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Associação de Ensino Superior do Piauí- AESPI A UTILIZAÇÃO DO KINESIO TAPING EM PACIENTES COM CERVICALGIA: ESTUDO DE CASO Thiago Henrique de Araújo Resende Waléria Maria Alves de Sousa

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Associação de Ensino Superior do Piauí- AESPI

A UTILIZAÇÃO DO KINESIO TAPING EM PACIENTES COM CERVICALGIA: ESTUDO DE CASO

Thiago Henrique de Araújo Resende

Waléria Maria Alves de Sousa

Teresina

2011

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Associação de Ensino Superior do Piauí-AESPI

A UTILIZAÇÃO DO KINESIO TAPING EM PACIENTES COM CERVICALGIA: ESTUDO DE CASO

Thiago Henrique de Araújo Resende

Waléria Maria Alves de Sousa

Artigo apresentado à Associação de Ensino Superior do Piauí- AESPI, como requisito parcial para a obtenção de grau de bacharelado em Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Adrielle Martins Monteiro Alves.

Teresina

2011

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A UTILIZAÇÃO DO KINESIO TAPING EM PACIENTES COM CERVICALGIA: ESTUDO DE CASO

Thiago Henrique de Araújo Resende¹([email protected])

Waléria Maria Alves de Sousa²([email protected])

Especialista em Fisioterapia Neurológica e Docência Superior-Adrielle Martins Monteiro Alves³

RESUMO

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IntroduçãoDe acordo com Gabriel, Petit e Carril (2001) a cervicalgia define-se como dor

localizada na região do pescoço e superior das escápulas ou zona dorsal alta, que não se acompanha de sinais característico de radiculopatia.

Herbert et al.(2003) afirma que esta patologia raramente se inicia de maneira súbita, em geral pode estar relacionada com movimentos bruscos, longa permanência em posição forçada, esforço ou trauma.

Palmer et al.(2001) relata que a cervicalgia acomete um numero considerável de indivíduos, com uma média de 12% a 34% de uma população adulta em alguma fase da vida, com maior incidência no sexo feminino, trazendo prejuízo nas suas atividades de vida diária.

Segundo Tosano et al.(2006) a dor na cervicalgia pode ser aguda, sendo um fenômeno transitório associado com lesão tecidual, ou crônica, consistindo uma condição persistente mesmo após a cura da lesão, com duração maior que seis meses, manifestando-se de modo continuo ou recorrente. Sendo a dor sempre subjetiva, sua interpretação envolve aspectos sensitivos, cognitivos, comportamentais, culturais, fatores socioeconômicos, dinâmicas familiares, entre outros. Além disso, o limiar de sensibilidade, tolerância e significado da dor varia individualmente, dependendo também de fatores emocionais. O resultado é que os músculos Trapézio e Elevadores da escápula entram em estado de contratura pelo mecanismo de auto-proteção (Tosano, 2006).

Matos (2002) relata que, em 1973, surgiu pelas mãos de um quiroprata japonês de nome Kenzo Kase um método Kinesio Taping com a premissa básica que os músculos e outros tecidos moles, tais como : fáscias,ligamentos e tendões, poderiam ser ajudados através de um suporte externo , e para isso era necessário apenas a aplicação de uma fita elástica adesiva capaz de dar apoio externo aos tecidos sem limitar a ação dos mesmos.

Ibidem (2002) acrescenta que os principais efeitos fisiológicos da bandagem (Kinesio Taping) estão associados ao suporte muscular, de drenagem, de correção articular e ao efeito analgésico, sendo este ultimo o foco da pesquisa em questão.

Kase (1998) relata que o efeito analgésico das bandas Kinesio é resultado do material adesivo sobre a pele que favorece a estimulação dos receptores já existentes permitindo modelar os impulsos aferentes e regular os impulsos dolorosos. Deste modo, o simples contato coma pele permite o alivio da dor e a sensação de desconforto na pele e tecidos subjacentes.

Morini (2003) afirma que o Kinesio Taping é atualmente considerado pelos fisioterapeutas como método de apoio a reabilitação e modulação de alguns processos fisiológicos.

O interesse pela escolha do tema surgiu pela escassez de pesquisas utilizando o método Kinesio Taping e pela alta incidência de cervicalgia em alguma fase adulta, visando contribuir para a literatura bem como para diminuição da dor através da bandagem elástica (Kinesio Taping).

A presente pesquisa tem como objetivo geral verificar a eficácia da utilização do Kinesio Taping no alivio de dores em pacientes com diagnostico clinico de cervicalgia e como objetivo especifico analisar a diminuição da dor juntamente com o ganho de amplitude de movimento através da escala analógica da dor e fleximetria.

1 MetodologiaO presente artigo trata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo e exploratório,

aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa da Universidade Paulista sob o número do protocolo: 536/11.

Nesse estudo foi utilizado o processo de amostragem não-probalibilística, composta por três indivíduos com diagnóstico clínico de cervicalgia.

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Foram incluídos nesta pesquisa os indivíduos com diagnóstico de cervicalgia em estagio crônico, de ambos os sexos, tendo limitação aos movimentos da cervical devido à dor, não fazendo outro tipo de tratamento fisioterapêutico. Foram excluídos da pesquisa todos os indivíduos que apresentaram a doença em estado agudo ou outra patologia associada como hérnia de disco e cervicobraquialgia e os que se recusaram a participar do estudo. Foram esclarecidos quanto aos métodos e objetivos da pesquisa aos participantes e só foram incluídos diante do termo de consentimento livre e esclarecidos.

Durante a realização da pesquisa todos os participantes continuaram com exercendo suas atividades laborais.

O estudo foi desenvolvido no Núcleo de Apoio à Saúde AESPI/FAPI, localizada na Rua Elias Tajra n°963, Bairro de Fátima, Teresina-PI. Foram realizados 10 atendimentos com intervalos de quatro dias em um período de dois meses (08/09/2011-06/11/2011) com reavaliações a cada cinco atendimentos para verificar a eficácia da utilização da bandagem elástica terapêutica, possibilitando assim documentar a evolução do paciente. Em cada reavaliação foi mensurada a fleximetria da região cervical e a intensidade de dor.

Para quantificar a intensidade da dor foi utilizada a Escala Visual Analógica da dor (EVA), um método que padroniza e quantifica a dor de 0 a 10, significando, o valor zero a ausência de dor e 10 a pior dor imaginável (RÊGO, 2008).

O material utilizado foi à bandagem elástica terapêutica (Kinesio Taping) aplicada com base na avaliação funcional da coluna cervical.

Na avaliação consta queixa principal, HDA, inspeção, palpação, movimentos passivos, ativo-livres e intensidade da dor verificada através da escala analógica da dor e a mensuração em graus de amplitude de movimento da cervical para os movimentos de flexão, extensão, lateralização à direita, lateralização à esquerda, rotação à direita e rotação à esquerda utilizando o flexímetro (fleximetro pendular Sanny)

De acordo com Monteiro (2005) a fleximetria da coluna cervical é realizada em posição sentada ou em pé, com coluna torácica e lombar alinhadas, o flexímetro é colocado com a tira ao redor da cabeça, com o mostrador posicionado na face lateral da cabeça, voltado para o avaliador, estabilizando a cintura escapular, evitando a compensação do tronco durante os movimentos de flexão e extensão cervical. Para a avaliação da lateralização da cervical o paciente permanece sentado, com coluna torácica e lombar alinhadas, fleximetro posicionado com o mostrador na face anterior da cabeça (testa), voltado para o avaliador, estabilizando a cintura escapular, evitando a flexão lateral do tronco, pede-se ao paciente que realize a lateralizaçao à direita e a esquerda. Para a rotação cervical, o paciente foi posicionado em decúbito dorsal, com joelhos flexionados, mostrador do fleximetro sobre a cabeça, estabiliza a cintura escapular e o tronco evitando a rotação do tronco, pede ao paciente que realize a rotação à direita e a esquerda.

Após toda a avaliação a pele do paciente foi limpa com álcool a 70% e preparada para receber a aplicação, sendo duas técnicas realizadas: uma de inibição dos extensores da coluna cervical e outra para analgesia. A técnica de inibição foi realizada sem tensão da bandagem elástica, em formato de Y, enquanto a de analgesia foi aplicada com 50% de tensão em forma de I na horizontal.

Os pacientes foram orientados após a aplicação quanto aos cuidados para melhor aderência da bandagem a pele. A remoção foi realizada umidificando com água o Kinesio Taping e retirada na direção dos pêlos.

Os dados coletados foram analisados e organizados em gráficos no programa Microsoft Office Excel 2010.

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2 ResultadosPara constatação do alcance dos objetivos da pesquisa, foram considerados os

resultados de escala visual da dor e fleximetria da coluna cervical.O gráfico 1 mostra os valores expressos em números da intensidade de dor referido

pelos três indivíduos que participaram do estudo durante a avaliação inicial e cada avaliação subseqüente, em que observou-se uma diminuição significativa da dor referida por cada paciente

. avaliação 1°reavaliação 2°reavaliação0123456789

10

paciente 1paciente 2paciente 3

Esca

la V

isual

da

Dor

Gráfico 1 : Comparação do nível de dor antes ,durante e após o tratamentoFonte: Direta, 2011

No gráfico 2 apresentam-se os valores de fleximetria da coluna cervical do paciente 1 onde observou-se melhora de todos os movimentos na primeira reavaliação e restauração completa dos movimentos de lateralização e rotação à esquerda ao final do tratamento.

Flexao Extensao Lateraliazaçao a direita

Lateraliazaçao a esquerda

Rotaçao a direita

Rotaçao a esquerda

0

10

20

30

40

50

60

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Paciente 1 Avaliaçao Paciente 1 1° Reavaliaçao Paciente 1 2° Reavaliaçao

Evol

ução

do

pacie

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1

Gráfico 2 :Comparação da ADM da cervical antes , durante e após o tratamentoFonte: Direta, 2011

Ao analisar os valores de amplitude de movimento do paciente 2 observou-se ganho em todos os movimentos na primeira reavaliação e restauração completa na flexão e rotação a

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esquerda da coluna cervical, porém houve um declínio nos movimentos de lateralização a esquerda e extensão na segunda reavaliação como pode ser visualizado no gráfico abaixo.

Flexao Extensao Lateraliazaçao a direita

Lateraliazaçao a esquerda

Rotaçao a direita

Rotaçao a esquerda

010203040506070

paciente 2 Avaliaçao paciente 2 1° Reavaliaçao paciente 2 2° Reavaliaçao

Evol

ução

do

pacie

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2

Gráfico 3:Comparação da ADM da cervical antes , durante e após o tratamentoFonte: Direta, 2011

O gráfico 4 apresenta melhora em todos as amplitudes de movimentos da coluna cervical e ganho total dos movimentos de flexão, extensão, lateralização e rotação a esquerda.

.

Flexa

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3

Gráfico 4:Comparação da ADM da cervical antes , durante e após o tratamentoFonte: Direta, 2011

3 DiscussãoA cervicalgia crônica é definida como dor cervical não irradiada, associada a

sobrecargas mecânicas ou posturas anormais prolongadas da coluna. Caracteriza-se por dor em região cervical posterior com restrições a mobilização ativa e passiva, além de áreas dolorosas à palpação (ARANHA E PERNAMBUCO, 2006). Teixeira e Lin (2001) destacam que em torno de 12% das mulheres e 9% dos homens desenvolverão cervicalgia crônica.

Na cervicalgia mecânica, a transmissão da dor no paciente começa com a liberação de mediadores químicos pró-inflamatórios e vasoconstrictores, que estimulam os nociceptores. Além disso, a dor cervical também pode ser oriunda da tensão muscular que aparece em decorrência do acúmulo de ácido lático o que pode levar à ativação dos pontos sensíveis e

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provocar atividade reflexa de dor mesmo sem a palpação (HERNERT, PARDINI E BARROS, 2003).

Dos indivíduos que participaram do estudo, dois são do sexo feminino e um do sexo masculino. Todos apresentaram dor nos extensores cervicais há mais de seis meses e limitação de movimento.

O estudo realizado apontou redução significativa da dor e ausência do quadro álgico após dez aplicações do Kinesio Taping em todos participantes da pesquisa.

Segundo Ribeiro et.al(2009), o Kinesio Taping trata-se de uma técnica inovadora que foi criada especialmente para tratar de lesões ortopédicas decorrentes do esporte, que vem sendo utilizada para fins terapêuticos na reabilitação de diferentes tipos de pacientes.

Matos (2002) explica que o efeito analgésico do Kinesio é resultado do efeito exteroceptivo do material adesivo sobre a pele, que estimula os receptores existentes permitindo modelar os impulsos aferentes e regular os mecanismos dolorosos através de uma provável ativação do sistema de inibição existente dentro da teoria do portão da dor.

Um aumento significativo na primeira reavaliação em relação ao ganho da amplitude de movimento da coluna cervical de todos os participantes do estudo refletiu que o Kinesio tapping pode facilitar a melhora do movimento à medida que a dor diminui, porém foi constatado na última reavaliação que a paciente 2 teve uma pequena redução para os movimentos de extensão e lateralização à esquerda da cervical.

De acordo com Huang et al (2011) o Kinesio tem sido utilizado amplamente na reabilitação, proporcionando alívio da dor, conforto, liberdade de movimento e a normalização da amplitude de movimento articular, entretanto não foram provados que esta modalidade oferece efeitos de tratamento mais prolongado, o que pôde ser constatado no estudo em questão.

4 ConclusãoConcluímos que a aplicação do Kinesio Taping em pacientes com cervicalgia mostrou

efeitos satisfatórios na resolução do quadro álgico e melhora na amplitude de movimento, podendo ser um importante recurso terapêutico na área da fisioterapia, porém, não podemos afirmar que uso da bandagem sem estar associada à outra modalidade terapêutica é totalmente eficaz na restauração completa dos movimentos da coluna cervical, já que um dos pacientes na última reavaliação apresentou diminuição de amplitude para alguns movimentos.

Por tratar-se de um método relativamente novo na literatura, sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas com uma amostra maior para investigação de seus efeitos.

5 ReferênciaARANHA, F. S.; PERNAMBUCO, A. R. Diagnóstico diferencial das cervicalgias.

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