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BRASKEM IDESA A lição do México que o Brasil não aprende INOVAÇÃO Crise hídrica inspira Aguawell e Waterbox SE JOGA NESSA LAVADORAS E PRODUTOS PARA ROUPAS SÃO UM CONVITE PARA O PLÁSTICO MERGULHAR DE CABEÇA 53 ANOS Outubro/2015 Nº 619

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Braskem Idesaa lição do méxicoque o Brasil não aprende

InovaçãoCrise hídrica inspiraaguawell e Waterbox

se joga nessa

Lavadoras e produtos para roupas são umConvIte para o pLástICo merguLhar de CaBeça

53ANOS

Outubro/2015

Nº 619

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Não falta competência para sair dessa. Falta é vontade.

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EDITORIALEDITORIAL

Deitados em berço esplêndido

Carlos Alberto Lopes, sócio da consultoria ChemVision, anda fazendo uma enquete informal entre as cabeças coroadas do setor químico/petroquímico nacional. Ela consta de uma pergunta: se o Brasil não tivesse polo algum, você

investiria hoje nessa indústria ? A resposta ouvida tem sido taxativa e unânime: NÃO.

Luis Stuhlberger tem o histórico de melhor performance de longo prazo no setor de fundos de investimentos. Seu fundo mais relevante, o Verde, dá retorno médio de 29% ao ano desde 1997 e, por força da regulamentação, tem de manter 80% dos ativos no Brasil. Stuhlberger declarou ao “New York Times” achar o país inviável do ponto de vista financeiro e sua crise deve piorar. Então, ele constituiu este ano o fundo Horizonte, sem limite para investimento no exterior e foi viajar.

Todo dia o noticiário traz constatações como as de Lopes e reações como a de Stuhlberger. Também sobram na mídia as reco-mendações para desatar o nó já vistas como clichês, de tão repetidas por quem tem mais de um neurônio: abertura do mercado, redução da máquina oficial e da intervenção estatal na economia, primazia à meritocracia no poder público, melhora do ambiente de negócios e por aí vai.

Qual é o problema de transpor à prática essas propostas? O exemplo vem de cima, responde o México. Como o Brasil, ele penou bom tempo com descalabros e pedaladas populistas, a ponto de suas contas roçarem a quebra. Desde 2014, em particular, um governo sem viseiras ideológicas e adepto da administração profissional tem obtido, devido aos números com a corda no pescoço, luz verde de todas as correntes partidárias para ativar a saída pelas reformas em curso em setores chave como o tributário, educação, telecom e energia. As mudanças, completadas pelo livre comércio e o fim do

fossilizado monopólio estatal do petróleo e hidrocarbonetos, sensibi-lizaram o capital global e daí a chuva de investimentos em indústrias mexicanas de manufatura, entre elas a automotiva e TI e, a tiracolo, a transformação de plástico ganha força.

Na petroquímica, o governo mexicano enaltece o complexo de eteno/polietileno via gás controlado pela brasileira Braskem e a mexicana Idesa como a prova dos nove de que as reformas estão compensando. Vale notar que, no México, a Braskem depara com uma conjuntura oposta até a medula à que vive no Brasil. Nossas altas taxas de importação e o número recorde de direitos antidumpings concedidos colidem contra a abertura mexicana, azeitada pelo livre mercado no Nafta e por dezenas de tratados comerciais. No Brasil, os custos trabalhistas são o que se sabe e, no México, o salário médio é inferior ao chinês. No Brasil, a Braskem tem na sócia Petrobras, sua fornecedora de nafta, um suplício constante para negociar matéria--prima aos soluços (aditivos pontuais ao contrato), enquanto o acordo da Braskem Idesa com a estatal Pemex vale por 20 anos e a custos inimagináveis por aqui.

A volta por cima do México demonstra ao Brasil que não lhe falta competência para atacar suas fraquezas. O que falta é vontade. Isso é efeito, basicamente, de duas forças. Uma delas é a aversão do poder público a mudanças, a ponto de inspirar a frase de que não existe alguém mais conservador que político brasileiro. O outro elemento da inércia é a intromissão do governo na iniciativa privada. Isso também acontece a pedido de empresários reverenciados como os potentados do ramo, sequiosos por privilégios e afagos de quem teve campanha eleitoral bancada por eles. Uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto.

Pois é, como diz o samba, a fonte secou. •

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Outubro/2015Nº 619 - Ano 53

DiretoresBeatriz de Mello Helman

Hélio Helman

REDAÇÃODiretor

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Direção de ArteSamuel Felix

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ADMINISTRAÇÃO

DiretoraBeatriz de Mello Helman

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PublicidadeAntônio Canela Barreto Sergio Antonio da Silva

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AssinaturasKeli Oyan

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As opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas

por Plásticos em Revista.

CTP e impressãoType Brasil

CapaSamuel Felix

Foto da CapaShutterstock

Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial -

Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90

Circulação: Dezembro / 2015

MEMBRO DA ANATECAssociação das Editoras de Publicações Técnicas

Dirigidas e Especializadas

SUMÁRIO06 Visor Stretch & Shrink

Momento delicado num dos maiores campos de flexíveis

10 Oportunidades Medicina

ColOff ® facilita exames clínicos

12 FFS MexicanaO investimento internacional de Alfredo Schmitt

14 Conjuntura BraSkeM ideSa

Os indicadores superlativos do complexo de PE em Veracruz

20 Fábrica Modelo BraSkeM ideSa

Os indicadores superlativos do complexo de PE em Veracruz

22 Sensor Maurício harger e FaBiana caStro

Mexichem Brasil e as perspectivas para tubos plásticos

38 3 Questões Flávio BarBoSa

A metamoforse da Videolar-Innova

39 Bate e VoltaUma pergunta para Walter Sanchez, da Chevron Phillips,e Gustavo Hirsch, da Käsper Brasil

40 Inovação As sacadas tiradas da crise hídrica pela Waterbox e Águawell

44 Sustentabilidade reciclageM

Paulo Francisco da Silva, da Neuplast, aponta os flancos vulneráveis do setor

46 Imagem PláStico

Por trás da crise hídrica e do desastre em Mariana

26 Especial

Correções - Na edição 618, a reportagem da seção Conjuntura (O gelo que não derrete), informou errado por três vezes o sobrenome de Marcelo Campos, executivo da Esmaltec. Na materia da seção Sensor (Não é por falta de aviso), o box sobre a embalagem do sabão líquido Ariel não informou que a tampa do frasco fornecida pela Logoplaste é produzida na China por parceiro local da empresa.

se joga nessa

Lavadoras e produtos para roupas são um ConvIte para o pLástICo

merguLhar de CaBeça

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Shrink/StretchvIsOR

Por suas virtudes e fragilidades, filmes shrink e stretch andam pelo fio da navalha com a economia no vermelho. Ponto a favor para diluir

essa rebordosa é a diversidade de merca-dos das duas películas. Em contrapartida, por se tratarem de flexíveis de baixo valor agregado e com superlotação de fornecedo-res, a combinação de demanda em recesso, inflação e resina precificada em dólar sob câmbio volátil e em alta põem à prova a solidez financeira dos transformadores desses dois redutos, em particular a ala de escalas menores. “Por enquanto, não vejo luz no fim do túnel”, pondera Alberto Lopes Moreira, diretor comercial da Goiaspack, controlada do Grupo embalo com foco em shrink e stretch. “No momento, a maioria das empresas está equilibrando receitas e despesas, na torcida para a recessão passar logo, mas o fôlego encurta a cada dia e muitas podem sair do mercado se essa situação continuar”.

Como era de se esperar, as indústrias finais com saúde no balanço passaram a

ser o grande foco dos fornecedores de shrink e stretch, percebe Moreira. “A dis-puta por esse tipo de cliente endureceu e leva o pedido a empresa de melhor preço, pois qualidade é obrigação para quem produz esses filmes”. Para engrossar o caldo, o porta-voz da Goiaspack enxerga os transformadores ofegantes sob os custos operacionais, a exemplo de água, energia e tributos, e pelos reajustes nos preços das matérias-primas de frequência intensificada este ano em virtude dos coices do dólar. Moreira ilustra o drama com seu negócio de stretch. “Pretendíamos crescer 20% nas vendas este ano, mas até a entrada de novembro aferimos queda de 10% em relação ao movimento de 2014”, ele compara. “A concorrência piorou, praticando preços muito próximos do custo de produ-ção, e os clientes passaram a fazer pedidos de volumes menores, pois suas vendas também baixaram”. A hipótese de os compradores buscarem barateamento no filme estirável à base de polietileno reciclado é descartada no plano geral pelo transfor-mador. “Mesmo com preço menor, o cliente tem consciência de que, em regra, o custo/benefício não compensa”. Do seu observa-tório na Goiaspack, Moreira constata que suas vendas nacionais de shrink e stretch têm sentido mais o pisão da crise no merca-do do Norte/Nordeste. “As demais regiões reagem de forma mais equilibrada”, nota.

Shrink, por sinal, é o filme de maior recuo em suas vendas este ano, atesta o diretor. “É um filme de uso pouco versátil”, justifica Moreira. “Desde que o preço seja mais ade-quado, o cliente pode optar por alternativas como as caixas de papelão”. Além do mais, insere, uma gama de indústrias usuárias de shrink busca preços menores sem atentar para o quesito da qualidade. Para fechar o tempo de vez, Moreira assinala que a crise também está ceifando a fundo o contingente de clientes de stretch e shrink. “A redução no quadro decorre da entrada de empresas em processo de recuperação judicial ou de inadimplentes que tentam honrar seus compromissos para continuar no mercado”.

A demanda no estaleiro não empaca os avanços no processsamento dos dois fil-mes, deixa patente Moreira. “Em stretch, a tradução de evolução é o aumento do rendimento por metro linear e, nesse sentido, as petroquímicas têm compareci-do com resinas de polietileno mais eficientes”. Na esfera de shrink, ele destaca a procura,

incrementada nos últimos dois anos, por mais velocidade e menos consumo energético nas tecnologias de túneis de encolhimento. “Na grande maioria dos casos, foram substituídos os equipamentos que antes operavam como envolvedoras para seladoras, uma mudança de resultados satisfatórios e permitindo ainda diminuir a gramatura do filme”.

Duro de escaparRecessão engessa transformadores

de shrink e stretch

Moreira: aumentaram os pedidos menores.

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Paul Reiter, diretor do Pa-cking Group, faixa preta em shrink e stretch, percebe estes dois redutos da transformação em idílio com a automação do processo. “Incluso o final da linha onde o stretch é aplicado e, por sinal, temos ótimas opções de envolvedoras automáticas, nacionais ou importadas”. Hoje em dia, comenta, as máquinas exigem muito do stretch, em termos de rendimento e rapidez da linha. “75% das nossas vendas são para paletização automática e o restante vai para aplicação manual do filme”. No compertimento das resinas, Reiter chama a atenção para novos grades de polietileno linear (PBDL) e de baixa densidade (PEBD) capazes de ampliar a resistência e rendi-mento do shrink e, para stretch, tipos de PE em linha com as exigências de redução de gramatura e aumento na rapidez do desbobinamento.

empresa a liderança nacional nesses dois segmentos. “Nos últimos três anos, o grupo in-vestiu na faixa de R$ 40 milhões em cinco coextrusoras e quatro flexográficas”, conta. Além da economia de escala, a empresa saca da manga diferenciais como um stretch de composição sigilosa, denominado Euronano,

com o chamariz de reduzir custos para fabricantes de bebidas. “Esse produto proporciona 400% de estiramento e é diri-gido a um nicho fora do alcance do stretch tradicional, ocupado por indústrias do peso da Ambev, Coca-Cola e Kirin, possuidoras de máquinas que podem exigir bastante do Euronano”, descreve o diretor. “A crise não abala a venda desse filme pois, no final das contas, ele gera redução no consumo, tal como o cliente quer”.

Mas o mar não está mesmo pra peixe e, nessa batida, Reiter elege materiais de

Reiter: clientes espremem os preços dos filmes.

stretch: crise afeta todos os flancos de aplicação do filme.

Na selfie atual, o Packing Group ostenta 120.000 t/a de capacidade total de flexíveis. Reiter não abre a parcela corres-pondente a shrink e stretch, mas afiança que fontes como a Braskem atribuem à sua

construção e bens de consumo de alto giro como os redutos mais abalroados pela secura da demanda. “No mercado interno, os clientes têm espremido ainda mais os fornecedores de shrink e stretch

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Shrink/StretchviSor

para baixar preço e passaram a comprar apenas a quantidade necessária, utilizando ao máximo possível o estoque”, ele expõe. “Para não perder volume, aumentamos as exportações com a ajuda do câmbio”.

Apesar da crise e superoferta, cor-rem na praça notícias de investimentos em filmes como shrink na Zona Franca de Manaus, a exemplo da fábrica da MM Indústria da Amazônia, controlada pelos irmãos Marcos e Marcelo Prando, donos da distribuidora paulistana replas. “Acompanhamos este movimento migra-tório de transformadoras mudando para Manaus e, por sinal, constituímos uma empresa para instalar uma fábrica ali em questão de seis meses, caso as condições

de custo de matéria-prima se alterem ou piorem”, revela Reiter. No momento, julga, esse movimento não vale a pena. “Em gteral, os transformadores iam para a Zona Franca para faturar para outra empresa de seus grupos e se creditarem do IPI, sem destacá-lo na nota fiscal”, observa Reiter. “Mas temos agora uma decisão do ministro Gilmar Mendes contrária a esta prática e transitada em julgado no supremo Tribunal Federal levando os transformadores que assim agiam a rever seus conceitos, sob a ameaça de multas pesadas”.

Pelo andar da carruagem, Reiter pressente a continuidade do drama para shrink e stretch no seriado do ano que vem. Entre as consequências, ele aposta no

aumento de casos de fusões e aquisições de competidores. “No passado, eram poucas as empresas oferecidas e hoje são muitas, embora o passivo fiscal seja um empe-cilho”, analisa. Outra pedra que ele canta para 2016: “são altas as possibilidades de grandes players do ramo entrarem em recuperação judicial, tal como ocorreu nos últimos dois anos. Alguns concorrentes estão atrasando o pagamento das resinas. Isso vira uma bola de neve”.

Marcos Aro, dirigente da GPack embalagens, endossa a visão de Paul Reiter e Alberto Moreira a respeito da crise pressionando indústrias consumidoras de shrink e stretch a mergulharem em tem-porada de caça aos preços mais baixos.

A coextrusora Polaris Plus 3-2100 é o carro-chefe da Carnevalli para stretch.” Como esse filme tem largura padrão de 500 mm, o modelo com 2.100 mm dessa medida pode fornecer quatro bobinas de 500 mm de largura”, justifica o diretor Wilson Carnevalli Filho. A empresa é referência nacional na extrusão tubular e, aos olhos do fabricante, transformador de stretch que procura esse tipo de equipamento em geral carece de demanda suficiente para rodar em maiores escalas, campo por excelência das coextrusoras de matriz plana, até hoje não montadas no país. “Devido ao alto custo de um modelo cast para stretch, a procura por máquinas blown deve crescer em 2016”, acredita Carnevalli. Além do preço menor, ele põe fé na receptividade a melhorias presentes em breve em seu portfólio, caso de aumentos de capacidade para linhas de cinco camadas dotadas de anel de ar diferenciado pela produtividade e controle, trunfos para a resis-tência mecânica do stretch gerado por máquina blown. “Outra novidade serão as coextrusoras de cinco camadas para stretch e, em especial shrink”, ele acena. “O número de camadas também enseja ganhos de produtividade e o uso de mesclas de materiais recentes e eficazes para contração do filme termoencolhível”.

No terreno de shrink, a pole das vendas da Carnevalli é partilhada por dois equipamentos da série Polaris Plus: a ex-trusora 100-2500 e a coextrusora 3-2500. O dirigente credita

CArnevAllI lAPIdA exTrusão de shrInK e sTreTCh

Polaris Plus 3-2500: Carnevalli aposta em aumento de vendas em 2016.

essa dianteira de ambas ao tripé da produtividade, economia de energia e o baixo custo operacional e de manutenção. Ambos os modelos foram este ano contemplados com aprimoramentos comuns a todo o mostruário da Carnevalli. “O principal avanço foi a readequação dos conjuntos extrusores”, distingue o porta--voz. “Passamos assim a extrair o máximo aproveitamento da relação de potência versus o diâmetro do conjunto, elevando então o índice anterior de 90% de rendimento à faixa de 98%”.

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“Elas tornam-se alvos de orcamentos mais baratos, atraentes e ilusórios, pois afinal acabam prejudicadas numa série de questões relativas à qualidade e volume de filmes recebido”, explica. “A realidade demonstra não existir custo baixo,mas a manipulação de alguns competidores para oferecem a ideia do preço menor”. Na contramão dos demais entrevistados, Aro vê o mercado aquecido e o consumo dos dois filmes sem interrupções. “A concorrência aumentou e incrementou a oferta de shrink e stretch em condições diferentes”, coloca. “Mas isso não sig-nifica condições que favoreçam quem compra, mas condições aparentemente vantajosas, criando no cliente a ilusão de uma economia em seus gastos. É o que enfrento hoje, quando contato um possível cliente para meus filmes”. • shrink: preço baliza assédio do mercado pela caixa de papelão.

Três perguntas para Marcelo Neves, engenheiro da área de apli-cação de polietilenos em flexíveis da Braskem.

Pr – Quais as principais mu-danças e melhorias recentes nas propriedades de suas resinas de Pe para shrink e stretch?

neves – Alinhada com infor-mações de mercado, evoluções tec-nológicas e ao crescente interesse

por shrink em substituição de outros materiais (papel cartão, papelão, p.ex), a Braskem lançou este ano mais dois grades de polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) metalocênicos: Proxess1806S3 e Proxess 2606. As soluções desenvolvidas com eles, além de viáveis economicamente, conferem aumento de produtividade na extrusão, adequado encolhimento ao filme e excelência na selagem, maquinabilidade, propriedades óticas e resistência mecânica. Além do mais, a empresa oferece um portfólio completo de PEBD e do tipo de alta densidade (família HD7600s) que permite ao transformador explorar de formas

distintas a rigidez, transparência e brilho do shrink. Já para stretch o destaque recente é o grade de PEBDL Flexus7200XP. Ele sobressai pelas propriedades óticas, resistência à punctura e força de retenção de carga, além de reduzir número de paradas para limpeza da extrusora.

Pr – Como vê o consumo de Pe para shrink e stretch este ano?

neves – Em linha com a dinâmica do segmento de bebi-das, principalmente refrigerantes, água e cerveja, o mercado de PE para o filme termoencolhível deve fechar este ano próximo à estabilidade ou com pequena retração perante 2014, o que representa uma base de comparação elevada devido à Copa do Mundo. Já o consumo de PE para stretch deve acompanhar o desempenho da produção industrial.

Pr – Como avalia as atuais participações dos sistemas de paletização automática e manual no mercado brasileiro de stretch?

neves – O emprego de stretch manual no Brasil ainda é muito elevado, mas com o aumento do custo da mão de obra e da exigência de performance dos filmes, a adesão à paletização automática crescerá de forma mais acentuada nos próximos anos.

Pe: o GuArdA CosTAs dA ProduTIvIdAde

Neves: mão-de-obra cara favorece paletização automática.

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OpOrtunidades

Após cinco anos de ascensão no mercado médico hospitalar, ColOff® revestimento de po-lietileno para assento sanitário

para coleta de fezes e urina, recebe nova injeção de combustível em pleno voo. Além de encorpar sua industrialização, mediante apoio recebido pela plataforma Braskem labs, devido a seus méritos como inovação em plástico, este saco de resina de alta densidade (PEAD) produ-zido por extrusão blown ganha em breve sua versão verde, devido à sua produção com PEAD derivado de eteno gerado de etanol da cana de açúcar.

“Em 2010, vendemos 200 kg ou 20.000 unidades e hoje o movimento anual giram em torno de 1 tonelada ou 125.000 produtos”, calcula Eliezer Machado Dias, CEO da Coloff Industrial, empresa cujo controle ele reparte em partes iguais com Ana Carolina Yoshi-matsu Fagundes. “Para os próximos seis meses, prevemos vender 10 toneladas”, ele adianta. Para tanto, o revestimento conta com os préstimos de rede nacional de representantes e distribuidores nos canais de varejo de fármacos, hospitalar e laboratorial. “Um kit completo de coleta, cxontendo o revestimento, um coletor e uma pipeta é vendido em farmácias e dro-garias com preço máximo ao consumidor (PMC) de R$ 4,99”, assinala o dirigente.

ColOff® provém da junção de duas palavras em inglês, collection off, cuja tradução seria coleta livre – de contaminação, sujeira, desconforto etc. O revestimento foi uma sacada de Ana Carolina. Com câncer colorretal, sua mãe precisava fazer exame de fezes e inexistia na praça um dispositivo para auxiliar a coleta. Ana então criou o revestimento recortando uma das faces de sacos este-rilizados comprados em lojas de artigos cirúrgicos. “O produto criou um mercado alternativo em seu setor, tornando irre-levantes concorrentes como frascos ou potinhos de coleta”, sustenta Dias. “Na realidade, o potinho não coleta; apenas transporta a amostragem ao laboratório de análises, enquanto ColOff® difere por proporcionar ao paciente comodi-dade, higiene e segurança na coleta, ao

realizá-la em regra sentado no vaso, em posição fisiológica. Além do mais, o produto estéril confere ao exame maior margem de precisão no diagnóstico”.

Integrante do Grupo Zaraplast e um ás em sacolas de supermercado e copos descartáveis, a transformadora paulistana Altaplast foi selecionada por Dias e Ana Carolina para produzir os sacos monocamada desse revesti-mento de assento sanitário. “A ColOff Industrial compra o produto em bobinas do transformador e assume as demais etapas, como separação e embalamento, até a comercialização”, resume Dias. “Nossa meta é ofertar ColOff® a todos os organismos de saúde pública e privada do país”. •

ColOff ® torna obsoletos frascos e potes para exames clínicos

Uma coleta bem mais seletiva

COLOff

Ana Carolina Yoshimatsu fagundes e Dias: vendas crescentes nos canais de varejo, hospitalar e laboratorial.

ColOff ®: conforto, higiene e segurança para o paciente.

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Com partida programada para a segunda metade de dezembro, a Braskem Idesa também determina os preparativos para a estreia da

vizinha FFs Mexicana. Sua unidade é a fornecedora de sacaria lisa para o complexo de polietileno (PE) erguido no estado de Veracruz, na boca do Golfo. Além da ex-clusividade nesse suprimento, a indústria sobressai por ser o primeiro investimento da transformação brasileira atraído pelo maior empreendimento em petroquímica da história do México. Nessa batida, a FFS Mexicana apressa o passo para dar início à sua operação em janeiro próximo, exibindo capacidade instalada de 600 t/mês de sacos de PE de alta e baixa densidade (PEAD/PEBD), informa Alfredo Schmitt, sócio da nova transformadora. Com essa investida no exterior, ele complementa, de certa forma, a atividade da FFS no Brasil, cuja planta no Rio Grande do Sul produz sacaria lisa para a Braskem e diversas petroquímicas.

Há cerca de três anos, ao confirmar a implantação do complexo em Veracruz, Schmitt propôs à cúpula da Braskem Méxi-co investir na construção de uma unidade para atender à demanda por sacaria para resina a ser produzida ali. “Ao mesmo tempo queríamos estar mais perto do mercado norte-americano”, sublinha o executivo, acrescentando que, embora as petroquími-cas e distribuidoras no Nafta operem quase que absolutamente pelo modal ferroviário, existem muitos operadores logísticos que ensacam produto nos Estados Unidos. “São potenciais clientes da FFS Mexicana”, en-xerga Schmitt. Segundo ele, foram 18 meses de negociações até ficar clara a maioria dos aspectos que envolve uma operação dessa magnitude para um transformador brasileiro. Schmitt esclarece que a FFS México é re-sultado de uma associação entre ele próprio e um investidor do México, da qual não participam os demais sócios da companhia

brasileira e suas subsidiárias comerciais no Chile e Estados Unidos.

Embora não abra nomes, Schmitt sustenta que, sem a participação do sócio local, o projeto da FFS Mexicana patinaria por falta de conhecimento necessário para a sua concretização. “Para atuar em outro país, com outra cultura, um período longo de aprendizado é requerido, tempo que cai drasticamente com um aliado local”, frisa. Também sem dar muitos detalhes, o empre-sário repassa que a planta entra em operação inicialmente com três coextrusoras blown importadas, com destaque para seu grau de automação no trabalho com sacos de PEAD/PEBD com três camadas. Sem precisar a fatia que a demanda da Braskem Idesa deverá mobilizar da produção da FFS Mexi-cana, Schmitt informa que a transformadora acalenta forte participação nos mercados da região. “A demanda mexicana de sacaria lisa não é suprida por fornecedores norte--americanos. Existem mais concorrentes locais, mas estamos levando conceitos inovadores de produção e competitividade que farão a diferença”, assinala .

Com relação aos custos de produção no México, Schmitt alega que eles se legiti-marão apenas quando sua planta entrar em escala industrial regular. Estudos indicam que os custos de mão de obra são inferiores e os de energia mostram-se de leve superiores aos do Brasil, repassa o dirigente. Por ca-racterísticas próprias de mercado, completa ele, os preços da resina no México são mais em conta que os praticados no mercado interno dos Estados Unidos. Sem desfrutar de incentivos fiscais, informa o dirigente, a FFS Mexicana mobilizou uma alavancagem de porte não revelada. Em termos de carga tributária total, inclusas despesas com mão de obra, Schmitt estima custos cerca de 15% menores que no Brasil. Ou seja, coloca, se fosse investir em uma unidade similar, mas brasileira, o aporte seria cerca de 15% maior.

“Os tempos de burocracia são menores no México, mas existem e é um dos fatores culturais que já citei em favor da joint venture. Tudo seria, portanto, mais difícil não tendo sócios por lá”, reitera Schmitt. •

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Alfredo Schmitt é o primeiro transformador brasileiro atraído ao México pela Braskem Idesa

potenciais clientes da FFS Mexicana”, en-xerga Schmitt. Segundo ele, foram 18 meses de negociações até ficar clara a maioria dos aspectos que envolve uma operação dessa magnitude para um transformador brasilei-ro. Schmitt esclarece que a FFS México é resultado de uma associação entre ele pró-prio e um investidor do México, da qual não participam os demais sócios da companhia brasileira e suas subsidiárias comerciais no Chile e Estados Unidos.

Embora não abra nomes, Schmitt sustenta que, sem a participação do sócio local, o projeto da FFS Mexicana patinaria por falta de conhecimento necessário para a sua concretização. “Para atuar em outro país, com outra cultura, um período longo de aprendizado é requerido, tempo que cai drasticamente com um aliado local”, frisa. Também sem dar muitos detalhes, o empresário repassa que a planta entra em operação inicialmente com três coextrusoras blown importadas, com destaque para seu

Com partida programada para a segunda metade de dezembro, a Braskem Idesa também determina os preparativos para a estreia da

vizinha FFs Mexicana. Sua unidade é a fornecedora de sacaria lisa para o complexo de polietileno (PE) erguido no estado de Veracruz, na boca do Golfo. Além da ex-clusividade nesse suprimento, a indústria sobressai por ser o primeiro investimento da transformação brasileira atraído pelo maior empreendimento em petroquímica da história do México. Nessa batida, a FFS Mexicana apressa o passo para dar início à sua operação em janeiro próximo, exibindo capacidade instalada de 600 t/mês de sacos de PE de alta e baixa densidade (PEAD/PEBD), informa Alfredo Schmitt, sócio da nova transformadora. Com essa investida no exterior, ele complementa, de certa forma, a atividade da FFS no Brasil, cuja planta no Rio Grande do Sul produz sacaria lisa para a Braskem e diversas petroquímicas.

Há cerca de três anos, ao confirmar a implantação do complexo em Veracruz, Schmitt propôs à cúpula da Braskem Méxi-co investir na construção de uma unidade para atender à demanda por sacaria para resina a ser produzida ali. “Ao mesmo tempo queríamos estar mais perto do mercado norte-americano”, sublinha o executivo, acrescentando que, embora as petroquími-cas e distribuidoras no Nafta operem quase que absolutamente pelo modal ferroviário, existem muitos operadores logísticos que ensacam produto nos Estados Unidos. “São

grau de automação no trabalho com sacos de PEAD/PEBD com três camadas. Sem precisar a fatia que a demanda da Braskem Idesa deverá mobilizar da produção da FFS Mexicana, Schmitt informa que a transfor-madora acalenta forte participação nos mer-cados da região. “A demanda mexicana de sacaria lisa não é suprida por fornecedores norte-americanos. Existem mais concorren-tes locais, mas estamos levando conceitos inovadores de produção e competitividade que farão a diferença”, assinala .

Com relação aos custos de produção no México, Schmitt alega que eles se legiti-marão apenas quando sua planta entrar em escala industrial regular. Estudos indicam que os custos de mão de obra são inferiores e os de energia mostram-se de leve superiores aos do Brasil, repassa o dirigente. Por ca-racterísticas próprias de mercado, completa ele, os preços da resina no México são mais em conta que os praticados no mercado interno dos Estados Unidos. Sem desfrutar de incentivos fiscais, informa o dirigente, a FFS Mexicana mobilizou uma alavancagem de porte não revelada. Em termos de carga tributária total, inclusas despesas com mão de obra, Schmitt estima custos cerca de 15% menores que no Brasil. Ou seja, coloca, se fosse investir em uma unidade similar, mas brasileira, o aporte seria cerca de 15% maior. “Os tempos de burocracia são menores no México, mas existem e é um dos fatores culturais que já citei em favor da joint venture. Tudo seria, portanto, mais difícil não tendo sócios por lá”, reitera Schmitt. •

sombrero de PEffs MExICANA

schmitt: sócio mexicano para assimilar cultura local.

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OpOrtunidades

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Após cinco anos de ascensão no mercado médico hospitalar, ColOff® revestimento de po-lietileno para assento sanitário

para coleta de fezes e urina, recebe nova injeção de combustível em pleno voo. Além de encorpar sua industrialização, mediante apoio recebido pela plataforma Braskem labs, devido a seus méritos como inovação em plástico, este saco de resina de alta densidade (PEAD) produ-zido por extrusão blown ganha em breve sua versão verde, devido à sua produção com PEAD derivado de eteno gerado de etanol da cana de açúcar.

“Em 2010, vendemos 200 kg ou 20.000 unidades e hoje o movimento anual giram em torno de 1 tonelada ou 125.000 produtos”, calcula Eliezer Machado Dias, CEO da Coloff Industrial, empresa cujo controle ele reparte em partes iguais com Ana Carolina Yoshi-matsu Fagundes. “Para os próximos seis meses, prevemos vender 10 toneladas”, ele adianta. Para tanto, o revestimento conta com os préstimos de rede nacional de representantes e distribuidores nos canais de varejo de fármacos, hospitalar e laboratorial. “Um kit completo de coleta, cxontendo o revestimento, um coletor e uma pipeta é vendido em farmácias e dro-garias com preço máximo ao consumidor (PMC) de R$ 4,99”, assinala o dirigente.

ColOff® provém da junção de duas palavras em inglês, collection off, cuja tradução seria coleta livre – de contaminação, sujeira, desconforto etc. O revestimento foi uma sacada de Ana Carolina. Com câncer colorretal, sua mãe precisava fazer exame de fezes e inexistia na praça um dispositivo para auxiliar a coleta. Ana então criou o revestimento recortando uma das faces de sacos este-rilizados comprados em lojas de artigos cirúrgicos. “O produto criou um mercado

alternativo em seu setor, tornando irre-levantes concorrentes como frascos ou potinhos de coleta”, sustenta Dias. “Na realidade, o potinho não coleta; apenas transporta a amostragem ao laboratório de análises, enquanto ColOff® difere por proporcionar ao paciente comodi-dade, higiene e segurança na coleta, ao realizá-la em regra sentado no vaso, em posição fisiológica. Além do mais, o produto estéril confere ao exame maior margem de precisão no diagnóstico”.

Integrante do Grupo Zaraplast e um ás em sacolas de supermercado e copos descartáveis, a transformadora paulistana Altaplast foi selecionada por Dias e Ana Carolina para produzir os sacos monocamada desse revesti-mento de assento sanitário. “A ColOff Industrial compra o produto em bobinas do transformador e assume as demais etapas, como separação e embalamento, até a comercialização”, resume Dias. “Nossa meta é ofertar ColOff® a todos os organismos de saúde pública e privada do país”. •

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conjunturaBRAskEM IDEsA

Linha do tempo: Lula lança em 2006 a pedra fundamental de uma obra em Itaboraí estimada em US$ 6,5 bi, o Complexo Petroquímico do

rio de Janeiro (Comperj). Em 2008, ele inaugura ali a terraplenagem e, em 2010, volta para a assinatura dos contratos da construção. Desde então, todos os cro-nogramas furaram, o orçamento mais que dobrou, as rotas petroquímicas mudaram várias vezes, o projeto encolheu para duas refinarias e seu controle, antes partilhado com capital privado, virou 100% estatal e ganha na Mega quem souber se e quando o Comperj vai partir.

Corte para o México. Em 2008, o governo abre leilão para investimento em eteno/polietileno (PE), acenando com etano contratado por 20 anos. Em 2009, Braskem

e a mexicana Idesa são apontadas ganhado-ras. Em 2010, são escolhidos os licenciado-res das tecnologias do cracker e da resina. 2011 é consumido na engenharia de deta-lhamento. 2012 é dedicado à terraplenagem e acerto do financiamento total de US$ 5,2 bi por sete bancos principais e 10 secundários. Ao final de 2015, conforme previsto, estreia em Nanchital, estado de Veracruz, na boca do Golfo do México, o maior investimento da história da petroquímica do país. Com capacidade para gerar 1.05 milhão de t/a de eteno, o complexo Braskem Idesa vai produzir 350.000 t/a de polietileno de baixa densidade (PEBD) e, em duas plantas, respectivamente, de 400.000 e 300.000 t/a do tipo de alta densidade (PEAD). Na reta-guarda, desponta o suprimento de 66.000 barris diários de etano a cargo de crackers da

petrolífera estatal Pemex nas proximidades. O status do empreendimento transcen-

de láureas tipo o maior investimento indus-trial greenfield (da estaca zero) já feito pela Braskem ou por uma empresa brasileira no exterior. Afinal, na alçada da petroquímica, a Braskem Idesa pinta como a jóia da coroa da reforma do setor energético mexicano (ver à página 18), um divisor de águas ativado em 2014.Também é o primeiro complexo a entrar em funcionamento entre diversos similares em construção no bloco Nafta e cujo surgimento, entre 2016 e 2018, vai in-char muito a oferta de PE sob uma economia mundial com testosterona em banho maria.

Carlos Fadigas, presidente da Braskem, não perde o prumo com a pedra cantada da disputa a ferro e fogo. Seu ás na manga chama-se matéria-prima. Assegura-

Braskem Idesa desfruta no México as condições ideais para um investimento em petroquímica

Uma carapuça para o Brasil vestir

Complexo em veracruz: maior investimento na história da petroquímica mexicana.

O jornalista Hélio Helman viajou ao México a convite da Braskem.

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do por contrato de 20 anos de fornecimento fechado com a Pemex, o gás abundante no Golfo do México tem preço de referência no combustível norte-americano, cuja cotação

resulta do cruzamento do preço do gás vindo de plataformas marítimas com o egresso das jazidas de xisto. “A Braskem Idesa dispõe de etano precificado base Mount Belvieu a US$ 136,38/t, incluso desconto do fornecedor, praxe no setor em transações dessa enver-gadura”, expõe Fadigas, calcado no cenário de novembro de 2015. Contraste: no Brasil, ele escancara, a Braskem tem de pagar bufando US$ 431,75/t pela nafta base Ara à sua fornecedora e sócia Petrobras, em meio ao desgaste de querelas e aditivos aplicados em gotas aos contratos de venda da materia--prima, na contramão da praxe no ramo dos contratos de suprimento a longo prazo. Aliada ao desgoverno e da economia em noite sem fim, essa insegurança nas regras do jogo tem esvaziado, reconhece Fadigas, a competitividade da petroquímica brasileira e seu charme para seduzir investimentos.

“O México é outro mundo, não é para

se trabalhar com a cabeça no modo Brasil”, constata Cleantho Leite, diretor de relações institucionais, novos negócios e comuni-cação externa da Braskem Idesa. Fadigas assina embaixo dessa percepção ao descre-ver os energizantes ao dispor do complexo em Nanchital. De cara, ele aponta, o México presidido por Enrique Peña Nieto transpira capitalismo e vende saúde – o PIB deste ano deve saltar 2,5% e o do ano que vem, turbinado por reformas como a energética e trabalhista, tem previsão de pular 3,5%.Além do mais, intercede Fadigas, trata-se de uma economia de livre comércio com mais de 40 países, membro de primeira hora da encaminhada Parceria Transpacífico (TPP), sócio do bloco Nafta e tão identificado com a realidade regional a ponto de analistas mexicanos enxergarem o país bem mais como um mercado norte-americano do que latino-americano.

fadigas: suprimento prolongado de matéria-prima a preço impensável no Brasil.

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conjunturaBraskem Idesa

Fadigas põe a lupa sobre PE. “O consumo mexicano chega a 2,1 milhões de t/a,das quais 67% importadas e subs-tituir parte delas é a proposta da Braskem Idesa”. Roberto Bischoff, diretor geral do com-plexo veracruzano, encaixa que, com cracker de 1.2 milhão de t/a de eteno e duas veteranas plantas somando 600.000 t/a do polímero, a Pemex embolsa 34% do mercado de PE no país. “Além de baixar o déficit no comércio exterior da resina, vamos incrementar a arrecada-ção de impostos e gerar riqueza e emprego”. Fadigas fecha o cordão de anabolizantes para a Braskem Idesa malhar com as oportunidades surgidas com o fim do monopólio da Pemex e com as vantagens da localização. O com-plexo possui uma mega plataforma logística, gerida pela operadora Katoen natie, e fica perto de duas refinarias da estatal – Pajaritos e Cangrejera –, de uma balsa ferroviária para o vizinho mercado norte-americano e de um porto de químicos e outro de carga, ambos rentes ao Golfo. “O escoamento da produção

é facilitado, seja pelo lado do Atlântico ou do Pacífico”, nota o presidente da Braskem.

Outra bala no tambor do negócio será transposta do DNA da Braskem. “Deveremos distinguir a Braskem Idesa pelo atendimento”, confia Fadigas. A seu ver, as petroquímicas dos EUA em regra se voltam apenas para grandes clientes mexicanos de PE num relacionamento algo distanciado. “Vamos introduzir no México o estilo de um con-vívio de perto e individualizado com os transformadores”. Fa-digas mantém a expectativa de retorno entre oito e 10 anos do capital aportado e prevê que, com a partida do complexo em Nanchital, 51% da receita da Braskem virão de fora do Brasil.

Esse percentual, ele dá a entrever, tende a aumentar se vingar o investimento hoje em estudo da sexta planta de PP da Braskem nos EUA, à sombra da abundância em flor de propeno e da insuficiente produção local do polímero.

Em paralelo à largada da operação me-xicana, a Braskem erige em Laporte,Texas,

sua fábrica de polietileno de ultra alto peso molecular (PEADUAPM). Fadigas decepa a lógica de produzir o material no complexo de PE na boca do Golfo. “Não só 40% do mer-cado mundial de PEUAPM estão nos EUA como contamos no site de PP em Laporte com a infra necessária para receber eteno dos crackers texanos”. O dirigente também detona a possibilidade de a Braskem Idesa efetuar venda casada de seus grades de PEBD com a resina linear (PEBDL) de terceiros, caso da própria Pemex.

A ausência de PEBDL do mix do novo complexo é justificada por Cleantho Leite com a esperada avalanche dessa resina no Nafta, por obra das plantas com partida agendada entre 2016 e 2018 nos EUA, na garupa do acessível eteno gerado pela rota do gás de xisto. Conforme ele adianta, a intenção é rodar a Braskem Idesa com 90% de sua capacidade em 2016, destinando 60% da produção ao mercado interno e 40% a exportações. Nesse ponto, ele destaca como trunfo, além do mercado aberto, o fato de os clientes norte-americanos de PP da Braskem também consumirem em torno de quatro milhões de t/a de PE. O Brasil, ele situa, fica como nota de rodapé no mapa dessas exportações. “Mandaremos resinas apenas em circunstâncias pontuais como preencher a lacuna aberta com a parada de plantas locais ou em caso de carência de determinados grades”.

Na calculadora de Leite, o México deve fechar dezembro com saldo acumula-do de 1,6 milhão de toneladas importadas de PE. A Braskem Idesa, insere o diretor, já responde pelo grosso desse volume. “Em três anos de pré-marketing da nossa pro-dução, nos tornamos o maior importador local da resina”. O material foi trazido de plantas internacionais licenciadas com as mesmas tecnologias em campo em Nanchital: Ineos-Innovene S para PEAD e, para PEBD, o processo tubular Lupotech T, Plantas de PEAD: maior parcela da capacidade do complexo.

Bischoff: corte fundo nas importações mexicanas de PE.

Leite: 350 transformadores na mira das vendas diretas.

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Unidade de PEBD: tecnologia tubular da LyondellBasell.

Fadigas sublinha que a Idesa nada tem de sócio ausente do negócio, pois participa diretamente de sua gestão.

Fadigas, Bischoff e Leite sublinham que a Braskem Idesa não compete com os polietilenos produzidos por sua fonte de etano, a Pemex. O objetivo é aumentar a autonomia mexicana no polímero, de-monstrando por extensão a serventia da reforma do setor energético iniciada em 2014 pelo governo Peña Nieto, através

da qual a Pemex tem agora sua via de crescimento calcada numa administração empresarial e em alianças com a iniciativa privada. Nessa linha de raciocínio, a limi-tada capacidade da operação de eteno/PE da estatal acende a ideia de uma junção de forças, em prol dos ganhos em escala e rentabilidade, com a sua cliente Braskem Idesa. “É uma hipótese a considerar”, deixa no ar Juan Marcelo Parizot Murillo, diretor de comercialização da Pemex.

da lyondellBasell. Num rasante pela de-manda, Leite arredonda em 500 indústrias o universo de transformadores mexicanos de PE e a Braskem venderá diretamente para 350 deles. “O varejo deve mobilizar perto de 15% do total das nossas vendas internas”, ele demarca. Para marcar de perto esse reduto de transformadores de menor porte, abre o diretor, foi armada uma rede com cinco distribuidores au-torizados: Polymax, don ramis-syrus, Mafra-osterman, Insumos Internaciona-les e solquim-M.holland. Leite conta ter convidado distribuidores do Brasil para atuar no México, mas não houve interesse. Por ora, o único transformador brasileiro atraído pela Braskem Idesa é Alfredo Schmitt, que investiu em unidade vizinha ao complexo para muní-lo de sacaria lisa (ver à página 12).

Acionista minoritário (25%) do complexo veracruzano, o grupo mexicano Idesa, com nome feito no setor químico, não teve sua distribuidora integrada ao time de agentes da Braskem-Idesa. “Seu foco está fora da comercialização de termoplás-ticos”, justifica Leite. A propósito, Carlos

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conjuntura

“Em 2014, o déficit na produção de polietileno(PE) repre-sentou 67% da demanda mexicana total e se espera

uma queda considerável desse índice com a entrada da Braskem Idesa”, atesta Pedro Joaquín Coldwell, secretário de energia do México. Além da melhora na balança comercial do polímero e da geração de riqueza e emprego, o complexo de eteno/PE em Veracruz tem um peso institucional singular para o governo do presidente En-rique Peña Nieto. Ele condensa e irradia o espírito e a prática da torrente de reformas que estão mudando a cara do país mediante seu embarque na economia de mercado.

O ponto de partida dessa metamorfose aflorou em 2014, nas vestes da reforma do setor de energia, uma pá de cal no septu-agenário monopólio da estatal Pemex.” No passado, ela tinha de dar conta de tudo e sozinha”, explica Coldwell. “Se não conse-guisse, ninguém mais poderia fazê-lo”. No primeiro trimestre de 2013, por exemplo, o preço médio da tarifa mexicana de eletri-cidade superava em 73% o praticado nos EUA, compara o dirigente. “Se computado o subsídio da nossa tarifa, ela ainda era 25% mais cara que a norte-americana no mesmo período”. Premido pela falta de competiti-vidade e de recursos públicos, o governo partiu para estruturar a reforma através de ajustes constitucionais, dispositivos legais e no aparato regulatório. No âmbito dos hidrocarbonetos, palco da Braskem Idesa, o Secretário explica ter sido decidido atrair

tecnologias de ponta, aumentar a produ-ção nacional desses insumos e facilitar a exploração em águas profundas e fontes não convencionais. “A partir da reforma energética”, ele acentua, “qualquer empresa poderá pleitear permissão do governo para as atividades de tratamento e refino do petróleo; processamento do gás natural e transporte, estocagem, distribuição e remes-sa de gasolina, diesel e GLP”.

N a r a i a da eletricidade, foi acordada a criação de um mercado dispu-tado em pé de igualdade por empresas esta-tais e privadas, a concessão de estímulos a energias limpas e apoio em favor da competência para se ofertar eletricidade a preços competitivos. Por essas e outras, intercede Coldwell, de novembro de 2014 a novembro de 2015 a tarifa de energia elétrica industrial já caiu de 25% a 35%, enquanto a comercial despencou de 9,6% a 22%. Na categoria residencial, ele completa, a tarifa para moradias de alto consumo recuou 9,6% e, nas de baixo dispêndio, a queda aferida foi de 2%. De certa forma atrelada à eletricidade, outra guinada empreendida pela reforma energética é o plano de apor-tar US$ 14 bi para ampliar em 84% (mais 10.000 km), até 2018, a rede mexicana de

transporte de gás natural trazido dos EUA. Para o período 2015-2019, segue Coldwell, está programada a materialização do progra-ma de desenvolvimento do setor elétrico. Trata-se da expansão da rede por projetos de transmissão, um acréscimo de quase 25.000 km estimado em US$ 13,4 bi, ele calcula.

Alejandro Martínez, diretor geral da Pemex-Transformação Industrial, sintetiza

assim a metamorfose de sua empresa pro-vocada pela reforma energética. “Trata-se da transição de um monopólio estatal para uma empresa produtiva, passando de ad-ministradora de ativos a administradora de negócios”. O antigo foco nos volumes, ob-serva, foi substituído pelo viés econômico. Na mesma trilha, os preços administrados (fixados pelo governo) para produtos de gás natural e petróleo cedem lugar aos preços determinados pelo mercado. A tiracolo dessa nova cultura corporativa, diversas ações de peso começam a aflorar. Por exemplo, aponta Martínez, a partir de 2016 serão abertas as importações de propano

México floresce com governo de gestão empresarial

No rumo certoBRAskEM IDEsA/MéxICO

Coldwell: aumento da rede e barateamento da energia.

Martinez: mercado aberto para produtos de petróleo e gás.

Beatriz Leycegui: reformas inflarão PIB em três anos.

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e butano e qualquer marca de gasolina poderá ser vendida nos postos do país. No período 2016/2017, assinala o diretor geral, os preços de butano e propano serão regulados pelo mercado, tal como os preços da gasolina a partir de 2018. Em questão de dois anos, serão franqueadas as impor-tações mexicanas de gasolina e diesel e, de 2018 em diante, qualquer companhia poderá processar óleo e gás no país.

Martínez arredonda em US$ 49 bi o mercado mexicano de produtos de óleo e gás, a exemplo de gasolina, diesel, asfalto, GLP e petroquímicos, cuja participação nes-te montante ele orça em US$ 1.76 bi. Na foto do momento, expõe, o México acusa déficit no consumo de vários derivados de alto valor agregado. É o caso do índice de 48% aferido este ano nas importações de gasoli-na; de 38% nas de petroquímicos e de 27% nas de gás natural. Escorada nos trunfos de sua infraestrutura em produção e logística (seis refinarias, nove centros processadores de gás e dois crackers petroquímicos), a Pemex agora acena para o capital privado como o caminho para sua competitividade e crescimento a cavaleiro de um mercado com viés de alta. “Para o próximo quinquênio,

esperamos um crescimento à média de 3% anuais na demanda de produtos de petróleo e gás natural”, projeta Martínez.

A reforma energética, enxerga o diri-gente, estabelece pelo menos três frentes para a Pemex içar as velas. “Queremos capturar as oportunidades mais rentáveis mediante associações com terceiros, melhorar a liquidez da empresa com de-sinvestimentos (monetização) e contratar

serviços para as operações vistas como secundárias”. Com esse balizamento, ele amarra, a Pemex pretende se firmar como parceiro confiável e atraente para a iniciativa privada. “Buscamos sócios potenciais para atividades fora do nosso negócio principal, contemplando-as com qualidade e custo melhor numa relação ganha ganha de longo prazo”, delimita Martínez.

O PIB do México, estimado em US$ 1,283 tri, deve crescer 2,3% este ano e 2,8% no próximo, situa Beatriz Leycegui, dirigente da consultoria SAI e ex Subsecretária de Comércio Exterior. Uma vez completadas as reformas energética, educacional, traba-lhista, financeira e nas telecomunicações, ela antevê salto de 4,92% no PIB mexicano de 2018. Na retaguarda dessas expectativas,

Beatriz distingue o magnetismo exercido sobre investidores por ímãs como a estabi-lidade econômica e os salários mexicanos. “Este ano eles estão 9% abaixo da China”, ela compara, assinalando o efetivo atual de 52 milhões de pessoas no mercado de trabalho. Além do bilhete sorteado em logística que é a vizinhança com os EUA, o poderio da sedução mexicana é alimen-tado pela extensa rede de tratados de livre comércio, credenciais globais a exemplo de oitavo produtor de veículos e, no âmbito das exportações, o país é o nº1 em TVs de tela plana e nº3 em embarques de produtos de TI, cita a analista, arrematando com o custo local de energia. “Entre 2004 e 2014, os custos de gás natural caíram entre 25% a 37% no bloco Nafta e subiram 98% no resto do mundo”. •

Cracker da Braskem Idesa: suprimento de etano em linha com a reforma energética.

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fábrica modelo

Plataforma logística: 1.300 vagões ferroviários adquiridos.

Os superlativos estão em casa no complexo petroquímico da Braskem Idesa. Erguido ao longo de quatro anos em Nanchital, no

estado mexicano de Veracruz, o empreen-dimento brotou de um consórcio liderado pela odebrecht engenharia & Construção Internacional e completado pela mexicana Ica Fluor e a italiana Tecnip. Sua implanta-ção e operação demandaram contratos de financiamento orçados em US$ 3,2 bi e uma engenharia burilada com conhecimentos colhidos no Brasil, EUA, Itália, França, Ín-dia, Colômbia e México. Concluída sem os atrasos tão corriqueiros nos cronogramas da construção pesada brasileira, a obra é enaltecida pelos porta-vozes da Braskem Idesa como o estado da arte no gênero, seja em termos de concepção ou de tecnologia.

E não há exagero ou parcialidade nis-so. As referências da magnitude do com-plexo na boca do Golfo do México envol-

vem, por exemplo, o emprego de 132.800 m³ de cimento, 4.900 km de cabos elétricos, 29.700 toneladas de estruturas metálicas, 40,3 km de tubulação subterrânea e 24.300 toneladas totalizam o peso da rede de dutos da planta. No pico dos trabalhos, acentua o diretor do projeto Paulo Levita, a obra contratou 17.055 pessoas.

A área total do complexo ocupa 880.000 m2, destacando-se o cracker para 1,05 milhão de t/a de eteno e as plantas do polímero de alta (PEAD) e baixa (PEBD) densidade totalizando esta mesma capacidade. Em área de 20 hectares funciona a plataforma logística apta a armazenar 90 toneladas e munida de 23 km de ferrovias. Conta com es-paço para estacionar 450 vagões ferroviários adqui-

ridos. Cleantho Leite, diretor da Braskem Ide-sa, comenta, a propósito, que o fornecimento ao setor transfor-mador mexicano hoje é repartido por igual entre

entregas de resina a granel e em sacaria, em contraste com a preferência norte--americana pelo sistema de transporte por trem. Como também planeja exportar 40% da produção inicial, primordialmente para a América do Norte, a Braskem Idesa adquiriu 1.300 vagões ferroviários.

Outros pontos altos do complexo alinham a sala de controle operacional centralizado, a infra de assistência labora-torial, a torre de resfriamento, com 83 km2/ h de capacidade de água circulante, o flare a 120 m de altura e a planta de geração de energia com potencial da ordem de 540 t/h de vapor d’água. Além da área total de 190 hectares, a empresa comprou 30 para uma reserva ecológica. •

Braskem Idesa sobe no pedestal da Engenharia Industrial

Esse complexo dá complexoBRAskEM IDEsA

Levita: 17.055 funcionários no pico da obra.

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sensorMexicheM

As concessões de infraestrutura não engatam e a indústria e comércio fecham a mão para investir. Esta síntese justifica a

paralisia generalizada na economia, mas o setor da construção marca por fragilidade singular. Afinal, devido ao capital intensivo e resultados a prazos maiores, ele é sempre um dos primeiros derrubados pela crise e dos últimos a sair dela. No flanco imobi-liário, um sintoma da anemia é a queda de 51,4% em lançamentos no primeiro semestre, dimensiona o estudo “Monitor da Construção Civil”, das consultorias Criactive e Tendências. Pelo lado das grandes obras, fala por si o vermelho das contas públicas e a consequente seca de verbas para programas tipo “Minha Casa, Minha Vida” tentarem arrefecer o déficit nacional da ordem de 5,8 milhões de do-micílios. No meio dessa barafunda, lateja o maior mercado mundial para PVC: tubos e conexões. Nº1 do setor na América Latina e agressivo vice-líder no país, a Mexichem Brasil trata de revidar à demanda no acos-tamento disparando ações nas esferas do ponto de venda (PDV), apoio ao crédito e,

em especial, em desenvolvimentos sob a marca Amanco transpostos para cá da tec-nologia internacional do grupo mexicano, revelam nesta entrevista Maurício Harger, presidente da Mexichem Brasil e Fabiana Castro, gerente de Produtos e Inovação.

Pr – Quais as principais mudanças notadas nos hábitos de compra do con-sumidor formiga de tubos e conexões de PvC em decorrência do poder aquisitivo enfraquecido, crédito restrito e piora do custo de vida?

harger – O que está acontecendo é que a renda das famílias foi deteriorada

pela inflação, juros e desemprego. Isso gera falta de confiança para assumir um compromisso de prazo um pouco maior, como uma obra ou reforma. Em decorrên-cia, o mercado de construção está sentindo neste segundo semestre uma forte retração.

Pr – Amanco é marca de alcance nacional, sinônimo de tecnologia e qua-lidade. diante de um consumidor formiga tornado pela recessão mais sensível ao fator preço, quais as ações tomadas pela Mexichem Brasil para não perder vendas para marcas regionais, mais baratas e de pior padrão?

harger – São perfis totalmente di-ferentes, pois o consumidor da Amanco

Mexichem Brasil reage com criatividade à retração na construção civil

Cartão vermelho para a mesmice

Harger: políticas públicas para construção ganhariam com PPP e privatização.

Caixa d’água: sopro coex destoa da praxe da rotomoldagem.

Mídia: campanhas fortalecem a marca Amanco.

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MExICHEMsENsOR

entra na loja em busca da segurança e da confiabilidade assegurada por uma marca reconhecida, que não trará problemas em sua obra. Queremos manter a marca Amanco em evidência na mídia e fazemos isso por meio de ações de marketing bem--humoradas, que valorizam o profissional de instalação hidráulica e os benefícios da utilização de produtos inovadores.

Pr – Pode dar exemplos? harger – Implementamos este ano um

novo conceito de embalagens e materiais de PDV com o objetivo de facilitar o enten-dimento e a busca dos nossos produtos, além de ressaltar seus principais benefícios

e atributos. Também desen-volvemos ferramentas de mer-chandising, com informações técnicas de fácil compreensão, e disponibilizamos materiais que auxiliam na exposição dos produtos, aumentando o seu destaque dentro da loja, para que o consumidor final possa ser estimulado a tomar a decisão de compra correta.

Aliado a isso, há nove anos a Amanco mantém parceria com o senai voltada à capacitação profissional de instaladores hidráulicos. Neste período,

cerca de 74.000 participantes foram certificados em 234 ci-dades. Também seguimos com o CredConstrução Amanco, cartão idealizado para aumentar a aquisição de materiais de construção por famílias de baixa renda. Lançado em 2008, ele já ajudou cerca de 3.376 lojistas a vender mais e facilitou a vida de um universo aproximado de 646.829 clientes.

Pr – na Mexichem Brasil, como a recessão inspira e influi no desenvolvi-mento este ano de melhorias e inovações em tubos/conexões prediais e em tubos/conexões de infraestrutura?

Fabiana Castro – É na crise que muitas oportunidades surgem. A partir do conceito de inovação voltada para facilitar o dia a dia dos consumidores, promovemos este ano lançamentos nos segmentos de infraestrutura e predial. Chegaram ao mercado as caixas d’água de boca aberta e fechada, produzidas por sopro através de tecnologia inédita na América Latina. Entre seus diferenciais estão a tripla ca-mada: a externa tem alta resistência aos raios solares e agentes antioxidantes; a intermediária evita a passagem de luz, minimizando a proliferação de bactérias; já a camada interna é branca, provendo assim visibilidade para limpeza e con-servação da água. Também introduzimos este ano os tubos de grande diâmetro que complementaram a linha Novafort; e o Amanco QuickStream, voltado para captação de águas fluviais. No segmento de infraestrutura, a Amanco conta com a linha Biax. Os tubos em PVC-O (biorien-tados) são destinados à distribuição das redes públicas. Outro destaque recente é a linha Amanco Flextemp, para instalação de sistemas de distribuição de água quente e fria. Seus tubos são maleáveis e possuem

fabiana Castro: crise inspira inovações para o mercado imobiliário e de infraestrutura.

TuBos: BATTenFeld-CInCInnATTI TeM PAsse lIvre nA MexICheM

“Não apenas no Brasil, mas em todas as fabricas do grupo na Amé-rica do Sul, a maioria das extrusoras de tubos da Mexichem são modelos da battenfeld-cincinatti como a linha twinEX e o equipamento de dupla ros-ca cônica conEX, para tubos corruga-dos”, sustenta Cássio Luis Saltori, diretor geral do escritório brasileiro da grife austríaca de máquinas.

Entre os avanços em alta na esfera dos tubos prediais, Saltori distingue recursos passíveis de gerar ganhos de produtividade com economia de energia e sobrepeso mínimos. Na alçada das tubulações para infraestrutura, o diretor se aferra às suas extrusoras com capacidade para gerar tubos de até 2.500 mm de diâmetro, destacando a junção de forças do sistema de cabeçote VSI-T com a tecnologia de refrigeração interna – do tubo e da massa fundida dentro do cabeçote. “O resultado é a diminuição do número de banheiras para refrigeração, garantindo uniformidade da parede do tubo com lay out menor e mais produtividade com mínimo sobrepeso possível”, ele completa. Na mesma batida, Saltori chama a atenção para as credenciais da extrusora solEX munida do novo sistema Fast Dimension Change (FDC) para produzir tubos de polietileno de até 800 mm de diâmetro. “A máquina viabiliza o fornecimento de tubos de vários diâmetros mediante apenas um ajuste no painel eletrônico, evitando as longas paradas para troca de ferramental e, por extensão, o alto índice de refugo na partida do equipamento. Com o FDC, a perda não passa de dois a três metros de tubo”.

solEx: sistema evita longas paradas para trocar ferramental.

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engate rápido, tipo “click”, dispensando ferramentas na instalação.

Pr – Com o custo de capital altíssi-mo, as restrições ao financiamento imobi-liário, a parada nas obras de infraestrutura e o corte nos recursos para programas como o Minha Casa, Minha vida, as previsões sobre a trajetória do setor de tubos e conexões de plásticos estão sendo refeitas para baixo. Qual a realidade para o mercado predial daqui para a frente?

harger – Os patamares de mercado já mudaram e todos têm que se ajustar a este novo cenário. No meu entender, o mercado para 2016 será mais previsível e isso permite que as empresas façam seus planejamentos com maior assertividade.

Pr – e qual a perspectiva para tubos de infraestrutura?

harger – O mercado irá buscar cada vez mais produtividade e praticidade. Temos desenvolvido produtos nesta linha, inclusive mais sustentáveis. Temos alguns exemplos a destacar, como a caixa d’água soprada, que gera zero resíduo sólido e não libera monóxido de carbono; os tubos da linha Biax, substitutos do ferro fundido, e as opções Novafort Grandes Diâmetros para drenagem e esgoto. Estes dois últimos produtos ainda têm as vantagens de agi-lizar o desenvolvimento da obra e reduzir seu custo.

Pr – Até segunda ordem, qual passa a ser a sua estimativa da taxa média de crescimento anual do setor brasileiro de tubos e conexões de plásticos?

harger – A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) é a fonte indicada para res-ponder. Ela tem divulgado queda de 7% para 2015.

Pr – Quais suas sugestões de mu-danças e aprimoramentos e retificações no modelo de políticas públicas para o setor de construção civil de modo a es-truturar seu crescimento em bases mais sólidas e estáveis?

harger – A me-lhor prática seria a privatização ou as PPP’s (Parcer ias Público-Privadas). Ambas geram um modelo de ciclo vir-tuoso para econo-mia, já que muitas das oportunidades são motivadas pela própria falta de caixa por parte do governo de realizá-las. Um exemplo é a infra-estrutura de esgoto.Hoje em dia, ela não caminha por vários motivos. Entre eles, a falta de sanção para a população que não se conecta na rede e gera ociosidade no sistema. A falta da ligação dessas mo-

radias faz com que os investimentos em esgotamento sanitário acabem não tendo a eficácia planejada, pois as estações de tratamento não recebem o volume de esgotos para os quais foram construídas e não há o completo retorno financeiro do investimento feito. O incremento estimado de receitas potenciais que voltariam ao setor de saneamento, permitindo que novas redes fossem construídas e mais pessoas atendidas, está entre R$ 890,7 milhões (cenário conservador) e R$ 1,5 bilhões por ano (cenário se todas as novas ligações pagassem a tarifa do esgoto). Se criarmos um ciclo virtuoso para o fluxo de caixa das obras, seja por meio da aplicação de multas ou por PPPs, pode-remos viabilizar muitas obras que trarão desenvolvimento ao país.•

Quickstream: foco na captação de águas fluviais.

Biax: evolução em tubos para saneamento básico.

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Passado o foguetório nas vendas, atiçado pela redução do IPI em 2009 e entre 2011 e 2013, o fa-turamento de eletrodomésticos

da linha branca deve cair de R$ 14,4 bi em 2014 para R$ 12,9 bi este ano e, nos primeiros oito meses de 2015, a retração rondava a marca de 10%, afere a empresa de pesquisas GFK. Entre os produtos a caminhar por estas brasas, lavadoras de roupas sobressaem como o segundo item em participação (precisão de 29% este ano) na receita do setor de linha branca. A recessão estupra mas não mata o horizonte para as lavadoras no Brasil. Afinal, a última edição da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad 2014), compilada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGe), aponta a máquina de lavar roupa à frente dos objetos da linha branca desejados pelas famílias, pois ainda longe (58,7%) do grau de pene-tração de fogões (98,8%) e geladeiras (97,6%) nos lares nacionais.

Esse status das lavadoras é atribu-ído à atuação da mulher no mercado de trabalho, com menos tempo e disposição para os afazeres domésticos. “Como elas buscam opções para facilitar sua dupla jornada, uma lavadora torna-se essencial

no dia a dia da casa”, endossa Marcelo Emrich Soares, diretor industrial da mineira suggar, ponto cardeal dos ele-trodomésticos da linha branca no país. A morosidade na penetração das lavadoras nos lares pode estar associada ao com-

prometimento da renda da população com alimentos e moradia, ele conjetura. “Mas esse quadro tem se alterado de forma lenta e gradual em prol das lavadoras, melhorando a percepção sobre elas nas necessidades diárias”.

Mulher no mercado de trabalho torna lavadora um bem essencial

A bola está com ela

LINHA BRANCA

Mercado: crise leva consumidor aos modelos mais simples de lavadora.

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ESPECIAL

A GFK rastreou, de janeiro a agosto último, recuo de 11% em volume e 8% em valor nas vendas do segmento de máquinas de lavar e secar roupa. Entre as mudanças nos hábitos de compras trazidas pela crise a esse mercado, a consultoria flagrou em seu levantamento uma inclinação do público por modelos mais simples. Na mesma batida, Soares percebe um aumento nas vendas de la-vadoras semi-automáticas (tanquinhos). “O produto apresenta excelente custo/benefício em relação às lavadoras auto-máticas”, considera o diretor. “Além do preço ser fator determinante, os modelos semi automáticos têm ótima durabilidade, qualidade e eficiência aliadas à economia de água e energia”. Para Soares, são equipamentos menos vulneráveis à crise, dado seu preço bem abaixo das lavadoras automáticas. “De janeiro a agosto último, as vendas da categoria semi automática cresceram cerca de 3% em relação ao mesmo período em 2014”.

As lavadoras semi automáticas, forte da Suggar, são substituídas em média a cada três anos, situa Soares. “Consi-dera-se que, ao longo deste período, os produtos agregam novas tecnologias e facilidades”, ele assinala. A propósito, uma comparação com suas lavadoras semi

automáticas de 10 anos atrás contempla os modelos atuais da Suggar com os di-ferenciais da nota A no Inmetro e do selo Procel, avais técnicos da economia de água e eletricidade. No momento, o mos-truário da marca mineira abriga máquinas semi automáticas, não eletrônicas e com capacidades para lavar de quatro a 12 kg. “Dispõem de recursos como dispenser de amaciante e sabão, filtro cata fiapos, batedor gigante, sistema de drenagem e a função de reaproveitar água”, encaixa o di-retor industrial. Para reagir ao consumo de freio puxado, a Suggar se mexe em várias frentes. “Estamos exportando alguns mo-delos de lavadoras para mercados como

os demais países do Mercosul”, ilustra Soares, na garupa do câmbio amigável às vendas externas. “Além disso, atuamos com força no market place de parceiros, promovemos campanhas de incentivo para lojistas e investimos em anúncios cooperados, entre outras ações”.

Na esfera dos componentes de plástico, a Suggar se distingue no ramo pela vocação para transformadora. “Con-tamos com um parque de 30 injetoras, desde modelos de menor porte a linhas de 1.300 toneladas”, expõe o diretor. Peças grandes, a exemplo da cuba e do gabinete da lavadora, têm a terceirização de sua produção inviabilizada pelo custo de transporte, argumenta Soares. “Neste semestre, devido ao alto pico de vendas,

designamos a fabricação de determinadas peças a alguns transformadores e, por sinal, temos um parceiro que no assegura flexibilidade, agilidade e qualidade na injeção”, ele completa, sem abrir o nome do aliado.

Soares calcula em 65% o quinhão do plástico no peso médio de suas lava-doras semi automáticas. “Exceto o motor, todas as peças de nossas lavadoras foram substituídas por plásticos de engenharia como poliacetal e polióxido de fenileno”, exemplifica Soares. “A carcaça do mo-tor é de alumínio, mas já corre estudo para substituí-lo por resinas nobres”. A propósito, ele grifa, entre as principais

modificações recentes no portfólio das la-vadoras Suggar desponta o uso crescente de materiais mais resistentes, capazes de contribuir para o aumento de capacidade de lavagem. “Seu emprego resultou nos lançamentos de modelos de 10 e 12 kg”. Na mesma batida, Soares afirma utilizar nas peças estruturais “resinas que propor-cionam dureza superior e alto brilho, sem comprometer a resistência ao impacto”, descreve. Por seu turno, distingue, a transparência das tampas das lavadoras é mérito de polipropileno (PP) acrescido de pigmento clarificante, em sintonia com um consumidor cada vez mais atento ao vi-sual. Ainda na esfera dos componentes de PP, ele ressalta as especificações de maior resistência à tração e ao cisalhamento.

soares: 38 injetoras para produzir peças de lavadoras.

suggar: estudo para trocar metal por plástico na carcaça do motor.

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LInhA BrAnCA

“As lavadoras semi automáticas passaram a ter alta capacidade, requerendo muito mais resistência mecânica do polímero”, justifica. Por fim, Soares coloca para as peças de PP um quesito destacado por ele como não cobrado ao setor no passado: a resistência ao calor e à propagação da chama. “Trata-se do cumprimento das normas de segurança IEC 60335-1 e 60335-2-7”, identifica.

Focada 100% em lavadoras automá-ticas, a cearense esmaltec, farol da linha branca no Brasil, atribui ao plástico peso médio de 23 kg em suas máquinas. “A participação do material no equipamento se aproxima de 72%”, situa o gerente de marketing Marcelo Campos Alencar Pinto. “Admitimos a possibilidade de, a longo

prazo, desenvolver um conjunto mecânico totalmente de plástico para as lavadoras”,

Campos: conciliação entre eletrônica embarcada e resinas com antichama.

roMI: InJeção de AZul nos CusTos dA lInhA BrAnCA.

Reis: economia de resina

No mapa das vendas da romi, nº1 em injetoras no país, o carro--chefe para peças da linha branca é a série de máquinas EM, aponta William dos Reis, diretor da unidade de ne-gócios de máquinas para plásticos. “São máquinas contempladas com a classificação 9+ da norma Euromap 60.1 para eficiência energética e destacam-se ainda pela velocidade

e simultaneidade de movimentos, mérito da tecnologia ‘Stop and Go’”, atribui o executivo. Perante as injetoras hidráulicas convencionais, coteja Reis, as linhas EN acenam com a pos-

sibilidade de aumento de até 20% na produtividade e até 65% na poupança de eletricidade. “Em trabalho com um modelo EM, chegamos a baixar em 2,5% o consumo de resina num case realizado com uma peça de lavadora”, atesta Reis. Ao longo deste ano, observa, o mix dessa série de máquinas passou a abranger modelo de 80 a 1.100 toneladas. “As injetoras de 600, 900 e 1.100 toneladas operam com dois sistemas de servo bombas, chave para o incremento da simultaneidade de movimentos entre a plastificação e a unidade de fechamento, reduzindo assim o ciclo em até 25% e aumentando o torque e a velocidade nessa categoria de equipamentos mais pesados”, complementa o diretor, encaixando a disponibilidade de ver-sões multicor e multicomponente de injetoras EN.

EN: redução do ciclo de injeção.

ele deixa no ar. Tão cedo, pelo visto, o me-tal não se desvencilha do papel de material coadjuvante nas máquinas da Esmaltec. “O design de nossas lavadoras possui formas orgânicas, um efeito estético sem a mesma qualidade se transposto para a alternativa metálica”, analisa Campos. Ainda no plano do visual, conta, a Esmaltec tem recorrido nos últimos anos aos préstimos de PP “para melhorar o brilho de componentes sem prejuízo da resistência mecânica”.No embalo, o gerente encaixa ter lançado este ano modelos de lavadoras nos quais a empresa trabalhou detidamente as cores dos plásticos, “acompanhando a nova identidade da nossa marca”, explica. Em paralelo, atenta o executivo, o emprego do plástico joga a favor da eletrônica

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ESPECIAL

Esmaltec: chamariz das cores em peças plásticas.

embarcada nas lavadoras. “Podemos mol-dar diferentes formas e recorrer a aditivos antichama para cumprir as normas de segurança na parte elétrica”. A eletrônica, aliás, sobressai entre os recursos de ponta das lavadoras da Esmaltec, a exemplo de sete programas automáticos de lavagem e duplo enxágue. Outros chamarizes acenados alinham dispensers automáticos para alvejante, sabão em pó e amaciante, centrifugação de alta rotação, lavagem por turbilhonamento vertical em duas direções e classificação A em economia energética.

Campos atribui a penetração mode-rada da lavadora junto à população ao fato de não ser vista como bem essencial,caso de fogão e geladeira. “Com o passar do tempo, devido à nova configuração dos lares, a mulher acumula o trabalho fora com as funções de dona de casa, a lavadora ganhou importância, por facilitar tarefas domésticas”, ele interpreta. Não lhe passa em branco o contraste entre a penetração em câmara lenta das lavadoras e o cresci-mento a galope das vendas de sabão para roupas, fato capitalizado pelo marketing da Esmaltec em ações conjuntas. “Realizamos o cross merchandising com resultados muito positivos na divulgação das mar-cas da lavadora e do sabão líquido e em

pó”,nota Campos. Em média, prossegue, é de 10 anos a vida útil das lavadoras de roupa no país. “Os fatores para ensejar a troca do produto têm sido sua capacidade, economia de água e energia e novos recur-sos apresentados”, estabelece.

Não tem cabimento, ele assinala, enfiar no mesmo saco das análises as lavadoras semi e 100% automáticas. “Os modelos semi são outra categoria de produto, cuja principal característica é não centrifugar a roupa e seu público-alvo deseja pagar mais barato por um equi-pamento, sem se importar em torcer as roupas”, descreve Campos. Num relance pelos estragos da recessão no balanço do

primeiro semestre, ele reconhece queda nas vendas de lavadoras automáticas perante o mesmo período em 2014, “mas em escala inferior ao declínio visto em outras categorias da linha branca, em razão da menor penetração desse eletrodoméstico nos lares”, argumenta. Em revide à crise, conta, a Esmaltec tem disparado uma metralhadora giratória de iniciativas. “Investimos na demonstração, exposição e divulgação das características da lavadora no ponto de venda, além da formação de equipes de promotoras, treinamento dos vendedores das lojas e oferta de brindes ao consumidor final”. Tomara que dê certo.

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Até o fechamento desta edição, a Associação Brasileira de produtos de limpeza e Afins (Abi-

pla) não havia liberado seus dados sobre o mercado no ano passado e recusou entrevista sobre a conjuntura atual. Apesar dessas lacunas, os indicadores antes divulgados pela entidade deixam claro,em boa parte, o impacto da recessão na categoria dos produtos de lavanderia. Exemplo: estímulos como a finada redu-ção do IPI para a linha branca, em vigor em 2009 e de 2011 a 2013, calibraram o crescimento de 7,4% em volume e 16% na receita de detergentes em pó e líquidos de dois anos atrás. E o consumo per capita desses produtos, então fixado em apenas 5 kg, permanece visto como sinal da opulência ainda por ser desvirginada nesse mercado. Em contraste, a troca do umbigo no tanque pela comodidade da lavadora pesou no recuo presenciado nas vendas de sabões em barra em 2012 (-8,8%) e 2013 (-9,3%). Já os amaciantes fecharam no balanço da Abipla de dois anos atrás na vice-liderança dos produtos de limpeza em faturamento. Indicadores para onde o vento sopra hoje para os chamados artigos de lavanderia são vislumbrados nesta entrevista de Diego Vi-riato, gerente de marketing da Audax, motor turbo dos produtos de limpeza do Brasil.

Pr- levantamentos do setor de linha branca constatam que a presença de lava-doras de roupa nos lares brasileiros não passa da faixa de 55% (em 2002, era 43%).

Por quais motivos essa penetra-ção transcorre com morosidade?

viriato – Devido ao poder aquisitivo e renda dos consu-midores de classes mais baixas.

Pr – em contraste com a penetração comedida das lavadoras nos lares brasileiros, produtos de lavanderia como

amaciantes e lava roupas compõem uma das categorias de artigos de limpeza de maior intensidade de crescimento. Como isso se explica?

viriato – Quando lançados, os lava--roupas líquidos tiveram um boom em virtude do alto investimento em mídia para a introdução desse segmento de artigos de limpeza. E por ser um produto prático e eficaz entrou na lista de compra dos consumidores, como estão os amaciantes há mais tempo.

Pr – Por quais motivos os sabões em pó dominam com folga o mercado brasileiro de lava roupas? e porque os tipos líquidos não acusam crescimento de consumo mais forte?

viriato – Em virtude de uma questão cultural, pois o sabão em pó está há muito tempo no dia a dia dos consumidores. Porém, acredito que a substituição pelo lava roupas líiquido continuará sendo feita de forma gradativa e frequente.

Pr – Quais as principais mudanças notadas nos hábitos de compra dos ama-ciantes e limpa roupas em decorrência da crise e da perda do poder aquisitivo?

viriato – O ticket médio vem caindo

devido à busca de novas marcas pelos con-sumidores, o que gera uma concorrência ainda mais forte nas gôndolas. Em relação às embalagens, a tendência é a busca por frascos menores e mais práticos.

Pr – no ano passado, qual era , em média, a participação da embalagem nos custos dos seus produtos de lavanderia? e qual é a estimativa para este ano?

viriato – Em 2014 significava cerca de 32%. Atualmente, gira em torno de 40%.

Pr – Quais os diferenciais e novi-dades introduzidos este ano em suas embalagens de produtos de lavanderia?

viriato – Nossa linha de lavanderia possui embalagens modernas e maior apelo no rótulo de atributos dos produtos. O cui-dado com a qualidade sempre foi parte in-tegrante de nossos itens, cujas embalagens são desenvolvidas com plástico virgem.

Pr – Quais as principais ações to-madas este ano pela Audax para manter ou ampliar a participação de mercado dos seus produtos de lavanderia numa conjun-tura de consumo final retraído?

viriato – Foram desenvolvidas ações de trade como tablóide, exposição di-ferenciada e abordagem, além de ações comerciais tipo “leve 3 pague 2” em redes parceiras.

Como os produtos que passam a roupa a limpo absorvem a crise

O pulo do gato LINHA BRANCA/AUDAx

viriato: queda no ticket médio e preferência por frascos menores.

Lava roupas e amaciantes Audax: ofensiva de ações para reagir à crise.

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“O setor de embalagens para produtos de limpeza, em especial artigos básicos como amaciantes, é um

dos menos atingidos pela crise”, cons-tata Newton Zanetti, diretor da Pavan Zanetti, pêndulo nacional em sopradoras de pré-formas e por extrusão contínua. Ainda assim, nota, muitos transforma-dores da área queixam-se da ociosidade em suas linhas.

Para assediar este reduto, o diretor reparte seus chamarizes em duas frentes. Na ala das sopradoras por extrusão con-tínua, ele destaca dois modelos da série Bimatic: BMT 10.0D/H e BMT 5.6D/H. Este último, ele distingue, dispõe a partir deste ano de uma versão híbrida munida de elementos elétricos para acionar movimentos dos carros porta moldes sobre guias lineares, reduzindo o atrito e a potência consumida nessa etapa do processo. “Substituem os tradicionais acionamentos hidráulicos e influem na melhoria da produtividade, repetitibi-lidade e economia energética, além de reduzirem problemas de vazamento de óleo. Newton Zanetti também comparece em frascos de produtos de lavanderia com suas automatizadas e acessíveis sopradoras de pré-formas Petmatic 3c/2l em três versões: a dos sistemas

4.000, 5.000 e 7.000. “A série Petmatic caminha aos poucos para tornar-se 100% elétrica, deslocando assim os acionamentos pneumáticos de movimentos e obtendo assim maior redução do ciclo, precisão e economia de ar comprimido de baixa pressão, proporcionado por tabela diminuição da energia dispendida nos sistemas periféricos de apoio, caso dos compressores de ar”.

Fernando Morais,diretor da Mul-tipack Plast, fecha com Newton Zanetti em sua visão da resistência à recessão demonstrada pela indústria de frascos para produtos de limpeza. “Foi afeta-da, mas menos que outros setores da economia”, julga. “Com o aumento da renda no passado re-cente, alguns artigos antes ausentes nos lares brasileiros en-traram nas listas de compras. O desafio agora é saber se esse hábito de consumo será mant ido em face do desemprego

crescente”. Enquanto isso não se define, a Multipack Plas corteja transformadores do ramo para suas sopradoras hidráulicas Autoblow 600 D e 1000 D e as linhas elétricas Ecoblow 600 D e 1000D. “São as mais indicadas para pro-dutos de lavanderia devido à maior quantidade possível de

cavidades no gênero”, justifica Morais. Na mesma batida, ele repisa as conve-niências da economia energética e do grau de automação de suas máquinas elétricas, também ilustrado pela possi-bilidade de agregar testador de furos no manipulador da sopradora.

William dos Reis, diretor da unidade

As sopradoras que arrasam nas embalagens para produtos de lavanderia

Com elas não pinta sujeira

LINHA BRANCA/sOPRADORAs

Zanetti: soluções para economizar energia.

BMT 5.6D/H: movimentos acionados com elementos elétricos.

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ESPECIAL

bens duráveis. É um sinal de alento, ele deixa claro, para a oferta da sopradora por extrusão contínua Romi C5TS. “Com perfil de parison de até 512 pontos e capacidade de sopro de até 10 litros, ela

Romi C 5Ts: perfil de parison de até 512 pontosEcoblow: destaque para a quantidade de cavidades.

de negócios de máquinas para plásticos da romi, atribui os efeitos da crise menos danosos sobre itens básicos de consumo, como os produtos de lavan-deria, a seu valor agregado inferior ao de

viabiliza a produção, com economia de energia, de frascos duplos de até cinco litros com alça, mérito da alta força de fechamento e da área de molde maior”, ele atribui.

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Avanços em turbilhão

As resinas que dão uma lavada

LINHA BRANCA/BRAskEM

sabão em pó: pista livre para PEBDL base metaloceno.

Polietilenos (PE) mandam no pedaço das embalagens rígidas e flexíveis para os chamados produtos de lavanderia, um re-

duto no qual prevalecem frascos opacos e onde a alternativa transparente de PET até o momento não conseguiu desvencilhar--se do plano secundário. Na entrevista a seguir, o poderio da poliolefina para embalar formulações como as de ama-ciantes, detergentes líquidos e sabões em pó e em barra é dissecado por Marcelo Neves, gerente de engenharia de apli-cação para PE em flexíveis da Braskem.

Pr – Quais as resinas de Pe in-tegrantes da estrutura de embalagem flexível mais utilizada no Brasil para acondicionar sabões em pó de lavar roupa?

neves – No Brasil, polietileno de bai-xa densidade linear (PEBDL) é o principal componente dos flexíveis laminados, a estrutura mais utilizada para acondicionar sabões em pó. Esses filmes podem ser unicamente de PEBDL ou agregar ainda os tipos de baixa (PEBD) e alta densidade (PEAD) para agregar propriedades como barreira, acabamento, maquinabilidade e rigidez. Como tratam-se de filmes para os quais se requer alta performance de sol-dabilidade, os grades metalocênicos de

PEBDL são os mais indicados para a embala-gem de sabão em pó.

P r – Como reparte as participações do saco extru-dado e da caixa

de papelão no mercado de sabão em pó? neves – Segundo dados da consul-

toria datamark, em 2010 o mercado de sabão em pó para roupas respondia por 97% do mercado total, cabendo apenas 3% ao sabão líquido. O mesmo estudo mostra que as embalagens flexíveis, com tamanhos de 0,5 a 5 kg, representavam 34% do mercado, enquanto embalagens de cartão de 0,5 e 1 kg detinham parti-cipação de 66%. Nossa projeção para esse mercado é de crescimento da fatia do sabão líquido, reduto onde as emba-lagens rígidas predominam. Até 2017 essa parcela deverá estar entre 6 e 8%. No caso do sabão em pó, as embalagens cartonadas perderão espaço com o cres-cimento das flexíveis e nossa expectativa é de, em dois anos, essa participação alcançar entre 37 e 39%.

Pr – Quais os avanços nos seus

grades de Pe para sacos de sabão em pó de lavar roupa?

neves – A Braskem lançou recente-mente os grades lineares metalocênicos da família Proxess. Entre eles, o tipo Proxess 1806S3 prima por excelente soldabilidade e balanço de propriedades mecânicas e ópticas. Seu diferencial está relacionado à facilidade de processamen-to com a real possibilidade de redução de consumo de energia, mérito da baixa viscosidade em estado fundido.

Neves: ascensão do sabão líquido.

Pr – Apesar do contínuo declínio no consumo (-10,3% apenas entre 2008 e 2012), sabões em barra ainda estão presentes no segmento de lavagem de roupa. Qual a resina utilizada em sua embalagem ?

neves – Sabão em barra é embalado

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ESPECIALESPECIAL

LINHA BRANCA/BRAskEM

PP sAI BeM nA FoTo

em filmes termoencolhíveis (shrink), usuários em regra de blends de PE em ex-trusão monocamada. Mas há quem lance

PEAD: produção facilitada de frasco com alça.

mão de estrutura coextrusada, mantendo PE como solução. Em geral, esses filmes são ricos em PEBD e blendados com PE-

Única produtora de polipropileno (PP) no país, a Braskem não tem um número sobre o consumo preciso do polímero na linha branca. Mas, a título de referência, trabalha com a estimativa de vendas este ano da ordem de 100.000 toneladas da resina para peças injetadas de eletrodomésticos em geral, reduto onde as lavadoras de roupa despontam como maior campo para PP. “Esse volume total deve representar retração acima de 10% perante o movimento de 2014”, projetam Rodrigo Belloli e Tassiana Custódio, respectivamente gerente comercial e responsável técnica pelo segmento de eletrodomésticos da empresa.

Entre os avanços sob medida para lavadoras no mostruário da Braskem, Tassiana distingue dois grades. Um deles, acenado para peças grandes e com-plexas, é o tipo CP 2012 XP, diferenciado pela especialista devido à resistência ao impacto e altos índices de fluidez e módulo de flexão. Integrante da série Maxio, cujos chamarizes assentam-se na economia de energia, redução de peso e ganhos de produtividade, a outra resina em foco é o homopolímero H202HC. “Além do acabamento estético, sobressai por reduzir o ciclo de injeção mediante a conjugação de processamento com produtividade”, sintetiza Tassiana. No plano geral, ela ainda acentua um predicado que distingue a vocação de PP para a linha branca: sua densidade cerca de 15% inferior à de polímeros rivais nesse reduto. “Corresponde assim às exigências de menor consumo de material sem perdas no desempenho do produto”.

BDL em proporções adequadas para suas características atenderem os requisitos da aplicação. Esse tipo de embalagem requer, em especial, excelentes proprie-dades ópticas, para destacar o sabão. O filme transparente e brilhante contribui para apresentação e apelo mercadológico do produto. São atributos preenchidos pela Braskem com as resinas Proxess 2606s3 e Tx7003.

Pr – Amaciantes e sabões líquidos são palco quase absoluto dos recipien-tes de PeAd. Quais os aprimoramentos recentes nos seus grades para essa aplicação?

neves – Destaco a resina hs5502xP pois, entre outras vantagens, assegura melhor ergonomia admitindo o emprego de alças e formas (design) arrojadas, aumentando a praticidade da embalagem.

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3 questõesFlávio BarBosa

Nº1 em poliestireno (PS) no Brasil e maior t ransformador de plástico de Manaus,

à frente de unidades de tampas, chapas para termoformagem, estojos de mídia e filmes de polipropileno, a videolar-Innova entra em 2016 como uma me-tamorfose ambulante. Além de concentrar em São Paulo a administração e vendas da produção de seus complexos em Triunfo (RS) e na Zona Franca, a empresa estreia na industriali-zação de poliestireno expandido (EPS), pretende completar o funcionamento de sua atividade de poliproprileno biorienta-do (BOPP) e incrementa o pré-marketing e trabalhos como o beneficiamento em Manaus do material importado, visando a produção de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) em seu complexo gaúcho, preenchendo assim a lacuna dei-xada pelo arquivamento este ano do projeto acalentado por styrolution e Braskem. Na entrevista a seguir, Flávio Barbosa, vice--presidente financeiro e de operações da Videolar-Innova, explica os novos rumos da companhia.

Pr – desde os anos 90, todos os investimentos na produção nacional de copolímero de acrilonitrila butadieno es-tireno (ABs) frustraram. Por que o projeto

da videolar-Innova caminha para fugir dessa praxe?

Barbosa – A Innova ini-ciou em 2008 a revenda de ABS no Brasil, como estraté-gia de pré-marketing visando uma produção futura em seu complexo em Triunfo (RS). A ideia não era, e assim continua, ativar uma operação de escala global e elevado investimento.

Até porque o tamanho do mercado brasi-leiro não a comporta. Com investimento marginal na adequada modificação das plantas de PS ali existentes, podemos pas-sar a dispor de uma produção interessante para tomar parte das importações, inclusive aquelas em que a própria Videolar-Innova atua comercializando ABS e copolímero de estireno acrilonitrila (SAN) da taiwanesa Formosa Plastics. A partir da produção própria, aliás, esse papel de agente perderá relevância, restringindo-se a alguns grades não inclusos no mix local.

Pr – A videolar-Innova entra em ePs num momento de crise econômica e política engessando a construção civil, o mercado ambicionado para o material firmar-se como isolante térmico no país. Além do mais, câmbio e recessão reduzi-ram bastante as importações de ePs, cujo espaço a empresa pretendia ocupar com sua produção local. diante disso, ela não

tende agora a tirar mercado de seus clien-tes de estireno que formulam o expandido?

Barbosa – O processo de produção de EPS que a Videolar-Innova está imple-mentando é inédito na região (a partir do polímero e não pela rota tradicional do estireno). Permite a obtenção de alguns tipos do expandido sem similares de EPS locais. Além disso, pesa em prol dessa investida a expectativa de que, mesmo com a contração atual da construção civil, esta aplicação do material deverá deslanchar devido à nossa baixíssima demanda de EPS per capita face a qual-quer país comparável com o Brasil. O estireno que fornecemos aos clientes produtores de EPS seguirá destinado a eles, sem prejuízo de oferta, até porque vamos priorizar aplicações que eles não atendem hoje. O foco dessa oferta adicio-nal do produto permanece a substituição de importações.

Pr – Qual o impacto da recessão atual no cronograma de partida da sua linha Andritz de BoPP ainda não acionada em Manaus?

Barbosa – O negócio de BOPP possui hoje duas linhas ativadas, cujo nível opera-cional depende da demanda do mercado. A terceira linha, em função também da demanda abaixo das expectativas, teve sua entrada em funcionamento postergada para início de 2016. •

Metamorfose ambulanteO perfil da Videolar-Innova está em mutação acelerada

Barbosa: produção de EPs compatível com a demanda nacional.

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BATE E vOLTA

o BrAsIl esTá nA MIrA

PlásTICo FAZ uMA lIMPA no MeTAl

Uma pergunta para Walter Sanchez, gerente de vendas para exportações e dis-tribuição de polietilenos (PE) da indústria norte-americana Chevron Phillips Chemi-cal Company.

Pr – Como sua empresa avalia a América latina e o Brasil, em particular, como potencial destino externo de parte da produção de seus dois complexos de

Pe hoje em construção nos euA? sanchez – A implantação desse projeto está em andamento,

como demonstra a recente implantação dos equipamentos para PE na localidade de Old Ocean, defronte ao Golfo do Texas. O empre-endimento no Texas engloba um cracker de etano nas instalações em Baytown e duas unidades da resina (polietilenos linear e de alta densidade) em Old Ocean, no nosso complexo de Sweeney. A relação comercial da Chevron Phillips Chemical com o Brasil remonta aos anos 1960, período em que a Phillips Petroleum Company participou

da construção de unidades em Santos e Candeias. Hoje em dia, não operamos plantas no Brasil e a Chevron Phllips Chemical, joint venture entre e a Chevron Coroporation e a Phillips 66, forma entre os maiores produtores mundiais de olefinas e poliolefinas, além de integrar a liderança no suprimento de aromáticos, alfa olefinas, estirênicos, especialidades químicas e dutos de pressão de PE. Como membro da rede global de afiliados de marketing da companhia, a nova Petrene, sediada em São Paulo, atua como agente de nossos produtos há mais de 30 anos e assim tende a continuar. Com base em nossa presença há bom tempo na América Latina, compreendemos as necessidades dos clientes, alguns deles supridos há décadas, e seguimos com-prometidos com a região. Com a partida prevista para 2017 desse investimento orçado em US$ 1.6 bi, compreendendo o cracker de 1,5 milhão de t/a de etano e dois novos complexos somando 1 milhão de t/a de PE, prevemos que um percentual das resinas será exportado ao mercado latino-americano. Além da oferta de produtos de qualidade e atendimento de classe mundial, os clientes na região contarão com o suporte do time de assistência técnica e P&D para PE.

sanchez

Uma pergunta para Gustavo Hirsch, diretor industrial da Kärcher Brasil, subsidiária da alemã Kärcher e fabricante de eletrodomésticos para limpeza de casa & jardim e profissional em sua unidade em Vinhedo (SP).

Pr – A Kärcher produz há 40 anos no Brasil. Como avalia esta crise e,na esfera dos plásticos, qual a relevância do material na manufatura em vinhedo?

hirsch – O momento é bastante delicado; a crise econômica e hídrica afeta direto toda a indústria, no plano geral.Para manter a participação de mercado nessa conjuntura, promovemos recentemente a ação de marketing ‘Meu dinheiro de volta’, pela qual quem adquirisse determinado produto

teria uma parcela do valor restituído em sua conta bancária. O sucesso nos animou a repetir a ação no período do Natal. A propósito, nosso carro-chefe na linha casa & jardim é a lavadora de alta pressão K 2500 Black. Em produtos como este, polipropileno (PP) é o plástico dominante, mas também usamos polietileno e copolímero de acrilonitrila butadieno estireno. Aliás, compramos resina reciclada e reciclamos refugo plástico em Vinhedo para reuso em linha. Os materiais plástivos nos proporcionam bom visual e redução de peso, além de evitarem a hipótese de corrosão e tudo isso com custo competitivo perante a alternativa metálica. Devido às exigências de maior leveza e preços competitivos, o emprego de plástico em nossos produtos tem au-mentado nos últimos anos.

Hirsch

k.2500 Black

orGAnoGrAMA

Evandro Cazzaro, ge-rente geral para a Amé-rica do Sul da unidade de negócios Beverage Packaging da husky, fabricante canadense de injetoras e periféri-cos, passa a responder por todo o mercado latino-americano.

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InovaçãoWaterbox & Lakefarm

A crise hídrica em campo desde o ano passado no Sudeste tem continuidade garantida em 2016 e o cronograma das obras para

debelar o problema em São Paulo, de término estipulado para 2017, já foi for-malmetne reconhecido como furado. Nas pegadas do preceito de que a necessidade é a mãe da invenção, pelo menos duas em-presas, Waterbox e lakefarm, afloram com patenteadas sacadas para reúso de água nas quais o plástico é a alma do negócio.

O ponto de partida da Waterbox, conta sua diretora comercial Tamy Cena-mo, foi a concepção de uma mini cisterna de múltiplos usos, apta a armazenar água limpa, de reúso ou da chuva. “Assim era fundamental que fosse um produto de qualidade garantida com especificações bem definidas dos plásticos virgens, pois materiais reciclados poderiam conter contaminantes”, observa Tamy. Segundo assinala, diversos usuários têm adquirido os tanques Waterbox para estocar água limpa para cozinhar. “Essas pessoas che-gam à noite em casa e são surpreendidas pela falta de água na torneira”.

Tamy e sua equipe começaram o projeto em janeiro último tendo em mente o chamariz do design e o conceito multi-funcional. “Estamos vivendo rigorosa crise hídrica impondo uma série de restrições ao armazenamento de água e isso nos abriu os olhos para a falta de boas soluções in-teligentes, práticas e bonitas para estocar”. Dos brainstroms saiu a ideia dos tanques rotomoldados verticais, tipo slim, talhados em especial para áreas onde o abasteci-

mento tem perdido regularidade. Tamy retoma o fio especificando como matéria--prima polietileno de média densidade linear base hexeno aditivado com agente anti UV. As cores selecionadas, distingue, são isentas de metais pesados, permitindo o uso na captação de água limpa e mesmo o contato com alimentos. As quatro opções da palheta (bege, vermelho, laranja e verde) são opacas. “Para inibir a passagem de luz, minimizando a formação de algas no interior das cisternas”, justifica a diretora.

Adequados para uso interno e ex-terno, os tanques Waterbox podem ser utilizados em ambientes interiores para estocar água potável (como uma caixa d'água comum) ou para armazenar água de reúso (da máquina de lavar, por exemplo). Em ambientes externos, pode ser uma ferramenta para captação de águas pluviais. Numa fase posterior, adianta Tamy, a Wa-terbox estuda ampliar a linha de modelos e produzir um tanque específico para captar e armazenar chuva. “Nesse caso, a opção por um material reciclado é coerente, adequada e sustentável”, argumenta. Cada cisterna possui 1,77 m de altura, 0,55 m de

largura e 0,12 m de profundidade, compor-tando até 100 litros de água. Com design modular, os tanques Waterbox permitem conexão entre as unidades, dependendo da necessidade e disponibilidade de espaço.

“Não consultamos empresas de plástico mpara pensar no produto; focamos no que percebemos para melhorar a gestão da água e seu uso consciente, estimulando novos comportamentos”, afirma Tamy. “Criado o projeto, recebemos apoio e dicas em termos de moldes, materiais, cores e componentes complementares”. Respon-sável pelo conceito da peça e projeto de design, a Waterbox optou por terceirizar a produção com não revelada transformadora na ativa em Indaiatuba (SP). Os moldes, patentes e desenhos industriais registra-

Água muito vivaDuas sacadas com PE na garupa da infraestrutura capenga

Tamy Cenamo: PE rotomoldado para captar água.

Waterbox: sistema modular com capacidade de armazenamento para 100 litros.

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dos, explica Tamy, são de propriedade da Waterbox e os tanques são produzidos com exclusividade para ela. Nessa fase inicial, encaixa a diretora, era importante participar do processo produtivo e poder integrar as empresas foi um fator decisivo para a par-ceria. “Em nosso modelo de negócios nada impede que, no futuro, firmemos acordos com fabricantes em outros Estados para diminuir os gastos com logística que, num produto como o nosso, são impactantes”, acena a diretora comercial.

A Waterbox depositou patente nacio-nal para sua minicisterna, esclarece Tamy, e tem prazo de um ano para depositar os PCTs (tratado multilateral que permite requerer a proteção patentária de uma invenção, simultaneamente, num grande número de países, por intermédio do de-pósito de um único pedido internacional de patente). Além disso, a empresa pro-videnciou registro da marca, do desenho industrial e de possíveis variações na forma. “Acreditamos em nosso conceito e potencial. É importante que todas as formas de assegurar direito de propriedade sejam mantidas”, assinala Tamy.

A produção dos tanques Waterbox teve início em junho último e as primeiras vendas, a partir de julho. Em 3,5 meses de atuação, a empresa abriu 40 revendas em 15 cidades. “Estamos negociando a entrada

em algumas redes varejistas e firmando parcerias com representantes em outros estados”, informa a diretora. Entre os cha-marizes para a divulgação dos tanques , ela frisa propriedades como as contaminações zeradas. “A água fica estocada em reserva-tório fechado, longe de poeira, mosquitos, vermes e ratos”, ela conclui.

Pensando em soluções práticas para enfrentar a crise hídrica, a Lakefarm bolou o Aguawell, um coletor plástico compacto para reaproveitamento da água do chuveiro durante o banho. Com capacidade para seis litros, ele permite que a água limpa coletada possa ser reutilizada na descarga do vaso sanitário, na lavagem de louças e pisos ou mesmo para regar plantas, orienta Flavia Arantes Jensen, diretora executiva da empresa dedicada à criação, desenvolvimento e vendas de utilidades domésticas. Segundo ela, a ideia brotou no início de 2015 através de um coletor de água utilizado na Colômbia. “Com o modelo totalmente modificado e patentea-do, lançamos em junho passado o produto

via financiamento coletivo (crowdfunding), através da plataforma on line Kickante”, conta ela.

O produto, detalha a executiva, tem três partes: um container soprado com polietileno de alta densidade (PEAD), uma tampa de rosca injetada e uma segunda tampa antidengue, também moldada por injeção. Mesmo que a água coletada não seja para consumo e a Lakefarm seja isenta de responsabilidade jurídica, na eventualidade de ingestão dessa água, Flavia entende que a empresa tem dever moral de reduzir o risco no caso de uso indevido. “Por isso escolhemos o plástico virgem para o Aguawell”, sustenta.

Após acertar a finalidade do coletor, sua forma e preço, a Lakefarm encomen-dou a ferramenta para moldagem da peça e deu inicio à produção. O fabricante par-ceiro selecionado para o Aguawell opera embalagens para diversas aplicações e, por conta disso, a direção da empresa considerou desaconselhável misturar resina virgem com reciclada, evitando

flavia Jensen: em busca de distribuidores para ampliar as vendas.

Aguawell: economia expressiva de água por ano.

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InovaçãoWaterbox & Lakefarm

assim a contaminação das máquinas. “Não precisamos da ajuda de terceiros nesse desenvolvimentos,pois nossa empresa está familiarizada com a concep-ção de artefatos de plástico (veja box)”, observa Flávia. O Aguawell, ela sustenta, economiza uma quantidade significativa de água por ano. “Mas continuamos a investigar a necessidade do mercado em outros produtos para poupar água”.

Como o componente principal do Aguawell é o container, a diretora infor-ma que a Lakefarm buscou parceiro em sopro. Depois de avaliar de quatro a cinco empresas, a newsul embalagens e Com-ponentes foi a escolhida para a conversão da peça. “Foi a que mais nos agradou pelo profissionalismo, sistema de qualidade, flexibilidade, diferentes localizações de fabricação, com altos padrões que pudes-sem também nos atender em demandas e exigências para exportação”, observa Flávia. A Newsul, por sua vez, conta com equipe de desenvolvimento que demons-trou uma “boa química”, diz Flávia, com o time da Lakefarm, passo essencial para o processo de amadurecimento da pro-dução em alta escala, relata a dirigente, completando que a parceria incluiu um ferramenteiro apto a atender o projeto na confecção dos moldes de sopro e injeção. Também a escolha da dow Brasil como fornecedora da resina foi fundamental, dado o interesse demonstrado por produ-tos sustentáveis”, comenta Flávia.

Com relação à patente, a diretora in-forma que o modelo de utilidade nacional será deferido em breve. A Lakefarm cogita ampliar a comercialização do Aguawell a outros países mas, nesse caso, a empresa depende de pesquisa de patentes para não violar as já existentes. “Para a Lakefarm, a patente não é essencial, mas pode ser uma barreira para outras empresas nos copiarem. O importante é fazermos um

Segundo maior con-sumidor de lâminas de barbear do mundo, o Brasil mobiliza mais de 1 bilhão de unidades por ano, cons-tata a Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial (ABdI). Além de onerosa para os usuários, essa de-manda acumula lixo não degradável. A ideia de inter-ferir na cadeia, estendendo a vida útil de barbeadores

convencionais, levou a lakefarm a criar e patentear o Blade Hugger, suporte e limpador à base de elastômero termoplástico (TPE), que prolonga a vida do barbeador em até cinco vezes, garante Flavia Arantes Jensen, diretora executiva da empresa especializada em utilidades domésticas. Segundo ela, um barbeador masculino dura em média de duas a quatro semanas. “Blade Hugger propicia uma economia fantástica. Por exemplo, se um barbeador custa R$ 10 e dura quatro semanas, em um ano a economia totalizará R$ 104”, orça a executiva.

Segundo Flávia, lâminas de barbear não perdem o fio facilmente. Elas ape-nas ficam sujas. Blade Hugger remove o material orgânico que se acumula na extremidade das lâminas e, dessa forma, prolonga a vida do barbeador, explica. “Funciona como nos velhos tempos, quando se afiava navalhas em tiras de couro”, ela compara. Além de promover a limpeza do barbeador, o Blade Hugger serve também para pendurar o aparelho, podendo ser fixado na parede do banheiro ou box ou ainda apenas usado solto na bancada da pia.

Da mesma forma que o coletor Aguawell (ver à pág. 40), o Blade Hugger é uma criação da Lakefarm, com projeto viabilizado pela plataforma Kickante de financiamento coletivo (crowdfunding). O parceiro para a produção da peça é a tranformadora valplas e, conforme Flavia, o TPE foi escolhido pela facilidade de se injetar. “É uma combinação de alta durabilidade, com resistência de fricção suficiente e podemos ajustar a dureza como desejarmos”, observa ela. O nome “blade hugger”, ela admite, é inteligível ao grande público daqui. “mas brasileiro adora nome estrangeiro e chamar o produto de ‘abraçador de lâmina’ não soa muito sexy”, ela argumenta. “Além do mais, queremos exportar!”

verdAdeIrA BArBAdA

produto com custo competitivo e prestar serviço de alto nível para o cliente”, sublinha Flavia. Até o fechamento desta edição, Aguawell estava disponível para

compra apenas pelo site da Lakefarm, mas a empresa negocia com distribuidores em potencial para expandir a partir de dezem-bro a venda do produto a outros canais. •

Leg-Blade Hugger: barbeador de TPE com vida útil cinco vezes maior.

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top do mês

ANUNCIE EM PLÁsTICOs EM

REvIsTA

(11) 3666-8301 [email protected]

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sustentabilidadePaulo Francisco da silva

Embora endeusada nos palanques verdes, o setor de reciclagem de plásticos trafega com cores bem menos charmosas em seu

dia a dia, seja por razões inerentes à própria indústria, caso da presença de paraquedistas despreocupados com a excelência na produção, e por motivos notados fora dela, como a carga tributária e a instabilidade no fluxo de suprimento da matéria-prima a ser recuperada. Sem papas na língua, bem ao seu estilo, Paulo Francisco da Silva, diretor comercial da recicladora neuplast e sumidade no ramo, descasca o abacaxi da realidade do setor nesta entrevista.

Pr – Como o poder público enxerga a indústria recicladora?

silva – A reciclagem vem sofrendo ataque do governo em todas as esferas- federal, estadual ou municipal –, na forma de negativas de desoneração de folha, a não concessão de ICMS subsi-diado pelo governo de São Paulo, pela não implantação das coletas seletivas previstas pela Política Nacional de Re-síduos Sólidos (PNRS) e não cumpridas pelas prefeituras e, pior ainda, com a anuência do governo federal que pror-roga ao máximo essa situação e já lá se vão mais de quatro anos da promulgação da lei. Fala-se muito de atitudes e posi-cionamento ambientalmente corretos, a chamada onda verde, com lindos eventos em Brasília, na frente parlamentar e por

aí vai. Na prática, os chamados agentes ambientais que somos nós, os recicla-dores, temos de suportar o tratamento dispensado a “lixeiros”, do tipo assim: “precisamos de vocês para retirarem nossos descartes mal cheirosos, mas não os queremos ver”. Até mesmo uma identidade tributária própria nos é negada e, com isso, não temos uma classificação fiscal de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) específica para a atividade de reciclagem. Conti-nuamos atrelados ao código NCM da petroquímica

Pr – Quais os principais entraves relativos aos custos de produção do reciclador?

silva – As sucatas ainda estão pe-sando muito na planilha de custos dos materiais reciclados. A atual redução da atividade industrial diminui muito a ofer-ta de refugo pós industrial ao mercado de reciclagem.

Outra dor de cabeça nos custos: a mistura de materiais de diversas partes do mundo, com catalisadores metálicos diferentes entre si e que nos chegam como sucata pós-consumo (lixo domés-tico). Isto porque, além de muito úmida devido ao clima tropical, a sucata plásti-ca brasileira vem em geral mesclada com restos de lixo orgânico, sem falar na mis-tura de materiais diferentes e por vezes incompatíveis na reciclagem mecânica, a exemplo de PET com polipropileno (PP). Em média, temos de 30% a 35% de quebra de produção na utilização dessa matéria-prima para podermos dar garantia aos reciclados que fornecemos. Claro que isso encarece muito os custos e o preço final para o cliente.

Pr – e qual o peso da energia elétrica?

silva – É outro fator que nos mata lentamente. Analisando as contas de energia elétrica, de novembro de 2014 a outubro de 2015, constamos aumento de 59%. Porém, as operadoras passaram, de forma unilateral todos os grandes consumidores da bandeira verde para a vermelha e, assim, os reajustes foram a absurdos 136%, incluindo os citados

Na vida real, a indústria da reciclagem é tratada com indiferença

só o discurso é lindo

silva: recicladores vistos como lixeiros.

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59%. Some-se a isso a queda no nosso consumo e teremos então um incremento que beira os 210% no KW/h.

Pr – o dólar tem afetado muito o setor?silva – Minha empresa trabalha

com sucata pós consumo para produzir materiais com elevadas exigências técnicas.Nesse sentido, o emprego de aditivos é fundamental em todas as formulações. Dada a falta de similares locais desses auxiliares, o jeito é im-portar ou comprar dos representantes exclusivos. Chegamos a fechar compras de aditivos com o dólar a R$ 4,17, sob o risco de não poder manter a produção de alguns itens. No quadro atual, não há como repassar preços; a pressão é para mantê-los. Mas, ainda assim, a Neuplast entrou em novos campos de aplicação, mercados antes muito reticentes ao uso de reciclados devido à sua fama e falta de repetibilidade de lote a lote. O câmbio volátil nos ajuda na medida em que os materiais virgens sofrem majoração nos preços, devido à cadeia petroquí-mica dolarizada e atrelada ao mercado internacional. Alie-se a isso a pressão do mercado consumidor por redução de preços e abre-se a oportunidade para o reciclado de boa qualidade.

Pr – A cultura do desenvolvimento sustentável nas empresas tem gerado retorno concreto para o reciclador?

silva – É outro fator a ajudar o negócio. Regulamentações de com-panhias que contemplam o uso de polímeros reciclados em componentes são repassadas a suas subsidiárias no mundo inteiro. Já sentimos esse reflexo no Brasil em ramos como de embalagens multicamada de óleo auto-motivo e produtos de limpeza contendo reciclado na camada central. Tubulações para telecomunicações são outro nicho em crescimento e passa longe dos

aventureiros descompromissados com a qualidade no setor de reciclagem. As rígidas exigências técnicas para esses dutos nos forçaram até a ir ao exterior em busca de aditivos específicos para recuperar as características e proprie-dades demandadas para os materiais recuperados ali empregados.

Pr – essa busca de qualidade tam-bém não converge para a necessidade de automatizar o processo?

silva – Nossos fornecedores estão sendo pressionados para atender as normas trabalhistas e de segurança tipo

NR12. Com isso, eles diminuíram muito o número de pessoas utilizadas na pro-dução e, desse modo, a qualidade das sucatas pós consumo está bem pior. O que aumenta o trabalho de pente fino do refugo a ser processado pelo reciclador. É nesse momento que sentimos a falta dos equipamentos da separação por infravermelho, em uso global crescente enquanto o Brasil ainda engatinha na adoção dessa tecnologia. Ela aumenta muito a produtividade, a renda e a se-gurança do trabalho de seus usuários.Proporciona um aumento significativo na quantidade e qualidade da sucata a ser recuperada. Uma pena que o poder público não demonstre enxergar esses méritos, pois têm a ver com um belo

trabalho de inclusão social com digni-dade. Além do mais, o emprego desses avanços tecnológicos são justificados pela conjuntura atual de resinas virgens cada vez mais caras e da pressão dos custos sobre as empresas. Elas usam e reusam o material virgem até não ter mesmo como aproveitá-lo, oferecendo--o então como sucata, por vezes sem a menor condição de ser utilizada pelo reciclador.

Pr – Combinado com a crise, esse quadro imobiliza de vez o reciclador?

silva – Não posso falar por todos.

Mas decidimos na Neuplast que só nos resta antecipar projetos com novos clientes – temos 39 em andamento. Toda a equipe técnica está na rua, oferecendo serviços e expertise. Os resultados já se refletem em aumento do faturamento. Não há uma fórmula mágica. É como se descolássemos da crise política e olhássemos apenas o mercado como algo independente. As soluções então se apresentam, as necessidades surgem e os resultados se concretizam. Aqui na empresa temos um preceito: em qualquer situação sempre há alguém ganhando recursos. O que nos impede de ser quem vai faturar? Nada. É uma questão de pos-tura! Temos que pensar “fora da caixinha” para driblar este momento político.•

Produtos de limpeza, óleo vegetal e automotivo: reciclado premium no sopro.

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PLÁSTICOIMAGEM

Tão estridentes para baixar a lenha quando bem entendem, os xiitas verdes fazem cara de paisagem quando o plástico se mostra uma

solução única, sem regra 3. Esse mutismo transparece, em particular, em situações de calamidade pública. Está aí, por exem-plo, o rompimento de barragem de Maria-na, tragédia na qual a lama assassinou o rio Doce, pôs em estado de emergência uma fieira de municípios mineiros, ceifou vidas, a flora e a fauna por mais de 500 km, até poluir o litoral capixaba.

Enlutada e privada de água limpa para consumir, a população ribeirinha, tal como ocorre na crise hídrica sem fim à vista no Sudeste, tem sido socorrida por duas aplicações plásticas: os garrafões retornáveis e, em especial, os tanques rotomoldados. Não fosse a serventia des-ses produtos transformados, o desastre da barragem da samarco teria sua gravidade amplificada pela necessidade de uma desocupação às pressas do território esganado pela lama dos rejeitos de ferro.

O Grupo Fortlev, nº1 no país em caixas d’água e grandes reservatórios de polietileno rotomoldado, tem participado do atendimento à população vitimada pela tragédia. A propósito, Evandro Sant’Anna, diretor comercial e de marketing da em-presa, conta que, nos 10 dias seguintes ao desastre em Minas, as vendas de tanques de maior litragem em geral, inclusas todas as marcas, aumentaram 35% e depois retomaram a normalidade. Antes do rom-pimento da barragem, ele nota ter passado pela mesma situação no Estado que sedia a Fortlev, o Espírito Santo. “Observamos um aumento de 30% na demanda desses

reservatórios nas cidades submetidas à crise hídrica”, rememora.

Esses tempos de racionamento de água, “em especial em regiões metropo-litanas”, frisa Sant’Anna, tem intensificado a vocação da Fortlev para soluções de estocagem de grandes litragens – seu portfólio vai até 20.000 litros. “Ainda este ano, lançaremos para o Espírito Santo uma caixa d’água rotomoldada para esto-car 10.000 litros”, adianta. A Fortlev, ele sustenta, é pioneira mundial nesse tipo de reservatório. “Ele se diferencia por aliar as características de uma caixa convencional de PE com uma grande capacidade de armazenagem”, ele explica.

Para situações como a do desastre na região do rio Doce, a Fortlev oferta o tanque Fortplus para água potável, disponível em versões de 310 a 20.000 litros, com proteção anti UV e tampa com ¼ de volta. “Permite a vedação perfeita do reservatório”.

Sant’Anna não enxerga o mercado de reservatórios intocado pela recessão, embora a procura por tanques da Fortlev tenda a captar em 2016 respingos da crise hídrica à solta no Sudeste. “Mais do que aumento de vendas”, coloca o diretor, “essa crise está aumentando a conscientização a respeito do consumo de água e é essa evolução na mentalidade da população que aplaudimos”. •

A única solução

sant’Anna: demanda em alta para grandes litragens.

Desastre na região do rio Doce: água limpa assegurada por tanques rotomoldados.

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