Sapiencia12

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

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Cabeças & Prêmios

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

2 OPINIÃO

ISSN - 1809-0915

Informativo produzido pelaFundação de Amparo à

Pesquisa do Estado do PiauíFone: (86) 3216-6090Fax: (86) 3216-6092

Presidente da FAPEPIAcácio Salvador Véras e Silva

Conselho Editorial:Acácio Salvador Véras e Silva

Francisco Laerte J. MagalhãesWelington Lage

Editora-Chefe:Márcia Cristina

Textos:Márcia Cristina (Mtb-1060)Roberta Rocha (Mtb-1856)

Revisão:Assunção de Maria S. e Silva

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Cícero Gilberto(86) 8801.9069

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Nº 12 * Ano IV * Julho de 2007

A valorização dos pesqui-sadores se constitui em uma dasetapas como parte das estraté-gias necessárias ao desenvolvi-mento da ciência de um país.Assimilando as virtudes das prá-ticas americanas e européias,sem imitá-las, o talento científi-co é estimulado ainda no ensino

fundamental e, com acompanhamen-to qualificado, investimentos, condi-ções de trabalho, bolsas e assistên-cia educacional abrem-se oportuni-dades para que esse jovem tome ocaminho da ciência se constitua numpesquisador qualificado.

Partindo desta premissa, a Co-réia do Sul deu um salto em relaçãoao desenvolvimento da pesquisa na-quele país e na qualificação de pes-soal. No anos 1960, os coreanos es-tavam muito atrás do Brasil, mas in-vestiram maciçamente na formaçãode pessoal, institucionalizaram o en-sino de tecnologia e fecharam focona interação com a indústria. NaChina, para se modernizar e incen-tivar novas pesquisas, o governo in-tegrou a comunidade científica à in-dústria, liberando as empresas dosencargos trabalhistas pagos a cien-tistas ligados aos processos produ-tivos, mesmo por tempo limitado.

O desafio brasileiro consisteem fazer com que o desenvolvimen-to das ciências se dê de forma siste-

Incentivar é valorizar a ciênciamática, partindo da percepção de queo investimento em pesquisa deve serprioritário e urgente. Nesse aspecto,há necessidade de se criar uma rela-ção harmoniosa entre os centros depesquisa e a comunidade, fazendocom que esses centros trabalhem napesquisa pura e também na inovaçãotecnológica, no sentido de haver maisestímulo e incentivo à pesquisa e aospesquisadores. Embora esta convic-ção seja hoje consensual no meio ci-entífico, ainda não se tem uma polí-tica de governo que a materialize, quea torne aplicável.

Os maiores órgãos de fomen-to e incentivo à pesquisadores nopaís, o CNPq, FINEP e a CAPES,contam com diversas linhas de açõespara estimular os pesquisadores.Dentre elas, uma série de progra-mas, prêmios, bolsas e até mesmodivulgação do que esses pesquisa-dores estão produzindo. No entan-to, ainda existem distâncias e dis-crepâncias a serem eliminadas paraque o país possa contar com o co-nhecimento e as técnicas científicaspara o desenvolvimento apoiado nasações de ciência.

A FAPEPI conta também comvários programas que só têm contri-buído para o estímulo aos jovens eexperientes pesquisadores. Dentreseus programas estão o DCR (Pro-grama de Desenvolvimento Científi-

co Regional), o PPP (Programa Pri-meiros Projetos), Programa de Bol-sas de Mestrado e Doutorado, o PI-BIC-Jr (Programa de Bolsas de Ini-ciação Científica Júnior), entre ou-tros. Mas se ressente da falta de apoiofinanceiro e amparo político que pos-sa dar resposta às exigências locaise nacionais no tempo e nas condi-ções que as demanda atuais impõem.

O próprio SAPIÊNCIA é umcanal de divulgação e apresentaçãopara a sociedade sobre o trabalhoárduo dos pesquisadores piauiensese em geral. O Informativo faz partedo Programa de Popularização daCiência, instituído pela FAPEPI, em2004. A busca de novas ferramen-tas que venham a dar visibilidade,apoio e incentivo àqueles que pro-duzem ciência tem que fazer partedas metas de órgãos que financiamo desenvolvimento da CT&I.  Mui-to mnais poderia ser feito no país eno nosso estado se contássemoscom uma política de valorização dopesquisador e da ciência em moldesmais compatíveis com a necessida-de de desenvolvimento do país e doestado do Piauí.

Nesta 12ª edição do SAPIÊN-CIA, o espaço foi aberto para mos-trar que com apoio e estímulo, ospesquisadores conseguem fazer fluirseu talento e contribuir, sobremanei-ra, para o desenvolvimento do país.

Incentivos a produção científica e tecnológicaAcácio Salvador Véras e Silva*

* Professor Associado da UFPIPresidente da Fundação de Amparoà Pesquisa do Estado do Piauí[email protected]

No gover-no Lula, tivemosi m p o r t a n t e savanços, na le-gislação brasilei-ra, no que diz res-peito à Ciência,Tecnologia eInovação. Den-

tre estes avanços destacamos: a Leide Inovação (2004/2005), a Lei doBem (2005/2006) e agora a Lei Rou-net da Pesquisa (2007). A lei de ino-vação passa a permitir e incentivarparcerias estratégicas entre as Uni-versidades, institutos tecnológicos eempresas públicas e privadas; a Leido Bem desonera empresas de diver-sos impostos e a Lei Rounet da Pes-quisa remunera, embora indiretamen-te, empresas que investem em Pes-quisa e Desenvolvimento (P&D).Essa nova lei possibilita deduções deno mínimo metade e no máximo duasvezes e meia o valor investido na pes-quisa. Essa redução de impostos seráinversamente proporcional à partici-pação da empresa na propriedade in-

telectual do produto decorrente dapesquisa.

Esse elenco de leis, ora em vi-gor, representa um importante con-junto de medidas que objetiva “agili-zar a transferência do conhecimentogerado no ambiente acadêmico paraa sua apropriação pelo setor produti-vo, estimulando a cultura de inovaçãoe contribuindo para o desenvolvimen-to industrial do país”, além de aumen-tar a produção nacional de ciência etecnologia, elevar o número de paten-tes registradas e comercializadas eagregar valor aos bens e serviços ex-portados. Essa experiência já foi rea-lizada pelo Chile e Coréia do Sul, que,desta forma, conseguiram moderni-zar seus parques industriais, se tor-nando um belo exemplo a ser segui-do.

Agora é possível pessoas jurí-dicas (empresas, instituições públicasou privada) obter redução no seu im-posto de renda por realizarem pes-quisa tecnológica ou desenvolveremprojetos de inovação tecnológica.Pode-se, também, obter redução doImposto sobre Produtos Industrializa-dos – IPI, na compra de máquinas e

equipamentos para P&D; redução doImposto de Renda retido na fonte in-cidente sobre remessa ao exterior, re-sultante de contratos de transferên-cia de tecnologia; isenção do Impos-to de Renda retido na fonte nas re-messas efetuadas para o exterior, des-tinada ao registro e manutenção demarcas, patentes e cultivares e sub-venções econômicas concedidasem virtude de contratações de pes-quisadores, titulados como mestres oudoutores, empregados em empresaspara realizar atividades de pesquisa,desenvolvimento e inovação tecnoló-gica. A lei Rounet da Pesquisa prevê,ainda, que as empresas possam co-mercializar a patente das invençõese receber a renda propiciada pelosroyalties.

Esta é a primeira vez que, noBrasil, o governo concede às empre-sas, incentivos fiscais para investimen-to em pesquisa universitária.

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ARTIGO 3

Silagem de cevada para alimentação animalA alimenta-

ção das vacas su-pera em 50% oscustos de produ-ção de leite. As-sim, a racionaliza-ção da alimenta-ção é fundamentalpara maior produ-ção de leite/vaca/dia a baixo custode produção, o que justifica a busca poralternativas aos alimentos convencio-nais. A cevada (resíduo úmido de cerve-jaria) consiste em importante alimento al-ternativo, no entanto, a elevada umida-de deste co-produto das cervejarias li-mita seu uso, por comprometer o trans-porte a longas distâncias sob o aspecto

econômico e dificultar a conservação porperíodos prolongados, especialmente emregiões de temperatura ambiente eleva-da, o que demanda conhecimento de for-mas de estocagem com manutenção daestabilidade do valor nutritivo.

A conservação da cevada por en-silagem não revelou variação nos teoresde matéria seca e proteína durante o tem-po avaliado, por até 30 dias. A partir dos12 dias de conservação, o pH variou den-tro do padrão para silagens bem conser-vadas, entre 3,8 e 4,2, com o pH da ceva-da ensilada sempre inferior ao da cevadain natura (4,96), indicando possível cres-cimento de bactérias produtoras de áci-do lático, acréscimo de H+ no meio e re-dução do pH. Apesar disso, a qualidadefermentativa não deve se fundamentarisoladamente no pH, devido ao efeito ini-bitório sobre os microrganismos indese-

jáveis depender da rapidez com que ocor-re seu declínio e, ainda, da umidade damassa ensilada quanto ao poder tampão.

O teor médio de matéria seca dasilagem de cevada (19,8%) mostrou-seinferior ao mínimo necessário para ob-tenção de silagens de boa qualidade(25%); no entanto, o pH denota boa con-servação anaeróbica, aferida pelas carac-terísticas das silagens obtidas quanto àcoloração, odor e ausência de bolor. Oaumento do tempo de conservação dacevada por ensilagem resultou em acrés-cimo no teor de fibra (FDN), da ordem de0,4% por dia de estocagem, a partir doteor inicial 70,2%, justificado pela corre-lação positiva deste com o teor de maté-ria seca, destacando-se a elevada pro-porção de fibra e a possível utilização decarboidratos solúveis pelos microrganis-mos durante o processo fermentativo. O

teor de proteína (29,8%) superou o obti-do para silagens de gramíneas (aproxi-madamente 6%), classificadas como ali-mentos volumosos suculentos, grupoem que se enquadra a cevada. Devido àelevada umidade, a composição do cus-to da cevada deve considerar a relaçãodo custo do quilo de proteína em relaçãoa alimentos convencionais, com base namatéria seca, podendo ainda a ensilagemfuncionar como um procedimento regu-lador de custos de mercado, por permitirestocagem em períodos de maior ofertadeste co-produto pelas cervejarias.

O processohistórico de utiliza-ção dos recursosnaturais, em diver-sas partes do mun-do, sempre foi dese-nhado pelo desper-dício e pela ausên-cia de critérios deconservação. Empassado recente, o

crescimento populacional e o desenvolvi-mento industrial atuaram como fatores de-cisivos no aumento dos níveis de degrada-ção destes recursos, inclusive da água. Atu-almente, os níveis da água do planeta vêmsendo comprometidos em função da urba-nização e da expansão agrícola.

Nos grandes centros urbanos, a po-luição e o desperdício agravam seriamenteos níveis de qualidade e de quantidade dosreservatórios de água. Além disso, estima-se que 40% do volume da água tratada sãoperdidos ainda na distribuição devido a va-zamentos nas tubulações. A situação é agra-vada ainda pelo lançamento de lixo e de eflu-entes domésticos em rios e lagos que reduzos estoques de água de qualidade.

A poluição já compromete a qualida-de das águas superficiais e subterrâneasem diversos países da Europa. Nos paísespobres e naqueles em desenvolvimento, acrise é provocada, sobretudo, pela ausên-cia de saneamento básico. Além disso, airregularidade pluviométrica associada aosefeitos das mudanças climáticas reduz dras-ticamente os níveis das reservas de águado planeta.

O crescente custo da água potável nomundo, é objeto de disputa mundial. A situa-ção é tão grave que o preço de um barril deágua importada da Europa pelos países ára-bes é superior ao de um barril de petróleoexportado.

O ritmo acelerado da crise vem alte-rando o equilíbrio de inúmeros ecossiste-mas e reduzindo drasticamente a qualidadede vida no planeta. Estudos apontam que oconsumo humano de água doce mundialduplica a cada 25 anos. Segundo a ONU,um indivíduo adulto necessita de uma mé-dia de 50 litros diários para suas necessida-des básicas. Devido à redução da disponi-bilidade de água doce e ao contínuo cresci-mento da população mundial, a ONU esti-

A crise mundial da água

Arnaud Azevedo Alves*

ma que no ano 2025 um terço dos países domundo terá seu desenvolvimento estagna-do pela falta de água. No Brasil, apesar dadegradação, a disponibilidade de água ain-da é abundante. Isso induz a uma parcelada população a utilizar a água como se fos-se inesgotável, ignorando as mazelas quetais ações poderão acarretar ao meio ambi-ente e à sociedade. Porém, em diversas me-trópoles brasileiras, incluindo a cidade deSão Paulo, a poluição vem tornando impró-prias para o consumo as fontes próximas,algumas cidades já captam água de baciasdistantes, alterando cursos de rios e a dis-tribuição natural da água na região.

No meio rural, além do desmatamen-to que altera o ciclo hidrológico, o desperdí-cio também é alarmante. Enquanto em Israelsão empregados apenas 600 m³ de água parairrigar um hectare por ano, no Nordeste bra-sileiro são empregados 18.000 m³ de água.

No próximo século, a escassez deágua tende a ser uma das questões maispreocupantes no tocante aos recursos na-turais e uma séria ameaça a alguns setoresda economia mundial.

Devido à abundância de água no pla-neta, fica difícil imaginar que este recursopossa provocar conflitos internacionais eameaças à sobrevivência de inúmeros se-res vivos. Porém, estudos revelam que mui-tas fontes disponíveis de água doce, inclu-indo águas de chuva apresentam níveis ele-vados de poluentes, com sérios riscos àsaúde pública.

Por ser um problema global, a crise deescassez de água transcende aos domíniosdo homem, devendo ser encarada como umaquestão de segurança e de defesa do Esta-do, e parte integrante do seu planejamentoestratégico. Diante disso, a sociedade deverever seus conceitos sobre o consumo dosrecursos naturais, enquanto que o poderpúblico deve estimular a prática efetiva decontrole da poluição e de medidas educati-vas de consumo consciente.

Se não frearmos o desperdício e com-batermos as causas da escassez, num futu-ro próximo não saberemos como a humani-dade poderá suportar esta crise.

Professor Associado da UniversidadeFederal do Piauí[email protected]

Eliana Morais de Abreu*

* Mestra em Desenvolvimento e MeioAmbiente - Assessora da [email protected]

O solo é umrecurso naturalvital para o funci-onamento doecossistema ter-restre, e repre-senta um balançoentre os fatoresfísicos, químicose biológicos. A

fração biológica é composta, principal-mente por microrganismos (bactériase fungos), além de minhocas, insetos enematóides. Os microrganismos reali-zam diversas funções essenciais parao funcionamento do solo, tais como de-composição da matéria orgânica, libe-ração de nutrientes em formas dispo-níveis às plantas e degradação de subs-tâncias tóxicas (Kennedy & Doran,2002). Além disso, formam associaçõessimbióticas com as raízes das plantas,atuam no controle biológico de pató-genos, influenciam na solubilização deminerais e contribuem para a estrutu-ração e agregação do solo.

A biomassa microbiana é defini-da como o componente vivo da maté-ria orgânica do solo, excluindo-se a ma-crofauna e as raízes das plantas. A bio-massa microbiana é um dos compo-nentes que controlam funções chavesno solo, como a decomposição e o acú-mulo de matéria orgânica, ou transfor-mações envolvendo os nutrientes mi-nerais. Representa, ainda, uma reservaconsiderável de nutrientes, os quais sãocontinuamente assimilados durante osciclos de crescimento dos diferentesorganismos que compõem o ecossis-tema. Conseqüentemente, os solos quemantém um alto conteúdo de biomas-sa microbiana são capazes não somen-te de estocar, mas também de ciclarmais nutrientes no sistema (Gregorichet al., 1994).

A atividade da biomassa microbi-ana é responsável por processos im-portantes para a produção agrícola e asustentabilidade ambiental. Dentre es-

Ecologia microbiana do soloAdemir Sérgio Ferreira de Araújo* tes, citam-se a fixação biológica do N2

(FBN) que é um processo de quebrada tripla ligação do N2 através de umcomplexo enzimático, denominado ni-trogenase. O processo ocorre no inte-rior de estruturas específicas, denomi-nadas de nódulos, onde bactérias dogênero Rhizobium, Bradyrhizobium eAzorhizobium, associadas às raízes deplantas leguminosas, convertem o N2atmosférico em NH3, que é incorpora-do em diversas formas de N orgânicopara a utilização pela planta. Outro pro-cesso importante é a formação de mi-corrizas que são oriundas da associa-ção de fungos micorrizicos (FMA) eraízes de plantas. As micorrizas são res-ponsáveis pela absorção de P e outrosnutrientes do solo e conseqüente dis-ponibilização para as plantas.

O grupo de pesquisa “Ecologiamicrobiana do solo da região Meio Nor-te” (CNPq/UFPI) vem estudando osprincipais processos microbiológicos ebioquímicos do solo da região MeioNorte. Os primeiros resultados das pes-quisas realizadas pelo grupo serão pu-blicados, neste ano, nos periódicos Eu-ropean Journal of Soil Biology e Aus-tralian Journal of Soil Reseach. Estesresultados são oriundos de projeto depesquisa financiado pela FAPEPI em2005-2006 (edital de fluxo contínuo).Recentemente, o grupo aprovou umprojeto dentro do edital “Programa Pri-meiros Projetos” (PPP/CNPq/FAPEPI)com o objetivo de diagnosticar as pro-priedades biológicas do solo do Cerra-do do Piauí. Além disso, este grupo depesquisa promoveu, em 2007, o I ci-clo de seminários sobre fundamentospara o manejo do solo do cerrado doPiauí, que contou com a presença dosprincipais especialistas em ciência dosolo do estado do Piauí.

Professor Adjunto I, Universidade Federaldo Piauí, Campus de Bom Jesus/[email protected]íder do grupo de pesquisa “Ecologiamicrobiana do solo da região Meio Norte”(CNPq/UFPI).

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REPORTAGEM4

Pesquisadora da UFPI concorre ao prêmio Capes de melhor tese

Profra. Marlúcia Valéria da Silva*

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A tese de doutorado da profes-sora Marlúcia Valéria da Silva foi esco-lhida a melhor do Programa de Pós-Gra-duação em Sociologia Política da Uni-versidade Federal de Santa Catarina –UFSC, em 2006. A tese intitulada “Iden-tidade Juvenil na Modernidade Brasilei-ra: sobre o constituir-se entre tempos,espaços e possibilidades múltiplas” estáconcorrendo ao prêmio de melhor tesede doutorado na área de Sociologia peloPrograma da Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superiordo Ministério da Educação (Capes/MEC).

O prêmio Capes de Tese foi cria-do em 2005 e premia, anualmente, asmelhores teses de doutorado aprovadasnos cursos reconhecidos pelo MEC. Aprimeira concessão foi em julho de 2006,por ocasião das comemorações do 55ºaniversário da Capes.

O Prêmio Capes de Tese, pelo quala Profª Drª Valéria Silva está concorren-do (até a edição do Sapiência a Capesnão tinha divulgado o ganhador finaldo prêmio), é concedido em cada umadas áreas do conhecimento com um re-presentante de área nomeado pela Ca-pes. As teses premiadas nessa modali-dade serão automaticamente inscritaspara o Grande Prê-mio Capes de Tese,que vai escolhertrês teses, uma decada conjunto degrandes áreas.

Dra. ValériaSilva afirmou que sóo fato da sua tese tersido escolhida, den-tre tantas outras de-fendidas para con-correr ao Prêmio,significou um impor-tante reconhecimen-to do seu trabalho.“Obviamente, naeventualidade da CAPES escolher a mi-nha tese, ficarei muito feliz, porém a es-colha do meu Programa já oferece umaval indiscutível ao trabalho que reali-zei. Destaco que a construção e quali-dade resultante do mesmo deveram-setambém à competência da orientaçãoque recebi da Profa. Dra. Janice Tirelli”,completou.

O estudo da pesquisadora piaui-ense foi centrado na investigação da

constituição identitária de alguns gru-pos de jovens de Florianópolis, SantaCatarina, num contexto atual, no qual,como ela afirma, busca evidenciar parti-cularidades das vivências desses gru-pos ante a experiência moderna (tradici-onal) e das suas crises contemporâne-as. As práticas e as vivências dos sujei-tos da pesquisa foram estudadas emseus grupos, inclusive, on e off-line, ouseja, nos seus processos de relaciona-mentos via internet e fora dele, quandose tratou de grupo dessa natureza.

Para Valéria Silva, os jovens es-tão sem referências para a construçãode projetos no seu tempo, construçãode identidades. Para ela, “as identida-des são recompostas no ritmo das res-postas que os jovens precisam dar àssuas necessidades concretas e às inse-guranças impostas pela realidade que oscerca”.

A pesquisadora atesta que não sepode mais tratar a identidade jovem (eas demais) como algo pronto e acabado.Para ela não há uma identidade, mas pro-cessos identitários alteráveis. “Os con-textos de mudanças, desafios e flexibili-dades do mundo atual impõem aos jo-vens constituições identitárias que semodificam ao longo de suas experiênci-as. Acredito que esse movimento guar-da relação estreita com a construção deum sentimento de confiança e de unida-de dos sujeitos na sua relação com omundo, com os projetos individuais quedelineiam e com o nível de ancoragemque vão encontrando ou não na realida-de social para tais projetos. Quanto me-nos componentes de ‘segurança’ equanto mais frágeis respostas osjovens localizam nesse ‘aberto depossibilidades’ na sociedade emque vivem, maior é o ritmo de mu-danças quanto a sua identidade”.

A pesquisadora aponta flexibi-lidades nas constituições identitárias.“As experiências dos grupos juvenis deafinidades, a propósito do que discu-tem alguns dos autores tomados por re-ferência, são influenciadas pelo desman-telamento das seguranças modernas,pela multiplicidade de concretas possi-

bilidades colocadas,embora submetidosa alternativas de es-colha materiais res-tritas, e por diversosmodelos identitáriosdisponíveis”.

Diante disso,ela acredita que osjovens precisamtambém de espaçosminimamente segu-ros para construirsuas subjetividades,espaços de diferen-ciação. “Sem isso,caem num certo ‘va-

zio’ de referências e passam a criar assuas próprias que, muitas vezes, partemdas fragilidades e desconstruções quefalei antes. Se não conseguem confiarnas referências, como adotá-las para sicomo algo válido? Se os adultos não têmmais ascendência, mas são parceiros emdiversos campos da vida - como nos va-lores adotados, na formação, na expres-são do corpo, no vestuário, no lazer, narelação com o mundo do trabalho – como

tê-los como exemplos? Essa confusãocoloca os jovens num labirinto de espe-lhos onde a diferenciação em relação aosadultos fica dificultada e, em muitos ca-sos, se dá pela radicalização das práti-cas”.

A Profª Drª Valéria Silva concluiuque os três grupos de jovens pesquisa-dos “indicaram uma permanente nego-ciação com a qual eles têm que lidar parase posicionarem numa realidade queora aponta para a possibilidade daautonomia de seus passos, orapara a desorientação frente àsinstituições sociais em crise”.Para ela, os jovens adotamvalores e referenciais am-bientados na experiênciamoderna do país, no po-der que o mercado mun-dial exerce na cultura emodo de viver das pes-soas e na fluidez dos pa-râmetros da vida emsociedade. Para adoutora, o jo-vem valori-za o expe-rimento,o espa-

ço aberto e o imprevisto, em detrimentode resultados, planejamento das metase afirma que os jovens buscam a dife-renciação e o sentido de segurança paraprosseguirem, com as escolhas que jul-gam acertadas, os propósitos que de-fendem.

Em artigo publicado no DossiêEspecial sobre Juventude, da revista Po-lítica & Sociedade, do Programa de Pós-Graduação de Sociologia Política da

UFSC, Valéria Silva afirma que a juven-tude experimenta cotidianamente os ris-cos das atuais sociedades complexascomo qualquer outra pessoa. Dependen-do do segmento onde o jovem se insira,essa realidade se mostra bem mais agra-vada. “Os jovens se submetem, cada diamais cedo, a tensões referentes a todosos aspectos da vida em sociedade, ante

as quais têm de adminis-trar e fazer escolhas

c o ns ta nte m e nt e .Desse modo, a ju-ventude, no geral,se encontra dian-te da contingên-cia de construirsua experiênciaem ritmos cadavez mais acele-rados, em situ-ações de a lta

complexidade esem grandesajudas. Mas osjovens são su-jeitos do seutempo e dele

s a b e r ã omais do quenós. A nos-sa espe-rança éque deci-frem a Es-finge e

construam um mundo melhor, apesardos desafios”, considera.

Na sua tese, Valéria Silva ressalta que aspectos negativos e positivossão constituintes de quaisquer identidades, e não apenas das juvenis. Dos trêsgrupos de jovens estudados, ela verificou facetas várias das identidades emcurso, evidenciando, inclusive que algumas requerem um cuidado maior eurgente por parte da sociedade. “Em decorrência dessa complexidade tambémencontrei valores como a amizade, a solidariedade, a alegria, a justiça, a união,o coletivo orientando posturas individuais e grupais e influenciando diretamenteas práticas e processos identitários juvenis investigados. A sociedade não podeolhar para os jovens como se os mesmos pertencessem a outro mundo e tivessem,subitamente, desembarcado dentre nós. Precisamos entender que eles são partedos nossos costumes, dos nossos valores, das nossas práticas e ensinamentoscotidianos e refletir sobre isso”.

“Os jovens indicaramuma permanente

negociação com a qualeles têm que lidar para se

posicionarem numarealidade que ora apontapara a possibilidade da

autonomia de seuspassos, ora para a

desorientação frente àsinstituições sociais emcrise” concluiu a Profa.

Dra. Valéria.

*Profª Drª Marlúcia Valéria da SilvaDepartamento de Serviço Socialda UFPI(86) [email protected]

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5REPORTAGEM

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A Doutora em Enfermagem em Saú-de Pública e professora da UFPI e da No-vafapi, Telma Maria Evangelista de Araú-jo, recebeu o prêmio Maria Otávia Miran-da, durante o Congresso Regional de En-fermagem, realizado em Teresina, no últi-mo mês de maio, ao apresentar sua pes-quisa intitulada “Análise dos EventosAdversos Pós-Vacinais ocorridos em Te-resina”. Outros trabalhos foram apresen-tados neste congresso promovido pelaAssociação Brasileira de Enfermagem –ABEn/PI.

O estudo da Dra. Telma Araújo foifinanciado pela FAPEPI/CNPq, no ano de2006. A pesquisa sobre os eventos adver-sos pós-vacinais ocorridos em Teresinateve os dados coletados mediante a apli-cação de formulário em 18 Unidades Bási-cas de Saúde (UBS) e com os usuários detodas as faixas etárias - aproximadamentedez mil pessoas foram pesquisadas. A co-leta foi realizada pelas próprias pesquisa-doras e alunos da graduação em Enferma-gem da UFPI, após receberem treinamen-to.

Todas as pessoas quereceberam vacinas nas UBS emestudo, no período da pesqui-sa, foram orientadas a pro-curá-las frente ao apareci-mento de algum evento ad-verso, para que fossemadotadas as condutas ne-cessárias. As funcioná-rias da sala de vacinatambém receberamorientações paraindagar sobrepossíveis even-tos ocorridos naúltima dose devacina adminis-trada.

Para apesquisadora,as manifesta-ções modera-das e gravesapresentadasforam en-

caminhadas aos médicos das respectivasUBS e, posteriormente, foram preenchidasas fichas de notificação e encaminhadaspara análise dos casos. Desta forma, a con-duta dos profissionais frente aos eventosadversos moderados e graves foi classifi-cada em adequada e inadequada.

A Dra. Telma Araújo ressalta que“a despeito ao padrão de segurança dasvacinas, a pesquisa demonstra que estasnão estão totalmente livres de produzireventos adversos, porém os riscos de com-plicações graves são muito menores do queos produzidos pelas doenças contra asquais protegem. Além disso, a investiga-ção insuficiente pelos profissionais de saú-de leva-os a atribuir às vacinas muitos even-tos que não lhes são próprios ou que têmapenas alguma associação temporal coma sua administração”.

Visando padronização de condutasadequadas diante dos eventos adversospós-vacinais, as quais consistem em noti-ficação, investigação, acompanhamento ealgumas vezes, tratamento do paciente, apesquisa recomenda frente a qualquer ma-nifestação surgida após o recebimento deuma vacina, uma investigação criteriosa,centrada nos fatores relacionados à vaci-na, aos vacinados e à via de administra-ção.

Os eventos adversos pós-vacinaispodem ser divididos em dois grupos: com-plicações ou reações não imunológicas eimunológicas. As reações não imunológi-cas são complicações já esperadas, embo-ra sua intensidade e freqüência sejam vari-áveis, como dor ou convulsão. Outros sãoem conseqüências das falhas durante oprocesso de produção das vacinas e dastécnicas de aplicação. As reações imuno-lógicas podem ocorrer em pacientes comcomprometimento imunológico. Em quais-quer destes casos, estes eventos devemser diagnosticados mediante os exames clí-

nicos, tratados, notificados e orientadosem relação às vacinações subse-

qüentes.A pesquisadora

pôde observar que den-tre o total dos eventosadversos associados àvacina tetravalente em

46 crianças, foram maisfreqüentes: febre acima de

39ºC (76,0%), episódio hipo-tônico hiporresponsivo

(32,6%), irritabilidade e manifesta-ções locais moderadas

(13,0%). A categoria Outros foi represen-tada por febre até 39ºC, vômitos, dor, ru-bor, edema e calor local.

Dentre os 73 eventos investigados,14 foram associados ao BCG, dos quaisteve destaque a linfadenopatia regional nãosupurada com 42,8%; seguida de absces-so subcutâneo quente (14,3%), sendo osdemais de ocorrência menos significativas.

O estudo destaca que é comum aocorrência de eventos adversos em asso-ciação temporal com a vacinação, ou seja,a criança pode estar com algum patógeno,que só veio a se manifestar, coincidente-mente, no período em que ela foi vacinada.Observou-se que estas associações tem-porais tornam-se inevitáveis, especialmen-te em crianças.

O resultado da investigação des-taca que a vacina tetravalente pode le-var à ocorrência de algunss eventos ad-versos, principalmente nas primeiras48 horas após sua aplicação. Porém,na maioria das vezes, são benignos e

fugazes. “Registramos, comparticularidade, a alta freqüência doseventos adversos, na faixa etária me-nor de um ano, em relação às demais,possivelmente porque a imaturidadeimunológica contribua para estes va-lores significativos”, ressalta a pesqui-sadora.

Até completar um ano de vida, a cri-ança recebe na rede básica de saúde setediferentes tipos de imunobiológicos, sen-do que três destes são administrados emtrês doses, e um em duas doses, isto é, emmomentos distintos, perfazendo um totalde 13 doses, além daquelas recebidas porocasião das campanhas de vacinação.

Pode-se verificar que as vacinas quemais produziram eventos adversos forama tetravalente, BCG e DPT, tendo comoeventos mais freqüentes: febre, epi-sódio hipotônico hiporresponsi-vo, irritabilidade e manifesta-

ções locais mo-deradas.

Em relação às condutas adota-das pelos profissionais de saúde, apro-ximadamente 80% foram adequadas.Além disso, ficou constatada que aação de vacinação ainda continua re-querendo capacitação constante dosprofissionais da área e que os eventosadversos pós-vacinais, na sua maio-ria, não se constituem em motivos decontra-indicação ou substituição.

Ao estudar os efeitos colaterais dasvacinas, ficou comprovada, apesar dascomplicações causadas pelas mesmas, queé vantajosa, se posta na balança, a relaçãocusto-benefício. A pesquisadora conside-ra um risco necessário usar as vacinas naprevenção de doenças, por considerar quea contra-indicação e a diminuição na co-bertura vacinal podem apresentar riscopara a sociedade, como um todo.

A Dra. Telma Evangelista decla-ra que “o uso de cautela é imprescin-dível antes de se contra-indicar qual-quer imunobiológico, em virtude doaparecimento de algum evento emdose anterior, pois, em primeiro lugar,muitos deles não têm associação cau-sal com a vacina recebida e depois amaioria dos eventos ocorridosnão seconstitui em contra-indicações para asdoses subseqüentes, sendo de funda-mental importância para os profissio-nais de saúde conhecer as manifesta-ções que contra-indiquem o prossegui-mento do esquema vacinal, para qual-quer vacina”.

A pesquisadora Telma Evangelistapublicou seu trabalho na Revista Brasilei-ra de Enfermagem, REBEn, que é um dosmais importantes meios de divulgação epublicação da enfermagem brasileira. Para

ela, “é de grande relevância o prê-mio Maria Otávia Miranda

por relembrar uma ilustrerepresentante da enfer-

magem brasileira, nas-cida no Piauí, e por re-ceber o reconheci-mento da minhapesquisa”. MariaOtávia Miranda foia primeira enfer-meira piauiense atrabalhar no

Hospital Getu-lio Vargas –

HGV.

Dra. Telma Maria Evangelista de Araújo*

Estudo sobre efeitos de vacinas é destacado em evento científico

Percentual das vacinas que causaram os eventos do estudo.Teresina-PI - 2007 n= 73

*Telma Maria Evangelista de AraújoEnfermeira e Profª da UFPI e daNOVAFAPIDoutora em Enfermagem e Saúdepú[email protected]

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007 TERESINA - PI, JULHO DE 2007

6 ENTREVISTA: Prof. Fernando Galembeck

Químico recebe prêmio de melhor pesquisador brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Nesta edição, o Sapiência abre espaço para o professor Fernando Galembeck, considerado o melhor pesquisador de2006. O prêmio concedido a ele é o Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia de 2006, instituído pelo Ministério deCiência e Tecnologia. Professor titular de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Galembeck é conside-rando um grande talento. Formado pela USP, onde também fez o doutorado, orientou 28 teses de doutorado e 34 de mestrado,tendo publicado mais de 220 artigos. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e diretor da Academia Brasileirade Ciências, editor da revista Química Nova e participou ativamente da formulação e implementação do PADCT (Programa deApoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Tem forte intercâmbio com empresas industriais.

Fernando Galembeck é considerado um pesquisador de excepcional destaque nas aplicações da físico-química à tecno-logia industrial. Com pós-doutorado nas universidades da Califórnia e do Colorado (EUA), suas linhas de pesquisa percorrem asubárea da Tecnologia Industrial, trazendo um desenvolvimento crescente para as pesquisas científicas brasileiras. Desenvol-veu ainda diversas atividades de pesquisa sobre grande variedade de materiais com aplicações industriais, tais como colóides,polímeros, membranas, pigmentos, adesivos, filmes, vidros e géis. Já sua produção tecnológica compreende seis produtos e 15processos e técnicas, sendo vários deles desenvolvidos em cooperação com indústrias, tais como a Rhodia, Oxiteno e indústriasde tintas e calçados. Depositou ainda 18 patentes, das quais sete foram licenciadas e dois produtos baseados nessas patentesforam comercializados.

Dentre outras premiações, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 2000, rece-beu o Prêmio Fritz Feigl em 1997, o Prêmio Abiquim de Tecnologia em 2005, e o Prêmio José Pelúcio Ferreira da Finep em2006. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, foi membro titular do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologiae vice-reitor da Unicamp no período de 1998 a 2002.

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007TERESINA - PI, JULHO DE 2007

7ENTREVISTA: Prof. Fernando Galembeck

Químico recebe prêmio de melhor pesquisador brasileiroSapiência - O que representa para o Se-nhor o prêmio concedido pelo MCT/CNPq?FG - Receber esse prêmio me trouxe muitaalegria, porque ele é a maior evidênciade reconhecimento que um pesquisadorpode receber do governo brasileiro. Oprêmio me diz que, ao lado de muitos er-ros, fiz também alguns acertos que al-guém achou importantes.

Sapiência – O prêmio Almirante ÁlvaroAlberto é concedido ao pesquisador quetenha se destacado pela realização deuma obra científica ou tecnológica dereconhecido valor. Qual foi a sua maiorcontribuição para a ciência, em 2006, queo fez receber tão importante reconheci-mento?FG - O prêmio não se refere à contribui-ção feita em um ano específico, já que ospesquisadores de qualquer área só con-correm a cada três anos. Pelo que eu en-tendi, ouvindo os discursos da cerimô-nia de premiação e alguns comentários,o que me levou a ser premiado foi o es-forço simultâneo de pesquisa, de aplica-ção dos resultados da pesquisa e de for-mação de pessoal capacitado para estetipo de trabalho, principalmente no casodo pigmento branco de fosfato de alumí-nio.

Sapiência – Na prática, qual o teor des-se estudo sobre pigmento branco de fos-fato de alumínio? FG - Foi um trabalho de criação, atravésde pesquisa e desenvolvimento, de umnovo produto industrial: um pigmentobranco à base de fosfato de alumínio.Foi desenvolvido um processo de fabri-cação de partículas com poros fechados,ou seja, partículas ocas. O aspecto queme parece o mais interessante é que umasubstância que não é, intrinsecamente,um pigmento branco adquiriu essa pro-priedade, por ter sido obtida com umamorfologia especial e muito pouco usu-al.

Sapiência – Sua produ-ção científica está

registrada nasme lh or es

r e v i s -t a s

especializadas e supera a marca de 180trabalhos. Quais desses trabalhos o Se-nhor destacaria?FG - Gosto muito da maioria dos meustrabalhos. Alguns, como os que tratamda modificação de superfícies de polí-meros, porque me abriram o caminho paraa nanotecnologia; outros, como os tra-balhos sobre heterogeneidade de partí-culas coloidais, porque me permitirammudar idéias adotadas por muita gente,no mundo todo; os trabalhos sobre bor-racha natural e nanocompósitos, porqueestão mostrando um vasto cenário paraa criação de novos materiais e para avalorização de matérias-primas brasilei-ras. Finalmente, os trabalhos sobre fos-fato de alumínio, porque geraram um dosprimeiros produtos industriais criados noBrasil.

Sapiência – Já sua produção tecnológi-ca compreende seis produtos e 15 pro-cessos e técnicas, sendo vários delesdesenvolvidos em cooperação com in-dústrias. Depositou ainda 18 patentes,das quais sete foram licenciadas e doisprodutos baseados nessas patentes fo-ram comercializados. Na prática, as pes-soas estão utilizando produtos que sur-giram do seu campo de idéias? Fale so-bre alguns deles.FG - Um produto em cujo projeto traba-lhei cooperando com uma empresa noBrasil e que chegou ao mercado há maisde dez anos foi um isolante de cabo elé-trico de alta tensão, produzido no Brasile exportado para vários países. Outrosprodutos, os nanocompósitos e o pig-mento de fosfato de alumínio, ainda nãoestão sendo vendidos regularmente, masas empresas que licenciaram as patentesos estão produzindo em lotes piloto for-necidos para clientes, principalmentepara que estes os utilizem no desenvol-vimento de seus próprios produtos. Nes-se momento, as empresas licenciadasainda não têm instalações produtivas degrande escala para os nossos produtos,mas uma delas já está investindo forte-mente, com essa finalidade.

Sapiência – Fora o seu grande trabalhocomo professor titular da Unicamp, bol-sista de Produtividade em Pesquisa 1Ado CNPq, o Senhor também tem contri-buído para a formação de excelentes pes-quisadores, seja como orientador, sejacomo inspiração para outros. Como ana-lisa isso? Essa corrente já chegou ao

Piauí?FG - Tive a felicidade de ter excelen-

tes estudantes e colaboradores,que hoje estão em diversos pon-

tos do País, inclusive Mara-nhão, Piauí, Ceará, Pernambu-

co, Bahia, Goiás, Mato Gros-so, Paraná, Santa Catarinae Rio Grande do Sul. NoPiauí, está o Dr. JoséMachado Moita, um in-telectual de peso quefez uma excelente tesesobre látexes poli-méricos e aindaprestou uma cola-boração funda-mental no traba-lho sobre géisde polifosfa-tos da Dra.

Emília Lima, que hoje é professora naUFG.

Sapiência - Recentemente, Teresina foisede do I Congresso Internacional deAgroenergia e Biocombustíveis, no qualpesquisadores de vários países discuti-ram estudos na área de biocombustíveisO Senhor acredita que o setor pode esti-mular mais investimentos em pesquisasnas universidades, principalmente naárea de química?FG - Se nós brasileiros tivermos um pou-co de juízo, não vamos desperdiçar essagrande janela de oportunidade que seabriu para o Brasil, no início do século21. De fato, o Brasil se preparou muitobem para essa situação, desde os anos70, tornando-se líder global em agroe-nergia – no momento em que o mundotenta passar para a era do pós-petróleo.Os investimentos privados estão ocor-rendo, inclusive a partir do Exterior. En-tretanto, ainda não vejo um programanacional bem articulado para que essasituação crie muitos benefícios para to-dos, minimizando ao mesmo tempo asinevitáveis perturbações trazidas portoda e qualquer mudança.

Sapiência – Em sua opinião, os órgãosfederais de fomento devem estabelecerdiretrizes estratégicas apoiando os gru-pos de pesquisa consolidados ou terema preocupação com a inclusão de gru-pos de pesquisa emergentes?FG - Estou propondo, há vários anos, arevogação da preposição “ou”, em tudoque diga respeito à política científica.Precisamos de todos, colaborando comelevado espírito de cidadania, para criar-mos e executarmos políticas abrangen-tes, que beneficiem cada brasileiro e bra-sileira. Cada um tem de poder contribuir,à sua maneira e da melhor forma possí-vel, para o bem geral.

Sapiência – Um cientista, na sua posi-ção, não deixa de ter uma visão tambémpolítica sobre a condução da ciência noBrasil. Nosso país está no rumo certo noque se refere a investimento em Ciênciae Tecnologia? O que nos falta para al-cançarmos níveis de primeiro mundo?FG - Houve acertos e desacertos impor-tantes, na última década. A criação dosFundos Setoriais foi um acerto, o virtualseqüestro de grande parte dos seus re-cursos é um desacerto. A recente gestãodo presidente Erney Camargo, no CNPq,colecionou muitos acertos. Por outrolado, estou vendo mais discursos sobreo programa nacional de ciência e tecno-logia do que propostas concretas, perti-nentes e sólidas. A partir de 2004, e emque pese à dedicação de alguns funcio-nários da coordenação de nanotecnolo-gia do MCT, a execução das políticas denanotecnologia foi decepcionante devi-do a algumas decisões da cúpula. Feliz-mente, a atividade de empresas nestaárea está sendo vigorosa e tem conse-guido, ainda que a duras penas, contra-balançar alguns equívocos do governo.No meu entender, o Brasil já mostrou quesabe fazer bons programas de desenvol-vimento científico e tecnológico, comofoi o PADCT que atravessou vários go-vernos nos anos 80 e 90. No momento,as autoridades ainda não acertaram opasso.

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

REPORTAGEM8

Prof. Diogo Lustosa Neto.

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Trabalho piauiense é destaque em encontronacional de dentística

Graduado em Odontologia pelaUniversidade Federal do Piauí, especi-alizado em Prótese Dental pela Socie-dade de Promoção Social do FissuradoLábio Palatal e aperfeiçoado em Den-tística Restauradora e em Prótese Re-movível Parcial e Total, além da experi-ência na área de odontologia, com ên-

fase em Dentística, atuando principal-mente na odontologia Restauradora, noPrograma Saúde da Família e na promo-ção de Saúde, Diogo Lustosa Neto temdado sua contribuição à ciência.

Os procedimentos restauradoresfoi o tema que despertou interesse doprofessor Diogo Lustosa, tendo suapesquisa resultado da dissertação demestrado defendida no Curso de Mes-trado em Ciências e Saúde, pela Uni-versidade Federaldo Piauí. O tema es-colhido foi o “Perfilda Dentística doPrograma Saúde daFamília (PSF) em Te-resina/Piauí”.

A pesquisadelineou um levan-tamento dos proce-dimentos restaura-dores diretos, ou seja, realizados na ca-deira do dentista, através das equipesde saúde bucal do PSF, no que tangeao tipo de procedimento, material res-taurador utilizado, motivos que levarama realização do procedimento, dentreoutros.

Através de formulário foram co-letados, durante 04 meses, os procedi-mentos realizados em 06 postos de 03zonas do PSF, sendo analisado um to-tal de 12 dentistas. Desta forma, a pes-quisa obteve uma taxa de resposta de100%, tendo em vista que todos os pro-fissionais participaram da análise.

Para Diogo Lustosa, a pesquisapossibilitou repensar a metodologiautilizada para remoção de restaurações

antigas por novas,ou seja, o profissi-onal, ao invés detrocar a restauraçãopode repará-la, evi-tando o desgastedo dente. Algunsdos procedimentosanalisados, sem areparação, podemdetectar tecidos ca-

riados remanescentes, enquanto que aoserem repolidas, na maioria não cons-tava cárie. Diante disso, o pesquisadorpode constatar que ganha tanto o ser-viço público, com economia de custosquanto o paciente que evita o desgas-te do dente e esclarece que “os resul-tados desta pesquisa são semelhantesaos encontrados na literatura, inclusi-ve internacional, e também quanto àstendências de utilização de novos ma-teriais”.

Verificou-se,também, que a reti-rada somente da parte deteriorada darestauração, apresenta uma economiade tempo,material e de mão-de-obra,além disso, observou-se que há umatendência de mudanças das restaura-ções de amalgama que são escuras pe-las de resina que são mais claras.

A importância da pesquisa de Di-ogo Lustosa foi reconhecida no XVIIEncontro do Grupo Brasileiro de Pro-fessores de Dentística (GBPD), realiza-

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do de 06 a 09 de junho, em Gramado(RS). Durante o encontro, o professorapresentou seu trabalho (pôster) quelhe rendeu prêmio de segundo lugar nacategoria Ensino e Extensão. Foram 113trabalhos apresentados, sendo que opôster do professor Diogo foi o únicodo Norte-nordeste que foi premiado.“Foi a minha primeira participação noevento e com um resultado positivo.Foi importante ser premiado porqueeste é o evento que reúne especifica-mente os professores da disciplina deDentística, da qual sou professor naNOVAFAPI. Além disso, esta foi umapesquisa inédita no Brasil (dentro doPSF) que provavelmente servirá de re-ferência para futuras pesquisas tantono Piauí quanto em outros estados”,declarou Diogo.

O encontro do GBPD é importan-te para o profissional da Odontologiaporque através dele são discutidas asdiretrizes que devem ser seguidas pe-los professores em todas as faculda-des de odontologia do país, ou seja, háuma uniformização no que diz respeitoàs condutas a serem adotadas frenteàs várias situações clínicas apresenta-das tanto quanto ao procedimento a serrealizado bem como ao material a serutilizado.

Diogo Lustosa ressaltou, ainda,que o destaque na participação no re-

Prof. Diogo Lustosa, ao lado do banner que lhe rendeu prêmio

“Deve-se repensar ametodologia de remoçãode restaurações antigaspor novas” afima o Prof.

Diogo Lustosa.

ferido evento deve-se ao apoio em es-pecial aos professores orientadores doMestrado Raimundo Rosendo PradoJúnior, a Regina Ferraz Mendes e a ins-tituição no qual trabalha.

*Diogo Lustosa NetoProfessor na área de Dentista da NovafapiMestre em Ciências e Saú[email protected]@oi.com.br

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

REPORTAGEM 9

Mestranda da área de Zootecnia ganha prêmiono I encontro de Pós-Graduação da UFPI

Pesquisadora Mara Ramel.

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A realização, em 2006, do XV Se-minário de Inscrição Científica da UFPIsimultaneamente com o I Seminário dePesquisadores do Meio-Norte e o I En-contro de Pós-Graduação da UFPI abor-daram a temática, Ciência, Tecnologia eInovação para o desenvolvimento doMeio-Norte como resultado de uma açãoda Universidade Federal do Piauí. O ob-jetivo do evento visava criar um espaçode discussão, de âmbito regional, com acomunidade científica, representantes deórgãos de fomento e Fundações deAmparo à Pesquisa, tendo a pesquisacomo indutora do desenvolvimento re-gional, a pós-graduação, inovação tec-nológica e propriedade intelectual.

Nesta 1ª edição conjunta do even-to que aconteceu no último mês de no-vembro, foram apresentados trabalhos,em forma de pôsteres e comunicaçãooral, além de conferências, palestras,mesas redondas e mini-cursos sobre ela-boração de artigos científicos. Na opor-tunidade, Mara Ramel de Sousa Silva,mestranda em Ciência Animal – CCA/UFPI apresentou sua pesquisa que con-siste em cruzamentos das raças de ca-prinos para a produção de carne, atra-vés de medidas morfométricas, na qualganhou o prêmio de melhor trabalhoapresentado.

O tema do trabalho de Mara Ra-mel foi intitulado “Correlações entremedidas morfométricas corporais e tes-ticulares de caprinos Anglonubianos eF1 Boer – Anglonubiano, durante a fasede crescimento”. De acordo com a pes-quisa, mesmo a caprinocultura sendopraticada com pouca tecnologia e baixoinvestimento, não é uma prática rotinei-ra o criador utilizar mensurações simplescom o animal vivo para dizer o desempe-nho em características qualitativas, ren-dimento e conformação ou ainda, facili-tar o manejo do rebanho.

Para Mara Ramel, a caprinocultu-ra representa considerável importânciaeconômica e social para o Brasil, princi-palmente para o nordeste, na qual cons-titui-se em alternativas para a produçãode carne , leite e couro. Entretanto, comoas opções de manejo são, geralmente

inadequadas e sem muitas inovaçõesdentro de sistemas de criação predomi-nantemente extensivos, fica em evidên-cia o baixo potencial genético dessesanimais para a carne e leite.

Por meio de exame visual e tátil, apesquisadora buscou estimar a quanti-dade de tecido mus-cular e adiposo de-positado no esque-leto do animal, deter-minar indiretamentea quantidade deenergia armazenadaem seu organismona forma de tecidosde reserva, princi-palmente gordura e ainda, facilitar omanejo dos rebanhos, tendo como ob-jetivo, avaliar a relação entre pesos emedidas morfométricas e testiculares emcaprinos até 180 dias de idade.

A pesquisa delineou 48 animais,com igual número de macho e fêmeasAnglonubiano e F1 Boer-Anglonubia-no, os pesos ao nascer e ao desmame,perímetro, profundidade torácico, com-primento do corpo e da garupa, circun-ferência e comprimento escrotal, dentreoutras avaliações.

Através da pesquisa, constatou-se que os animais com boa genética,

A pesquisa consiste emcruzamentos das raças decaprinos para a produção

de carne, através demedidas morfométricas.

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Caprino da raça anglonubiano. No detalhe, testículo característico da genética do animal

*Mara Ramel de Sousa SilvaMestrda em Ciência Animal - CCA/[email protected]

mesmo sendo separados da mãe, se de-senvolvem somente com a suplementa-ção alimentar para suprir o leite mater-no. Da mesma forma, ao medir os testí-culos, o estudo revelou que os animaiscruzados são bons reprodutores.

Na busca da idade ideal para oabate, melhoria daqualidade de carca-ça e consequente-mente, por melhoresresultados econômi-cos, a introdução deraças de corte pre-coce e o uso de es-tratégias de suple-mentação alimentar

foram utilizados recursos recomendadospor orientação técnica, opondo-se aossistemas tradicionais de terminação apastos, sendo que a idade de abate in-fluencia diretamente nas característicasquantitativas da carcaça, o rendimento,a proporção de componentes não-car-caça, o teor de gordura e a proporção deossos. Pode-se constatar que a carneproveniente de animais jovens apresen-ta menos gordura, maior maciez e atémesmo um aroma mais suave que osanimais velhos.

De acordo com a pesquisadoraMara, “as correlações entre peso ao des-

mame com as medidas biométricas fo-ram elevadas. Como também, pode-seconstatar que as medidas testicularescorrelacionaram positivamente com omaior desenvolvimento corporal e, emdecorrência da facilidade de mensura-ção da circunferência escrotal, sua indi-cação para programas de seleção de re-produtores ganha importância”.

Com a premiação, a pesquisadoraMara Ramel, junto com o seu orienta-dor, Prof. Dr. José Elivalto, irão partici-par da 44ª Reunião Anual da SociedadeBrasileira de Zootecnia, na cidade de Ja-boticabal, em São Paulo, no período de24 27 de julho deste ano. O encontro,que reúne mais de dois mil profissionaisda área, de todos os estados brasileirose, também de outros países, inclui umsimpósio temático sobre agricultura. Naoportunidade, a pesquisadora apresen-tará um novo trabalho e considera que“este congresso é uma referência na áreade zootecnia e é um incentivo muitogrande a continuar produzindo pesqui-sa no Piauí”.

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

RESUMO DE TESES10

Análise da variabilidade genética dentro e entreespécies de cinco seções do gênero Arachis L. pormeio de RAPDs

Sérgio Emílio dos Santos ValenteProf. Adjunto I - UFPIDefesa: Universidade Estadual Paulista, [email protected]

Algumas espécies do gênero Arachis são extensamenteusadas como plantas comerciais. Dessas espécies, A. hypo-gaea é cultivada por fornecer altos teores de proteína e umóleo de excelente qualidade, enquanto A. Pintoi e A. gla-brata têm sido comercializadas para uso forrageiro. O ger-moplasma da maioria das espécies do gênero Arachis estádisponível em bancos de germoplasma. Porém, este ger-moplasma é pouco conhecido, principalmente sobre a va-riabilidade genética existente, o que é muito importantepara sua manutenção. Recentemente, as metodologias maisutilizadas para analisar-se a variabilidade genética têm sidoos marcadores moleculares, tais como RAPD (Polimorfis-mo de DNA Amplificado ao Acaso). Neste trabalho, utili-zou-se a técnica de RAPD, para analisar-se a variabilidadegenética dentro e entre 48 acessos de 20 espécies descritasde cinco seções do gênero Arachis e estabelecer as relaçõesgenéticas entre estes acessos. Dez, de 34 “primers” testa-dos, foram selecionados para as reações de amplificação deDNA, por gerarem um maior número de loci polimórficos.Um dendrograma foi construído, baseado nos dados destes10 “primers” selecionados. Foram analisados oitenta mar-cadores RAPD entre os acessos estudados. As relações en-tre as espécies, baseadas na técnica de RAPD, foram seme-lhantes a estudos prévios baseados na morfologia, citolo-gia e a dados de cruzamento; demonstrando que a técnicade RAPD pode ser utilizada para se determinar as relaçõesgenéticas entre espécies de diferentes seções do gêneroArachis. O conhecimento gerado com as dissertações eteses, que estudaram o gênero Arachis, permitirá que umaclassificação sólida seja produzida. Em geral, uma alta va-riação foi encontrada entre os acessos de espécies diferen-tes, enquanto que uma baixa variação foi detectada dentrodos acessos, embora poucos acessos tenham sido represen-tados por dois ou mais indivíduos. Isso indica que há varia-ção relacionada ao sistema de cruzamento no gênero Ara-chis; dessa forma, cada espécie deveria ser analisada ao seformar uma coleção de germoplasma, bem como na esco-lha da estratégia da sua manutenção.

MODEST: Um método de teste baseado em modelos

Pedro de Alcântara dos Santos NetoProfessor Adjunto da UFPIDefesa: Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

Resistência induzida a Xanthomonas vesicatoria emtomateiro e Verticillium dahliae em cacaueiro porextratos naturais: caracterização bioquímica,fisiológica e purificação parcial de el iciadoresprotéicos

Fabio Rossi CavalcantiProfessor Adjunto/UFPI/Campus de Bom JesusDefesa: Universidade Federal de Lavras, MinasGerais, [email protected]

A eficiência de extratos naturais e formulações comerciaissobre a indução de resistência em plantas de tomateiro(Lycopersi con esculentum) e cacaueiro (Theobromacacao), infectadas, respectivamente, com Xanthomonasvesicatoria (Xv) e Vertici lium dahlliae (Vd), foi avaliada.Plantas foram submetidas aos seguintes tratamentos:pulverização foliar com suspensões heterogêneas dequitosana, filtrados de micélio de Crinipellis perniciosa,extratos aquosos de tecido necrótico de ramos de lobeira(Solanum lycocarpum) infectado por C. perni ci osa ,Acibenzolar-S-metil (ASM), Ecolife®, dentre outros.Plantas foram pulverizadas previamente com ostratamentos e depois inoculadas com os respectivospatógenos. Tratamentos mostraram-se efetivos naproteção das plantas de tomateiro e cacaueiro, destacando-se ASM e extratos a quente e a frio de pó de vassoura delobeira. Plantas de tomate e de cacau submetidas aostratamentos também mostraram alteração da atividade deperoxidases (POX) e oxidases de polifenóis (PPO), bemcomo significante aumento na deposição de lignina, reduçãonos valores de fenóis totais e aumento na atividade de b-1,3-glucanases (GLU) e quitinases (QUI). Plantas de tomatetratadas mostraram aumento na atividade de dismutases desuperóxido (SOD), catalase (CAT) e peroxidases deascorbato (APX). As plantas de tomate não submetidasaos tratamentos mostraram declínio na assimilação de CO2,na taxa de transpiração, na eficiência de carboxilação e nataxa fotossintética e apresentaram alteração na eficiênciado uso de água e eficiência de carboxilação. Dentre ostratamentos capazes de promover redução da mancha foliarem tomate, o extrato a frio de vassoura de lobeira, foifracionado com sulfato de amônio e as frações foram entãosubmetidas à cromatografia de troca catiônica. O picoretido em CM-celulose e o pico retido em DEAE-celulosequando aplicados em plantas de tomate acarretaram umforte aumento da atividade de peroxidases.

Estudo genético e epigéneticoem adenocarcinoma gástrico

O câncer gástrico é o terceiro mais freqüente tumor malig-no no mundo. No Brasil foram estimado 23.200 caso em2006. Segundo a classificação de Laurén, eles são divididosem: adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e tipo difuso.Estudos sugerem que há duas vias para a carcinogênesegástrica envolvendo classes de genes que sofrem alteraçõesgenéticas e epigenéticas: a via mutadora, que envolve ge-nes relacionados direta ou indiretamente com mecanismode reparo do DNA, e a via supressora, que engloba genesrelacionados com mecanismo de supressão tumoral. O es-tudo avaliou alterações genéticas e epigenéticas em câncergástrico. A avaliação genética consistiu na triagem mutaci-onal por PCR-SSCP do gene PTEN e seqüenciamento. Ogene PTEN é considerado um gene supressor de tumor,portanto participaria da via supressora. Porém os resulta-dos corroboram a hipótese, que alterações somáticas nogene PTEN são eventos raros em câncer gástrico. A avali-ação epigenética foi realizada por meio do estudo do pa-drão de metilação do DNA dos genes DNMT3A, DNMT3B,DNMT3L, MLH1, PMS2, MSH2, MSH6, ANAPC1,RUNX, TP53 e P16 por Metilação PCR Específica e se-qüenciamento para controle positivo. Analisamos e corre-lacionamos o perfil de metilação das DNAmetiltransfera-ses de novo com alteração no padrão de metilação do DNAdos demais genes estudados e os prováveis genes partici-pantes da via mutadora e via supressora para testar aaplicabilidade desse modelo em relação ao fenômeno epi-genético Os resultados sugerem a ausência da associaçãoentre o perfil de metilação das DNA-metiltransferases denovo e o perfil de metilação dos genes estudados, a nãoaplicabilidade do modelo em relação ao fenômeno epige-nético. Os resultados sugerem que o gene RUXN3 pode serutilizado como marcador genético na distinção entre ade-nocarcinoma gástrico tipo intestinal e tipo difuso. A carac-terização das alterações genéticas e epigenéticas nos genesenvolvidos na carcinogênese gástrica é relevante para umaapropriada intervenções terapêuticas.

Eleonidas Moura LimaProfessor Adjunto UFPIDefesa: Universidade de São Paulo – Campus deRibeirão Preto, [email protected]

Poesia Negra das Américas: Solano Trindadee Langston Hughes

Esta tese prioriza o estudo da poesia negra do brasileiroSolano Trindade (1908-1974) e do norte-americano Lan-gston Hughes (1902-1967). Minha pesquisa também fre-qüenta a obra de outros poetas como Countee Cullen (dosE.U.A.), os caribenhos Nicolás Guillén (de Cuba), AiméCésaire (da Martinica) e de alguns poetas brasileiros, ro-mancistas; além de narrativas escravas, canções, lendas,ritos religiosos da cultura afro-descendente. Analiso a poe-sia dos precursores e fundadores da literatura do negrobrasileiro. Faço uma leitura comparativa entre a épica clás-sica do colonizador europeu e a épica quilombola “Cantodos Palmares”, de Solano Trindade. Relaciono a literaturanegra com a música das Américas, a performance do griot,poeta da antiga tradição africana, e de outros mestres decerimônia da Diáspora. Enfoco a memória pessoal e cole-tiva no discurso poético, a construção da identidade negra,o discurso engajado da negritude marxista, a história daescravidão, a violência, o exílio social do negro, a cultura esuas estratégias de resistência. Conto minhas memórias deinfância, falo sobre o Boi da minha cidade - o nascimentodo Bumba-meu-boi no Piauí e sua transferência para oMaranhão. Relaciono os poemas de Hughes à alegria de sernegro, à reivindicação dos direitos civis e da América tam-bém para os negros, denunciando a ação terrorista da KuKlux Klan. Analiso a poesia de Hughes que traduz os moti-vos temáticos, filosóficos e estéticos das canções de blues/jazz. Destaco a estética, a temática e a função social dapoesia negra, do jazz, da capoeira. Abordo a poesia deHughes e de Solano, a partir da perspectiva da memóriapessoal, autobiográfica e coletiva desses autores, em rela-ção com os contos populares e as narrativas de experiênciados ancestrais negros. Retomo minhas considerações acer-ca da tradição africana, da identidade negra e as experiên-cias da vida moderna na Diáspora, que resultaram na Ne-gralização das culturas das Américas. Faço ainda a tradu-ção de catorze poemas de Langston Hughes, da língua in-glesa para a portuguesa.

Professor adjunto da UESPIDefesa: UNIVERSADE FEDERAL DE PERNAMBUCO,[email protected]

Identidade Juvenil na Modernidade Brasileira:sobre o constituir-se entre tempos, espaçose possibil idades múltiplas.

Marlúcia Valéria da Silva.Professora Adjunto da Universidade Federal do Piauí.Defesa: Universidade Federal de Santa Catarina, [email protected]

Compreender a constituição identitária juvenil na moder-nidade brasileira foi o esforço geral empreendido na inves-tigação. Entendendo a identidade como efetivada num es-paço relacional, a análise tomou como sujeitos gruposjuvenis da cidade de Florianópolis-SC, enfocando nessesambientes as práticas e discursos, por entendê-los comotradutores de um processo identitário em curso. Contextu-alizando as experiências juvenis num espaço relacionalmais amplo, a investigação retomou o atual contexto damodernidade brasileira, evidenciando suas particularidadesdiante da experiência moderna como um todo e do atualparticular momento de sua crise. O principal foco da aná-lise foi explicitar a constituição identitária juvenil juntoaos grupos escolhidos quanto a presenças, imbricamentose tensões dos aspectos atinentes à atual expressão moder-na brasileira observados no cotidiano de práticas e elabo-rações discursivas grupais. A observação, a entrevista gru-pal, o questionário e o registro fotográfico foram os cami-nhos adotados para a aproximação com o real estudado eaquisição das informações que substanciaram as análises.Foram assim escolhidas tendo em vista as intenções dainvestigação e a especificidade dos sujeitos que tecem suasvivências em redes capilares do cotidiano onde constitu-em ‘identidades abertas’. Em estreita interação com ocontexto que os cerca os jovens formulam e experimen-tam suas primeiras interações num meio marcado pelacontingência, num mundo sem fronteiras e amorfo, rela-cionando-se com todas as tensões e incertezas daí advin-das. Além disso, vivenciam intensamente os aspectos his-tóricos constantes da experiência moderna brasileira, oque os configura vivendo uma situação caleidoscópica esem referências estáveis a partir das quais construam um‘lugar’ juvenil no seu tempo. Desse modo, as identidadesjuvenis se mostram enquanto inacabadas, sendo recom-postas cotidianamente no ritmo das respostas que os jo-vens são instados a oferecer às alterações impostas peloreal fluido que os cerca.Palavras-Chave: Juventude. Identidade. Modernidadebrasileira.

Neste trabalho apresentamos contribuições relacionadas àmelhoria das atividades de teste, em particular, apresentamosum método de Teste Baseado em Modelos, denominadoMODEST, que foi concebido para utilizar informações sim-ples sobre o comportamento do Sistema Sob Teste. O uso doMODEST pode reduzir o custo do desenvolvimento, em fun-ção da redução do esforço exigido durante a construção dosoftware. Embora o uso do método aumente o tempo paradesenho, ele reduz o esforço exigido nas atividades de teste.Essa redução propicia uma diminuição geral no tempo dedesenvolvimento, que normalmente acarreta em ganhos emtermos de custos. O uso do método também pode trazer umamaior capacidade de detecção de falhas. Isso foi evidenciadoem um estudo experimental, que mostrou que os testes gera-dos automaticamente, utilizando a ferramenta baseada nométodo, foram mais eficazes na detecção de falhas que ostestes manualmente produzidos pelos participantes do estu-do. Durante a criação do MODEST identificamos uma sériede requisitos associados ao Teste Baseado em Modelos. Agru-pamos esses requisitos na forma de um catálogo e o estende-mos a partir da realização de oficinas de requisitos com diver-sos profissionais relacionados ao desenvolvimento de sof-tware. O catálogo de requisitos desenvolvido captura as ne-cessidades, expectativas e restrições dos trabalhadores relaci-onados ao desenvolvimento de software considerados. Ape-sar desse catálogo ter sido influenciado diretamente por nossoconhecimento prévio no desenvolvimento de sistemas deinformação, ele também pode ser útil para outros domínios.Os requisitos existentes no catálogo podem ser utilizadoscomo guia para o desenvolvimento de novos métodos e fer-ramentas, assim como pode servir de base para a avaliação demétodos e ferramentas para o Teste Baseado em Modelos.

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

REPORTAGEM 11

Pesquisador de destaque na área de nanotecnologia eeletroquímica traça parceria com a UFPI

O pesquisador Doutor do Insti-tuto de Física de São Carlos – IFSC/USP,Frank Nelson Crespilho, visitou a Uni-versidade Federaldo Piauí, a convitedo Departamento deQuímica, e realizoupalestras no últimomês de maio. Os te-mas abordados fo-ram “Filmes Nano-estruturados: Desdea Síntese de Nano-estruturas aos Desa-fios e Aplicações” e“Recentes  Avançosem Eletroquímica deSistemas Nanoes-t r u t u r a d o sAutomontados”.  Oevento foi destina-do a alunos de gra-d u a ç ã o ,

pós-gradua-ção de quí-mica e áre-as afins.A vindado pes-quisa-dor é

patrocinada pelo projeto nacional “Ins-tituto Multidisciplinar em Materiais Po-liméricos” do CNPq, cuja coordenaçãolocal estava a cargo do Prof. Dr. HelderNunes da Cunha, do Departamento deFísica e diretor do Centro de Ciência daNatureza. ”O objetivo das palestras édespertar nos alunos a importância dananotecnologia e das técnicas eletro-químicas no desenvolvimento de pro-dutos e serviços”, diz o Prof. Dr. WelterCantanhede, organizador das palestras.

Frank Crespilho tem uma gran-de experiência na área. Embora seja con-siderado pesquisador muito jovem (28anos), Crespilho possui mais de vinteartigos publicados em revistas nacio-nais e internacionais com alto impactocientífico; dois capítulos em livros; in-ventor de duas patentes e, também,pesquisador do projeto “Tecidos Inte-ligentes”, ligado à área têxtil.

Dentre os artigos científicos pu-blicados, entre outubro de 2006 a mar-

ço de 2007, apre-senta novos hori-zontes em estudosde biomoléculas emeletroquímica eocupa o quarto lu-gar no ranking dosTOP 25 Hot Papersna revista Eletro-chemistry Commu-nication entre osmais lidos. Crespi-lho também publi-cou outros artigosnessa conceituadarevista de eletro-química.

O trabalhodo pesquisador es-tuda os fenômenos

biomoleculares em sistemas nanoestru-turados e lhe rendeu convites pararealizar o pós-doutorado no exteri-or e para escrever em várias re-vistas científicas, na Europa enos Estados Unidos. Ape-sar de receber propostaspara ir para exterior,Crespilho garanteque no momentofica no Brasil,onde tem seus

trabalhos suportados financeiramentepela FAPESP.

Sua vida acadêmica sempre foi de-dicada a novas descobertas, motivadapela parte da pesquisa na iniciação cien-tífica e tendo contato com várias áreasda química, física e engenharia de materi-ais. Em princípio, Crespilho desenvolveumétodos alternativos de descontamina-ção ambiental, utilizando a Eletroquími-ca, a partir de sensores para análise deinseticidas no meio-ambiente, em segui-da partiu para desenvolver a eletroflota-ção, técnica que aplica uma corrente elé-trica em duas placas metálicas, geralmentede alumínio ou ferro (eletrodo) para libe-ração de um agente coagulante. Com estatécnica seria possível remover a sujeiraou a contaminação ambiental do sistemaaquático. Crespilho acrescenta: “trata-sede tratamento de efluentes e resíduos in-dustriais, tratamento de esgoto urbano eindustrial, e por meio desta técnica obti-vemos excelentes resultados que nosrendeu uma patente junto a Universida-de de São Paulo com o Instituto de Quí-

mica de São Carlos, além da publicaçãode um livro”.

Para Crespilho, o livro “Eletroflo-tação: Princípios e Aplicações”, resul-tado da sua dissertação de mestrado, foibastante estimulante porque, pela pri-meira vez, pode mostrar para o públicoque é possível desenvolver no Brasilpesquisas em tecnologias mais limpas epromissoras na área de descontamina-ção ambiental.

Já no doutorado, o pesquisadorrelata que teve a oportunidade de traba-lhar com grandes cientistas e institui-ções, como o professor Dr. FranciscoCarlos Nart, morto na queda do avião daGol em setembro do ano passado; o gru-po do conceituado físico Professor Dr.Oswaldo N. Oliveira Junior, do Institutode Física de São Carlos e na Universida-de de Coimbra, em Portugal, com o reno-meado pesquisador Prof. Dr. ChristopherM.A. Brett, atual presidente da Interna-tional Society of Electrochemistry. Naocasião, as pesquisas foram realizadaspor meio de ferramentas eletroquímicas.O estudo remeteu ao comportamento dealguns sistemas biológicos, quando emcontato com nanopartículas, área da ci-ência conhecida internacionalmentecomo bionanoeletroquímica. Por ser umaárea muito recente na ciência do Brasil,isso o estimulou de forma que defendeuo doutorado em dois anos e meio e apartir disso, publicar cerca de dez traba-lhos científicos internacionais em revis-tas de alto impacto.

Com o doutorado, Frank Crespi-lho busca uma nova patente na área de

biosensores desenvolvendo um siste-ma de membranas ele-

troativas nanoes-truturadas e tem

como funçãoacomodar al-gumas enzi-mas em su-per fí c i ess ól i d a s ,p o d e n -do, pore x e m -p l o ,moni-torar aquan-

Em recente artigocientífico publicado o

pesquisador apresentanovos horizontes em

estudos de biomoléculasem eletroquímica e

ocupa o quarto lugar noranking dos TOP 25 Hot

Papers na revistaEletrochemistry

Communication entre osmais lidos.

* Dr. Frank Nelson Crespilho

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007

MATÉRIA12

L I V R O S

Jovens e Crianças: Outras Imagens

Organizadoras: Kelma Socorro L. de Matos, Shara Jane H. Costa Adad e Maria D’Alva F.Macedo.20,00 reais218 pá[email protected]

Este livro reúne 17 trabalhos sobre jovens e crianças. Seus autores são de diversasuniversidades brasileiras (UESPI, UFPI, UFC, UFSE, UFES, UECE e UFSC). Os artigosmostram que há juventudes e enfatizam práticas positivas dos jovens ao trazer as suascriações na dança, na música, nas artes plásticas, nos seus meios de comunicação como osfazines e no modo atual de amar e ficar. Discute também sobre parentalidade entre jovens,trabalho, consumo, políticas públicas, crianças com síndrome de down, experiências dealfabetização, a dignidade das crianças e ainda sobre a juventude da década de 60.

Leitor formado, leitor em formação:leitura literária em questão

Organizadoras: Maria Zaíra Turchi e Vera Maria Tietzmann SilvaR$ 32,00252 pá[email protected]

A formação do leitor, o contexto da leitura e a produção literária para crianças ejovens no Brasil são as questões centrais desta coletânea. Os artigos se agrupam emcinco blocos temáticos: reflexões sobre a leitura literária; histórias de leitura; oprofessor como um leitor que forma leitores; estudos críticos sobre a literaturainfantil e juvenil; a literatura e outras linguagens. Além das organizadoras, entre osautores figuram Jacques Leenhardt (EHESS), Marly Amarilha (UFRN), VerbenaCordeiro (UNEB), Fabiane Burlamaque (UPF) e Diógenes Buenos Aires de Carvalho(UEMA)

Organizador: Daniel Tourinho PeresR$: 25,00322 pá[email protected]

O livro reúne as contribuições do Colóquio Justiça, Virtude e Democracia, realizadopelo Mestrado em Filosofia da UFBA, em parceria com o Núcleo Direito e Democraciado CEBRAP (Projeto Temático FAPESP). A aparente disparidade dos temas tratados,que incluem questões de lógica, metafísica, teoria das ciências humanas, semprevinculadas, mais ou menos, diretamente à filosofia política e à temática do Colóquio,bem como pelo amplo espectro da história da filosofia recoberto pelos trabalhospresentes na obra, dão prova da imbricação dos temas, por conseguinte, de sua quaseconstante recorrência.

Justiça, Virtude e Democracia

Organizadores: Jaíra Maria Alcobaça Gomes, Karla Brito dos Santos e Marcos Soaresda SilvaR$ 10,00190 pá[email protected]

O livro constitui uma coletânea de 11 artigos que partem de uma análise diagnóstica,na qual procura identificar os aspectos tecnológicos da cadeia produtiva da cera decarnaúba de acordo com as seguintes características: padrão tecnológico, canais decomercialização, custo de produção, competitividade, barreiras econômicas eambientais. Permitindo agrupar os principais fatores críticos, suas forças restritivase propulsoras, favorecendo a construção de um cenário de sustentabilidade e dooutro de desarticulação.

Cadeia produtiva da cera de carnaúba:diagnóstico e cenários.

Atlas Escolar do Piauí – Geo-Histórico eCultural

Organizador: José Luis Lopes AraújoR$ 45,00202 pá[email protected]

Este Atlas foi elaborado com a finalidade de oferecer subsídios ao conhecimento darealidade piauiense, em linguagem acessível ao público, em especial estudantes eprofessores. Compõe-se de mapas, textos, gráficos, tabelas e fotos que expressamtemas e informações sistematizadas sobre a dinâmica da organização do territóriopiauiense. É, portanto, valioso instrumento de apoio a estudantes, professores,pesquisadores e demais interessados em leituras, consultas, reflexões e trabalhosde pesquisa sobre a realidade piauiense, em suas diversas dimensões.

Vôo de Ícaro

Autor: Marcos VilhenaR$ 20,00208 pá[email protected]

A obra é uma reprodução da dissertação de mestrado apresentada pelo autor, na UFPI,a qual retrata o contexto histórico em que viveu o engenheiro Antônio José de Sampaio,piauiense e fundador de uma fábrica de laticínios, em pleno sertão, em Campinas doPiauí, no final do século XIX. A fábrica era bastante equipada e moderna, algoimpossível de se imaginar naquele período por aqui. O livro resgata os dramas de umhomem que ousou em pensar e agir além dos padrões de sua época.

tidade de glucose e de uréia no organis-mo. Essas membranas acabam auxilian-do os sensores na detecção dessas subs-tâncias.

Mais recentemente, o pesquisadorrecebeu um prêmio da Metron Autolabcomo melhor trabalho em eletroquímicano Brasil e este foi apresentado em umadas edições do Simpósio Brasileiro deEletroquímica. Além disso, participa deum projeto com a Santista Têxtil, uma dasmaiores empresas de tecido, desenvol-vendo tecidos inteligentes, ou seja, sis-temas nanoestruturados para tecidosbactericidas, auto-limpantes, dentre ou-tras funções.

Quando o assunto é investimen-tos para pesquisa, Frank declara que noBrasil ainda se tem uma mentalidade depouco investimento do setor industrialna área de pesquisa, quando comparadocom outros países. “Até o presente mo-mento não temos nenhuma evidência na-cional de investimento em potencial noramo industrial. O que vem acontecendosão alguns grupos isolados fazendo acor-dos com algumas indústrias, mas comfinanciamento partindo da iniciativa pri-vada ainda muito baixo. Geralmente, háfinanciamento dos órgãos de fomentocomo o CNPq e FAP’s. O que acredito éque se nós não corrermos atrás destatecnologia agora, vamos ficar atrás depaíses que já vem desenvolvendo.”, res-salta Crespilho.

De acordo com Crespilho, o pro-fessor Dr. Welter Cantanhede, da áreada química inorgânica da UFPI, possuiuma facilidade de interpretação de fenô-menos em nanoescalas, devido a sua for-

mação acadêmica, cujo doutorado foi re-alizado na área de química inorgânica.Desta forma, surgiu a possibilidade deserem feitas pesquisas no Piauí e criarum projeto em parceria com o laborató-rio de São Carlos. Tendo em vista isso, oprofessor Welter aceitou o desafio paramarcar uma nova linha de pesquisa naUFPI. “Começamos a fazer alguns expe-rimentos na UFPI para estudar fenôme-nos com moléculas que têm comporta-mentos diferenciados quando organiza-dos e interpretados em escalas nanomé-tricas. Para nossa surpresa, esta experi-ência, pela primeira vez relatada na lite-ratura internacional, levou-nos a desco-brir que é possível explorar diferentespropriedades de uma mesma molécula,sendo essas propriedades dependentesdo ambiente nanoestruturado em que amolécula se encontra.”.

Destas pesquisas resultou um tra-balho que está sendo publicado em umarevista de alto conceito internacional. Aparte experimental e de conceitos dasidéias envolvidas neste trabalho foramdesenvolvidas aqui no Piauí. Além dis-so, este trabalho recebeu um prêmio, porum aluno de iniciação científica orienta-do pelo professor Dr. Welter Cantanhe-de. Crespilho declara: “unimos conheci-mento e geralmente quem ousa mais terámais resultados positivos. Esse é o prin-cipal objetivo quando se trabalha emgrandes redes de pesquisa, um conceitocientífico que é atualmente adotado pe-los maiores cientistas do mundo. Nocaso do professor Welter, sem sombrade dúvidas, hoje e aqui no nordeste, eleé um dos mais promissores pesquisado-

res que conheço para essa área e aindatem muito a contribuir”.

As principais contribuições des-ta pesquisa seriam na aplicação de algu-ma área de nanotecnologia que venhacontribuir com o ecossistema para arma-zenamento e conversão de energia. Evi-tando, assim, usinas hidrelétricas e ou-tros impactos ao meio ambiente. Cita-secomo exemplo, o clima favorável do es-tado do Piauí para conversão de energiasolar em elétrica. Ao mesmo tempo, esta-ria gerando energia limpa e evitando ou-tros meios de produção de energia quepossam agredir o meio ambiente. Outroponto interessante é monitoramento am-biental, através de sensores em rios elagos para a detectação de um contami-

nante e para a própria preservação ambi-ental.

Frank ressalta que “para isso va-mos precisar de um trabalho muito gran-de em equipe, numa multidisciplinarie-dade, porque são projetos que já estãoengatilhados, sendo necessário um fi-nanciamento realmente considerável euma maior participação do governo noinvestimento de infra-estrutura porquesão trabalhos com resultados promisso-res”.

Prof. Dr. Welter Cantanhede, pesquisador na área de nanotecnologia

*Prof. Dr. Frank Nelson CrespilhoDoutor em Físico-Química doInstituto de Física de São Carlos -IFSC/[email protected]

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