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 DISCIPLINA SEMIPRESENCIAL ——————————————————————  Sociologia Organizacional ———————————————————— Tânia Pereira da Gama e Paula ———————————————————— Módulo I 

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DISCIPLINA SEMIPRESENCIAL

—————————————————————— 

SociologiaOrganizacional

————————————————————Tânia Pereira da Gama e Paula

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Módulo I 

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Professora: Tânia Pereira da Gama e Paula

Disciplina: Sociologia OrganizacionalCarga Horária: 60 ha

SUMÁRIOMensagem ao aluno:

Contextualização da disciplina

A sociologia como ciência 

1.1 – O contexto histórico e cultural do surgimento da Sociologia 

1.2 – As principais correntes do pensamento sociológico 

1.3 – A Sociologia do Trabalho – A Era da Industrialização e da Automação 

1.4 – O estudo científico da organização do trabalho – Elton Mayo 

MÓDULO I

Mensagem ao aluno:

Prezado aluno, você está recebendo o primeiro módulo da disciplina de Sociologia Organizacional, com osrespectivos exercícios de revisão do conteúdo. Em breve estaremos enviando os demais. Bom estudo. Dedique-se,esforce-se, pois só conquistamos ao que almejamos com persistência e sabedoria.“Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.Cora Coralina.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA

Profissionais das mais diversas áreas desconhecem a utilidade da Sociologia, pois a sociedade 

tem características que precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam  tenham sucesso. 

Não existe, portanto, nenhum setor da vida onde os conhecimentos sociológicos não sejam de ampla 

utilidade. E essa certeza perpassa hoje toda a linguagem dos meios de comunicação e toda a atuação 

profissional 

das 

pessoas 

e, 

é 

por 

isso 

que 

Sociologia 

faz 

parte 

dos 

programas 

universitários 

que 

preparam os mais diversos profissionais. 

Hoje afirmamos que: a Sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas 

por sua abordagem, isto é, pela forma com que pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais. 

Dizer que “o objeto da Sociologia é a sociedade” é dar ao cientista social um objeto sem limites 

precisos,  amplos  demais  para  que  ele  possa  dar  conta.  Tudo  que  existe,  desde  que  o  homem  se 

reconhece como tal, existe em sociedade. Portanto, não é por fazer parte da sociedade, ou de um meio 

social que um fato se torna objeto de pesquisa sociológica. Um acontecimento ou um comportamento 

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é sociológico quando sobre ele se debruça o sociólogo, tentando entende‐lo nos aspectos que dizem 

respeito às relações entre os homens e às raízes de seu comportamento. 

Os  conhecimentos  sociológicos  tentam  explicar  as  relações  entre acontecimentos  complexos e 

diferenciados, unindo fenômenos aparentemente dissociados, permite ao homem transpor as limites 

de sua condição particular para percebê‐lo como arte de uma  totalidade mais ampla, que é o  todo 

social. Isso faz da Sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, 

mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si. 

A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 

1‐O CONTEXTO HISTÓRICO DO APARECIMENTO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO 

O pensamento  sociológico  se  inaugura no  século XIX,  entre outras  coisas,  como produto das 

novas concepções do pensamento científico moderno que se consolidara no século XVIII, quando: 

“Surgiram às  primeiras  tentativas de explicar o comportamento humano  pelas situações de existência e 

 formou‐se a convicção de que os  fenômenos sociais variam não  porque sejam sujeitos ao arbítrio dos indivíduos, 

mas  porque  são  regulados  por  uma  ordem  manente  às  relações  deles  entre  si,  a  qual  é   variável  de  uma 

sociedade para outra. (Fernandes, 1976, p. 32) 1  “ 

E,  assim,  a  Sociologia  surge  como  um  ramo  especializado do  conhecimento  e  se  sistematiza 

como  ciência,  dentro  de  um  quadro  que  articula  transformações,  no  plano  intelectual,  com  as 

condições sociais que destruíram a sociedade medieval e edificaram os tempos modernos, marcados 

por um novo modo de viver e produzir. 

Para Costa Pinto, 

“(...)  as  transformações  econômicas  e  sociais  que  assinalam  a  primeira  metade  do  século  XIX  e  o 

desenvolvimento do método científico noutros setores do conhecimento humano,  paralelos à sociologia, criaram, 

a  esse  tempo,  as  condições  práticas  e  teóricas, históricas  e  filosóficas,  para  a  organização da  sociologia  como 

disciplina (...) 2” 

Os pioneiros do pensamento social, no entanto, não aspiravam somente um conhecimento da 

realidade social.

 Seu

 objetivo

 maior

 era

 transformar

 o saber

 sociológico

 num

 instrumento

 de

 ação

 

1 Fernandes, Florestan. Ensaios de Sociologia Geral e Aplicada. São Paulo: Pioneira, 1976, p. 322 Costa Pinto, L.A. Sociologia e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965, p. 15

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sobre a sociedade, pretendendo modificá‐la. E foi com este objetivo que se elaborou, inicialmente, a 

ciência da sociedade: para racionalizar a construção de uma nova ordem social que deveria emergir 

dos escombros do antigo regime. 

“(...) Se sabemos em que sentido evolui o direito de  propriedade à medida que as sociedades se tornam mais 

volumosas,  mais  densas,  e  se  qualquer  novo  aumento  de  volume  ou  de  densidade  torna  necessárias  novas 

modificações,  poderemos  prevê ‐las e,  prevendo‐as, querê ‐las antecipadamente. Enfim, comparando o tipo normal 

com ele mesmo  –  operação estritamente científica  –   poderemos verificar que ele não está inteiramente de acordo 

com ele  próprio, que contém contradições, isto é, imperfeições, e  procurar eliminá‐las ou corrigi‐las (...) 3” 

Com  as  transformações  nas  concepções  da  ciência,  em  geral,  e  da  Sociologia,  em  particular, 

chega‐se, hoje, à  compreensão da  serventia do pensamento  sociológico, que Wright Mills  tão  bem 

definiu em sua obra “A Imaginação Sociológica”: 

“A  imaginação  sociológica  habilita‐nos  a  apanhar  a  história  e  a  biografia,  e  as  relações  de  ambas  no 

interior da sociedade. Essa é  a sua tarefa e  promessa. Nenhum estudo social se completa se não estiver voltado 

 para os  problemas da biografia, da história e das suas conexões recíprocas na sociedade.” 

‐ CONCEITO DE SOCIOLOGIA 

A palavra Sociologia é de origem tão recente quanto a disciplina que designa. Foi criada pelo 

filósofo francês Augusto Comte, no século XIX (1839) que tomando por  base os termos extraídos do 

latim socio  (que exprime a  idéia de “social”) e do grego  logos (que exprime a  idéia de “palavra” ou 

“estudo”) deu origem ao nome que viria a designar a nova  ciência: Sociologia. Do ponto de vista 

etimológico, Sociologia significa simplesmente “o estudo do social” ou “o estudo da sociedade”. 

É claro que a etimologia da palavra não é suficiente para nos fazer entender o que é a Sociologia. 

A Sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem, isto 

é, pela  forma com que pesquisa, analisa e  interpreta os  fenômenos sociais No sentido, de criar um 

conceito que melhor definisse a nova ciência, vários estudiosos, elaboraram teorias sociológicas, das 

quais trataremos mais adiante. 

3 Durkheim, Emile. De la division du travail social. Paris: Librairie Felix Alcan, 1926.

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.– OBJETO DE ESTUDOS 

Dizer que o objeto da Sociologia é a sociedade significa dar ao cientista social um objeto sem 

limites precisos,  amplos  demais para  que  ele  possa dar  conta. Pois,  tudo  que  existe desde  que  o 

homem se reconhece como tal, existe em sociedade. Portanto, não é por fazer parte da sociedade, ou 

de um meio social que um  fato se torna objeto de pesquisa sociológica. Um acontecimento, ou um 

comportamento  é  sociológico  quando  sobre  ele  se  debruça  o  sociólogo,  tentando  entendê‐lo  nos 

aspectos que dizem respeito às relações entre os homens e às raízes de seu comportamento. 

No entanto, mesmo havendo consenso entre os sociólogos modernos quanto à  idéia de que a 

Sociologia  é  o  estudo  científico  do  comportamento  social  ou  da  ação  social  dos  seres  humanos, 

permanece  a  discordância  no  que  concerne:  a)  à  natureza  do  método  científico  aplicado  aos 

fenômenos  sociais;  b) à conceituação dos  fenômenos  sociais,  incluindo ou não os aspectos que são 

diretamente observáveis; c) ao âmbito e alcance dos fenômenos sociais a serem considerados como 

sua matéria própria. 

Surgiu uma maneira nova de pensar o “porquê” e o “para que” das coisas. Surgiram os sábios, 

homens cuja atividade era descobrir os segredos do mundo e do universo. 

Durante a  Idade Média,  com o grande poder da  Igreja Católica, novamente  imperou o  saber 

ligado à religião. 

Só  com  o  Renascimento  é  que  o  homem  volta  aos  textos  antigos  e  redescobre  o  prazer  de 

investigar  o mundo, descobrir  as  leis de  sua  organização  como  atividade  de  valor  em  si mesma, 

independente de suas implicações religiosas. 

A  partir  do  século  XVII,  vimos  assistimos  ao  crescente  progresso  da  ciência,  destinada  à 

descoberta das relações entre as coisas, das leis que regem o mundo natural. 

 Já no século XIX surge uma ciência nova – a Sociologia, a ciência da sociedade, preocupada com 

as regras que organizavam a vida social. 

O aparecimento da sociologia significou que as questões relativas às relações entre os homens 

deixaram de  ser  apenas matéria  religiosa passaram  a  interessar  também  aos  cientistas. O homem 

começou a desenvolver

 métodos

 (observação

 e experimentação)

 e instrumentos

 de

 análise

 capazes

 de

 

traduzir sua experiência social de maneira científica. 

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Criou‐se  um  jargão  científico,  isto  é,  um  vocabulário  próprio  com  conceitos  que  designam 

aspectos precisos da vida social. De tal forma se alastraram os resultados das pesquisas sociológicas 

que,  hoje,  boa  parte  desse  vocabulário  faz  parte  da  vida  cotidiana.  Palavras  e  expressões  como 

contexto social, movimentos sociais, classes, estratos, camadas, conflito social, são usadas no dia‐a‐

dia das pessoas e profundamente veiculadas pelos meios de comunicação de massa. 

1.2 –AS PRINCIPAIS CORRENTES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 

– AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO 

Os primeiros cientistas sociais, através do método de investigação científica, tentaram explicar 

que  as  ciências  sociais  derivam  das  ciências  físicas.  Entre  esses  se  destaca  a  figura  de  Auguste 

Comte.Suas pesquisas levaram‐no a identificar na sociedade dois movimentos vitais: a) o movimento 

dinâmico e  b) o movimento estático. 

Chamou  de  dinâmico ,  aquele  que  representava  a  passagem  para  formas mais  complexas  de 

existência,  como  a  industrialização,  e  de  estático,  o  responsável  pela  preservação  dos  elementos 

permanentes de toda organização social, isto é, as instituições que mantinham a coesão e garantiam o 

funcionamento da  sociedade:  família,  religião,  linguagem, direito  etc. Caberia  à Sociologia manter 

um equilíbrio entre os aspectos estáticos e os aspectos dinâmicos, isto é, entre a ordem e o progresso. 

Em meio a tudo isso e devido ao desenvolvimento industrial europeu, repleto de conflitos sociais, os 

positivistas respondem aos anseios de organização e controle da sociedade  justamente com idéias de 

ordem  e  progresso,  procurando  ajustar  todos  os  indivíduos  às  condições  estabelecidas,  que 

garantiriam o melhor funcionamento da sociedade. 

O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade européia do século XIX, em franca 

expansão.  Buscava  justificar,  através  de  um método  científico  adequado,  os  padrões  burgueses  e 

industriais  de  organização  social.  Procurava  resolver  os  conflitos  sociais  por meio  de  exaltação  à 

coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao  bem estar do todo social 

A primeira corrente de pensamento que se deteve a estudar a sociedade a partir da análise de 

seus processos

 e estruturas,

 para

 possibilitar

 uma

 reforma

 das

 instituições,

 foi

 a “filosofia

 positiva”.

 

Seu fundador e sistematizador foi o filósofo francês Auguste Comte (1798 ‐1857).O positivismo foi a 

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primeira teoria a organizar alguns princípios a respeito do homem e da sociedade tentando explicá‐

los cientificamente. 

O próprio Comte deu inicialmente o nome de “física social” às suas análises da sociedade, antes 

de criar o termo “Sociologia”. 

O  positivismo  foi  também  chamado  de  organicismo  porque  concebia  a  sociedade  como  um 

organismo constituído de partes  integradas e coesas que  funcionam harmonicamente, segundo um 

método físico e mecânico. 

Charles  Darwin,  cientista  inglês,  nesta  época muito  contribuiu  com  sua  teoria  da  evolução 

 biológica das espécies animais. Suas idéias transpostas para as análises da sociedade fizeram surgir o 

Darwinismo  social,  isto  é,  a  crença  de  que  as  sociedades mudariam  e  evoluiriam  sempre  de  um 

estágio inferior para um outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais 

adequado  e  ais  complexo.  Esse  tipo  de  mudança  garantiria  a  sobrevivência  dos  organismos  – 

sociedade  e  indivíduos  –  mais  fortes  e  mais  evoluídos.  Em  meio  a  tudo  isso  e  devido  ao 

desenvolvimento  industrial  europeu  repleto  de  conflitos  sociais,  os  positivistas  respondem  aos 

anseios com idéias de ordem e progresso, onde procurariam ajudar todos os indivíduos às condições 

estabelecidas que garantiriam o melhor funcionamento da sociedade. 

Comte  identificou  na  sociedade  esses  dois movimentos  vitais  chamaram  de  dinâmico  o  que 

representava  a passagem para  formas mais  complexas de  existência,  com  a  industrialização,  e de 

estático o responsável pela preservação dos elementos permanentes de toda organização social, isto 

é,  as  instituições  que mantinham  a  coesão  e  garantiam  o  funcionamento  da  sociedade,  família, 

religião, linguagem, direito etc. 

O positivismo foi, portanto, o pensamento que glorificou a sociedade européia do século XIX, 

em  franca  expansão.  Buscava  justificar,  através  de  um  método  científico  adequado,  os  padrões 

 burgueses  e  industriais de organização  social. Procurava  resolver os  conflitos  sociais por meio de 

exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao  bem estar do todo social. 

– A SOCIOLOGIA DE DÜRKHEIM 

Nasceu em

 Epinal,

 na

 Alsácia,

 descendente

 de

 uma

 família

 de

 rabinos.

 Iniciou

 seus

 estudos

 

filosóficos na Escola Normal Superior de Paris,  indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia 

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em  Bordéus,  primeira  cátedra  dessa  ciência  criada  na  França.  Transferiu‐se,  em  1902,  para  a 

Sorbonne, para onde  levou  inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, reunindo‐os 

num grupo que  ficou conhecido como escola sociológica  francesa. Suas principais obras  foram: Da 

Divisão do Trabalho Social  (1893), As Regras do Método Sociológico  (1895), O Suicídio  (1897), As 

Formas Elementares da Vida Religiosa  (1912), Educação  e  Sociologia  (1922),  Sociologia  e Filosofia 

(1928) e Lições de Sociologia (1950). Essas três últimas foram obras póstumas, pois Durkheim morre 

em Paris, em 1917. 

– OS FATOS SOCIAIS COMO OBJETO DA SOCIOLOGIA 

Durkheim e seus colaboradores se esforçaram em emancipar a Sociologia das filosofias sociais e 

constituí‐la definitivamente como disciplina científica. Para a teoria sociológica durkeimiana  o objeto 

de estudo da Sociologia é o “fato social”. 

Durkheim,  em  seu  trabalho  “Les  règles  de  la méthode  sociologigue”  (1895),  faz  a  seguinte 

afirmativa: 

“Quando  desempenho  meus  deveres  de  irmão,  de  esposo  ou  de  cidadão,  quando  me  desincumbo  de 

encargos que contraí,  pratico deveres que estão definidos  fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. 

 Mesmo estando de acordo com sentimentos que me são  próprios, sentindo‐lhes interiormente a realidade, esta 

não deixa de ser objetiva;  pois não  fui eu quem os criou, mas recebi‐os através da educação. (...) Não somente 

esses tipos de conduta ou de  pensamento são apenas exteriores ao indivíduo, como também são dotados de um 

 poder imperativo e coercitivo em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não. 4” 

Prosseguindo na sua tentativa de evidenciar o objeto de estudo da Sociologia, Durkheim assim 

define fato social: 

“(...) Nossa definição compreende, então, todo o definido se dissermos: É  fato social toda maneira de agir, 

 fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou mais ainda, que é   geral na extensão 

de uma sociedade dada, apresentando uma existência  própria, independente das manifestações individuais que 

 possa ter. 5” 

Examinando  a  definição  durkheimiana,  pode‐se  perceber  claramente  as  três  características 

fundamentais do

 fato

 social:

 exterioridade,  coercitividade  e  generalidade.

 É exterior

 uma

 vez

 que

 atua

 

4 DURKHEIM, Èmile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Nacional, 1956, p.3 - 4.5 Idem, p. 14

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sobre os  indivíduos,  independentemente de  sua vontade,  como por  exemplo,  as  regras  sociais, os 

costumes, as leis. É coercitivo porque se impõe, porque tem força de atuar sobre os indivíduos que, se 

resistirem a ele, sofrem sanções do grupo social. É geral no contexto de uma determinada sociedade, 

por isso que se manifesta coletivamente. 

Dürkheim considerava, ainda que, para garantir a objetividade científica necessária, o sociólogo 

devia  encarar  os  fatos  sociais  como  coisas ,  isto  é,  como  fenômenos  que  não  são  inteligíveis 

imediatamente, senão que precisam de um método para se tornar conhecidos. Neste sentido, o senso 

comum,  na  medida  em  que  é  acrítico,  marcado,  por  pré‐noções  e  preconceitos,  é  contrário  ao 

conhecimento científico do fato social. 

Para Dürkheim,  a  Sociologia  tinha por  finalidade não  só  explicar  a  sociedade  como  também 

encontrar remédios para a vida social. 

A  generalidade  de  um  fato  social,  isto  é,  sua  unanimidade,  é  garantia  de  normalidade  na 

medida em que representa o consenso social e a vontade coletiva. 

A harmonia é conseguida através do consenso social, a “saúde” do organismo social. Os fatos 

patológicos são considerados transitórios e excepcionais. 

Toda  teoria  sociológica de Dürkheim pretende demonstrar que os  fatos sociais  têm existência 

própria e  independente daquilo que pensa e  faz cada  indivíduo em particular. Ele chamou  isto de 

consciência coletiva. É ela que vai revelar o  tipo psíquico da sociedade. A consciência coletiva é, em 

certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. 

Para Dürkheim, a Sociologia deveria ter ainda por objeto comparar as diversas sociedades. Ele 

se distingue dos demais positivistas, porque suas idéias ultrapassaram a simples reflexão filosófica e 

chegaram a constituir um  todo organizado e sistemático de pressupostos  teóricos e metodológicos 

sobre a sociedade. 

– A DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL 

Os fatos sociais compõem a teia de regras e normas que configuram um determinado meio moral , 

compartilhado por todos aqueles que vivem em determinada sociedade. 

Para Dürkheim,

 este

 meio

 moral

 é possível

 porque

 os

 indivíduos

 que

 participam

 de

 uma

 mesma

 

sociedade desenvolvem um processo de interação que ele chamou de divisão do trabalho social. 

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Ao analisar o pensamento de Dürkheim, Rodrigues formula o seguinte: 

(...) conforme o tipo de divisão do trabalho social que  predomina na vida coletiva numa determinada época, 

temos um tipo diferente de cooperação entre os indivíduos. E esse tipo diferente de cooperação,  por sua vez, dá 

origem a uma vida moral diferente. Vida moral que será a base dos conteúdos transmitidos na  forma de crenças, 

valores e normas de  geração  para  geração (...)  6

Como  se  pode  perceber,  além  de  indivíduos  humanos  vivos,  para  que  haja  sociedade  é 

necessário  que  haja  entre  eles  um  consenso,  pois  sem  isso  não  há  cooperação  e,  portanto,  não  há 

divisão social do trabalho. 

E Dürkheim completa: O valor moral da divisão do trabalho social está em que é através dela 

que o indivíduo toma consciência do seu estado de dependência com relação à sociedade; é dela que 

vêm as forças que o retém e o contém. Em síntese, uma vez que a divisão do trabalho se torna a fonte 

eminente da solidariedade social, ela se torna ao mesmo tempo a  base da ordem moral (...) 7

 

– DA SOLIDARIEDADE MECÂNICA À SOLIDARIEDADE ORGÂNICA 

Na  ótica  de  Dürkheim,  para  que  a  vida  social  tenha  prosseguimento,  é  necessário  que  os 

indivíduos desempenhem diferentes funções. No entanto, dependendo do meio moral, esta diferença 

entre as funções, isto é, a divisão do trabalho social, poderá ser maior ou menor. 

Numa sociedade tribal, por exemplo, na qual todas as pessoas desempenham praticamente as 

mesmas  atividades,  crêem‐nos mesmos  deuses,  adoram  o mesmo  totem,  obedecem  aos mesmos 

tabus, estabelece‐se o que na teoria durkheimiana se conhece por solidariedade mecânica,  já que no seu 

interior os indivíduos possuem pouca divisão do trabalho social. 

“(...)  a  solidariedade  permanece  mecânica  enquanto  a  divisão  do  trabalho  social  não  se 

desenvolve  (...) Assim,  existe uma  estrutura  social de natureza determinada  a  que  corresponde  a 

solidariedade mecânica. Caracteriza‐se  por  um  sistema  de  segmentos  homogêneos  e  semelhantes 

entre si. 8 “ 

Ao  contrário, quando  se  trata de uma  sociedade mais  complexa,  como  a moderna  sociedade 

industrial, em que há uma  intensa divisão do trabalho social, acontece o que Durkheim chamou de 

6 Rodrigues, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro; DP&A, 2001, p. 277 Durkheim, Emile. De la division du travail social. Paris: Librairie Felix Alcan, 1926, p. 3968 Ibid, p. 157

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solidariedade orgânica. A sociedade  industrial exige um certo grau de diferenciação, entre as funções 

que os  indivíduos devem desempenhar, que a  solidariedade  baseada na  semelhança é  substituída 

pela solidariedade  baseada na diferença. 

Diferente é a estrutura da sociedade onde a solidariedade orgânica é preponderante. 

“Elas são constituídas, não  por uma repetição de segmentos similares ou homogêneos, mas  por um sistema 

de  órgãos  diferentes  dos  quais  cada  um  tem  um  papel  especial,  sendo  eles  próprios  formados  de  partes 

diferenciadas.  Assim como os elementos sociais não são da mesma natureza, tampouco estão dispostos da mesma 

maneira. (...) 9” 

As diferentes sociedades, como se vê, correspondem diferentes tipos de solidariedade. Quanto 

mais complexa a sociedade se mostra, maior possibilidade de interpretações pessoais das regras que 

estão no grupo, mais se caminha da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica. 

Entretanto, positivista que era, Dürkheim acreditava que 

“(...)  todo  o  progresso  desencadeado  pelo  capitalismo,  traria  um  aumento  generalizado  da  divisão  do 

trabalho social e,  por conseguinte, da solidariedade orgânica, a  ponto de  fazer com que a sociedade [capitalista] 

chegasse a um estágio sem conflitos e  problemas sociais. 10” 

– O NORMAL E O PATOLÓGICO 

De  acordo  com  o  exposto,  percebe‐se  que,  mesmo  admitindo  que  nas  sociedades  mais 

complexas se enfraqueçam as relações entre os  indivíduos, tornando a solidariedade orgânica cada 

vez  maior,  sempre  resta  um  determinado  nível  de  controle,  sem  o  qual  se  presenciaria  a 

desintegração da vida  social, num processo que Durkheim  chamou de  anomia,  isto  é,  ausência de 

regras. Na concepção durkheimiana, os problemas sociais têm origem numa crise moral,  isto é, num 

estado social em que as regras de conduta não estão funcionando. A esse estado de coisas em que as 

regras sociais não estão funcionando, ele chamou de  patológico. 

Reunindo essas duas categorias, presentes na  formulação de Durkheim, é que se compreende 

porque, para ele, de acordo com as concepções positivistas, o funcionamento da sociedade se dava na 

linha do equilíbrio‐linearidade‐harmonia. 

9 Ibid, p. 15710 Meksenas, Paulo. Sociologia. São Paulo: Cortez, 1994, p. 68.

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A  interpretação  positivista  da  sociedade  apontava  que,  no  futuro,  a  sociedade  industrial 

capitalista, caminhando dentro da ordem e do progresso, resolveria os seus problemas. 

Para isso  bastava que se compreendesse, objetivamente, a forma como a sociedade capitalista se 

desenvolvia e, descobrindo as leis sociais que são falhas, se procedesse à sua substituição por outras 

mais eficientes. E, para Dukheim, esse seria o trabalho do sociólogo. 

– MAX WEBER (1864 – 1920) 

Nasceu na cidade de Erfurt, Alemanha. Filho de uma família de  burgueses liberais.Desenvolveu 

estudos de Direito,Filosofia,História e Economia,constantemente interrompidos por uma doença que 

o acompanhou por toda a vida.Iniciou a carreira de professor em Berlim e, em 1895, foi catedrático na 

universidade  de  Heidelberg.Manteve  contato  permanente  com  intelectuais  de  sua  época,  como 

Simmel Sombart, Tönies e George Lukács.Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de vista 

liberais  e  parlementeristas  e  participou  da  comissão  redatora  da  Constituição  da  República  de 

Weimar. Sua maior  influência nos  ramos especializados da Sociologia  foi no  estudo das  religiões, 

estabelecendo relações entre formações políticas e crenças religiosas.Suas principais obras foram: A 

ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO  ( 1904) e ECONOMIA E SOCIEDADE 

(1922). 

Enquanto  a  França  e  a  Inglaterra  desenvolveram  o  pensamento  social  influenciado  pelo 

desenvolvimento industrial e urbano, que tornou esses países potências emergentes nos séculos XVII 

e XVIII e, portanto, sedes do pensamento  burguês da Europa.Somado ao grande avanço alcançado 

pelas  ciências  físicas e  biológicas cuja  influência  se exerceu  sobre as primeiras escolas  sociológicas 

que adaptaram os princípios e as metodologias dessas ciências a realidade social. A Alemanha, por 

outro lado, apresentava uma realidade distinta.Aí, o pensamento  burguês se organiza tardiamente e 

quando o faz,  já no século XIX, é sob a influência de outras correntes filosóficas e da sistematização 

de outras ciências humanas, como a História e a Antropologia. 

Na  Alemanha  o  positivismo  teve  menor  repercussão.  A  grande  fonte  filosófica  ali  foi  o 

idealismo  de  Kant  e  Hegel  que  exerceram  grande  influência  sobre  o  pensamento  sociológico 

desenvolvido por

 Weber

 e outros.

 

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O conhecimento para a filosofia alemã é fruto da relação da razão com os objetos do mundo, ou 

seja, os conhecimentos não são apenas vividos, mas também pensados. 

O  positivismo  valoriza  apenas  a  lei  de  evolução,  a  generalização  e  a  comparação  entre 

formações sociais, enquanto para a teoria sociológica weberiana a pesquisa histórica é essencial para 

a compreensão das sociedades. Seu objeto de estudos é a ação social , definida como toda a conduta 

humana orientada por um motivo que lhe dá sentido. Cabe ao sociólogo perceber a conexão entre o 

motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos. 

Para  a  sociologia  Weberiana  os  acontecimentos  que  integram  o  social  têm  origem  nos 

indivíduos.  O  que  garante  a  cientificidade  de  uma  explicação  é  o  método  de  reflexão,  não  a 

objetividade pura dos fatos. Weber relembra sempre que, embora os acontecimentos sociais possam 

ser  quantificáveis,  a  análise  do  social  envolve  sempre  uma  questão  se  qualidade,  interpretação, 

subjetividade e compreensão. 

Seus  trabalhos abriram as portas para as particularidades históricas das sociedades e para a 

descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social. 

‐‐A SOCIEDADE SOB UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA 

O contraste entre o  positivismo e o  idealismo se expressa, entre outros elementos, nas maneiras 

diferentes como cada uma dessas correntes encara a história. 

Para o positivismo, a história é o processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios 

o  cientista  pode perceber  pelo método  comparativo,  capaz  de  aproximar  sociedades humanas  de 

todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade desaparece, diluída nessa lei geral 

que os pensadores positivistas  tentaram  reconstruir. Essa  forma de pensar  torna  insignificantes as 

particularidades  históricas,  e  as  individualidades  são  dissolvidas  em  meio  a  forças  sociais 

impositivas. 11

Max Weber  pensador,  com  sólida  formação  histórica  se  opôs  a  essa  concepção.  Para  ele,  a 

pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. Essa pesquisa,  baseada na coleta 

de documentos e no esforço interpretativo das fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, 

que seriam,

 para

 Weber,

 de

 gênese

 e formação,

 e não

 de

 estágios

 de

 evolução.

 

11 DÜRKHEIM,Émile.As regras do método sociológico,op.cit.p.82.

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Portanto, segundo a perspectiva weberiana, o caráter particular e específico de cada  formação 

social  e  histórica  deve  ser  respeitado. Os  conhecimentos  históricos,  entendidos  como  a  busca  de 

evidências, torna‐se um poderoso instrumento para o cientista social. 

Weber  consegue  combinar duas perspectivas:  a histórica, que  respeita  as particularidades de 

cada  sociedade,  e  a  sociológica,  que  ressalta  os  elementos mais  gerais  de  cada  fase  do  processo 

histórico. 

Entretanto, Weber,  não  achava  que  uma  sucessão  de  fatos  históricos  fizesse  sentido  por  si 

mesma. Para ele todo historiador trabalha com dados esparsos e fragmentários. Por isso, propunha 

para  suas  análises  o  método  compreensivo ,  isto  é,um  esforço  interpretativo  do  passado  e  de  sua 

repercussão  nas  características  peculiares  das  sociedades  contemporâneas.Essa  atitude  de 

compreensão é que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social e histórico. 

– A AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO COM SENTIDO 

Cada  formação  social apresentava, para Weber, especificidade e  importância próprias. Mas o 

ponto de partida da Sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições. 

Seu objeto de investigação era a “ação social”. A ação social é a conduta humana dotada de sentido, 

isto é, de uma  justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, como indivíduo, 

na  teoria  weberiana,  significado  e  especificidade.  É  o  agente  social  que  dá  sentido  à  sua  ação: 

estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos. 

Enquanto  para  a  Sociologia  positivista,  a  ordem  social  submete  os  indivíduos  como  força 

exterior a eles, para Weber, ao contrário não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas 

sociais  só  se  tornam  concretas  quando  se  manifestam  em  cada  indivíduo  sob  a  forma  de 

motivação.Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais 

ou pela emotividade. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que 

é social na medida em que cada  indivíduo age  levando em conta a resposta ou a reação de outros 

indivíduos. 

Para Max Weber,  a  tarefa  do  cientista  é  descobrir  os  possíveis  sentidos  das  ações  humanas 

presentes na

 realidade

 social

 que

 lhe

 interesse

 estudar.

 O

 sentido,

 por

 um

 lado,

 é expressão

 da

 

motivação individual, formulado expressamente pelo agente ou implícito em sua conduta. O caráter 

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social da ação individual decorre, segundo Weber, da interdependência dos indivíduos. Um ator age 

sempre em  função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores.Por outro 

lado, a ação social , gera efeitos sobre a realidade em que ocorre.Tais efeitos escapam, muitas vezes, ao 

controle e à previsão do agente. 

Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação social é preciso que 

o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação a outro estabelece 

uma  ação  social:  ele  tem  um motivo  e  age  em  relação  a  outro  indivíduo, mas  tal motivo  não  é 

compartilhado. Numa sala de aula, em que o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhado, 

existe uma relação social. 

Pela  freqüência  com  que  certas  ações  sociais  se  manifestam,  o  cientista  pode  conceber  as 

tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo. 

– A TAREFA DO CIENTISTA 

Max Weber rejeita a maioria das proposições positivistas: o evolucionismo, a exterioridade do 

cientista social em relação ao objeto de estudo e a recusa em aceitar a importância dos indivíduos e 

dos diferentes momentos históricos na análise da sociedade. Para esse  sociólogo, o cientista, como 

todo  indivíduo em ação, também age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições, sendo 

impossível descartar‐se de  suas pré‐noções  como propunha Dürkheim. Para Weber  existe  sempre 

certa parcialidade na análise sociológica,  intrínseca à pesquisa, como  toda  forma de conhecimento. 

As preocupações do cientista orientam a  seleção e a  relação entre os elementos da  realidade a  ser 

analisada. Os  fatos sociais não são coisas , mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas 

procura desvendar. A neutralidade durkheimiana se torna, impossível nessa visão. 

Para Weber o cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura, 

sua tradição. 

No entanto, admite que, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela  busca da maior 

objetividade  na  análise  dos  acontecimentos.  A  realização  da  tarefa  científica  não  deveria  ser 

dificultada pela defesa das crenças e das idéias pessoais do cientista. 

Para a Sociologia

 weberiana,

 os

 acontecimentos

 que

 integram

 o social

 têm

 origem

 nos

 

indivíduos. O  cientista parte de uma preocupação  com  significado  subjetivo,  tanto para  ele  como 

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para os demais  indivíduos que  compõem  a  sociedade.  Sua meta  é  compreender,  buscar os nexos 

causais que dêem o sentido da ação social. 

Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela sempre  resultará numa explicação 

parcial da  realidade. Um mesmo acontecimento pode  ter causas econômicas, políticas e  religiosas, 

sem  que  nenhuma  dessas  causas  seja  superior  à  outra  em  significância.Todas  elas  compõem  um 

conjunto de  aspectos da  realidade que  se manifesta, necessariamente, nos  atos  individuais. O que 

garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos. 

Weber destaca que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantificáveis, a análise do social 

envolve sempre uma questão de qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão. 

– KARL MARX E FREDERICH ENGELS E A LUTA CONTRA A EXPLORAÇÃO DO HOMEM 

KARL MARX 

Em uma de  suas  frases mais  famosas,  escrita  em  1845, nas Teses  sobre Feuerbach, dizia  que,  até 

então, “os  filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão,  porém, é  transformá‐

lo”. Viveu como  jornalista entre a Alemanha, a França e a Inglaterra, despertando a ira de governos e 

da  imprensa.  Em  1864,  com  a  fundação  da  Internacional  Socialista  (Associação  Internacional  dos 

Trabalhadores), aparece como líder formulador das idéias socialistas. Em 1871,a eclosão da Comuna 

de Paris o  torna  internacionalmente conhecido. Em  recente pesquisa da  rádio BBC, que mobilizou 

grande parte da  imprensa  inglesa, Marx  foi  considerado o mais  importante pensador de  todos os 

tempos. 

Foram Marx e Engels os primeiros a revelar o papel histórico do proletariado como demolidor 

do  capitalismo  e  construtor  do  comunismo,  convertendo‐se  em  educadores  e  dirigentes  do 

proletariado,  na  sua  luta  pela  emancipação  dos  trabalhadores.  “as  lendas  antigas”  escreve  Lênin 

“oferecem exemplos comovedores de amizade. O proletariado europeu pode dizer que sua ciência foi 

criada por dois sábios e militantes cujas relações pessoais empalidecem as mais comovedoras lendas 

antigas sobre

 a amizade

 entre

 dois

 homens”.

 

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 – AS BASES DO PENSAMENTO DE MARX E ENGELS 

Rompendo com as concepções positivistas, que  interpretam o funcionamento da sociedade na 

linha  do  equilíbrio‐linearidade‐harmonia,  o  pensamento marxista  coloca  que  a  sociedade  contém 

contradições entre as forças produtivas e as relações de produção, e que, em certos momentos, esses 

conflitos  tornam‐se  entraves,  abrindo‐se  a  oportunidade  de  uma  época  de  ‘revolução  social’,  que 

transforma  as  relações  de  produção,  constituidoras  da  base  econômica  da  sociedade  e  de  toda  a 

superestrutura que sobre ela se ergue. 

Para Marx  e  Engels,  o  conhecimento  da  realidade  social,  isto  é,  das  contradições  da  vida 

material,  do  conflito  que  existe  entre  as  forças  produtivas  e  as  relações  de  produção,  é  um 

instrumento  político  que  pode  orientar  a  luta  pela  transformação  da  sociedade  que,  para  eles,  é 

gerada na luta de classes. 

Marx  e  Engels  vêem  a História  como  a  ciência  social  única,  capaz  de  abarcar  o  estudo  da 

sociedade, do ponto de vista do modo de produção, que é fundamental para se compreender como se 

organiza e  funciona a sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais 

importantes relações sociais. A história do homem é a história do desenvolvimento e do colapso de 

diferentes modos de produção. 

Conseguiram  imprimir  às  análises  da  sociedade  a  idéia  de  totalidade,  não  fazendo  separação 

entre as dimensões sociais, econômica, política, ideológica e religiosa da sociedade. Do mesmo modo, 

não colocam a divisão entre teoria e prática, pois a verdade histórica não supõe apenas o ponto de 

vista teórico. Ela se dá na prática. 

Para Marx e Engels, a ciência não dependia da objetividade, mas de uma consciência crítica. Ao 

invés de  sugerir  soluções para uma  sociedade  “doente”,  eles propunham um  caminho prático de 

ação política e um objetivo claro a ser atingido. Substituiram a idéia de harmonia pela de contradição. 

A  trajetória  desses  dois  pensadores  é  marcada  pelo  desenvolvimento  de  outras  categorias 

importantes para entender sua formulação: modo de produção, consciência/alienação, ideologia. 

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– A TEORIA DO MODO DE PRODUÇÃO 

No  Prefácio  de  Contribuição  à  Crítica  da  Economia  Política  (1859), Marx  e  Engels  expõem  um 

resumo  do  que  viria  a  se  constituir  no  seu método de  interpretação  da  sociedade,  o materialismo 

histórico, criando determinadas categorias necessárias à compreensão da sociedade. 

A primeira delas é a de que a  sociedade é  resultante das  relações dos homens entre  si e dos 

homens  com  a natureza, mediadas pelo  trabalho. E, para  isso,  vêm produzindo,  ao  longo de  sua 

história,  aquilo  que Marx  e  Engels  chamaram  de  meios  de  trabalho  ou  meios  de  produção:  energia, 

trabalho, matéria‐prima,  tecnologia, com a  finalidade de aumentar e melhorar a sua capacidade de 

produzir. Segundo Marx e Engels, 

O meio de trabalho é aquele objeto ou conjunto de objetos que o trabalhador interpõe entre ele e o 

objeto que trabalha e que lhe permite dirigir sua atividade sobre esse objeto. O homem serve‐se das 

qualidades mecânicas,  físicas e químicas das  coisas para utilizá‐las,  conforme  o  objetivo  que  tiver  em 

mente, como instrumento de atuação sobre outras coisas. 12 

Além  de  criar  os  meios  de  trabalho,  o  homem  foi,  também  organizando  a  produção, 

distribuindo tarefas e  benefícios entre os membros da sociedade. Inicialmente, a diferenciação se deu 

entre  os  sexos,  depois  entre  a  agricultura  e  a  criação  de  animais,  entre  o  campo  e  a  cidade  e, 

finalmente, entre as produções agrícolas, industriais e comerciais. A divisão do trabalho , como também 

tem o intuito racionalizar a produção, é parte do conjunto das  forças  produtivas. 

Mas a divisão do trabalho não é  igualmente distribuída no  interior da sociedade. Ela depende 

das diferentes relações de  produção, isto é, da propriedade dos meios de produção. Pode‐se dizer que, 

na sociedade capitalista, “do  ponto de vista de  Marx  [e Engels], elas  implicam numa separação básica  (...) nem sempre os homens que  possuem os meios  para realizar o trabalho trabalham e nem sempre os que trabalham 

 possuem esses meios.” 13

 

Ou seja, nem sempre quem tem a propriedade dos meios de produção, trabalha. Quem trabalha, 

em geral, são aqueles que não são os donos dos meios de produção. Isto equivale a dizer que há tipos 

diferentes de proprietários: os proprietários da  simples  força de  trabalho  – os  trabalhadores,  e os 

proprietários dos

 meios

 de

 produção

 – os

 capitalistas.

 Além

 desses,

 Marx

 e Engels

 se

 referiam

 aos

 

12 Marx, Karl e Engels, Frederich. El Capital. México: Fondo de Cultura Econômica, 1959, p. 130-136.13 Rodrigues, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro; DP&A, 2001, p. 39

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proprietários  de  terras,  os  latifundiários.  Esses  proprietários  “formam  as  três  grandes  classes  da 

sociedade moderna,  baseada no regime capitalista de produção”. 14

Para  resumir,  pode‐se  dizer  que  a  cada  época  histórica  corresponde  um  conjunto  de  forças 

produtivas que se desenvolvem a partir de um conjunto instituído de relações de  produção , isto é, das 

relações de propriedade que estão presentes nessa dada sociedade. A este conjunto Marx e Engels 

chamaram de modo de  produção. 

2.4.1.2 – CONSCIÊNCIA. IDEOLOGIA. ALIENAÇÃO 

Num  contexto  de  pensamento  em  que  não  se  coloca  a  divisão  entre  teoria  e  prática,  pois  a 

verdade histórica não supõe apenas um ponto de vista teórico – uma vez que se dá na prática –, não 

se  pode  admitir  que  a  forma  como  o  homem  pensa  e  o  trabalho  que  executa  possam  estar 

dissociados. 

Daí, Marx e Engels se preocuparem em explicar de que forma as crenças, os valores, as normas, 

se relacionam com a produção material da existência. 

Para eles, são as condições materiais da existência que determinam a consciência: 

(...)  são  os  homens  que  desenvolvem  sua  produção material  e  seu  intercâmbio material  que 

mudam também, ao mudar esta realidade, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. Não é 

a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. 15

No  entanto,  como  as  idéias  dominantes  na  sociedade  são  as  idéias  da  classe  dominante,  as 

concepções  sobre  o mundo  e  sobre  como  funciona  são marcadas  pelas  idéias  de  como  a  classe 

dominante ‘determina’ que elas sejam. 

Para Marx e Engels, quando a  burguesia domina como classe, é de se esperar que seus membros 

ajam “(...) enquanto  pensadores,  enquanto  produtores de  idéias que regulem a  produção e a distribuição das 

idéias de seu tempo; e que suas idéias sejam,  por isso mesmo, as idéias dominantes da época.” 16

Assim sendo, a classe operária, ao adotar como suas as idéias da  burguesia, o faz porque a sua 

concepção de mundo está comprometida com uma visão que lhe parece própria de sua classe social. 

Essa concepção é produto de uma  falsa consciência que não lhe permite captar a essência das relações 

14 Marx, Karl e Engels, Frederich. Historia critica de la plusvalia. México: Fondo de Cultura Econômica, 1944, p.233-23515 Marx, Karl e Engels, Friederich. La ideologia alemana. Montivideo/Barcelona: Pueblos unidos/Grijalbo, 1970, p.27.16 Ibdi, p. 50.

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às quais  as  classes  sociais, na  sociedade  capitalista,  estão  submetidas. Ou  seja,  a  representação que 

fazem de  suas vidas é aquela que  lhes é  fornecida pela  sociedade onde  a  burguesia é dominante. 

Marx chamou essa falsa consciência de  ideologia , cuja origem histórica ocorre com a emergência da 

divisão entre trabalho intelectual e manual. É a partir deste momento que surge a ideologia, derivada 

de  agentes  sociais  concretos  que  autonomizariam  o  mundo  das  idéias  e  assim  inverteriam  a 

realidade. 

Com isso, a classe operária acaba por adotar como sua uma ideologia de outra classe social. Um 

exemplo  disso  é  a  aceitação,  como  se  fosse  natural,  de  uma  situação  de  exploração  presente  na 

sociedade capitalista, que nada tem de natural, pois foi socialmente construída. Essa exploração, que 

se  traduz no que Marx e Engels chamam de mais‐valia  17 , é aceita porque a classe operária, no seu 

cotidiano não tem consciência real da mesma. 

A  percepção  da  exploração  e  das  conseqüências  da  exploração  não  são  claras  para  o 

trabalhador. A ideologia da classe dominante faz com que ele acredite que existem as fábricas e seus 

proprietários.  Ao  trabalhador  cabe  trabalhar  na  fábrica  e  obedecer  às  ordens  do  dono.  É  o 

proprietário quem determina o que vai ser produzido, quanto vai ser produzido, em que tempo, com 

que matéria‐prima e quanto custará. O  trabalhador  fica  impedido, no capitalismo, de  ter qualquer 

decisão sobre o seu trabalho e sobre o produto do seu trabalho. O trabalhador não consegue perceber 

o seu trabalho como algo que lhe pertence. A isto Marx e Engels chamaram de alienação. 

A alienação do trabalhador do produto de seu trabalho promove uma auto‐alienação do homem, 

contribuindo  para  uma  existência  em  que  se  observa  uma  essência  desumanizada.  No  entanto,  é 

possível mudar a direção desse processo se a classe operária der uma guinada e se conscientizar de 

seu destino humano e de sua dignidade. E, para Marx e Engels,  isso aconteceria porque o próprio 

capitalismo engendraria a forma de sua superação. 

A  concentração  do  capital  nas  mãos  de  uns  poucos  levaria  à  revolução.  A  missão  dessa 

revolução  seria  recuperar  o  homem,  derrubando  todas  as  situações  em  que  ele  pudesse  ser 

degradado, escravizado, abandonado e desprezado. Com isso se superaria toda alienação. 

17 “ Mais valia” é uma categoria presente no pensamento marxista e que se refere à diferença entre o valor do bem produzido pelotrabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista. Marx chama a atenção para o fato deque os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias para

ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante - o que ele chama de mais-valiaabsoluta; ou ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - o que ele chama de mais-valia relativa. Em fazendoesta distinção, Marx rompe com a idéia ricardiana do lucro como "resíduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliaremautonomamente suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reprodução física da mão-de-obra. 

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Marx  considera  tudo  isso  tarefa  do  movimento  comunista.  O  comunismo  possibilitaria  a 

superação positiva da  propriedade  privada , elemento de auto‐alienação do homem, e se constituiria no 

resgate do homem para ele mesmo, enquanto ser social. 

Desapareceria, dessa forma, o antagonismo entre o homem e a natureza e entre o homem e o 

homem. Com o comunismo, ʺencerra‐se a pré‐história da sociedade humanaʺ e inicia‐se a sociedade 

ʺrealmente humanaʺ. 

ALGUMAS INFLUÊNCIAS DO PENSAMENTO MARXISTA 

►Leitura crítica da filosofia de Hegel (observou e aplicou o método dialético de modo peculiar) 

►Destacou  o  pioneirismo  dos  críticos  da  sociedade   burguesa  (Saint‐Simon,  Fowier  e 

Proudhon), mas reprovava o “utopismo”. 

►Crítica a obra dos economistas clássicos ingleses: Adam Smith e David Ricardo → maior parte 

de sua obra teórica. 

A trajetória do pensamento marxista é marcada pelo desenvolvimento de conceitos importantes: 

alienação, classes sociais, valor, trabalho, mais valia e modo de produção. 

→ Alienação – o capitalismo alienou, isto é, separou o trabalhador dos seus meios de produção 

– as  ferramentas, as  terras e as máquinas que  se  tornaram propriedade privada do capitalismo. O 

homem só pode recuperar sua condição humana através da crítica radical. Essa crítica radical só se 

efetiva na praxes

 

 , isto é, a ação política consciente e transformadora. 

→ Classes  Sociais  –  são  formadas  pelas  desigualdades  sociais  provocadas  pelas  relações  de 

produção do sistema capitalista. 

As  relações  entre  os  homens  resultam  das  relações  de  oposição,  antagonismo,  exploração  e 

complementaridade entre as classes sociais. 

Os trabalhadores, para assegurar a sobrevivência, vendem sua força de trabalho ao empresário 

capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários. 

Operários →  aluga  “por  um  certo  tempo”  a  força  de  trabalho  e,  em  troca  recebe  salário 

(contrato). 

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→ Valor – o valor de uma mercadoria era dado pelo tempo de trabalho socialmente necessário à 

sua produção. 

→ Mais‐valia – valor excedente produzido pelo operário. 

Para Marx,  o  estudo  do modo  de  produção  é  fundamental  para  se  compreender  como  se 

organiza  e  funciona uma  sociedade. As  relações de produção, nesse  sentido,  são  consideradas  as 

mais importantes relações sociais. A história do homem é a história do desenvolvimento e do colapso 

de diferentes modos de produção. 

Marx conseguiu imprimir às análises da sociedade a idéia de totalidade. 

Para Marx a ciência não dependia da objetividade, mas de uma consciência crítica. Ao invés de 

sugerir soluções para uma sociedade “doente”, Marx propunha um caminho prático de ação política 

e um objetivo claro a ser por ele atingido. Substituiu a idéia de “harmonia” pela de universalização 

dos interesses da classe  burguesa, através do Estado. 

1.3‐A SOCIOLOGIA DO TRABALHO – A ERA DA INDUSTRIALIZAÇÃO E DA AUTOMAÇÃO 

A  Revolução  Industrial,  ocorrida  na  Europa  Ocidental,  no  século  XVIII  trouxe  inovações 

significativas  não  apenas  ao  processo  produtivo  (substituição  do  homem  pela  máquina)  como 

também  ao mundo  do  trabalho,  introduzindo  aí  transformações  profundas  que  ainda  se  fazem 

presentes nos dias atuais. 

Dois  foram os países que contribuíram com suas  invenções para o nascimento de uma nova 

era. Esses países  foram por ordem de  importância,,segundo Oliveira18 , a  Inglaterra e mais  tarde, a 

França. 

Na  medida  em  que  o  emprego  de  máquinas  pelas  indústrias  se  intensifica,nesses 

países,começam a surgir controvérsias sobre a mecanização: sob o aspecto econômico constata‐se a 

diminuição dos custos das mercadorias, o que  favorece o consumidor e possibilita que o produtor 

aumente sua produção, conquistando maiores mercados. Do ponto de vista social, constata‐se que a 

introdução da máquina além de acrescer as dificuldades de adaptação e de satisfação no trabalho  , 

gera o desemprego. 

18 Op. Cit.p.28.

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A segunda Revolução Industrial foi marcada pela aparição de novas forças motoras,tais como: 

a elétrica e a derivada do petróleo, pelo aperfeiçoamento do motor a explosão, pelo grande impulso 

da  indústria  química  e  pelo  aperfeiçoamento  das  primeiras  máquinas  automáticas.  A  indústria 

automobilística que surgiu nessa época refletia todas as novas invenções,  juntamente com a indústria 

metalúrgica que produzia metais e novas ligas para atender à indústria de automóveis. 

Diante  desse  quadro,na   busca  de  melhorar  a  situação  dos  trabalhadores,  criaram‐se  as 

associações operárias de produção, e os operários acreditavam que elas seriam as defensoras de seus 

interesses,alivio para a miséria em que vivia a sua classe. Como  resultado positivo da ação dessas 

associações podemos citar a redução da  jornada de trabalho. 

Por outro lado, enquanto a automação diminuía a fadiga física e aumentava a produtividade, 

com aumento de salário,por outro, passava a exigir operários especializados, o que provocou elevado 

índice  de  desemprego  daqueles  que  não  se  enquadravam  nesse  novo  padrão  de  operário  que  as 

novas tecnologias passavam a demandar. 

Esse momento, segunda metade do século XIX, é marcado pelas interferências dos sindicatos 

que passaram a exigir: aumentos de  salários,  treinamento, e  retreinamento dos operários, além da 

garantia  de  um  ano  de  salários  nas  indústrias  mais  afetadas  pela  automação,  evitando  assim 

demissões em massa. Tal posição fazia do sindicato o intermediador entre o assalariado e o progresso 

técnico, “permitindo que o primeiro não temesse o segundo, mas obrigando o segundo a respeitar o 

primeiro”.19

  Existe,  contudo  a  idéia de que o uso da  automação  tem permitido  que o homem deixe de 

realizar tarefas mais rudes, que exigem grandes esforços físicos.O emprego da alta tecnologia traz a 

necessidade de nova gestão dos fluxos produtivos que permitem o uso de robôs e a substituição dos 

operários  nas  operações  executivas.  Esse  fato  gera mudanças  profundas  no  sistema  de  postos  e 

funções dentro de uma indústria metalúrgica, por exemplo. 

Na  indústria, a  introdução da alta tecnologia para a fabricação de produtos com o  intuito de 

redução  de  custos,  eliminação  de  erros, melhoria  na  qualidade  dos  produtos,  e maio  rapidez  e 

eficiência  na  produção  reduzem  acentuadamente  a  utilização  da mão‐de‐obra,  ou  seja,  do  fator 

humano. 

19 Op.cit.p.30.

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“ O ser humano busca no trabalho não só o necessário  para sua sobrevivência, mas a realização 

de seus sonhos, através do recebimento de um salário que não somente lhe  permita comer,vestir‐se, mas 

que lhe  permita também ter  prazer e conforto em sua classe social”.20

Segundo  Oliveira,  na  sociedade  atual,  a mecanização  cria  o  desemprego, mas  o  esforço  real  da 

mecanização  consiste  em  criar possibilidades  sempre maiores de  lazer. De  acordo  com  Jaccard,  a 

tecnologia moderna ‐ uma conquista do homem sobre a natureza – não poderia se estabelecer sem 

causar dolorosas rupturas, sem determinar graves crises materiais, morais e sociais. Essa conquista 

proporcionou  também,  do  ponto  de  vista  do  referido  autor,  O  uma  liberação  da  servidão  ao 

automatismo,com a criação de novos meios, de novos desejos e de novas razões para viver. 

1.4 ‐ O ESTUDO CIENTÍFICO DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO – ELTON MAYO 

Elton Mayo, após Dürkheim, ao iniciar suas primeiras pesquisas dentro das empresas, 

contribuiu para mostrar, com fatos concretos, que as relações humanas no trabalho são fatores 

decisivos para o aumento de produtividade, que são fenômenos fora do alcance da tecnologia e das 

técnicas de organização social. 

Mayo criou um centro de estudos na área de Sociologia do Trabalho, onde havia a perspectiva 

de uma nova forma de agir dentro da empresa, cujo objetivo era levar ao máximo os processos de 

cooperação espontânea entre os funcionários dentro da organização. 

Num  estudo  de  caso,  denominado  “O  Inquérito  de  Hawthorne”,  realizado  na  Western 

Electric,  empresa  que  produzia  equipamentos  da  rede  telefônica  Bell,outra  gigante  do  setor.A 

Western Electric estava  situada Hawthorne,uma cidade perto de Chicago,nos Estados Unidos.Seus 

equipamentos eram exportados para vários países, inclusive o Brasil. Empregava 30 mil funcionários 

de 60 nacionalidades diferentes. 

Em 1924, realizou‐se nessa empresa um estudo sobre os efeitos da iluminação sobre o trabalho. 

Elton Mayo  ,então professor de Harvard,  já famoso por ter encontrado soluções científicas em outras 

empresas foi, então, contratado para estudar mais profundamente tal questão. 

Esse estudo permitiu pela primeira vez um conhecimento mais profundo sobre a organização 

do trabalho, superando o taylorismo,

 ao

 que

 as

 relações

 que

 ligam

 a indústria

 às

 suas

 atividades

 de

 

20 OLIVEIRA,S.L de.Sociologia das organizações: uma Análise do Homem e das Hmpresas no Ambiente Competitivo.SãoPaulo.Pioneira Thomson Learning,2002.

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trabalho  envolvem uma  complexa  relação  social.  Seus  estudos demonstraram que  a  eficiência no 

trabalho  está  condicionada  pelos  fatores  de  natureza  não  apenas  econômica,  mas  também  por 

questões de ordem política, moral, social e de qualidade de vida no trabalho. 

A pesquisa mostra ainda, a necessidade de elevação dos papéis e do status do  indivíduo na 

empresa. Foi verificada também a influência de grupos não‐formais no ajustamento psicológico dos 

empregado  da Western:  além  de  aumento  de  taxas  de  produtividade  e  diminuição  de  faltas  ao 

serviço e de abandono de emprego. 

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ. 

Bertold Brecht 

Quem construiu a Tebas de sete portas? 

Nos livros estão os nomes dos reis. 

Arrastaram eles os  blocos de pedras? 

E a Babilônia várias vezes destruída – 

Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas 

Da Lima dourada moravam os construtores? 

Para onde foram os pedreiros na noite em que a 

Muralha da China ficou pronta? 

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. 

Quem os ergueu? Sobre quem 

Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio 

Tinha somente palácios para os seus habitantes? 

Mesmo na lendária Atlântida 

Os que se afogavam gritaram por seus escravos 

Na noite em que o mar a tragou. 

Os que se afogavam gritaram por seus escravos 

Na noite

 em

 que

 o mar

 a tragou.

 

O  jovem Alexandre conquistou a Índia. 

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Sozinho? 

César  bateu os gauleses. 

Não levava sequer um cozinheiro? 

Filipe da Espanha chorou, quando sua 

Armada. 

Naufragou. Ninguém mais chorou? 

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. 

Quem venceu além dele? 

Cada página, uma vitória. 

Quem cozinhava o  banquete? 

A cada dez anos um grande homem. 

Quem pagava a conta? 

Tantas histórias. 

Tantas questões. 

1‐ Analise e destaque a idéia central do texto acima. 

2‐ De acordo com o mesmo texto assinale a resposta correta. 

A História da Humanidade é produto do talento de um único homem. 

 b)A História da Humanidade é produto do homem em sociedade 

c)A história da Humanidade é produto do talento do governante somado a sociedade. 

d)Todas as respostas estão corretas. 

3‐ Pode‐se afirmar que o método é o elemento fundamental na distinção entre o positivismo 

durkheimiano e o idealismo alemão? a)Sim. 

 b)Não. 

c)Ambos usam o mesmo método. 

d)O principal elemento de distinção é o objeto de estudos. 

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  4‐Para Émile Dürkheim o objeto de estudos da Sociologia é: 

a) O fenômeno social. 

 b) O acontecimento social. 

c) O “fato social”. 

d) A sociedade. 

5 – Para Max Weber o objeto de estudos da Sociologia é : 

a) A “ação social”. 

 b) A“relação social”. 

c) A “ação e a relação social”. 

d) A“vida social”. 

6 – Na teoria weberiana tipo ideal é: a) Um modelo de análise. 

 b) Um modelo de análise que possibilita ao pesquisador aproximar‐se da 

realidade. 

c) Um tipo de método. 

d) Um tipo de objeto. 

7 – O lema da bandeira brasileira “Ordem e Progresso” inspiraram‐se: 

a) Na Revolução Francesa. 

 b) Na filosofia positivista de Augusto Comte. 

c) No marxismo. 

d) No idealismo alemão. 

8 – O conceito de mais‐valia é um conceito chave na teoria marxista. Mais‐valia é: 

a) O valor da mercadoria. 

 b) O número de horas a mais trabalhadas pelo trabalhador para produzir o seu  salário. 

c) O valor do trabalho. 

d) O valor do capital. 

9 – O que Marx entende por alienação? 

a) Perda da capacidade de pensar logicamente. 

 b) Separação

 entre

 o trabalhador

 e os

 meios

 de

 produção.

 

c)Trabalho mecânico. 

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d) Trabalho artesanal. 

10 – Que classes sociais Karl Marx identifica ao longo da história? 

a) Nobreza e  burguesia 

 b) Burguesia e clero 

c) Nobreza,  burguesia e clero. 

d) Burguesia e proletariado 

11  –  Para Karl Marx  a  sociedade  humana  é  fruto de  um  processo  constante  de  transformações 

sociais provocadas por um determinado fator: 

a) As guerras. 

 b) A luta de classes. 

c) As invenções científicas. 

d) As disputas políticas. 

13 – O ser humano busca no trabalho: 

a) Status social 

 b).Ganhar dinheiro e enriquecer 

c). Receber um salário que permita a sua sobrevivência 

d) Receber um salário que garanta  a sua sobrevivência e ainda sentir que seu trabalho é útil à sua 

família e a sociedade em geral. 

14.‐Considerando  os  versos  sublinhados,  assinale  as  repostas  que  nos  permitem  relacionar  a 

música de Gonzaguinha  ao que  estudamos  sobre  a questão:  homem/trabalho nas pesquisas de 

Elton Mayo? 

Um Homem Também Chora (guerreiro Menino) 

Gonzaguinha 

Um homem também chora 

Menina morena 

Também deseja colo 

Palavras amenas

 

Precisa de carinho 

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Faculdade Machado de Assis 29

Precisa de ternura 

Precisa de um abraço 

Da própria candura 

Guerreiros são pessoas 

tão fortes, tão frágeis 

Guerreiros são meninos 

No fundo do peito 

Precisam de um descanso 

Precisam de um remanso 

Precisam de um sono 

Que os tornem refeitos 

É triste ver meu homem 

Guerreiro menino 

Com a  barra de seu tempo 

Por sobre seus ombros 

Eu vejo que ele  berra 

Eu vejo que ele sangra 

A dor que tem no peito 

Pois ama e ama 

Um homem se humilha 

Se castram seu sonho 

Seu sonho é sua vida 

E vida é trabalho 

E sem o seu trabalho 

Um homem não tem honra 

E sem a sua honra 

Se morre, se mata 

Não dá pra ser feliz 

Não dá

 pra

 ser

 feliz