SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA

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SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA Jéssica Ribeiro SALVADOR, 2011

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SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA

Jéssica Ribeiro

SALVADOR, 2011

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INTRODUÇÃO

A palavra lipídio é derivada do grego “lipos”, que significa gordura. Os

lipídios são compostos necessários para funções orgânicas bioquímicas,

estruturais e regulatórias. Os lipídios são moléculas orgânicas, constituídas por

grupos de AG, ácidos carboxílicos com longas cadeias não ramificadas,

formadas por inúmeros pares de átomos de carbono unidos por ligações

simples ou duplas. Participam da composição da membrana celular e podem

modificar a resposta imune e inflamatória. São rica fonte energética, pois

fornecem em torno de nove quilocalorias (kcal) por grama oxidada pelo

processo da betaoxidação mitocondrial. Os AG são encontrados como

componentes da membrana ou sob a forma de triglicérides. (WAITZBERG)

Os óleos e gorduras são componentes essenciais para a dieta humana e

desempenham diferentes papéis no organismo, como reserva de energia,

auxiliam no transporte e absorção das vitaminas lipossolúveis pelo intestino,

contêm ácidos graxos essenciais, bem como, conferem sabor ao alimento. As

gorduras, tanto de origem animal como vegetal, são constituídas por ácidos

graxos saturados e insaturados. Os ácidos graxos insaturados, por sua vez,

são classificados em monoinsaturados e poliinsaturados de acordo com o

número de insaturações na cadeia hidrocarbônica. (YAMAMOTO, SOBRINHO,

2006)

Os ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) estão associados à redução

de incidência de doenças cardíacas evidenciado pela população adepta à dieta

mediterrânea, a qual é caracterizada pelo alto consumo de azeite de oliva e

pescados. Esta população apresenta baixo índice de mortalidade e morbidade

por doenças cardiovasculares. (YAMAMOTO, SOBRINHO, 2006)

Os ácidos graxos essenciais (AGE) ω-3 e ω-6, possuem um alto valor

energético e atualmente têm grande importância por seu papel farmacológico,

participam de reações inflamatórias uma vez que estão diretamente

relacionados à resistência imunológica, distúrbios metabólicos, processos

trombóticos e doenças neoplásicas. (YAMAMOTO, SOBRINHO, 2006)

Os ácidos graxos são componentes característicos de alguns lipídios,

composto de um hidrocarboneto linear de longo cadeia principalmente com um

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número par de átomos de carbono e com um grupo carboxílico. Eles são

classificados em ácidos graxos saturados(AGS), com ligação simples entre o

carbonos, como o palmítico (C16: 0) e) esteárico (C18: 0 ácidos, sólidos à

temperatura ambiente; e insaturados ácidos, com duplas ligações entre os

carbonos, que composto por ácidos graxos monoinsaturados (AGM) e ácidos

graxos poliinsaturados (AGPI). Há três principais famílias de AGPI, ou seja, n-

9, n-6 e n-3. A distinção entre os n-3, n-6 e n-9 ácidos graxos é baseado na

localização da primeira dupla ligação, contando a partir do final de metila do

ácido graxo molécula. (OLALLA, MUNIZ & VAQUERO, 2009)

Os ácidos graxos essenciais (AGE) são fundamentais por serem

componentes da membrana celular e por lhe conferirem fluidez e viscosidade

específicas, permitindo a difusão de várias substâncias como íons Na+, K+,

enzimas, receptores de insulina, antígenos, entre outros, importantes para o

metabolismo celular e imunológico. (YAMAMOTO, SOBRINHO, 2006)

Os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) realizam funções como

construção de blocos da membrana celular e moduladores de processos

bioquímicos. Desempenhando a função de precursores para síntese de

eicosanóides altamente e biologicamente ativos, o AA (ácido araquidônico) e o

EPA (ácido eicosapentaenóico) influenciam nas reações inflamatórias e na

resistência imunológica, assim como nas doenças cardiovasculares, distúrbios

do metabolismo das gorduras, processos de trombose e doenças neoplásicas.

(YAMAMOTO, SOBRINHO, 2006)

Os MUFA favorecem a redução das lipoproteínas de baixa densidade

(LDL) sem diminuir as lipoproteínas de alta densidade (HDL). (YAMAMOTO,

SOBRINHO, 2006)

A Organização para a Alimentação e Agricultura e Organização Mundial de

Saúde em seu relatório de 2003 sobre dieta e prevenção de doenças crônicas

recomenda ingestão de gordura saturada inferior a 10%, a ingestão de

gorduras monoinsaturadas de 15 a 30% da energia total. Além disso, o total de

ácidos graxos poliinsaturados devem representar 6-10% e-3 ácidos graxos n 1-

2% do VET. (CARRERO et al., 2005)

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ÔMEGAS 3

Ácidos graxos ômega-3 são assim denominados por possuírem sua

primeira dupla ligação no carbono 3 a partir do radical metil do ácido graxo.

Podem ser representados pelas formas n-3 ou ω-3. São PUFA de cadeia

longa, representados pelos ácidos α-linolênico (18:3 ω-3), eicosapentaenóico

(EPA 20:5 ω-3) e docosaexaenóico (DHA 22:6 ω-3). (YAMAMOTO,

SOBRINHO, 2006)

Nos últimos anos tem havido grande interesse, por parte da comunidade

científica, pelos ácidos graxos poliinsaturados ômega 3, principalmente EPA

(eicosapentaenoic acid ) e DHA (docosahexaenoic acid ), encontrados em

peixes e óleos de peixe. A base desse interesse, pela ingestão dietética de

EPA e DHA, vem de estudos populacionais e epidemiológicos, os quais

mostraram que o consumo de peixe está associado a diminuição dos

coeficientes de morbimortalidade pelas doenças cardiovasculares.

Os principais alimentos em que você pode encontrar uma maior quantidade de

ácidos graxos W -3 (EPA e DHA) são, mariscos peixes e algas. especialistas

em produção animal estão concentrando sua atenção sobre o enriquecimento

de ácidos graxos -3 W em produtos como ovos, leite e carne, a fim de alcançar

a maioria da população os benefícios destes nutrientes. (GONZALEZ, 2002)

Os AG w-3 de origem marinha, é formado nos cloroplastos das plantas

marinhas como fitoplâncton que alimentam os peixes de água profunda. Os

peixes vão armazenar o EPA e DHA, principalmente no tecido adiposo,

músculo e vísceras. (GONZALEZ, 2002)

A origem e a forma de preparo de alimentos ricos em ômega 3 podem afetar a

biodisponibilidade e o teor deste nutriente nos alimentos. Por exemplo, peixes

de cativeiro têm teor mais baixo de ômega-3 do que os mesmos peixes quando

selvagens. De seu lado a semente de linhaça, sofre rápida oxidação e para não

perder a sua quantidade efetiva de ômega-3 precisa ser triturada e

armazenada em recipiente escuro e fechado, e consumida em no máximo 72h.

(WAITZBERG)

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(CARRERO et al., 2005)

Tabela 2: Quantidade de ω-3 em peixes de água marinha.

FONTE ALIMENTAR

(100g de porção comestível – cru)

TOTAL DE

GORDURA (g)

GORDURA ω-3

DHA / EPA

(g / %)

Anchova 4,8 1,4 (29%)

Pomátomo 6,5 1,2 (19%)

Bagre 4,3 0,3 (7%)

Linguado 1,0 0,2 (20%)

Eglefim 0,7 0,2 (29%)

Arenque – Atlântico 9,0 1,6 (18%)

Lagosta – Norte 0,9 0,2 (22%)

Cavala – Atlântico 13,9 2,5 (18%)

Salmão – Atlântico 5,4 1,2 (22%)

Salmão – rosa 3,4 1,0 (29%)

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Sardinhas em óleo 15,5 3,3 (21%)

Camarão 1,1 0,3 (27%)

Truta – córrego 2,7 0,4 (15%)

Atum 2,5 0,5 (20%)

(YAMAMOTO, SOBRINHO, 2006)

Eicosanóides AG ômega-3 e ômega-6 são precursores de eicosanóides que regulam a

função imune e inflamatória. Alguns derivativos dos AGE, como o

dihomogamalinolênico e o araquidônico, ambos do tipo ômega-6, e o ácido

eicosapentaenóico (EPA), da série ômega-3, têm especial importância por

serem precursores de mediadores lipídicos envolvidos em muitas funções

fisiológicas. (WAITZBERG)

Eicosanóides são mediadores inflamatórios de origem lipídica que modulam a

resposta inflamatória do organismo. Eles são sintetizados a partir dos ácidos

graxos ômega-6, ou dos ácidos graxos ômega-3. Esses ácidos graxos

competem entre si pelas mesmas vias enzimáticas, a ciclooxigenase e a

lipooxigenase. Nessa competição serão sintetizados os leucotrienos e as

prostaglandinas, da série par ou ímpar. (SOUSA, 2006)

Os eicosanóides oriundos do metabolismo do ácido graxo Poliinsaturado

Ômega 6 (W-6) são as prostaglandinas 2, leucotrienos 4, e tromboxanos A2.

Estes são importantes mediadores bioquímicos envolvidos na infecção,

inflamação, lesão tecidual, modulação do sistema imune e agregação

plaquetária, estando diretamente ligados ao desenvolvimento, crescimento e

metástases tumorais, in vitro e in vivo. Tema que será aprofundado mais a

frente. (SOUSA, 2006)

Em contraste, o ácido graxo α-linolênico (W-3) pode ser convertido em ácido

eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), que são precursores dos

eicosanóides, como as prostaglandinas da série 3, leucotrienos da série 5, e

tromboxanos A3. O EPA e o DHA bloqueiam a reação da enzima desaturase,

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inibindo a conversão de ácido graxo poliinsaturado linolênico (W-6) a

eicosanóides da série par que é responsável por mediar processos

inflamatórios. (SOUSA, 2006)

Dietas ricas em Ômega 3 são rapidamente incorporadas na membrana

fosfolípidica das células humana, como os monócitos, e lá desempenham

diversos efeitos na função das células. Deste modo, o EPA impede a

incorporação do n-6 à membrana fosfolípidica, exercendo um efeito inibidor da

proliferação celular em linhagens de células cancerígenas do tecido mamário,

do colón e da próstata. Moderada suplementação com EPA têm seus níveis

aumentados nas membranas de monócitos dentro de duas semanas. Seus

níveis têm uma taxa de acumulação máxima após seis semanas. (SOUSA,

2006)

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BENEFÍCIOS DO ÔMEGA 3

Durante a gravidez

Os ácidos graxos polinsaturados ômega 3 são componentes estruturais do

cérebro e da retina durante o desenvolvimento fetal. Foi estimado que cerca

de 600mg de AGEs são transferidos da mãe para o feto durante a gravidez a

termo, uma mãe saudável. A dieta da mãe antes da concepção é de grande

importância, uma vez que, em parte, determina o tipo de gordura que se

acumula nos tecidos do feto. A placenta transporta seletivamente ácido

araquidônico (AA) e docosahexaenóico (DHA) da mãe para o feto. Isto produz

um enriquecimento desses AG em fetos de lipídios circulantes, o que é vital

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durante o terceiro trimestre, quando o sistema nervoso em desenvolvimento é

maior. Tem havido um notável aumento no teor de DHA no tecido cerebral

durante o terceiro trimestre e após o nascimento. (GONZALEZ, 2002)

Alguns estudos sugerem que o consumo de peixes e suplementação com óleo

de peixe durante a gravidez pode aumentar, reduzir a incidência de partos

prematuros e peso ao nascer aumenta. Como os bebês a capacidade de

converter poliinsaturados AGE AG é muito limitada, as mães devem tentar

ingerir níveis adequados para transferir para os lactentes. (GONZALEZ, 2002)

Durante o crescimento

Em crianças amamentadas ou alimentados com fórmula contendo DHA tem

uma acuidade visual melhor e maior capacidade para responder à luz, que é

associada a uma melhor capacidade cognitiva para integrar informações.

Observou-se neles uma melhor QI. (GONZALEZ, 2002)

Hoje sabemos que eles são essenciais para o crescimento e desenvolvimento

normais também desempenhará um papel importante na prevenção e no

tratamento de várias doenças, tais como os indicados abaixo.

No sistema cardiovascular

Os ômegas 3 têm efeitos antiarrítmicos e tromboembólicos, o aumento do

tempo de sangramento evitando a adesão de plaquetas nas artérias, previne a

aterosclerose, diminuindo as concentrações de colesterol plasmático são úteis

em pacientes hipertensos, pois ajudam a baixar a pressão arterial sangue e

reduzir a concentração de TG plasmáticos, diminuir o colesterol total e VLDL.

(GONZALEZ, 2002)

Sobre o sistema imunológico e auxilia no tratamento da AIDS

O vírus da imunodeficiência adquirida (SIDA) é capaz de replicação em muitas

células humanas, e alguns linfócitos, monócitos / macrófagos e células gliais.

Monócitos / macrófagos são considerados um importante reservatório de VIA in

vivo e produção de citocinas como a interleucina-1 (IL1) e fator de necrose

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tumoral (TNF). Estas substâncias promovem a replicação do vírus e,

secundariamente, induzir outras citocinas como o fator de interleucina-6 (IL6) e

estimuladores de granulócitos. Essas citocinas são responsáveis por muitos

dos aspectos clínicos da doença da AIDS, tais como cefaléia, febre, anorexia,

mudanças sutis na cognição, disfunção motora e caquexia. A estratégia no

tratamento da AIDS envolve a combinação de drogas e substâncias que agem

em diferentes pontos da replicação viral de forma sinérgica e AG W - 3 são

considerados como candidatos a seus efeitos sobre vários sistemas

imunológicos e metabólicos (GONZALEZ, 2002)

Em particular, pela sua capacidade de diminuir a produção de IL1 e TNF, que

por sua vez, reduz a produção de outras citocinas IL-6 e que produz efeitos

benéficos sobre muitas manifestações contra a AIDS acima mencionados.

Revascularização presente em sarcoma de Kaposi é devido à regulação de um

delicado equilíbrio entre estimuladores e inibidores da angiogénese. A W - 3

(EPA) é capaz de remover muitos dos fatores responsáveis pela angiogênese

(TNF, IL1) e também tem um efeito inibidor sobre a formação tubular de células

endoteliais vasculares (GONZALEZ, 2002)

Sistema nervoso

1) Os AG W - 3 são essenciais para o bom desenvolvimento e funcionamento

do cérebro e sistema nervoso. Eles se concentram no córtex cerebral e retina,

e têm a capacidade de corrigir problemas de visão e derrames em pacientes

com deficiência comprovada. Muitos aspectos de localização, ansiedade,

capacidade de aprendizagem, a memória, a função da retina são favorecidas

com o uso da AG -W3 (GONZALEZ, 2002)

2) são precursores de compostos hormonais, tais como os prostanóides

(prostaglandinas e tromboxanos) que facilitam a transmissão de mensagens no

sistema nervoso central. (GONZALEZ, 2002)

3) Quando existem níveis adequados de DHA no cérebro para melhorar a

atividade cerebral. (GONZALEZ, 2002)

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4) Dois terços dos ácidos graxos nas membranas das células fotorreceptoras

da retina são W - 3, especialmente o DHA (GONZALEZ, 2002)

5) Outra relação entre DHA e função do cérebro foi encontrado no padrão de

organização do sono em crianças. Um baixo consumo de DHA resulta em

menos de sono de ondas lentas, que servem como um indicador de maturação

e desenvolvimento do sistema nervoso central eo cérebro (GONZALEZ, 2002)

6) Os AG W - 3 são associados com a depressão e violência. Tem sido

demonstrado que o DHA na dieta tem efeito protetor contra um aumento da

hostilidade dos estudantes em condições de estresse. (GONZALEZ, 2002)

7) Os baixos níveis de DHA são um indicador útil para prever maiores

problemas de comportamento em crianças que foram diagnosticadas com

desordem de déficit de atenção com hiperatividade. Esses problemas podem

ser parcialmente um reflexo dos problemas na neurotransmissão

serotoninérgica. (GONZALEZ, 2002)

Câncer

A caquexia do câncer é um uma complexa síndrome caracterizada por

progressiva perda de peso, associada à anorexia, astenia (falta de energia e

força), anemia e alteração da função imunológica. O processo da caquexia, de

maneira simples, é resultado do desequilíbrio entre a energia consumida e a

energia gasta. Um agente capaz de atenuar a degradação protéica na caquexia

é o ácido graxo poliinsaturado, ácido eicosapentaenóico (EPA), que inibe o

fator de indução de proteólise (PIF) na ativação da ubiquitina proteassoma.

(SOUZA, 2006)

O ácido eicosapentaenóico (EPA) diminui a produção e a atividade de

mediadores da caquexia, tal como IL-6. Em potencial modulação por meio de

suplementação com EPA poderia explicar a relativa normalização dos estados

metabólicos mencionados anteriormente e observados em pacientes

caquéticos. O EPA tem demonstrado neutralizar a perda de peso em pacientes

com câncer pancreático, estabilizando os reservatórios de músculo e gordura.

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Esses resultados são acompanhados por redução da expressão das proteínas

de fase aguda e estabilização do gasto energético. (SOUSA, 2006)

Estudos realizados demonstraram que a cascata proteolítica Ubiquitina

Proteassoma têm sido responsável pela perda de músculos na inanição, na

sepse, acidose metabólica, traumas graves e caquexia do câncer, tanto em

ratos e humanos. Nesse processo a Ubiquitina é ativada e covalentemente

fixada a uma proteína por uma série de enzimas E1, E2 e E3, que irão marcar

as proteínas para degradação pelas proteassomas 26S. Várias condições

debilitantes estão associadas com a regulação do Sistema Ubiquitina

Proteassoma no músculo esquelético. O EPA é efetivo na atenuação do

catabolismo protéico nos músculos de pacientes com caquexia do câncer, ou

seja, atua contra a degradação, no entanto não promove o aumento da síntese

de proteínas.

Outras doenças para as quais W -3 ácidos graxos têm efeitos benéficos: DM

Tipo 2, colite ulcerativa, doença de Crohn, doença pulmonar obstrutiva crônica,

doença renal, psoríase, artrite reumatóide (GONZALEZ, 2002)

ÓLEO DE PRÍMULA

Planta habitual da família das onagreceas. Chega a medir cerca de 1,2m.

Planta que não é muito exigente em condições ambientais, podendo ser

encontrada em estradas. Planta oriunda da América do Norte e desde a

antiguidade tem seu valor reconhecido devidos aos seus efeitos funcionais.

(GOLZÁLEZ, 2006)

O GLA é um ácido graxo ômega 6, encontrado no óleo de prímula, contribuindo

em 5 a 10% do total de AG do óleo. Quando fornecido pela dieta, o GLA não é

acumulado nas membranas das células. Dessa forma, ele vai aumentar o

conteúdo do seu derivado, o ácido di-homogama linolênico (DGLA) que é um

importante substrato para a ciclooxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX), que

vão levar a um aumento dos eicosanóides antiinflamatórios com PGE1,

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TXA1,LTB3 e LTC3. A suplementação com o GLA também diminui a produção

de eicosanóides pro - infamatórios como PGE2, LTB4 e LTC4. A

suplementação com óleos ricos em GLA, como é o caso do óleo de prímula

(>2,4g/dia), vai também levar a uma diminuição o IL-6, IL-1 e TNF-α pelos

monócitos e uma diminuição da proliferação dos linfócitos. (NAVES &

PASCOAL, 2007)

Para mulheres, a prímula tem sido utilizada para combater os sintomas da TPM

(tensão pré menstrual) como o inchaço nos seios, retenção hídrica,

irritabilidade. (GOLZÁLEZ, 2006)

O ácido gama-linolênico, um ácido graxo triinsaturado da família ômega 6 (w6

ou n-6), tem recebido considerável atenção nos últimos anos devido aos efeitos

benéficos relatados no tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares,

diabetes, eczema atópico, alcoolismo, síndrome pré-menstrual, tratamento da

hipertensão e agente antitumoral. Para este ácido também foi relatada ação

hipocolesterolêmica, sendo capaz de diminuir os níveis de VLDL (lipoproteína

de muito baixa densidade) e LDL (lipoproteína de baixa densidade) colesterol.

(ARREBOLA et al., 2004)

Outros efeitos tem sido relatados como o potencial do GLA em reduzir a perda

de água através da pele e aumenta a tolerância à exposição dos raios

ultravioleta; combate coronariopatias (reduz o colesterol LDL e aumenta o

colesterol HDL), infecções virais, mal de Alzheimer e acalma crianças

hiperativas (GOLZÁLEZ, 2006)

ÓLEO DE ALHO

O alho (Allium sativum L.) é um alimento funcional rico em alicina que possui

ação antiviral, antifúngica e antibiótica, tem considerável teor de selênio agindo

como antioxidante e aliina que apresenta ação hipotensora e hipoglicemiante.

Alguns compostos sulfurados presentes no alho possuem atividade

vasodilatadora e hipocolesterolemiante, reduzindo o risco de doenças

cardiovasculares. As demais substâncias encontradas no alho possuem

atividade imunoestimulatória e antineoplásica. (DALONÇO et al., 2009)

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Estudos epidemiológicos e experimentais evidenciam a ação anticarcinogênica

do alho, principalmente devido à presença de seus componentes sulfurados.

Abdullah et. al comprovou a atividade dos leucócitos de pessoas alimentadas

com alho 139% superior do que os leucócitos do grupo de pessoas que não

incluíram o alho em sua alimentação. Esta proteção parece ser resultado de

vários mecanismos incluindo: bloqueio da formação de compostos

nitrosaminas, hepatoproteção seletiva contra substancias carcinogênicas ,

supressão da bioativação de vários carcinogênicos, aumento do reparo do

DNA, redução da proliferação celular e/ou indução da apoptose. Possivelmente

vários desses eventos ocorrem simultaneamente e a ação dos componentes

sulfurados parece ser influenciada por diversos componentes da dieta. Por

exemplo, a presença de selênio, seja como parte da dieta, seja como

componente do suplemento de alho, contribui para aumentar a proteção contra

a carcinogênese mamária induzida pelo 7,2 dimetilbenza(a)antraceno (DMBA).

(MARCHIORI)

Apresenta vários efeitos benéficos às doenças do aparelho circulatório, tais

como diminuição dos níveis de colestero, LDL-colesterol e da pressão arterial.

O alho também tem atividade antioxidante que inativa espécies reativas de

oxigênio e aumenta enzimas celulares antioxidantes como a superóxido-

dismutase (SOD), catalase, glutationaperoxidase e glutationa. (SANTIAGO et

al., 2009)

Em um estudo feito por Banerjee et al. (2002) apud Santiago et al. (2009)

observaram que a administração diária, via oral, de 125, 250 e 500 mg/kg de

alho homogeneizado com água destilada em ratos por 30 dias, promoveu

menor dano causado pelo estresse oxidativo e menor mudança estrutural no

miocárdio em corações isolados dos ratos que sofreram isquemia e posterior

reperfusão.(SANTIAGO, et al. 2009)

A ação antioxidante da aliina , alicina e do ajoeno justificam o efeito do alho

sobre as LDL pois inibem a peroxidação lipídica por meio da inibição da enzima

xantina-oxidase e de eicosanóides. O alho também eleva a capacidade total

antioxidante do organismo devido à ação dos bioflavonóides quercetina e

campferol, por meio de um mecanismo mediado pelo óxido nítrico e in vitro,

age diretamente como varredor dos radicais livres. A alicina mostra analogia

estrutural com o dimetilsulfeto, o qual possui uma boa capacidade varredora de

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radicais livres. A presença de selênio em sua composição também contribui

com este efeito. Isto quer dizer que os compostos sulfurados aliados aos

bioflavonóides incrementam a ação medicamentosa do alho. (MARCHIORI)

Uma menor cardiotoxicidade também foi demonstradapor Mukherjee et al.

(2003) apud Santiago et al. (2009), além de uma diminuição da expressão do

fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), em ratos que foram tratados durante 30

dias com doses únicas.

O alho possui também inulina, um polissacarídeo de reserva que tem

importantes propriedades funcionais, classificando-se como um fruto-

oligossacarídeo de ligações b-2,1 entre as frutoses da cadeia principal,

contendo uma glucose terminal e cadeias laterais de frutose ligadas. Esta

molécula estimula os componentes do sistema imune, ajuda na absorção de

cálcio, favorece a síntese da vitamina B e diminui parâmetros lipídicos. A

inulina age como fibra alimentar e prebiótico, melhorando a flora intestinal,

resultando em alívio de constipação, melhoria da composição de lipídios do

sangue e eliminação da produção de substâncias putrefativas no trato

intestinal. Este polissacarídeo resiste à lise no sistema digestivo humano, o que

favorece seu emprego para produtos dietéticos. Ao alcançar o cólon, sofre

degradação por Bifidobactérias o que estimula o crescimento bacteriano no

cólon, inibe o crescimento de bactérias patogênicas e putrefativas, reduz a

formação de produtos tóxicos da fermentação e age na prevenção do câncer

de cólon. (DALONÇO et al., 2009)

O tipo e a concentração dos compostos extraídos do alho dependem do seu

grau de maturação, práticas de produção de cultivo, localização na planta,

condições de processamento, armazenamento e manipulação. A maioria dos

componentes sulfurados não está presente nas células intactas. Quando o alho

é amassado, partido, cortado ou mastigado, vários de seus componentes

sulfurados são liberados no interior da célula vegetal. A interação entre os

vários compostos desencadeia reações em cadeia, gerando um conjunto de

componentes. Isso justifica a necessidade de consumo imediatamente após o

preparo, e sem que haja ação de calor ou qualquer outro tipo de tratamento

térmico , o que diminui muito as concentrações dos fitoquímicos sulfurados em

questão . (MARCHIORI)

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RECOMENDAÇÕES

A Sociedade Internacional do Estudo de Ácidos Graxos e Lipídeos, recomenda

uma ingestão de w-3, no valor de 0,65 g / dia de DHA e acrescido de 1 g / dia

de ácido a-linolênico. Para a saúde cardiovascular, a American Heart

Association (AHA) sugere que o adulto deve ocnsumir peixe pelo menos duas

vezes por semana, b) para pacientes com coronárias recomendações consumo

doença são um grama por dia de EPA + DHA de óleo de peixe ou de

suplementos. Para pacientes com hipertrigliceridemia é recomendado

completar 2 a 4 gramas diárias de EPA + DHA diminuir em 20-40% níveis

elevados de triglicerídeos no plasma. (CARRERO et al., 2005)

Ainda não há consenso quanto à recomendação de alho que deve ser

consumida , mesmo porque sua recomendação depende da utilização

terapêutica em questão. Apesar disso tanto o Ministério da Saúde do Canadá

bem como a Comissão E da Agência Federal Alemã de Saúde (correspondente

a FDA americana) sugerem que a ingestão de 4 g de alho cru ou 8 mg de óleos

essenciais são suficientes para a prevenção de fatores de risco cardiovascular

e a American Dietetic Association indica o consumo de 600-900 mg de alho/dia.

Essas quantidades equivalem ao peso médio aproximado de 1 dente de alho

cru. (MARCHIORI)

CONTRAINDICAÇÕES

Não recomendado o uso do óleo de prímula por gestantes, uma vez que pode

levar a uma ruptura tardia das membranas e aumento da ocitocina. Assim

como pessoas que ingerem algum tipo de medicamente anticoagulante como

aspirina, clopidogrel, AINES tais como diclofenaco, ibuprofeno, naproxeno,

dalteparina, enoxaparina, heparina, warfarina, etc. (GOLZÁLEZ, 2006)

Page 17: SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA

REFERÊNCIAS

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