SUPRA ENSINO, ABRIL/2012

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O M ELHOR GUIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA ESCOLAS 1 N esta edição, a psicopedagoga Ní- vea Maria de Carvalho Fabrício fala sobre os desafios da educação in- clusiva. Nívea é diretora pedagógica do Colégio Graphein, em São Paulo, que trabalha com a educação espe- cial, e é autora do livro Singularidade na Educação, Editora Pulso. A família busca uma escola que acolha seu filho com necessidades especiais. A escola deseja oferecer a convivência entre alunos de diversos perfis de desenvolvimento. Ainda longe do ideal, a educação inclusiva é desafio diário de muitos educadores. Segundo Nívea Maria, o desafio maior é viabilizar a aplicação de diferentes planejamentos em uma mesma sala de aula. “Esta é a única opção para a instituição que preten- de incluir e contemplar a diversidade e garantir o aprendizado do grupo todo”, diz a especialista. “Para isso, é necessário reconhecer que a es- cola tem que dar conta da formação global do aluno, desenvolvendo suas habilidades e competências.” A escola que faz a inclusão de alunos especiais precisa: > RECONHECER e responder às necessidades diferentes de seus alunos, > GARANTIR que todos tenham educação de qualidade, > ELABORAR currículos ade- quados, > PRATICAR mudanças organi- zacionais, > ESTABELECER estratégias de ensino especí�icas, > FORMAR uma equipe multi- disciplinar. “A escola que se diz inclusiva deve estar capacitada para o trabalho com todos os seus alunos, independente do desenvolvimento emocional, físi- co, cognitivo e/ou psíquico estar ou não de acordo com o esperado para faixa etria”, ressalta a escritora. “A escola tem que ser disponível e atenta às questões fundamentais: O que trabalhar; como trabalhar; como avaliar os resultados e quais os obje- tivos a serem atingidos com cada um dos alunos”, explica a psicopedagoga. Não adianta simplesmente co- locar todos na mesma sala e tentar seguir o ritmo dos alunos. “Grande parte das escolas “tradicionais” é estruturada inicialmente a partir da premissa de que todos os seus alunos aprendem da mesma forma, em um mesmo ritmo. Para essas escolas fazerem a inclusão, é necessário um sistema adaptado, profissionais capacitados e uma comunidade es- colar disponível para o trato com a diversidade.” Antigamente, o aluno que não acompanhava o ritmo pré-estabe- lecido era excluído. Hoje, essa visão mudou e surgiram políticas gover- namentais, propostas pedagógicas e teorias de educação que apontam nesta direção: “a educação deve con- templar a todos”. Nívea ainda destaca que é preciso ir além da descoberta de problemas e descobrir habilidades em potencial e apontar possibilidades e outros aspectos construtivos que existem em todas as pessoas. “Desta forma, será possível descobrir as estratégias adequadas a cada um dos alunos e apontar caminhos adequados à sua formação”, finaliza. Desa�ios da educação inclusiva OPINIÃO POR DÉBORA CARVALHO “O princípio fundamental da esco- la inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importam quais as di�iculdades ou diferenças que elas possam ter...” De- claração de Salamanca, documento elaborado pela UNESCO em 1994.

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O melhor guia de produtos e serviços do Estado de São Paulo. Matérias para gestores e coordenadores de escolas.

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O MELHOR GUIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA ESCOLAS 1

Nesta edição, a psicopedagoga Ní-vea Maria de Carvalho Fabrício

fala sobre os desafios da educação in-clusiva. Nívea é diretora pedagógica do Colégio Graphein, em São Paulo, que trabalha com a educação espe-cial, e é autora do livro Singularidade na Educação, Editora Pulso. A família busca uma escola que acolha seu filho com necessidades especiais. A escola deseja oferecer a convivência entre alunos de diversos perfis de desenvolvimento. Ainda longe do ideal, a educação inclusiva é desafio diário de muitos educadores.

Segundo Nívea Maria, o desafio maior é viabilizar a aplicação de diferentes planejamentos em uma mesma sala de aula. “Esta é a única opção para a instituição que preten-de incluir e contemplar a diversidade e garantir o aprendizado do grupo todo”, diz a especialista. “Para isso, é necessário reconhecer que a es-cola tem que dar conta da formação global do aluno, desenvolvendo suas habilidades e competências.”

A escola que faz a inclusão de alunos especiais precisa:

> RECONHECER e responder às necessidades diferentes de seus alunos, > GARANTIR que todos tenham educação de qualidade, > ELABORAR currículos ade-quados, > PRATICAR mudanças organi-zacionais,> ESTABELECER estratégias de ensino especí�icas,> FORMAR uma equipe multi-disciplinar.

“A escola que se diz inclusiva deve estar capacitada para o trabalho com todos os seus alunos, independente do desenvolvimento emocional, físi-co, cognitivo e/ou psíquico estar ou não de acordo com o esperado para faixa etria”, ressalta a escritora.

“A escola tem que ser disponível e atenta às questões fundamentais: O que trabalhar; como trabalhar; como avaliar os resultados e quais os obje-tivos a serem atingidos com cada um dos alunos”, explica a psicopedagoga.

Não adianta simplesmente co-locar todos na mesma sala e tentar

seguir o ritmo dos alunos. “Grande parte das escolas “tradicionais” é estruturada inicialmente a partir da premissa de que todos os seus alunos aprendem da mesma forma, em um mesmo ritmo. Para essas escolas fazerem a inclusão, é necessário um sistema adaptado, profissionais capacitados e uma comunidade es-colar disponível para o trato com a diversidade.”

Antigamente, o aluno que não acompanhava o ritmo pré-estabe-lecido era excluído. Hoje, essa visão mudou e surgiram políticas gover-namentais, propostas pedagógicas e teorias de educação que apontam nesta direção: “a educação deve con-templar a todos”.

Nívea ainda destaca que é preciso ir além da descoberta de problemas e descobrir habilidades em potencial e apontar possibilidades e outros aspectos construtivos que existem em todas as pessoas. “Desta forma, será possível descobrir as estratégias adequadas a cada um dos alunos e apontar caminhos adequados à sua formação”, finaliza.

Desa�ios da educação inclusiva

OPINIÃOPOR DÉBORA CARVALHO

“O princípio fundamental da esco-la inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importam quais as di�iculdades ou diferenças que elas possam ter...” De-claração de Salamanca, documento elaborado pela UNESCO em 1994.

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Segundo dados do IBGE, os casos de obesidade mais do que qua-

druplicaram entre crianças de 5 a 9 anos nos últimos 20 anos, chegando a 16,6% (meninos) e 11,8% (meni-nas). Isso devido a ampla oferta e consumo de produtos hipercalóricos como doces, chocolates, frituras e refrigerantes. Este é o impacto da realidade educacional e alimentícia da geração Y (1980) no mundo.

Mas essa realidade tende a mudar. Uma pesquisa encomendada pela GRSA ao Ibope, em 2010, mostrou que os alunos e pais se preocupam cada vez mais com a qualidade da alimentação dentro e fora de casa.

“As guloseimas sempre serão o primeiro pedido de uma criança que já saboreou um doce. Os pais precisam limitar a quantidade e a frequência para no máximo duas vezes por semana. Caso contrário, a criança pode aumentar a chance

de ter excesso de peso, diabetes, aumento do colesterol e dos triglice-rídeos”, explica a nutricionista Flávia Ferazzo Figueirêdo, especialista em nutrição clínica funcional.

TERCEIRIZAÇÃO SAUDÁVELPrevendo o futuro do mercado,

empresas de terceirização de servi-ços alimentares para escolas profis-sionalizam e inovam os serviços e o cardápio, com equipe de nutricionis-tas, equipamento adequado e pesso-al treinado. Agora a gestão escolar pode escolher deixar a cozinha por conta de quem realmente entende do assunto para concentrar-se em outras questões educacionais, e não nos riscos da gestão de alimentação e legislação atual.

Pioneira em promover a alimen-tação saudável na cantina, a empresa Cantinas do Tio Julio atende mais de 150 unidades escolares nos Estados

Cantina terceirizada

GESTÃOPOR DÉBORA CARVALHO

Esqueça tudo: cardápio, compras, pessoal, treinamento de pessoal, conservação e manipulação correta dos alimentos... etc, etc, etc.

Rede Canti nas do Tio Julio já atende mais de 150 unidades escolares.

pirâmid

e nutricional

de São Paulo e Rio de Janeiro. O empresário Julio Cesar Salles conta que é procurado por uma direção que tem como foco o crescimento da escola. Nesses casos, a terceirização do setor de alimentação é vantagem em termos de gestão e qualidade.

Segundo o empresário, a rede se destaca pela qualidade da prestação de serviços, a experiência de 28 anos de mercado, e por se colocar como fiadora financeira do projeto. Outro destaque é a “iniciativa de excluir a

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A cantina saudável oferece alimentos saudáveis e nutritivos com base na pirâmide alimentar. Segundo a nutricionista Cyn-thia Papa, o desafio é atender as turmas nos intervalos com pouco tempo de entrega, entre 15 e 30 minutos - o que carac-teriza a cantina como “fast food” (comida rápida).

“Devemos recorrer aos salgados assados, salgados integrais, alimentos integrais, lanches naturais, sucos concentrados na-turais, sucos à base de soja, salada de frutas, iogurtes e acho-colatados. Também devemos evitar oferecer os alimentos não saudáveis que são os ricos em gordura, como as frituras e os salgados com alto teor de açúcar e sódio (sal), além de refri-gerantes e guloseimas”, explica Cynthia.

“Também é imprescindível que os equipamentos sejam ade-quados para não alterar a composição nutricional dos alimen-

tos. Toda cantina deve possuir fornos, chapas ou grelhas”, aconselha a nutricionista da rede Tio Julio. Ela ainda des-

taca que a apresentação dos produtos é muito impor-tante para conquistar o aluno e mostrar que alimentos

saudáveis também são saborosos.

Patrícia Carvalho N. de Abreu, nutricionista do Centro de Referência em Medicina Preventiva

da Unimed Paulistana, apresenta uma série de cuidados que o gestor da cantina precisa

priorizar.

• Higiene adequada das mãos dos funcionários;• Alimento preparado deve ficar sempre quente ou frio. Nunca em temperatura ambiente.• A manipulação na temperatura ambiente deve ser feit a no máximo em 30 minutos;• O prazo máximo de consumo de um alimento que esteja em geladeira a -5oC é de quatro dias;• Após preparado, deve ficar em temperatura de +60ºC, no máximo por 6 horas.• Vegetais (frutas, verduras, legumes): lavar em água corrente e deixar em solução clorada (5ml de água clorada em 1 l de água). Deixar de molho por 15 minutos;• Embalagens: devem ser limpas antes de serem abertas, guar-dadas em estoque ou geladeira/freezer.

venda de refrigerantes e guloseimas não saudáveis”, aponta Tio Julio. “Re-frigerantes e produtos ditos como não saudáveis, somente a pedido da direção da unidade”.

“Um menu equilibrado estimula o conhecimento das vantagens de uma alimentação saudável. A boa apresentação do prato é funda-mental para conquistar o aluno a experimentar a descoberta de que o alimento saudável também é gosto-so”, explica a nutricionista da rede, Cyntia Papa.

CANTINA CONCEITUALA internacional GRSA, há 15 anos

no setor educacional, alimenta men-salmente 230 mil crianças na escolas que atende no Brasil. Em 2011 lan-çou a marca Scolarest, que trabalha com o conceito Comer, Aprender, Viver (em inglês, EAT, LEARN and LIVE) praticado na Inglaterra. O foco está na geração de hábitos saudáveis,

com oferta de opções balanceadas e diversas ações de conscientização. O serviço conta com a experiência internacional do Compass Group – lí-der em serviços de alimentação, que atua em instituições educacionais em 35 países.

“Focada na geração de hábitos saudáveis, que norteia mix de produ-tos e diversas ações de conscientiza-ção, a filosofia Scolarest se encaixa às necessidades atuais das instituições de ensino”, explica Celia Martins, Di-retora da Divisão Educação da GRSA.

A Scolarest oferece restaurantes e lanchonetes gerenciados por nu-tricionistas; programas de orien-tação nutricional em parceria com as direções das escolas; e kits para dietas especiais. Celia anuncia que em breve serão lançadas novidades no programa.

LANCHEIRA DA CRIANÇAAs escolas que não possuem can-

tina e o aluno traz o lanche de casa, a direção pode ajudar os pais a mon-tarem um cardápio saudável. Veja as dicas da nutricionista funcional Flávia Ferazzo: • Opção 1: 3 bisnaguinhas integrais com blanquet de peru, suco natural de morango,1 maçã e 3 castanhas do Pará; • Opção 2: 5 cookies integrais, suco natural de caju,1 banana e 3 amêndoas; • Opção 3: 3 torradas, 1 queijo processado, suco natural de acerola e 3 nozes; • Opção 4: 2 fatias de pão integral com blanquet de peru, suco natural de laranja,1 kiwi e 3 castanhas de caju; • Opção 5: 3 bisna-guinhas integrais com requeijão, suco de uva integral, morangos frescos e 3 macadamias.

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Que menina nunca surpreendeu os pais ao tentar fazer uma pi-

rueta de bailarina? A série Angelina Ballerina, que passa no canal infantil Discovery Kids, explora ainda mais esse sonho de usar sapatilha, meia--calça, collant, saia de tule e coque. A boa notícia é que as escolas de educação infantil podem promover a realização deste sonho, introduzindo aulas de balé como aula extra.

Para quem prefere matricular a criança em uma academia de dança, existem escolas profissionalizantes como a Estúdio em Cena. Outros desejam apenas oferecer a oportu-nidade de ter contato com ferramen-tas para se socializar e administrar os seus limites. Para este objetivo, existem empresas que oferecem parcerias em atividades culturais extracurriculares, com perfis de con-tratação que podem ser sem custo.

É o caso da Escola Criar, que

apostou na parceria cultural. Os pais pagam uma taxa mensal e a empresa artística repassa uma comissão.

Já o colégio Máximo inseriu o balé no currículo do Ensino Infantil, contratando uma empresa especia-lizada. “Estamos muito satisfeitos e pagamos com muito gosto”, diz a diretora Rita Bartholomei.

Crianças a partir dos três anos já estão aptas. “Até os seis anos o de-senvolvimento da criança acontece por meio da brincadeira. Por isso, as aulas de balé utilizam até mesmo músicas que não são necessariamen-te clássicos”, explica a professora de balé da Fazendo Arte - Desafia o Palco, Camila Pizon.

A estrutura ideal é uma sala equipada com tapete de linóleo, espelhos e barra. Algumas escolas preparam uma sala equipada para todas as atividades extras, incluindo tatames de EVA para outras ativi-

dades. “Mas também dá para usar a brinquedoteca, um pátio coberto”. Para ela Camila, o mais importante para a aula extra é não ter pessoas passando pelo local.

Até os seis anos, as aulas são chamadas baby class , e buscam aprimorar a coordenação motora e o equilíbrio da criança, lembra a bailarina que também é formada em Educação Física.

“As aulas devem ter no máximo uma hora de duração”, ressalta Laísa Forquim, professora de balé do Es-túdio em Cena. “Logo nos primeiros meses a criança aprende limites e a negociar”, destaca Laísa. “Todas as pessoas nascem com certa disposi-ção corporal para algum seguimento, seja para a dança, o futebol, a pintu-ra, o teatro”, reflete Laísa. No caso da aula extracurricular opcional, a criança só faz a atividade se real-mente quiser.

Empresas artísticas oferecem diferentes modalidades de parceria.

BALÉ: ATIVIDADE EXTRA QUE FAZ A ALEGRIA DAS MENINAS NA ESCOLA

CULTURAPOR DÉBORA CARVALHO | FOTO: ALCEU BETT