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Apontamentos para Contabilidade Analítica

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  • CONTABILIDADE ANALTICA I

    CONTABILIDADE E FISCALIDADE (LABORAL E PS-LABORAL)

    Apontamentos

    2014/2015

  • Contabilidade Analtica I

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    I - INTRODUO 1.1 Necessidade da Contabilidade Analtica como Instrumento de Apoio Gesto

    Objectivos da Contabilidade Geral ou Financeira Um dos objectivos da Contabilidade Geral ou Financeira o controlo das relaes com terceiros, a relevao contabilstica e o apuramento do resultado global do exerccio Qual a posio financeira e o desempenho econmico da empresa? Um dos outputs deste subsistema a Demonstrao dos Resultados por Naturezas:

    Demonstrao dos Resultados por Naturezas (SNC) (em milhares de euros) Vendas e servios prestados 2 500,00 Custo das mercadorias vendidas e das matrias consumidas (CMVMC) - 1500,00 Fornecimentos e servios externos (FSE) - 150,00 Gastos com Pessoal - 500,00 Outros gastos e perdas (Impostos) - 5,00

    Resultado antes de depreciaes, gastos de financiamento e impostos 345,00 Depreciaes - 85,00

    Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 260,00 Juros e gastos similares suportados - 10,00

    Resultado antes de impostos 250,00 Imposto sobre o rendimento do perodo ----

    Resultado lquido do perodo 250,00

    1. Qual o lucro? 2. Pressupostos: Se Produo = Vendas

    Se Produo = 500 Camisolas (produto nico) Qual o custo por camisola?

    3. Pressupostos: Se Produo = Vendas Se Produo = 300 T-Shirts + 200 Camisolas Qual o custo por camisola? Qual o custo por T-Shirt?

    4. Pressupostos: A empresa tem trs departamentos: PRODUO, ADMINISTRAO e COMERCIAL/DISTRIBUIO

    Qual o custo por departamento? 5. Pressupondo que o departamento de produo tem trs seces:

    TECELAGEM, TINTURARIA e CONFECO Qual o custo por minuto em cada seco?

    A Contabilidade Geral ou Financeira no capaz de responder s questes 2, 3, 4, 5

  • Contabilidade Analtica I

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    Algumas Insuficincias da Contabilidade Geral ou Financeira

    No determina o custo unitrio de cada unidade produzida (ou servio prestado). Esta informao necessria para a determinao dos preos de venda, para a valorizao das existncias finais e para efeitos de controlo dos custos de produo.

    No apura em quanto que cada produto contribui para a formao do resultado do perodo. Esta informao fundamental para sabermos se existe algum produto que d prejuzo ou que no suficientemente rentvel.

    incapaz de determinar se mais vantajoso adquirir ou fabricar as matrias-primas e outros factores produtivos.

    incapaz de responder se mais vantajoso para a empresa ter uma oficina de reparaes ou se deve recorrer ao exterior.

    No informa a empresa sobre quando que deve optar por substituir uma mquina em lugar de a reparar.

    1.2 Definio, mbito, objectivos e caractersticas da Contabilidade Analtica Definies de Contabilidade Analtica

    Charles Brunet, em "Tcnica de Contabilidade Analtica de Explorao", define Contabilidade Analtica como a parte da contabilidade que determina por ramos de actividade, produtos, servios, clientes ou por outros elementos:

    O montante de vendas

    Os custos correspondentes

    O lucro ou prejuzo

    O Plano de Contas Francs (1957) define Contabilidade Analtica como uma forma de tratamento de dados que visa pr em evidncia elementos constituintes dos custos e dos proveitos que apresentam maior interesse para a gesto da empresa.

  • Contabilidade Analtica I

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    A Contabilidade de Custos recebia, at algumas dcadas atrs, a designao de Contabilidade Industrial, j que era utilizada essencialmente por empresas industriais, sobretudo dos sectores automvel e txtil. Tambm recebe a designao de Contabilidade Analtica de Explorao, uma vez que recolhe os custos da conta de explorao e analisa-os detalhadamente.

    A Contabilidade de Custos uma parte da contabilidade que tem por objectivo a captao, medio, registo, avaliao e controlo da circulao interna dos valores da empresa, visando a transmisso de informao sobre a produo, formao interna de preos de custo e sobre a poltica de preos e vendas, anlise dos resultados atravs do confronto com a informao transmitida pelo mercado de factores e produtos. Assim, trata-se de um subsistema de informao que tem em vista a medida e anlise de custos, proveitos e resultados relacionados com os diversos objectivos definidos pelas organizaes.

    Salienta-se, pois, que o seu objecto so os custos, os proveitos e o resultado das organizaes, que determina e analisa no de uma forma globalizante, como acontece na Contabilidade Geral, mas sim de forma analtica e de acordo com as necessidades da Gesto da organizao em causa.

    Objectivos da Contabilidade Analtica Segundo o Plano de Contas Francs, os objectivos essenciais da Contabilidade de Custos so os seguintes:

    Conhecer os custos das diferentes funes desenvolvidas pela empresa; Determinar as bases de valorimetria de alguns elementos do Balano da empresa; Explicar os resultados, comparando os custos dos produtos (bens e servios) com os

    correspondentes preos de venda; Estabelecer previses de despesas e de receitas correntes; Constatar a sua realizao e explicar os desvios resultantes.

    Podemos referir ainda os seguintes objectivos: 1. Fornecer informaes atempadas e oportunas para facilitar a tomada de decises aos

    gestores, com base em critrios de racionalidade econmica, nomeadamente:

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    Informao necessria para a planificao e controlo;

    Informao complementar contabilidade financeira;

    Informao para a avaliao das existncias finais. 2. Reclassificao dos custos por funes 3. Medida e anlise de custos e proveitos 4. Apoio a outros instrumentos tcnicos e de gesto 5. Avaliar a performance econmico-financeira

    Os objectivos da Contabilidade de Custos no podem estar dissociados da sua misso e do seu papel, como instrumento que pode e deve contribuir para a criao de valor das empresas. Neste sentido, na modelao do sistema contabilstico, deve ter-se presente a: Orientao Estratgica

    Utilidade para a Gesto

    A Contabilidade Analtica permitir apoiar a Gesto em decises tais como:

    Comprar ou fabricar?

    Transportes e manuteno prprios?

    Investir ou no?

    Que programa de produo e de vendas? Quais os produtos que a empresa dever fabricar? Quais as quantidades a produzir? Que preos se devem exigir? Quais as modalidades de venda a adoptar? Quais as zonas geogrficas que oferecem melhores perspectivas?

    Caractersticas da Contabilidade Analtica

    Interna;

    Ope-se rigidez e uniformidade da Contabilidade Geral ou Financeira;

    Permite o estabelecimento de padres e previses;

    Examina todas as situaes que tenham originado desvios em relao ao previsto.

  • Contabilidade Analtica I

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    Contabilidade Geral versus Contabilidade Analtica

    Critrios de comparao Contabilidade Geral Contabilidade de Custos Face lei Obrigatria Facultativa

    Ponto de vista da empresa Global Pormenorizada

    Horizontes Passado Presente e Futuro

    Natureza dos fluxos observados Externos Internos

    Documentos de base Externos Externos e Internos

    Classificao dos encargos Por natureza Por destino

    Objectivos Financeiros Econmicos Regras Rgidas e normativas

    (SNC) Maleveis e evolutivas

    Utilizadores Terceiros + Direco Todos os responsveis

    Natureza da informao Precisa, Certificada, Histrica, Quantitativa, Monetria, Exacta

    Rpida, Pertinente, Aproximada, Qualitativa, No Monetria

    Princpios subjacentes Consistncia Uniformidade Verificabilidade

    Relevncia

    Flexibilidade

    Informao sobre a organizao Agregada Segmentada

    Forma de registo Formal Informal

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    1.3 Conceitos econmico-financeiros: Gastos/Custos, Despesas, Pagamentos e Perdas; Rditos/Proveitos, Receitas, Recebimentos e Ganhos

    Gasto/Custo: Utilizao, consumo dos bens ou servios na expectativa de virmos a ter um rendimento. H que distinguir entre gastos do perodo, gastos de perodos passados e de perodos futuros.

    Despesa: Aquisio de bens e servios (facturao, aceitao de uma obrigao de pagar).

    Pagamento: Pagamento da despesa, da aquisio do bem ou servio (recibo, cumprimento da obrigao).

    Perda: Consumo ou desaparecimento de valor sem a equivalente compensao (sem expectativa de rendimento). Ex: incndio, roubo, etc.

    Rdito/Proveito: Acrscimo no patrimnio proveniente da actividade normal. Ex: valor da produo acabada, trabalhos para a prpria empresa, etc.

    Receita: Venda ou prestao de servios (nossa facturao, aceitao de um direito).

    Recebimento: Recebimento da venda ou da prestao de servios (nosso recibo, concretizao do direito).

    Ganho: Acrscimo extraordinrio do patrimnio da empresa, no proveniente da actividade normal.

    Ex: subsdio extraordinrio, diferenas cambiais extraordinrias, etc.

    Resultado do Perodo = Rendimentos Gastos Se Rendimentos (Rditos e Ganhos) > Gastos (Custos e Perdas) => Lucro Se Rendimentos (Rditos e Ganhos) < Gastos (Custos e Perdas) => Prejuzo

  • Contabilidade Analtica I

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    TRS PTICAS:

    1. ptica Financeira: Despesas Receitas

    2. ptica Econmica ou Produtiva ou Tcnica: Gastos/Custos Rditos/Proveitos

    3. ptica de Tesouraria ou de Caixa: Recebimentos Pagamentos

    Meios Lquidos Crditos

    Empresa

    Despesa (Compra)

    Fornecedores Clientes

    Receita (Venda)

    Pagamento Recebimento Caixa, Bancos

    ptica Financeira

    Armazm Fabricao Armazm

    ptica Produtiva, Tcnica ou Econmica

    Custo Proveito

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    SISTEMA NORMALIZAO CONTABILSTICA - ESTRUTURA CONCEPTUAL (Aviso n. 15652/2009 do Dirio da Repblica, 2 srie -N 173, de 7 de Setembro)

    68. () Os elementos directamente relacionados com a mensurao do lucro so rendimentos e gastos

    69. Os elementos de rendimentos e de gastos so definidos como se segue: (a) rendimentos so aumentos nos benefcios durante o perodo contabilstico na forma

    de influxos ou aumentos de activos ou diminuies de passivos que resultem em aumentos no capital prprio, que no sejam os relacionados com as contribuies dos participantes no capital prprio;

    (b) gastos so diminuies nos benefcios econmicos durante o perodo contabilstico na forma de exfluxos ou deperecimentos de activos ou na incorrncia de passivos que resultem em diminuies do capital prprio que no sejam as relacionados com distribuies aos participantes no capital prprio.

    72. A definio de rendimentos engloba quer rditos quer ganhos. Os rditos provm do decurso das actividades correntes (ou ordinrias) de uma entidade sendo referidos por uma variedade de nomes diferentes incluindo vendas, honorrios, juros, dividendos, royalties e rendas.

    73. Os ganhos representam outros itens que satisfaam a definio de rendimentos e podem, ou no, provir do decurso das actividades correntes (ou ordinrias) de uma entidade. Os ganhos representam aumentos em benefcios econmicos e como tal no so de natureza diferente do rdito.

    74. Os ganhos, incluem, por exemplo, os que provm da alienao de activos no correntes os que provenham da revalorizao de ttulos negociveis e os que resultem de aumentos na quantia escriturada de activos a longo prazo.

    76. A definio de gastos engloba perda assim como aqueles gastos que resultem do decurso das actividades correntes (ou ordinrias) da entidade. por exemplo, o custo das vendas, os salrios e as depreciaes.

    77. As perdas representam outros itens que satisfaam a definio de gastos e podem, ou no, surgir no decurso das actividades ordinrias da entidade. As perdas representam diminuies em benefcios econmicos e como tal no so na sua natureza diferentes de outros gastos.

    78. As perdas incluem, por exemplo, as que resultem de desastres como os incndios e as inundaes bem como as que provm da alienao de activos no correntes inclui tambm perdas no realizadas como, por exemplo, as provenientes dos efeitos do aumento da taxa de cmbio de uma moeda estrangeira respeitante a emprstimos obtidos de uma entidade nessa moeda.

    N.B.: Doravante utilizaremos indistintamente os termos Gastos ou Custos, Rditos ou Proveitos.

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    II CUSTOS: RECLASSIFICAES, CONCEITOS, HIERARQUIA DE CUSTOS E ANLISE DOS VRIOS TIPOS DE RESULTADOS

    Reclassificao de Custos

    a) Quanto Identificao com a Actividade Econmica e com o Produto

    Industriais

    Incorporveis

    No incorporveis

    Custos

    No Industriais

    No incorporveis

    b) Classificao Funcional

    Industriais

    MD/MP

    MOD

    GGF

    Custos Administrativos

    No Industriais Financeiros

    Comerciais, etc.

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    c) Quanto Imputao e Relao com o Volume de Produo

    Custos

    Directos

    Indirectos

    Fixos

    Variveis

    Semi-Variveis

    d) Quanto valorimetria das prestaes internas

    Reais

    Custos

    Tericos

    e) Quanto imputao de responsabilidades

    Custos

    Controlveis

    No Controlveis

    f) Quanto sua relevncia Relevantes

    Custos

    Irrelevantes

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    2.1 Custos Industriais e Custos No Industriais

    Os custos industriais so todos aqueles que esto afectos funo de produo. Os custos no industriais, por sua vez, so todos os restantes custos, tais como, custos administrativos, custos de distribuio, custos financeiros e custos extraordinrios.

    Custos Industriais Diviso Clssica: Matrias-Primas

    Mo-de-obra Directa

    Gastos Gerais de Fabrico:

    Matrias Indirectas

    Mo-de-obra Indirecta

    Outros

    Custos No Industriais Custos Administrativos

    Custos Financeiros

    Custos Comerciais ou de Distribuio

    Custos Extraordinrios

    2.2 Custos Directos e Custos Indirectos

    Os custos podem ser agrupados, por exemplo por:

    Contas (classificao por natureza) Departamentos, seces, actividades

    Produtos, encomendas, servios, etc

    Podemos classificar os custos em directos ou em indirectos. Neste sentido, podemos ter custos directos ou indirectos aos produtos, custos directos ou indirectos s encomendas, custos directos ou indirectos aos servios, directos ou indirectos s seces, directos ou indirectos aos departamentos, directos ou indirectos s actividades, etc. Para esta distino deveremos ter em considerao o objecto de custo. Como tal, os custos indirectos devero ser relacionados com o objecto de custo atravs de alguma Base de Repartio ou de Rateio.

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    Regra geral, quando se fala de custos directos ou indirectos, sem especificar em relao a qu, pretende-se classificar os custos em relao aos produtos/ encomendas/ servios.

    Custos directos so aqueles que so especfica e directamente suportados pela fabricao de determinado produto ou directamente suportados por uma nica produo ou por um nico departamento, seco, actividade e, como tal, exclusivamente imputveis a esse produto, produo, departamento ou actividade, etc. (por exemplo, matrias-primas, mo-de-obra directa, alguns gastos gerais de fabrico). Custos indirectos so aqueles que no podem ser relacionados directamente com um produto, produo, departamento ou actividade, uma vez que no possuem uma relao de causalidade especfica entre o input (factor de custo) e o output (por exemplo, o produto).

    2.3 Custos Reais ou Custos Tericos

    Custos Reais so os que realmente se verificaram. So custos histricos, determinados posteriori e fornecidos pela Contabilidade Geral ou Financeira. Custos Tericos so definidos priori para valorizao interna de matrias, produtos e servios prestados. Os critrios seguidos na sua definio podem ser de vrios tipos, salientando-se os custos padro e os custos oramentados. Custos Oramentados - custos obtidos nos oramentos elaborados pela empresa. Custos Padro ou Standard - definidos a partir de estudos especializados. Preos de mercado - so custos de substituio, valores existentes no mercado. Custos histricos - custos mdios verificados em anos (perodos) anteriores.

    2.4 Custos fixos, custos variveis e custos semi-variveis Os custos fixos (tambm designados por custos de estrutura) so aqueles que a empresa suporta quando opta por uma determinada capacidade de produo, no variando quando se altera o volume de produo (at um determinado volume de produo, por exemplo capacidade instalada, e dentro de um determinado perodo de tempo, por exemplo um ano).

  • Contabilidade Analtica I

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    Grfico 1: Comportamento dos Custos Fixos

    Por sua vez, os custos variveis so custos que variam necessariamente com o volume de produo. Existem basicamente trs tipos de custos variveis: proporcionais, progressivos e degressivos.

    Grfico 2: Comportamento dos Custos Variveis

    Os custos semi-variveis so custos nos quais uma parte fixa e a outra varivel. Teremos ento:

    Custo Total = Custo Fixo + Custo Varivel

    Custo Mdio = Custo Total / Quantidade

    Custo fixo (CF)

    Valor

    Quantidade Campo

    Pertinente

    CF

    Valor

    Quantidade Campo

    Pertinente

    Custos Progressivos

    Custos Proporcionais

    Custos Degressivos

    Volume Capacidade Instalada

    CUSTO

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    2.5 Custos controlveis e no controlveis

    Nem sempre todos os custos agrupados em determinado centro so controlveis pelo responsvel respectivo. A Contabilidade de Custos dever fazer esta distino. Os custos de funcionamento da empresa devem ser determinados por centros de responsabilidade devendo, pois, haver sempre um e um s responsvel pelo seu controlo. necessrio que este conhea os custos que deve controlar. Torna-se importante distinguir, nos centros de custos, os custos controlveis pelo seu responsvel directo, daqueles no controlveis por ele, mas sim por uma autoridade superior.

    2.6 Custos relevantes e irrelevantes

    Por vezes, quando a empresa se encontra perante um leque de escolhas possvel para decidir a melhor alternativa, existem determinados custos que no se alteram, quer se opte por uma ou outra alternativa. Quando tal acontece, significa que os custos so irrelevantes. Se pelo contrrio, a escolha de uma ou outra alternativa implica a alterao de determinados custos, significa que estes so relevantes (o que acontece, em geral, com os custos variveis que, por vezes, so tambm chamados custos relevantes).

    2.7 A hierarquia dos custos

    Os Custos Industriais O universo dos custos industriais, na ptica do produto fabricado, pode ser dividido em trs sub-conjuntos: Custo das matrias directas consumidas (MD); Custos referentes mo-de-obra directa aplicada (MOD); Gastos Gerais de Fabrico (GGF).

    Os Estgios de Custos O desenvolvimento do processo produtivo efectuado numa organizao implica que esta incorra num conjunto de custos, os quais podem ser organizados segundo uma hierarquia. Assim, ao contrrio das empresas comerciais, as empresas industriais transformam em produtos as matrias adquiridas.

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    Em relao a esta matria importante reter que as Funes de Gesto originam custos (funcionais) de:

    Aprovisionamento

    Produo ou Industriais

    Venda ou de Distribuio ou Comercializao

    Administrativos

    Financeiros

    Na ptica do produto fabricado, podemos distinguir diversos estdios: 1. Custo Primo (MP+MOD) e Custo de Transformao ou Converso

    (MOD+GGF) 2. Custo Industrial ou de Produo (MP + MOD + GGF) 3. Custo Industrial dos Produtos Acabados (EIPVF+CI-EFPVF) 4. Custo Industrial dos Produtos Vendidos (EIPA+CIPA-EFPA) 5. Custos No Industriais (Custos de Distribuio + Custos Administrativos +

    Custos Financeiros + Custos Extraordinrios) 6. Custo Complexivo ou Completo (CIPV + Custos No Industriais) 7. Custo EconmicoTcnico (Custo Complexivo + Custos de Oportunidade)

    A Contabilidade de Custos deve, portanto, determinar os custos relativos a cada uma das funes da empresa, analis-los e transmiti-los aos responsveis, a fim de servir de base sua gesto. Estamos em presena de custos funcionais.

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    2.8 Os Resultados Brutos, Lquidos e Puros

    APURAMENTO DOS CUSTOS E DOS RESULTADOS

    Outros

    Rendimentos

    Resultado Resultado

    Puro

    C. Oportunidade

    Custo

    Resultado Lquido

    C. Distribuio

    C. Administrao

    C. Financeiros

    Custo

    Econmico

    Vendas

    Bruto

    G. G. F. Custo Complexivo Tcnico

    M. O. D. Custo Industrial ou

    Mat. Primas.

    Consumidas

    Primo

    (Directo) Completo (*)

    * Referentes aos produtos vendidos

    CustoPrimo

    Custo deTransformao

    MP

    GGF

    MOD

    Nota: MP - Matrias Primas MOD - Mo-de-Obra Directa GGF - Gastos Gerais de Fabrico CIPA - Custo Industrial dos Produtos Acabados CIPV - Custo Industrial dos Produtos Vendidos

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    2.9 Custos do Produto e Custos do Perodo

    Para se poder fabricar os produtos necessrio consumir, sacrificar bens e servios. Desses consumos nasce o produto, cujo custo unitrio necessrio determinar, uma vez que, entre outras finalidades, h que proceder valorizao dos produtos acabados que se encontram em armazm no final do perodo.

    De acordo com o n 3 do art. 2 do Decreto Regulamentar n. 25/2009, de 14 de Setembro: O custo de produo de um elemento do activo obtm-se adicionando ao custo de aquisio das matrias-primas e de consumo e da mo-de-obra directa, os outros custos directamente imputveis ao produto considerado, assim como a parte dos custos indirectos respeitantes ao perodo de construo ou produo que, de acordo com o sistema de custeio utilizado, lhe seja atribuvel.

    De igual modo, segundo o 12 da NCRF 18 Inventrios: 12 Os custos de converso de inventrios incluem os custos directamente relacionados com as unidades de produo, tais como mo de obra directa. Tambm incluem uma imputao sistemtica de gastos gerais de produo fixos e variveis que sejam incorridos ao converter matrias em bens acabados. Os gastos gerais de produo fixos so os custos indirectos de produo que permaneam relativamente constantes independentemente do volume de produo, tais como a depreciao e manuteno de edifcios e de equipamento de fbricas e os custos de gesto e administrao da fbrica. Os gastos gerais de produo variveis so os custos indirectos de produo que variam directamente, ou quase directamente, com o volume de produo tais como materiais indirectos.

    Assim:

    1- S so custos do perodo: O custo das unidades efectivamente vendidas no perodo em causa Os custos no industriais Os custos industriais no incorporados

    2- Toda a produo do perodo no vendida nesse perodo EFPA ser custo do(s) perodo(s) em que for vendida.

    3- Apenas os custos industriais incorporados so inventariveis e, como tal, s estes so considerados na valorizao das existncias.

    Por outras palavras, s os custos industriais so custos do produto. Os custos no industriais no so inventariveis.

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    CICLO DA PRODUO Armazm de Materiais Fabricao Armazm de Produtos Acabados Resultados

    Ei MC EIPVF CIPA EIPA CIPV CIPV

    Compras (Consumos) Custos Mensais CIPA Ef EFPVF EFPA

    MOD Custos Administrativos

    Salrios Custo Custo Mensal Custo Mensal C. Administrativo

    Encargos Imputado

    ao ms

    GGF Custos de Distribuio

    Mat. Sub. Gastos Custo Mensal Custo Mensal C. Distribuio

    MOI Imputados

    Outros GGF ao ms

    Custos Financeiros

    Custo Mensal Custo Mensal C. Financeiro

    Custos do

    Armazm de Produtos em Curso Perodo EIPVF EIPVF

    EFPVF EFPVF

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    EXEMPLO

    Custo das matrias directas consumidas 3 500

    Gastos de Transformao (ou Converso) 1 500

    Gastos de Distribuio 900

    Gastos Administrativos 1 000

    Gastos de Financiamento 600

    Produo Acabada 1 000 unidades

    Vendas 800 unidades

    EIPA 0

    Existncias de PVF 0

    CI = MP + MOD + GGF = 3 500+1 500 = 5 000

    Gastos de Transformao (ou Converso)

    CI unit. = 5 000 = 5 1 000

    Os 5 000 so custos dos produtos e no do perodo.

    Das 1 000 unidades acabadas venderam-se apenas 800 unidades. Assim,

    Custo do perodo = 800*5 = 4 000 (CIPV)

    O custo industrial (CI) das 200 unidades produzidas (que no foram vendidas) constitui custo do perodo em que essas unidades forem vendidas.

    Alm do CIPV constituem ainda custos do perodo, os custos no industriais (CNI), no montante de 2 500 .

    Custo Complexivo ou Completo = CIPV + CNI = 4 000 + 2 500 = 6 500

    Custo Complexivo unit. = 6 500 = 8,13 800

    Neste caso fcil determinar o custo complexivo ou completo, dado que a empresa fabrica e comercializa um nico produto (produo uniforme). No entanto, se a empresa produzisse diversos produtos era mais complicado, pois seria necessrio repartir os CNI comuns.

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    2.10 A Demonstrao dos Resultados por Funes: mbito de aplicao e enquadramento normativo De acordo com o n 1 do artigo 11. do DL 158/2009 de 13 de Julho (que aprova o SNC), as entidades sujeitas ao SNC so obrigadas a apresentar as seguintes demonstraes financeiras:

    a) Balano; b) Demonstrao dos resultados por naturezas; c) Demonstrao das alteraes no capital prprio; d) Demonstrao dos fluxos de caixa pelo mtodo directo; e) Anexo. (...)

    Adicionalmente, poder ser apresentada uma Demonstrao dos Resultados por Funes. (n 3 do artigo 11. do DL 158/2009 de 13 de Julho).

    Ou seja, para as entidades que estejam obrigadas a aplicar o SNC bem como para as entidades que, por opo, usam a NCRF-PE1, a Demonstrao dos Resultados por Funes facultativa (embora para estas entidades exista um modelo reduzido da Demonstrao dos Resultados por Funes). Apenas obrigatria para as empresas com valores cotados em bolsa que aplicam directamente as normas internacionais de contabilidade.

    1 De acordo com a Lei n 20/2010 de 23 de Agosto, que veio actualizar o conceito de Pequena Entidade

    estipulado no artigo 9 do DL 158/2009 de 13 de Julho, a NCRF-PE apenas pode ser adoptada, em alternativa ao restante normativo, pelas entidades, de entre as referidas no artigo 3. e excluindo as situaes dos artigos 4. e 5., que no ultrapassem dois dos trs limites seguintes, salvo quando por razes legais ou estatutrias tenham as suas demonstraes financeiras sujeitas a certificao legal de contas:

    a) Total do balano: 1 500 000; b) Total de vendas lquidas e outros rendimentos: 3 000 000; c) Nmero de trabalhadores empregados em mdia durante o exerccio: 50.

    As pequenas entidades, que usem a NCRF-PE, so dispensadas de apresentar a demonstrao das alteraes no capital prprio e a demonstrao dos fluxos de caixa, podendo apresentar modelos reduzidos relativamente s restantes demonstraes financeiras.

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    DEMONSTRAO (INDIVIDUAL/CONSOLIDADA) DOS RESULTADOS POR FUNES (entidades que apliquem as NCRF)

    RUBRICAS N N-1 Vendas e servios prestados X X Custo das vendas e dos servios prestados - X - X

    Resultado Bruto = = Outros rendimentos Gastos de distribuio

    X - X

    X - X

    Gastos administrativos - X - X Gastos de investigao e desenvolvimento - X - X Outros gastos - X - X

    Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = = Gastos de financiamento (lquidos) - X - X

    Resultados antes de impostos = =

    Imposto sobre o rendimento do perodo -/+ - /+

    Resultado lquido do perodo = =

    Resultado das actividades descontinuadas (lquido de impostos) includo no resultado lquido do perodo

    Resultado lquido do perodo atribuvel a2: Detentores do capital da empresa me Interesses minoritrios

    =

    =

    DEMONSTRAO (INDIVIDUAL/CONSOLIDADA) DOS RESULTADOS POR FUNES (Modelo Reduzido -entidades que apliquem as NCRF-PE)

    RUBRICAS N N-1 Vendas e servios prestados X X Custo das vendas e dos servios prestados - X - X

    Resultado Bruto = =

    Outros rendimentos Gastos de distribuio

    X - X

    X - X

    Gastos administrativos - X - X Gastos de investigao e desenvolvimento - X - X Outros gastos - X - X

    Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = = Gastos de financiamento (lquidos) - X - X

    Resultados antes de impostos = =

    Imposto sobre o rendimento do perodo -/+ - /+

    Resultado lquido do perodo = =

    2 Esta informao apenas ser fornecida no caso de contas consolidadas.

  • Contabilidade Analtica I

    23

    Comparao DR Funes vs DR por naturezas

    POR FUNES(*) POR NATUREZAS(*)

    Vendas e servios prestados X Vendas e servios prestados X

    Custo das vendas e servios prestados (X) Subsdios explorao X Resultado bruto X Variao nos inventrios da produo X Outros rendimentos X Trabalhos para a prpria entidade X

    Gastos de distribuio (X) Custo mercad. vendidas e mat. consumidas (X) Gastos administrativos (X) Fornecimentos e servios externos (X) Gastos de I&D (X) Gastos com o pessoal (X) Outros gastos (X) Ajustamentos de inventrios X Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos X

    Imparidade de dvidas a receber X

    Gastos de financiamento lquidos (X) Provises (aumentos/redues) X Resultado antes de impostos X Outras imparidades X

    Imposto sobre o rendimento do perodo X Aumentos/redues de justo valor X Resultado lquido do perodo X Outros rendimentos e ganhos X Outros gastos e perdas (X)

    Resultados antes de depreciaes, gastos de financiamento e impostos X

    Gastos/reverses de depreciao/amortizao X

    Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) X

    Juros e rendimentos similares obtidos X

    Juros e gastos similares suportados (X)

    Resultado antes de impostos X Imposto sobre o rendimento do perodo X

    Resultado lquido do perodo X (*) De acordo com os modelos reduzidos propostos pelo SNC para as entidades que apliquem a Norma Contabilstica de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRFPE) (ver Portaria n. 986/2009, de 7 de Setembro).

    Consultar: Lei n. 35/2010, de 2 de Setembro, publicada no D.R. 1. Srie, n. 171, de 2 de

    Setembro (Simplificao das normas e informaes contabilsticas das microentidades).

    Lei n. 20/2010, de 23 de Agosto, publicada no D.R. 1. Srie, n. 163, de 23 de Agosto (alarga o conceito de pequenas entidades para efeitos da aplicao do

  • Contabilidade Analtica I

    24

    Sistema de Normalizao Contabilstica; Primeira alterao ao Decreto-Lei n. 158/2009, de 13 de Julho).

    Decreto-Lei n. 158/2009, de 13 de Julho (aprova o Sistema de Normalizao Contabilstica) e correspondente rectificao.

    Aviso n. 15652/2009 do Dirio da Repblica, 2 srie - N 173, de 7 de Setembro (Estrutura Conceptual do SNC)

    Aviso n 15655/2009 do Dirio da Repblica, 2 srie - N 173, de 7 de Setembro (Normas Contabilsticas e de Relato Financeiro do SNC).

    Art. 262 do Cdigo das Sociedades Comerciais. Decreto-Regulamentar n. 25/2009 do Dirio da Repblica, 1. srie - N. 178, de 14

    de Setembro (Regime das Depreciaes e Amortizaes). Portaria n. 1011/2009 do Dirio da Repblica, 1. srie - N. 175, de 9 de Setembro

    (Cdigo de Contas). Portaria n. 986/2009 do Dirio da Repblica, 1. srie - N. 173, de 7 de Setembro

    (Modelos de Demonstraes Financeiras).

  • Contabilidade Analtica I

    25

    III - ANLISE DAS COMPONENTES DO CUSTO DE PRODUO

    Possveis agrupamentos dos custos industriais: Matrias Primas Materiais Directos Materiais Directos

    Mo-de-obra directa Mo-de-obra directa Mo-de-obra directa Gastos Gerais de Fabrico Gastos Gerais de Fabrico Gastos Indirectos de Fabrico

    3.1 O custo das Matrias Primas e outros Materiais Directos

    Classificao das Matrias

    As matrias so os factores tangveis adquiridos pela empresa a fim de serem consumidos, de forma gradual, na fabricao ou distribuio dos produtos.

    1. Quanto ao modo de participao no processo produtivo: a) Matrias Primas

    Bens consumveis, objecto de trabalho posterior de natureza industrial. So incorporadas fisicamente nos produtos finais (constituem a substncia dos produtos acabados). Exemplo: madeira; farinha; papel; etc.

    b) Matrias Subsidirias Bens consumveis que possibilitam ou auxiliam a transformao das matrias primas, podendo no integrar fisicamente os produtos finais. No so objecto de transformao.

    Exemplo: combustveis; lubrificantes; pregos; vernizes; linhas; bordados; forros; etc.

    c) Materiais Diversos Outros bens consumveis, que no embalagens, utilizados nos centros de custos, aprovisionamento, transformao, distribuio ou administrao. No se incorporam fisicamente nos produtos finais. Exemplo: materiais de conservao e reparao; materiais de publicidade e propaganda; materiais de escritrio; material de limpeza; etc.

  • Contabilidade Analtica I

    26

    d) Embalagens de Consumo Objectos envolventes ou recipientes das mercadorias ou produtos, no retornveis, que so facturados ou consignados juntamente com os produtos.

    e) Semi-produtos Todos aqueles bens que funcionam simultaneamente como produto acabado (susceptvel de ser vendido) ou como matria-prima para uma fase seguinte.

    Classificao segundo o SNC:

    33 Matrias-primas, subsidirias e de consumo 34 - Produtos acabados e intermdios 35 - Subprodutos, desperdcios, resduos e refugos 36 Produtos e trabalhos em curso

    Sugesto de agrupamento das matrias nos Custos Industriais:

    2. Quanto armazenagem:

    a) Matrias Armazenveis So a maior parte das matrias-primas e matrias subsidirias (e eventualmente as embalagens). Caracterizam-se assim, pelo facto do seu consumo ser posterior respectiva compra.

    b) Matrias No Armazenveis So matrias utilizadas no processo de explorao, cujo consumo dever ser imediato respectiva compra. Assim sendo, estas matrias no so

    Matrias Primas

    Matrias Subsidirias Materiais Diversos (?)

    Embalagens de Consumo (?)

    Matrias Primas

    Gastos Gerais de Fabrico

  • Contabilidade Analtica I

    27

    contabilizadas como existncias, mas sim, como custos (Fornecimentos e Servios Externos).

    3. Quanto sua identificao com o produto: a) Matrias Directas

    Materiais que geralmente determinam a qualidade, quantidade ou apresentao do produto no mercado, razo pela qual os seus custos so directamente imputados a cada produto em concreto atravs do registo das quantidades individualmente aplicadas a cada produto (recurso a folhas de requisio de materiais). O seu consumo relaciona-se directamente com a fabricao de determinado produto.

    b) Matrias Indirectas ou Comuns Materiais que vo ser incorporados ou repartidos por vrios produtos, uma vez que constituem um custo comum a esses produtos. Materiais com respeito aos quais no possvel registar nas folhas de requisio que produtos concretos provocaram o consumo dos mesmos:

    porque no existe uma relao de causalidade;

    porque no pertinente o registo (dada a escassa importncia econmica para o clculo do custo do produto).

  • Contabilidade Analtica I

    28

    Determinao das quantidades de materiais necessrias

    Nvel de existncias pretendido

    Formulao dos pedidos aos fornecedores

    Compra dos Materiais

    Recepo dos Materiais

    Comprovao fsica dos Materiais

    Devoluo dos

    Materiais

    Consumo dos Materiais

    Fabricao

  • Contabilidade Analtica I

    29

    Sistemas de Inventrio

    A movimentao das contas de existncias deve ser efectuada tendo em ateno dois objectivos: Conhecimento em qualquer momento da quantidade e valor dos stocks de que a

    empresa proprietria;

    Apuramento do custo dos produtos vendidos e consumidos e, consequentemente, do resultado apurado nas vendas ou na produo.

    Tais objectivos so apurados de duas formas: Sistema de Inventrio Permanente Sistema de Inventrio Intermitente ou Peridico

    Conforme o sistema de inventrio utilizado pela empresa tambm vai ser diferente a determinao dos consumos.

    Segundo o n 1 do artigo 12. do DL 158/2009 de 13 de Julho, as entidades a que seja aplicvel o SNC ou as normas internacionais de contabilidade adoptadas pela UE ficam obrigadas a adoptar o sistema de inventrio permanente na contabilizao dos inventrios, nos seguintes termos:

    a) Proceder s contagens fsicas dos inventrios com referncia ao final do exerccio, ou, ao longo do exerccio, de forma rotativa, de modo a que cada bem seja contado, pelo menos, uma vez em cada exerccio;

    b) Identificar os bens quanto sua natureza, quantidade e custos unitrios e globais, por forma a permitir a verificao, a todo o momento, da correspondncia entre as contagens fsicas e os respectivos registos contabilsticos.

    Ficam dispensadas, segundo o n 2 do mesmo artigo, as entidades s quais aplicvel o SNC que no ultrapassem, durante dois exerccios consecutivos, dois dos trs limites indicados no n. 2 do artigo 262. do Cdigo das Sociedades Comerciais:

    a) Total do balano: 1 500 000 ; b) Total das vendas lquidas e outros proveitos: 3 000 000 ; c) N. de trabalhadores empregados em mdia durante o exerccio: 50.

  • Contabilidade Analtica I

    30

    Essa dispensa deixa de produzir efeitos no exerccio seguinte ao termo daquele perodo. Por outro lado, o n 3 refere que a obrigao de adoptar o inventrio permanente cessa sempre que as entidades nele referidas deixem de ultrapassar, durante dois exerccios consecutivos, dois dos trs limites referidos no n. 2 do artigo 262. do Cdigo das Sociedades Comerciais, produzindo esta cessao efeitos a partir do exerccio seguinte ao termo daquele perodo.

    Mensurao/valorizao dos fluxos de entrada em armazm

    Mensurao dos inventrios ( 9 a 33, NCRF 18 Inventrios)

    De acordo com o 9 da NCRF 18, os inventrios devem ser mensurados pelo seu custo (custo aquisio/produo).

    Os 10 a 22 referem como se determina o custo dos inventrios, mencionando que este deve incluir os custos de compra, custos de converso e outros custos incorridos para colocar os inventrios no seu local e condies actuais.

    Sobre os custos de compra, o 11 indica que estes incluem o preo de compra, direitos de importao e outros impostos (que no sejam os subsequentemente recuperveis das entidades fiscais pela entidade) e custos de transporte, manuseamento e outros custos directamente atribuveis aquisio de bens acabados, de materiais e de servios. Devem deduzir-se ao custo de compra descontos de natureza comercial e abatimentos.

    Os custos de converso ( 12 a 14) incluem os custos directamente relacionados com as unidades de produo, tais como mo-de-obra directa ou gastos gerais de produo fixos e variveis que sejam incorridos ao converter matrias em bens acabados. Os gastos gerais de produo fixos so os custos indirectos de produo que permaneam relativamente constantes independentemente do volume de produo, tais como a depreciao e manuteno de edifcios e de equipamentos de fbricas e os custos de gesto e administrao da fbrica. Os gastos gerais de produo variveis so os custos indirectos de produo que variam directamente, ou quase directamente, com o volume de produo tais como materiais indirectos.

    Relativamente aos outros custos, o 15 refere que somente sero includos nos custos dos inventrios at ao ponto em que sejam incorridos para os colocar no local e condies actuais. Como exemplo indica os gastos gerais que no sejam industriais ou os custos de concepo de produtos para clientes especficos.

    No entanto, h custos que no devem ser includos nos custos dos inventrios e que devem ser reconhecidos como gastos do perodo em que sejam incorridos (16):

  • Contabilidade Analtica I

    31

    a) quantias anormais de materiais desperdiados, de mo de obra ou de outros custos de produo;

    b) custos de armazenamento, a menos que esses custos sejam necessrios no processo de produo antes de uma nova fase de produo;

    c) gastos gerais administrativos que no contribuam para colocar os inventrios no seu local e na sua condio actuais; e

    d) custos de vender.

    O 17 acrescenta que em circunstncias limitadas, os custos de emprstimos obtidos so includos no custo dos inventrios. Tais circunstncias esto identificadas na NCRF 10 Custos de Emprstimos Obtidos, isto :

    Durante o perodo de construo do inventrio, se levar necessariamente um perodo substancial de tempo para ficar pronto para o uso pretendido;

    Se o emprstimo for directamente atribuvel construo do inventrio; Havendo dispndios efectivos com os custos de produo do inventrio.

    Mensurao/valorizao dos fluxos de sada em armazm

    A determinao do valor a atribuir s matrias no fcil, visto que: 1. normal, no final de cada perodo, a no coincidncia das existncias final e

    inicial.

    2. Nem sempre as aquisies so feitas ao mesmo preo.

    3. Para alm de existirem vrios lotes a preos diferentes, muitas vezes no possvel individualiz-los.

    Perante estas situaes, coloca-se a seguinte questo: Como determinar o custo das matrias consumidas? Esta e outras questes idnticas poder-se-o formular para salientar a necessidade de considerar critrios que possibilitem o apuramento do valor das existncias finais e ainda o valor das sadas.

    A NCRF 18 (23 a 27) permite a adopo de vrias frmulas de custeio de sada de inventrios: 1. Custo especfico A identificao especfica do custo significa que so atribudos

    custos especficos a elementos identificados de inventrio. Este o tratamento apropriado para os itens que sejam segregados para um projecto especfico;

  • Contabilidade Analtica I

    32

    2. FIFO (First In, First Out) pressupe que os itens de inventrio que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e consequentemente os itens que permanecerem em inventrio no fim do perodo sejam os itens mais recentemente comprados ou produzidos;

    3. Custo mdio ponderado o custo de cada item determinado a partir da mdia ponderada do custo de itens semelhantes no comeo de um perodo e do custo de itens semelhantes comprados ou produzidos durante o perodo. A mdia pode ser determinada numa base peridica ou medida que cada entrega adicional seja recebida, o que depende das circunstncias da entidade.

    A referida NCRF 18 apresenta ainda o mtodo do custo padro (21) e o mtodo do retalho (22) como tcnicas para a mensurao do custo de inventrios que podem ser usadas por convenincia se os resultados se aproximarem do custo. A valorizao das sadas de inventrios pelo mtodo LIFO passa a ser proibida.

    4. O custo padro corresponde ao custo que, em condies normais, a empresa teria na fabricao de um determinado produto, levando em considerao a quantidade normal de matrias- primas consumida, o seu custo previsto, o nmero de horas de produo, o custo horrio da mo de obra directa, os encargos gerais de fabrico previstos e a capacidade de produo utilizada. Os custos padro tomam em considerao os nveis normais dos materiais e consumveis, da mo-de-obra, da eficincia e da utilizao da capacidade produtiva. Estes devem ser regularmente revistos e, se necessrio, devem s-lo luz das condies correntes.

    5. O mtodo de retalho muitas vezes usado no sector de retalho para mensurar inventrios de grande quantidade de itens que mudam rapidamente, que tm margens semelhantes e para os quais no praticvel usar outros mtodos de custeio. O custo do inventrio determinado pela reduo do valor de venda do inventrio na percentagem apropriada da margem bruta. A percentagem usada toma em considerao o inventrio que tenha sido marcado abaixo do seu preo de venda original. usada muitas vezes uma percentagem mdia para cada departamento de retalho.

  • Contabilidade Analtica I

    33

    Segundo o 25 da mesma Norma, uma entidade deve usar a mesma frmula de custeio para todos os inventrios que tenham uma natureza e um uso semelhantes para a entidade. Para os inventrios que tenham outra natureza ou uso, podero justificar -se diferentes frmulas de custeio.

    Em resumo:

    1. Custo Mdio de acordo com este critrio, as sadas de inventrio so valorizadas atravs de um custo unitrio obtido atravs de uma mdia ponderada entre os preos de entrada e as correspondentes quantidades.

    2. FIFO os custos das sadas de armazm correspondem aos custos de entrada mais antigos e, em consequncia, as existncias finais de bens em inventrio so valorizadas pelos custos de entrada mais prximos dos valores de mercado.

    3. Custo Especfico (ou Identificao Especfica) o custo da sada de cada lote identificado especificamente com a respectiva entrada. Para a utilizao deste mtodo necessrio ter acesso perfeita identificao fsica dos vrios lotes no armazm, permitindo deste modo o conhecimento do custo especfico de cada sada.

    Empresa Lote

    Custo especfico dirio (em euros)

    Data Designao Entradas Sadas Existncias

    Qt Preo Valor Qt Preo Valor Qt Preo Valor 1 Exist. Inicial 200

    150

    200

    0,1

    0,11

    0,12

    20

    16,5

    24

    ? Venda 50

    50

    150

    0,1

    0,11

    0,12

    5

    5,5

    18

    150

    100

    50

    0,1

    0,11

    0,12

    15

    11

    6

  • Contabilidade Analtica I

    34

    Custo especfico mensal (em euros)

    Data Designao Quantidades Custo Valores Entradas Sadas Existncias mdio Dbitos Crditos Saldo

    1 Exist. Inicial 200 200 0,1 20

    150 350 0,11 16,5

    200 550 0,12 24

    ? Venda 50 500

    50 450

    150 300

    Valor Entradas 550 0,11 60,5

    Valor sadas 250 0,114 28,5 32

    Existncia Inicial (Entradas) = 20 + 16,5 + 24 = 60,5 Custo mdio entradas = 60,5 / 550 = 0,11 Valor das sadas = 50 * 0,1 + 50 * 0,11 + 150 * 0,12 = 28,5 Custo mdio das sadas = 28,5 / 250 = 0,114 Existncia Final = 60,5 28,5 = 32

    4. Custo Padro os custos das sadas de armazm so valorizados a custos padro (custos estimados com base em condies ideais ou normais de funcionamento); em consequncia, teremos que proceder, no final do perodo, s correces necessrias.

    Mtodo do Custo Mdio

    Caractersticas: O inventrio visto como um todo pelo que os lotes perdem a sua individualidade; As sadas so valorizadas ao custo mdio ponderado da compra e do valor dos

    stocks em armazm; Minimiza os efeitos das variaes dos custos de aquisio/produo; O custo actual de um dado produto, ao ser ponderado por um preo mais antigo,

    pode vir a ser substancialmente alterado, afastando-se do seu valor real; trabalhoso e dispendioso; o critrio mais utilizado pelas empresas.

  • Contabilidade Analtica I

    35

    Mtodo do Custo Mdio Mensal

    Apenas se registam diariamente as quantidades entradas e as sadas. Mensalmente registam-se os valores globais das entradas (conta compras) e sadas

    (aps a determinao do custo mdio mensal das existncias).

    Data Designao Quantidades Custo Valores Entradas Sadas Existncias Mdio Dbitos Crditos Saldo

    Mtodo do FIFO (First In First Out) As entradas so valorizadas ao custo de aquisio. As existncias so registadas separadamente pelos seus respectivos custos de

    aquisio.

    As primeiras sadas so valorizadas aos primeiros preos de entrada existentes em armazm.

    Neste mtodo, no h diferenas entre a utilizao do mtodo diariamente ou mensalmente.

    Comparao dos mtodos: FIFO e Custo Mdio Ponderado

    Os valores obtidos pelos vrios mtodos sero tanto mais diferentes quanto forem as variaes dos preos de aquisio ou de produo, ou seja, quanto maior for a instabilidade dos preos.

    O mtodo FIFO implica um afastamento sensvel do custo actual das entradas, do custo das sadas, as quais s tardiamente se reflectem na evoluo dos preos.

    O mtodo do custo mdio situa-se numa posio intermdia: o custo das sadas no se afasta tanto do custo actual das entradas como o FIFO.

  • Contabilidade Analtica I

    36

    Empresa Variedade Mtodo do Custo Mdio Dirio

    Data Designao Entradas Sadas Existncias

    Qt Preo Valor Qt Preo Valor Qt Preo Valor 1 Exist. Inicial 200 0.1 20

    3 Venda 50 0.1 5 150 0.1 15

    7 Compra 150 0.11 16.5 300 0.105 31.5

    13 Venda 50 0.105 5.25 250 0.105 26.25

    15 Venda 50 0.105 5.25 200 0.105 21

    20 Compra 200 0.12 24 400 0.1125 45

    30 Venda 150 0.1125 16.875 250 0.1125 28.125

    EF= 28.125 CMV= 5+5.25+5.25+16.875 = 32.375

    Mensal

    Data Designao Quantidades Custo Valores Entradas Sadas Existncias mdio Dbitos Crditos Saldo

    1 Exist. Inicial 200 200 0.1 20

    3 Venda 50 150

    7 Compra 150 300

    13 Venda 50 250

    15 Venda 50 200

    20 Compra 200 400

    30 Venda 150 250

    Valor Entradas 550 0.11 40.5 60.5

    Valor Sadas 300 0.11 33

    COMPRAS= 150*0.11 + 200*0.12 = 40.5 SALDO= 40.5 + 20 = 60.5 CUSTO MDIO= 60.5/550 = 0.11

  • Contabilidade Analtica I

    37

    EXISTNCIA FINAL= 250*0.11 = 27.5 CMV= (50 + 50 + 50 + 150)*0.11 = 300*0.11 = 33 Mtodo do FIFO: Dirio

    Data Designao Entradas Sadas Existncias

    Qt Preo Valor Qt Preo Valor Qt Preo Valor 1 Exist. Inicial 200 0.1 20

    3 Venda 50 0.1 5 150 0.1 15

    7 Compra 150 0.11 16.5 150

    150

    0.1

    0.11

    15

    16.5

    13 Venda 50 0.1 5 100

    150

    0.1

    0.11

    10

    16.5

    15 Venda 50 0.1 5 50

    150

    0.1

    0.11

    5

    16.5

    20 Compra 200 0.12 24 50

    150

    200

    0.1

    0.11

    0.12

    5

    16.5

    24

    30 Venda 50

    100

    0.1

    0.11

    5

    11

    ----

    50

    200

    ----

    0.11

    0.12

    ----

    5.5

    24

    CMV= 5 + 5 + 5 + 5 + 11= 31 EF= 5.5 + 24= 29.5

    Mensal

    Data Designao Quantidades Valores Entradas Sadas Existncias Dbitos Crditos Saldo

    1 Exist. Inicial 200 200 20

    3 Venda 50 150

    7 Compra 150 300

    13 Venda 50 250

    15 Venda 50 200

    20 Compra 200 400

    30 Venda 150 250

    Valor Entradas 550 40.5 60.5

  • Contabilidade Analtica I

    38

    Valor Sadas 300 31

    COMPRAS= 150*0.11 + 200*0.12 = 40.5 SALDO= 40.5 + 20 = 60.5 SADAS= (200*0.1) + (100*0.11) = 31 EF= (50*0.11) + (200*0.12) = 29.5

    Tratamento das diferenas de inventrio

    Existe uma diferena de inventrio quando a informao contabilstica sobre a quantidade e o valor das existncias difere da sua quantidade e/ou valor real, assim

    sendo, a informao contabilstica ter que adaptar-se realidade NECESSIDADE

    DE CORRECO!

    Causas possveis de desvalorizao: 1. Causas Fsicas o desaparecimento do material, a diminuio de peso, o

    armazenamento inadequado, a caducidade, a deteriorao, a obsolescncia, etc.;

    2. Causas Econmicas quando, devido a alteraes de engenharia, os materiais perdem a sua aptido produtiva, deteriorando-se.

    Determinao do Custo

    Diferenas de Inventrio Negativas

    O Custo das Quebras Anormais no inventarivel custo do perodo em que ocorre (custo acidental).

    Por sua vez, quando a quebra se deve a causas normais, o valor do consumo de materiais (ou do custo das mercadorias vendidas) dever ser aumentado numa quantidade igual ao custo da quebra.

    Deteriorao Normal (Quebras Normais)

    Deteriorao Anormal (Quebras Anormais)

  • Contabilidade Analtica I

    39

    3.2. Custos com a Mo de Obra Directa (MOD)

    Unidade de medida - Horas homem (Hh) Remuneraes:

    Fixas (?) Variveis (?)

    Fixas (?) Remunerao mensal (ordenado) Subsdio de Frias Subsdio de Natal

    Variveis (?) Remuneraes por horas extraordinrias Comisses sobre vendas Subsdios pela prestao de trabalho em turnos Prmios de produtividade

    Obrigatrios:

    Encargos com a Segurana Social: 23,75% para os trabalhadores por conta de outrem em geral 20,3% para os membros dos rgos estatutrios das pessoas coletivas

    Seguros de Acidentes de Trabalho e Doenas Profissionais (taxa varivel)

    N.B.: De acordo com o n. 1 do art. 69. do Cdigo dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurana Social (CRCSPSS), a taxa contributiva relativa aos membros dos rgos estatutrios , em geral, de 29,6%, sendo, respetivamente, de 20,3% e de 9,3% para a entidade empregadora e para o trabalhador; no entanto, de acordo com o n. 2 do art. 69. do CRCSPSS caso esses membros exeram funes de gerncia ou de administrao, a taxa contributiva 34,75%, sendo de 23,75% para a entidade empregadora e 11% para o trabalhador.

    A lei n. 70/2013 de 30 de agosto (estabelece os regimes jurdicos do fundo de compensao do trabalho (FCT), do mecanismo equivalente (ME) e do fundo de garantia de compensao do trabalho (FGCT)) e a portaria n 294-A/2013 de 30 de setembro (procedimentos de operacionalizao do funcionamento do FCT e do FGCT) estipulam ainda que para os contratos celebrados desde 1 de outubro de 2013 existe a obrigao de contribuies de 0,925% para o fundo de compensao e 0,075% para o fundo de garantia.

  • Contabilidade Analtica I

    40

    Obrigatrios ou Facultativos: Encargos com creches, refeitrios, penses de reforma e de invalidez, formao profissional, etc.

    Descontos sobre remuneraes por conta do trabalhador dependente: 9,3% ou 11%/11% do Rendimento Bruto para Segurana Social Reteno de I.R.S.

    Custo Total = Vencimento + Encargos sobre Remuneraes

    Custo Horrio: Deve incluir, no s as remuneraes mensais, como tambm as restantes

    remuneraes fixas e encargos patronais.

    Dividindo esse custo pelo n. de horas de trabalho, obtemos o custo horrio.

    Custo Hora = ano ao Trabalho HorasN

    Ano Total Custo ou

    ms ao Trabalho Horas Nmensal mdio Custo

    Taxa Terica:

    Taxa Terica = Encargos Mdios Mensais Remunerao Mensal

    Encargos Mdios Mensais = Encargos Ano_______ Meses de trabalho

    Custos Anuais (no peridicos)

    Custo

    Encargos Sociais

    Despesa

    Total

    Dedues Salrios Mensal Mensal Salrio Lquido

    Brutos de Mo de Obra

  • Contabilidade Analtica I

    41

    Contabilizao dos Encargos Sociais

    Poder-se- determinar, em termos previsionais, uma taxa terica de Encargos Sociais j que normalmente no se dispe dos dados reais quando se faz a contabilizao.

    Sugesto de contabilizao:

    Encargos a Repartir Custos Industriais Da Contabilidade

    Geral Encargos Mensais

    Encargos Imputados

    Taxa Terica *

    Taxa Terica *

    Reais * Vencimentos Vencimentos Mensais Mensais

    Diferenas de Incorporao

    RESULTADOS

    Se os custos reais forem inferiores aos previstos

    Sf Se os custos reais forem superiores aos previstos

  • Contabilidade Analtica I

    42

    3.3. Os Gastos Gerais de Fabrico

    Classificao de G.G.F.:

    GGF INDIRECTOS: so repartidos posteriormente pelos

    produtos atravs de um critrio de imputao adequado.

    DIRECTOS

    Conservao e Reparao gua, Electricidade

    Depreciaes (?) Rendas e alugueres

    Seguros, Embalagens (?), etc.

    CUSTOS INDIRECTOS DE TRANSFORMAO

    Ordenados dos encarregados de seco Ordenados do pessoal de limpeza

    Ordenados do pessoal de superviso Preparao de mquinas, etc.

    MO DE OBRA INDIRECTA

    Combustveis, colas, vernizes Lubrificantes

    Material de limpeza Ferramentas no duradouras, etc.

    MATERIAIS INDIRECTOS

    B) Em relao ao produto:

    A) Quanto Natureza:

  • Contabilidade Analtica I

    43

    C) Quanto variabilidade

    D) Quanto ao momento do registo

    E) Quanto imputao de responsabilidades

    Histricos ou Reais

    Tericos ou Previsionais

    GGF

    Diferenas de Incorporao Custos Tericos Custos Reais - =

    FIXOS

    SEMI-VARIVEIS

    VARIVEIS

    GGF

    Custos Indirectos da Produo

    Custos Indirectos Gerais dizem respeito s restantes reas funcionais da empresa.

    Custos Indirectos

    CONTROLVEIS

    NO CONTROLVEIS O seu responsvel directo no os controla.

    GGF

  • Contabilidade Analtica I

    44

    Esquematicamente:

    CUSTOS INDIRECTOS TOTAIS DO EXERCCIO

    CUSTOS INDIRECTOS DE PRODUO (GGF) CUSTOS INDIRECTOS GERAIS

    APROVISIONAMENTO PRODUO OUTROS ADMINIS- TRAO FIN.

    DIST. OUTROS

    INVENTRIOS

    RESULTADOS

    VENDA DE PRODUTOS

  • Contabilidade Analtica I

    45

    MODELO DE UMA FOLHA DE CUSTO

    Empresa Ficha de Encomenda n.

    Por conta do cliente

    ou para o armazm

    Descrio do produto

    N. de peas Desenho n. Data de incio

    Data prevista de entrega Data de acabamento

    MATRIAS PRIMAS Data Sector Requisio

    ou devol. n. Armazm Quantidade Custo

    Unitrio Valor

    A

    MO-DE-OBRA DIRECTA Data Sector Mapa Resumo n. Trabalhos Total

    Horas Taxa

    Horria Valor

    B

    GASTOS GERAIS DE FABRICO Data Sector Base de imputao

    Quota Valor

    C Resumo do custo fabril Custo Total

    Matrias A Mo-de-Obra Directa B A + B + C Gastos Gerais de Fabrico C Custo Unitrio

  • Contabilidade Analtica I

    46

    3.4. O Custo da Produo Acabada e da Produo em Vias de Fabrico

    Importa ainda referir que podemos falar do custo industrial relativo s unidades produzidas (CIPA) e da produo em vias de fabrico, cujo clculo dever ser feito tendo em ateno o critrio valorimtrico adoptado pela empresa e o tipo de empresa3. O CIPA corresponde ao valor a atribuir aos produtos acabados durante o perodo, independentemente do momento em que so iniciados, o que significa que ter de incorporar, para alm dos custos industriais que ocorreram no perodo, o valor de eventual produo no acabada (produo em vias de fabrico) existente no incio e no fim do perodo. A produo em vias de fabrico corresponde ao valor de um produto iniciado em determinado perodo e que no final deste no se encontra ainda concludo, distinguindo-se do conceito de produto intermdio ou semi-acabado, que corresponde a um produto que pode ser comercializado nesse estdio ou ser sujeito a operaes de transformao adicionais (Franco et al., 2005: 36). Assim, o custo da produo acabada ser calculado da seguinte forma:

    CIPA = EIPVF + CI EFPVF

    3 Se for uma empresa de prestao de servios, por exemplo, o custo da produo acabada igual ao

    custo da produo vendida e no inclumos a rubrica designada por matrias-primas (Caiado e Cabral, 2006).

  • Contabilidade Analtica I

    47

    IV MTODOS UTILIZADOS PARA A ANLISE E REPARTIO DOS CUSTOS

    4.1 Imputao dos Gastos Gerais de Fabrico

    4.1.1 Coeficientes de Imputao

    Coeficiente de Imputao = Imputao de Base

    Repartir a Custos dos Montante

    4.1.2 Bases de Imputao Custo das Matrias Primas Custo da M.O.D.

    Bases de Imputao N. de horas de M.O.D. mais utilizadas Horas mquina (Hm)

    N. de unidades fabricadas rea ocupada Custo Primo Valor dos Equipamentos, etc.

    Exemplos: Rendas rea (m2) Energia Potncia (kw), horas de trabalho Seguros Valor do objecto segurado Depreciaes do Equipamento Horas mquina (Hm) M.O.I. Horas M.O.D., Custo M.O.D.

    4.1.3 Imputao de base nica e de base mltipla

    Imputao de Base nica:

    Coeficiente Geral = Imputao de Base

    GGF de Montante

    Valor a imputar = Coeficiente * Base de Imputao

    NOTA: Este mtodo s deve ser utilizado quando o montante de GGF for uma % muito reduzida em relao s matrias-primas e M.O.D., ou seja, em situaes em que no se justifique a utilizao de diversas bases de imputao.

    Produtos

    GGF Indirectos

  • Contabilidade Analtica I

    48

    Imputao de Base Mltipla ou Imputao pelo Mtodo dos Coeficientes Diferenciados:

    Procedimento: 1 Repartem-se os GGF por Grupos ou Centros de Custo ou Actividades; 2 Atribui-se uma Base de Imputao adequada para cada; 3 Calcula-se o Coeficiente de Imputao; 4 Imputa-se os custos aos produtos.

    1) Imputao de Base nica Exemplo:

    GGF do ms 18 900 Horas de MOD gastas em cada produto:

    A 5 000 h B 4 950 h C 5 050 h

    Base de imputao Horas de MOD

    Qual o montante de GGF a atribuir a cada um dos produtos? Total de Horas de MOD = 5 000 + 4 950 + 5 050 = 15 000 Hh Coef. Imp. = 18 900 = 1,26 /h 15 000Hh

    Ou seja, vamos imputar 1 e 26 Cntimos por cada Hora de MOD: Produto A: 5 000 * 1,26 = 6 300 Produto B: 4 950 * 1,26 = 6 237 Produto C: 5 050 * 1,26 = 6 363 18 900

    Produtos

    Centros de

    Custos

    GGF Indirectos

    Produtos

    Actividades

    GGF Indirectos

    Produtos

    GGF Indirectos

    Grupos de

    Gastos

  • Contabilidade Analtica I

    49

    2) Imputao pelo Mtodo dos Coeficientes Diferenciados (Imputao de Base Mltipla):

    Exemplo: Produto X Produto Y Matrias consumidas 6 000 7 500 N. de horas mquina 13 500 15 000 N. de horas homem 11 000 17 500 MOD 11 000 17 500 Valor de Vendas 40 000 45 000

    Os GGF foram os seguintes: Energia 2 850 Seguros 2 550 Depreciaes 5 700 MOI 21 375

    As bases de imputao so as seguintes:

    Energia N. de Horas homem (Hh) Seguros Valor de vendas Depreciaes N. de Horas mquina (Hm) MOI Valor da MOD

    Determine o montante de GGF a imputar a cada produto e o respectivo custo de produo.

    Resoluo:

    Energia: 2 850 N. de Hh

    Total Hh = 11 000 + 17 500 = 28 500 Hh

    Coef. Imp. = 2 850 = 0,1 /h 28 500

    Assim temos: Produto X: 11 000 * 0,1 = 1 100 Produto Y: 17 500 * 0,1 = 1 750 2 850

    Seguros: 2 550 Valor das Vendas

    Valor das Vendas = 40 000 + 45 000 = 85 000 Coef. Imp. = 2 550 = 0,03 85 000

  • Contabilidade Analtica I

    50

    Assim temos: Produto X: 40 000 * 0,03 = 1 200 Produto Y: 45 000 * 0,03 = 1 350 2 550

    Depreciaes: 5 700 N. Hm Total Hm = 13 500 + 15 000 = 28 500 Hm Coef. Imp. = 5 700 = 0,2 /Hm 28 500 Assim temos: Produto X: 13 500 * 0,2 = 2 700 Produto Y: 15 000 * 0,2 = 3 000 5 700

    MOI: 21 375 Valor da MOD Valor da MOD = 11 000 + 17 500 = 28 500 Coef. Imp. = 21 375 = 0,75 28 500 Assim temos: Produto X: 11 000 * 0,75 = 8 250 Produto Y: 17 500 * 0,75 = 13 125 21 375

    Total dos GGF = 2 850 + 2 550 + 5 700 + 21 375 = 32 475

    Imputao total aos produtos: Produto X: 1 100 + 1 200 + 2 700 + 8 250 = 13 250 Produto Y: 1 750 + 1 350 + 3 000 + 13 125 =19 225 32 475

    Custo Industrial: Produto X Produto Y Total M.P MOD GGF: Energia Seguros Depreciaes MOI

    6 000 11 000

    1 100 1 200 2 700 8 250

    7 500 17 500

    1 750 1 350 3 000

    13 125

    13 500 28 500

    2 850 2 550 5 700

    21 375 Custo de Produo 30 250 44 225 74 475

    Margem Bruta: Produto X: 40 000 30 250 = 9 750

    Produto Y: 45 000 44 225 = 775

  • Contabilidade Analtica I

    51

    4.1.4. Quotas Tericas: quotas normais e quotas ideais

    Coeficiente de Imputao dos GGF = Imputao de Base

    GGF

    A empresa aguarda pelos valores reais dos GGF?

    Sim No

    Coeficiente real Coeficiente Terico ou Pr - Estabelecido

    VANTAGENS: 1. O valor dos produtos no prejudicado por algum

    facto anormal (avaria, greve...); 2. No necessrio aguardar pelo fim do ms para

    calcular o coeficiente de imputao; 3. Procedimento menos trabalhoso, uma vez que s

    existe um coeficiente ao longo do ano.

    COEFICIENTES TERICOS

    NORMAIS: coeficientes pr-determinados pressupondo que a empresa vai laborar em condies normais de funcionamento.

    IDEAIS: coeficientes pr-determinados pressupondo que a empresa vai laborar em condies ideais de funcionamento.

  • Contabilidade Analtica I

    52

    Quotas reais / Quotas tericas Qual o tratamento a dar diferena entre a quota estimada e a quota real?

    GGF (imputados)

    GGF Reais GGF Estimados

    Centros de Custos

    GGF Estimados

    Diferenas de Incorporao Sf se: Sf se: GGF Reais > GGF Estimados GGF Reais < GGF Estimados

    Resultados

    Sf

    SF

    Se a diferena no for significativa

    Se a diferena for significativa

  • Contabilidade Analtica I

    53

    EXEMPLO:

    A Empresa Quotas dedica-se ao fabrico de malas de viagem de diversos tipos. Para calcular o custo unitrio das malas abre-se, para cada lote a fabricar constitudo por malas do mesmo tipo, uma ficha de custo. Os GGF so imputados s ordens com base nos custos da MOD aplicada em cada uma. No ms de Janeiro, os GGF da empresa e a MOD correspondente s diversas ordens de fabrico foram os seguintes: GGF 1 680 MOD: Ordem n. 1 275 Ordem n. 2 350 Ordem n. 3 175

    Durante o ms em causa, consideram-se duas hipteses para imputar os GGF s ordens de produo: 1 Hiptese: a imputao dos GGF faz-se por quotas reais. 2 Hiptese: a imputao dos GGF faz-se por quotas tericas (admita que os GGF e a MOD previstos para o ano so, respectivamente, de 19 000 e 9 500 ).

    1 HIPTESE: Coef. Imp. = 1 680 = 2,1 800

    Ou seja, por cada Euro de MOD imputa-se 2 e 10 Cntimos de GGF.

    Assim temos: Ordem n. 1: 2,1 * 275 = 577,5 Ordem n. 2: 2,1 * 350 = 735 Ordem n. 3: 2,1 * 175 = 367,5 1 680

    2 HIPTESE:

    Coef. Imp. = 19 000 = 2 9 500

    Ou seja, imputa-se 2 de GGF por cada Euro de MOD.

    Assim temos: Ordem n. 1: 2 * 275 = 550 Ordem n. 2: 2 * 350 = 700 Ordem n. 3: 2 * 175 = 350 1 600

    NOTA: Repare-se que h uma diferena de imputao de 80 . Esta diferena constitui um custo do ms em causa, sendo contabilizada na conta Diferenas de Incorporao.

  • Contabilidade Analtica I

    54

    4.2. Centros de custos 4.2.1 Centros de custos e Centros de responsabilidade

    Os custos ocasionados pelo funcionamento dos diversos rgos da empresa devem ser repartidos por centros de responsabilidade. A anlise dos custos de determinado centro de responsabilidade nem sempre possvel sem decompor esse centro de responsabilidade em unidades contabilsticas que designamos por centros de custos.

    Centro de Responsabilidade A Centro de Responsabilidade B --------------

    Centro de Custos A Centro de Custos B -------------

    4.2.2 Mtodo das seces homogneas

    4.2.2.1 Definio das seces homogneas

    um centro de custos relativo a operaes idnticas, com fcil atribuio de responsabilidades, permitindo um controlo dos custos e a sua afectao posterior. O facto de ter operaes idnticas facilita a escolha de uma unidade de obra. , portanto, um centro de custos (centro de responsabilidade cujo responsvel controla a qualidade e/ou o custo dos factores consumidos), cujas caractersticas consistem:

    Homogeneidade de funes Responsabilizao Existncia de uma unidade de medida da actividade do centro (unidade de obra)

    4.2.2.2 Objectivo do mtodo

    O grau de diviso em seces depende do objectivo definido: a) Apuramento mais correcto do custo dos produtos b) Controlo de gesto

    4.2.2.3 Escolha da Unidade de Obra

    A unidade de obra uma unidade que permite medir a actividade da seco e em relao qual todos os custos da seco so proporcionais.

    Centro de Responsabilidade A

    Custos de Funcionamento FuncionamentoResponsabilidade A

  • Contabilidade Analtica I

    55

    4.2.2.4 Caracterizao do mtodo

    Procedimento: 1) Determinao dos Custos Directos e Comuns aos Centros

    ou Repartio Primria:

    Distribuio dos gastos directos e comuns pelos respectivos centros/seces (principais e auxiliares).

    2) Determinao do Valor dos Reembolsos ou Repartio Secundria:

    Repartio dos custos dos centros/seces auxiliares pelos centros/seces receptoras do servio prestado por cada um dos centros/seces auxiliares.

    3) Determinao do Custo Global dos Produtos / Servios ou Repartio Terciria:

    Imputao dos custos totais das seces principais aos produtos/servios atravs das Unidades de Obra.

    Auxiliares prestam servio a outras seces

    Principais (de produo) concorrem directamente para a produo.

    Administrativas, Distribuio e Financeiras no concorrem directamente para a produo.

    Exemplo: contabilidade, administrao, comercializao, ...

    Centros ou

    Seces

    Unidades de Obra Unidade de Imputao - unidade que permite fazer a

    imputao dos gastos aos produtos.

    Unidade de Custeio - unidade definida para medir os custos de cada seco.

    =

  • Contabilidade Analtica I

    56

    4.2.2.5 Custo das seces principais e auxiliares

    A diviso das seces feita de acordo com a estrutura orgnica da empresa e, como tal, em funo das principais funes da empresa, apresentando particular interesse para efeitos de gesto. Uma diviso necessria a seguinte (Pereira e Franco, 1994; Nabais, 1996; Caiado, 2002; Franco et al., 2005):

    - Seces de Produo Principais: englobam os custos das seces fabris que contribuem directamente para a produo dos bens e prestao de servios. Nestas seces fcil utilizar uma unidade de obra. A unidade de obra mais aceitvel a que se relaciona com as horas de funcionamento da seco ou das mquinas, ou as horas de MOD.

    - Seces de Produo Auxiliares: so aquelas que concorrem com os seus bens ou servios para outras seces, ou seja, cuja actividade reverte a favor de outras seces (por exemplo, a seco de manuteno que se ocupa da manuteno e conservao dos equipamentos industriais) ou que engloba custos comuns, cujo montante no justifica a sua discriminao por seces (por exemplo, uma seco de gastos gerais ou de gastos comuns). Nem sempre possvel encontrar unidades de obra adequadas, utilizando-se com frequncia as unidades de imputao (% do total do custo da mo-de-obra e a % da quantidade das matrias-primas consumidas) para repartir os gastos dessas seces para as principais (reembolsos).

    4.2.2.6 As seces auxiliares com prestaes simples e recprocas

    PRESTAES SIMPLES OU EM CADEIA

    A

    B

    C

    PRESTAES RECPROCAS

    A

    B

    COMO APURAR O CUSTO DA UNIDADE DE OBRA DE CADA SECO? SOLUES: ALGEBRICAMENTE ARITMETICAMENTE

  • Contabilidade Analtica I

    57

    EXEMPLO

    Na Empresa X, no ms de Janeiro, a seco de Distribuio de Energia forneceu electricidade seco de Reparaes Elctricas e esta ltima fez reparaes no posto de transformao de energia da primeira. A actividade das seces no ms em causa foi a seguinte: Distribuio de Energia: 50 000 Kwh, dos quais 1 000 Kwh se destinaram

    seco das Reparaes Elctricas; Reparaes Elctricas: 800 Hh, das quais 100 Hh se destinaram a servir a seco

    de Distribuio de Energia. Os custos das seces foram os seguintes: Distribuio de Energia: 163 000 Reparaes Elctricas: 92 500

    Para apurar o custo da unidade de obra de cada seco, resolvemos o seguinte sistema de duas equaes e incgnitas:

    DE = 163 000 + (100/800) RE DE = 163 000 + 0,125 RE

    RE = 92 500 + (1 000/50 000) DE RE = 92 500 + 0,02 DE

    DE = 163 000 + 0,125*(92 500 + 0,02 DE) DE = 163 000 + 11 562,50 + 0,0025 DE

    _______________________________ _______________________________

    DE 0,0025 DE = 174 562,50 DE = 174 562,5/ 0,9975 _________________________ ____________________

    DE = 175 000

    RE = 92 500 + 0,02*175 000 = 96 000

    Coeficiente de Imputao DE = 175 000/50 000 = 3,5 Coeficiente de Imputao RE = 96 000/800 = 120

  • Contabilidade Analtica I

    58

    4.2.2.7 Imputao do custo das seces principais aos produtos

    Da soma dos custos directos com os reembolsos, resulta o total dos custos da seco durante o ms. Se este valor for dividido pelo nmero de unidades de obra verificado no ms, chegamos ao custo unitrio da unidade de obra. Quando apurado o custo da unidade de obra da seco podem repartir-se os seus custos pelos respectivos utentes com base no nmero de unidades de obra que a cada um foram fornecidas durante o ms (Pereira e Franco, 1994). Depois do apuramento do custo das seces ser necessrio proceder sua imputao. Os custos das seces consideradas auxiliares ou secundrias devem, como vimos, ser imputados s seces utilizadoras da respectiva actividade. Por sua vez, o custo das seces principais devem ser imputados aos produtos ou servios proporcionalmente actividade de cada seco principal dispendida na produo de cada produto. A este estdio designa-se de repartio terciria.

  • Contabilidade Analtica I

    59

    Quadro de repartio dos Gastos Indirectos de Fabrico ou dos Gastos de Transformao

    Unidade Custo Seces Auxiliares Seces Principais Total Fsica Unitrio Seco X Seco Y Seco A Seco B

    1. Custos directos ou comuns s seces Consumos de Mat. Subsidirias X X X X X X X Mo-de-obra Indirecta X X X X X X X Energia Elctrica X X X X X X X Depreciaes Edifcios e Equipa. X X X X X X X Seguros da Seco X X X X X X X Outros X X X X X X X

    Total da Repartio Primria X X X X X 2. Reembolsos ou Repartio Secundria

    Seco Auxiliar (secundria) X X X (X) X X X 0 Seco Auxiliar (secundria) Y X X X (X) X X 0

    Total da Segunda Repartio (X) (X) X X 0 3. Custo global 0 0 X X X

    Unidade de Obra (imputao) X X Custo unitrio X X

  • Contabilidade Analtica I

    60

    4.2.2.8 Mapas de apuramento dos custos

    Quadro para a determinao do custo do produto (com a repartio dos custos das seces principais pelos produtos)

    Produto X Produto Y Produto Z Total Consumos de Matrias-primas X X X X Mo-de-Obra Directa X X X X Gastos Gerais de Fabrico

    Seco A X X X X Seco B X X X X

    Total Custos Produo X X X X EIPVF X X X X EFPVF (X) (X) (X) (X)

    CIPA X X X X EIPA X X X X EFPA (X) (X) (X) (X)

    CIPV X X X X

  • Contabilidade Analtica I

    61

    Exemplo: Companhia NOVA I

    Sobre a Companhia NOVA I sabem-se as seguintes informaes:

    Departamento N. Empregados

    Horas MOD

    Custos MOD (em euros)

    GGFs dos Departamentos (em

    euros) A 25 1 200 1 500 B 100 12 000 5 700 C 95 10 800 3 365 D 85 12 000 1 410 E 55 9 600 2 635 X 30 4 800 2 740 Y 90 7 200 5 200 4 940 Z 45 3 600 4 800 3 360

    Total 525 61 200 10 000 25 650

    O departamento A serve todos os outros, sendo a base de rateio o n. de empregados.

    O departamento B serve todos os outros, excepto o departamento A, sendo a base de rateio as horas de MOD.

    O departamento C serve somente os departamentos Y e Z, sendo a base de rateio os custos de MOD.

    O departamento D serve somente o departamento X. O departamento E serve os departamentos X, Y e Z de acordo com as propores 2;

    2; 1, respectivamente.

    PEDIDO: Elaborao de um mapa de trabalho com toda a distribuio dos gastos gerais de fabrico, segundo os dados do problema.

  • Contabilidade Analtica I

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    Resoluo:

    Seces Auxiliares: A; B; C; D e E. Seces Principais: X; Y e Z. N. Empregados: 525 Horas MOD: 61 200 Custos MOD: 10 000 GGF: 25 650

    Quadro de Repartio dos Custos pelas Seces:

    Seces Auxiliares Seces Principais A B C D E X Y Z Total Repartio Primria

    GGF 1 500 5 700 3 365 1 410 2 635 2 740 4 940 3 360 25 650

    Repartio Secundria

    Seco A (1 500) 300 285 255 165 90 270 135 0 Seco B --- (6000) 1 350 1 500 1 200 600 900 450 0 Seco C --- --- (5000) --- --- --- 2 600 2 400 0 Seco D --- --- --- (3 165) --- 3 165 --- --- 0 Seco E --- --- --- --- (4 000) 1 600 1 600 800 0

    Total Repartio Secundria

    (1 500) (5 700) (3 365) (1 410) (2 635) 5 455 5 370 3 785 0

    Total Custos

    0 0 0 0 0 8 195 10 310 7 145 25 650

    Seco A: 1 500 u.m N. Empregados

    Coef. Imp.: 1 500 = 3 500

    Assim temos,

    B: 100*3= 300 X: 30*3= 90 C: 95*3= 285 Y: 90*3= 270 D: 85*3= 255 Z: 45*3= 135 E: 55*3= 165

  • Contabilidade Analtica I

    63

    Seco B: 5 700 u.m + 300 u.m (Seco A) Horas MOD

    Coef. Imp.: 6 000 = 0,125 48 000

    Assim temos,

    C: 10 800*0,125= 1 350 X: 4 800*0,125= 600 D: 12 000*0,125= 1 500 Y: 7 200*0,125= 900 E: 9 600*0,125= 1 200 Z: 3 600*0,125= 450

    Seco C: 3 365 u.m + 285 u.m (Seco A) + 1 350 u.m (Seco B) Custos MOD

    Coef. Imp.: 5 000 = 0,5 10 000

    Assim temos,

    Y: 5 200*0,5= 2 600 Z: 4 800*0,5= 2 400

    Seco D: 1 410 u.m + 255 u.m (Seco A) + 1 500 (Seco B)

    Como serve somente o departamento X vamos imputar o total (3 165 u.m) a esse departamento.

    Seco E: 2 635 u.m + 165 u.m (Seco A) + 1 200 (Seco B) Propores 2; 2; 1

    Coef. Imp.: 4 000 = 800 2 + 2 + 1

    Assim temos,

    X: 2*800= 1 600 Y: 2*800= 1 600 Z: 1*800= 800

  • Contabilidade Analtica I

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    4.3 O Sistema de Custos ABC

    4.3.1 Justificao do modelo

    Os sistemas de Contabilidade de Custos tradicionais baseavam-se na repartio dos custos indirectos aos produtos, incidindo na mo-de-obra, pois esta era um dos factores chave da distribuio de custos. Com os progressos tecnolgicos, verificou-se o aparecimento de tecnologias e mtodos sofisticados de produo, o aumento da concorrncia e o acrscimo do nvel de exigncia dos clientes. Assim, a repartio dos custos baseados na mo-de-obra deixam de ter muito interesse, ao contrrio dos custos indirectos que passaram a ter um peso preponderante na estrutura de custos da maior parte das organizaes, aparecendo, assim, novos desafios Contabilidade Interna (Mart, 1999; Franco et al., 2005). Em meados da dcada de 80, Robert Kaplan e Robin Cooper desenvolveram o sistema de custeio baseado em actividades, vulgarmente conhecido por sistema ABC (Activity Based Costing), como um mtodo de custeio capaz de superar as limitaes dos sistemas de custeio tradicionais face evoluo econmica e tecnolgica, nomeadamente, a imputao arbitrria e imprecisa dos custos indirectos, resultante de distores nos critrios de imputao. A ideia bsica a de que so as actividades que consomem recursos (causando custos) e no os produtos (estes apenas consomem actividades, j que so uma consequncia das actividades estritamente necessrias para produzi-los e/ou so uma forma de atender a necessidades e expectativas de clientes).

    Origem do sistema ABC:

    O Activity Based Costing (ABC) foi criado, em 1985, por Keith Williams e Nick Vintila;

    Em 1987 includo no conceituado livro de Johnson e Kaplan - "A relevncia perdida: auge e cada da Contabilidade de Gesto"- Harvard Business School Press;

    A partir de 1987, Robin Cooper, com o seu famoso artigo "Does your company need a new cost system?", difundiu bastante o novo mtodo ABC.

  • Contabilidade Analtica I

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    Algumas das razes do surgimento deste sistema:

    Alteraes sofridas na estratgia comercial; Intensificao da concorrncia; Reduo do ciclo de vida dos produtos; Clientes mais exigentes; Alteraes nos objectivos empresariais; Alteraes das estruturas organizacionais das empresas; Modificaes nos processos de criao de valor das organizaes; Aumento significativo dos custos de estrutura; Necessidade de gerir o custo de todo o ciclo de vida do produto e no apenas o custo

    afecto funo de produo; Necessidade de conhecer quem consome os recursos; Necessidade de alterao da mentalidade: passar de reduzir custos para evitar

    custos;

    Aumento dos custos no relacionados directamente com as "estruturas no produtivas.

    Crticas ao sistema tradicional: Princpio fundamental: o produto o causador dos custos;

    Relao causal: volume de produo custos;

    Aparecimento de processos comple