tenham dúvidas
nesse assunto, decidi trocar umas ideias aqui a respeito. Vamos, então, comear
uma nova série de artigos, desta ve! sobre microfonaão.
"s que #á me conhecem sabem que não me satisfao em simplesmente ficar aquifalando e mostrando fotos e mais fotos de $como eu fao% ou $como voc& deve
fa!er%. 'empre fao uso de bastante teoria para fundamentar o que afirmo, mas
também não dei(o faltarem e(emplos práticos. )ao isso por dois motivos.
*rimeiro, porque gostaria que todos se lembrassem sempre de que e(iste uma
s+lida teoria por trás da gravaão e reproduão de áudio. Toda a tecnologia que
usamos seria impossvel sem ela. +s que estamos no e(tremo $artstico% da
coisa não podemos esquecer de que nossa arte se concreti!a através da interaão
muito profunda de elementos de fsica e matemática com o modo como o ser
humano os interpreta.
*or isso, vamos sempre analisar as bases te+ricas de muitos elementos do
processo de microfonaão, mas prometo que todo m&s o leitor terá em suas
mãos vários e(emplos práticos e descrião de técnicas para usar imediatamente
idealmente associando esta prática com a teoria apresentada/.
Introdução
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)ico pensando no que seria do áudio se lá no final do século 010, quando se
comeou a gravar áudio e, consequentemente, música/, houvesse tecnologia
para registrar vdeo #unto. 'erá que uma mdia e(clusivamente sonora teria
vingado2
3 claro que o assunto parece deslocado aqui, mas observando algumas pessoas
microfonando, fico imaginando que para estes seria necessário que o ouvinte
$visse% onde o microfone foi colocado para que o som ficasse $legal%. 4(plicando
melhor, #á vi muitas pessoas que podem ouvir uma música muitas ve!es e não
notar nada de especial. *orém, quando descobrem que nela algum instrumento
foi microfonado de forma pouco ortodo(a, pronto5 a música passa a ter um
son!ao.
6as, na verdade, o que acontece na enorme maioria das ve!es é que a
microfonaão mais simples e mais +bvia é a que gera um melhor resultado. *or
isso, se voc& está conseguindo um resultado que te dei(a feli! mas o microfone
não está numa posião $genial%, acalme-se. Voc& vai mais cedo pra casa, seu
cliente irá economi!ar horas de estúdio e a gravaão vai soar muito bem.
" que defendo aqui não se restringe 7 gravaão de áudio. 6uitos homens
ilustres #á defenderam este princpio, que podemos rastrear desde o século 01V,com a chamada avalha de "ccam, que afirma5
$'e em tudo o mais forem id&nticas as várias e(plica8es de um fen9meno, a
mais simples é a melhor.%
"u e(emplos mais pr+(imos5
$Tudo deve ser feito da forma mais simples possvel, mas não mais simples que
isso.% 4instein/
$: perfeião não é alcanada quando #á não há mais nada para adicionar, mas
quando #á não há mais nada que se possa retirar.% 'aint-4(upér;/
$<&-me dois microfones e terei tudo o que preciso. <&-me mais de dois e nunca
terei tudo o que preciso.% =on 'treicher > The e? 'tereo @andbooA/
4, finalmente, a que eu tenho como lema5
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$: simplicidade é o auge da sofisticaão.% Beonardo da Vinci/
)1D=: E
3 claro que e(iste um tipo de pessoa que gosta de impressionar o cliente, não
com o resultado, mas com o #eito por meio do qual o resultado foi obtido. ão
critico quem o faa, mas não me enquadro. osto de ir direto ao ponto quando
isso dá o melhor resultado. *ortanto, para aqueles que concordam com este
ponto de vista, tenho a maior e mais preciosa dica em termos de microfonaão5
use o bom senso, mas não se dei(e enganar por ele.
Dsar o bom senso não significa pensar pouco. 3 a que está a diferena. *assartr&s dias escolhendo os melhores pontos e usar FG microfones para gravar uma
bateria não é pensar muito. 3 pensar pouco. Huem pensa no que está fa!endo
vai direto ao ponto, gastando apenas alguns minutos para pensar, em ve! de tr&s
dias.
*ara fa!er as coisas de maneira simples é preciso estudar muito e ter uma boa
bagagem de conhecimento. 3 claro que vou dar aqui o caminho das pedras de
muitas situa8es. 6as e quando aparecer um instrumento que voc& nunca viu2 Vai microfonar como2
4ncerremos a introduão, pois estamos perdendo a simplicidade, e passemos a
coisas mais práticas.
Como microfonar qualquer instrumento
*ois bem, sempre que formos considerar uma microfonaão, temos de
balancear tr&s aspectos.
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E/ :s caractersticas do instrumento
G/ : necessidade sonora
F/ : factibilidade
Termos complicados, é verdade. *or isso, ve#amos uma situaão prática.
)1D=: EI
Todo instrumento musical apresenta caractersticas de pro#eão sonora bem
particulares. '+ que, na grande maioria das ve!es, este instrumento é ouvido
acusticamente de uma dada posião. 4ste é o ponto de partida para analisarmos
os possveis lugares bons de microfonar. *or e(emplo, uma caracterstica tpicados metais trompete, trombone, flugel, tuba etc/ é ter uma campana de onde
praticamente todo o som se pro#eta. "u se#a, o som do instrumento sai
basicamente de um lugar. "bviamente, a direão da campana é um bom ponto a
se microfonar, principalmente nos casos do trompete, do trombone e do flugel,
pois o ouvinte recebe o som direto desta direão.
*ortanto, posicionar o microfone em direão 7 campana, no caso do trompete,
por e(emplo, é o mais l+gico. *orém, a que distJncia o microfone deve estar2 3a que entra a necessidade sonora. 'e estamos gravando um grupo de metais
um $naipe%/, seria conveniente que pudéssemos ter algum controle sobre o som
gravado, podendo alterar seu timbre via equali!ador ou sua dinJmica via
compressor. *orém, ao me(er no som do trompete, não queremos alterar neste
canal o som do trombone que está do lado. :ssim, é conveniente apro(imarmos
o microfone da campana, de forma que o som direto do trompete se#a muito
mais alto que os va!amentos dos outros instrumentos neste microfone.
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:gora, se estamos gravando um concerto de trompete e piano em uma sala de
concertos, podemos nos dar ao lu(o de captar mais de longe, pois o que
dese#amos é que o ouvinte se sinta ambientado nesta situaão. 3 comum que em
música clássica se trabalhe com uma menor capacidade de controle individual
em nome de se favorecer a sonoridade mais natural de um con#unto.
4, além disso, ao pensar nos dois fatores anteriores, precisamos analisar se é
possvel reali!á-los. *recisam ser factveis. 4, mais importante5 precisamos
saber se conseguimos fa!er o que é possvel. *or e(emplo, no caso do naipe
acima, podemos querer o má(imo possvel de isolamento, !erando
completamente os va!amentos, mas isso é impossvel.
:inda nos mantendo nos metais, ve#amos a tuba. "ra, nela a campana apontapara o teto. )a! sentido apontar um microfone para ela não há ouvintes no
teto/. Iem, basta lembrar um princpio básico do áudio. "s graves são pouco
direcionais e os agudos são muito direcionais. :ssim, fa! sentido que um
trompete aponte diretamente para n+s e uma tuba não vamos ver isto mais 7
frente, mas para aqueles que agora estão di!endo que a tuba aponta para a
frente, estão se referindo ao 'ousafone, usado em bandas marciais, onde a
pro#eão 7 frente e a portabilidade são mais importantes/. :ssim, e(ceto em
casos onde se#a absolutamente necessário um alto isolamento, pode-semicrofonar uma tuba de frente, mais para onde estaria o ouvinte.
:plico o mesmo caso nas trompas. Todo mundo que #á ouviu uma trompa e
estava na plateia, ouviu o som que vem dela batendo na parede traseira do
audit+rio e refletido para a frente. 1sso provoca uma sonoridade que fa! parte do
som do instrumento. 3 por isso que mesmo em estúdio eu prefiro gravar a
trompa pr+(ima a uma parede, mas com o microfone de frente para ela, e não
para a campana. *orém, se a gente está microfonando uma trompa que fa! parte
de um naipe em um sho? ao vivo e está perto do amp de bai(o, é claro que é
mais factvel se colocar o microfone perto da campana para que tenhamos
controle sobre o timbre.
Dm caso tpico de escolha entre necessidade sonora e factibilidade é o da
bateria. " #eito mais natural de se captar uma bateria é com um microfone a uns
F a K metros de distJncia, colocado de frente para ela, a mais ou menos E,GL
metro de altura. 4 por que2 *orque isto simula a posião de um ouvinte sentado
7 frente do instrumento. 6icrofonando assim, temos um som bastante natural.
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*orém, se lá na frente precisamos alterar, por e(emplo, a proporão de volume
entre cai(a e bumbo, não há como, pois tudo foi captado #unto. "u se#a, tenho a
necessidade sonora de controlar individualmente cada tambor, mas o #eito mais
natural de se captar não dei(a que isto se#a factvel. :ssim, há um bom tempo,
os microfones comearam a ser posicionados bem pr+(imos 7s peles dostambores, tornando possvel alterar o volume e o timbre de um deles sem que o
resultado na soma com os outros se alterasse.
Dm outro e(emplo interessante é o caso em que tenho dois violonistas tocando
na mesma sala. 4les precisam se ver para e(ecutar a música, e gravá-los ao
mesmo tempo deve fornecer a performance mais natural. *orém dese#o reali!ar
isto de forma a manter o maior isolamento possvel. Como fa!er2 'e usarmos o
bom senso sem pensar um pouco, poderemos optar em colocá-los frente afrente, apro(imando bem os microfones de cada um, e talve! um anteparo de
E,GL metro de altura entre eles nos d& mais isolamento.
)1D=: G
*ois bem > é por isso que defendo que o conhecimento e o estudo nos a#udam
muito nesta hora. 'e pararmos pra pensar em como funcionam os microfonesdirecionais, esta soluão não se mostrará tão boa assim. 'upondo que tenhamos
dois microfones cardi+ides para usar, é preciso lembrar que eles precisam
receber o áudio que vem de trás para cancelá-lo no diafragma. :ssim, se temos
um anteparo entre os dois violonistas, o som que vem de um deles contorna o
anteparo e atinge o outro microfone pela frente, não sendo cancelado.
Teoricamente, então, se tirarmos o anteparo, melhoraremos o isolamento e um
microfone usará o som do outro violonista vindo de trás para cancelá-lo.
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M primeira vista, isso parece ridculo tiro o anteparo e o isolamento aumenta/,
mas a teoria prev& e eu pude comprovar em diversas oportunidades que
funciona. 6as há uma $pegadinha%. 'e a sala for muito pequena ou se eles
estiverem pr+(imos a alguma parede, voc& não notará muita diferena, pois as
refle(8es nas paredes irão pre#udicar o resultado.
=esumindo o que vimos em uma lngua mais fácil de compreender5
E/ 4stude o #eito como o instrumento a ser gravado emite som, a posião em
que ele é tocado e a posião onde se locali!a o ouvinte.
G/ *ara a sua aplicaão, analise se será mais importante ser fiel ao som mais
natural ou ter maior controle posterior.
F/ : partir de suas conclus8es, pense a respeito de como posicionar os/microfones/ e ve#a se o que voc& dese#a é reali!ável.
4 completando o raciocnio, use o menor número de microfones que lhe fornea
o resultado dese#ado. Huanto mais microfones, maior a possibilidade de
altera8es de timbre por diferenas de fase e menos caracterstico será o timbre
resultante.
*ara comear, vamos dar uma olhada em microfonaão de um instrumento noqual n+s brasileiros somos especialistas > o violão.
Microfonando o violão
*rimeiro precisamos conhecer como o violão funciona em termos de emissão
sonora. :s cordas são percutidas pelo violonista e p8em-se em vibraão. :
frequ&ncia de cada vibraão dependerá do comprimento da corda a cada
instante, o que é normalmente determinado pelo ponto na escala do
instrumento onde os dedos da mão esquerda do violonista destro/ estão a fa!er
pressão.
'e o som fosse emitido apenas pela corda vibrando, seria muito bai(o, quase
inaudvel. :ssim, o construtor do instrumento nos fornece uma $cai(a de
ressonJncia%, o corpo do violão, que atua como um amplificador. : vibraão da
corda é transmitida ao tampo do instrumento através da ponte, e este fa! vibrar
tanto o fundo e as laterais quanto o ar em seu interior e 7 sua volta, aumentando
o volume percebido por n+s.
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'e formos simplesmente usar o $bom senso%, basta olhar para o violão para
intuir que o melhor lugar para apontar o microfone seria a boca. 6as
infeli!mente o bom senso aplicado desta forma, sem base, nos engana. "
con#unto sonoro do corpo ressona mais ou menos em ENL @! tipicamente ele é
$afinado% na construão para ressonar em um )O ou , cu#os harm9nicos maisimportantes neste caso possuem respectivamente EPK,NNQ @! e ENR,NNP @!/.
*ara que esta ressonJncia acontea, o corpo funciona como um ressonador de
@elmholt! pense num ressonador de @elmholt! como uma garrafa de
refrigerante va!ia que a gente assopra no gargalo e ressona em uma frequ&ncia
especfica > futuramente, veremos mais sobre ele/, e este precisa de uma boca
para que o ar possa se movimentar entre o e(terior e o interior do corpo
analisando as coisas de uma maneira bem simples/.
:ssim, a boca do violão não é um pro#etor sonoro, mas um elemento com som
altamente sintoni!ado em uma certa região de freqS&ncias, e, portanto, não é
um bom representante do som do instrumento como um todo. <evemos, então,
evitar apontar microfones para a boca > ao contrário do que o mero bom senso
poderia indicar. Como di! o grande guitarrista *aulo =afael5 $afaste-se da
roseta%.
Dm ponto muito representativo do som natural do violão é aquele em que o
brao se encontra com o corpo. os viol8es de n;lon, se situa na altura do EGU
traste. os de ao, na altura do EKU. Dsemos, portanto, como aquele para onde
apontaremos o microfone.
Huando dese#amos gravar em estéreo, podemos apontar o segundo microfone
para o segundo melhor ponto de captaão, que é na direão da ponte. 4ste é,
para mim, o melhor ponto para usar nas situa8es em que precisamos de muito
isolamento, como ao vivo. *refiro microfonar a ponte de perto do que apontar
um microfone para a boca do violão ve#a as figuras E: e EI/.
: distJncia entre os microfones e o instrumento vai depender da sala e do
isolamento. o caso ideal de uma sala acusticamente tratada e de estarmos
gravando somente o violão, colocar os microfones de FL a KR cm de distJncia do
instrumento costuma dar e(celentes resultados. 3 importantssimo, ao se gravar
em estéreo, que a distJncia entre cada microfone e o violão se#a e(atamente a
mesma, para evitar diferenas de fase. "utras configura8es possveis em
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estéreo são o 0 figura G/ e pares quase coincidentes. Wá consegui bons
resultados com o 0 na vertical figura F/, tomando certo cuidado com possveis
va!amentos de fone.
Tenho visto muitas sugest8es por a, inclusive em livros, de se colocar ummicrofone perto da cabea do músico, ou acima dele, ou coisas do g&nero.
4(ceto em casos muitssimo especiais, em que se dese#a mais um efeito do que
um bom som do instrumento, recomendo evitar este tipo de microfonaão. 4
minha l+gica é a seguinte5 o violão foi pro#etado e construdo para ser ouvido 7
frente, e não acima e atrás. " violonista $sente% mais o som através da vibraão
do corpo do instrumento do que o ouve, e isso o microfone não consegue captar.
<a mesma forma, captar $som de sala% ao se gravar violão se mostra poucoproducente, pois ele é um instrumento de pouco volume e interage pouco com a
sala, a não ser que esta se#a muito viva. 4, neste caso, creio que voc& terá pouca
aplicaão para o resultado. <e qualquer forma, numa situaão destas, seria
necessário usar um pré com tanto ganho que voc& acabaria captando mais a
respiraão do violonista ou os barulhos e(ternos do que o violão em sua
plenitude.
'ubir com o microfone mais para o incio do brao também não adianta muito,pois voc& fica longe demais do corpo e tende a captar mais rudos de e(ecuão
os famosos $squeaAs%, tpicos de cordas novas e mãos secas/.
Como refer&ncias de uma boa sonoridade de violão, recomendo os álbuns
'amba da 6inha Terra, de 6arco *ereira, e Cine Iaronesa, de uinga. :lém
destes, a 6*I está repleta de belos e(emplos de +timos sons de violão.
>Técnicas de microfonação (Parte 2) ByFábio Henriques
Publicado em 8 de abril de 2011por portaldoprodutor
=ate This
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X'eguindo em nossa análise das técnicas de microfonaão, vamos primeiro dar
uma olhada em um pouco mais de teoria, e, depois, veremos mais casos
práticos. Com isso, atendemos nossas duas necessidades básicas > primeiro, o
$por qu&%, e, depois, o $como%. " preo para este tipo de análise é acabarmos
usando, nos e(emplos práticos, termos que ainda não vimos na teoria, mas emcompensaão poderemos aplicar de imediato o que sugerimos, sem a
necessidade de esperarmos tanto tempo.
Da necessidade dos microfones
ossa hist+ria comea no final do século 010, quando apareceu o áudio
gravado. *aremos um pouco para pensar no que representa a gravaão de áudio.
Temos um fen9meno acústico ocorrendo > por e(emplo, alguém cantando. :
pessoa está emitindo energia na forma de ondas mecJnicas que fa!em a pressãodo ar em volta dela variar periodicamente. ormalmente, nossos ouvidos
captam estas varia8es de pressão do ar e nosso cérebro as interpretam como
som, atribuindo-lhes um significado.
Dm problema inerente a esta forma de transmissão de informaão é que uma
ve! cessada a fonte, o som está terminado. 3 algo que depende essencialmente
do tempo. " dese#o de se registrar o fen9meno acústico vem da necessidade de
torná-lo independente do tempo, de forma a que possamos recriá-lo quandodese#ado. :lém disso, o alcance da transmissão acústica é limitado 7s
vi!inhanas da fonte sonora, e a capacidade de transmitir a informaão sonora a
longas distJncias necessita que a convertamos em outro tipo de informaão que
permita o seu deslocamento em alguma mdia mais eficiente do que o ar.
*ortanto, se#a para registrar permanentemente quanto para transmitir a
informaão sonora, precisamos convert&-la em algo mais eficiente. o caso,
transformamos energia sonora mecJnica em energia elétrica, e o responsável
por esta conversão é o microfone. Tecnicamente falando, o microfone é um
$transdutor%, um elemento que converte uma forma de energia em outra.
<iversas formas de conversão foram usadas no incio, praticamente todas
usando a variaão da resist&ncia elétrica como elemento conversor. :té algumas
décadas atrás, o tipo mais comum de microfone do mundo era o que usava a
variaão da resist&ncia entre grãos de carbono, e era usado em telefones.
Os tipos básicos
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as duas primeiras décadas do século 00, com o advento do amplificador
eletr9nico a primeira válvula eletr9nica foi criada em ENLQ/ e com a chegada da
transmissão de rádio, surge a necessidade de se melhorar os microfones.
:parecem então dois métodos básicos de funcionamento, o eletrostático
capacitivo/ e o eletrodinJmico movimento de condutores em campomagnético/.
– Eletrodinâmico
o final do século 010, a pesquisa cientfica da moda envolvia eletricidade e
magnetismo. *rimeiro, foi descoberto que se e(iste corrente elétrica constante
passando em um fio, em volta dele aparece um campo magnético. : princpio,
não se desconfiava que houvesse alguma relaão entre essas duas formas de
energia, e esta descoberta abriu uma série de outras possibilidades. :lguém logocogitou que se, correspondentemente, colocássemos um mã ao lado de um fio,
apareceria corrente elétrica nele. 6as como na nature!a não e(iste almoo
grátis, isto não acontece seria um #eito gratuito de se obter energia elétrica/.
*orém, algo que mudou o mundo foi descoberto na seguinte e(peri&ncia.
Tomemos um fio um condutor/ e o enrolemos na forma de uma bobina um
canudo de fio enrolado/. Coloquemos nas pontas deste fio um instrumento
capa! de detectar se por ele passa corrente elétrica galvan9metro/. :gora,peguemos um mã bem forte e o empurremos para o interior da bobina.
Verificaremos que enquanto estamos movendo o mã, aparece uma corrente
elétrica circulando pelo fio. Huando cessamos o movimento, mesmo que com o
mã dentro da bobina, a corrente para. 'e agora pu(amos o mã para fora da
bobina, novamente aparece uma corrente elétrica no fio, s+ que no sentido
contrário. 'e dei(amos o mã parado e me(emos a bobina, o mesmo acontece.
4ste efeito chamado efeito eletromagnético/, aparentemente apenas uma
curiosidade, se mostrou um importante marco na hist+ria da ci&ncia e da
tecnologia. *odemos interpretar que, enquanto uma corrente constante
circulando em um fio provoca em torno dele um campo magnético fi(o, quando
as linhas de campo magnético cortam um fio ou variam em torno dele,
provocam o aparecimento de um corrente elétrica que cessa quando o
movimento relativo também cessa. 4stava resolvida a questão do $almoo
grátis%. " preo é que o campo magnético tem que variar, cortando o fio, para
que o fen9meno acontea.
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Testemos agora o que acontece quando foramos corrente elétrica na bobina,
em cu#o interior está o mã. este caso, o mã ou mesmo um material
magneti!ável/ é cuspido para fora da bobina, sendo a direão deste movimento
de acordo com a direão da corrente. " interessante é que as equa8es que
descrevem este fen9meno não são as mesmas que o fa!em para a e(peri&nciaanterior, e isso acabou sendo a base para as 4qua8es de 6a(?ell, que
#ustamente definem as rela8es entre eletricidade e magnetismo.
4(emplo de circuito que deonstra o funcionamento de um dolen+ide.
o lado prático, este dispositivo que montamos, chamado solen+ide, abriu asportas para outros, como o gerador gera energia elétrica através do movimento
mecJnico/, o motor elétrico gera movimento através da energia elétrica/, a
fechadura elétrica do portão de nossa casa, o alto-falante e também o microfone
eletrodinJmico.
– Microfones de bobina móvel
<esviando um pouco do nosso assunto mas não muito/, ve#amos como
funciona um alto-falante. 'e voc& tiver acesso a um deles, observe que a base é
um forte mã, e que o cone está ligado a uma suspensão elástica. " que não está
aparente é que e(iste uma abertura neste mã, e presa a esta suspensão e(iste
uma bobina de fio que fica alo#ada dentro desta abertura. Huando ligamos os
fios do alto-falante na verdade, as e(tremidades desta bobina/ a uma pilha,
podemos observar que o cone se move em uma direão. 'e invertemos a
polaridade da pilha, o cone se move na direão oposta, repetindo a e(peri&ncia
que vimos acima. Bigando agora o falante 7 sada de um amplificador, a corrente
elétrica das ondas de áudio chegam a ele, e como são ondas que t&m trechos
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positivos e negativos, o cone fa! um movimento para frente e para trás, que se
transmite para o ar e assim é convertido em som.
*odemos imaginar o microfone de bobina m+vel como se fosse um alto-falante
que trabalha ao contrário. este caso, o cone é substitudo por uma membrana bem leve e fina > o diafragma. " con#unto diafragmaYbobina deve ser bem leve
para que o microfone se#a sensvel. Huando as ondas sonoras batem no
diafragma, ele se move, fa!endo a bobina se mover dentro do campo magnético
do mã. 1sto provoca o aparecimento de corrente elétrica alternada nos
terminais da bobina, que é adaptada por um circuito elétrico e entregue na sada
do microfone.
<e fato, se voc& pegar o plugue de um fone de ouvido e ligar na entrada de umpré-amplificador de microfone, conseguirá falar no fone e usá-lo como
microfone. : qualidade será ruim, pois ele foi feito para trabalhar ao contrário,
mas irá demonstrar o que dissemos aqui.
"s microfones de bobina m+vel são muito robustos e de bai(o custo, e se
mostram particularmente interessantes em aplica8es em que altos volumes de
emissão estão envolvidos, como bateria, percussão pesada e metais.
:lguns e(emplos de microfones dinJmicos tradicionais e largamente usados5
'hure '6-RQ > 'om clássico para cai(a de bateria, é o microfone preferido de
*aul =odgers, vocalista do )ree e do Iad Compan;.
'ennheiser 6<-KGE > 'om clássico de tom-tons, usado também para algumas
vo!es. )oi o preferido de Bisa 'tansfield durante as grava8es de seu primeiro
álbum.
'hure '6-Q > Dm clássico para vo! de broadcast. Conta-se que foi usado por
6ichael WacAson em diversas grava8es e pode ser visto no filme )unA; 6onAs,
que mostra o maAing of do disco Ilood 'ugar 'e( 6agiA, dos =ed @ot Chili
*eppers.
:Z <-EEG > " som $padrão% para bumbos de bateria, usado também para
microfonar amps de bai(o e outras fontes graves.
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'hure '6-RP > Tal foi a universali!aão de seu uso que ele acabou se tornando o
som de refer&ncia para a vo! de sho?s.
'hure '6-Q5 clássico de broadcast,#á foi usado em grava8es por nomes como6ichael WacAson e =ed @ot Chili *eppers
:ssim como em outros tipos e modelos de microfones, precisamos estar atentos
a suas caractersticas para saber evitá-las quando nos atrapalham e empregá-las
quando nos forem úteis. *or e(emplo, há pouco tempo fui gravar um <V< ao
vivo, e toda a monitoraão era in-ear. o palco, que era pequeno, s+ a vo! e a
bateria estavam emitindo som acusticamente. 4ntão escolhi propositalmente
usar para a vo! o '6-RP ou melhor, sua cápsula em um transmissor sem fio/.Como ele é dinJmico e, consequentemente, mais $duro%, apresenta menor
sensibilidade e tende a captar menos os va!amentos de bateria, desde que se#a
usado bem pr+(imo 7 boca do cantor. 4 o resultado foi muito bom, até porque,
em termos de timbre, mesmo não sendo o que e(iste de mais requintado, é
familiar a todos os que #á foram a um sho? ou que #á ouviram um álbum
gravado ao vivo.
– Microfones de fita" que dei(a os microfones de bobina m+vel mais $duros% é #ustamente a massa
da bobina, que deve ser deslocada para produ!ir resultado. " som captado,
então, precisa ter energia suficiente para mover a bobina. :o mesmo tempo, a
massa da bobina precisa ser acelerada até entrar em regime de movimento, e
isso dei(a o tempo de resposta alto, tornando-o um microfone $lento%.
*ara redu!ir estes efeitos, foi criado o microfone de fita. a verdade, ele pode
ser pensado como uma bobina de uma volta s+. "u se#a, uma fita corrugada de
material condutor é colocada em um campo magnético intenso e e(posta ao som
vindo de ambos os lados. Como a fita é muito mais leve do que a bobina, sons
menos intensos sensibili!am mais o microfone, e também ele responde com
mais rapide!. 4m contrapartida, a fita se comporta como um mero fio, ou se#a,
um curto-circuito, apresentando impedJncia bai(ssima e sinal de sada
também bai(o. :ssim, associado 7 cápsula destes microfones é necessário um
transformador para aumentar a impedJncia de sada alguns novos microfones
de fita possuem um circuito eletr9nico associado com esta funão/, o que acaba
afetando sua sonoridade.
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4ntre as caractersticas principais dos microfones de fita está uma resposta bem
suave, com menor intensidade de agudos. 6odelos de fita também são,
normalmente, bidirecionais, captando muito bem os sons que v&m tanto da
frente quanto de trás e re#eitando fortemente os que v&m das laterais o que
veremos em detalhe futuramente/.
)oram muito usados em broadcast até a metade do século GL por e(emplo, são
caractersticas marcantes da Iing Crosb; Voice/. :lguns modelos famosos e
importantes são5
=C: QQ<0 > Dm clássico da radiofonia, fora de linha há muitos anos, mas ainda
apreciado quando se consegue um modelo preservado. *ara um e(emplo de
aplicaão, procure no ouTube por $=* :ll 'tar Iig Iand 'tudio/%. @á, umaenorme coleão de grandes microfones do "cean?a; 'tudios, na Calif+rnia.
Coles KLFP, =o;er =-EGE, Ie;erd;namic 6EFL, :udio Technica :TKLPL >
=equerem um certo cuidado, pois possuem a fita muito sensvel a nveis
intensos, podendo até mesmo ser danificada por sons muito altos. *ro#etos mais
recentes podem ser usados nestas situa8es, resistindo a altos nveis '*B. Vale a
pena consultar os manuais antes de usar determinado modelo. :lguns
recomendam que não se#am conectados a linhas que tenham a phantom po?erligada.
6icrofones de fita,como o :udio Technica :TELPL, oferecem resposta suave e
com menor intensidade de agudos
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6icrofonaão de violão em mono.
6icrofonaão de violão em stereo.
Microfonação na prática
Voltando a nossas aplica8es práticas, ve#amos nas figuras :, I e C o
posicionamento que descrevi anteriormente para os viol8es.
:lém disso, vamos ver um e(emplo de microfonaão de amplificadores de
guitarra. Dm microfone clássico para este uso é o 'hure '6-RQ, por suahabilidade na captaão das médias e capacidade de lidar com altos volumes.
*ara um som mais moderno, como o de rocA californiano com um amp tipo
6esa Ioogie, os e(tremos agudo e grave podem ser importantes. estes casos,
costumo usar um microfone capacitivo de diafragma grande, como o :Z C-
KEK, que possui um alto efeito de pro(imidade. a equali!aão, atenuamos as
médias deste microfone e somamos o canal do '6-RQ, montando um som mais
completo em termos de espectro.
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*odemos usar um terceiro microfone, para que, dosando a quantidade de cada
um deles em uma soma dos tr&s, possamos conseguir timbres variados para
cada música. 4ste terceiro e(emplo pode ser um microfone de fita ou um outro
dinJmico, como o 6<KGE. *ara timbres de guitarra que fa!em uso de
harm9nicos mais altos e maior rique!a, pode-se e(perimentar o uso demicrofones de diafragma pequeno, como os eumann Z6-EPK, o =ode T-RR
ou o :Z-KRE.
Huanto 7s posi8es, e(perimente colocar cada microfone bem pr+(imo a um
falante, mais ou menos a meio caminho entre o miolo e a borda. : colocaão
bem pr+(ima enriquece o timbre e evita cancelamentos de fase entre os
microfones. *ara dei(ar o timbre mais agudo, apro(ime do miolo. *ara menos
agudos, e(perimente girar o mic, apontando a cápsula um pouco para fora.4(istem muitos profissionais que preferem colocar um mic bem pr+(imo e o
outro um pouco mais afastado. este caso, recomendo uma distJncia mnima de
uns tr&s palmos por causa dos problemas de fase.
3 bom lembrar que, neste caso, a maioria das salas comeará a se fa!er
presente, o que pode ser um problema na hora de mi(ar, pois nem sempre esta
ambi&ncia será dese#ável ou coerente com o som que se dese#a. 4ste é o caso
tentador de se usar o amp em vãos de escadas, saletas, cantos etc. Tudo issopode soar super bem na hora da gravaão e certamente valerá uma boa hist+ria
pra se fotografar e contar aqui na revista/, mas talve! este reverb soe $fora% da
ambi&ncia usada na mi(agem. *or isso, como bom precavido e como alguém
que detesta desperdiar tempo, mesmo nestes casos, sempre gravo o amp
também com pelo menos um mic colado ao falante, para ter como opão na
mi(agem.
a tentativa de se obter mais graves, muitos optam por posicionar um
microfone atrás do amp desde que este se#a do tipo va!ado/. este caso, lembre
de inverter a fase deste microfone na mesa ou na <:[, pois ele está
trabalhando em oposião aos da frente. Wá fi! isso em várias ocasi8es, mas a
opão de colocar um capacitivo bem colado ao falante na frente acabou dando
graves mais modernos. 'e um som mais vintage for dese#ado, o microfone por
trás pode ser uma opão.
:té aqui estivemos falando da opão de se usar a soma de vários microfones
para se obter um canal s+. 3 claro que é possvel se gravar em estéreo usando
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um mic para cada lado. *orém, as diferenas entre os diversos falantes de um
amp geralmente são muito sutis. :ssim, recomendo que, principalmente em
guitarras base, se#a dada prefer&ncia 7 obtenão de um bom som mono e que se
faa um segundo canal dobrando o primeiro. )unciona e(tremamente bem.
O caso da vo e violão
Conforme prometido anteriormente, vamos ver o caso problemático que é
gravar vo! e violão ao mesmo tempo. *ra comear, é preciso se conformar com o
fato de que não há como se evitar completamente os va!amentos entre os
microfones, e, por isso, dificilmente se obterá um resultado como se estivesse
gravando separado. 6as, se a performance #ustifica, tratemos de procurar a
melhor soma possvel.
!lano " – Contando com a sorte e com a boa vontade#
*rovavelmente e(istirá, com um bocado de e(perimentaão, uma posião e um
microfone que lhe forneam um bom resultado captando vo! e violão #untos. 'e
houver esta possibilidade, pode ser tentada, lembrando que mais tarde não
haverá como mudar o equilbrio entre os dois. 3 preciso contar com um músico
bem paciente e disciplinado também.
!lano $ – %etoriando Vamos precisar de dois microfones. Dm deve ser cardi+ide de diafragma
pequeno apontado para a ponte, colocado de cima para bai(o a um Jngulo de
uns KR graus em relaão 7 vertical, para minimi!ar o va!amento da vo! no
violão. 'e puder ser um supercardi+ide, melhor. *ara a vo!, usamos um
diafragma grande, pr+(imo 7 boca, apontando do mesmo Jngulo, desta ve! para
cima, com a configuraão cardi+ide ou, preferivelmente, supercardi+ide.
<evemos colocar o músico bem longe das paredes, para evitar as refle(8es. 4ste
caso é um bom compromisso entre fidelidade e isolamento, mas os va!amentos
acontecerão, e não há como evitar. Bembre também que o va!amento do violão
na vo! ocorrerá com um certo atraso, e um filtro pente provavelmente
acontecerá. <evemos procurar minimi!ar com altera8es no posicionamento.
ão adianta colocar uma antepara entre o violão e a vo!, pois isso s+ dei(ará o
músico desconfortável, o que descaracteri!a o pr+prio conceito de se gravar
#unto para uma melhor performance. :lém disso, os microfones acabarão com
seus cancelamentos distorcidos.
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!lano C – Caso especial
o caso de estarem disponveis microfones bidirecionais figura-P/ e de se
dispor de uma sala ou região morta sem ambi&ncia/, pode-se tentar o uso
destes dois microfones. Dm é colocado apontando para a ponte, com o ei(o
paralelo ao chão, e o outro apontando para a vo!, também com o ei(o paraleloao chão. :s laterais dos bidirecionais são os pontos de maior re#eião de todos
os microfones direcionais, e assim haverá o menor va!amento possvel. *orém,
isto s+ funciona se a sala não contribuir com refle(8es, #á que a face traseira de
cada microfone estará captando abertamente.