Sinopse Do Livro Da Cartilha Do Grau de Companheiro

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13/11/2014 Sinopse do livro Da Cartilha do Grau de Companheiro http://www.lojasmaconicas.com.br/jc_sinopses/sinopse/sip18.htm 1/4 Sinopse - Síntese Do livro: “Cartilha do Grau de Companheiro” Editora A Trolha – 1998 José Castellani DADOS HISTÓRICOS DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM Doutrinariamente, o grau de Companheiro é o mais legítimo grau maçônico, por mostrar o obreiro totalmente formado e aperfeiçoado, profissionalmente. Historicamente, é o grau mais importante da Franco-Maçonaria, pois sempre representou o ápice da escalada profissional, nas confrarias de artesãos ligados à arte de construir, as quais floresceram na Idade Média e viriam a ser conhecidas, nos tempos mais recentes, sob o rótulo de “Maçonaria Operativa”, ou “Maçonaria de Ofício”. Na realidade, antes do século XVIII havia apenas dois graus reconhecidos na Franco-Maçonaria: Aprendiz (Entered Apprentice) e Companheiro (Fellow Craft , ou, simplesmente, Fellow). Na época anterior ao desenvolvimento da Maçonaria dos Aceitos, ou Especulativa (1), o Companheiro era um Aprendiz, que havia servido o tempo necessário como tal e havia sido reconhecido como um oficial, um trabalhador qualificado, autorizado a praticar seu ofício. Na Idade Média, quando as construções em pedra eram comissionadas pela Igreja, ou pelos grandes reis, duques ou lords, a Maçonaria operativa era um lucrativo negócio ; ser reconhecido, portanto, como um Companheiro pelos operários era um passaporte seguro para uma participação no negócio e para uma renda praticamente garantida. Graças a isso, os mestres da obra eram escolhidos entre os Companheiros mais experientes e com maior capacidade de liderança ; e só exerciam as funções de dirigentes dos trabalhos, daí surgindo o Master da Loja (2), o qual, pelas suas funções e pelo respeito que merecia de seus obreiros, viria a ser o Worshipful Master --- Venerável Mestre --- o máximo dirigente dos trabalhos (3). O grau de Mestre Maçom só surgiria em 1723 --- depois da criação, em 1717, da Primeira Grande Loja, em Londres --- e só seria implantado a partir de 1738. Por isso, o grau de Companheiro foi sempre o sustentáculo profissional e doutrinário dos círculos maçônicos, não se justificando a pouca relevância que alguns maçons dão a ele, considerando-o um simples grau intermediário. Autores existem, inclusive, que afirmam que na fase de transição da Maçonaria, ele era o único grau, do qual se destacaram, para baixo, o grau de Aprendiz, e, para cima, o de Mestre. Na realidade, não pode ser considerado um maçom completo aquele que não conhecer, profundamente, o grau de Companheiro. A palavra Companheiro é de origem latina. O seu significado tem provocado controvérsias quanto à sua etimologia, pois alguns autores sustentam que ela seria derivada da preposição cum = com e do verbo ativo e neutro pango (is, panxi, actum, angere) = pregar, cravar, plantar, traçar sobre a cera e --- no sentido figurado --- escrever, compor, celebrar, cantar, prometer, contratar, confirmar. Neste caso, especificamente, pango teria o sentido de contrato, promessa, confirmação, fazendo com que a expressão cum pango --- que teria dado origem à palavra Companheiro --- signifique com contrato , com promessa , envolvendo um solene compromisso, que teria orientado as atividades das companhias religiosas e profissionais da Idade Média e do período renascentista. A origem mais aceita, todavia, é outra: o termo Companheiro é derivado da expressão

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Sinopse - Síntese Do livro: “Cartilha do Grau de Companheiro”

Editora A Trolha – 1998 José Castellani

DADOS HISTÓRICOS DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Doutrinariamente, o grau de Companheiro é o maislegítimo grau maçônico, por mostrar o obreiro játotalmente formado e aperfeiçoado, profissionalmente.

Historicamente, é o grau mais importante daFranco-Maçonaria, pois sempre representou o ápice daescalada profissional, nas confrarias de artesãos ligadosà arte de construir, as quais floresceram na Idade Médiae viriam a ser conhecidas, nos tempos mais recentes,sob o rótulo de “Maçonaria Operativa”, ou “Maçonaria deOfício”.

Na realidade, antes do século XVIII havia apenasdois graus reconhecidos na Franco-Maçonaria: Aprendiz(Entered Apprentice) e Companheiro (Fellow Craft, ou,simplesmente, Fellow). Na época anterior aodesenvolvimento da Maçonaria dos Aceitos, ouEspeculativa (1), o Companheiro era um Aprendiz, quehavia servido o tempo necessário como tal e havia sido reconhecido como um oficial, umtrabalhador qualificado, autorizado a praticar seu ofício. Na Idade Média, quando asconstruções em pedra eram comissionadas pela Igreja, ou pelos grandes reis, duques oulords, a Maçonaria operativa era um lucrativo negócio ; ser reconhecido, portanto, como umCompanheiro pelos operários era um passaporte seguro para uma participação no negócio epara uma renda praticamente garantida.

Graças a isso, os mestres da obra eram escolhidos entre os Companheiros maisexperientes e com maior capacidade de liderança ; e só exerciam as funções de dirigentesdos trabalhos, daí surgindo o Master da Loja (2), o qual, pelas suas funções e pelo respeitoque merecia de seus obreiros, viria a ser o Worshipful Master --- Venerável Mestre --- omáximo dirigente dos trabalhos (3).

O grau de Mestre Maçom só surgiria em 1723 --- depois da criação, em 1717, daPrimeira Grande Loja, em Londres --- e só seria implantado a partir de 1738. Por isso, o graude Companheiro foi sempre o sustentáculo profissional e doutrinário dos círculos maçônicos,não se justificando a pouca relevância que alguns maçons dão a ele, considerando-o umsimples grau intermediário. Autores existem, inclusive, que afirmam que na fase de transiçãoda Maçonaria, ele era o único grau, do qual se destacaram, para baixo, o grau de Aprendiz, e,para cima, o de Mestre. Na realidade, não pode ser considerado um maçom completoaquele que não conhecer, profundamente, o grau de Companheiro.

A palavra Companheiro é de origem latina.

O seu significado tem provocado controvérsias quanto à sua etimologia, pois algunsautores sustentam que ela seria derivada da preposição cum = com e do verbo ativo e neutropango (is, panxi, actum, angere) = pregar, cravar, plantar, traçar sobre a cera e --- no sentidofigurado --- escrever, compor, celebrar, cantar, prometer, contratar, confirmar. Neste caso,especificamente, pango teria o sentido de contrato, promessa, confirmação, fazendo comque a expressão cum pango --- que teria dado origem à palavra Companheiro --- signifiquecom contrato , com promessa , envolvendo um solene compromisso, que teria orientado asatividades das companhias religiosas e profissionais da Idade Média e do períodorenascentista.

A origem mais aceita, todavia, é outra: o termo Companheiro é derivado da expressão

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cum panis, onde cum é a preposição com e panis é o substantivo masculino pão, o que lhedá o significado de participantes do mesmo pão. Isso dá a idéia de uma convivência tãoíntima e profunda entre duas ou mais pessoas, aponto destas participarem do mesmo pão,para o seu nutrimento.

Essa origem, evidentemente, deve ser considerada nos idiomas derivados do latim:compañero (castelhano), compagno (italiano), compagnon (francês), companheiro (português).A Enciclopédia Larousse, editada em Paris, por exemplo, registra o seguinte, em relação aosvocábulos compagnon e compagnonnage:

Compagnon - n.m. (du lat. cum = avec, et panis = pain) --- Celui que participe à lavie, aux occupations d’un autre: compagnon d’études. Membre d’une association decompagnonnage. Ouvrier. Ouvrier qui travaille pour un entrepreneur (par opos a patron).

Compagnonnage - n.m. --- Association entre ouvriers d’une même profession à desfins d’instruction professionelle et d’assistence mutuelle. Temps pendant lequel l’ouvrier sortid’apprentissage travaillait comme compagnon chez son patron. Qualité de compagnon.

Ou seja:

Companheiro - substantivo masculino (do latim cum = com, e panis = pão) --- Aquele que participa, constantemente, das ocupações do outro: condiscípulo, companheiro deestudos. Membro de uma associação de companheirismo. Operário que trabalha para umempreiteiro.

Companheirismo - substantivo masculino --- Associação de trabalhadores de umamesma profissão, para fins de aperfeiçoamento profissional e de assistência mútua. Tempodurante o qual o operário saído do aprendizado trabalhava como companheiro, em casa deseu patrão. Qualidade de companheiro.

Nos idiomas não latinos, os termos usados têm o mesmo sentido. Em inglês, porexemplo, o Companheiro, como já foi visto, é o Fellow, que significa camarada, par,equivalente, correligionário, membro de uma sociedade, conselho, companhia, etc. . Daí,temos as palavras derivadas, como: fellow laborer = companheiro de trabalho; fellow member= colega; fellow partner = sócio; fellow student = condiscípulo; fellow traveler = companheirode viagem; e fellowship = companheirismo.

Não se deve, todavia, confundir o grau de Companheiro Maçom, ou oCompanheirismo maçônico com o Compagnonnage --- associações de companheiros ---surgido na Idade Média, em função direta das atividades da Ordem dos Templários, eexistente até hoje, embora sem as mesmas finalidades da organização original, como ocorre,também, com a Maçonaria. O Compagnonnage foi criado porque os templários necessitavam,em suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos ; assim organizaram-nos de acordo com a sua própria doutrina, dando-lhes um regulamento, chamado Dever. Eesses trabalhadores construíram formidáveis cidadelas no Oriente Médio e, lá, adquiriram osmétodos de trabalho herdados da Antigüidade, os quais lhes permitiram construir, noOcidente, as obras de arte, os edifícios públicos e os templos góticos, que tanto têmmaravilhado, esteticamente, a Humanidade. O Compagnonnage, execrado pela Igreja, porquetinha sua origem na Ordem dos Templários, esmagada no início do século XIII, por Filipe, oBelo, com a conivência do papa Clemente V, acabaria sendo condenado pela Sorbonne. Esta,originalmente, era uma Faculdade de Teologia, já que fora fundada em 1257, por Robert deSorbon, capelão de S. Luís, para tornar acessível o estudo da teologia aos estudantespobres. E a condenação, datada de 14 de março de 1655, contendo um alerta aosCompanheiros das organizações de ofício (os maçons operativos), tinha, em relação àspráticas do Compagnonnage, o seguinte texto:

“Nós, abaixo assinados, Doutores da Sagrada Faculdade de Teologia de Paris,estimamos: 1. Que, em tais práticas, existe pecado de sacrilégio, de impureza e de blasfêmiacontra os mistérios de nossa religião; 2. Que o juramento feito, de não revelar essas práticas, mesmo na confissão, não éjusto nem legítimo e não os obriga de maneira alguma ; ao contrário, que eles se obrigam aacusar a si mesmos desses pecados e deste juramento na confissão; 3. Que, no caso do mal estar continuar e não possam eles remediá-lo de outra forma,

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são obrigados, em consciência, a declarar essas práticas aos juizes eclesiásticos ; e damesma forma, se for necessário, aos juizes seculares, que tenham meios de dar remédio; 4. Que os Companheiros que se fazem receber em tal forma assim descrita nãopodem, sem incorrer em pecado mortal, se servir da palavra de passe que possuem, para sefazer reconhecer Companheiros e praticar os maus costumes desse “Companheirismo” ; 5. Que aqueles que estão nesse Companheirismo não estão em segurança deconsciência, enquanto estiverem propensos a continuar essas más práticas, às quaisdeverão renunciar; 6. Que os jovens que não estão nesse “Companheirismo”, não podem neles ingressarsem incorrer em pecado mortal. Paris, no 14o. dia de março de 1655”.

Nada a estranhar! Era a época dos tribunais do Santo Ofício, da “Santa” Inquisição.

Para finalizar, é importante salientar que muitos dos símbolos do grau deCompanheiro Maçom --- os quais tanto excitam a mente de ocultistas --- foram a eleacrescentados já na fase da Maçonaria dos Aceitos, pelos adeptos da alquimia oculta, damagia, da cabala, da astrologia e do rosacrucianismo , já que os obreiros medievais, osverdadeiros operários da construção, nunca adotaram tais símbolos, limitando-se às lendas eaos mitos profissionais. Eram, inclusive, adversários das organizações ocultistas,combatidas pela Igreja, à qual eles eram profundamente ligados, pois dela haviam haurido aarte de construir e mereciam toda a proteção que só o clero católico poderia dar, numa épocaem que o poder maior era o eclesiástico.

Com o incremento do processo de aceitação, a partir dos primeiros anos do séculoXVII, as portas das Lojas dos franco-maçons foram sendo abertas não só aos intelectuais eespíritos lúcidos, que foram responsáveis pelo renascimento europeu, mas, também, a todosos agrupamentos místicos e às seitas existentes na época. Isso iria provocar uma verdadeirarevolução nas corporações de ofício e iria começar a delinear a ritualística especulativa dograu, baseada em símbolos místicos e nas doutrinas ocultistas, principalmente na Cabala ena Alquimia Oculta.

NOTAS

1. Aceitos eram aqueles elementos não ligados ao ofício, ou à arte de construir, osquais tinham o seu ingresso admitido nas Lojas dos verdadeiros obreiros da construção. Ocostume de admitir “aceitos” era muito antigo e, praticamente, sempre existiu nasagremiações profissionais, como maneira de distinguir algumas pessoas ; e essa distinçãopodia ser uma simples honraria, ou, então, motivada por uma questão de sobrevivência e deamparo, através da aceitação de nobres e aristocratas. A prática, todavia, era bastanterestrita, e tais aceitos, em número diminuto, não eram mais do que membros honorários dasLojas, não tendo, nelas, qualquer atuação decisiva. Com a decadência das corporações deofício, estas começaram, de maneira mais evidente e não mais como honraria, a aceitarelementos estranhos ao ofício, para aumentar o enfraquecido contingente dos franco-maçons.O primeiro caso conhecido é o de John Boswell, lord de Aushinleck, aceito na St. Mary’sChapell Lodge --- Loja da Capela de Santa Maria --- em Edinburgo, Escócia, em 1600. EssaLoja fora criada em 1228, quando da fundação da Fraternidade de Construtores da Capela deSanta Maria, que alguns autores consideram como núcleo original do Rito Escocês, o que nãoparece viável. Durante todo o século XVII, o processo iria se acentuar a ponto de, no seufinal, o elemento aceito superar, amplamente, o operativo, o que iria levar, em 1717, àfundação da Premier Grand Lodge, em Londres, a qual serve como marco --- um “divisor deáguas”--- entre a Maçonaria operativa e a moderna Maçonaria dos Aceitos.

2. As Lojas dos operativos eram formadas para proceder à construção de obras dearte, obras públicas, ou templos católicos (é o caso, por exemplo da já citada Loja da Capelade Santa Maria). Concluída a obra, a Loja continuava, pois, em construções com aenvergadura daquelas, incluindo as imensas e trabalhadas catedrais góticas, havia anecessidade de constante manutenção e eventuais reparos.

3. O título de Mestre da Loja, ou Venerável Mestre, dado ao presidente de umaOficina maçônica, tem sua origem na Inglaterra, nos meados do século XVII, quando já iaavançada a paulatina transformação da Maçonaria de ofício em Maçonaria dos aceitos.Derivado da palavra inglesa worship, que significa adoração, culto, reverência --- como formade tratamento --- quando usada como substantivo, e venerar, adorar, idolatrar, quando usada

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como verbo transitivo, tem-se o termo worshipful , que significa adorador, reverente, ouvenerável (neste último caso, como forma de tratamento). Assim, o presidente da Loja tinhao título de Master (Mestre), ao qual se adicionou, posteriormente, o tratamento reverente deworshipful (venerável) --- pois, no início, o termo venerável era aplicado apenas àscorporações de artesãos --- o que produziu a expressão worshipful master (venerávelmestre). A expressão, todavia, não é muito utilizada nos países de fala inglesa, onde seprefere, simplesmente, Master, dando-se o título de Past-master ao ex-Venerável Mestre.Nas Obediências latinas, ao contrário, é quase abolido o termo Mestre, já que as referênciasao presidente da Loja limitam-se, quase sempre, a um simples Venerável, o que é altamenteincorreto, pois este vocábulo, no caso, é um adjetivo, que não pode ser usado sem osubstantivo Mestre.

Do livro: “Cartilha do Grau de Companheiro” Editora A Trolha – 1998

Esta obra, básica para os Companheiros Maçons, 2º grau da Maçonaria Simbólica, mostra aHistória do Grau de Companheiro, Origem da Palavra, Misticismo do Grau, Painéis, AnáliseFilosófica e Normas de Comportamento. Tratando-se, historicamente, do mais importantegrau maçônico, o grau de Companheiro não pode ser desconhecido de nenhum maçom.