Samuel Wilson - Livro Uvas Amargas

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Arsuna Moruma

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Um livro de Samuel Wilson.

Transcript of Samuel Wilson - Livro Uvas Amargas

  • Arsuna Moruma

  • Indice

    I. Onde vivo

    II. Olhares encarnados

    III. Amiga

    IV. Descoberto

    V. vizinha Chinesa

    VI. Amade o monh do meu quarteiro

    VII. Em sua custodia

    VIII. Sol a 1000

    IX. Dentre as grades

    X. Cirineu Grego

    Arsuna Moruma

  • ONDE VIVOOnde vivo;

    S eu conheo;

    Gente de menosprezo;

    Onde posso fazer o recomeo.

    Arsuna Moruma

  • Murmrios encarcerados;

    Por aces martirizadas;

    Por vnculos declarados;

    Em mentes ferroadas.

    Ferroadas pelo recomeo;

    De viver a sofrer pela;

    Pestilncia da fome;

    Que a eles sempre assole.

    Gente de olhares cronometrados;

    De dio e em betumada burrice;

    Nada interdite-os;

    Mais Deus que livre-os.

    OLHARES ENCARNADOS

    Arsuna Moruma

  • Olhares encarnados

    Por estado desgastado

    De uma vida prevaricada

    Pelo sofrimento alheio sem proveito

    Que pelos nobres se propaga

    Petizes fatigados, por uma vida

    E desperdcio enftico

    Enrugado no meu ditirambo malevel

    Fermentando aco censurvel

    No me posso calar.

    Idosos pelo tempo que pelo arrastados

    Pelo negativismo da africanisse dilatados

    Mas em cada irritao destes Homens oprimidos

    Poder resultar numa neoplastia

    Que gerar uma neurastenia.

    Arsuna Moruma

  • AMIGA (Escrita)

    Amor platnico, que n Plato imaginou

    Que pela primeira vista em mim fecundou

    Sobrepondo-me neste rduo sentimento

    Minha razo nisto me fundamento.

    Amo-te como nada

    Unir-me contigo, gostaria fazer mais que uma dcada

    Em cada desfio da minha mente enfiada

    Na tua perfeio comportada.

    s pra mim uma amiga singular

    Que me fazes sentir impar

    Quando dialogamos no ondular

    Do desejo inefvel do crespular

    Possues rosto que s eu contemplo

    s pra mim Afrodite, pois estas em mim a todo tempo

    Arsuna Moruma

  • Da meditao e reflexo lusfona

    Pelo benefcio da lavoura humana.

    DESCOBERTO

    Porque te fazes por desentendido

    L nas ruas de beto esculpido

    Que decorra a autarquia

    Pelos murros de hipocrisia da parquia.

    Teus pensamentos, castigados pela utopia

    Desiludida pela sinfonia de misria

    Engrandecendo-te demais, sentindo te superior

    Aos que te fizeram ser, multicor e sonhador.

    Te direi hoje, oh! Perdeste a vanguarda

    Que outrora possuas por salvaguarda

    Teus ascendentes te acham um demnio

    Por mais que finjas no alpendre do refeitrio.

    Arsuna Moruma

  • Escute pelo menos o meu desafiando assobio

    De quem pela tua desconsiderao, sente o frio

    Te exibes atravs o teu exterior

    Ah! A! Mesmo assim s um pobre sonhador.

    VISINHA CHINESA

    Ao raiar do dia

    O mesmo sorriso que em sua boca jazia

    Estampado, exibindo seus dentes emmarfinados

    Mulher de palavras e meia.

    O seu fsico pouco importa

    s por tudo composto

    Contigo no me perco

    Pra te ter o que a Deus peo.

    Em ti minha curiosidade tem resposta

    Arsuna Moruma

  • Que da minha pequeninice mental ta posta

    Neste rduo mar de personalidades, tu s a lagosta

    Que vagas na minha costa.

    Que me prende pela retrica

    Em dcil cadeia terica

    Da sua persuaso de clmax

    Em sintonia de viva galax.

    AMADE O MONH DO MEU QUARTEIRO

    De barbas penteadas

    Linguagem insolente e de verbalizaes afiadas

    De quem tem pouco papo

    Em cada transaco, em cada acto.

    Sua batina e cofio de heresia

    Velando-se no seu sorriso de maonaria

    Seu olhar de opressor fantico

    Arsuna Moruma

  • De origem sangunea do extremo asitico.

    Pouco se importa com o carente

    No conhece a solidariedade, pois e ingente

    Com seu nariz empenado e seu olhar pra seu umbigo

    No sabendo que carrega em si um castigo

    Olhar de desprezo a vossa negritude

    Aprisionando-se pela inquietude

    EM SUA CUSTODIA

    Deslizando e escorrendo

    Dos montes vem ascendendo

    Em sua ftil fragrncia

    Debicando-se em sua elegncia

    Arsuna Moruma

  • Em cada novo dia

    Ah! Tudo j existia

    Quando vejo os vales

    Ribeires, matas so mistrios dos ares

    Que so indecifrveis

    As aces divinas so imutveis

    Desde a manha de domingo

    Sobrevoarei sobre todas especulaes como o flamingo.

    Se eu aterrar

    Qual ser este lugar

    Lugar este que h em mim

    Onde bisbilhotarei a videira do alecrim

    Que s Deus o detm

    Novamente, lanarei minhas asas

    O SOL A 1000Nesta triste andana solitria

    Sem ningum pra me apaziguar

    Arsuna Moruma

  • Me ostentar desta cruel dor

    Que destrui a minha nostalgia.

    Choraste bastante quando a ti deixei

    Senti bastante mas tive que seguir meu instinto

    Sentimentos egostas e agora! O que sinto

    tamanha saudade, assim desfalecerei

    Gostaria de estar com ela agora

    S tenho lembranas engavetadas em meu corao

    Porque a deixei quando a achei, esta a confisso

    Pois fui ignorante a ela, todo o tempo que se fora.

    Nestas circunstncias embaraosas

    Nada a no ser lacrimejar somente

    Porem reconheo que fui indecente para com ela

    Por esse amor darei todas as coisas

    Para voltar para ela novamente.

    Arsuna Moruma

  • DENTRE AS GRADESVendo o sofrimento pelas janelas

    Desenrolando-se em meu salutar

    Coagido pelo suspiro, paixo de amar

    De ser eu, em vez dessas frgeis crianas na cancela

    Da negritude enfeitada em falsidade

    Cheio de bruxaria, burrice e insensatez

    No cruzarei os dedos tocarei na minha tenaz

    Abrasadora e pelo suspiro limarei a comunidade

    Encobridora os actos lubrificados pelo cho de frica.

    Entre genocdio e feitio

    Acusaes e mortes e especulaes

    Que vo abrangendo e afectando emoes

    Onde jaze o nosso bom siso?

    O mundo negro esta atritado de sangue sem dono e inocente

    Arsuna Moruma

  • A martirizados em situaes irracionais

    Pelas vontades de viver e vendo-nos, salpicados em umbrais

    Nossas mentes esto amortizadas, sem decncia

    CIRINEU GREGOEm olhares secos

    Imergidos em lgrimas de sol

    Me encontro na imensido dos ombros

    Descurados pelo martelo caracol.

    Dentre rvores da sexta-feira

    Encubo-me do pensamento idneo

    De ontem

    Febril autarquia assoalhada

    Enodoada pela moda abalada.

    Em passos de medo

    Gotejando o venho de ontem

    Arsuna Moruma

  • Me apego ao amarado

    Licor falante do nordeste.

    O vento falando

    Em voz evocante e clamando

    Ao meio dia convidando.

    Arsuna Moruma