TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

47
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV CONCEIÇÃO DO COITÉ BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS Conceição do Coité 2013

Transcript of TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

Page 1: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS XIV – CONCEIÇÃO DO COITÉ

BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA

GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA

CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE

IMAGENS

Conceição do Coité 2013

Page 2: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA

GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA

CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS

Trabalho de conclusão apresentado curso de Comunicação Social 2013.2 – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação sob a orientação da Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo.

Conceição do Coité

2013

Page 3: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

BEATRIZ DOS SANTOS PAIVA

GEZARELA DA SILVA EVANGELISTA

CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Comunicação Social 2013.2 – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação sob a orientação da Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo.

Data _________ / ________ / __________

Resultado __________________________

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Profª. Ma. Carolina Ruiz Macedo (Orientadora) – UNEB _______________________________________________ Profª. Ma. Pricilla de Souza Andrade – UNIME _______________________________________________ Prof. Me. Marcos Cezar Botelho de Souza – UNEB

Page 4: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus por ter nos guiado e dado forças para chegar até o fim.

Aos nossos familiares por nos apoiar em todos os momentos de nossa

caminhada.

A nossa orientadora ProfªMa. Carolina Ruiz Macedo por nos incentivar para

construir este trabalho e agradecemos também por todas as contribuições.

Aos canteiros, que nos receberam com atenção em seu ambiente de trabalho

e por serem os atores principais do nosso trabalho.

A todos os colegas pelos momentos de conhecimentos compartilhados em

sala de aula e também fora dela. Em especial a Jussara Oliveira por nos motivar a

continuar.

A todos os professores que com total dedicação nos impulsionaram a buscar

novos repertórios.

Page 5: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

“É preciso que a lente mágica

Enriqueça a visão humana

E do real de cada coisa

Um mais seco real se extraia

Para que penetremos fundo

No puro enigma das imagens.”

Carlos Drummond de Andrade

Page 6: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

RESUMO

CANTEIROS: EXPRESSÃO POR MEIO DE IMAGENS

Sabemos que a grande parte da população de Santaluz-Ba sobrevive da extração das pedras nas pedreiras, por isso as más condições de trabalho, os problemas graves provocados pelo trabalho insalubre, a baixa remuneração, a degradação ambiental, entre outras mazelas dessa classe de trabalhadores, merecem atenção. Pretendemos trazer à tona esse aspecto da economia e sociedade luzense, desdobrando as questões que dificultam a melhoria de vida dessas pessoas e como esta atividade contribui para a comunidade, mas, sobretudo, discutir de que forma a fotografia pode mostrar esta realidade. As discussões sobre representação fotográfica são embasadas em autores como Kossoy (1999, 2001, 2007), Soulages (2010), Salles (2009), Sontag (2004) e Rouillè (2009). É a partir do pressuposto da transferência dessa realidade social para imagens que desenvolvemos o ensaio fotográfico, para que, ao observá-lo as pessoas além de conhecer essa situação, por meio da interferência criativa presente no ato de representar, sintam-se sensibilizadas com a realidade ali produzida.

PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Canteiros, Santaluz-Ba, Representação.

Page 7: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................... ................7

2. FOTOGRAFIA COMO FORMA DE EXPRESSÃO E REPRESENTAÇÃO DA

REALIDADE ...................................................................................................... .........9

3. A REALIDADE REPRESENTADA: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO

VIVENCIADAS PELOS CANTEIROS ....................................................................... 16

4. A ARTE DE LAPIDAR IMAGENS ...................................................................... 24

4.1 PRÉ- PRODUÇÃO ........................................................................................... 24

4.2 PRODUÇÃO .................................................................................................... 25

4.3 PÓS- PRODUÇÃO ........................................................................................... 39

5. CRONOGRAMA ................................................................................................. 41

6. ORÇAMENTO .................................................................................................... 42

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44

Page 8: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

7

1. INTRODUÇÃO

Sabemos que grande parte da população de Santaluz sobrevive da extração

da pedra nas pedreiras do Morro dos Lopes e em outras localidades do município.

Pensando nessa realidade enfrentada por adultos e também por crianças e

adolescentes, situação que é do conhecimento da sociedade do nosso município,

mas que persiste há anos sem melhorias das condições de trabalho para as

pessoas envolvidas, passamos a refletir pesquisar e discutir sobre tais dificuldades.

São trabalhadores que devido às limitações climáticas do semiárido baiano e

dificuldades de produção agrícola, passam a ter como principal fonte de renda a

exploração de pedras no município de Santaluz, especialmente na comunidade de

Morro dos Lopes, caracterizada por grande quantidade de pedreiras, base de

sustentação econômica mais expressiva, desde o início do século XX.

A inquietação diante da “naturalização” desse trabalho nocivo, perigoso e

pouco rentoso, mas, sobretudo das consequências deste (mutilações, perda de

visão, etc) fez com que surgisse o desejo de trazer à tona esse problema, dando

visibilidade à questão através de imagens. Nosso objetivo então tornou-se capturar

imagens que representassem o caráter árduo do trabalho dos canteiros1, bem como

evidenciassem as consequências advindas dessa atividade.

A fotografia é uma forma de ler o mundo, ter acesso a outras realidades e

promover vivências. Por isso, de acordo com Martins (2008), tem a capacidade de

compor uma realidade social. Partindo deste pressuposto, percebe-se que a

expressão desta realidade através da fotografia é o foco principal do nosso trabalho,

pois nos propusemos a através desta arte, realizar um recorte sobre a realidade

vivenciada por esses trabalhadores.

Considerando que “a fotografia cria o real” (ROUILlÉ, 2009), está presente

nesta proposta o desafio de escolha do melhor ângulo2, enquadramento3, ponto de

vista4 e demais elementos de composição fotográfica a fim de registrar imagens que

voltem o olhar do espectador para a expressão do trabalho dos canteiros.

1 Nome dado aos profissionais que extraem pedras artesalmente.

2 Ângulo é basicamente a altura, a posição da câmera em relação ao objeto. Ele interfere na interpretação da

imagem. 3 Enquadramento é o posicionamento dos elementos que você faz na cena a ser fotografada.

4 Ponto de vista é reconstrução do olhar do espectador.

Page 9: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

8

Procuramos criar imagens que necessitem o mínimo possível de argumentos de

natureza escrita ou vê para retratar a dureza do trabalho nas pedreiras, justamente

pelos impactos que elas provocam.

A pesquisa foi realizada nas pedreiras do Morro dos Lopes, onde várias

pessoas exercem a profissão de canteiro, alguns isolados e outros em grupos, e em

alguns casos até mulheres e crianças desenvolvem atividades nas proximidades das

suas residências.

Vimos a necessidade de conversar com os canteiros e não meramente

fotografá-los sem a preocupação com o seu bem-estar emocional. Desenvolvemos

este trabalho com o intuito de dar visibilidade a esses problemas, a fim de contribuir

para que este assunto seja pautado pela sociedade de modo geral e que possa

haver transformações sociais a partir dessas discussões. Nesse intuito é importante

saber como essas pessoas se sentem e que condição de vida elas conquistaram

com o desenvolvimento desse trabalho.

O memorial apresenta a estrutura dissertativa dividida em três capítulos nos

quais se organizam os conceitos e as referências teóricas bem como a descrição do

trabalho realizado em campo.

O primeiro capítulo, intitulado Fotografia como forma de expressão e

representação da realidade é destinado a discutir a fotografia como uma das formas

de retratar a realidade através de imagens, possuindo um potencial de registro que

demonstram a realidade social de um povo. Já o segundo capítulo recebe o titulo: A

realidade representada: as condições de trabalho vivenciadas pelos canteiros, onde

discutiremos de que forma acontece a exploração do trabalho nas pedreiras de

Santaluz, bem como a exploração do trabalho infantil nessa área e o seu impacto na

qualidade de vida dos canteiros e na economia do município.

No terceiro capítulo fazemos uma descrição da nossa trajetória no decorrer do

trabalho, contando o passo a passo, em uma espécie de diário de bordo onde

descrevemos e justificamos as impressões e intenções que tivemos na composição

das fotografias que compõem o nosso ensaio.

Page 10: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

9

2. FOTOGRAFIA COMO FORMA DE EXPRESSÃO E REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE

A invenção da fotografia foi uma das maiores criações humanas,

proporcionando ao homem utilizá-la como instrumento na busca de sua própria

identidade, tornando-a tão importante a ponto de não imaginar a vida sem guardar

os momentos registrados em fotos. Através dela se tem a comprovação do ocorrido,

a existência contida na imagem. O registro fotográfico proporciona comunicação,

reflexão e questionamentos, mas, como afirma Martins (2008) “a fotografia

documental não diz tudo à primeira vista. Não é raro que peça para ser interrogada

por quem a vê.” À medida que se observa imagens capazes de transparecer a

realidade social de um povo, a atitude das pessoas que utilizam as fotografias como

forma de leitura é de meditação, necessitando às vezes de novas leituras frente a

essa forma de expressão.

A fotografia pode mostrar a diferença de valores, concepções e regras que regulam a mesma atividade em diferentes sociedades no especular do que é fotografado. A sociedade invisível como tal se manifesta nos modos como as pessoas se apresentam e se relacionam, sobretudo em público (MARTINS, 2008, p.173).

Segundo Soulages (2010), a fotografia constitui um problema dependendo da

abordagem particular dada a ela, pois tem a capacidade de nos fazer sonhar e

trabalhar o nosso inconsciente.

[...] Toda foto é essa imagem rebelde e ofuscante que permite interrogar ao mesmo tempo o alhures e o aqui, o passado e o presente, o ser, o devir, o imobilismo e o fluxo, o contínuo e o descontínuo, o objeto, a forma e o material, o signo e... a imagem. (SOULAGES, 2010, p.13)

A fotografia contribui positivamente para a humanidade em vários âmbitos,

principalmente como ferramenta de compreensão da sociedade, por ser um

instrumento de expressão que possibilita a interpretação da vida social, através da

imaginação mediadora que suscita, como afirma Martins (2008). Segundo ele

(ibidem, p.68), “a leitura popular da fotografia, a leitura que faz dela o homem

comum e cotidiano, propõe-se, sobretudo em seus usos, nas formas espontâneas

Page 11: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

10

de interpretá-las, nos comentários que suscita, nas recordações que viabiliza, na

vivência que promove”.

Desde a pré-história, o homem procura desenvolver o registro de tempo

utilizando-se do congelamento dos acontecimentos, iniciando essa manifestação

através das pinturas rupestres nas cavernas, demonstrando assim a necessidade da

expressão visual, que vem se aprimorando ao longo dos anos, principalmente após

o surgimento da fotografia, com todos os recursos que ela possibilita utilizar para se

chegar à composição desejada.

Com o passar do tempo, a fotografia e seus recursos vêm sendo

aprimorados. O homem utiliza-se dessa ferramenta, bem como dos avanços

tecnológicos alcançados, para desenvolver seus trabalhos documentais ou artísticos

com maior precisão e criatividade, visto que as câmeras fotográficas dispõem de

funções que possibilitam ao fotógrafo a construção de imagens com diferentes

perspectivas.

[...] uma vez dominada a técnica do registro através do desenho, o homem passou então a desenvolver uma dimensão estética destes registros que preocupava-se não apenas com a simples representação, mas uma representação que traduzisse a idéia do belo, do aprazível, da harmonia. A essa dimensão estética da representação denominou-se ARTE (SALLES, 2009, p. 01).

Ainda conforme Salles (2009, p. 03), “do ponto de vista da fotografia, sua

expressão na sociedade humana como um todo é eminente tanto como registro

documental quanto artístico”. A fotografia tem a capacidade de aguçar o sentimento

reflexivo do espectador, possibilitando, assim, o desenvolvimento de críticas a

respeito de temas diversos, que são definidos através das imagens capturadas,

servindo como meio de ampliação das possibilidades de produzir estudos

detalhados e precisos, pautados na percepção que cada um traz do objeto

fotografado.

Cartier-Bresson (2004) afirma que a fotografia nada mudou desde sua origem,

a não ser a sua técnica. Em sua essência, continua com a função de expressão do

mundo nos termos visuais.

A fotografia é uma operação instantânea que exprime o mundo em termos visuais, tanto sensoriais como intelectuais, sendo também uma procura e uma interrogação constantes. É ao mesmo tempo o reconhecimento de um fato numa fração de segundo, e o arranjo

Page 12: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

11

rigoroso de formas percebidas visualmente, que conferem a esse fato expressão e significado (CARTIER-BRESSON, 2004) 5.

Essa produção tem um peso ideológico, considerando-se a influência que é

capaz de provocar, uma vez que é construída a partir da percepção de mundo que

cada artista possui, somado das características estéticas que a compõem.

Bem ou mal utilizada a imagem artística, quer estática (como a pintura ou fotografia), quer dinâmica (como no teatro ou cinema), é uma arma capaz de alterar hábitos, costumes, opiniões e modos de vidas de muitos, simultaneamente; sem dúvida uma poderosa arma política ideológica (SALLES, 2009, p.02).

A fotografia tem a capacidade de armazenamento simbólico, possuindo um

potencial de registro, que, segundo Martins, compõe uma realidade social.

As fotografias constituem, no fundo, imagens de uma realidade social cuja compreensão depende de informações que não estão expressamente nela contidas, para que aquilo que contêm possa ser compreendido de maneira apropriada (MARTINS, 2008, p.173).

Toda imagem fotográfica implica em uma transposição da realidade visual de

determinado assunto transformando-o em realidade de representação,

caracterizando assim, a existência do que Kossoy chama de primeira e segunda

realidade. Jean Keim (1971, p.64 apud KOSSOY, 2001, p.44) afirma que “se é

possível recuperar a vida passada, primeira realidade, e se temos, através da

fotografia, uma prova de sua existência, há na imagem uma nova realidade,

passada, limitada, transposta”. Cria-se, portanto, a segunda realidade, a

documentada.

A imagem fotográfica é o que resta do acontecido, fragmento congelado de uma realidade passada, informação maior de vida e morte, além de ser produto final que caracteriza a intromissão de um ser fotográfico num instante dos tempos, (KOSSOY, 2001, p.37).

Pode-se então afirmar que a fotografia passa a ser documento, referenciando

um passado não acessível, aproximando o passado do presente.

Toda fotografia que vemos, seja o artefato fotográfico original obtido na época em que foi produzido, seja a imagem dele reproduzida sobre

5Disponível em:

http://fotografeumaideia.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1160&Itemid=137

Page 13: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

12

outro suporte ou meio [...] será sempre uma segunda realidade. O assunto representado configura o conteúdo explícito da imagem fotográfica: a face aparente e externa de uma micro-história do passado cristalizada expressivamente, (KOSSOY, 1999, p. 37).

Estas duas realidades estão presentes em todas as fotografias geradas,

podendo ser interpretadas de diversas maneiras conforme o contexto em que se

analisa. Para Kossoy, a primeira realidade é o assunto em si; já a segunda realidade

é uma representação criada pelo observador, no ato de paralisar fotograficamente a

ação. “A realidade fotográfica não corresponde (necessariamente) à verdade

histórica, apenas ao registro expressivo da aparência...” (KOSSOY, 1999, p.38).

Para Sontag (2004, p.13), apesar de a fotografia mostrar a realidade, ela

também é uma interpretação do mundo. “Assim como a pintura, a fotografia nos

ensina um novo código visual, as fotos modificam e ampliam nossas ideias, nossos

olhares sobre o que vale a pena e o que temos direito de observar”. Através da

fotografia podemos reter o mundo inteiro em nossa cabeça, como uma analogia de

imagens que podem ser consideradas registros fieis de algum acontecimento e que

jamais será esquecido, e, mais do que isso, é ter a sensação de ter tudo o que

queremos em nossas mãos.

A fotografia dá a entender que conhecemos o mundo se aceitamos tal como a câmera registra. Mas isso é ao contrário de compreender, que parte de não aceitar o mundo tal como ele apresenta ser. Toda possibilidade de compreensão está enraizada na capacidade de dizer não. Estreitamente falando, nunca se compreende nada a partir de uma foto. É claro, as fotos preenchem lacunas em nossas imagens mentais do presente e do passado, (SONTAG, 2004, p. 33).

Ainda segundo Sontag, as imagens fotografadas não parecem manifestações

a respeito do mundo, mas sim pedaços dele, miniaturas da realidade que qualquer

um pode fazer ou adquirir. Caracteriza-se por mostrar com detalhes os

acontecimentos e está acessível a todos, já que, na maioria das vezes, as pessoas

fazem questão de tornar estas imagens públicas, postando-as em redes sociais,

exibindo-as em diversos lugares, como revistas, jornais, portas-retratos, livros,

museus, remetendo a tudo aquilo que se quer e não se pode ter fisicamente,

atuando “tanto como pseudopresença quanto como prova de ausência” (p. 26).

Assim, através dessa perspectiva, é possível que se faça uma interpretação do

mundo a partir do que a fotografia representa.

Page 14: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

13

Portanto, para entrelaçar documento e expressão, a fotografia não pode

meramente ser compreendida como uma realidade capturada, e sim como a criação

de um novo real fotográfico, ultrapassando as linhas do imaginário dos

espectadores, sendo percebida através da maneira que o fotógrafo traduz a

imagem, o modo como ele recriou essa realidade.

A imagem tem sua significância para cada povo. Os egípcios, por exemplo,

acreditavam que a salvação da alma acontecia através da imagem, a fotografia

passou a ser uma forma de expressão da realidade social.

Outro aspecto importante a discutir é o de que a fotografia possibilita

diferentes sentimentos e pensamentos ao espectador e estes vão sendo

modificados à medida que essa visualização se torna uma frequência. A utilização

de imagens possibilita alcançar objetivos diversos: há registros que podem gerar

uma mobilização em busca de melhorias, mas também está presente a possibilidade

da fotografia, pela repetição exaustiva de determinadas cenas, neutralizar os

impactos psicológicos causados pela primeira exposição a imagens de

acontecimentos, por mais grotescos que sejam. À primeira vista, causam espanto,

mas, com o passar do tempo, o ato de analisar essas imagens neutraliza os fatos,

tornando-os cenas comuns, como pondera Sontag.

Fotos chocam na proporção em que mostram algo novo [...]. O choque das atrocidades fotografadas se desgasta com a exposição repetida [...]. O vasto catálogo fotográfico de desgraça e da injustiça em todo o mundo deu a todos uma certa familiaridade com a atrocidade, levando o horrível a parecer mais comum. (SONTAG, 2004, p. 31).

A representação trazida pela fotografia é capaz de provocar vários

sentimentos que ao mesmo tempo se expandem e se completam.

[...] Na realidade, a fotografia é, ao mesmo tempo e sempre, ciência e arte, registro e enunciado, índice e ícone, referência e composição, aqui e lá, atual e virtual, documento e expressão, função e sensação, (ROUILLÉ, 2009, p. 197).

O mais impressionante é que a fotografia traz um mundo que só era possível

ter no imaginário e isso só se concretiza através de composições artísticas,

transformando uma história em espetáculo, como pode ser exemplificado pelas

composições de Diane Arbus, caracterizada por situar-se na tradição central da arte

surrealista, que através das suas composições propunha a vida como um espetáculo

de horror, fotografando pessoas incomuns em lugares estranhos.

Page 15: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

14

Temos a fotografia como forma de comunicação e também como suporte de

expressão da realidade com suas diversas interpretações, facilitando a

representação social em si. Sontag (2004) diz que a verdade para as fotos é

verdade para o mundo visto fotograficamente. Entende-se, portanto, que o universo

fotográfico propõe total liberdade para o criador, uma vez que no ato de congelar a

imagem ele pode utilizar-se dos recursos que a câmera fotográfica dispõe, bem

como da composição imagética que tal cena representa. Vemos a imagem como

parte essencial do processo de formação da sociedade, principalmente por sua

capacidade de alcançar maior número de pessoas, ou seja, a fotografia vem a cada

dia disseminando mensagens que provocam uma maior divulgação dos fatos,

exercendo assim a função de facilitadora da relação do homem com o mundo.

Para Kossoy (2001), desde seu surgimento, foi dado à fotografia o valor

documental, partindo do pressuposto de que é a prova da realidade por ela

caracterizada. Essa afirmação é concretizada tomando como exemplo o advento do

fotojornalismo, que, através da fotografia, deu visibilidade aos acontecimentos e

lugares mais diversos para uma grande massa. Percebe-se o quanto se tornou

possível criar uma visão abstrata do mundo, baseada no que é veiculado pelos

noticiários e por essa união entre a notícia e a imagem que ela representa.

Vai além da arte essa possibilidade de representação imagética dos fatos

proporcionando o conhecimento, trazendo á documentação composta pela

fotografia, uma “expressão da verdade”, resultante da “imparcialidade” da objetiva

fotográfica. Toda fotografia tem sua origem a partir do desejo de um indivíduo que se

viu motivado a congelar em imagem um aspecto dado do real, em determinado lugar

e época (KOSSOY, 2001, p. 36).

A contribuição da fotografia para a humanidade é muito grande. Percebe-se

que desde seu início ela é vista como forma de registrar a realidade, adicionando-se

a isso a visão do fotógrafo sobre a cena a ser capturada, suas impressões e a

composição que ele imprime na fotografia que é colocada como testemunho e como

forma de ilustrar uma história.

Temos a fotografia como um instrumento de representação social e através

dela é possível interpretar o passado. A partir desse pressuposto Kossoy afirma que

“as diferenças ideológicas, onde quer que elas atuem, sempre tiveram na imagem

fotográfica um poderoso instrumento para a veiculação das ideias e da consequente

formação da opinião pública”. (KOSSOY, 2002 p.20 apud BRASIL 2011, P.41).

Page 16: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

15

Para melhor compreensão de como a representação da realidade tem sua

contribuição para a humanidade, faz-se necessário buscar as teorias das

representações sociais que, segundo Silva (2007), surgem a partir do desejo de

Serge Moscovici (1978) de redimensionar a existência humana dentro da realidade

social. Para ele, as representações sociais são tanto mecanismos de elaboração,

quanto estruturas de conhecimentos, elas nascem do uso de uma linguagem de

imagem e de palavra que se torna comum pela difusão de ideias.

Portanto, as representações sociais constituem uma forma específica de

compreender e comunicar o que já sabemos, permitindo-nos perceber o mundo de

forma significativa. Neste sentido as fotografias serão analisadas a partir das

representações que elas poderão demostrar, ou seja, o modo como vemos os

acontecimentos em si, pois:

Em todos os intercâmbios comunicativos, há um esforço para compreender o mundo através de ideias específicas e de projetar essas ideias de maneira a influenciar outros, a estabelecer certa maneira de criar sentido, de tal modo que as coisas são vistas desta maneira, em vez daquela. Sempre que um conhecimento é expresso, é por determinada razão; ele nunca é desprovido de interesse. (MOSCOVICI, 2011, p. 28 apud BARCELOS, 2013, p. 290).

Segundo Arruda (2000 apud SILVA, 2007, p. 20), a teoria das representações

sociais busca saber como se elabora o complexo mundo da informação em que se

transformam as mais sofisticadas teorias em matéria prima de conversas cotidianas;

procura identificar a racionalidade contida no senso comum que transforma saber

cientifico em saber consensual. Portanto tal teoria parte do pressuposto de que se

produz conhecimento no cotidiano e esse conhecimento traz consigo sempre a

marca do social na natureza do pensamento. Por fim, a fotografia produz no

imaginário de seu espectador a representação de um ato social.

Para Jodelet (2001 apud SILVA, 2007, p.22), a primeira caracterização da

representação social remete-se a uma forma de conhecimento, que contribui para a

construção de uma realidade comum a um conjunto social.

Portanto, as representações sociais constituíram com uma maneira especifica

para compreender e comunicar, permitindo perceber o mundo de forma significativa.

Agindo também, como mecanismos de elaboração de conhecimentos.

Page 17: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

16

3. A REALIDADE REPRESENTADA: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO VIVENCIADAS PELOS CANTEIROS

A triste realidade, De quem vive da pedreira, Não tem como duvidar, Porque não é brincadeira, Cada tropeço uma queda, Com a pancada na pedra, E o pensamento na feira.

(Justino Nunes, poeta que passou a infância trabalhando nas pedreiras de Santaluz).

Localizada na região nordeste da Bahia, no Território Sisaleiro, com o clima

semiárido predominante da região, Santaluz é referência em extração de minérios.

Atualmente tem sua economia pautada na geração de emprego e renda, sendo que

uma delas é proporcionada por esta atividade.

O relevo é caracterizado pelo Pediplano Sertanejo e Tabuleiros Interioranos, com uma geologia composta pelo embasamento cristalino, havendo a ocorrência, no município de rochas do tipo Granitóides. Características que conferem ocorrências minerais de cobre, diamante, manganês, mármore, cromo, ouro, pedra para construção, calcita e cristal de rocha, possibilitando uma indústria extrativa mineral de cromo, ouro e granito (SANTOS, 2002, p.38).

Com a população estimada em 36.452 habitantes, segundo o censo

demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em

2013, devido às condições pouco favoráveis para a produção agrícola, o município

atualmente agrega pessoas de várias cidades, operários que vêm com a função de

trabalhar nas mineradoras instaladas na cidade, a exemplo da Yamana Gold e

Magnesita que há alguns anos exploram ouro e cromo, respectivamente.

Alguns trabalhadores rurais recorrem à extração da pedra como fonte de

renda para o sustento das suas famílias. Contam com o Sindicato dos

Trabalhadores da Pedra (STP) para auxiliar na busca de apoios aos canteiros, e

com a Cooperativa dos Trabalhadores da Pedra (COOTERPEDRA) que comercializa

parte da produção dos cooperados, bem como promove a busca de melhores

condições de trabalhos e de um preço justo para os produtos. Devido ao longo

período de estiagem, eles encontram na extração da pedra algo que lhes dá

Page 18: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

17

segurança, porque não dependem dos fatores climáticos para desenvolverem esta

atividade. No entanto, no sindicato de pedra eles não têm nenhum benefício, como

por exemplo, a aposentaria por idade, e isso faz com que esses trabalhadores

busquem associar-se ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), pois este

garante tal benefício.

O município possui uma diversidade de pedreiras, que por meio do modo

artesanal de extração da pedra adotado pelos canteiros, produz grande quantidade

de pedras apropriadas para obras de construção civil e pavimentação das vias

públicas (paralelepípedos, britas, lajes e lajotas). Nesta forma de produção o

trabalho braçal é a principal ferramenta, sendo utilizados também utensílios como

escopo, ponteira, talhadeira e marreta. Contudo, estes equipamentos não são

suficientes para a exploração de pedras muito grandes, sendo necessária a

utilização de explosivos que vão auxiliar o trabalho dos canteiros facilitando o

manuseio e a produção dos materiais através de pedras menores que são formadas

com a explosão.

É nesse contexto que percebemos quão causticante é o trabalho dos

canteiros, visto que para desenvolverem o seu trabalho, precisam estar a todo o

momento expostos ao sol, protegendo-se às vezes com barracos de palha ou lona

improvisados para diminuir o impacto do sol sobre eles, que passam a maior parte

do tempo trabalhando na mesma posição durante um longo período, sem a

utilização sequer dos equipamentos de proteção individual (EPIs) ou de algum outro

método capaz de prevenir acidentes que possam ocorrer durante o exercício da

atividade.

No entanto, algumas entidades vêm trabalhando para que essa realidade seja

modificada. Sindicato, cooperativa e outras organizações como a Companhia Baiana

de Pesquisa Mineral (CBPM), Movimento de Organização Comunitária (MOC),

juntamente com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Delegacia

Regional do Trabalho (DRT) através de convênios, buscam adquirir compressores

para perfuração das rochas e proporcionar aumento na produção facilitando assim o

trabalho braçal dos canteiros.

Segundo o presidente da COOTERPEDRA, Alcides Monteiro, durante um ano

foi realizado um trabalho de prevenção a acidentes, com várias palestras de

incentivo ao uso dos EPIs e distribuídos materiais educativos, além de realizados

seminários de prevenção ambiental.

Page 19: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

18

Em locais em que esta atividade é a principal fonte de renda é comum

encontrar pessoas mutiladas em virtude dos acidentes causados pela utilização dos

explosivos na exploração da pedra. De forma irregular eles são comercializados e

manuseados sem instrução, em uma situação de total risco assumido pelos

canteiros, que por falta de opção se arriscam sem nenhum conhecimento técnico

nesta área. Eles estão cientes de que podem ser penalizados por isso, porém, é

única forma de quebrar pedras maiores.

Imagens cedidas pela Cooperativa das Pedras de Santa Luz

Nos dias atuais ainda ocorrem acidentes graves provocados principalmente

pelo uso de explosivos como a pólvora e o estopim, que os canteiros colocam em

um pequeno orifício aberto na pedra, põem fogo no estopim e saem de perto para

que a explosão seja efetuada. A maioria dos acidentes ocorre quando o explosivo

não detona nesse processo, sendo necessário que eles verifiquem o que houve no

local, submetendo-se ao risco da explosão a qualquer momento, já tendo sido

registrados casos de morte por essa razão. Quando ocorrem acidentes desse tipo,

as famílias dos trabalhadores não têm nenhum auxílio, mesmo que o acidentado

seja o único responsável pela renda da família. Há depoimentos que mostram essa

outra face do trabalho nas pedreiras, como o do Sr. Paulo Ponciano6 em entrevista

ao Movimento de Organização Comunitária (MOC): “Sobrevivo da ajuda da minha

esposa e do meu filho. No tempo do frio sinto muitas dores na mão que fora

mutilada. Tenho que sobreviver com essa dor pro resto da vida”.

6O canteiro Paulo Ponciano em entrevista publicada no site do MOC www.moc.org.br em 03/11/2005

Page 20: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

19

ACIDENTES DE TRABALHO/ ÁREAS DE EXPLORAÇÃO 2001/2002

FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002 – SANTOS, 2002.

No dia 21 de novembro do corrente ano em operação deflagrada pela Polícia

Federal (PF), foram apreendidos diversos explosivos que eram comercializados e

utilizados de forma ilegal. O grande problema é que os canteiros não vislumbram

outra forma de proceder à exploração da pedra, a não ser recorrendo aos

explosivos. Diante dos acontecimentos recentes, eles estão enfrentando dificuldades

e a economia do município já sente os impactos da baixa produção nas pedreiras.

Apesar de correrem risco de vida, eles preferem assumi-lo, procurando suprir

às necessidades mais básicas das suas famílias, através dos recursos adquiridos

com o trabalho nas pedreiras.

Mesmo com a extração da pedra sendo uma das principais fontes de renda

da população, esses trabalhadores ainda se encontram na informalidade, ou seja,

não possuem carteira assinada, e grande parte deles não são associados a nenhum

sindicato ou associação. Segundo Ricardo Antunes (1998 apud MATTOS, 2009, p.

02), o que tem ocorrido é “uma metamorfose no universo do trabalho”, enquanto uns

setores crescem e se qualificam outros permanecem estagnados.

Com sua história marcada pelo envolvimento na busca de apoios sociais, o

sindicato e a cooperativa seguem lutando por melhores condições de trabalho para

esses profissionais.

Page 21: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

20

Os canteiros têm um grande desafio na sua profissão que é continuar o trabalho enfrentando as dificuldades diárias, sempre exigindo o máximo de si mesmo e, ao mesmo tempo, não perdendo o contato com a realidade da pobreza que os assola. Sem deixar de lutar por melhor qualidade de vida e equidade social na escala local, regional e nacional. (SANTOS, 2002 p. 56).

Segundo Carlos Matos da Silva, secretário da cooperativa da pedra, em

entrevista cedida à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a extração e

beneficiamento das pedras em Santaluz tem uma produção atual estimada em 205

mil paralelos por dia. As explorações nas localidades foram iniciadas em 1907,

porém existe uma estimativa de que a reserva dure mais cem anos de produção.

Ainda segundo a CBPM as pedreiras de Santaluz geram mais de 1.500 empregos

diretos.

Percebemos um avanço significativo de trabalhadores nas pedreiras do

município comparando com dados recentes da CBPM. No entanto podemos notar

que ainda existe uma grande reserva a ser explorada com tendência de aumentar o

número de pessoas a exercer essa atividade. Vemos isso nos gráficos abaixo:

NÚMERO DE LOCAIS POR ÁREAS DE EXTRAÇÃO 2001/2002

FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002 - SANTOS, 2002.

De acordo com dados deste ano do IBGE, a população saltou de 33.838

habitantes em 2010 para 36.452 habitantes, o que evidencia o aumento de pessoas

Page 22: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

21

trabalhando nas pedreiras de maneira informal e sem nenhuma assistência do poder

público, se comparado com dados de 2001 e 2002.

QUANTIDADE DE CANTEIROS/ ÁREAS DE EXTRAÇÃO 2001/2002

FONTE: Diagnóstico da Situação da Extração de Pedras em Santa/BA- 2001/2002- SANTOS, 2002.

Alcildes Monteiro, presidente da Cooperativa, informou à CBPM que os

produtos extraídos são vendidos para todo o estado e que o valor do milheiro de

paralelo está estimado em R$ 140,00, mas se for negociado diretamente com os

canteiros nas pedreiras, esse valor pode ser reduzido para R$ 120,00.

A maioria das pessoas que trabalham nas pedreiras iniciou nesta profissão

ainda criança ou adolescente, para ajudar os pais a “sustentar a casa”, e com isso,

várias delas não frequentaram a escola (sobretudo quando não existia o Programa

de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI).

Com a falta de outras oportunidades de emprego na região e políticas

públicas que incentivem a busca de outros meios de sobrevivência e de projetos

educacionais eficientes no município, essa atividade é desenvolvida cada vez mais

cedo. É o que mostra a tabela abaixo com dados de 2001/2002.

Page 23: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

22

TABELA- MÉDIA DE IDADES DOS CANTEIROS POR ÁREAS DE

EXTRAÇÃO

FONTE: SANTOS, 2002

Se compararmos os dados de 2002 com o cenário atual, percebemos que

grande parte dos trabalhadores levam seus familiares para ajudar nessa atividade

(filho, primo, irmão) e muitas das vezes são menores de idade, houve um

crescimento a cerca de adolescentes e idosos no exercício dessa atividade.

Demonstrando a falta de outras oportunidades de emprego no município e políticas

públicas que promovam mudanças nesse quadro, além de refletir sobre o

reconhecimento do canteiro enquanto profissão e seus direitos.

Justino Nunes, canteiro por muitos anos, em entrevista cedida aos estudantes

do curso de Comunicação Social da UNEB Campus XIV, para o curso Oficinas

Urgentes de Audiovisual, Jussara Oliveira, Luís Anselmo Oliveira, Douglas Oliveira e

Cleidimar Peixinho em 2013, descreve como foi a sua infância: - “minha infância foi

na pedreira, e pelo fato de ser na pedreira me tirou outras oportunidades. O que

lamento muito é por não ter podido estudar, na minha infância eu não consegui

estudar, assim como os meus irmãos. Como o meu pai, a sua atividade era a

Page 24: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

23

pedreira, numa idade de 12 a 13 anos eu e meus irmãos fomos trabalhar na pedreira

para ajudar a fazer a feira no dia de sábado”. Nunes mesmo não tendo oportunidade

de estudar quando criança é poeta e cordelista, sendo atualmente estudante do

curso de Licenciatura em História na UNEB- Campus XIV.

A vida dessas pessoas é marcada por uma realidade social cruel. Além de

enfrentarem uma jornada de trabalho árdua, elas também enfrentam a não

valorização de sua atividade, fazendo-se necessário então a busca por políticas de

apoio a esses profissionais que trabalham na grande maioria, sem equipamentos de

segurança. Outro aspecto agravante é a presença dos atravessadores que compram

as pedras lapidadas por um preço menor do que o oferecido pelo mercado. Esse

fenômeno acontece em função da carência dos canteiros, devido à situação

financeira de cada um deles e da necessidade de receber o pagamento

semanalmente.

Os trabalhadores das pedreiras além de enfrentarem situação de risco, sabem da

atuação do sindicato e da cooperativa na busca de benefícios para a classe, porém,

muitos deles não são associados, por não terem a garantia de aposentadoria pelo

tempo de trabalho na extração da pedra.

O senhor José do Nascimento, canteiro, em entrevista realizada para este

trabalho no dia 21 de novembro de 2013, quando questionado sobre os seus direitos

previdenciários, relata: [...] trabalhar na pedreira não garante que eu me aposente

quando chegar à idade... Tenho uma rocinha e o ano que vem vou começar a pagar

o sindicado do trabalhador rural”.

Percebe-se que mesmo diante das dificuldades enfrentadas pelos canteiros,

muitas famílias adquirem, através da exploração da pedra, seu meio de

sobrevivência, contribuindo assim para a economia e renda do município.

Page 25: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

24

4. A ARTE DE LAPIDAR IMAGENS

4.1 PRÉ- PRODUÇÃO

No projeto inicial pretendíamos mostrar as condições de trabalhos dos

canteiros e as degradações ambientais provocadas por essa atividade, porém,

percebemos que seria mais interessante direcionarmos o foco do nosso ensaio

fotográfico apenas no trabalho dessas pessoas, levando o projeto a ter uma

proposta de representação da realidade social.

A nossa orientadora, professora Ma. Carolina Ruiz, solicitou que fizéssemos

uma pesquisa exploratória para descobrirmos com quais estilos de fotografia nos

identificávamos. Realizamos a pesquisa e selecionamos algumas fotografias de

Cartier Bresson, Sebastião Salgado, João Ripper e Ansel Adams que possuem

criações que nos inspirariam na captura das imagens para a realização do ensaio.

Inicialmente planejamos visitar todas as pedreiras do município, munidas da

câmera fotográfica e do aparelho gravador para que na mesma oportunidade que

fotografássemos os canteiros, colhêssemos depoimentos deles para embasar o

nosso trabalho. No entanto, chegamos à conclusão de que para conseguirmos

visitar todas as pedreiras seria necessário mais tempo, visto que no município

existem quinze localidades com diversas pedreiras. O propósito da captura das

imagens foi focar nas expressões dos canteiros, bem como no seu ambiente de

trabalho, por isso as fotografias foram feitas nas pedreiras do município, em seis

visitas a campo, com o objetivo de trazer um recorte das expressões dos canteiros

no exercício da atividade.

Já havíamos visitado várias vezes as pedreiras, por já ter desenvolvido outros

trabalhos com a mesma temática, portanto, no nosso imaginário, já tínhamos a ideia

das cenas que gostaríamos de fotografar.

Procuramos, na realização das fotografias, registrar aspectos dos

personagens (os canteiros) que pudessem demonstrar as representações da

Page 26: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

25

realidade social vivenciada por estes profissionais que embora sejam hábeis no

labor, não têm sua carreira reconhecida nem leis trabalhistas que os ampare.

4.2 PRODUÇÃO

A produção aconteceu juntamente com a pré-produção, pois as imagens

começaram a ser feitas enquanto produzíamos a parte teórica, porém, tivemos

dificuldades por não dispor de câmera fotográfica em tempo integral. Utilizamos as

câmeras modelo Canon EOS Digital Rebel XSi com objetiva de distância focal 18-55

mm e uma teleobjetiva zoom de distância focal 18-200mm, equipamentos cedidos

pela Universidade. A teleobjetiva facilitou o nosso trabalho, pois não foi preciso

chegar muito perto dos trabalhadores para fotografá-los, deixando-os mais a

vontade, pois eles continuariam a trabalhar normalmente e nós também nos

sentimos mais seguras evitando o perigo de nos machucarmos com as faíscas de

pedra que se espalham enquanto os canteiros cortam as pedras, protegendo

também os equipamentos (câmara e objetivas).

No primeiro dia que saímos a campo para fotografar a câmera cedida pela

universidade não funcionava e era preciso iniciar o processo de captura de imagens,

então, foi necessário locarmos uma câmera NIKON Digital D90 com lente 18-105

mm de um fotógrafo da cidade por trinta reais (R$ 30,00), tendo imediatamente

procurado o Presidente da Rádio Comunitária Santa Luz FM para que autorizasse o

uso da câmera da emissora. Graças à compreensão dele, que gentilmente nos

cedeu outra câmera também modelo NIKON Digital D90 com lente 18-105 mm,

pudemos fotografar e fizemos boas imagens.

Durante as visitas que realizamos, com o propósito sempre de trazer através

das imagens um recorte da realidade vivenciada pelos canteiros, mostrando a

exposição desses profissionais á dureza do trabalho. As visitas foram feitas de terça-

feira a quinta-feira porque são os dias nos quais encontramos mais pessoas

trabalhando.

Page 27: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

26

Foto: 01

ISO 800 f 5.6 1/500s

Intenção da fotografia: Mostrar os riscos que estes profissionais estão expostos.

Para isso focamos a imagem na mão do trabalhador. A captura foi realizada no

momento em que o pó da pedra espalhava-se no ar.

Foto: 02

ISO 800 f 5.6 1/500s

Intenção da fotografia: Mostrar a expressão facial do senhor concentrado cortando a

pedra. Esse trabalho requer muita atenção.

Page 28: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

27

Foto: 03

ISO 800 f 5.6 1/640s

Intenção da fotografia: Mostrar a habilidade, pois mesmo sem olhar para os

equipamentos eles conseguem manuseá-lo.

Foto: 04

ISO 200 f 14 1/200s

Intenção da fotografia: Capturar a imagem geral do ambiente em que tanto adultos

quanto adolescentes exercem essa atividade.

Page 29: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

28

Foto: 05

ISO 100 f 6.3 1/160s

Intenção da Fotografia; Através dessa imagem percebemos que os canteiros

trabalham em sua maioria em grupo.

Foto: 06

ISO 200 f 9 1/320s

Intenção da fotografia: Capturar uma cena comum nas pedreiras, que são os

pequenos acidentes. Optamos por fazer a imagem na vertical para dá uma

dimensão do espaço ocupado por este canteiro.

Page 30: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

29

Foto: 07

ISO 100 f 5.6 1/125s

Intenção da fotografia: Foi mostrar que alguns canteiros, preocupados com sua

integridade física utilizam algum tipo de equipamento de proteção.

Foto: 08

ISO 100 f 8 1/250s

Intenção da fotografia: Mostrar a expressão de cansaço do senhor já idoso, que

sustenta a família com a renda obtida na extração da pedra por não ser amparado

pela previdência social.

Page 31: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

30

Foto: 09

ISO 200 f 9 1/250s

Intenção da fotografia: Capturar o momento decisivo onde o canteiro fazia o

paralelepípedo e o arremessava para um amontoado de pedras. Utilizamos a

fotografia em Preto e Branco (PB) para dá mais dramaticidade a imagem.

Foto: 10

ISO 200 f 10 1/250s

Intenção da fotografia: Mostrar em grande plano, o ambiente de trabalho do canteiro,

que cercado de pedras por todos os lados continua desenvolvendo esta atividade

com persistência.

Page 32: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

31

Foto: 11

ISO 200 f 10 1/250s

Intenção da fotografia: Demonstrar através desta construção imagética que a

profissão de canteiro também é exercida pelos jovens. Nesse caso, trata-se de um

menor que não utiliza nenhum equipamento individual de proteção.

Foto: 12

ISO 200 f 10 1/250s

Intenção da fotografia: Demonstrar através da cena enquadrada a realidade social

vivenciada por este canteiro. A falta de equipamento e as vestes rasgadas

caracterizam a condição de pobreza vivenciada por ele.

Page 33: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

32

Foto: 13

ISO 200 f 5.6 1/320s

Intenção da fotografia: demonstrar em plano detalhe a força física exigida para a

execução da atividade de canteiro, formando uma idéia de simetria composta pelos

desenhos dos ponteiros na pedra.

Foto: 14

ISO 200 f 10 1/200s

Intenção da fotografia: demonstrar como se dá a exploração das pedras

maiores, que é preciso utilizar ferramentas maiores e mais pesadas.

Page 34: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

33

Foto: 15

ISO 200 f 10 1/400s

Intenção da fotografia: Nesta fotografia, o foco está na face do canteiro, que utiliza

um chapéu de palha, característico de trabalhadores rurais que o utilizam para se

proteger do sol.

Foto: 16

ISO 200 f 111/250s

Intenção da fotografia: demonstrar que mesmo os adolescentes exercem a função

de canteiro, manuseando paralelepípedos pesados.

Page 35: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

34

Foto: 17

ISO 200 f 9 1/320s

Intenção da fotografia: Realizada em plano médio, esta fotografia, utilizamos o PB

com um contraste elevado para enfatizar o brilho da pedra enquanto é lavrada pelo

canteiro.

Foto: 18

ISO 200 f 11 1/250s

Intenção da fotografia: Aqui o jovem canteiro, que estava trabalhando enquanto

clicávamos e foi atingido por uma faísca de pedra em seu olho direito, presenciamos

esta cena e percebemos o quanto incomoda, e pior que isso, a depender da forma

que atinge, pode levar à cegueira.

Page 36: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

35

Foto: 19

ISO 200 f 8 1/400s

O grande realce do pó da pedra nesta composição foi o que chamou a nossa

atenção.

Foto: 20

ISO 200 f 131/320s

Intenção da fotografia: Nesta composição o que chamou a nossa atenção foi a

presença, na linha do horizonte, de um casebre construído sobre um morro muito

alto, que através da construção forma um conjunto harmônico com a palha.

Page 37: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

36

Foto: 21

ISO 200 f 10 1/320s

Intenção da fotografia: As ferramentas de trabalho dos canteiros formam nessa

composição uma simetria em linhas horizontais com destaque na cor bronze, dando

a ideia da dureza do trabalho.

Foto: 22

ISO 200 f 11 1/320s

Intenção da fotografia: Nesta composição o canteiro está em movimento e a pedra

está apoiada em seus pés. Foi realizada com a intenção de impactar aos

espectadores pelo conjunto formado entre o cenário e o personagem.

Page 38: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

37

Foto: 23

ISO 200 f 11 1/250s

Intenção da fotografia: Nesta composição procuramos demonstrar o esforço e a

força física que a atividade de canteiro exige.

Foto: 24

ISO 200 f 13 1/250s

Intenção da fotografia: A imagem do ex-canteiro amputado é chocante, mas embora

tenha ocorrido este acidente, a expressão dele não é de tristeza, se mostrando

disposto a colaborar com o nosso trabalho. Nesta imagem, procuramos demonstrar

o belo cenário natural composto pelos lajedos no Morro dos Lopes.

Page 39: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

38

Foto: 25

ISO 320 f 5.61/200s

Intenção da fotografia: Realizada em plano detalhe, a imagem do canteiro

concentrado no trabalho demonstrando que é preciso prestar atenção no trabalho

para fabricar o paralelo.

Foto: 26

ISO 200 f 11 1/200s

Intenção da fotografia: Realizada sob a perspectiva de um grande plano geral, o

intuito é demonstrar as alterações causadas no meio ambiente com a exploração da

pedra.

Page 40: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

39

Foto: 27

ISO 1600 f 18 1/400s

Intenção da fotografia: Nesta imagem o efeito da luz sobre a pedra Causa um brilho

que dá realce à composição.

4.3 PÓS- PRODUÇÃO

Com os pés empoeirados, já cansadas de percorrer as pedreiras, sentindo um

leve desconforto causado pela poeira e pó de pedra ao qual estávamos expostas,

chegamos à conclusão de que o tempo não nos permitia fazer mais imagens, e que

a partir daquele momento precisaríamos sentar para avaliar que fotografias seriam

escolhidas para fazer parte do acervo a ser exposto. São escolhas difíceis, pois em

cada cena enquadrada nos traz características singulares do ambiente da pedreira

bem como do trabalho exercido pelos canteiros. Enfim, o fato é que precisariam ser

selecionadas cerca de trinta fotografias. Priorizamos aquelas que demonstram

através da melhor construção imagética o cenário que é possível visualizar nas

áreas que percorremos. Para tanto, fizemos uma pré-seleção, para daí então junto

com a nossa orientadora, a professora Carolina Ruiz chegarmos à conclusão de

quais as imagens seriam selecionadas para a exposição. Esse momento foi na

última semana do prazo final. Após a escolha das imagens, restava-nos verificar

quais fotografias necessitavam de ajustes quanto ao enquadramento e contraste

Page 41: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

40

para, a partir daí, gravá-las em mídia para serem entregues aos componentes da

banca com antecedência e descrevê-las no memorial.

As imagens serão apresentadas em uma exposição física no pátio da

Universidade do Estado da Bahia - UNEB Campus XIV, localizada na cidade de

Conceição do Coité –Ba, em 12/12/2013. A exposição será denominada Canteiros: a

Expressão por meio de imagens e através dela seremos avaliadas pela banca

examinadora no trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social com

Habilitação em Radialismo. Fizemos o convite para alguns dos canteiros,

personagens principais do nosso ensaio, disponibilizando-nos a levá-los para assistir

à defesa do nosso trabalho e eles mostraram interessados em comparecer.

Foi gratificante ver o resultado do nosso trabalho e perceber que

conseguimos atingir o objetivo almejado, traçando, através das fotografias um

caminho para que a vida e o trabalho dos canteiros possam ganhar visibilidade com

o intuito de atrair melhorias para a classe de trabalhadores que embora sofridos, nos

mostraram dignos, cheios de determinação e alegria de viver em meio às

dificuldades.

Page 42: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

41

5. CRONOGRAMA

Atividades -2013 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Levantamento

bibliográfico (leitura

e fichamento)

X X X X

Realização das

imagens

X X

Seleção e edição

das imagens

X

Escrita do Memorial X x x

Orientação X X x x X

Processo de

revisão e

preparação para

intervenção

X

Defesa X

Page 43: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

42

6. ORÇAMENTO

Material Unidade Valor Unitário Total

Câmera

Fotográfica

02 Da Universidade

Aluguel de Câmera

fotográfica

01 R$ 30,00 R$ 30,00

Câmera

Fotográfica

01 Da Rádio

Comunitária Stª

Luz FM

Impressão de fotos 27 R$ 6,00 R$ 162,00

Impressão do

memorial

03 R$ 20,00 R$ 60,00

Deslocamentos 05 R$ 20,00 R$ 100,00

Page 44: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

43

CONCLUSÃO

Sabemos que a fotografia, conforme afirma (ROUILLÉ 2009) tem a

capacidade de “criar o real”. Percebe-se ainda que a fotografia exerce um papel de

representatividade, pois antes mesmo de aprender a falar ou a escrever o homem já

podia enxergar e se comunicar através das imagens.

O ensaio fotográfico “Canteiros: expressão por meio de imagens” transita

tanto nas vertentes artísticas, quanto na documental, trazendo a fotografia como

uma transposição da realidade vivida por cada canteiro. Assim, a fotografia passa a

adquirir um status de “espelho fiel da realidade”.

O nosso trabalho foi realizado com o intuito de chamar a atenção das

autoridades competentes para discussão da temática a fim de contribuir para as

conquistas de políticas que venham a dar subsídios a esses trabalhadores. Pois a

cada fotografia, nota-se a expressão de sofrimento decorrente desta atividade, as

imagens transportam sensações, percebida através de cada olhar.

Todas as fotografias direcionam o nosso olhar principalmente pelas

representações sociais de inocência até a maturidade com que esses profissionais

manuseiam as ferramentas. Predominando a sua fragilidade e exposição a

acidentes. Buscamos assim, mostrar a realidade social dos canteiros por meio de

imagens, visando sempre deixar em evidencia a expressão facial dessas pessoas

para que assim os espectadores possam visualizar o sofrimento e o cansaço.

As imagens capturadas apresentam questões sobre as condições de trabalho

dos canteiros e podem gerar debates em busca de melhorias em prol da classe.

Page 45: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

44

REFERÊNCIAS

BARCELOS, J. As representações sociais e a linguagem fotográfica: orientando modos de ver e sentir. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, p. 287 – 299, jan./jun. 2013. BRASIL, Luísa Kuhl. Tempos Modernos: Fotografia e Imaginário Social. Rio Grande, 2011. DIAGNÓSTICO SETORIAL. Extração de Pedra. Município de Santaluz. SEBRAE- Serviço de apoio às micro e pequenas empresas da Bahia; SISCORP- Sistema Integrado de Consultoria Corporativa S/C, Agosto / 99. http://www.cbpm.com.br/paginas/destaques.php?id=364 Acessado em 11 de Novembro. ibge.gov.br: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=292800&search=bahia|santaluz KOSSOY, Boris. Fotografia e história. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2001. KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2007. KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na trama fotográfica. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 1999. MARTINS, José de Souza. Sociologia da Fotografia e da Imagem. São Paulo, 2ª Edição. Contexto, 2008. MATTOS, Cláudio Gonçalves de. O Trabalho dos canteiros de Santa Luz e as suas formas de organização. Conceição do Coité,UNEB, 2009. MATTOS, Francine. 100 Fotógrafos mais influentes de todos os tempos. Disponível em: http://fotografeumaideia.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1160&Itemid=137Acessado em 16/07/2013. RAMALHO, José. PALACIN, Vitché. Escola de Fotografia. São Paulo, 4ª Edição. Saraiva 2010. ROUILLÉ. André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Ed. Senac, 2009.

Page 46: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

45

SALLES, Filipe. Breve história da fotografia. 2008. Disponível em: http://www.mnemocine.art.br/index.php/fotografia/33-fotohistoria/168-histfot Acessado em 16/07/2013 SALLES, Filipe. Fotografia, a Imagem-Tempo. 2009. Disponível em:http://api.ning.com/files/fkFIAPOxywCAAbub8j20eeT7hfoh7m46IG8YWf9oRjAJyxjOeTtBGoCZ2E4CL8zxiAWMDF1dzyePAnPP4igVPhId41aQOfv/fotografiaaimagemtempo.pdf Acessado em 16/07/2013

SANTOS, Valmir da Silva. Educação Ambiental no Município de Santaluz: um “Olhar” sobre a extração de pedras. (Monografia) Feira de Santana. Universidade Estadual de Feira de Santana 2002.

SILVA, Ellis Regina Araújo. Representações Sociais e Imagens em Fotografias do Corpo Masculino em Revistas Gays. Brasília, 2007. SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. Tradução Rubéns Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. SOULAGES, François. Estética da fotografia perda e permanência. São Paulo, Senac São Paulo, 2010.

VIDEO DOCUMENTÁRIO: Canteiros em outros cantos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=QOzp4IJxLEs&feature=em-upload_owner. Acessado em 20 de Novembro de 2013.

REFERENCIAS FOTOGRÁFICAS

Ansel Adams

Cartier Bresson

João Ripper

Sebastião Salgado

Page 47: TCC de Batriz dos Santos e Gezarela da Silva

46