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B.° Aniversário - A Conferência Educação, redes e impostos são os desafios da próxima década Portugal tem de resolver as carências para largar a cauda do desenvolvimento da Europa antes de 2030. Textos: Cátia Rocha, Diogo Ferreira Nunes e Maria Caetano

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Page 1: são da próxima década - ULisboa...logo, para captar e reter fundos. A ideia foi repetida pelo líder da agência de captação de investi-mento, a AICEP. Segundo Luís Castro Henriques,

B.° Aniversário - A Conferência

Educação, redese impostos sãoos desafios dapróxima décadaPortugal tem de resolver as carências para largar acauda do desenvolvimento da Europa antes de 2030.Textos: Cátia Rocha, Diogo Ferreira Nunes e Maria Caetano

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A educação, os impostos, o desen-volvimento das novas redes e a di-

gitalização são quatro dos maioresobstáculos que o país enfrenta na

próxima década e que estiveramem debate na conferência do B.°

aniversário do Dinheiro Vivo. De-safios que têm de ser ultrapassadosnum país que "evoluiu na área tec-

nológica, com a Web Summit",mas onde "o Portugal real conti-nua a ter várias carências", apon-tou o diretor-geral da fábrica do

grupo PSA em Portugal, José Ma-ria Castro. Diagnóstico partilhadopelos vários intervenientes.

Aposta na educaçãoA necessidade de investimento na

educação e na formação foi umtema transversal no debate sobre

os desafios e as oportunidades paraa próxima década, no qual tam-bém os ministros da Economia e

do Planeamento deixaram um re-cado: o investimento não deve ca-ber apenas ao governo.

Neste cenário, a aposta na edu-

cação tem de ser feita a pensar nos

jovens - destacou Paula Panarra,

general manager da Microsoft Por-

tugal -, mas também em quem jáestá no mercado de trabalho há al-

guns anos, com um esforço na áreada requalificação. "Há que preparara população ativa" para tirar todo o

potencial da tecnologia ao serviçodas várias áreas da economia, disse

a gestora. "Não é mais admissível

que olhemos para as pessoas queestão a chegar perto dos 50 e talanos e pensar que já não vale a

pena investir na sua requalifica-ção", notou também o ministro do

Planeamento, Nelson de Souza.

Já Alexandre Fonseca, presiden-te da Altice Portugal, apontou queé necessário reforçar o investi-mento em "literária digital" e queeste tema chegue a todos. "Esta-mos perante uma geração que está

a sair das universidades como a ge-ração mais bem preparada de sem-

pre, mas ainda temos muitas assi-

metrias regionais." Para o CEO da

operadora de telecomunicações, é

preciso apostar "num ensino queseja digitalizado".

João Duarte, professor de Econo-mia na Nova SBE, vai mais longe:"Temos de sprintar. A educação é

uma área prioritária."

Impostos e saláriosTem sido um apelo das empresas.Para os negócios, além de um pedi-do de baixa de IRC, espera-se esta-bilidade fiscal a longo prazo. Desde

logo, para captar e reter fundos.A ideia foi repetida pelo líder da

agência de captação de investi-mento, a AICEP.

Segundo Luís Castro Henriques,o capital estrangeiro não tem quei-xas quanto ao nível de impostoscobrado, mas o mesmo já nãoacontece coma previsibilidade das

opções fiscais.

"Temos a geraçãomais preparadade sempre a sairdas universidades,mas ainda temosmuitas assimetriasregionais."

"Temos de ter forma de dizer às

empresas que nos próximos cinco

anos isto vai ser assim", defendeu,refletindo aquela que a AICEP dizser uma queixa manifestada pormuitos investidores: "O principalfator que as empresas estrangeiras

apontam a Portugal na fiscalidade

não é tanto o nível de impostosmas a sua variabilidade".

A exemplo, Alexandre Fonsecalembrou o investimento de doismil milhões de euros feito pela Al-tice em quatro anos, em Portugal,cuja continuidade depende tam-bém do quadro fiscal. "Se a Alticevai continuar a manter investi-

mento, isso depende de medidas

fiscais, laborais e regulatórias",vincou.

O tema da estabilidade foi abor-dado também pelo economista

João Duque. "É necessária uma po-lítica fiscal estável", alertou. Mas é

preciso mais para atrair pessoas."Não há ninguém que venha traba-lhar para Portugal porque os im-

postos são baixos. É preciso sentir

confiança" (leia mais na caixa ao

lado). A mesma ideia foi partilhada

por Bruno Bobone, presidente da

CCIP - Câmara de Comércio e In-dústria de Portugal, num discurso

em que defendeu que "uma econo-mia que paga salários de miséria,fica sempre na cauda do desenvol-vimento".

Autoestradas e 5GO desenvolvimento das redes de

comunicação e de transporte tam-bém é crucial para que Portugalconsiga aproximar-se do resto da

Europa. No caso da PSA Mangualde,ligar a fábrica à ferrovia será decisi-

vo para aumentar a competitivida-de e vencer a concorrência, cada vezmais de Marrocos e da Argélia. "Es-

tamos a chegar a um ponto em queo custo de transporte é superior ao

custo de produção de veículos",avisou José Maria Castro.

Também se espera que Portugalconsiga finalmente implementar a

rede SG, "uma renovação e revolu-

ção na área das telecomunicações",assinalou o líder da Altice Portugal."Portugal hoje posiciona-se na cau-da da Europa. Estamos neste mo-mento ao nível da Bulgária ou de

Chipre", alertou o gestor, apontan-do baterias ao regulador, a Anacom,que identifica como principal res-

ponsável pelo atraso do país no SG.

Digitalização e fíntechsO líder do Bankinter Portugal, Al-berto Ramos, reconhece que "os

bancos estão hoje mais bem prepa-rados" mas que se avizinham tem-

pos atribulados. "As ameaças são

maiores do que as oportunidades",assinalou, referindo-se a temascomo as baixas taxas de juro. Mas

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há outro desafio no horizonte, a di-

gitalização, que trouxe novos

players ao mercado, incluindo as

fintechs, nas quais vê a vantagemde se poder "aprender e trabalhar".

De resto, instituições que quei-ram continuar a existir têm de

apostar no digital, defende Sebas-

tião Lancastre. O fundador da

Easypay é claro: "Quem não tiver

apps vai safar-se? Duvido!" E des-

taca que as fintechs estão em "ma-res nunca antes navegados", ondeas necessidades do cliente obri-

gam a rápidas mudanças. "Há queouvir para sermos relevantes."

João Duque Estabilidade fiscal einvestimento na ferrovia para Portugal

"Temos de fazer muito mais do

que os ministros." Foi a João

Duque que coube fazer o balançoda conferência. Seguindo o seuestilo habitual, o economista

passou em revista os prin-cipais temas focadosnesta manhã e focouduas necessidades em

especial: estabilidadefiscal e investimento n?

ferrovia. "Não há nin-

guém que venha trabalhar

para Portugal porque os impos-tos são baixos. É preciso ganharbem e que as empresas paguem,mas precisam de sentir confian-

ça. É essencial uma política fiscalestável." O economista recordou

que o acordo fiscal PSD-CDS-PSassinado no governo de Passos

"foi rasgado logo após o PS assu-mir o governo - o sinal para foraé que há um acordo que pode serriscado por questões conjuntu-rais". João Duque também apon-

tou baterias ao investimento pú-blico - neste caso, à falta dele."Temos de apostar no desenvol-vimento da mobilidade baseadana ferrovia - os governos têm

tido orelhas moucas. Entrea política de redistribui-

ção, que aumentou as

importações, talvez

pudéssemos vocacio-nar alguma despesa/ para o investimento na

ferrovia." O recado não fi-cou por aqui: "Vamos aumentaro porto de Sines", mas só valeráse for possível fazer seguir "a

carga em comboio, de formamuito barata. Essa obra não de-mora meia dúzia de meses. Se

ontem era tarde, hoje é pior". E o

que reserva o futuro dos portu-gueses? "Usar menos os cotove-los e mais as mãos, porque a mu-

dança vai ser muito acelerada e

as alterações climáticas vão im-

por a mudança."

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