Sinopse 2017 - DGAE

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Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 2 | 17

Introdução Índice

Introdução 2

Resumo 2

1. Enquadramento Macroeconómico Geral 3

2. Enquadramento Histórico 4

3. Enquadramento Legislativo e Política Públicas 8

4. Agentes Económicos 9

5. Análise do Setor 10

6. Desafios e Tendências 14

7. Conclusão 16

8. Referências Bibliográficas 17

A Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) inclui, no seu âmbito de atribuições, o estudo de

várias indústrias relevantes para a economia nacional.

Sendo a indústria do mobiliário um desses setores, a presente ficha sinóptica pretende fazer uma

caracterização desta indústria, na qual se inclui um fragmento da sua história.

Resumo

A indústria do mobiliário surge-nos, em todo o mundo, extremamente fragmentada. Em Portugal, existe

um elevado nível de concentração geográfica, sendo que o maior número de empresas do setor está

situado no Norte do País.

Esta indústria teve uma evolução positiva nos últimos anos, em termos sociais e comerciais, tanto a nível

interno como externo, gozando de um saldo superavitário na balança comercial.

Não obstante o número de empresas do setor ter diminuído no período compreendido entre 2011 e 2015,

o volume de negócios e o valor acrescentado bruto (VAB) registam uma evolução positiva desde 2013.

Também o emprego apresenta uma recuperação nos dois últimos anos, depois de perdas sucessivas

desde 2011.

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1. Enquadramento Macroeconómico Geral

De acordo com o Banco de Portugal1, no primeiro semestre de 2017, a atividade económica mundial

registou uma aceleração2 face ao ano anterior, ainda que a um ritmo de crescimento moderado quando

comparado com o observado antes da crise económica e financeira internacional.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial cresça 3,5% em

2017 e 3,6% em 2018, com os maiores crescimentos a registar-se na Índia e na China (economias que mais

contribuem para o crescimento mundial das importações de bens). O ritmo de crescimento do crédito na

China está, no entanto, a levantar preocupações relativamente à estabilidade financeira a médio prazo.

A economia portuguesa registou, no primeiro semestre de 2017, um crescimento superior à média

europeia e ao observado na última década. O PIB cresceu 2,9% em termos homólogos, ultrapassando o

registado na área do euro, algo que não acontecia desde 2010.

Este dinamismo foi transversal à generalidade dos setores de atividade e resultou de uma aceleração das

exportações, em particular do turismo, face a uma aceleração da procura externa e do investimento (o

consumo privado apresentou um crescimento moderado).

A atividade na indústria transformadora, em termos de VAB (preços base), registou um aumento de 5%

em termos homólogos no primeiro semestre de 2017, em contraste com o aumento moderado de 0,7%

registado em 2016.

No entanto, o Banco de Portugal indica que o ritmo de crescimento da economia portuguesa ainda se

encontra condicionado pelo envelhecimento da população total e pelo elevado nível de desemprego de

longa duração, bem como por elevados níveis de endividamento dos setores público e privado. Também o

enquadramento externo apresenta alguns riscos, pelo que poderá haver uma inversão descendente no

comércio mundial, a médio prazo.

As projeções para a economia portuguesa apontam para a continuação da recuperação da atividade

económica em 2017, com o PIB a crescer 2,5% e a procura externa a acelerar face a 2016, com as

exportações de bens e serviços a crescerem aproximadamente 7% em 2017. A componente do

investimento empresarial deverá crescer cerca de 7% em 2017, o que demonstra uma evolução positiva

do indicador de confiança na indústria (embora a FBCF3 empresarial de 2017 ainda se situe cerca de 12%

abaixo do registado em 2008).

1 Texto extraído e adaptado do Boletim Económico do Banco de Portugal, outubro 2017.

2 Nomeadamente na área do euro, EUA, Japão, China e Brasil. O Reino Unido registou uma desaceleração, influenciado pelo

Brexit. 3 FBCF - Formação Bruta de Capital Fixo.

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2. Enquadramento Histórico

O presente enquadramento histórico do mobiliário português pretende dar uma visão geral sobre o

assunto, destacando os aspetos considerados mais pertinentes de um tema muito vasto, percorrendo

assim três épocas com características marcantes e terminando na atualidade.

O material de excelência para a fabricação do mobiliário é a madeira, devido às suas propriedades

mecânicas importantes: a maleabilidade, a ductilidade e a sua resistência ao apodrecimento, bem como

pela sua densidade que ajuda ao trabalho do marceneiro.

No entanto, usam-se outros materiais como a pedra embutida e o ferro forjado, que pela sua elevada

resistência usa-se, por exemplo, em camas ou em ferragens funcionais e decorativas, tendo sido

substituído, mais recentemente, pelo latão, o bronze e mesmo por cobre.

Tendo-se inspirado, ao longo dos tempos, em modelos de outros países da Europa, o mobiliário português

sempre se distinguiu daqueles por formas mais robustas e também por uma decoração mais elaborada.

Segundo Ernesto Veiga de Oliveira4 e Fernando Galhano5, podemos ordená-lo em três tipologias:

Móveis de fabrico local, que seguem a velha tradição artesanal rústica, ou seja, concebidos com

meios locais e regionais dentro da sua herança histórico-cultural de produção (arcas, arquibancos6).

Destaque para a arca ou baú do mobiliário

alentejano (Figura 1), onde se guardam os

pertences que se querem preservar pela sua

importância ou valor, como os lençóis de linho

ou as melhores toalhas. Este é todo pintado

de branco e decorado à mão com flores de

cores vivas que alegram o ambiente.

Figura 1 - Arca Alentejana

Móveis de inspiração palaciana e burguesa, que são cópias ou versões de formas de estilos, também

conhecidos como móveis clássicos (cadeiras, canapés, cómodas, armários).

4 Deixou uma vasta obra publicada, que inclui estudos sobre arquitetura e mobiliário, entre outros.

5 Etnólogo e investigador destacado do século XX português.

6 Banco grande de costas, com caixa e repartimentos, a que serve de tampa o assento do mesmo banco (ainda se encontram

alguns nas sacristias e nas casas antigas).

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Figura 2 - Sofá Clássico

Os móveis clássicos são intemporais e aliados aos

materiais e inovações dos dias de hoje, criam uma

atmosfera exclusiva e sofisticada dentro de um lar

(Figura 2).

Móveis cuja produção é feita por mestres marceneiros, habilidosos e versáteis que se destacam pela

criação de modelos únicos, mas utilizando materiais locais e criando mobiliário de raiz.

A exemplo deste terceiro grupo, podemos considerar

a Cadeira Coração com espaldar tipo

rabo-de-bacalhau (Figura 3) a primeira cadeira de

design 100% português.

Criada durante o século XVIII, é inspirada em modelos

de cadeiras setecentistas de influência palaciana.

Simultaneamente romântica e popular, a cadeira

rabo-de-bacalhau, como é vulgarmente conhecida

graças ao seu espaldar curvilíneo que afunila até

chegar ao assento, foi inspirada na cadeira tipo

Windsor.

Figura 3 - Cadeira Coração

Refira-se a importância do século XVIII, mais propriamente os reinados de D. João V, D. José I e D. Maria I,

para a história do mobiliário português, época em que Portugal se deparava com a enorme riqueza de

madeiras que chegavam do Brasil: jacarandá, pau-santo ou ébano, a par das madeiras locais.

Os reinados de D. João V e de D. José I foram períodos florescentes da marcenaria portuguesa e deram o

nome a dois estilos de mobiliário perfeitamente integrados no contexto europeu.

O estilo D. João V que ocupou a primeira metade do século XVIII, também apelidado de joanino, era de

grande exuberância, caracterizado pela monumentalidade dos volumes entalhados onde predominavam a

concha e os concheados, concebidos simetricamente a partir de um eixo vertical.

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Figura 4 – Cómoda D. João V

As pernas do mobiliário eram galbadas (em curva e contracurva) e

com os joelhos dilatados decorados com palmetas concheadas e

folhagens estilizadas, os seus pés podiam ser em formato de bola

envolvidos por patas de leão, de palmípede ou por garras de aves

de rapina (Figura 4). O dourado era abundantemente usado,

chegando a revestir inteiramente os móveis considerados de

grande importância e que se destinavam aos palácios ou aos

templos.

A partir de meados do Séc. XVIII, ainda que muito ligado ao período anterior, dá-se uma transformação no

mobiliário nacional. Do estilo Barroco de D. João V transita-se subtilmente para o estilo D. José I, de uma

elegância palaciana, em que os móveis são depurados dos excessos de volume da talha do período

anterior, e a sua execução passa a ter um caráter mais delicado, próprio da fase final do Barroco

conhecido por “Rocaille” ou Rococó.

Os concheados esbatem-se, e o volume dos joelhos das cadeiras

e dos ângulos dos tampos das mesas tornam-se menos

volumosos e salientes (Figura 5). O mobiliário ganha uma

elegância palaciana com concheados vazados e relevos mais

esbatidos, que se podem verificar também nas molduras dos

espelhos e nas cabeceiras das camas.

Figura 5 - Cómoda D. José I

Na sequência do terramoto de 1755 houve uma grande escassez de móveis. Por esse motivo, e a fim de

minorar a sua falta na capital, o então 1.º Ministro de D. José I - Sebastião José de Carvalho e Melo

(Marquês de Pombal) permitiu que em Lisboa e arredores o mobiliário fosse executado com menor rigor7,

fomentando o aparecimento de indústrias ligadas ao mobiliário. Enquanto “estrangeirado”8 deu

preferência a mestres estrangeiros franceses, italianos e ingleses, tendo remodelado ou criado fábricas

reais de relógios, de espelhos e de couros.

A fase final do “Rocaille” prolonga-se em Portugal até à última década do Séc. XVIII, por gosto da Rainha

D. Maria I, extremamente conservadora. Neste período os revestimentos usavam-se folheados e

marchetados segundo composições geométricas, que se trabalhavam em tons claros de madeiras como o

espinheiro, o pau amarelo ou então como o pau-cetim e o rosa claro.

7 Deu permissão a marceneiros e carpinteiros, sem prova dada perante um júri, que se estabelecessem com tenda. Passada essa

fase os mestres voltaram a ser obrigados a assinar as suas obras. 8 Designação de um grupo de portugueses dos séculos XVIII-XIX que achou que Portugal não estava culturalmente integrado na

Europa e que se esforçou por essa integração, introduzindo no país ideias iluministas e liberais, oriundas de outros países europeus.

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Figura 6 – Cama D. Maria I

São desta época as cómodas de linhas retas, bem como as

cabeceiras das camas semicirculares ou então retilíneas com

incrustações de tons claros (Figura 6). Os marchetados

acompanham as formas singelas, de linhas puras, onde o

balanceado das curvas e contracurvas tinha sido banido.

No final do Séc. XVIII e princípios de XIX os móveis portugueses adotaram o neoclassicismo.

A mudança nos métodos de produção chega a Portugal no final do Séc. XIX, com a introdução de novas

tecnologias. A máquina, motor da Revolução Industrial iniciada no final do Séc. XVIII, em Londres, veio

modificar o trabalho predominantemente artesanal das marcenarias, das oficinas de produção e das

fábricas.

2.1. Do passado à atualidade

Com a gradual alteração dos métodos de produção, o artífice passa a ser operário e a ferramenta a

máquina. Neste contexto, opta-se pelas peças seriadas deixando de haver tantas peças únicas.

Assim, a capacidade técnica da indústria transformadora do mobiliário foi evoluindo em resposta à

necessidade humana, optando-se cada vez mais por materiais nacionais em peças com design, com o

objetivo de desenvolver produtos inovadores para as respetivas marcas.

Nos últimos anos assistiu-se a um grande desenvolvimento nesta indústria tradicional, que para poder

competir com outros países, ao nível da exportação, teve de se modernizar e aperfeiçoar as suas técnicas,

procurando tornar-se uma referência de excelência, qualidade, inovação e design a nível mundial – o

essencial, “o saber-fazer” e a identidade já existiam através de muitos anos de experiência.

Para o efeito, muito contribuiu o cluster do mobiliário, com o objetivo de dinamizar as empresas do setor,

promovendo a sua competitividade e internacionalização, através de uma aposta na investigação, na

formação e qualificação dos recursos humanos, a qual foi acompanhada por uma campanha de

comunicação e imagem para expandir a visibilidade internacional das empresas portuguesas.

Atualmente e com bases sustentadas, o setor deu um salto qualitativo através de novos modelos de

gestão que integram novas tecnologias como a digital, a que se conjuga um design moderno baseado no

melhor da nossa tradição.

Não menos importante neste sucesso foi a compreensão daquilo que o consumidor pretende, podendo as

peças ser executadas de acordo com os desejos do consumidor, ou seja, personalizadas e solicitadas

através de encomenda. Os criativos de mobiliário não param de procurar e encontrar soluções, a fim de

surpreender os compradores, e apostam na prestação de um bom serviço antes e após a venda.

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3. Enquadramento Legislativo e Política Públicas

De forma a estabelecer um enquadramento legislativo destaca-se a seguinte legislação, não exaustiva,

para a indústria em estudo:

Diplomas

Decreto-Lei n.º 135-C/2017, de 3 de novembro

Cria uma linha de crédito para a instalação de parques de receção de madeira queimada de resinosas, proveniente das regiões mais afetadas pelos incêndios florestais de 2017, visando contribuir para o escoamento faseado da madeira parqueada e consequentemente permitir o aproveitamento económico de matérias-primas com interesse industrial.

Decreto-Lei n.º 123/2015, de 3 de julho

Procede à 1.ª alteração ao Decreto-Lei n.º 95/2011, de 8 de agosto, que estabelece medidas extraordinárias de proteção fitossanitária indispensáveis ao controlo do nemátodo da madeira do pinheiro.

Decreto-Lei n.º 174/88, de 17 de maio

Estabelece a obrigatoriedade de declaração do corte ou arranque de árvores florestais que se destinem a venda ou ao autoconsumo para transformação industrial.

Resolução do Conselho de Ministros n.º 6-B/2015

Atualiza a Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), procurando garantir (ente outros), na perspetiva setorial, a articulação e enquadramento operacional com os diversos programas nacionais decorrentes dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, bem como com o Fundo Florestal Permanente, mantendo como horizonte o ano de 2030.

Regulamento (UE) n.º 528/2012, de 22 de maio

Produtos biocidas utilizados para a proteção da madeira.

Regulamento (UE) n.º 305/2011, de 9 de março

Estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e revoga a Diretiva 89/106/CEE do Conselho

Regulamento (UE) n.º 995/2010, de 29 de outubro

Fixa as obrigações dos operadores que colocam no mercado madeira e produtos da madeira

Refira-se que a inexistência de uma Comissão Técnica de Normalização9 ativa para o mobiliário, em

Portugal, leva a que não estejam publicadas normas nacionais, sendo válidas as normas europeias.

A título informativo, junta-se ainda legislação relevante, transversal a toda a indústria:

Decreto-Lei n.º 73/2015, de 11 de maio: Procede à 1.ª alteração10 ao Sistema da Indústria Responsável

(SIR), que estabelece os procedimentos necessários ao acesso e exercício da atividade industrial, à

instalação e exploração de Zonas Empresariais Responsáveis (ZER), bem como ao processo de

acreditação de entidades no âmbito deste sistema.

Decreto-Lei n.º 137/2014, de 12 de setembro: Estabelece o modelo de governação dos fundos

europeus estruturais e de investimento para o período de 2014-2020 e a Resolução de Conselho de

Ministros n.º 73-B/2014, de 16 de dezembro, cria as estruturas de missão para os programas

operacionais, no âmbito do ciclo de programação dos fundos europeus estruturais e de investimento.

9 Comissões Técnicas de Normalização

10 Aprovado em anexo ao Decreto -Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto.

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4. Agentes Económicos

Em Portugal, as principais Associações Nacionais do setor do mobiliário são:

AIMMP - Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal: www.aimmp.pt

APIMA - Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins: www.apima.pt

AEP - Associação Empresarial de Portugal (apesar de não ser uma associação de mobiliário tem um

manual de boas práticas relativo à indústria de madeira e mobiliário).

O Cluster das Empresas de Mobiliário de Portugal, enquanto iniciativa abrangida pelo COMPETE -

Programa Operacional Fatores de Competitividade11, surgiu em 2009 enquadrado na Estratégia de

Eficiência Coletiva (EEC), tendo perdurado até 2011.

Mais recentemente, a necessidade de continuar a desenvolver a indústria do mobiliário originou o

ressurgimento do cluster12 do setor, iniciativa de cariz regional, tendo sido formalmente criado no final de

junho de 2015, com o intuito de promover a competitividade e a internacionalização das empresas do

mobiliário, com base na inovação e no design.

Nessa data, foi formalizado um protocolo entre os municípios de Paços de Ferreira e de Paredes com as

associações empresariais destas cidades e as associações do mobiliário, cujo objetivo consistia na criação

de sinergias e no desenvolvimento de projetos conjuntos, almejando, assim, fazer do mobiliário nacional

uma referência incontornável a nível nacional e internacional.

Refira-se que, desde a década de 1990, Paços de Ferreira, situada na área geográfica do Tâmega e Sousa,

é uma das principais referências a nível nacional no setor mobiliário, sendo mesmo conhecida como a

Capital do Móvel. Na mesma linha de produção/inovação está Paredes, que embora pertença à área

Metropolitana do Porto está geograficamente muito próxima de Paços de Ferreira. Paredes integra a rota

dos móveis, sendo uma das zonas de maior exportação de mobiliário a par com Paços de Ferreira.

Com a concretização deste cluster, pretendeu-se aumentar as exportações do mobiliário português com

base nas suas linhas orientadoras de apoio à inovação, bem como através da interação com outros

clusters, desenvolvendo projetos conjuntos de Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Mais recentemente, e com o objetivo de apoiar as fileiras setoriais e promover as cadeias de valor, o

IAPMEI foi o organismo responsável pela coordenação do processo de reconhecimento dos novos clusters

nacionais, que terminou em fevereiro de 2017, tendo reconhecido 20 clusters de vários setores. No

entanto, a indústria do mobiliário não integrou qualquer plataforma agregadora de conhecimento.

11

O COMPETE foi, entre 2009 e 2011, a entidade competente pelo processo de reconhecimento, acompanhamento e avaliação dos clusters. 12

O conceito de cluster foi introduzido pelo economista Michel E. Porter, em 1990, no seu livro Competitive Advantages of Nations ("As vantagens competitivas das nações"). Consiste num conjunto de empresas que se agregam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local, com o objetivo de alcançarem uma maior eficiência.

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5. Análise do Setor

O ranking das dez maiores empresas de mobiliário em Portugal, segundo informação da Associação

Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), com dados relativos a 2015, encontra-se na

Tabela 1.

Tabela 1 - Ranking das dez maiores empresas de mobiliário em Portugal, 2015

Ranking Setorial Empresas

1 IKEA Industry Portugal, S.A.

2 Aquinos, S.A.

3 J.J. Louro Pereira, S.A.

4 Novaqui – Equipamentos e Mobiliário de Conforto, S.A.

5 Haworth Portugal – Mobiliário de Escritório, S.A.

6 Molaflex – Colchões, S.A.

7 Lusocolchão, S.A.

8 VVV – Soluções para Hotelaria, S.A.

9 Iberoperfil – Perfis Postformados, S.A.

10 Movecho, S.A.

5.1. Tecido Empresarial

O setor da indústria do mobiliário, representado pelo Código de Classificação das Atividades Económicas

(Rev. 3) CAE 310, compreende o fabrico de mobiliário e de colchões. Neste estudo tomou-se em

consideração as seguintes subclasses:

31010 Fabricação de mobiliário para escritório e comércio;

31020 Fabricação de mobiliário de cozinha;

31030 Fabricação de colchoaria;

31091 Fabricação de mobiliário para outros fins (Madeira, metálico, outros materiais e acabamentos).

Em 2015, o número de empresas do setor da indústria do mobiliário distribuiu-se de forma distinta

consoante as subclasses estudadas.

A fabricação de mobiliário para outros

fins abrange o maior número de

empresas com 83% do total do fabrico,

seguindo-se a fabricação de mobiliário

de cozinha com 13% das empresas, a

fabricação de mobiliário para escritório

e comércio com 3% e a fabricação de

colchoaria com 1% (Gráfico 1).

3% 13%

1%

83%

Gráfico 1 |Subsetor Fabricação de mobiliário e de colchões | Distribuição número empresas por CAE | % | 2015

Fabricação de mobiliário paraescritório e comércio

Fabricação de mobiliário decozinha

Fabricação de colchoaria

Fabricação de mobiliário paraoutros fins

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O grande dinamismo do setor do mobiliário pode ser observado através da presença assídua das suas

principais associações e empresas nas feiras mais relevantes, quer a nível nacional quer internacional.

A estratégia de diferenciação prosseguida por este setor, com a integração de novas tecnologias aliadas a

anos de “saber-fazer”, surtiu um efeito positivo na comercialização e exportação do mobiliário nacional

– o que se pode constatar através do valor da marca “Made in Portugal” junto do público em geral. De

salientar, que esta aposição de “Made in” decorre da adesão voluntária dos fabricantes, não se aplicando

aqui nenhuma exigência legal europeia ou nacional, devido à ausência de legislação sobre esta matéria.

Não obstante a referida estratégia, a indústria portuguesa do mobiliário surge-nos como uma indústria

extremamente fragmentada sendo, segundo os dados mais recentes do INE (2015), constituída por 4.446

empresas.

Estas empresas empregam cerca de

29.867 trabalhadores (4,5% do

emprego na indústria transformadora) e

geram um VAB de 491 milhões de

euros e um volume de negócios de

1.586 milhões de euros, o que

representa um aumento de 8% face ao

ano de 2014 (1.463 milhões de euros).

Ainda que o número de empresas tenha diminuído 15% no período de 2011 a 2015, o volume de negócios

aumentou 15% e o VAB cresceu 12%.

No entanto, e apesar da produtividade

aparente do trabalho13 no setor ter

evoluído positivamente neste período

(+28%), o seu valor, de 16,5 milhares

de euros por trabalhador/ano mantém-

se abaixo da média nacional (22,6

milhares de euros).

13

Produtividade aparente do trabalho = VAB/Pessoal ao serviço

3% 12%

1%

83%

15% 8% 7%

69%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Fabricação demobiliário para

escritório e comércio

Fabricação demobiliário de cozinha

Fabricação decolchoaria

Fabricação demobiliário para outros

fins

Gráfico 2 | Subsetor Fabricação de mobiliário e de colchões | Distribuição número de empresas e VAB por CAE | % | 2015

Número de Empresas VAB

14,047

12,783 12,605

14,470

15,477

16,454

12,000

14,000

16,000

18,000

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 3 |Indústria do Mobiliário | Evolução da produtividade aparente do trabalho | VAB / Pessoal ao serviço | Mil Euros | 2010-2015

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Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 12 | 17

Como já referido, em Portugal esta indústria caracteriza-se por um elevado nível de concentração

geográfica (Gráfico 4).

Desta forma, na região Norte, com

destaque para o distrito do Porto (nos

concelhos de Paredes e Paços de

Ferreira), encontram-se 64%14 das

empresas de mobiliário nacional,

seguindo-se a região Centro com 20% e a

área metropolitana de Lisboa com 11%.

Com menor expressão surge o Alentejo

com 3% e o Algarve, os Açores e a

Madeira com 1%.

5.2. Comércio Externo

Nesta rúbrica foram consideradas as seguintes nomenclaturas combinadas (NC):

9402 Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária;

9403 Outros móveis e suas partes;

9404 Suportes para camas, colchões, edredões, almofadam, pufes, travesseiros e artigos semelhantes;

9405 Aparelhos de iluminação e suas partes.

Pela análise destas rúbricas verifica-se

que os outros móveis e suas partes

representaram o maior valor de

exportações de mobiliário em 2016

(73,2%).

14

Dados INE relativos a 2015. Data de atualização: 08-08-2017.

64%

20%

11%

3% 1% 1% 1%

Norte Centro Área Metrop.Lisboa

Alentejo Algarve RegiãoAutónomados Açores

RegiãoAutónoma da

Madeira

Gráfico 4 | Indústria do Mobiliário | Distribuição regional das empresas | % | 2015

2,1%

73,2%

14,0%

10,8%

Mobiliário para medicina, cirurgia,odontologia ou veterinária (por…

Outros móveis e suas partes

Suportes para camas (sommiers);colchões, edredões, almofadas,…

Aparelhos de iluminação(incluindo os projetores) e suas…

Gráfico 5 | Subsetor Mobiliário | Exportações de bens | % Subsetor | 2016

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Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 13 | 17

O mesmo se verifica no caso das

importações, sendo ainda de destacar o

peso das importações de aparelhos de

iluminação no total das importações de

mobiliário.

Um outro resultado representativo da evolução positiva observada na indústria do mobiliário foi o

comportamento das exportações que, nos últimos 5 anos (de 2012 a 2016), aumentaram cerca de 28%.

No ano de 2016, as exportações de

bens deste setor representaram 1,73%

do total de exportações portuguesas

de bens, atingindo um valor de cerca

de 925 milhões de euros, contra 484

milhões de euros de importações, de

onde resultou um saldo positivo de

aproximadamente 441 milhões de

euros.

Ao observarmos o saldo da balança de bens entre 2010 e 2016 (Gráfico 7) verificamos que houve um

aumento significativo até 2014, com um decréscimo em 2015 e uma ligeira melhoria em 2016, ainda que

os valores se mantenham abaixo dos verificados em 2014.

No ano de 2016, a França foi o principal destino das exportações da indústria do mobiliário nacional, com

uma quota de 20,17%, seguida da Espanha (19,49%) e dos Estados Unidos (7,94%).

No mesmo ano, a Espanha foi o nosso principal fornecedor (50,87% das importações nacionais), seguida

de Itália (8,57%), Alemanha (7,79%), China (7,71%) e França (7,41%).

Principais Clientes Bens 2016 (jan-dez)

Principais Fornecedores Bens 2016 (jan-dez)

Posição % Total Exportações

Posição % Total Importações

FR: França 1.ª 20,17%

ES: Espanha 1.ª 50,87%

ES: Espanha 2.ª 19,49%

IT: Itália 2.ª 8,57%

US: Estados Unidos 3.ª 7,94%

DE: Alemanha 3.ª 7,79%

GB: Reino Unido 4.ª 1,81%

CN: China 4.ª 7,71%

DE: Alemanha 5.ª 1,80%

FR: França 5.ª 7,41%

Fonte dos Quadros Clientes / Fornecedores: INE Data atualização dados: 10-05-2017

Nota: Dados preliminares de 2016.

1,9%

56,6%

10,1%

31,4%

Mobiliário para medicina, cirurgia,odontologia ou veterinária (por…

Outros móveis e suas partes

Suportes para camas (sommiers);colchões, edredões, almofadas,…

Aparelhos de iluminação(incluindo os projetores) e suas…

Gráfico 6 | Subsetor Mobiliário | Importações de bens | % Subsetor | 2016

106.658

190.266

360.654

436.088 460.069 435.727 440.519

0

200.000

400.000

600.000

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 7 | Indústria do Mobiliário | Saldo da balança de bens | Mil Euros | 2010-2016

Page 14: Sinopse 2017 - DGAE

Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 14 | 17

6. Desafios e Tendências

Os principais desafios que se colocam à indústria europeia do mobiliário podem agrupar-se da seguinte

forma:

Concorrência - o setor enfrenta uma enorme concorrência de países com baixos custos de produção.

De facto, a penetração da China no mercado da UE tem vindo a aumentar, e as importações da UE a

este país representam mais de metade das importações totais de mobiliário da UE.

Inovação - a dependência da inovação e do design, combinada com a globalização do comércio e a

digitalização, torna o setor mais vulnerável, tendo presente a fraca proteção dos direitos de

propriedade intelectual. Adicionalmente, o reforço da investigação e da inovação requer

financiamento, que muitas vezes é inacessível para as pequenas e médias empresas (PME).

Problemas estruturais - o envelhecimento da força de trabalho combinado com a dificuldade em

atrair trabalhadores jovens pode levar à inexistência futura de trabalhadores e artesãos qualificados.

Comércio internacional - as medidas protecionistas nos mercados internacionais criam distorções do

mercado e diminuem a competitividade do setor. Aos produtores de móveis da UE aplicam-se os

direitos sobre as importações de matérias-primas e as tarifas sobre as exportações de produtos

acabados. Além disso, os custos operacionais na UE são mais elevados devido a altos padrões

ambientais, de sustentabilidade e técnicos.

O setor português do mobiliário sofreu o impacto das crises económicas recentes, tendo enfrentado uma

diminuição no número de empresas e no emprego gerado. Não obstante, desde 2013, assiste-se a um

aumento do volume de negócios e do VAB do setor, o que sinaliza a recuperação deste setor industrial.

A indústria portuguesa do mobiliário tem registado um aumento da produção com forte incorporação de

inovação e design, bem como uma elevada qualidade, tanto nos materiais como nos acabamentos.

Face à crescente competitividade do setor, a nível nacional e internacional, as empresas nacionais de

mobiliário reagiram, e de forma a subir na cadeia de valor começaram a valorizar cada vez mais a

criatividade e a moda como fatores decisivos para o sucesso nas vendas dos seus produtos.

Não menos relevante na evolução deste setor é a aproximação ao consumidor final, que se tem atingido

através de pontos de venda internacionais diretos, bem como através de oferta de soluções integradas,

seja em projetos de arquitetura ou de instalação e renovação, a que se alia o fornecimento de mobiliário,

de estofos e de carpintaria.

Assim, a evolução do setor do mobiliário tem sido alicerçada na Criatividade, na Visão e no

Empreendedorismo - palavras-chave para um crescimento sustentado das empresas, já existente em

muitas empresas e que terá reflexos positivos no futuro.

Page 15: Sinopse 2017 - DGAE

Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 15 | 17

6.1. Atualidade: Incêndios florestais - repercussões na matéria-prima da indústria

do mobiliário

Segundo a base de dados nacional de incêndios florestais (Sistema de Gestão de Informação de Incêndios

Florestais – SGIF), o período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2017, registou um total

de 16.981 ocorrências (3.653 incêndios florestais e 13.328 fogachos), que resultaram em 442.418 hectares

de área ardida de espaços florestais, entre povoamentos (264.951 ha) e matos (177.467 ha). Comparando

os valores do ano de 2017 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos

3,6% de ocorrências e mais 428% de área ardida relativamente à média anual do período15.

O ano de 2017 apresentou, até ao dia 31 de outubro, o 6.º valor mais elevado em número de ocorrências

e o valor mais elevado de área ardida, desde 2007.

No momento em que se realiza este trabalho, é demasiado cedo para avaliar a dimensão do impacto que

a recente catástrofe irá ter a nível da fileira do mobiliário, nomeadamente quanto a fontes de

abastecimento.

Ainda que exista uma enorme quantidade de pinho queimado, suscetível de poder ser utilizado, não é

certo que este reúna as condições apropriadas ao seu aproveitamento, designadamente por não

apresentar a mesma resistência mecânica para ser trabalhado, entre outros fatores.

A magnitude do sucedido e a consequente falta de matéria-prima para processar nos próximos 5/10 anos

poderá ter efeitos muito negativos na indústria do mobiliário, não estando ainda determinadas as suas

repercussões, tanto ao nível do encerramento de instalações como ao nível da perda de postos de

trabalho16, num setor que muito tem contribuído para fixar a população no interior do País.

15

10.º Relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). 16

A AIMMP refere uma possível perda de 10.000 trabalhadores na indústria da madeira e do mobiliário.

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Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 16 | 17

7. Conclusão

A DGAE prossegue, no âmbito das suas atribuições, ao estudo de várias indústrias, relevantes para a

economia nacional. No caso da indústria do mobiliário (objeto da presente sinopse) pretendeu-se realçar

os principais aspetos da história deste setor, com especial enfoque na estratégia adotada ao longo dos

anos considerados.

A indústria do mobiliário é um setor dinâmico e de trabalho intensivo dominado por PME e

microempresas. Em geral, esta indústria dispõe de capacidade criativa e capacidade de resposta às novas

exigências, uma vez que é capaz de combinar novas tecnologias e inovação com o património cultural e

design, proporcionando emprego e gerando valor para a economia.

Conforme se procurou evidenciar, trata-se de um setor representativo da indústria transformadora

nacional em termos de volume de negócios gerado, em termos de VAB, e pelo seu pendor exportador. É,

igualmente, um setor importante em termos de criação de postos de trabalho em regiões do interior do

País, pelo que se afirma como uma indústria de relevo para a economia nacional.

De modo a fazer face aos desafios atuais e futuros, continuando a gerar valor económico e bem-estar

social, é apropriado que esta indústria se continue a focar no investimento em competências de design,

criatividade, inovação e novas tecnologias, que lhe permitam utilizar tecnologias de fabrico mais

avançadas, o que resultará na criação de empregos mais qualificados e mais atrativos para os jovens

profissionais.

As características anteriores são igualmente relevantes para aceder a novos mercados, bem como a

mercados mais maduros e sofisticados. As sinergias com setores como a construção e o turismo devem

ser fomentadas.

Por último, uma referência à importância crescente da utilização de matérias-primas de fontes

sustentáveis para a produção de mobiliário, numa sociedade cada vez mais atenta às questões

ambientais.

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Indústria do Mobiliário Sinopse 2017

Data de atualização | 17-11-2017 DSPE Página 17 | 17

8. Referências Bibliográficas

8.1. Bibliografia

Ferrão, Bernardo, Mobiliário Português, Porto, Lello & Irmão, 1990.

Oliveira, Ernesto Veiga de-Galhano, Fernando, «Mobiliário», in Fernando Pires de Lima, A Arte Popular

em Portugal, Lisboa, Verbo.

Study on the EU furniture market situation and a possible furniture products initiative, Comissão

Europeia, novembro 2014.

Boletim Económico do Banco de Portugal, outubro 2017.

8.2. Outras fontes

INE – Instituto Nacional de Estatística

https://www.infopedia.pt/

Real Fábrica da Seda in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017.

[consult. 2017-03-06 14:46:05]. Disponível na Internet:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/90556