Seminário sobre a mídia impressa
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1. INTRODUÇÃO
A mídia impressa, desde sua criação, ajudou a melhorar a divulgação de pensamentos
e fatos, e também o arquivamento da história do homem. Antecedida pelos famosos
manuscritos, sanou uma questão problemática destes: o difícil acesso aos materiais escritos
por sua dificuldade de produção e consequente limitação de volumes. Com ela tornou-se
possível a disseminação de ideais em territórios mais abrangentes e em períodos diferentes de
tempo; foi possível denunciar abusos cometidos por governantes de modo anônimo, sem que
se corresse o risco de ser perseguido pelos mesmos; foi possível maximizar o número de
alfabetizados mundialmente devido à maior acessibilidade aos materiais, agora impressos
massivamente.
Em campo de comunicação, fora conterrânea de sua forma mais primitiva, a
comunicação oral, que se complementou através do meio impresso, e seguiu auxiliando o
mesmo, como ainda ocorre atualmente.
Hoje em dia, a mídia impressa é formada por materiais diversos, sejam eles mais
voltados à leitura propriamente dita, ou à propaganda de algum produto. Pode-se aí listar
revistas, jornais e livros como meios para leitura, e folders, panfletos, folhetos, banners,
outdoors, malas-diretas, como meios mais adequados a mera divulgação publicitária.
O trabalho focar-se-á principalmente nas revistas e nos jornais, já que os mesmos
costumam englobar também algumas características dos demais, principalmente nas páginas
destinadas às propagandas; desse modo poderá ser realizada uma análise mais profunda da
linguagem por estes utilizada, ao mesmo tempo em que serão vistas características comuns
também aos demais.
2. HISTÓRIA DA IMPRESSÃO
Quando o assunto é a história da impressão, os dados são confusos e as datas
imprecisas. As técnicas mais antigas datam, segundo estudos, do primeiro milênio, mas
havendo uma grande diferença em séculos entre um autor e outro. Por isso, com o intuito de
evitar possíveis conflitos temporais, tomamos como base o trabalho de Asa Briggs e Peter
Burke (2004), que citam a técnica da “impressão em bloco” no Japão e China, por volta do
século VIII, como uma das formas mais antigas de impressão.
Focamos, entretanto, no mundo ocidental e, mais particularmente, na criação da
impressão gráfica. Foi por volta de 1450 que Johannes Gutenberg, um ourives alemão de
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Mainz, criou a prensa de tipos móveis, invenção que revolucionaria a comunicação e a
difusão de informações na Europa (BRIGGS; BURKE, 2004). A Bíblia de Gutenberg foi o
primeiro livro a ser impresso desta forma, um marco simbólico que, posteriormente, teria
efeitos sobre a religião como um todo.
A revolução da prensa gráfica viria a alterar completamente o modo de vida da
população européia (e, posteriormente, mundial) a curto e longo prazo. No campo religioso, a
invenção de Gutenberg serviria como forte aliada dos protestantes, permitindo a impressão de
Bíblias e, consequentemente, a sua livre interpretação, sem a necessidade de um
intermediário. Além disso, publicações protestantes, dentre as quais podemos citar as obras de
Lutero, circulavam mais facilmente entre a população européia. A contra-resposta viria com a
impressão do Index de livros proibidos, havendo grande censura por parte da Igreja Católica
com relação aos impressos com o intuito de evitar o desvio de seus seguidores. Entretanto,
mesmo necessitando de autorização para serem publicados, alguns livros circulavam
clandestinamente pela Europa. Sobre isso, Briggs e Burke escrevem:
Outra reação à censura formal foi organizar e reorganizar a comunicação clandestina. Uma
considerável variedade de mensagens era difundida às ocultas – de segredos dos governantes a
segredos comerciais ou técnicos, de idéias religiosas não ortodoxas a pornografia. (BRIGGS;
BURKE, 2004, p. 80)
Como destacado no trecho citado, não apenas da Igreja partia a censura. Os
governantes também temiam (e, ao mesmo tempo, desconheciam) o poder da mídia impressa.
A circulação de periódicos permitiu a difusão de ideais revolucionários, que destoavam do
sistema vigente e o contestavam. A censura, então, mais uma vez era utilizada, e os governos
buscavam disseminar seus valores através de seus próprios impressos.
Outra profunda mudança que merece destaque foi no campo científico. A impressão
deu as obras deste cunho um maior alcance, além de formalizá-las e creditar seus autores.
Com isso, houve uma difusão do conhecimento, permitindo avanços em diversas áreas através
de estudos apoiados em outros trabalhos.
Na sociedade, em geral, a grande mudança foi o aumento do número de letrados (em
longo prazo), que sentiam cada vez mais a necessidade de fazerem parte da nova mídia.
Entretanto, a comunicação oral ainda era necessária, pois o índice de analfabetismo, apesar de
seu decréscimo, ainda era acentuado. Com isso, era comum um grupo se reunir em volta de
um “contador de histórias”, que lia textos retirados dos livros. Era a leitura, então, uma
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atividade coletiva, social, e somente com o tempo foi se individualizando (BRIGGS; BURKE,
2004).
Vale ressaltar que, como já introduzido no parágrafo anterior, apesar da revolução da
prensa gráfica, as velhas mídias (oral e manuscrita) não se extinguiram e continuaram a ter
um papel importante na sociedade. A coexistência destas três formas de comunicação era tão
possível quanto, atualmente, a relação entre Internet, rádio, TV e mídia impressa.
É tema recorrente na história cultural que, quando aparece um novo gênero ou meio de
comunicação (no caso, a impressão gráfica), os anteriores não somem. O velho e o novo – por
exemplo, o cinema e a televisão – coexistem e competem entre si até que finalmente se
estabeleça alguma divisão de trabalho ou função. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 53)
No Brasil, as técnicas de impressão chegaram apenas em meados do século XVIII,
apesar de não se saber exatamente o ano. Martins (2002), em sua obra, trata deste problema,
dissertando brevemente sobre documentos diversos que citam datas distintas como marco da
impressão no Brasil. É certo, porém, afirmar que, no ano de 1747, foi instalada a oficina
tipográfica pertencente a Antônio Isidoro da Fonseca, no Rio de Janeiro, a qual pode ser
creditada o título de primeira do Brasil (apesar das possíveis controvérsias).
Foi com a chegada de D. João que definitivamente a mídia impressa tomaria força no
Brasil, principalmente por meio do decreto de criação da Impressão Régia, que de fato
instalou a tipografia em nosso país. É do mesmo período (início do século XIX) que datam os
primeiros periódicos, incluindo o Correio Brasiliense, de Hipólito José da Costa, que pregava
a favor da independência brasileira – e este se encerrou após a consumação de tal fato, com a
edição final de dezembro de 1822 (MARTINS, 2002).
Com relação à propaganda na mídia impressa, tal ação teria se iniciado no século XVI,
com a publicação de catálogos de livros com seus devidos preços, além da inserção, nas
páginas inicial e final de algumas obras, de outros títulos publicados pela mesma editora. No
século seguinte, na Inglaterra, anúncios já figuravam as páginas dos jornais. “Em Londres, por
volta de 1650, um jornal teria em média seis anúncios; cem anos depois, 50” (BRIGGS;
BURKE, 2004, p. 64).
Por fim, vale ressaltar o avanço da mídia impressa até os dias atuais, principalmente
após as revoluções tecnológicas, fazendo sua capacidade de produção crescer cada vez mais.
Suas conseqüências para o mundo, ao longo destes mais de cinco séculos, foram muitas, e
contribuíram para mudanças políticas, religiosas, sociais, culturais, econômicas e científicas.
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Atualmente, aparece em segundo plano, convivendo com as novas mídias, mas mesmo assim
se mostrando indispensável nas relações humanas. A propaganda, de forma geral, também
está muito ligada a este meio de comunicação e evoluiu junto dele, tendo se alterado
bruscamente com o tempo.
3. LINGUAGEM VERBAL DA MÍDIA IMPRESSA
No que diz respeito diretamente ao estilo linguagem – sem nos referirmos ao
vocabulário mas ao desenvolvimento de discurso – utilizada por jornais e revistas, tanto um
como o outro são espécies de descendentes dos livros, mas ao contrário destes, são publicados
com determinada periodicidade, atualmente podendo ser dividida em edições diárias (no caso
de alguns jornais), semanais, quinzenais, mensais, ou até no caso de algumas especiais,
semestrais ou anuais.
Partindo-se dessa comparação, destacamos já o que Robert Escarpit (apud REIMÃO,
1996) observou ao analisar as linguagens de livros e jornais, quando constatou uma diferença
de linguagem entre os citados meios: ao passo que o primeiro utilizava-se de uma linguagem
predominantemente discursiva, o segundo fazia maior uso da linguagem informativa. Desse
ponto de vista, podemos julgar que as revistas são um intermédio entre um e outro: nem tão
efêmeras quanto os jornais, que carregam notícias recentes e discussões em tempo real,
tornando sua leitura, como disse Sgard (apud REIMÃO, 1996) “imediata e global”; nem tão
perenes, fontes eternas de consultas, como os livros são.
Ainda segundo Escarbit (apud REIMÃO, 1996) observamos que os modos de leitura
são, devido a essas diferenças de linguagens, afetados, pois se o livro, por sua linguagem e
continuidade entre capítulos, é um meio de leitura um tanto quanto exaustivo; o jornal, por
sua linguagem sucinta, tipografia de títulos, divisão em colunas e assuntos distintos, propicia
uma leitura mais dinâmica. As revistas, então, são variáveis entre esses tipos de leituras:
podem fazer-se de leitura dinâmica, no caso de analisarmos alguns artigos sobre variados
assuntos, cartas de leitores, editorial; ou podem apresentar um texto um pouco mais elaborado
em casos de reportagens sobre assuntos mais delicados e discutíveis.
Devemos também considerar o que é já de conhecimento de estudiosos: que cada
veículo utilizado para a comunicação, seja ela massiva ou direcionada, possui uma linguagem
peculiar, que traz-lhe singularidade e motivo de existência. Nesse caso, por exemplo, deve-se
considerar que a linguagem utilizada pela televisão deve ser não apenas verbal, mas corpórea,
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levando-se em conta que o telespectador vê aquele que lhe transmite a mensagem, por mais
que não seja recíproco. Na rádio, por sua vez, a gesticulação deve ser trazida no tom de voz,
para que o interlocutor interaja com a mensagem e sinta-se instigado a prosseguir ouvindo-a.
A mídia impressa, diferentemente das já citadas, não possui intervenção direta de algum
indivíduo durante sua leitura e interpretação, por isso sua linguagem deve apresentar-se da
maneira mais clara possível, evitando regionalismos e gírias, porém regulando o uso de um
vocabulário muito culto, que dificultaria seu entendimento; portanto, utiliza-se de um
vocabulário dito padrão. Deve haver nela também grande atenção para a pontuação das frases,
para que as mensagens não transmitam-se erroneamente, o que poderia causar sua
incredibilidade.
Por fim, esse vocabulário pode também afetar-se com a temática escolhida para ser
abordada pela mídia. As revistas, por exemplo, costumam firmar-se de acordo com um tema
específico, que se fixará em sua marca e será lembrado quando um de seus exemplares for
visualizado em um ponto de venda: a revista Capricho, por exemplo, é voltada a um público
adolescente, com temática ainda pueril e um vocabulário um tanto quanto permissivo de
modismos; ao passo que a revista Época Negócios, voltada a empreendedores, interessados
em economia, pode utilizar-se de um vocabulário mais culto, e pouco mais direcionado.
O mesmo acontece nos jornais, mas estes costumam dividir-se em cadernos dentro de
uma só edição. Assim encontramos alguns tipos-padrão de cadernos nos maiores e mais
conhecidos jornais, tais quais caderno de esportes, caderno de economia, caderno de
classificados, caderno policial, caderno de política, entre outros. Desse modo, uma única
edição do jornal consegue abranger uma maior variedade de indivíduos, cada qual pelo
caderno que mais lhe interessa.
Enfim, independente do vocabulário utilizado pelo meio, seu desenvolvimento de
linguagem ou temática; ao nos referirmos à mídia impressa, devemos sempre considerar sua
capacidade de coerção sobre seus leitores, ou seja, o modo como ela pode influenciá-los,
assim como qualquer outro discurso existente. É certo que tudo o que é publicado nesses
meios é revisto, e está sujeito a uma ética, como tudo o mais no mundo; porém há ainda a
parcialidade de alguns e a bagagem ideológica nos mesmos, que podem fazer com que o
indivíduo absorva o fato já interpretado. Por isso deve-se atentar à credibilidade do material
lido, e buscar a variabilidade, para que se evite a massificação da opinião e visão unificada de
mundo.
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4. FUNCIONAMENTO PUBLICITÁRIO DAS MÍDIAS IMPRESSAS
A mídia impressa é provavelmente o meio mais diversificado e que abrange maior
possibilidade de formatos para a veiculação de publicidade.
É possível separar os meios impressos em aqueles que são veiculados diretamente pela
empresa e aqueles que são veiculados através de espaços comprados pelas empresas em meios
específicos. Dos formatos do primeiro tipo, tem-se flyers, folders, cartazes, malas diretas,
banners e outdoors. Do segundo, jornais e revistas.
Essa separação também diz respeito à penetração e segmentação do público. Enquanto
no caso de flyers ou folders talvez seja difícil segmentar o público a ser atingido, no caso de
jornais e revistas é mais fácil identificá-lo, através da identificação do perfil dos consumidores
desses meios.
O funcionamento publicitário desses meios é baseado na própria dinâmica do consumo
desse tipo de mídia: os flyers, folders, cartazes e malas diretas geralmente são utilizados para
informar sobre eventos ou serviços específicos; no caso de jornais e revistas, a veiculação de
anúncios só pode ser considerada durante o período de circulação desses periódicos, que é de
um dia, no caso de jornais, ou variando de algumas semanas ao período de um ou no máximo
alguns meses, que é o caso das revistas.
Para a veiculação de publicidade via mídias de comunicação direta com o cliente é
difícil precisar os custos, já que estes advêm da soma de impressão e veiculação que depende
de quantidade de pessoas que se pretende atingir e mesmo no que diz respeito a veiculação e
impressão existem muitas variáveis.
Já para veiculação em jornais e revistas, o custo para veiculação de publicidade
geralmente é tabelado e varia de acordo com a quantidade de espaço que se compra dentro
desses veículos. No caso das revistas, a unidade de medida para anúncios é feitas por número
de páginas que ele ocupa ou utiliza e os preços são mais caros quanto mais nobre são as
páginas utilizadas, isto é, os anúncios que aparecem nas primeiras páginas, logo após a capa,
têm custo maior de veiculação do que os anúncios mais perto do final da revista.
Em jornais o custo de veiculação é calculado a partir de uma unidade de tamanho
denominada “centímetros por coluna”, que geralmente vêm em tamanhos pré-determinados
pelo jornal.
Nestes meios, o custo-benefício é geralmente calculado por “custo por mil”, que é o
montante de dinheiro gasto para atingir cada mil pessoas.
Segue o custo para veiculação nos principais meios impressos no Brasil:
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Jornal O Estado de São Paulo – o jornal apresenta uma série de formatos recomendados
para se anunciar. Os preços variam bastante devido a variedade de cadernos, mas podem
estar entre R$700 e R$1.000 nos principais cadernos se o dia escolhido para a veiculação
for dia útil ou domingo – no domingo o preço é mais alto. Na capa do primeiro caderno
os preços chegam a cerca de R$10.000 reais por centímetro por coluna. Da segunda à
quarta capas os preços variam de cerca de R$30.000 a R$37.000 reais. Os anúncios
recebem um acréscimo de 30% no preço se forem coloridos.
Jornal Folha de São Paulo – os formatos publicitários se assemelham aos do Jornal O
Estado de São Paulo e o preços variam de cerca de R$800 a R$1.000 por centímetro por
coluna em caderno indeterminado e entre cerca de R$5.000 a R$6.500 por centímetro por
coluna de capa. Aqui também existe acréscimo no preço do anúncio se colorido, de 30%.
Revista Veja – os custos aqui variam de R$115.000 por um terço de página a R$235.000
por página indeterminada. O anúncio de página dupla nas segunda e terceira páginas
chega a R$580.000.
Revista Época – varia de R$62.000 por um terço de página a R$138.000 por uma página
indeterminada. O anúncio duplo, como descrito na Revista Veja, chega a R$351.000.
5. A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA NA MÍDIA IMPRESSA
“Uma mensagem publicitária é composta de quatro elementos primordiais: primeiro
elemento se preocupará com as “frases de efeito”. O segundo elemento está focado
na ilustração, onde se pode visualizar todas as tendências e desejos do público-alvo,
apresentando os benefícios que o produto proporciona. O texto informativo e o
slogan fazem parte dos terceiro e quarto elementos, que devem ser curtos, concisos e
de fácil memorização, com informações necessárias para que o leitor torne-se
usuários daquele produto.” (MACHADO, GOMES, COSTA)
Para apresentar mais detalhadamente esses supostos elementos existentes em uma
campanha publicitária posta a mostra em um meio de comunicação impresso, serão analisados
e comparados dois anúncios, ambos sobre automóveis, expostos na revista VEJA, edição
2185, de 06 de outubro de 2010.
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5.1. PRIMEIRO ANÚNCIO: KIA SPORTAGE
Figura 5.1.1
Como primeiro anúncio temos o KIA Sportage, que utiliza um estilo mais limpo de
arte com poucas informações, dando maior ênfase à imagem, que alude diretamente ao fato
deste carro fixar-se em nossa memória, metaforicamente em nossas cabeças, o que auxilia na
explicação do slogan, “Novo Kia Sportage. Você vê, você não esquece.", que assume papel
interessante ajudando a estabelecer o nome da marca e a imagem do carro nas pessoas que
veem a propaganda.
Os textos informativos, que ficam na parte inferior e lateral do anúncio, são concisos e
mostram informações que engrandecem a marca KIA, exaltando a qualidade dos carros
produzidos pela mesma. Surge ali também um convite ao leitor a visualizar o modelo no 26º
Salão do Automóvel, o que o instiga a curiosidade de “presenciar” esse novo modelo
automobilístico.
Figura 5.1.2 Figura 5.1.3
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5.2. SEGUNDO ANÚNCIO: IX35 HYUNDAI
Figura 5.2.1
O segundo anúncio, por sua vez, é sobre o carro ix35, da Hyundai. Este traz uma
imagem mais elaborada, utilizando-se de uma cidade toda iluminada, o que remete-nos à
sofisticação, distante da limpidez da outra propaganda. Com volume de informação muito
maior, permite ao leitor obter maior conhecimento sobre o veículo através do próprio anúncio,
porém torna a página bastante poluída.
O slogan da campanha não é trazido junto a esse anúncio, mas aparece em outras
edições da revista, e exibe visível conexão com sua conquista do primeiro lugar no ranking de
satisfação nos Estados Unidos, pelo AutoPacific, utilizando-se do já mundialmente conhecido
slogan sobre a cidade de Nova Yorque, que tradicionalmente aparece como “I (coração,
simbolizando LOVE) N Y”, mas desta vez tendo as iniciais da cidade substituídas pelo carro
da marca Hyundai, como mostrado a seguir.
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Figura 5.2.2
Este anúncio é, por sua vez, mais conciso, e visa através da alusão ao amor,
estabelecer determinado contato entre o consumidor e o automóvel. A escassez de informação
torna a visibilidade do anúncio menos cansativa, e a alusão ao slogan nova-iorquino desperta
a curiosidade e atenção, o que ajuda a gravar o anúncio na memória das pessoas.
5.3. CONCLUSÃO A PARTIR DA COMPARAÇÃO
Ambos os anúncios exibem seus produtos como centro das atenções, e cada um
utiliza-se de uma frase de impacto para que os leitores memorizem os nomes de suas marcas.
Cada qual traz em seu rodapé a mostra do por que suas marcas são melhores que as demais,
sem estabelecer relação de competição, mas apenas mostrando ao leitor o que apresentam de
melhor.
Cada qual utiliza-se de um estilo de imagem: enquanto a primeira prefere uma imagem
límpida, com uma mensagem subliminar nos carros posicionados dentro das cabeças dos
bonecos; o segundo traz o carro próximo a uma cidade sofisticada, agregando este valor
também ao automóvel.
Nota-se no entanto, uma forte semelhança entre as duas: devido a um decreto que visa
o incentivo à segurança no trânsito, ambas trazem em si a mensagem “Cinto de segurança
salva vidas”, o que faz-nos perceber que são produtos do mesmo segmento, concorrentes, e
trabalham sob uma mesma regulamentação, o que não os impede de criar campanhas com
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temáticas diferentes, destacando-se cada uma a seu jeito e mostrando a possibilidade da
variabilidade na propaganda.
6. DESAFIOS DA MÍDIA IMPRESSA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO
O grande desafio da mídia impressa é a mídia eletrônica; em especial a internet. O
assunto vem sendo bastante discutido: existem aqueles que acreditam que a mídia impressa
está prestes a desaparecer e aqueles que acreditam que ela jamais morrerá.
A internet tem uma velocidade muito maior que a mídia impressa, uma notícia em
questão de minutos pode ser publicada em sites de notícias, enquanto os jornais precisam
esperar a próxima edição; além de que estas podem misturar texto, imagem, som e vídeo e
permitir a interatividade. Esse é o grande motivo que leva muitos a acreditarem que o jornal
tem seus dias contados e que ele será substituído por sites, blogs, emails, ou pelas TVs
inteligentes (televisão ligada a internet).
Em tempos onde as informações são produzidas cada vez mais rápidas e em
quantidades cada vez maiores, as notícias precisam ser divulgadas também de
forma mais rápida, pois os usuários estão ainda mais exigentes e necessitam
acessar as notícias no momento em que os fatos ocorrem. (RUFINO,2009,
p.10)
Renato Pompeu da revista Caros Amigos acredita, porém, que a mídia impressa não
desaparecerá e comparou a mídia impressa ao teatro, à literatura e à pintura, que não sumiram
respectivamente com o cinema, a TV e a fotografia. Ele acredita que o jornal, por exemplo,
precisará passar por adaptações, mas que sobreviverá. Nos Estados Unidos, na Europa
ocidental e na Austrália já existe uma forte queda nas vendas de jornais, porém no Brasil pode
acontecer outro caminho já que são sociedades bastante diferentes. Nesses países, grande
parte da população é o alvo dos jornais, já aqui no Brasil a grande parte da sociedade é
analfabeta, portanto o público dos jornais, aqui, se encontra nas classes A, B e C. Ele ainda
afirma que, a própria inclusão digital para classes baixas que também alfabetizam muitas
pessoas, pode acabar incluindo essas classes como leitores de jornais e revistas, assim, a
própria internet aumentaria a demanda de jornais.
Ainda existe o fato de que leitores de jornal e usuários de internet têm interesses
diferentes. No jornal o leitor busca:
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Originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e
possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um
contexto mais amplo, ao lado de pesquisa e opinião. Já na internet o que se
busca são informações rápidas e especificas, em poucas linhas. (CALDAS,
2004)
As revistas também sofrem com a internet, porém não da mesma forma que os jornais,
pois, normalmente seu conteúdo não tem tanta urgência em ser divulgado. O leitor de uma
determinada revista pode encontrar uma mesma informação pela internet, porém a revista trás,
normalmente, um contexto. O maior desafio, portanto, são os blogs que normalmente tem um
tema, assim como as revistas.
A interatividade da internet permite que qualquer pessoa seja “jornalista”, o que é
bastante interessante já que as pessoas não querem mais ser passivas, elas querem participar
da publicação de informações. Porém isso também pode fazer com que o que é publicado na
internet perca credibilidade. Quando lemos algumas reportagens na internet, sabemos que
qualquer pessoa pode ter escrito aquilo, e que, portanto, pode conter erros ou até mesmo ser
uma informação falsa. Já a mídia impressa é mais seletiva e submete as informações a um
processo de escolha e edição. É essa credibilidade que a mídia impressa tem que precisa ser
valorizada e aproveitada para que ela possa sobreviver.
A internet, portanto, é o maior desafio da mídia impressa, porém são formas diferentes
de divulgação de informações, por isso dificilmente isso significa o seu fim, “ela não está
condenada a morrer, mas está destinada a parar de crescer como sempre cresceu” (BISNETO,
2008). Está claro, também, que jornais e revistas precisam passar por modificações para se
adaptarem ao mundo atual. Vivemos em um momento de transição. A tecnologia está
mudando muito do nosso dia a dia, não só as mídias precisam de mudanças, mas as pessoas
também precisam estar em constante adaptação.
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REFERÊNCIAS
1. LIVROS
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: De Gutenberg à Internet. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
CALDAS, A. Deu no Jornal: O Jornalismo Impresso na Era da Internet, 2004.
LUPETTI, M. Administração em publicidade. A verdadeira alma do negócio. São Paulo.
2003.
MARTINS, W. A palavra escrita: História do livro, da imprensa e da biblioteca. São
Paulo: Ática, 2002.
REIMÃO, Sandra. Livros em Revistas: um estudo sobre a seção de livros em revistas
brasileiras de grandes tiragens. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 1996.
2. ARTIGOS
BISNETO, P. O. C. A crise da imprensa escrita frente à internet. 2008
Disponível em:
<http://wikipos.facasper.com.br/index.php/A_crise_da_imprensa_escrita_frente_
%C3%A0_Internet> Acesso em 05 de novembro de 2010.
MACHADO, M.S.; GOMES, F.R.; COSTA,M.M. O uso persuasivo na linguagem
publicitária e mídia impressa.
Disponível em: <http://www.filologia.org.br/iiijnlflp/textos_completos/pdf/O%20uso
%20persuasivo%20na%20linguagem%20publicit%C3%A1ria%20e%20m%C3%ADdia
%20impressa%20-%20MARCOS.pdf> Acesso em 21de novembro de 2010.
RUFINO, A. Twitter: A Transformação na Comunicação e no Acesso às Informações,
17
2009. Disponível em:
<http://74.125.155.132/scholar?q=cache:PYxDYxy9riIJ:scholar.google.com/
+twitter+&hl=pt-BR&lr=lang_pt&as_sdt=2000> Acesso em: 28 de outubro de 2010.
3. REVISTAS
VEJA, edição 2185, de 6 de outubro de 2010.
4. 4. WEBSITES
ABRIL, editora.
<http://www.publiabril.com.br/tabelas-gerais/revistas/tabela-de-precos>
ESTADÃO, jornal O.
<http://www.sbfpublicidade.com.br/pdf/oesp.pdf>
FOLHA DE SÃO PAULO, jornal.
<http://www.publicidade.folha.com.br/files/fsp-pt.pdf>
GLOBO, editora.
<http://edglobo.globo.com/publiedglobo_revistas_EP.htm> Acesso em: 21 de novembro de
2010.