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GRAZIELE MENZANI
STRESS ENTRE ENFERMEIROS BRASILEIROS
QUE ATUAM EM PRONTO SOCORRO
So Paulo2006
UNIVERSIDADE DE SO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM
http://www.go2pdf.com
GRAZIELE MENZANI
STRESS ENTRE ENFERMEIROS BRASILEIROS QUE ATUAM EM
PRONTO SOCORRO
Dissertao de Mestrado apresentada
Escola de Enfermagem da
Universidade de So Paulo para
obteno do ttulo de Mestre
em Enfermagem
Orientadora: Prof Dr Estela Regina Ferraz Bianchi
So Paulo2006
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Catalogao na publicao (CIP)Biblioteca Wanda de Aguiar Horta da EEUSP
Menzani, GrazieleStress entre enfermeiros brasileiros que atuam em pronto socorro. /Graziele Menzani. So Paulo: G. Menzani; 2006.112 p.
Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem da Universidade de SoPaulo.tOrientadora: Prof Dr Estela Regina Ferraz Bianchi
1. Estresse profissional 2. Servios mdicos de emergncia 3. Enfer-meiros. I. Ttulo.
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Este trabalho dedica-se ao...
... meu filho Luccas, imensamente amado, fruto de um amor inestimvel e
maior beno da minha existncia.
Obrigada por ter me escolhido para ser sua me, por ser parte da minha vida e
por me fazer aprender com as dificuldades. Te amo imensamente.
... meu querido marido Michael, que em todos estes anos de convivncia tem
sido meu companheiro, amigo e cmplice.
voc dizer obrigada infinitamente insignificante, pois palavra nenhuma
no mundo expressa a gratido por tudo que voc me proporciona, e
principalmente pelo filho maravilhoso que me deu. Te amo
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Primeiramente agradeo a DEUS, pela minha vida e pela vida do meu filho ,e por ter tido
a oportunidade de realizar este trabalho mesmo perante tantas dificuldades.
Meus amados pais Antonio e Maria da Conceio Menzani, pelo amor, pelo eterno
incentivo, apoio e por sempre acreditarem que eu era capaz .
Ao meu querido marido Michael pelo apoio de todas as horas e pela felicidade que me
proporciona.
Ao meu pequenino Luccas, fonte de toda minha fora e coragem para enfrentar as
dificuldades.
Prof Dr Estela Regina Ferraz Bianchi, pela amizade, pela oportunidade e honra em
ser sua orientanda, pela pacincia e apoio sempre que me sentia angustiada ou em
dificuldade.
Ao meu querido irmo Paulo Roberto Menzani , por todo apoio, por suportar meu mal
humor e meu jeito de ser e ainda assim me amar.
minha sogra Ivanilde , e meu sogro Wilson por todo carinho.
minha melhor amiga Aline Guerino pela sua imensa e inexplicvel amizade, pelo suporte
espiritual e pela incondicional torcida.
amiga Karine So Leo no s pelo auxilio estatstico, mas principalmente por dizer as
palavras certas nos momentos certos.
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minha prima Ludmila Menzani pelo auxlio nas tradues e pela disponibilidade mesmo
estando to longe.
Ao meu primo emprestado, Ivinho, pela colaborao sempre que precisei.
minha tia Mi, meus primos Douglas e Renata pelas oraes e apoio espiritual.
minha Diretora de Enfermagem Zuleika Pereira por compreender minhas ausncias
perante minhas necessidades.
todos aqueles que de alguma maneira me apoiaram e contriburam para que o sonho se
tornasse realidade, meus sinceros agradecimentos.
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RESUMO
Menzani G. Stress entre enfermeiros brasileiros que atuam em pronto socorro. Dissertao
de Mestrado. So Paulo: Escola de Enfermagem da USP: 2006.
A enfermagem considerada uma profisso que sofre o impacto do stress, que advm do
cuidado constante com pessoas doentes e situaes imprevisveis, principalmente na
unidade de pronto socorro. A finalidade deste estudo foi de levantar os estressores dos
enfermeiros atuantes em unidades de pronto socorro nas cinco regies brasileiras. A
populao do estudo constituiu-se de uma amostra de 143 enfermeiros atuantes em
unidades de pronto socorro das regies brasileiras e que estavam inseridos em instituies
de alta complexidade de assistncia prestada. Os dados foram coletados utilizando-se a
Escala Bianchi de Stress, constituda por caracterizao scio-demogrfica e por 51 itens,
que versavam sobre as atividades desempenhadas pelos enfermeiros. A anlise estatstica
di descritiva e inferencial, usando anlise de varincia ANOVA. Com a finalidade de
promover a comparao e estudo dos dados, foi realizado o escore de stress, em seis
domnios, englobando o relacionamento(A), funcionamento da unidade(B), administrao
de pessoal(C), assistncia de enfermagem(D), coordenao da unidade(E) e condies de
trabalho(F). Os nveis obtidos foram classificados em baixo (at 3,0), mdio (de 3,1 a 4,0)
alerta (de 4,1 a 5,9) e alto (acima de 6,0).A amostra foi eminentemente feminina (90,9%),
jovem (71,1% com menos de 40 anos), com 2 a 5 anos de formao, atuantes na unidade de
pronto socorro h aproximadamente 36 meses, sendo 82,5% dos enfermeiros com cargos
assistenciais, 73,2% com ps-graduao latu sensu, e 46,2% dos enfermeiros atuavam em
instituies da regio Sudeste. Verificou-se que, os enfermeiros obtiveram escore
individual de stress entre 3,1 e 5,9, o que denota mdio nvel a alerta para alto nvel de
stress. Considerando-se o escore de stress por regio obtive-se que SE>NE>S>CO>N. Na
anlise dos seis domnios, obteve-se, em ordem decrescente, F>C>E>D>B>A,
independentemente da regio geogrfica a que pertencia o enfermeiro. O cargo de
gerncia foi a varivel com relao estatisticamente significante (p
ABSTRACT
Menzani G. Stress among Brazilian nurses who work at Emergency Department. Thesis.
So Paulo: School of Nursing of University of So Paulo; 2006.
The nursing is considered as stressed work due to treating sick people and improvable
situations as in Emergency Department (ED). The goal of this study is to search stressors
among Brazilian nurses who work at ED. The sample was constituted by 143 nurses who
work at high complexity hospitals. Data was obtained using a Bianchi Stress Inventory
that enclosed socio-demographic data and 51 activities developed by nurses. Statistical
analyses was descriptive and inferential using ANOVA. In order to compare data, there was
used a score of stress and classified into six areas: relationship(A), unit functioning(B),
staff administration(C), nursing assistance(D), unit coordination(E) and work
conditions(F). The stress level was determined as low (under 3,0), medium (from 3,1 to
5,9) and high (above 6,0). The sample was feminine (90,9%); young (71,1% under 40 years
old); from 2 to 5 years after finishing of undergraduate course; has worked at ED for 36
months as staff nurse (82,5%), concluded graduate course latu sense (73,2%) and 46,2%
work in Southeast States. The individual score of nurses varied from 3,1 to 5,9 considered
medium level. The stress score among states, in decrescent order, was: Southeast >
Northeast> South> Center-West> North. After analyzing the six areas, the classification
was: F>C>E>D>B>A and was independent of geographical localization. The
management nurses were more stressed than the others and the result was statistically
significant (p
SUMRIO
1. Introduo 1
2. Referencial terico 4
2.1 Stress 4
2.2 Stress Ocupacional 13
2.3 Stress e o Enfermeiro de Pronto socorro 20
3. Objetivos 30
4. Casustica e Mtodo 31
4.1 Tipo de estudo 31
4.2 Amostra 31
4.3 Coleta de Dados 32
4.3.1 Instrumento 32
4.4 Aspectos ticos 35
4.5 Tratamento e Anlise dos dados 36
5. Resultados 38
5.1 Caracterizao scio-demogrfica 38
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5.2 Avaliao do nvel de stress entre enfermeiros 41
de Pronto Socorro
5.3 Nvel de stress 46
5.4 Comparao das mdias do Relacionamento 49
com outras unidades e supervisores (rea A)
5.5 Comparao das mdias das atividades relacionadas 52
ao funcionamento adequado da unidade (rea B)
5.6 Comparao das mdias das atividades 55
relacionadas a administrao de pessoal (rea C)
5.7 Comparao das mdias da Assistncia 58
de enfermagem prestada ao paciente (rea D)
5.8 Comparao das mdias de Coordenao 61
das atividades da unidade (rea E)
5.9 Comparao das mdias das Condies 64
de trabalho para o desempenho das atividades
do enfermeiro (rea F)
5.10 Correlao entre tempo de atuao 66
e escore de stress
6. Discusso 67
7. Concluses 88
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8. Referncias Bibliogrficas 89
9. Anexos 105
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuio dos itens da EBS segundo 33
rea de classificao dos estressores
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1. Mdia das reas de stress 43
Grfico 2. Escore das atividades mais estressantes 44
Grfico 3. Escore das atividades da rea A 49
Grfico 4. Escore das atividades da rea B 52
Grfico 5. Escore das atividades da rea C 55
Grfico 6. Escore das atividades da rea D 58
Grfico 7. Escore das atividades da rea E 61
Grfico 8. Escore das atividades da rea F 64
Grfico 9. Correlao entre tempo de trabalho 66
na unidade e escore de stress
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuio dos enfermeiros segundo 38
caractersticas scio-demogrficas
Tabela 2. Caracterizao dos enfermeiros segundo 41
Stress total e por rea
Tabela 3. Comparao das mdias de escore total 46
de stress
Tabela 4. Comparao das mdias de escore de 50
Stress da rea A
Tabela 5. Comparao das mdias de escore de 53
Stress da rea B
Tabela 6. Comparao das mdias de escore de 56
Stress da rea C
Tabela 7. Comparao das mdias de escore de 59
Stress da rea D
Tabela 8. Comparao das mdias de escore de 62
Stress da rea E
Tabela 9. Comparao das mdias de escore de 65
Stress da rea F
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO A. Carta Gerncia de Enfermagem 105
ANEXO B. Carta aos Enfermeiros 107
ANEXO C. Termo de Responsabilidade 109
ANEXO D. Instrumento de Coleta de Dados 110
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1. INTRODUO
O termo stress tem sido difundido em vrias reas do conhecimento em
relao engenharia, entre materiais, nos animais e nos seres humanos, sendo
descrito em publicaes cientficas e populares.
Em pesquisas realizadas em sites de acesso livre no Brasil, nos deparamos
com vrios aspectos relacionados ao stress do dia-a-dia e do stress ocupacional. No
h estatsticas oficiais sobre o stress entre trabalhadores brasileiros, mas sabe-se
que cada vez mais h relatos de profissionais estressados, a exemplo dos que lidam
com o pblico e os que atuam em situaes de risco. Dentre estes, incluem-se os
enfermeiros e os controladores de vo.
O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) 1
publicou dados referentes ao stress ocupacional, avaliado por diversos estudos
americanos, que indicaram que pelo menos 25% da populao pesquisada se
declarava como estressado no trabalho .
O stress no trabalho, provavelmente, tambm vivenciado pelos
profissionais de Enfermagem, principalmente dentre os que atuam em servios de
emergncia, visto que uma rea na qual o profissional exerce pleno controle e o
paciente e famlia encontra-se em extrema vulnerabilidade.
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O desejo de realizar o presente estudo emergiu desde a graduao durante os
estgios em pronto socorro em instituies de atendimento pblico e pela
observao da atuao dos enfermeiros em filmes e seriados norte-americanos.
Durante os estgios, pude observar que os enfermeiros exerciam mltiplas
atividades, desde orientar e prestar cuidados a indivduos com dermatite de contato
at cuidar daqueles em risco de sobrevida, tais como um indivduo
politraumatizado. Alm disto, a mdia televisionada, ao representar um
atendimento de emergncia, geralmente apresentavam o papel do enfermeiro como
determinante e essencial no atendimento de pacientes em risco de vida.
Essa atuao multifacetada motivou-me a optar por ser enfermeira de
pronto atendimento, e desde ento venho atuando em instituies privadas e
pblicas e em atendimento pr-hospitalar. Nas instituies privadas, embora os
clientes tivessem perfil diferente dos da pblica, com raras possibilidades de
atendimento de politraumatizados, havia em comum a ansiedade e indeciso do
paciente e do familiar frente situao de perigo de morte e de incapacidade, sendo
tambm uma situao estressora para a equipe de enfermagem.
No momento que optei por estudar stress em enfermeiros de emergncia,
acabara de finalizar a graduao em enfermagem e tinha boas expectativas em
relao atuao do enfermeiro nestas unidades, e embora considerasse uma
atividade estressante, sentia-me atrada pela dinmica e emoo, principalmente na
dinmica do atendimento em servios pblicos e pr-hospitalares. Desta forma, em
detrimento ao trabalho em instituio privada optei pelo servio pblico, por
O termo pronto socorro poder ser apresentado da seguinte forma: com letras minsculas; com as iniciais emmaisculo; atravs da sigla PS; e at mesmo com a denominao de unidade de emergncia. Todos os termostem o mesmo significado.
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consider-lo mais emocionante devido a maior demanda de emergncias clnicas e
cirrgicas. Primeiro vivenciei o xtase por estar onde sempre achei que deveria
estar. Entretanto, a demanda era demasiada para a realidade da instituio, devido
a problemas na estrutura e escassez de recursos fsicos e humanos, e infelizmente os
atendimentos quase sempre evoluam para bito. Assim, o prazer e a empolgao
foram substitudos pela frustrao, seguida pelos sentimentos de impotncia,
angstia e tristeza que resultaram em alteraes fsicas e psquicas, tornando-me
mais uma vtima do stress.
Ao considerar o desejo de estudar o stress de enfermeiros e tambm a minha
experincia pessoal, verifiquei que o tema era realmente relevante. Assim,
aprofundar o conhecimento sobre o stress tornou-se uma atividade prezeirosa e
ainda mais interessante.
Surgiram ento os questionamentos: Ser que o enfermeiro que atua em
pronto socorro realmente estressado? Ser que a regio geogrfica onde o
enfermeiro atua, o sexo, a faixa etria, o tempo de formado, o de tempo de atuao
no setor e a ter ou no especializao em rea correlata so variveis que podem
influenciar no grau de stress?
Para responder estas questes, primeiramente foi realizada uma reviso da
literatura visando identificar os estressores de enfermeiros, especialmente dos que
atuam em pronto-socorro, para que posteriormente o presente estudo pudesse ser
delineado, visando responder a questes esclarecidas.
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2. REFERENCIAL TERICO
2.1 Stress
O termo stress foi usado, na rea da sade, pela primeira vez, em 1936 por
Hans Selye 2 que notou que muitas pessoas sofriam de vrias doenas fsicas e
referiam alguns sinais e sintomas em comum, tais como: inapetncia,
emagrecimento, dificuldade na digesto, desnimo e fadiga.
Maschi 3 descreveu que a palavra stress tem sua origem na fsica, onde a
expresso utilizada para definir uma fora que atua sobre um objeto ou sistema e
que, ao ultrapassar certas medidas, conduz deformao ou destruio.
O stress definido por trs conceitos: como estmulo na focalizao do
impacto causado pelo estressor; como resposta por meio da apreciao da tenso
repercutida pelo estressor e como ao entre o ambiente externo e interno do
indivduo pelo processo pessoa-ambiente.4 A existncia de vrios conceitos
dificulta o diagnstico e identificao clara do stress.
Na evoluo do estudo do stress, alguns termos foram cunhados e dentre eles o de
estressor, que descrito como qualquer situao que desperte uma emoo forte, boa ou m,
e que exija mudana. Estas situaes so fontes de stress. Os estressores podem causar
distrbios fsicos e mentais resultando no stress.5
O stress tambm foi descrito como uma experincia positiva por Lazarus e
Folkman 6 que declararam que a vida sem stress seria um exerccio em tdio. Estes
Stress ser empregado na forma inglesa e sem aspas, por tratar-se de termo consagrado na literaturainternacional, independente da lngua utilizada.
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mesmos autores referem que o stress emerge quando o relacionamento entre
indivduos e seu ambiente estimado como taxativo ou excede recursos, colocando
em perigo o bem-estar do indivduo ou grupo.6 O stress visto como um processo
onde depende da avaliao realizada frente ao estmulo (se estressante ou no)
para o desencadeamento da reao, influenciando a adaptao, podendo levar a
repercusses fsicas e mentais no indivduo ou grupo.
Na literatura nacional, at a dcada de 70 no havia produo cientfica
referente ao tema. Atualmente, possvel identificar vrios trabalhos enfocando os
mais diversos aspectos do stress. Tal preocupao, talvez, deva-se ao fato do stress
estar freqentemente presente no cotidiano humano. Segundo dados da
Organizao Mundial de Sade, 90% da populao mundial afetada pelo stress,
tornando-se quase de uma epidemia global. 7
O processo de stress se divide em trs fases, identificadas por Selye2, a saber :
Fase de alarme: a pessoa experimenta uma srie de sensaes que s
vezes no identifica como de stress. Esses sintomas podem ser mos suadas,
taquipnia, taquicardia, acidez estomacal, inapetncia e cefalia e so
relatados na fase aguda.
Fase da resistncia: ocorre quando a pessoa tenta se adaptar situao,
isto , tenta restabelecer um equilbrio interno. Conforme este equilbrio
atingido, alguns dos sintomas iniciais desaparecem, porm essa adaptao
utiliza a energia que o organismo necessita para outras funes vitais.
Fase de exausto: nesta fase, toda a energia adaptativa da pessoa foi
utilizada e os sintomas iniciais reaparecem e outros se desenvolvem,
podendo chegar morte.
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A sintomatologia manifestada nessas trs fases surge como resultado da
resposta orgnica ao estressor, isto , funes metablicas especficas so alteradas
por processo caracterstico do stress, que envolve basicamente dois eixos
mediadores: o eixo hipotlamo-hipfise-crtex adrenal e o eixo hipotlamo-
simptico-medula adrenal. 8
Quando o indivduo encontra-se submetido a uma carga excessiva de
estressores, o organismo pode desencadear respostas que resultam no
aparecimento de sintomas ou de doenas. 9
Segundo Bauer 10, o homem consegue adaptar-se bem ao stress agudo. Mas
quando essa condio manifesta-se de forma repetitiva ou crnica, os efeitos
multiplicam-se, ocorrendo um desgaste ao organismo.
O stress embora envolva alteraes na sntese e liberao de todos os
hormnios envolvidos com as estruturas hipotlamo-hipofisrias, atuando
diretamente nas funes tireoideanas, renais, sexuais e reprodutivas, o eixo
hipofisrio-crtex-adrenal o que tem maior importncia nesse processo. Mediado
por este eixo, haver aumento na produo de aldosterona e de cortisol, resultando
em desequilbrio manifestado por: alterao do peso corpreo, osteoporose,
distrbios de comportamento, inclusive alteraes no padro de sono, dificuldade
de cicatrizao, aumento da susceptibilidade a infeces, alcalose com
hipopotassemia, hipertenso arterial, alteraes gastrointestinais, incluindo
sintomas de acidez gstrica, alteraes no ciclo menstrual e tromboembolismo. 8
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Mediado pelo eixo hipotlamo-simptico-medula adrenal, haver liberao
de grandes quantidades das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) na corrente
sangnea, sendo que a adrenalina responde por 80% deste volume. As
catecolaminas ento produzem os seguintes efeitos: dilatao da pupila, aumento
da sudorese, aumento da freqncia cardaca e da fora de contrao do miocrdio,
dilatao coronariana, broncodilatao, diminuio do peristaltismo, aumento do
tnus esfincteriano (anal e vesical), liberao de glicose heptica, diminuio do
dbito urinrio, vasoconstrio no abdome e na pele, vasodilatao muscular,
aumento da coagulabilidade sangnea, do metabolismo basal, da atividade mental
e msculo-esqueltica. 8
A liberao dos diferentes hormnios que participam do stress mediada, em
vrios momentos, por centros corticais e supracorticais relacionadas com funes
cognitivas, emocionais e comportamentais, diminuindo ou intensificando as
alteraes decorrentes do stress. 8
Os corticides e os hormnios andrognicos so as substncias mais
relacionadas com o stress, sendo o cortisol, produzido nas glndulas suprarrenais, o
corticide mais abundante no organismo. Os nveis de cortisol variam segundo o
ciclo circadiano (dia e noite), e exercem efeitos importantes sobre o metabolismo
das protenas, carboidratos e lipdeos, sobre a tonicidade dos msculos e outros
tecidos, sobre a integridade do miocrdio, sobre as respostas inflamatrias. O
cortisol influi na conservao da glicose, e na sntese de protenas, na regulao de
cidos graxos e nos tecidos adiposos. A relao entre o cortisol e o sistema imune se
comprova pela sua influncia sobre os linfcitos T, sobre o IL-2 e o interferom. 8
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Portanto, o cortisol est diretamente relacionado adaptao do organismo
s exigncias do meio externo ou interno, evidenciando a ntima relao entre a
glndula suprarrenal, produtora deste hormnio, com o stress, incluindo a
modulao do sistema imune.11
O stress causa elevao dos nveis de cortisol, os quais perduram enquanto o
estmulo estressante persiste. Portanto, os estressores crnicos causam nveis de
cortisol persistentemente elevados, levando o organismo a um estado de
hipercortisonismo. A elevao continuada de cortisol, por sua vez, pode atrofiar os
receptores de corticides no hipocampo e assim causar mais stress ainda, fazendo
uma espcie de crculo vicioso. A depresso causa hipercortisonismo tambm, o
qual se manifesta com nveis de cortisol matinal e noturno, significativamente
aumentados. 8
A contribuio mpar das pesquisas realizadas por Hans Selye foi a
elucidao do stress chamado biolgico, que o motivou a descrever a resposta ao
estressor como inespecfica. A partir dessa constatao houve a preocupao de
seus discpulos em inserir outras facetas no estudo do stress tais como a avaliao
cognitiva, psicolgica e outros fatores que podem interferir na manifestao do
stress.
Monat e Lazarus 12 criticaram a posio de Selye, de que o stress uma
resposta fisiolgica inespecfica, e acrescentaram que um processo psicolgico e
que variveis cognitivas afetam a compreenso dos eventos estressantes. Esses
autores descreveram trs tipos distintos de stress:
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sistmico ou fisiolgico: corresponde a distrbios dos sistemas e
tecidos corporais;
psicolgico: compreende o stress relacionado a fatores cognitivos;
social: corresponde ao comprometimento do sistema social.
Nessa linha de pensamento, Lazarus e Launier13 definiram o termo stress
como sendo qualquer evento que demande do ambiente externo ou interno e que
taxe ou exceda as fontes de adaptao do indivduo. Esta definio estabeleceu as
bases do modelo interacionista de stress, que permite uma avaliao primria do
estressor, na qual ocorre a ponderao sobre o valor do evento enquanto algo
positivo (desafio) ou negativo (ameaa) e, at mesmo, se algo irrelevante ao
indivduo.
Atualmente, a avaliao fisiolgica tem sido desenvolvida pela
psiconeuroimunologia, na tentativa de integrar esses conhecimentos como corpo e
mente.
Aps as definies feitas por Selye2 e por Monat e Lazarus12, o stress passou a
ser considerado como uma resposta adaptativa, circundada por caractersticas
individuais ou processos psicolgicos, levando a demandas fsicas ou psicolgicas
do indivduo.
A ausncia de um consenso sobre o conceito de stress tem resultado em
vrios conceitos definidos por diversos pesquisadores, que consideram
individualmente os aspectos cognitivos, emocionais, psicolgicos, fisiolgicos, ou de
maneira relacionada.
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Bianchi 14 considera o stress como uma alterao no ambiente interno ou
externo de tal magnitude, qualitativa ou quantitativa, que requer do organismo uma
maior adaptao, promovendo uma reao de defesa para manter a vida em
homeostase.
Vasconcellos15 determina que o termo stress corresponde ao processo
psicofisiolgico do organismo e que a reao de stress o comportamento
manifestado pelo organismo ante o processo desencadeado. O autor tambm faz
referncia aos estressores, denominado-os de agentes estimulantes ou situaes que
resultem na excitao do organismo. Os estmulos da resposta de stress teriam trs
nveis :
primary appraisal: desencadeada no sistema lmbico, tlamo e
hipotlamo, categorizando o estmulo como desafio e/ou perigo, no
causando nenhuma interferncia ao bem-estar do indivduo;
secondary appraisal: ocorre nos centros cognitivos de avaliao e de
preparo de reao, concentra-se na busca de mecanismos de
enfrentamento ao estressor (coping);
reappraisal: desencadeado depois de ocorrida a ao do controle do
estmulo, baseia-se no insucesso obtido reavaliando-se o mecanismo
de enfrentamento utilizado.
Molina 16 refere que o stress qualquer situao de tenso aguda ou crnica
que produza uma mudana no comportamento fsico e no estado emocional do
individuo, sendo uma resposta de adaptao psicolgica que pode ser negativa ou
positiva para o organismo.
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O tipo de resposta ao estressor mediado por intermdio do sistema
cognitivo, processos individuais oriundos da relao do indivduo com sua rede de
valores, pensamentos, experincias, emoes, ambiente, condies fsica e
financeira e relaes pessoais. 16
Costa17 menciona que o stress algo presente no cotidiano humano, desde a
realizao de mnimas tarefas, at aquelas que exigem maior demanda fsica e
emocional, podendo mesmo expor o ser humano ao risco de doenas.
Alguns fatores tm sido descritos como condicionantes do stress. Bianchi18
em estudo com enfermeiros brasileiros identificou alguns destes fatores:
reconhecimento do estressor: determinado pela avaliao do indivduo na
relao contextual em que apresentado;
quantidade de estressores;
tempo de exposio ao estressor;
vivncia anterior: no reconhecimento de uma ameaa ou desafio, o
organismo baseia-se em resultados j obtidos em situaes vividas
anteriormente;
idade: sobre esse fator, na bibliografia no se encontra singularidade nas
teorias;
gnero: ultrapassado o conceito de que apenas os homens seriam
susceptveis ao stress, isso modificou devido ao novo papel que a mulher
desempenha na sociedade e pelo fato de no deixar de ser mulher (me,
esposa, mulher, entre outros);
suporte: na busca do equilbrio e da adaptao, os suportes
(religioso,familiar, psicolgico e social) so usados como estratgias;
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personalidade: um dos tpicos sobre os quais so desenvolvidos mais
estudos. Ocorre grande interesse em desvendar a fora (hardness) da
personalidade, causando repercusses diferentes do stress nos indivduos.
A pesquisa sobre stress permeia o entendimento de questes filosficas sobre
o prprio significado da vida, do qual emergem caractersticas individuais, que
revelam a disposio e o substrato psquico de cada pessoa diante de situaes
diversas. Entender o stress envolve um conhecimento ampliado do sujeito, que
transcende a sua esfera cognitiva, alcanando e mesclando-se ao seu universo
simblico-afetivo. As modificaes somticas que o indivduo apresenta
acompanhando o sentimento de ansiedade esto diretamente relacionados ao
stress. 19
A ansiedade se caracteriza por um sentimento difuso, desagradvel e vago de
apreenso, freqentemente acompanhado por sintomas autonmicos como cefalia,
perspirao, palpitao, aperto no peito e leve desconforto abdominal. Uma pessoa
ansiosa tambm pode sentir inquietao, indicada por incapacidade para
permanecer sentada ou imvel por muito tempo. A constelao particular de
sintomas presentes durante a ansiedade tende a variar entre as pessoas. 20-21
Alm dos efeitos motores e viscerais da ansiedade, seus efeitos sobre o
pensamento, a percepo e o aprendizado no devem ser ignorados. A ansiedade
tende a produzir confuso e distores perceptivas, no apenas em termos de tempo
e espao, mas de pessoas e significados de eventos. Essas distores podem
interferir no aprendizado, diminuindo a concentrao, reduzindo a memria e
prejudicando a capacidade de associao de eventos. 21
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Diante do exposto, nota-se que o stress est presente em todos os momentos
da vida humana, especialmente em situaes de perigo e que exigem maior ateno
e cautela. A maneira como o indivduo lida com estas situaes um fator
determinante da resposta ao estressor, que se negativa poder culminar em stress.
Os enfermeiros que vivem freqentemente situaes que exigem muita ateno e
cautela podem estar expostos a diferentes graus de stress o que poderia repercutir
negativamente em suas vidas.
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2.2 Stress Ocupacional
O stress ocupacional instala-se quando o ambiente de trabalho percebido
como uma ameaa ao indivduo, repercutindo no plano pessoal e profissional, e
surgem demandas maiores do que a sua capacidade de enfrentamento. 5
O stress relacionado ao trabalho define-se naquelas situaes em que a
pessoa percebe seu ambiente como ameaador, afetando suas necessidades de
realizao pessoal e profissional e/ou sua sade fsica e mental, prejudicando sua
interao com o trabalho e o meio, na medida em que h demandas excessivas ou
no h recursos adequados para enfrentar tais situaes. 22-23
Holt 24 defende que o stress ocupacional no um fenmeno novo, mas um
novo campo de estudo, o qual enfatizado pela existncia de patologias vinculadas
ao exerccio profissional.
Ross, Altmaier 25 devem que o stress ocupacional a interao das condies
de trabalho com as caractersticas do trabalhador, nas quais a demanda do trabalho
excede as habilidades do trabalhador para enfrent-las.
Frana26 admite que o trabalho alm de possibilitar crescimento,
transformaes, reconhecimento e independncia pessoal e profissional, tambm
causa problemas de insatisfao, desinteresse, apatia e irritao, e o que poder
resultar em doenas ocupacionais, relacionadas s caractersticas e condies
inerentes ao tipo de atividade. Este mesmo autor afirma ainda que os estressores
relacionados ao trabalho so as situaes em que a pessoa percebe seu ambiente de
trabalho como ameaador.
Cooper 27 classifica os estressores do ambiente de trabalho em seis grupos:
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fatores intrnsecos ao trabalho (condies inadequadas de trabalho,
turno de trabalho, carga horria de trabalho, contribuies no
pagamento, viagens, riscos, nova tecnologia e quantidade de trabalho);
papis estressores (papel ambguo, papel conflituoso, grau de
responsabilidade para com pessoas e objetos);
relaes no trabalho (relaes difceis com o chefe, colegas,
subordinados e clientes, sendo diretamente e indiretamente
associados);
desenvolvimento na carreira (falta de desenvolvimento na carreira,
insegurana no trabalho devido reorganizao ou declnio da
indstria);
estrutura e cultura organizacional (estilos de gerenciamento, falta de
participao, comunicao pobre) e
interface trabalho-casa (dificuldade no manejo dessa interface).
A enfermagem reconhecida mundialmente como uma profisso
estressante. alvo de diferentes pesquisas por diversos focos de ateno e muitas
vezes executadas por profissionais no enfermeiros.
A enfermagem considerada uma profisso que sofre o impacto total,
imediato e concentrado do stress, que advm do cuidado constante com pessoas
doentes, situaes imprevisveis, execuo de tarefas, por vezes, repulsivas e
angustiantes, sendo o foco do stress o prprio objeto de trabalho 28, o que dificulta o
afastamento do profissional destes estressores.
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Menzies29 foi a primeira autora a descrever que o trabalho com pessoas
doentes requer uma demanda de compaixo, sofrimento e simpatia, o que causava
ao enfermeiro irritao, desapontamento e culpa por no conseguir lidar com esses
sentimentos.
Reportando-se atuao do enfermeiro na rea hospitalar, alvo do presente
estudo, o hospital por si s pode se constituir em estressor, j que reconhecido
como o local de piores condies de trabalho em relao aos demais servios. 30
Em relao especificamente ao trabalho do enfermeiro, verifica-se que um
grande percentual de estudos nas reas de psicologia e filosofia tem demonstrado
que essa profisso, principalmente no mbito hospitalar, uma das que mais
origina stress, apesar de tratar-se de uma atividade socialmente til. 8
O profissional de sade, incluindo o enfermeiro, treinado para realizar e
prestar assistncia voltada para a cura e reabilitao, sendo pouco enfocado a morte
e a deficincia como possvel conseqncia de um cuidado prestado. A morte de um
paciente leva o enfermeiro a um sentimento de culpa com conseqente frustrao. 31
Os profissionais de sade consideram que no esto preparados para lidar
com a morte, bem como com a manuteno da vida. Quando as tentativas para
preserv-las no obtm sucesso, emergindo a idia de morte, esses profissionais
no sabem como agir. 32
Rich33 relata que o enfermeiro, ao enfrentar a morte e a perda de pacientes,
no reconhece os sintomas do luto e que levam perda da concentrao, ausncia
de conexo de pensamento, distrbios do sono e na alimentao, dispnia,
palpitao,boca seca, fraqueza muscular e supresso do sistema imunolgico.
Atribui essas manifestaes ao stress e situao de prolongada ansiedade.
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Fazendo-se uma breve anlise da atuao do enfermeiro, embora tenha sido
constatado que o trabalho desse profissional reconhecido como altamente
estressante. O enfermeiro, em seu cotidiano de trabalho, age tendo pouca ou
nenhuma conscincia do stress que vivencia e da forma como o enfrenta. 19
Torna-se indiscutvel a relao entre stress e o estado de sade dos
enfermeiros, uma vez que a profisso de enfermagem classificada como a quarta
mais estressante, segundo o Health Education Authority apud Cooper, Michel 34 .
Entretanto, cabe ressaltar que da mesma forma que os pacientes no devem ser
vistos como entidades patolgicas, os profissionais da rea da sade tambm no
devem ser visualizados como entidades teraputicas, mas como seres que
apresentam uma totalidade. 35
A produo cientfica quanto ao stress do enfermeiro teve seu marco na
dcada de 60, sendo os estudos, em sua maioria, realizados com enfermeiros que
atuavam em unidades de terapia intensiva, por ser uma nova unidade, nova
tecnologia e mais uma conquista de espao para atuao. Aps esse boom de
estudos, surgiram outros trabalhos visando elucidar a questo quanto s
repercusses do trabalho em outras unidades e com outra dimenso, visto que a
unidade de terapia intensiva passou a no ser mais foco de alto nvel de stress.
A queda nos ndices de stress na unidade de terapia intensiva deveu-se ao
grande investimento no treinamento desses profissionais, possibilitando a inverso
do nvel de stress para outras unidades do ambiente hospitalar. 36
Os estudos voltaram seu foco de ateno para os enfermeiros de outras
unidades, e detectaram que os enfermeiros de unidades mdico-cirrgicas
experimentaram maior nvel de stress do que os de unidade de terapia intensiva e,
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provavelmente devido a fatores inerentes ao papel do enfermeiro nessas unidades.
37
Para Alves 38 , o atuao na enfermagem implica jornadas longas, turnos
desgastantes, monotonias, escalas, esforo fsico, ansiedade, ritmo excessivo de
trabalho, alm do controle supervisionado, passando o trabalho a ser no mais uma
fonte de satisfao pessoal, mas uma obrigatoriedade.
Nas diversas reas estudadas so apontadas como fatores estressantes falta
de autonomia e de reconhecimento do enfermeiro , o turno noturno e suas
conseqncias na interao ligadas ao sono, a cronobiologia, a psicologia e as
relaes sociais, a atividade gerencial do enfermeiro , administrao de pessoal e o
relacionamento interpessoal 14,19,39-42
Na tentativa de elucidar a ocorrncia de stress entre os enfermeiros, em
estudo realizado com enfermeiros de unidades hospitalares, houve a concluso que
os enfermeiros que trabalham em unidades abertas (determinada pelo fluxo de
pacientes e familiares) apresentam maior ndice de stress quando comparados aos
que atuam em unidades fechadas, ressaltando que nem sempre verdadeira a
afirmao que os enfermeiros mais estressados so os que trabalham em terapia
intensiva, por exemplo.43 Outro estudou identificou que h um alto nvel de stress
entre enfermeiros de unidades crticas tais como, Centro Cirrgico (CC) e Pronto
socorro (PS), denotando que embora as condies de trabalho tenham sido
melhoradas nessas unidades, mesmo assim, ainda continua sendo um trabalho
estressante. 44 Estes resultados sugerem que provavelmente, no a caracterstica
da unidade em si, mas a caracterstica da atividade profissional que leva o indivduo
ao stress.
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Bianchi45, ao revisar estudos desenvolvidos por diversos autores, classificou e
agrupou em categorias os estressores relacionados com a enfermagem e seu
trabalho:
Problemas de comunicao com a equipe: relacionamento com
superiores; relacionamento interpessoal com o paciente, familiares,
colegas e outros profissionais; falta de suporte; equipe de enfermagem
aptica e descontente.
Inerente unidade: recursos fsicos; mudanas tecnolgicas;
mudanas profissionais; ambiente; trabalho repetitivo; carga de
trabalho; nmero inadequado de pessoal; odores desagradveis;
exposio constante a riscos; falta de equipamentos; presso no
trabalho.
Assistncia prestada: lidar com a morte e o morrer; paciente com
dor; doena terminal; lidar com necessidades emocionais do paciente
e famlia; pacientes e familiares agressivos; incerteza quanto ao
tratamento do paciente.
Interferncia na vida pessoal: conflito entre o trabalho e a casa;
desenvolvimento de carreira; tomada de deciso nos rumos da vida ;
experincias anteriores.
Atuao do enfermeiro: conflito de papis; ambigidade de papis;
falta de autonomia; estilo de superviso; salrio no condizente; falta
de treinamento; falta de oportunidade de crescimento na organizao;
falta de suporte administrativo e envolvimento.
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Bianchi 45 afirma que o stress para alguns de fcil convivncia e para
outros de desastrosas conseqncias. A profisso um elemento que faz parte
desse contexto e inevitavelmente est sendo um elemento que contribui para a
gerao do stress.
Um outro sintoma comumente identificado ao stress ocupacional aquele de
desgaste (burn-out). Burnout descrito por Maslach e Jackson46 como uma
sndrome de sintomas ocorridos naqueles que trabalham proximamente a pessoas
todos os dias, envolvendo: (1) sentimento de exausto crescente; (2) atitudes
negativas em relao aos destinatrios do servio prestado (chamado de
despersonalizao); e (3) uma tendncia de avaliar a si mesmo negativamente em
relao ao trabalho e realizaes prprias (chamado realizao pessoal). Burnout
tem sido estudado em relao enfermagem47-48 , mas assim como para fontes de
stress ocupacional, h pouca literatura direcionada enfermagem de emergncia.
Alguns estudos tm mostrado que altos nveis de stress ocupacional e
burnout tm um efeito negativo sobre o cuidado de pacientes e pode levar
deteriorao na qualidade do cuidado e servios prestados46. Por exemplo, Cronin-
Stubbs e Brophy49 identificaram que enfermeiros que relatam altos nveis de
burnout (desgaste) tendem a usar mais drogas de prescrio para acalmar pacientes
e passar menos tempo em contato diretos com seus pacientes. Parece que altos
nveis de stress na equipe podem levar queda da qualidade do tratamento dos
doentes. Desta forma, uma reduo do stress na equipe pode levar a uma melhor
qualidade de tratamento dado aos pacientes.
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Como foi exposto, o stress ocupacional pode ser agravado na atuao
profissional do enfermeiro, mas no exclusivo dessa categoria profissional. No h
um consenso nos trabalhos realizados, mas pode-se afirmar que a interao do
profissional com seu ambiente de trabalho, e em especial com a unidade de pronto
socorro, alvo do estudo, um fator importante para a instalao do stress.
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2.3 Stress e o Enfermeiro de Emergncia
As palavras emergncia e urgncia, embora muitas vezes utilizadas de forma
intercambivel, tm significados diferentes. Emergncia significa risco imediato de
vida. Urgncia a palavra que deve ser utilizada quando no h risco de vida
imediato, mas o paciente necessita de atendimento rpido, como o caso de
fraturas, febre elevada, etc. 50 Perante tais conceitos, preconiza-se que o
atendimento no pronto socorro deve abranger as duas situaes: urgncias e
emergncias .
O pronto socorro (PS) uma unidade bastante estressante, visto que
demanda muita agilidade, conhecimento e segurana dos profissionais que l
atuam, para garantir uma assistncia adequada ao paciente que necessita de
atendimento imediato. um ambiente agitado, onde as condies de trabalho nem
sempre so as mais adequadas, e que possui uma demanda muitas vezes maior do
que a prevista. Todos estes fatores podem ser avaliados como estressores
contribundo para o stress do enfermeiro, j que o bom andamento da unidade e a
resoluo dos problemas acabam sendo de sua responsabilidade.
Como depende da avaliao feita pelos enfermeiros diante da situao de
trabalho, para muitos a situao vivida pode ser cotada como positiva, um desafio,
enquanto que para outros, essa mesma situao pode ser avaliada como negativa,
uma amea. Em ambas as avaliaes, o stress estar presente, com o
desencadeamento neuroendcrino e repercusses psicolgicas decorrentes.
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A Associao Americana de Hospitais define o Servio de Emergncia como
os servios existentes especificamente para atendimento de pacientes que buscam o
hospital, para tratamento de algumas afeces clnicas previamente diagnosticadas,
ou consideradas pelo paciente ou por seu representante, como exigindo assistncia
mdico-hospitalar imediata. 51
A Organizao Panamericana de Sade (OPAS) descreve o pronto socorro
como sendo uma unidade do hospital para a assistncia a pacientes externos,
destinada a prover servios mdicos requeridos com carter de urgncia, visando
prolongar a vida ou prevenir conseqncias crticas, os quais devem ser
proporcionados imediatamente.52
Os profissionais que atuam em unidades de atendimento de emergncia
devem ser capazes de tomar decises rpidas e precisas e capazes de distinguir as
prioridades, avaliando o paciente como um ser indivisvel, integrado e inter
relacionado em todas as suas funes.53 Alm disto, uma das caractersticas mais
marcantes do pronto socorro a dinmica intensa de atendimento, assim, agilidade
e a objetividade se tornam requisitos indispensveis aos profissionais, pois o
paciente grave no suporta demora na tomada de decises ou mesmo falhas de
conduta.54 Estas exigncias tornam-se tambm fontes de stress para os profissionais
destas unidades.
Os servios de emergncia existem para prestar assistncia e ser acessvel a
todos que necessitarem de cuidados especializados e imediatos, intervindo em
complicaes graves ou mesmo situaes que determinam a morte do indivduo. 55
A organizao da estrutura fsica dos servios de emergncia tambm podem
ser fontes de estressores para os profissionais que l atuam. Assim, o setor de
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emergncia deveria internamente possuir uma rea de recepo/administrao
para possibilitar a inscrio do paciente e a prestao de informao aos
acompanhantes e familiares. Dever-se-ia reservar dependncias fsicas para os
profissionais que ali trabalham, assim como para os acompanhantes, possibilitando
a imediata localizao dos usurios.60 Alm disto, segundo a ordem de prioridade
dos casos ou mesmo devido s especialidades dos servios, devem existir salas
destinadas ao atendimento da clientela. A primeira sala, preferencialmente deveria
est na entrada, devendo ser a sala de atendimento de emergncias ou sala de
parada equipada com aparelhagens e materiais de consumo utilizados no
atendimento de indivduos que necessitem de Ressuscitao Cardiopulmonar e
Cerebral RCPC e/ou politraumatizados. Posteriormente, dever-se-ia dispor de
locais que tivessem a funo de consultrios, salas de procedimentos (suturas,
gesso, medicaes e curativos) e de observao para pacientes em espera. 60 Esta
estrutura poder facilitar a atuao dos diversos profissionais que atuam em pronto
socorros e assim reduzir os estressores.
No Brasil, o fluxo de pacientes entre os servios de sade de diferentes graus
de complexidade (da rede bsica aos servios tercirios), tem estado invertido.
Assim, os servios de atendimento de emergncia (pronto socorros) passaram a ser
o principal local de triagem. Esta situao faz com que os pronto socorros estejam,
freqentemente, superlotados, sobrecarregando a equipe multidisciplinar destes
servios.
Diversos fatores de stress que podem afetar a equipe de servio de
emergncia foram identificados, dentre eles: problemas pessoais de ordem
emocional, afetando diretamente a comunicao e o desempenho do profissional; a
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ansiedade causada pela expectativa de um desempenho adequado; questes ticas;
stress do paciente e do familiar agravados pela alta demanda, impondo maior
habilidade do profissional para controlar a situao; condies de trabalho
inadequadas relacionadas ao ambiente, recursos materiais e tecnolgicos. 56
Batista55 ao estudar os estressores dos enfermeiros que atuavam em unidades
de emergncia do municpio de So Paulo e que atendiam pacientes de alta
complexidade, verificou que dos 73 enfermeiros que responderam ao questionrio
especfico para essa pesquisa, 27% apresentava nvel de stress estava acima do
desejvel (maior que 5,0), enquanto que para a maioria da amostra , o nvel de
stress pode ser considerado mdio ( entre 3,0 e 5,0). importante ressaltar que
aspectos da responsabilidade do enfermeiro, como atuar em situao de emergncia
e reconhecimento profissional, foram citados tanto como fatores que so positivos
quanto negativos no desempenho do papel do enfermeiro, dependendo da avaliao
realizada e,como foi anteriormente citado, podendo levar a repercusses e
manifestaes de stress. O stress entre indivduos que trabalham em unidades de
emergncia tem sido relacionado no apenas a depresso e a burnout mas tambm
doena de stress ps-traumtico (distrbio de ansiedade desenvolvido por eventos
traumticos). Este doena foi inicialmente observada em pessoas que
experienciaram diretamente um trauma, e atualmente vem sendo tambm descrita
em indivduos que testemunham eventos traumticos no local de trabalho.57
O nmero de publicaes referentes ao stress entre enfermeiros que atuam
pronto socorro bastante reduzido. Ao ser realizada reviso de algumas destas
publicaes 58-64 verificou-se que muitas vezes, o enfermeiro depara-se com uma
situao de alta complexidade no atendimento, onde os recursos materiais
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disponveis no esto compatveis com a dimenso da atuao requerida, sendo
mais um fator de stress
Deve-se ressaltar que o stress vivido pelo enfermeiro de pronto socorro no
est somente envolvido com os estressores negativos de sua atuao, visto que a
maior fonte de satisfao no trabalho do enfermeiro em emergncia concentra-se
no fato de que as suas intervenes auxiliam na manuteno da vida humana. 55
Walsh, Dolan e Lewis65, atravs do Inventrio de Burnout de Maslach
levantaram, dentre outros aspectos, alguns sentimentos (positivos e negativos)
vivenciados pelos enfermeiros atuantes em Pronto Socorro. Os sentimentos
positivos entre os participantes da pesquisa foram relatados em maior nmero do
que os negativos. Enquanto que cerca de 80% referiram se sentir calmos, lidando
adequadamente com os problemas dos pacientes, em torno de 50% relataram
desgaste e frustrao. Isto denota que mesmo com as condies de presso
impostas pelo trabalho em pronto socorro, a satisfao pode e deve estar presente.
Em emergncia uma particularidade que afeta a equipe, independente da
natureza de seu trabalho ser de assistncia direta ou indireta ao paciente, a
presso imposta pelo tempo para o atendimento, vindo a aumentar o desgaste fsico
e emocional dos profissionais. 54
As relaes pessoais nos pronto socorros so tambm descritas como
estressores. O enfermeiro por exercer um papel de alicerce na equipe, e com a
especializao em urgncias e emergncia, passou a exercer algumas funes
anteriormente executadas exclusivamente por mdicos. Isto tem exigido da equipe
habilidade e flexibilidade para trabalhar em equipe, respeitando as atribuies de
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cada um, e considerando que essas modificaes no minimizam a importncia de
nenhum dos grupos, mas representam benefcio a ambos e melhoria do servio. 66
As relaes interpessoais representam a principal dificuldade, no s da
equipe de enfermagem como de todos os profissionais do setor. O ambiente muitas
vezes conturbado devido demanda excessiva de pacientes, necessidades de
assistncia em tempo adequado, limitao de estrutura fsica, solicitaes de
pacientes e familiares que nesse momento esto sensveis e carentes de informaes
geram, freqentemente, ansiedade e expectativa tambm das equipes para a
soluo dos problemas, resultando em conflitos. 55
As ordens verbais caracterizam outro aspecto determinante de ansiedade
para a equipe de enfermagem, salvo em instituies onde haja protocolos de
atendimento. Situao comum nos atendimentos de emergncia nas situaes em
que o tempo escasso para que o profissional mdico prescreva em impresso
prprio. Isto demanda do profissional de enfermagem maior ateno e memria
para que apreenda as informaes corretamente, expondo-o a falhas. 54
O trabalho tambm tem sido correlacionado com aumento na quantidade de
secreo salivar de cortisol de atendentes de centros de resgate de emergncia.
Estudo caso-controle de Weibel, Gabrion, Aussedat e Kreutz67 realizado com uma
amostra de oito atendentes de centros de resgate de emergncia que estavam
durante dias normais de trabalho e oito sujeitos semelhantes aos casos e que
cederam amostras durante seu tempo de descanso. Deste indivduos foram
coletadas amostras de sangue de 9:00 s 19:00, durante um dia de trabalho aps
sete dias de descanso, sendo observado que independente da hora do dia, os que
estavam trabalhando mostraram: nveis de cortisol significantemente maiores;
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maior quantidade de secreo diurna de cortisol (0,345 nmol/L; Intervalo de
Confiana de 95% [IC] de 0,04 a 0,93 nmol/L), com aumento mdio durante o dia
de 22,9% quando comparados aos controles. Alm disso, entre os que estavam
trabalhando, a percepo subjetiva de stress emocional teve correlao positiva com
a concentrao diria total de cortisol (r=0,78; IC95%= 0,39 a 1). Os resultados
deste estudo sugerem que provavelmente hipersecreo de cortisol salivar foi
decorrente da execuo das tarefas laborais pelos atendentes de emergncias
mdicas. Este aumento pode resultar em efeitos danosos sade e as funes
cognitivas. Tais dados enfatizam a necessidade de identificar situaes estressantes
de trabalho, para que possa ser realizar melhorias organizacionais visando
minimizar o stress nessas situaes.
Ao contrrio da escassez de publicaes sobre burnout entre enfermeiros de
pronto socorro, as publicaes deste tema com mdicos so menos escassez. Nestes
estudos verificou-se que 60% dos mdicos de Pronto Socorro mostraram nveis de
burnout moderados a altos.68 Em um estudo canadense com 248 mdicos, Lloyd et
al 69 observaram que trabalhadores de Pronto Socorro tinham significativamente
maiores pontuaes de burnout do que aqueles trabalhando em outras
especialidade mdicas. Inversamente ao observado neste estudo, Mitchell et al 70 ao
avaliarem pontuaes de burnout em uma amostra de 66 internos, verificaram
similaridade com a populao geral. Alm disto, a pontuao no variou de acordo
com a especialidade.
Alguns autores sugerem que a causa do burnout pode estar no ambiente de
pronto socorro mais do que qualquer processo de seleo natural. 70
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Um estudo realizado por Walsh, Dolan e Lewis65 notou que os mdicos de
Pronto Socorro relataram que conhecer onde os limites e o que era esperado deles
foi o fator primrio no aumento da satisfao profissional, seguido por bom
trabalho em equipe. Provavelmente, estes fatores poderiam amenizar o stress entre
os profissionais que atuam nestes servios. Alm disto, no seria surpreendente
obter descobertas similares com uma amostra de enfermeiros.
O nvel de burnout em equipe de enfermagem de Pronto Socorro sujeito a
muita especulao, mas evidncia concreta de sua extenso verdadeira no foi
identificada. Pode-se apenas esboar paralelos com equipe mdica trabalhando
neste ambiente e equipe de enfermagem em outras reas de cuidado crtico. Analise
das causas provveis e mecanismos possveis de enfrentamento podem subsidiar
estratgias para evitar o problema.
Um outro conceito dentro do estudo de stress a de DSPT ( Desordem de
Stress Ps Traumtico). A Associao Psiquitrica Americana71 define DSPT como
uma srie tpica de reaes que se manifestam aps a pessoa ter tido contato com
fatos e experincias fora da normalidade humana, que seriam seriamente
agonizantes ou desesperadoras para quase qualquer um.
O stress caso evolua para DSPT pode incorrer em enormes implicaes
financeiras, pelos custos das faltas por motivo de doena. Reaes no planejadas
aos fatores estressantes podem levar a baixa auto-estima, e tambm a um aumento
nos erros clnicos e nos nveis de adoecimento e turnover (taxa de substituio) de
funcionrios. 70
Funcionrios que sofrem de stress por ocorrncias graves respondem
positivamente interveno precoce e apoio de equipes de ajuda (ajuda de amigos,
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profissionais). Quando os esforos para apoiar os funcionrios so limitados,
atrasados ou no existentes, uma reao traumtica de stress pode se tornar DSPT.
E mais, organizaes tm responsabilidades legais para com os funcionrios para
assegurar sua sade mental.72
A ocorrncia do stress pode ter conseqncias desagradveis para os
indivduos. Um estudo realizado com enfermeiros mostrou que uma das principais
razes para os o abandono dos seus empregos seria para reduzir os prprios nveis
de stress. 73 Pesquisas mais recentes feitas por Walsh et al 65 identificaram
problemas na contratao dos funcionrios, por questes relacionadas aos
pacientes, por agresses fsicas e verbais, e presses no trabalho como os trs fatos
mais estressantes no trabalho de PS.
A utilizao de estratgias de enfrentamento mais adaptativas, a rede de
apoio social e o bom relacionamento na equipe poderiam auxiliar na reduo do
stress. Pesquisa desenvolvida por Ceslowitz74 utilizando o Inventrio de Burnout de
Maslach (MBI) demonstrou que enfermeiros que tinham altas pontuaes de
burnout utilizavam estratgias paliativas de enfrentamento, deixando seus
problemas fundamentais intocados; enquanto que os enfermeiros com pontuaes
menores tendiam a utilizar estratgias de enfrentamento direto que tratava de seus
problemas e tinham boas redes de apoio social de equipe.
Heyworth et al 75 mostraram que bom trabalho em equipe e bons
relacionamentos interpessoais eram dois dos principais fatores que profissionais,
com maior tempo de atuao em Pronto Socorro, relataram como fundamental para
aumentar a satisfao profissional. Benner, Wrubel76 tambm enfatizaram que um
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modo de sair da armadilha de burnout ajudar o enfermeiro a restabelecer
relacionamentos interpessoais significantes com colegas e outros.
Anlise das provveis causas de burnout e possveis mecanismos de
enfrentamento pode oferecer modos de evitar o problema em Pronto Socorro. Isto
requer que os funcionrios cuidem uns dos outros, assim como dos seus pacientes,
visando reduzir fontes desnecessrias de stress dentro do local de trabalho. Bom
trabalho em equipe essencial, e o gerenciamento deve investir na construo de
equipe enquanto refora canais claros de comunicao e evita ambigidades
relativas a execuo dos papis. As redes de apoio de equipe so essenciais, seja pela
abordagem formalizada da superviso clinica ou outras atividades mais informais.65
H evidncias considerveis para se sugerir que programas de auxlio
psicolgico (incluindo relato de atendimento/ reflexes sobre o aprendizado) so
benficos e ajudam os funcionrios a voltarem ao trabalho.77 Uma pesquisa no
Pronto Socorro de Southhampton78 recomendou que se formalizesse a reflexo
sobre o ocorrido, como rotina logo aps as ocorrncias de ressuscitaes que
necessitassem da equipe de trauma ou da equipe de ressuscitao.
Os programas para a reduo do stress dos profissionais que atuam em
pronto socorro deveriam incluir mais que uma estratgia. Segundo Mitchell 70
hospitais que se dispe a enfrentar o stress traumtico em seus pronto socorros
usando uma nica e focada estratgia, como o desenvolvimento de apenas um
programa educacional, esto condenados ao fracasso.
Scullion79 realizou um estudo com a finalidade de explorar a experincia de
aprendizes dentro de um departamento de emergncia. Partiu-se de questes
relativas aos estressores associados com atendimento de emergncias, e da
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indagao de que se a experincia de stress era semelhante entre diferentes grupos
de alunos. Dentre os estressores identificados, fossem experimentados ou
simplesmente antecipados pelos participantes, a morte de uma criana foi avaliada
como o mais estressante pela maioria da amostra e pelos grupos separadamente.
Interessante notar que os cinco itens mais estressantes foram todos relacionados ao
tipo de trabalho ligado enfermagem no atendimento de emergncia e incluram:
morte de uma criana, conversar com parentes sobre a morte, situaes de
emergncia, pacientes em estado crtico e violncia. Isto alimenta a idia de que a
atuao da enfermagem em atendimento de emergncia inerentemente
estressante.
Considera-se importante que o enfermeiro de pronto socorro reconhea os
fatores estressantes do seu ambiente de trabalho, bem como as interferncias dos
mesmos no processo sade-doena, e que, ao invs de ignorar ou subjulgar o stress,
ele analise-o de forma objetiva, tentando, atravs de uma viso crtica da situao,
encontrar solues que possam amenizar o stress sentido pelo grupo.
Baseado nos trabalhos realizados at o momento, e conhecendo-se a
grandiosidade e diferenas na atuao do enfermeiro, na estrutura fsica e de
pessoal entre as diversas regies brasileiras, surge a questo de pesquisa: ser que
h diferena no reconhecimento de estressores entre os enfermeiros hospitalares,
atuantes em pronto socorro, nas diversas regies geogrficas brasileiras?
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3. OBJETIVOS
O presente estudo tem como objetivos:
Traar o perfil demogrfico dos enfermeiros atuantes em Pronto Socorro nas
cinco regies brasileiras;
Identificar os estressores presentes na atuao destes enfermeiros;
Verificar associaes entre dados sociodemogrficos e os estressores dos
enfermeiros de Pronto Socorro dentre as cinco regies brasileiras.
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4. CASUSTICA E MTODO
4.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descreve a condio de
stress entre enfermeiros que trabalham na rea de pronto socorro e algumas
relaes entre variveis de caracterizao demogrfica e de regionalizao de
trabalho.
4.2 Amostra
A amostra do estudo foi constituda por 143 enfermeiros, tendo sido extrada a
partir do banco de dados da pesquisa intitulada Stress entre enfermeiros
brasileiros.80
Este banco era constitudo por dados coletados de amostra representativa de
enfermeiros atuantes em instituies hospitalares de alta complexidade , que
estavam registradas no Ministrio da Sade81 no ano de 2003.
Os procedimentos adotados para a coleta de dados da amostra deste estudo
foram os seguintes:
Conceitua-se como hospitais de alta complexidade aqueles que oferecem atendimento especializado em neurologia,
cardiologia e ortopedia, alm de possuir indicador de servio especializado em urgncia e emergncia; 82
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1. Realizou-se um levantamento no banco de dados do Ministrio da Sade81,
para quantificar os hospitais de alta complexidade, que continham mais que
50 leitos, e verificar em qual das cinco regies brasileiras (norte, nordeste,
centro-oeste, sul e sudeste) estavam localizados. O nmero total de hospitais
identificados foi 409.
2. Foram enviadas carta convite destinadas Gerncia de Enfermagem (Anexo
A), questionando sobre o interesse em participar do estudo, e carta aos
enfermeiros (Anexo B) convidando-os a participar e explicando sobre a
pesquisa. Dos 409 hospitais abordados, apenas 81 consentiram em participar
do estudo, totalizando 5474 enfermeiros;
3. O termo de responsabilidade (Anexo C), e os instrumentos de coleta de
dados para avaliao do nvel de stress e de caractersticas scio-
demogrficas (Anexo D) foram enviados para cada um dos 81 hospitais para
que fossem entregues a cada um dos 5474 enfermeiros. Tais instrumentos
estavam acompanhados de envelope pr-franquiado, objetivando a
devoluo sem gerar nus ao participante da pesquisa;
4. Do total de 1445 questionrios devolvidos, foram includos apenas os
totalmente preenchidos. Estes perfizeram um total de 1335 questionrios.
Destes, 143 foram preenchidos por enfermeiros atuantes em unidades de
Pronto Socorro, os quais foram includos no presente estudo.
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4.3 Instrumentos
4.3.1 Instrumento
A coleta dos dados do presente estudo foi realizada aps assinatura do termo
de responsabilidade (Anexo D) e com utilizao de apenas um instrumento que
continha duas partes:
PARTE I: visava levantar dados sociodemogrficos, tais como o sexo,
faixa etria, cargo ocupado, unidade de trabalho, tempo de formado, se
realizou ps-graduao e o tempo de trabalho na unidade.
PARTE II: foi utilizado um questionrio padro para levantamento dos
estressores provenientes de algumas atividades realizadas pelo
enfermeiro hospitalar em unidades de emergncia. Este questionrio
denominado de Escala Bianchi de Stress (EBS), e foi validado por
Bianchi 14. O instrumento como um todo apresentou um alfa de
Cronbach de 0,8595 , e para cada rea do instrumento,os coeficientes
variaram de 0,7305 a 0,9419, atestando a confiabilidade do
instrumento.
A Escala Bianchi de Stress um instrumento de auto-preenchimento,
constitudo por 51 questes com respostas em escala tipo Likert variando de 1
pouco desgastante a 7 altamente desgastante, sendo 4 o valor mdio. O valor
zero deveria ser assinalado apenas quando o enfermeiro no realizasse a atividade
avaliada.
Os 51 itens so organizados em 6 reas de classificao dos estressores,
conforme Figura 1.
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Figura 1. Distribuio dos itens da EBS segundo rea de classificao dos
estressores.
rea AtividadesA relacionamento com outrasunidades e supervisores
40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 50, 51
B atividades relacionadas aofuncionamento adequado da unidade
1, 2, 3, 4, 5, 6
C - atividades relacionadas administrao de pessoal
7, 8, 9, 12, 13, 14
D assistncia de enfermagem prestadaao paciente
16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26,27, 28, 29, 30
E coordenao das atividades daunidade
10, 11, 15, 31, 32, 38, 39, 47
F condies de trabalho para odesempenho das atividades doenfermeiro
33, 34, 35, 36, 37, 48, 49
A EBS permite calcular o escore total e por rea de cada um dos enfermeiros.
O escore total calculado a partir da soma dos valores atribudos a cada um
dos 51 itens, sendo subtrada a quantidade total de itens assinalados por zero (no
se aplica) e divididos pelos itens efetivamente respondidos, conforme a frmula
apresentada abaixo:
ESCORE TOTAL (ET) = (item 1+ item 2... + item 51) / n de itens com
resposta diferente de zero.
O escore parcial por rea calculado com a mesma frmula utilizada para
clculo do escore total. Entretanto, ao calcular o escore por rea, soma-se apenas os
itens pertencentes rea, sendo subtrados os itens da rea com resposta igual a
zero, e dividido pelo total de itens da rea com resposta diferente de zero.
Os escores total e parcial por rea aps serem calculados so classificados em
nveis de stress, segundo as categorias abaixo apresentadas:
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Menor igual a 3,0 = baixo nvel de stress;
Entre 3,1 a 4,0 = mdio nvel de stress;
Entre 4,1 a 5,9 = alerta para alto nvel de stress;
Maior igual a 6,0= alto nvel de stress.
4.4 Aspectos ticos
Para respeitar o anonimato e o livre arbtrio do enfermeiro, foi encaminhada
uma carta, junto com o questionrio, com a descrio da pesquisa e o termo de
responsabilidade.
O retorno do questionrio preenchido implicou na aceitao da sua livre
participao. O enfermeiro que quisesse parar o preenchimento ou desistir de sua
participao teria o livre arbtrio, ficando somente estabelecido que o mesmo
deveria no-preencher o questionrio e no enviar autora da pesquisa. Mesmo
que enviasse o questionrio incompleto ou em branco, sua participao seria
desconsiderada.
No houve riscos para o enfermeiro no preenchimento do questionrio, pois
foi uma avaliao individual e subjetiva. Alm disto, foi assegurado aos enfermeiros
e instituies, que no seriam divulgados dados individuais ou das unidades que
possibilitassem ou facilitassem a identificao do respondente.
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4.5 Tratamento e Anlise dos dados
Os dados foram armazenados e analisados utilizando o programa SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) verso 12.083, estabelecendo-se as
anlises descritivas e inferenciais pertinentes ao estudo.
As anlises realizadas foram:
4.5.1 Descritivas: freqncia, mdia, desvio-padro, mediana, mnimo,
mximo;
4.5.2 Avaliao da adeso das variveis distribuio normal: o teste
de KolmogorovSmirnov foi utilizado para testar a hiptese de normalidade na
distribuio. Valores de p-valor maiores que 0,05 indicam que a varivel tem
adeso distribuio normal .Costa-Neto84
4.5.3 Comparao de mdias entre grupos: a comparao foi realizada
considerando a adeso das variveis distribuio normal. Assim:
Se a varivel apresentasse adeso distribuio normal:
o Teste de t-student: para comparar dois grupos independentes.
o Teste Anlise de varincia ANOVA: para comparar mais que dois
grupos independentes e dependentes (medidas repetidas).
Se a varivel no apresentasse adeso distribuio normal:
o Teste de Mann-Whitney: para comparar dois grupos
independentes.
o Teste de Kruskall-Wallis: para comparar mais que dois grupos
independentes.
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As anlises comparando mais que dois grupos cujo p-valor do teste fosse
significativo (p < 0,05), foi realizada uma anlise de mltiplas comparaes, atravs
do mtodo de Bonferroni ou Turkey-USD, com a finalidade de determinar entre
quais pares de grupos situava-se a diferena.
4.5.4 Correlao entre variveis: foi utilizada para estudar a magnitude da
correlao entre duas variveis quantitativas. Se a varivel tivesse distribuio
normal foi calculado o coeficiente de correlao de Pearson. Mas se no tivesse
adeso a normal, foi utilizado o coeficiente de correlao de Spearman.
A magnitude das correlaes foram classificadas em Levin, Fox85:
Fraca= < 0,4.
Moderada= 0,4 a 0,6.
Forte= > 0,6.
Os resultados foram considerados estatisticamente significantes se p-
valor
5. RESULTADOS
5.1 Caracterizao scio-demogrfica
A amostra do estudo foi constituda por 143 enfermeiros atuantes em pronto
socorro e provenientes das cinco regies brasileiras. Predominantemente eram do
sexo feminino (90,9%), com faixa etria abaixo de 40 anos (71,1%), e atuava como
enfermeiro assistencial (82,5%) (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuio dos enfermeiros segundo caractersticas sociodemogrficas.
Total (143)VariveisN %
SexoFeminino 130 90,9Masculino 13 9,1Total 143 100,0Faixa Etria20 a 30 anos 46 32,431 a 40 anos 55 38,741 a 50 anos 34 23,9> 50 anos 7 4,9Total 142 100,0Cargo AtualEnfermeiro assistencial 118 82,5Chefe/lder 11 7,7Diretor/gerente/supervisor 14 9,8Total
143 100,0
Tempo de Formado=16 anos 34 23,8Total 143 100,0Fez ps-graduao
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No 38 26,8Sim 104 73,2Total 142 100,0Regies do BrasilNorte 7 4,9Nordeste 42 29,4Centro-Oeste 12 8,4Sudeste 66 46,2Sul 16 11,2Total 143 100,0Tempo de Trabalho(meses)1
Mdia (dp) 66,17(70,31)Mediana 36,0Min.- Max. 1 a 324Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor)
2,43 (0,001)
Notas: dp= desvio-padro; 1 no tem distribuio normal.
Os enfermeiros aos serem agrupados em relao a faixas etrias, observou-se
que que 38,7% dos enfermeiros tinham entre 31 a 40 anos.
Mais que um tero dos enfermeiros estavam graduados de 2 a 5 anos,
seguidos pelos com mais de 16 anos e de 6 a 10 anos (Tabela 1). Outro dado
interessante o fato desta populao apresentar 97,9% de indivduos com ps-
graduao lato sensu, e 2,1% com ps-graduao strictu sensu.
Quanto ao cargo ocupado, os dados demonstram que 82,5% dos enfermeiros
ocupam cargos assistenciais, o que era de se esperar, visto que o Pronto Socorro
trata-se de um local onde a assistncia direta faz-se essencial. O tempo de trabalho,
na unidade de Pronto Socorro obteve uma mediana de 36 meses, o que demonstra
que a maioria da amostra atuava em unidade de Pronto Socorro h
aproximadamente trs anos.
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Quase metade (46,2%) dos enfermeiros participantes deste estudo, atuava em
instituies da regio sudeste. Isto ocorreu pois, havia um maior nmero de
hospitais de alta complexidade na regio sudeste, embora, segundo dados
obtidos junto ao Ministrio da Sade81 (jul/2003), a rede hospitalar brasileira
estava constituda por 5864 hospitais, sendo que 8% estavam na regio Norte;
34,5% na regio Nordeste; 28,5% na regio Sudeste; 17,9% na regio Sul e 11,1%
na regio Centro-oeste.
O maior percentual de enfermeiros provenientes da regio Sudeste tambm
poderia ser decorrente do elevado nmero de enfermeiros nesta regio. Segundo o
Conselho Federal de Enfermagem86 em dezembro de 2005 havia no Brasil um total
de 122.239 enfermeiros inscritos junto ao Conselho. Desse total, 5,46% trabalhavam
na regio Norte (N); 21,2% na regio Nordeste (NE); 49,5% na regio Sudeste (SE);
16,44% na regio Sul (S), e 7,34% na regio Centro Oeste (CO).
Ao ser comparada a distribuio percentual entre nmero de hospitais por
regio e enfermeiros inscritos, verifica-se que a regio SE e NE detm o maior
contingente de hospitais e enfermeiros, sendo que a regio SE tem maior nmero
de enfermeiros do que a regio NE, e o inverso ocorre com a quantidade de
hospitais. Isto quer dizer que pode existir um maior acmulo de atividades para os
enfermeiros da regio NE, pois tm maior nmero de hospitais, mas uma
quantidade menor de enfermeiros.
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5.2 Avaliao do nvel de stress entre enfermeiros de Pronto Socorro:
Os enfermeiros, segundo nvel de stress, estavam praticamente com
distribuio semelhante entre o nvel mdio e alerta para alto nvel (Tabela 2). Estes
resultados sugeriram que talvez essa populao possa ter sofrido uma transio
entre mdio nvel e alerta para um alto nvel de stress, visto que ambas populaes
apresentam nmero e percentual semelhante de indivduos .
Tabela 2. Caracterizao dos enfermeiros segundo stress total e por reas.
Total (143)Variveis Nmero PercentualNvel de StressBaixo nvel 39 27,3Mdio nvel 54 37,8Alerta para alto nvel 48 33,6Alto nvel 2 1,4Total 143 100,0Stress (escore total)1Mdia (dp) 3,62 (0,99)Mediana 3,69Min.- Max. 1,08 a 6,33Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,59 (0,87)
Relacionamentos com outrasunidades e supervisores (reaA) 1Mdia (dp) 3,05 (1,34)Mediana 2,73Min.- Max. 1,00 a 7,00Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 1,13 (0,16)
Atividades relacionadas aofuncionamento adequado daunidade (rea B) 1Mdia (dp) 3,23 (1,52)
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Mediana 3,17Min.- Max. 1,00 a 7,00Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,84 (0,48)
Atividades relacionadas administrao de pessoal (reaC) 1Mdia (dp) 3,86 (1,32)Mediana 4,00Min.- Max. 1,00 a 7,00Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,64 (0,81)
Assistncia de Enfermagemprestada ao pacientes (rea D) 1Mdia (dp) 3,68 (1,24)Mediana 3,78Min.- Max. 1,00 a 6,60Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,52 (0,95)
Coordenao das atividades daunidade (rea E)1Mdia (dp) 3,82 (1,29)Mediana 3,71Min.- Max. 1,00 a 7,00Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,75 (0,62)
Condies de trabalho para odesempenho dasatividades do Enfermeiro (reaF) 1Mdia (dp) 4,02 (1,28)Mediana 4,00Min.- Max. 1,00 a 7,00Teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor) 0,53 (0,94)
Notas: dp= desvio-padro;mn.= mnimo; max.= mximo; 1tem adeso
distribuio normal.
Ao ser analisado o escore parcial por rea, verificou-se que, com exceo da
rea A (relacionamento com outras unidades e supervisores), as atividades
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pertencentes a cada uma das reas englobadas neste estudo demonstraram de
maneira geral proporcionar aos enfermeiros de Pronto Socorro um nvel mdio de
stress, como pode ser observado pelos valores da mediana de cada uma destas reas
(Tabela 2 e Grfico 1).
Grfico 1. Mdia das reas de stress.
3,053,33
3,883,62 3,8
3,94
00,5
11,5
22,5
33,5
4
Esco re
A B C D E F
re a s
E sc o re to ta l d e ca d a re a
O grfico 1 engloba o escore total de stress atribudo pelos enfermeiros a
cada rea de atividades. Podese observar que a rea que demonstrou o maior nvel
de stress foi a rea F (Condies de trabalho para o desempenho do enfermeiro)
com um escore de 3,94, seguida da rea C (Atividades relacionadas administrao
de pessoal) com um escore de 3,88; rea E ( Coordenao das atividades da
unidade) com um escore de 3,8; rea D ( Assistncia de enfermagem prestada ao
paciente) com escore de 3,62; rea B (Atividades relacionadas ao funcionamento
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adequado da unidade) com escore de 3,33 e rea A (Relacionamento com outras
unidades e supervisores) com escore de 3,05.
Ao se comparar descritivamente os escores obtidos em cada rea de estudo,
tem-se que, em ordem decrescente : F>C>E>D>B>A. Isto significa que para os
enfermeiros respondentes, as condies de trabalho contribuem em maior
montante para a ocorrncia de stress em sua atuao profissional, visto que para
esta rea foi atribudo, em mdia, maior valor.
Grfico 2. Escore das atividades mais estressantes.
4,454,09
4,464 4,08
4,914,33
5,06 4,9 4,784,25 4,53 4,58
5,06
0
1
2
3
4
5
6
Escore
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Atividades
Escore Atividades mais estressantes
A partir da observao do Grfico 2 verificou-se que ao analisar cada uma das
atividades, independente da rea a qual pertencia, as que obtiveram um nvel de
stress acima de 4,0 (alerta para alto nvel de stress), considerados como as mais
estressantes, foram:
7 Controlar a equipe de enfermagem (4,45) rea C
7 9 10 14 15 21 27 28 29 30 36 37 48 49
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9 Supervisionar as atividades da equipe (4,09) - rea C
10 Controlar a qualidade do cuidado (4,46) rea E
14 Elaborar escala mensal de funcionrios (4,0) - rea C
15 Elaborar relatrio mensal da unidade (4,08) rea E
21 Atender as necessidades dos familiares (4,91) rea D
27 Atender as emergncias da unidade (4,33) rea D
28 Atender aos familiares de pacientes crticos (5,06) rea D
29 Enfrentar a morte do paciente (4,90) rea D
30 Orientar familiares de paciente critico (4,78) rea D
36 O ambiente fsico da unidade (4,25) rea F
37 Nvel de barulho na unidade (4,53) rea F
48 Realizar atividades burocrticas (4,58) rea F
49 Realizar tarefas com tempo mnimo disponvel (5,06) rea F
Pelos dados apresentados, deve-se ressaltar que embora o escore mdio de
stress obtido na avaliao por rea seja considerado de nvel mdio, entre 3,05 a
3,94, depara-se com atividades em alerta para alto nvel de stress, com escore
acima de 4,0. Destaca-se o atendimento aos familiares de pacientes crticos e
realizar atendimento com tempo mnimo pois uma realidade constane na
atuao do enfermeiro de PS e que foram avaliados como estressores fortes, com
escore de 5,06.
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5.3 Nvel de stress
Ao ser comparado o escore total de stress dos enfermeiros segundo as
caractersticas scio demogrficas verificou-se que a populao feminina
apresentou maior nvel de stress (3,65) que a populao masculina (3,23),
embora no tenha sido uma diferena estatisticamente significativa (Tabela 3).
Tabela 3. Comparao das mdias do escore total de stress.
Escore de stressVariveis
Mdia dp
Valor do
teste P-valor
Sexo 1,47 0,14
Feminino 3,65 0,96
Masculino 3,23 1,23
Faixa Etria 1,25 0,29
20 a 30 anos 3,47 1,10
31 a 40 anos 3,70 0,92
41 a 50 anos 3,73 0,89
> 50 anos 3,11 1,00
Cargo Atual 4,88 0,01
Enfermeiro assistencial 3,51 0,95
Chefe/lder/coordenador/enc
arregado4,41 1,05
Diretor/gerente/supervisor 3,86 1,03
Tempo de Formado 1,27 0,29
>=16 anos 3,68 1,01
Fez ps-graduao 0,53 0,74
No 3,65 1,10
Sim 3,59 0,95
Regies do Brasil 2,00 0,98
Norte 4,09 1,19
Nordeste 3,35 1,04
Centro-Oeste 4,07 0,93
Sudeste 3,68 0,95
Sul 3,49 0,88
Notas: diferena significativa entre as mdias dos grupos.
A faixa etria que apresentou maior nvel de stress foi entre 41 a 50 anos,
com um escore de mdio de 3,73, indicando mdio nvel de stress. Entretanto,
verificou-se que embora tenham sido observadas diferenas entre as mdias das
quatro faixas, os enfermeiros independente da faixa etria apresentaram mdio
nvel de stress, visto que as mdias entre os grupos no diferiram
significativamente.
Com relao ao tempo de formado, os enfermeiros com 11 a 15 anos de formao
mostraram maior nvel de stress, com um escore de 3,88.
Os enfermeiros sem ps-graduao obtiveram escore de 3,65, contra um
escore de 3,59 daqueles que possuam alguma ps-graduao, no entanto no houve
diferena estatisticamente significativa.
Esta comparao demonstrou que os enfermeiros da regio norte foram os que
apresentaram o nvel mais elevado de stress (4,09), seguidos pelos enfermeiros
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das regies centro-oeste ( 4,07); sudeste (3,68); sul (3,49) e nordeste (3,35), com
ausncia de diferena estatisticamente significativa.
A nica caracterstica que determinou diferena significativa no escore total
de stress foi o cargo ocupado. Os enfermeiros que tinham cargo de chefia/gerncia e
de diretoria apresentaram maior escore (4,41) de stress que os demais(p=0,01). Ao
ser realizada a anlise de correo com o teste de Bonferroni verificou-se que
apenas os indivduos cargo de chefia/gerencia apresentaram significativamente
maiores mdias que as demais (p=0,01). Ou seja, embora a mdia do assistencial
fosse aparentemente inferior a do diretor esta diferena no foi significativa.
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5.4 Comparao das mdias do Relacionamento com outras unidades e
supervisores (rea A):
Grfico 3 . Escore das atividades da rea A.
3,2
2,86 2,89
3,1 3,063,02
2,95 2,95
3,42
2,52,62,72,82,9
33,13,23,33,43,5
Escore
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Atividades
Escore Atividades rea A
Os resultados apresentados neste grfico 3 demonstram que as atividades
englobadas na rea A relacionamento com outras unidades e supervisores, esto
praticamente a margem do nvel de stress considerado mdio, sugerindo que esta
rea de atuao no foi estressante para os enfermeiros participantes deste estudo.
As trs atividades que obtiveram os maiores escores foram : 51 comunicao
com a administrao superior (3,42); 40 relacionamento com outras unidades
(3,2); e 43 relacionamento com almoxarifado (3,1).
40 41 42 43 44 45 46 50 51
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Tabela 4. Comparao das mdias do escore de stress da rea A.
Escore da rea AVariveisMdia dp
Valor do testeP-valor
Sexo 0,44 0,65Feminino 3,05 1,32Masculino 2,88 1,60Faixa Etria 0,39 0,7620 a 30 anos 2,92 1,3731 a 40 anos 3,13 1,2841 a 50 anos 3,03 1,36> 50 anos 2,64 1,24Cargo Atual 5,54 0,005Enfermeiro assistencial 2,88 1,29Chefe/lder/coordenador/encarregado
4,16 1,26
Diretor/gerente/supervisor 3,52 1,41Tempo de Formado 0,53 0,71=16 anosFez ps-graduao -0,4 0,97No 3,01 1,40Sim 3,02 1,32Regies do Brasil 2,02 0,09Norte 3,51 1,63Nordeste 2,62 1,12Centro-Oeste 3,64 1,41Sudeste 3,07 1,35Sul 3,30 1,49
Notas: diferena significativa entre as mdias dos grupos.
Ao serem avaliados os valores encontrados para os enfermeiros na rea A
(Relacionamento com outras unidades e supervisores) em relao aos dados scio-
demogrficos desta amostra, observa-se que a populao feminina novamente
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demonstra maior nvel de stress (3,05) comparada populao masculina (2,88); a
faixa etria compreendida entre 31 a 40 anos apresentou o maior escore de stress
(3,13). Entretanto as diferenas entre os grupos no foi significativa.
Com relao ao tempo de formado os enfermeiros com 2 a 5 anos de
formao apresentaram-se com maior nvel de stress, com um escore de 3,24. Ter a
ps-graduao no contribuiu para aumentar ou reduzir o nvel des stress, o que
pode ser verificado pelo fato de no haver diferena significativa entre os que
realizaram e os que no realizaram. A regio com maior nvel de stress foi a regio
centro-oeste (3,64), seguida das regies norte (3,51), sul (3,30), sudeste (3,07) e
nordeste (2,62). Entretanto, estas diferenas no foram estatisticamente
significativas
Os enfermeiros que tinham cargo de chefia/gerncia e de diretoria
apresentaram significativamente maior escore de stress (4,16) que os assistenciais
e os diretores. Embora os com cargo de diretor tenham tambm apresentado escore
superior ao dos assistenciais, ao ser realizada a anlise de correo com o teste de
Bonferroni, identificou-se que apenas os indivduos com cargo de chefia/gerncia
apresentaram significativamente maiores mdias que demais (p=0,005).
Esses resultados podem ser atribudos atuao do enfermeiro de gerncia
que fica atribulado com as atividades de coordenao da assistncia prestada, no
vivenciando as dificuldades tpicas que podem ser desenvolvidas no relacionamento
interpessoal no cotidiano do PS.
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5.5 Comparao das mdias das Atividades relacionadas ao
funcionamento adequado da unidade (rea B):
Grfico 4 . Escore das atividades da rea B.
2,622,97
3,58 3,84 3,56 3,42
00,5
11,5
22,5
33,5
4
Escore
1 2 3 4 5 6
Atividades
Escore Atividades rea B
A partir do grfico 4 verificou-se que as atividades englobadas na rea B
atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade poderiam ser
consideradas de baixo a mdio nvel de stress. As trs atividades relatadas como
mais estressantes foram: 4- controle de equipamentos (3,84), 3-controle de
material usado (3,58) e 5- solicitao de reviso e conserto de equipamentos (3,56).
Ao serem comparados os escores da rea B os resultados verificados so
semelhantes aos das demais reas. A populao masculina demonstrou maior nvel
de stress (3,41) comparada populao feminina (3,21) e a faixa etria
compreendida entre 31 a 40 anos apresentou um maior escore (3,41) (Tabela 5).
1 2 3 4 5 6
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Tabela 5. Comparao das mdias do escore de stress da rea B.
Escore da rea BVariveis
Mdia dpValor doteste P-
valorSexo -0,44 0,66Feminino 3,21 1,52Masculino 3,41 1,56Faixa Etria 0,44 0,7220 a 30 anos 3,09 1,7131 a 40 anos 3,41 1,5441 a 50 anos 3,17 1,37> 50 anos 3,04 0,88Cargo Atual 1,88 0,16Enfermeiro assistencial 3,17 1,48Chefe/lder/coordenador/encarregado
4,08 1,82
Diretor/gerente/supervisor 3,09 1,53Tempo de Formado 0,64 0,52=16 anos 3,30 1,41Fez ps-graduao 1,31 0,19No 3,50 1,36Sim 3,12 1,58Regies do Brasil 2,11 0,08Norte 3,9