TCC - Rev[1]. · avaliaÇÃo da preferÊncia de lanches e do perfil antropomÉtrico de crianÇas em...

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PRÓ-REITORIA ACADÊMICA DAIENE RODRIGUES COLLARES AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE LANCHES E DO PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR DE UMA ESCOLA PARTICULAR DE PORTO ALEGRE CANOAS, 2007

Transcript of TCC - Rev[1]. · avaliaÇÃo da preferÊncia de lanches e do perfil antropomÉtrico de crianÇas em...

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

DAIENE RODRIGUES COLLARES

AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE LANCHES E DO PERFIL

ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR DE UMA

ESCOLA PARTICULAR DE PORTO ALEGRE

CANOAS, 2007

DAIENE RODRIGUES COLLARES

AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE LANCHES E DO PERFIL

ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR DE UMA

ESCOLA PARTICULAR DE PORTO ALEGRE

Trabalho de conclusão apresentado para a bancaexaminadora do curso de Nutrição do CentroUniversitário La Salle - Unilasalle, como exigênciaparcial para obtenção do grau de Bacharel emNutrição, sob Orientação da Profª. MSc. FernandaMiraglia.

CANOAS, 2007

TERMO DE APROVAÇÃO

DAIENE RODRIGUES COLLARES

AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE LANCHES E DO PERFIL

ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR DE UMA

ESCOLA PARTICULAR DE PORTO ALEGRE

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção dograu de Bacharel em Nutrição do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela

seguinte banca examinadora:

_________________________________

Profª. MSc. Fernanda Miraglia

Unilasalle

_________________________________

Profª. Esp. Carmem Kieling Franco

Unilasalle

_________________________________

Profª. MSc. Lívia Trois

Unilasalle

Canoas, 7 de dezembro de 2007.

3

DEDICATÓRIA

Aos meus queridos e amados pais,

por terem dedicado suas vidas a suas filhas,

pelo amor, carinho e estímulo que me deram para

chegar aonde cheguei, dedico-lhes

essa conquista como gratidão.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço à professora Fernanda Miraglia pelas idéias, sugestões e

considerações que contribuíram muito para a conclusão deste trabalho.

Aos meus pais que sempre me incentivaram e apoiaram na busca dos meus

sonhos.

À minha irmã que sempre esteve ao meu lado me ajudando e apoiando.

Ao meu companheiro e amigo Rodrigo, obrigado por todo o apoio, ajuda e paciência.

Agradeço a todos os parentes que de alguma forma contribuíram para que

esta etapa se concluísse.

Muito Obrigado!

5

RESUMO

Na fase dos primeiros anos escolares, o crescimento é caracterizado como lento econstante. Este é um grupo etário que tem suas próprias necessidades nutricionais enovas funções que requerem maior quantidade energética, de vitaminas e minerais.O objetivo do estudo foi identificar a preferência de lanches pelas crianças na faseescolar de uma escola particular de Porto alegre e relacionar com o perfilantropométrico. O estudo foi realizado com 53 escolares com idades entre 8-14anos. A antropometria utilizada foi peso, altura e IMC, e comparado com ospercentis esperados para faixa etária. Foi aplicado um questionário sobre apreferência de lanches com 20 questões. Os resultados revelam que 49,1% daamostra eram meninas e 50,9% eram meninos. E que 56,6% estavam eutróficos,1,9% com risco para desnutrição, 18,9% com risco para sobrepeso e 22,6% comrisco para obesidade, em relação ao IMC e ao questionário de preferências delanches. A conclusão desta pesquisa é que se faz necessária educação nutricionalnas escolas, pois 41% desta amostra se encontravam acima do peso em relação àssuas preferências de lanches consumidos na escola.Palavras-chave: Crianças. Escolares. Antropometria. Preferência de lanches.

ABSTRACT

The first school years phase is characterized as slow but a steady one. This is anage group that has its own nutritional needs and new functions that require largeramount of energy, vitamins and minerals. This paper intends to identify childrenfavorite snacks at a private school in Porto Alegre and to relate it to theanthropometric profile. The study was carried out with 53 school children rangingfrom 8 to 14 years old. The used anthropometry was weight, height and IMC, and itwas compared with expected percentis for that age group. A 20 questionsquestionnaire about favorite snacks was applied. The results reveal that 49,1% of thesample were girls and 50,9% were boys. It was found that 56,6% were eutrophic,1,9% were at malnutrition risk, 18,9% were at overweight risk and 22,6% were atobesity risk, in relation to IMC and the favorite snacks questionnaire. What was foundis that nutritional education in schools is necessary because 41% of the sample wasabove the expected weight in relation to their school favorite snacks.Key words: Children. Students. Anthropometry. Favorite snacks.

6

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – IMC para os meninos..............................................................................32

Gráfico 2 – IMC para as meninas..............................................................................33

Gráfico 3 – Média de pontuação obtida no questionário em relação ao IMC. ...........35

Gráfico 4 – Relação entre o nível de pontos e a classificação do IMC......................36

Gráfico 5 – Os lanches preferidos das crianças na escola........................................38

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Recomendações dietéticas diárias de macro e micronutrientes para

indivíduos de 8 a 14 anos. ........................................................................................19

Tabela 2 – Classificação dos pontos obtida no questionário organizado em níveis..28

Tabela 3 – Percentis usados por Must et al. (1991) em meninas..............................29

Tabela 4 – Percentis usados por Must et al. (1991) em meninos..............................29

Tabela 5 – Classificação do estado nutricional em relação aos percentis. .............310

Tabela 6 – Total de meninas e meninos, e a variação da idade apresentada pela

população estudada. .................................................................................................31

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AI = Ingestões Adequadas

CDC = Center for Disease Control and Prevention

DRI = Dietary Reference Intakes

EAR = Necessidades Médias Estimadas

IMC = Índice de Massa Corporal

RDA = Recommended Dietary Allowance

TCI = Termo de Consentimento Informado

UL = Ingestões Toleráveis

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................5

ABSTRACT .................................................................................................................5

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................6

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .....................................................................8

SUMÁRIO ...................................................................................................................9

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................13

2.1 Caracterização da fase .....................................................................................13

2.1.1 Avaliação do crescimento ........................................................................................... 14

2.1.2 Necessidades nutricionais .......................................................................................... 15

2.1.3 Antropometria ............................................................................................................. 19

2.1.4 Alimentação do escolar............................................................................................... 20

2.1.5 Distúrbios nutricionais ................................................................................................. 21

3 OBJETIVOS ...........................................................................................................24

3.1 Objetivo geral ....................................................................................................24

3.2 Objetivos específicos .......................................................................................24

4 METODOLOGIA ....................................................................................................25

4.1 Delineamento geral ...........................................................................................25

4.2 População e amostra ........................................................................................25

4.3 Critério de inclusão e exclusão ........................................................................26

4.4 Ética ....................................................................................................................26

4.5 Variáveis analisadas .........................................................................................27

4.5.1 Instrumento................................................................................................................. 27

4.5.2 Materiais utilizados para a avaliação........................................................................... 30

4.6 Análise estatística .............................................................................................30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................31

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................40

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO ..............................44

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO .............................................................................46

ANEXO 1 – FOTOS COM OS ENTREVISTADOS ...................................................49

1 INTRODUÇÃO

A prática de uma alimentação adequada desde a infância favorece níveis

ideais de saúde, crescimento e desenvolvimento, atuando diretamente na melhora

do nível educacional, reduzindo os transtornos de aprendizado conseqüentes de

doenças como anemia e desnutrição e ainda evita a manifestação da obesidade

(LOPEZ, 2004).

Na idade escolar, que vai de 6 aos 12 anos de idade, o crescimento é

caracterizado como lento e constante. Este é um grupo etário que tem suas próprias

necessidades nutricionais diferindo das outras fases de crescimento, pois neste

período a criança tem novas funções que requerem maior quantidade energética

com aportes vitamínicos e minerais adequados (ACCIOLY, 2004).

O período escolar é também chamado de momento de latência de

crescimento, onde ocorre uma desaceleração da taxa de crescimento e as

mudanças físicas começam a ocorrer gradativamente. Apesar da menor velocidade

de crescimento e do menor risco de desnutrição, a criança em idade escolar ainda

exige alguns cuidados em termos de alimentação. Pois nesta fase estão sendo

armazenados recursos para o crescimento rápido característico da adolescência

(GOUVEIA, 1999).

12

É também nesta fase que há independência de escolha de alimentos, é como

uma oportunidade importante na obtenção de conhecimentos sobre alimentação e

saúde. Crianças geralmente consomem alimentos que lhe “apetecem”, preferindo os

de alto valor energético, ricos em carboidratos e gorduras. O acesso de alimentos

prontos para o consumo muitas vezes leva à realização de refeições mais

gordurosas e ao uso de refrigerantes e guloseimas de um modo geral (WAITZBERG,

2006).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Caracterização da fase

Crianças em fase escolar caracterizada dos 6 aos 12 anos de idade, o

crescimento é lento e constante sendo maior em membros inferiores que na região

do tronco. Na composição corporal a uma pequena diferença entre os sexos, sendo

que os meninos apresentam maior massa magra que as meninas ocorrendo, após

os 7 anos de idade, aumentando o tecido adiposo em ambos os sexos, como

preparo para o estirão pubetário (GARCIA, 1999).

A puberdade inicia-se entre 8 e 13 anos de idade, nas meninas, que é

caracterizada pelo crescimento das mamas e aréolas, formando pequenos

montículos. E um pouco mais tarde, entre 9 e 14 anos, nos meninos, caracterizado

pelo aumento da bolsa escrotal e dos testículos, sem aumento do pênis. Nesta fase

pode-se obter entre 15 a 25 centímetros (cm) de estatura e de 15 a 25 quilos de

peso (kg). Por este motivo, antes do estirão, pode haver aceleração no ganho de

peso, isto é, guardando energia, na forma de gordura, para o período de

crescimento rápido que está chegando (VITOLO e CTENAS, 1999).

14

Em relação ao desenvolvimento, o escolar apresenta maior maturidade nos

aspectos psicomotor, emocional, social e cognitivo. As atividades diárias, incluindo

as culturais, de crescimento pessoal, desportivas e de recreação, perpassam a vida

escolar. A criança passa a ser mais independente, decidindo, por si mesma, seus

gostos, preferências e aversões, apresentado senso crítico. Estes fatores vão

refletir-se, claramente, nos hábitos gerais e alimentares da criança (ACCIOLY,

2004).

2.1.1 Avaliação do crescimento

Medir o crescimento e avaliar o desenvolvimento da criança é uma forma de

conhecer e vigiar seu estado de saúde geral. O crescimento é definido como o

aumento do tamanho corporal, sendo resultado da multiplicação e diferenciação

celular, sendo um indicador muito sensível da saúde e nutrição de uma população.

O desenvolvimento é o produto de interação entre a maturidade e a aprendizagem,

entre o potencial individual e o meio social (ACCIOLY, 2004).

O acompanhamento do crescimento da criança é uma metodologia simples,

que permite fácil identificação de crianças de risco, permitindo intervenção precoce.

As medidas mais sensíveis do crescimento são o peso e estatura que devem ser

obtidos periodicamente, em equipamentos adequados (ACCIOLY, 2004).

Em escolares usa-se o Índice de Massa Corporal (IMC) para avaliação

antropométricas. Os gráficos disponíveis pelo Center for Disease Control and

Prevention (CDC) contêm uma série de curvas indicando percentis específicos. É

considerado baixo peso, com sobrepeso e obesidade a criança IMC

15

respectivamente, abaixo do percentil 5, maior ou igual ao percentil 85 e maior ou

igual ao percentil 95, respectivamente (CDC, 2001).

2.1.2 Necessidades nutricionais

A taxa e o estágio de crescimento associados à atividade física, tamanho

corporal, gasto energético basal e estado de saúde são os principais determinantes

das necessidades da criança. (LOPEZ, 2004).

As ingestões dietéticas devem ser de acordo com as Dietary Reference

Intakes (DRIs) para a faixa etária, que são baseadas no conhecimento atual de

ingestões de nutrientes necessários para uma boa saúde. As DRIs incluem as

Necessidades Médias Estimadas (EAR), Recommended Dietary Allowance (RDA),

ingestões adequadas (AI) e níveis superiores de ingestões toleráveis (UL) (MAHAN,

2002).

� Energia

As necessidades de energia de uma criança são determinadas com base no

metabolismo basal, taxa de crescimento e atividade. Uma proporção sugerida de

energia é 50 a 60% de carboidratos, 25 a 30% de lipídeos e 10 a 15% de proteínas.

Devem-se determinar as necessidades de energia individualmente utilizando

quilocalorias por quilograma de peso, como mostra a tabela 1. (MAHAN, 2002).

16

� Proteína

A necessidade de proteína por quilograma de peso corpóreo diminui em

aproximadamente 1,2g no início da infância (1-3 anos) até 1g no final da infância,

seguindo até na adolescência (MAHAN, 2002).

� Lipídios

Recomenda-se uma redução do consumo total de gorduras e de gordura

saturada, de forma que o percentual de lipídios da dieta seja de até 30% do

consumo energético, não menos que 20% e que menos de 10% seja proveniente de

ácidos graxos saturados. O consumo do colesterol diário não deve exceder 300

mg/dia (ACCIOLY, 2004).

� Carboidratos

Os carboidratos devem compor a maior parte do consumo energético diário e

o National Research Council, 1989, recomenda que o consumo de carboidratos

represente cerca de 55% ou mais do consumo de energia total por dia (ACCIOLY,

2004).

� Minerais e vitaminas

Os minerais e as vitaminas são necessários influenciam na resposta

imunológica, no desenvolvimento mental e atuam auxiliando o crescimento e o

17

desenvolvimento adequados de crianças em idade escolar. Para esses benefícios é

necessária a ingestão diária recomendada destes mais importantes na fase escolar

nutrientes, de acordo com as DRIs. A ingestão insuficiente pode causar crescimento

prejudicado e resultar em doenças de deficiência (CHANDRA, 2002).

� Vitamina A

A vitamina é uma substância lipossolúvel, sendo um dos constituintes dos

pigmentos visuais, participa na manutenção dos tecidos da pele, aumentando a

resistência de doenças infecciosas. A RDA desta vitamina para o escolar é de

700mg/dia (RDA, 1989).

� Vitamina C

É uma molécula ácida com forte atividade redutora, derivada de açúcares, é

um componente essencial da maioria dos tecidos. Atua como antioxidante, protege o

organismo contra ação dos radicais livres. Reduz a duração de infecções e viroses.

Também age na redução do ferro, facilitando sua absorção, assim ajudando na

prevenção e tratamento da anemia. Sua recomendação diária segundo a RDA, é de

45mg/dia (RDA, 1989).

� Cálcio

O processo de acumulação mineral óssea ocorre durante toda a infância e

adolescência, porém esse acúmulo é maior na infância devido ao crescimento. O

18

mecanismo de absorção do cálcio depende da vitamina D, se a ingestão desta

vitamina é inadequada absorção do cálcio fica prejudicada. A recomendação diária

adequada para esta faixa etária é de 800mg/dia (RDA, 1989).

� Ferro

O ferro é de importância fundamental para a vida, sendo que seu suprimento

adequado é uma das maiores preocupações quando se discutem as práticas

alimentares da infância, pois é sabido que a anemia, nesse período, prejudica o

crescimento e o desenvolvimento normais (VITOLO, 2003). A RDA de ferro para o

escolar é de 10mg/dia (RDA, 1989).

� Zinco

Importante na regeneração do esqueleto e músculos; desenvolvimento

ponderal, maturação sexual. O zinco está envolvido na síntese protéica, na atividade

do DNA, na atividade da insulina, no desenvolvimento das gônadas e em alguns

sistemas enzimáticos. A recomendação de zinco é de 10mg por dia (RDA, 1989).

� Água

A água é o mais abundante constituinte do corpo humano. O turnover da água

(ingestão e perda) em criança corresponde a 15% do peso corporal, enquanto, no

adulto, 4% do peso corporal. Os requerimentos de água na criança envolvem

algumas variáveis especiais: área corporal, peso corporal, percentual de água, taxa

19

de turnovers, capacidade renal, taxa de crescimento e suscetibilidade à

desidratação. As recomendações descritas pela RDA giram em torno de 1,5ml por

gasto energético/dia (RDA, 1989).

Tabela 1 – Recomendações dietéticas diárias de macro e micronutrientes para

indivíduos de 8 a 14 anos.

Masculino Feminino

Idade (anos) 7 – 10 11 – 14 7 – 10 11 – 14

Caloria (Kcal) 2000 2500 2000 2500

Carboidratos (g) 130 130 (45 65) 130 130

Proteína (g) 28 45 28 46

Vit. A (µg) 700 1000 700 800

Vit. C (mg) 45 50 45 50

Cálcio (mg) 800 1200 800 1200

Ferro (mg) 10 12 10 15

Zinco (mg) 10 15 10 12 Fonte: RDA, 1989.

2.1.3 Antropometria

Envolve a obtenção de medidas físicas de um indivíduo e relacioná-las com

um padrão que reflita o crescimento e desenvolvimento desse indivíduo. Estas

medidas físicas são como um componente da avaliação nutricional. Medidas

utilizadas geralmente são peso, altura, espessura das dobras cutâneas, IMC, e

curvas da National Centers for Health Statistics (NCHS, 2002).

20

2.1.4 Alimentação do escolar

No período escolar, a socialização e a independência acentuada permitem

melhor aceitação de alimentos diferentes e mais elaborados. Se a inapetência no

período pré-escolar foi encaminhada com naturalidade, provavelmente o apetite será

voraz a partir dos 8 anos. A criança frequentemente começa a ter interesse pelos

alimentos e por suas preparações, devendo ser estimulada a elaborar seus lanches

e refeições de fácil preparo (MORAIS, 2005).

Muitas crianças, nesta idade, são totalmente responsáveis pela sua

alimentação, preparando e determinando a qualidade e o memento para o consumo

dos alimentos. A criança deve conhecer os alimentos, suas necessidades e

conseqüências da alimentação para a saúde, tornando-se mais consciente e menos

vulnerável à influência da propaganda de alimentos no estabelecimento de seu

padrão de ingestão alimentar. Uma das recomendações para dieta saudável é limitar

o consumo de alimentos industrializados de baixo valor nutritivo e/ou ricos em

gorduras e sódio, como refrigerantes e salgadinhos (LOPEZ, 2004).

Os pais devem ser orientados sobre a importância do lanche escolar como

uma estratégia para evitar que a criança fique longos períodos sem se alimentar,

ensinado na escolha dos alimentos certos (MORAIS, 2005).

O número de crianças obesas no Brasil, segundo a PNSN, em peso para

estatura (P/E) é de 9 a 8% das crianças menores que 2 anos e 5% entre 7-10 anos.

O número ainda não é tão grande, mas cresce a cada dia, o sedentarismo e

hábitos alimentares inadequados, que incluem um elevado consumo dos chamados

lanches rápidos (fast foods), doces e guloseimas (VITOLO, 2003).

21

Das crianças entre 8 e 13 anos, 30% não consomem café da manhã

diariamente e 12% das crianças nunca realizaram essa refeição. 50% dos lanches

consumidos são compostos por biscoito, doces, batatas fritas, biscoitinhos salgados

e chicletes (WAITZBERG, 2006).

2.1.5 Distúrbios nutricionais

2.1.5.1 Obesidade

A obesidade é um processo que está associado, quase sempre, a múltiplas

causas simultaneamente, razão pela qual é uma doença de difícil tratamento. Esses

fatores são classificados em internos e externos, são eles que, isolados ou

associados, desencadeiam a obesidade (VITOLO e CTENAS, 1999).

� Fatores internos

São imutáveis e inerentes à própria criança.

Genéticos, sabe-se que tem uma predisposição familiar para o

desenvolvimento da obesidade, mas não existe um exame corriqueiro que determine

conclusivamente qual o grau dessa predisposição em um indivíduo. Por isso, que se

numa família os pais ou a maioria dos parentes apresentam excesso de peso, a

chance de a criança nascer com tendências a ser obesa é maior.

Metabólicos, o metabolismo é definido geneticamente, então ele difere de

indivíduo para indivíduo (VITOLO e CTENAS, 1999).

22

� Fatores externos

São aqueles que fazem parte do ambiente em que a criança vive. Eles podem

ser mudados, e é por eles que se inicia o tratamento da obesidade. Os mais

importantes são os fatores psicológicos, alimentares e atividade física.

Crianças em fase escolar têm mais apetite do que os pré-escolares, por isso,

muitos processos de obesidade começa nessa fase. Um dos motivos é o interesse,

em comidas gordurosas e condimentos calóricos (VITOLO e CTENAS, 1999).

2.1.5.2 Desnutrição

É uma doença de origem multifatorial e complexa que tem suas raízes na

pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe nutrientes necessários para o seu

metabolismo fisiológico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que é

ofertado. É o resultado de uma ingesta insuficiente, ou fome, e doenças, (LOPEZ,

2004).

� Características clínicas

É comum a presença de diarréia ou infecção respiratória aguda, o que

inclusive, pode ser a razão da consulta ao médico. A desnutrição leve e a moderada

podem se traduzir por alterações da função intelectual e do desempenho escolar. As

características clínicas das formas graves são o Kwashiorkor, Marasmo e

Kwashiorkor marasmático, que são visíveis a olho nu (MORAIS, 2005).

23

As principais características do kwashiorkor são retardo do crescimento,

perda de gordura subcutânea e muscular menos intensa que no marasmo, edema

depressível que se localiza principalmente nas pernas, mas pode atingir o corpo

todo, hepatomegalia acentuado devido à esteatose hepática, alterações mentais e

de humor. Também podem ocorrer lesões de cabelos (textura, cor, queda),

despigmentação, dermatose, descamação, a anorexia, diarréia e deficiências de

micronutrientes são freqüentes. A faixa etária mais acometida é acima de 2 anos de

idade (MONTE, 2000).

Já no marasmo a faixa etária mais acometida é a do lactente, até um ano de

vida. O emagrecimento é intenso deixando a criança com aspecto envelhecido,

reflexo da perda de tecidos celular subcutâneo e muscular. O abdome pode ser

globoso não sendo verificada hepatomegalia. Geralmente, há presença de anorexia,

infecções de deficiência de micronutrientes e o comportamento é apático (LOPEZ,

2004).

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Identificar a preferência de escolares por tipos de lanches comercializados na

cantina de uma escola particular de Porto Alegre e relacionar com o perfil

antropométrico.

3.2 Objetivos específicos

� Descrever os lanches mais consumidos por escolares nesta escola;

� Avaliar o IMC destes escolares;

� Associar os tipos de lanches mais consumidos com o perfil

antropométrico.

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento geral

Trata-se de um estudo descritivo e transversal, com amostra aleatória

agrupada, obtida a partir de uma população de 59 alunos na fase escolar (8-14

anos), matriculados na escola particular São José de Murialdo, no município de

Porto Alegre, RS. A escola é de Ensino fundamental e Médio, funciona pela manhã e

a tarde. Têm em média 800 alunos em ambos os turnos. No turno da manhã tem

uma turma de cada série, e no turno da tarde funciona somente as séries de 1ª a 4ª

séries, tendo apenas uma turma de cada série.

4.2 População e amostra

A amostra foi de conveniência. Para sua seleção foram convidadas a

participar do estudo, as únicas turmas de 3ª e 4ª séries no turno da tarde.

A população era composta inicialmente por 59 alunos, com idades entre 8 e

14 anos pertencentes do Ensino Fundamental da Escola São José de Murialdo

26

localizada na cidade de Porto Alegre. Como houve perda, a amostra foi composta

por 53 escolares.

A coleta de dados ocorreu no mês de outubro entre os dias 16 e 17 do

corrente ano.

4.3 Critério de inclusão e exclusão

Foram incluídos no estudo os alunos que tinham 8 a 14 anos nas duas turmas

selecionadas e que os pais consentiram através do Termo de Consentimento

Informado (TCI) a participação do aluno no estudo.

Foram excluídos do estudo aqueles que não estavam nessa faixa etária de 8

a 14 anos, aqueles que os pais não permitiram a participação no estudo, e os que

não estavam presentes no dia da coleta da amostra.

4.4 Ética

Foi enviada a direção da escola um termo solicitando a aprovação da

pesquisa e após a autorização da escola foi enviado aos pais dos alunos um Termo

de Consentimento Informado explicando os objetivos deste estudo e solicitando

autorização para que os alunos pudessem participar do estudo (Apêndice A). Todos

os pais e/ou responsáveis dos participantes assinaram o TCI, ficando assegurado o

direito de abandonar o estudo a qualquer momento sem prejuízo para si e seus

familiares.

27

4.5 Variáveis analisadas

As variáveis analisadas foram: o perfil antropométrico (peso, altura, e IMC), e

o perfil nutricional através de um questionário sobre a Preferência dos de Lanches

consumidos por estas crianças.

O peso é a variável antropométrica mais conhecida, que expressa a dimensão

da massa dos volumes corporais, constituídos tanto pelo tecido adiposo como pela

massa magra. Apesar de ser uma variável importante em pediatria, a determinação

isolada do peso corporal não revela que tipo de tecido do corpo está comprometido,

devendo, por isso, ser associado a outras medidas antropométricas, como estatura,

na determinação do estado nutricional de crianças.

A estatura é um termo que pode ser utilizado tanto para o comprimento como

para a altura.

O IMC é um índice simples de peso/altura2 utilizado para classificação do

estado nutricional. Para calcular o IMC é necessário dividir o peso, em quilogramas

(kg), pela estatura em metros (m) elevada ao quadrado, resultando em um valor

expresso em kg/m2.

4.5.1 Instrumento

A coleta de dados para o estudo foi feita através de um questionário com:

dados de identificação e preferências de lanches, respondido pelos alunos

(Apêndice B).

28

O questionário sobre preferências de lanches era composto por 20 questões,

todas elas tinham três alternativas de resposta, então para facilitar a análise, o

questionário foi pontuado da seguinte forma: quanto maior a freqüência de respostas

de lanches mais saudáveis, maior era a pontuação, e quanto maior à freqüência de

lanches menos saudáveis, menor era a pontuação. Lanches menos saudáveis

(cachorro-quente, bolos, salgados (esfiha..), pizza, batata frita, doces em geral,

refrigerante, pastel, sorvete, biscoito recheado) e os mais saudáveis (pão, água,

biscoito salgado, iogurte).

Para classificação dos pontos, foram criados níveis de acordo com o número

total de pontos do questionário, que era de 57 pontos: Abaixo do nível I, ou seja, a

nota abaixo de 40 pontos significa o consumo maior de lanches menos saudáveis.

Entre 41 e 45 pontos, nível II, indicaria maior consumo de lanches menos saudáveis,

mas com pequena freqüência de lanches saudáveis. No nível III, que fica entre 46 e

50 pontos, já significa lanches mais saudável, entretanto algumas vezes consomem

lanches não tão saudáveis. E por último no nível IV, que fica acima de 51 pontos,

comem-se somente lanches saudáveis.

Tabela 2 – Classificação dos pontos obtida no questionário organizado em níveis.

Classificação

Abaixo de 40 Nível I

Entre 41 – 45 Nível II

Entre 46 – 50 Nível III

Acima de 51 Nível IV Fonte: Autoria própria, 2007.

A freqüência de consumo alimentar era: 5 a 6 vezes na semana, 2 a 3 vezes

na semana ou 1 vez ou menos, sendo peso das questões 1, 2, 3. A resposta 3 que

29

foi considerada de maior peso, pois era a resposta que indicaria o consumo

alimentar mais adequado; a resposta 1 era a de menor peso, indicaria um consumo

alimentar mais inadequado e a última a resposta de peso 2, era a intermediária.

Todas as questões eram direcionadas aos lanches e alimentos consumidos na

escola.

A avaliação nutricional foi feita pela autora deste estudo, nestes foram

avaliados peso e altura, e após calculados os IMC e comparados com a tabela dos

percentis do IMC de crianças e adolescentes descrita por Must et al. (1991), onde a

classificação é feita da seguinte forma: abaixo do percentil 5, desnutrição. Entre

percentil 5 e 85 é classificado como eutrófico, ou seja, dentro da normalidade. Entre

percentil 85 e 95, sobrepeso. E por último acima do percentil 95, era classificado

como obesidade (Tabelas 3, 4 e 5).

Tabela 3 – Percentis usados por Must et al. (1991) em meninas.

Meninas

Idade (anos) P5 P85 P95

8 13,5 18,18 20,36

9 13,9 19,19 21,78

10 14,2 20,19 23,20

11 14,6 21,18 24,59 Fonte: Must et al. (1991).

Tabela 4 – Percentis usados por Must et al. (1991) em meninos.

Meninos

Idade (anos) P5 P85 P95

8 13,6 18,1 20,3

9 14,0 18,9 21,5

10 14,4 19,6 22,6

11 16,2 22,8 26,9 Fonte: Must et al. (1991).

30

Tabela 5 – Classificação do estado nutrição em relação aos percentis.

IMC Classificação

< P5 Desnutrição

P5 - P85 Eutrofia

P85 -P95 Sobrepeso

> P95 Obesidade Fonte: Autoria própria, 2007.

4.5.2 Materiais utilizados para a avaliação

Para a aferição do peso foi utilizada a balança Filizola com capacidade para

150kg e precisão de 100g, as crianças estavam usando roupas leves e sem

calçados, e para a verificação da altura utilizou-se antropômetro vertical de 100cm a

200cm, acoplado a balança. A técnica para a mensuração foi feita com as crianças

sem calçados e em posição ereta.

4.6 Análise estatística

Depois de obtidos os dados foram plotados e após analisados com o auxílio

do programa Excel® 2003. Os dados estão representados apresentados em forma

de tabelas e gráficos. O tipo de análise foi descritiva.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi de 53 alunos. Sendo 26 meninas (49,1%), e 27 meninos

(50,9%). Quase não tivemos diferença entre os sexos, em relação à amostragem,

pois foi apenas 1 criança do sexo masculino a mais do que do sexo feminino. A

idade da população analisada variou entre 8 e 14 anos. Sendo que as meninas

apresentaram idades entre 8, 9, 10, e 11 anos. E os meninos apresentaram idades

entre 8, 9, 10 e 14 anos (Tabela 6).

No total tiveram 6 crianças com 8 anos, 30 crianças com 9 anos, 14 crianças

com 10 anos, 2 crianças com 11 anos e 1 criança com 14 anos de idade.

Tabela 6 – Total de meninas e meninos, e a variação da idade apresentada pela

população estudada.

Descrição da Amostra

Sexo Porcentagem Total Idade (anos)

Feminino 49,1% 26 8 a 11

Masculino 50,9% 27 8 a 14 Fonte: Autoria própria, 2007.

32

Em relação ao estado nutricional classificamos através do IMC, pelo método

de Must et al. (Tabela 5).

A classificação do IMC foi analisada e classificada por sexo, pois os

parâmetros utilizados para meninas são diferentes do que o utilizado para os

meninos.

Classificação do IMC (Meninos)

63,0%

14,8%

22,2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Eutrófico Sobrepeso Obesidade

Classificação

Gráfico 1 – IMC para os meninos. Fonte: Autoria própria, 2007.

33

Classificação do IMC (Meninas)

3,8%

50,0%

23,1% 23,1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Desnutrição Eutrófico Sobrepeso Obesidade

Classificação

Gráfico 2 – IMC para as meninas. Fonte: Autoria própria, 2007.

Das 26 meninas, 50% delas estavam eutróficas. Apenas uma menina

apresentou desnutrição, tornando isso em 3,8% da amostra do sexo feminino. Já

para sobrepeso e para obesidade, a porcentagem apresentada foi a mesma de

23,1% para ambas. Nos meninos analisados que eram 27, representando 50,9% da

amostra, 63% apresentaram eutrofia. Nenhum deles apresentou desnutrição, 14,8%

dos meninos apresentaram Sobrepeso e 22,2% apresentaram Obesidade.

Em relação à eutrofia, os meninos estavam mais dentro da normalidade do

que as meninas. Também entre os meninos, nenhum apresentou desnutrição, já as

meninas, uma menina apresentou. O sobrepeso e a obesidade, também foram

maiores nas meninas do que nos meninos. De acordo com Saito apud Vitalle (2002),

existem variações normais em relação à idade do início e a velocidade de

progressão da maturação sexual, tanto no sexo masculino quanto no feminino. As

possíveis diferenças etárias no processo de maturação sexual podem se dar em

34

função das características genéticas próprias do indivíduo, aspectos

socioeconômicos e nutricionais.

Segundo Ctenas (2003), a puberdade nas meninas inicia-se entre 8 e 13 anos

de idade, e já nos meninos entre os 9 e 14 anos de idade.

Neste estudo verificou-se que as meninas apresentaram uma classificação de

sobrepeso (23,1%) e de obesidade (23,1%), maior que os meninos, que foi de

14,8% sobrepeso e de 22,25% de obesidade, diferentemente observado por Veiga

et al. (1996) e Watt & Sheiham, citados por Carvalho (2001), que demonstraram

excesso de peso em meninos, enquanto que Dolinsky et al. (1998), também citado

por Carvalho (2001), achou maior prevalência de obesidade nas meninas.

Para a analise do questionário foi estabelecido níveis de pontos de acordo

com as notas obtidas. Os pontos máximos que podiam atingir no questionário eram

de 57 pontos. Com base nesse valor máximo é que foram estabelecidos os níveis de

valores.

Para observar em que níveis as crianças estavam, foi feito um gráfico

comparando as notas obtidas no questionário, com o nível e o estado nutricional de

acordo com a classificação do IMC (Gráfico 3).

35

Média da pontuação obtida no questionário comparada com a classificação IMC

47,00

45,00

47,70

45,33

42,0

43,0

44,0

45,0

46,0

47,0

48,0

49,0

50,0

Desnutrição Eutrófico Sobrepeso Obesidade

Classificação

Gráfico 3 – Média de pontuação obtida no questionário em relação ao IMC. Fonte: Autoria própria, 2007.

O IMC é muito utilizado como medida de adiposidade em estudos clínicos e

epidemiológicos e tem se mostrado com forte correlação em crianças e adultos

(MUST et al., 1991). Nos estudos populacionais e na prática clínica, segundo Who

(1995), a antropometria é um importante método de para o diagnóstico nutricional,

pois fornece estimativa da prevalência e gravidade das alterações nutricionais. Isso

se deve à sua facilidade de realização, por ser um método não invasivo, barato e

com boa aceitação da população.

De acordo com Carvalho (2001), o padrão alimentar do brasileiro tem sofrido

muitas influências e transformações, e o estilo da vida moderna favorece o consumo

de alimentos industrializados, da alimentação fora de casa e da substituição das

refeições tradicionais pelos lanches. Essas mudanças podem levar ao consumo

excessivo de produtos com altas concentrações de gorduras, doces, refrigerantes e

diminuição no consumo de cereais integrais.

36

Como foi verificado o nível de pontos e o IMC, foi feito um gráfico

relacionando, estas duas variáveis para comparar o escore obtido no questionário,

com a classificação do IMC, ou seja, verificar o estado nutricional da criança (Gráfico

4).

Nível Pontos x Classificação do IMC

88,9%

35,7%

57,2%55,6%

21,4%

19,0% 33,3%

11,1%

42,9%

19,0%11,1%

4,8%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Nível I Nível II Nível III Nível IV

Obesidade

Sobrepeso

Eutrófico

Desnutrição

Gráfico 4 – Relação entre o nível de pontos e a classificação do IMC. Fonte: Autoria própria, 2007.

No nível I, é quem obteve abaixo de 40 pontos, ou seja, come mais lanches

na escola, teve 88,9% de eutrofia, e apenas 11,1% de obesidade, neste nível não

apareceu, desnutrição e nem obesidade. Já no nível II, onde as respostas variam

entre 14 e 45 pontos, apresentou 35,7% de eutrofia, 21,4% de sobrepeso e 42,9%

de obesidade. No nível III, que os pontos variavam entre 46 e 50 pontos, teve 4,8%

de desnutrição, apenas uma menina, 57,1% eutrofia, 19% de sobrepeso e igual 19%

de obesidade. E por último no nível IV, onde as resposta ficaram acima de 51

pontos, apresentou 55,6% de eutrofia, 33,3% de sobrepeso e 11,1% de a obesidade.

37

Analisando esses resultados, teoricamente, seria quem obtivesse menos

pontos, teria que estar na faixa de sobrepeso e obesidade. E quem obtivesse mais

pontos teria que estar na faixa de eutrofia. Porém, não foi isso que aconteceu, pois o

nível que mais apresentou eutrofia foi o I, ou seja, os que fizeram menos pontos nos

questionários.

Olhando na classificação geral, em todos os níveis em relação à classificação

do IMC, os resultados apresentaram 1,9% de desnutrição, 56,6% de eutrofia, 18,9%

sobrepeso e 22,6% de obesidade. 41% desta amostra estavam acima do peso. A

preferência por merendas não nutritivas encontrada neste estudo também foi

constatada por Doyle & Feldman apud Carvalho (2001) em estudantes de classe

média de um colégio particular em Manaus, AM, Brasil.

Gambardella et al. apud Carvalho (2001) explica que em função do modismo,

da propaganda, influência da escola e dos amigos, da contestação dos valores

familiares e sociais, entre tantos outros, os escolares facilmente modificam seus

hábitos alimentares e, comumente trocam a alimentação habitual pelo consumo de

lanches desequilibrados, com um elevado nível de açúcares, e gorduras de origem

animal.

Em relação aos lanches consumidos na escola, foram analisados os lanches

que mais eram consumidos durante o horário de intervalo da tarde. (Gráfico 5)

38

Lanches

12 1211

8 8 8 87

65

4 4 4 43 3

12

0

2

4

6

8

10

12

14

Refriger

ante

Torra

da

Bolach

a Rec

heada

Água

Bo lo

Salga

dinhosSuc

o

Suco d

e Fru

t a

Sanduic he

Paste

l

Cachor

ro-Q

uent

e

Doces

Fruta

s

Sorve

te

Picolé

Salada

de

Fruta

s

Outro s

Qua

ntid

ade

Gráfico 5 – Os lanches preferidos das crianças na escola. Fonte: Autoria própria, 2007.

Verifica-se que os alimentos de maior consumo, são o refrigerante e a

torrada, aonde 12 crianças elegeram-nos como seus preferidos durante o intervalo.

Não muito atrás, ficou a bolacha recheada, que 11 crianças votaram como suas

preferências. Houve empate entre, água, bolo, salgadinhos, e suco, pois 8 crianças

escolheram esses alimentos. 7 crianças escolheram suco de fruta, 6 pastel, 4

crianças escolheram cachorro-quente, doces, frutas e sorvetes. E por último aonde 3

crianças votaram ficou o picolé e a salada de frutas.

Muitas vezes os escolares consomem lanches e fast foods ricos em energia,

contribuindo para o ganho de peso (SARGENT et al. apud CARVALHO, 2001).

6 CONCLUSÃO

O estudo teve as seguintes conclusões: a maioria dos escolares analisados

estavam eutróficos, 56,6% , porém suas escolhas de lanches não estavam corretas,

pois um grande número preferiu refrigerantes e bolacha recheada.

Em função do risco de sobrepeso e de obesidade existir em 41% no grupo de

escolares pesquisados, reforça-se a necessidade de estratégias de prevenção, no

sentido de promover mudanças de hábitos alimentares e comportamentos voltados,

não só para a dieta, mas principalmente, para o estilo de vida como um todo, em

casa, na escola.

Para conhecer melhor as diferenças nas práticas alimentares entre os

estudantes, fazem-se necessários outros estudos para que, possa se desenvolvido

estratégias em educação nutricional, para que os escolares saibam escolher seus

lanches mais saudáveis e nutritivos.

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44

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Projeto: “AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE LANCHES E DO PERFIL

ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR E ESCOLAR DE

UMA ESCOLA PARTICULAR DE PORTO ALEGRE”

Eu acadêmica do curso de Nutrição do Unisalle Daiene Rodrigues Collares,

estou desenvolvendo um projeto de pesquisa com as crianças da Escola São José

de Murialdo na cidade de Porto Alegre, cujo objetivo é avaliar a preferências de

lanches das crianças e relacionar com o perfil antropométrico. Para isto, será

necessário aplicar um questionário contendo perguntas sobre hábitos e preferências

alimentares e ainda avaliar o peso e a estatura das crianças.

Aqueles pais e/ou responsáveis que concordarem com a participação de seu

filho ficarão sabendo dados sobre a preferência alimentar bem como o peso e sua

estatura da criança, além disso, receberam orientações sobre uma alimentação

equilibrada nesta faixa etária.

Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais.

Somente o a pesquisadora e a orientadora terão conhecimento dos dados.

45

O Sr. ou Sra. tem liberdade de não aceitar a participação de seu filho sem

qualquer prejuízo para a criança. Sempre que quiser poderá pedir mais informações

sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora do projeto.

O pesquisador Responsável por este Projeto de Pesquisa é a Acadêmica

Daiene Collares (Fone: 51-93286661).

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento em deixar meu filho participar:

________________________________

Nome do aluno participante da Pesquisa

________________________________

Assinatura do responsável

________________________________

Assinatura do Pesquisador

46

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

Questionário:

Data de nascimento: ____/____/____ Turma: ____ _____ Data: __________

* Lembre-se: responda o que você realmente come, e não o que gostaria ou

acha que seria melhor.

* Se você tiver alguma dificuldade para responder, peça auxílio à professora,

ou à autora.

* Escolha apenas uma resposta.

1) No café da manhã você costuma comer pão?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

2) Você costuma comer bolos (variados) no café da manhã?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

3) E no lanche da escola você come bolos?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

VAMOS COMEÇAR!!!

47

4) E no lanche da escola com que freqüência você come salgados (esfiha, coxinha,

croquete...)?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

5) No lanche da escola você come biscoitos recheados?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

6) Com que freqüência você come pizza, na escola?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

7) Com que freqüência você come batata frita?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

8) Você costuma comer doces, balas, guloseimas na escola?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

9) Refrigerante, com que freqüência você consome, na escola?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

10) E água?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

11) Você costuma trocar o almoço/janta por lanches?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

( ) janta ( ) almoço

48

12) Você come chocolates, bombons na escola?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

13) Com que freqüência você consome cachorro-quente, xis, torrada… na escola?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

14) E salgadinhos, tipo cheetos…?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

15) Iogurtes você toma com que freqüência?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

16) Biscoitos salgados, tipo água e sal?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

17) Na escola você costuma comer pastéis?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

18) Você toma achocolatado (Nescau, Toddy…)?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

19) Com que freqüência você come sorvetes?

( ) 5 a 6 vezes na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana

( ) 1 vez ou menos na semana

20) E na escola qual é o seu lanche favorito?

49

ANEXO 1 – FOTOS COM OS ENTREVISTADOS

Figura 1 – Alunos da 3ª Série.

Figura 2 – Alunos da 4ª Série