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Nº21 julho 2018 NA HORA DO PARTO MINIMIZAR OS ENJOOS E NÁUSEAS DE HOMEM A PAI: UM CAMINHO A PERCORRER CONSERVAR O LEITE MATERNO Saiba como prevenir e controlar os enjoos matinais, uma das queixas frequentes na gravidez. Conheça as vantagens de visitar previamente o local de parto e saiba como gerir as visitas após o nascimento do bebé. A adaptação ao papel de pai envolve alterações psicológicas importantes. Saiba quais. Saiba como retirar e armazenar o leite materno, o melhor alimento que pode dar ao bebé.

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Nº21 julho 2018

na hora do parto

minimizar os enjoos e náuseas

de homem a pai: um caminho a percorrer

conservar o leite materno

Saiba como prevenir e controlar os enjoos matinais, uma das queixas frequentes na gravidez.

Conheça as vantagens de visitar previamente o local de parto e saiba como gerir as visitas após o nascimento do bebé.

A adaptação ao papel de pai envolve alterações psicológicas importantes. Saiba quais.

Saiba como retirar e armazenar o leite materno, o melhor alimento que pode dar ao bebé.

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Conheça os conselhos da ginecologista-obstetra Ana

Isabel Machado.

A escolha do nome do bebé é um processo vivido a dois e reflete a identidade do casal.

Saiba que aspetos deve ter em consideração na escolha do local onde terá o seu bebé.

Saiba como fazer uma gestão equilibrada das visitas durante o

internamento e em casa.

O nascimento de um bebé leva também ao nascimento de um

pai. Saiba mais sobre este tema.

O leite materno é o alimento mais completo para o bebé.

Saiba como conservá-lo.

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minimizar náuseas e vómitos

visita ao local de parto: sim ou não?

A importância do nome do bebé

Gerir as visitas na maternidade

tornar-se pai: o que sente o homem?

Como conservar o leite materno?

Os dados, opiniões e conclusões expressos nesta publicação não refletem necessariamente os pontos de vista da Bial, mas apenas os dos Autores. A Bial não se responsabiliza pela atualidade da informação, por quaisquer erros, omissões ou imprecisões.

PROPRIEDADE GRUPO BIAL EDITOR GOODY Consultoria, S.A.

SEDE SOcIAl Praça Bernardino Machado 11 A, Lumiar – 1750-042 Lisboa - Tel. 218 621 530 DIRETOR GERAl António Nunes ASSESSOR DA DIREçãO GERAl Fernando Vasconcelos

DIRETORA DE DIVISãO DE SAÚDE Violante Assude [email protected] REDAçãO Iolanda Veríssimo FOTOGRAFIA Dreamstime DESIGn GRáFIcO Sofia Marques

TIRAGEm 12.000 exemplares PRé-ImPRESSãO E ImPRESSãO Rebelo A. Gráficas

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notícias04 05

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notícias

Níveis de iodo Nas grávidas vão ser moNitorizados

em estudo

Uma equipa de cientistas do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde vai avaliar um grupo de grávidas acompanhadas no Centro Hospitalar de São João, no Porto, para analisar os seus níveis de iodo e conhecer a prática dos profissionais de saúde relativamente a este nutriente.

Segundo Elisa Keating, investigadora que lidera o projeto denominado IoMum-Norte, «durante a gravidez, é fundamental uma ingestão adequada de iodo para garantir um correto desenvolvimento e maturação do bebé».

O iodo é um oligoelemento essencial para o organismo, que tem como função a formação de hormonas da tiroide. Uma vez que não pode ser sintetizado pelo próprio organismo, o iodo tem de ser ingerido através da alimentação - recorrendo a fontes como produtos marinhos e leguminosas - e por via de suplementação nutricional. A Direção-Geral da Saúde recomenda que as mulheres em preconceção, grávidas ou a amamentar recebam um suplemento diário de iodo, sob a forma de iodeto de potássio, de 150 a 200 µg.

compulsão alimeNtar afeta um terço das grávidas

Um estudo com mais de 11 mil grávidas concluiu que cerca de um terço das mulheres sentem que perdem o controlo sobre a quantidade de comida que ingerem durante a gravidez. A investigação, publicada no American Journal of Clinical Nutrition, indica que cerca de 36 por cento das mulheres da amostra revela perda de controlo na alimentação ao longo da gravidez. Em 5

por cento dos casos, esta dificuldade é frequente. Este tipo de compulsão alimentar, se não for tratada, pode conduzir a um aumento excessivo de peso e representar um risco acrescido de o bebé vir a ter problemas de peso a longo prazo. O estudo aponta ainda que as mulheres que sofrem deste distúrbio têm tendência a ingerir alimentos menos saudáveis.

homeNs estão mais eNvolvidos No

apoio emocioNal aos filhos

Atualmente os pais despendem mais tempo, prestam mais cuidados e são mais afetuosos com as crianças do que no passado, sugere um estudo publicado no Journal of Marriage and Family. A investigação concluiu que, seja num jogo de futebol, num recital de piano, ou em momentos difíceis que exijam apoio emocional, parece haver uma mudança na forma como os pais perspetivam os seus papéis na educação da criança.

«A maior parte dos pais veem-se como tendo um papel tão importante como as mães no apoio aos filhos. Contudo, ainda existem muitos pais que acreditam ser apenas chefes de família, tendo unicamente a função de exercer disciplina», afirma o sociólogo e professor Kevin Shafer, um dos autores do estudo.

A investigação avaliou uma amostra de 2194 pais de crianças entre os dois e os 18 anos de idade, nos Estados Unidos da América.

da s mães af irmam que a dor exper ienciada no parto foi menor

do que esperavam (amer ican society of

anesthes iologists) .

A compulsão alimentar na gravidez deve ser alvo de acompanhamento médico. quando não é tratado, este distúrbio pode causar:

Aumento excessivo de peso;

Hipertensão arterial;

Bebés maiores do que

a idade gestacional.

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alimentação alimentação

Saiba como prevenir e controlar oS enjooS matinaiS

e conheça oS SintomaS da hiperémeSe gravídica,

a forma maiS grave deSte tranStorno na gravidez.

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novemeses.pt novemeses.pt

por Ana Isabel Machado, ginecologista-obstetra na maternidade dr. alfredo da costa (centro hospitalar lisboa central)

edição: Iolanda Veríssimo

O mecanismo exato por trás dos enjoos na gravidez é desconhecido.

“ “

As náuseas e os vómitos são queixas frequentes na gravidez, ocorrendo em aproximadamente

50 a 80 por cento1 das grávidas. Este problema, embora ligeiro na maioria dos casos, pode afetar o bem-estar da mulher, nomeadamente o humor, capacidade de cuidar da família e atividade laboral. Cerca de 15 a 81 por cento2 das mulheres referem recorrência deste problema em gravidezes futuras.

QuAndo surgeM os enjoos?As queixas de enjoos e náuseas surgem habitualmente no primeiro trimestre de gravidez, por volta das seis semanas de gestação, e terminam, na maioria dos casos, por volta das doze semanas de gravidez. Apenas uma minoria das mulheres grávidas (15 a 20%) reportam estas queixas até fases

mais tardias da gravidez, ou até ao parto.

CAdA grAVIdez é únICANem todas as mulheres têm náuseas e vómitos no período de gestação. Cada gravidez é diferente, e o facto de não apresentar náuseas e vómitos não é um problema. Na maioria dos casos ligeiros, as mulheres queixam-se de enjoos matinais. Algumas mulheres podem apresentar sintomas mais severos, com vómitos muito frequentes, que podem levar a grande cansaço, desidratação, perda de peso e alterações analíticas graves. A forma mais severa destas queixas designa-se hiperémese gravídica e pode obrigar a internamento hospitalar.

PossíVeIs CAusAsO mecanismo exato por trás dos enjoos na gravidez é desconhecido.

As náuseAs e VóMItos

hiperémese gravídica

A hiperémese gravídica é a forma

mais grave de náuseas e vómitos

na gravidez, afetando cerca de 3 por cento das grávidas.

Esta situação é diagnosticada

quando uma mulher perde 5 por cento do seu peso anterior à gravidez e apresenta

outros sinais de desidratação.

1 Matthews A, Haas D.M., et. al. (2014). Interventions for nausea and vomiting in early pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews.2 Trogstad LI, Stoltenberg C, et. Al (2005). Recurrence risk in hyperemesis gravidarum.BJOG.

O gengibre parece ter um efeito benéfico nas náuseas

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Existem várias teorias, nomeadamente a possibilidade de haver uma predisposição psicológica; a adaptação evolutiva de forma a proteger a mãe e o feto de alimentos que lhes poderiam fazer mal; alterações hormonais - nomeadamente aumento de estrogénios e de hormona gonadotrofica coriónica (HCG), produzida pela placenta; bem como fadiga física e mental.

FAtores de rIsCoHá também alguns fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de sofrer de enjoos e náuseas na gravidez. São eles:

Gravidez de gémeos Mola hidatiforme (tumor da placenta associado à produção de hormonas hCG); História de náuseas e vómitos em gravidez anterior ou associdas à toma da pílula; Não utilização de vitaminas antes das seis semanas de gravidez ou durante o período preconcecional; Antecedentes de enxaquecas; História familiar com náuseas e vómitos

(mãe ou irmãs); Infeção por helicobacter pylorii , uma

bactéria presente no estômago, e que se considera ser responsável pela maior parte dos casos de gastrite crónica.

QuAndo Me deVo PreoCuPAr?Apesar de as náuseas e vómitos na gravidez serem comuns, estes sintomas não devem ser desvalorizados, sobretudo se forem persistentes e severos, ou se aparecem após as nove semanas de gravidez. Nestes casos, é importante excluir outros problemas, nomeadamente:

Problemas urinários ou do aparelho genital feminino: infeção urinária, infeção renal, cólica renal, torsão de ovário, degenerescência de fibromiomas. Problemas do aparelho digestivo:

gastroenterite, doenças das vias biliares, apendicite, úlcera do estômago, pancreatite. Prolemas glandulares: descompensação da

diabetes - sobretudo em casos de diabetes prévia à gravidez – hipertiroidismo, insuficiência da suprarrenal. Problemas neurológicos: enxaquecas,

tumor cerebral, vertigens associadas a problemas neurológicos.

Problemas da gravidez: fígado gordo, hipertensão na gravidez. Outros: intoxicação ou intolerância a

medicamentos, problemas psiquiátricos/ psicológicos, etc.

Conforme a gravidade do quadro clínico, o médico poderá pedir-lhe alguns exames. A ecografia pode ser útil para avaliar se existe gravidez gemelar ou gravidez molar, bem com para a avaliação de doenças que podem resultar num quadro semelhante. Algumas análises sanguíneas e urinárias poderão também ser úteis, para excluir outros problemas, como infeções urinárias, hepatites e pancreatites.

rIsCos PArA A Mãe e PArA o FetoAs náuseas e vómitos podem ser difíceis de controlar, pelo que é necessário reconhecer este problema e iniciar tratamento precocemente. Só as formas graves - hiperémese gravídica -acarretam riscos para a mãe e feto, pelo que é necessário identificar este problema e iniciar o tratamento com a maior brevidade possível.Para a mãe, os principais riscos são:

desidratação; perda de peso acentuada; rutura do esófago; alterações hepáticas; insuficiência renal alterações neurológicas (que podem ser

acompanhadas de convulsões).Para o feto, existe maior risco de ter baixo peso ou de nascer pré-termo. Não existe maior risco de abortos nem de malformações.

trAtAMentos não FArMACológICosO tratamento das náuseas e vómitos na gravidez começa com a prevenção. Está comprovado que a toma de vitaminas antes da gravidez parece diminuir a ocorrência destes problemas. A hipnose, a psicoterapia, assim como a acupuntura são terapias que podem ajudar a controlar o mal-estar. Há pouca evidência científica acerca da eficácia da modificação da dieta para a prevenção ou tratamento das náuseas/vómitos na gravidez, mas poderá ser aconselhado:

Evitar ter o estômago demasiado cheio ou vazio, realizando seis refeições diárias e ingerindo pequenas quantidades de cada vez; Evitar consumir determinados alimentos,

como o café, e comidas gordurosas e muito condimentadas; Fazer pequenos snacks antes de se levantar

da cama; Ingerir líquidos 30 minutos antes ou após

as refeições, para evitar o efeito de estômago vazio ou demasiado cheio; Aumentar o consumo de proteínas.

Além disso, o chá de gengibre ou alimentos confecionados com gengibre parecem ter um efeito benéfico nas náuseas (mas não nos vómitos).

trAtAMentos FArMACológICosSe os tratamentos não farmacológicos não resultarem, contacte o seu médico ginecologista-obstetra. Pode ser necessário iniciar tratamento farmacológico para evitar que atinja a forma mais grave desta sintomatologia. Siga as recomendações do

seu médico, que a vai aconselhar de acordo com a gravidade do seu caso, tendo em conta se apresenta apenas náuseas ou se também tem vómitos; se tolera a ingestão de medicamentos por via oral (neste caso, o tratamento inicia-se habitualmente com prescrição de vitaminas e medicamentos para os vómitos). A terapêutica das formas mais graves passa pelo internamento. Após a resolução deste quadro, deverá voltar ao programa normal de vigilância de gravidez.

QuAndo está IndICAdo o InternAMento?O internamento está reservado para os casos graves, em que a grávida não tolera líquidos e a terapêutica em ambulatório. Neste caso, poderá ter que realizar hidratação com soros, reposição de vitaminas e aporte de nutrientes por via endovenosa.

Repouse

Pratique acupunctura ou acupressão - estimulação

do acuponto P6.

Evite estímulos sensoriais fortes (cheiros, luzes

cintilantes ou ruídos intensos);

EstrAtégiAs

novemeses.pt novemeses.pt

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Está comprovado que a toma de vitaminas antes da gravidez parece diminuir a ocorrência de náuseas e vómitos.

“para evitar os enjoos

cuidAdOs EssEnciAis

Coma algo antes de se levantar da cama;

Evite alimentos gordurosos ou condimentados;

Ingira líquidos 30 minutos antes

ou após as refeições.

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www.novemeses.ptMAIs Conteúdos eXClusIVos

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Há muitas marias no mundo

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M aria, Leonor, Afonso, João, Martim, Beatriz, Carolina, Mariana, Santiago, Tomás, Inês,

Rodrigo, Gabriel. Estes são alguns dos nomes, femininos e masculinos, mais registados durante o ano de 2017, segundo o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN).

O nome é a única decisão na vida de uma pessoa em que esta não tem, de facto, interferência. Ninguém sai da maternidade sem um nome. É algo imposto e não há negociação possível; a única ‘negociação’ que existe é entre o casal.

A escolha do nome do bebé é um processo vivido a dois e existem diversas motivações que contribuem para a decisão final, salienta Sónia Garrucho, psicóloga clínica e mediadora familiar, tais como: questões estéticas; aspetos afetivos (o nome faz lembrar alguém de quem se goste muito); questões de tradição na família; uma homenagem a alguém significativo que pode, ou não, ser um familiar; as questões religiosas; e as questões culturais.

O significado do nome depende do valor que lhe atribuímos. Muitas vezes, não é mais do que um nome, noutras é tudo, é uma identidade. Porém, o nome ganha uma nova dimensão quando a pessoa se ‘apropria’ do mesmo. Esta apropriação, feita a posteriori pela criança a quem o nome foi atribuído, leva-nos a crer que o nome que se escolheu, foi o certo e não podia ser outro, como se do destino se tratasse. E isto faz parte da magia de ser mãe e pai: o nome foi a primeira decisão correta. E os pais têm sempre razão.

A escolhA do nome como reflexo dA identidAde do cAsAl «Este tema está muito relacionado com as questões de identidade, mas mais da identidade do casal do que a identidade do bebé que é ainda uma incógnita», reforça a psicóloga. É por este motivo que Sónia Garrucho defende que a comunicação influencia o relacionamento conjugal e as suas decisões: a escolha do nome do bebé é um exemplo concreto disso mesmo. Não obstante, «o fim último da atribuição de um nome é, claro,

todos os pais querem o melHor para os seus filHos.

o nome nunca é bom nem mau. é, apenas, uma escolHa.

por michelle tomáscom os depoimentos de: sónia Garrucho, psicóloga clínica e mediadora famil iar.

bebé

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o aparecimento da identidade da criança».

Para a psicóloga, «quando há a simbiose entre o casal, eles conseguem chegar facilmente a um consenso; quando existem opiniões diferentes mas os pais estão em sintonia, chegarão a uma “negociação” que agradará aos dois. Porém, quando o casal está numa situação de conflito, a escolha do nome transforma-se também nisso mesmo, um conflito. Pode-se verificar aqui uma relação quase direta entre a forma como as pessoas comunicam e as decisões que tomam em conjunto».

Este caminho para a escolha do nome conduz à reflexão sobre a importância da comunicação que existe em todas as relações, caracterizando-se, segundo diversos

investigadores, como um processo dinâmico e intransferível, um movimento dialético entre o ouvir e o falar. É a comunicação que constrói a realidade, significa isto que algo existe ou deixa de existir à medida que é comunicado. Ou seja, é a comunicação (fluida ou não) entre o casal que concretiza o nome do bebé. E, como refere Sónia Garrucho, não há nomes bons nem maus. O nome não é nada mais que uma escolha, uma decisão.

o melhor nome do mundo – ‘eu’ Sónia Garrucho defende que, embora salientando que é apenas a sua opinião, atualmente as pessoas dão mais importância à atribuição do nome do que há uns anos e, por esse motivo, «a espontaneidade na escolha do nome foi-se perdendo».

Todos os pais querem o melhor para os seus filhos e a escolha do nome não é exceção.

Garrucho aponta para as preocupações existentes na seleção do nome: «há quem diga que não quer que o filho tenha um nome enorme, ou um nome que proporcione facilmente uma alcunha».

A psicóloga acrescenta que, consoante a linguagem do casal, as mesmas razões podem ser usadas no sentido oposto. «Por exemplo, para alguns pais é muito importante que a escolha do nome os faça lembrar alguém importante, pois gostam do sentido da lembrança, para outros, é exatamente o oposto, não querem que o nome lembre ninguém». Neste caso específico, há uma grande importância associada ao nome, como se este já estivesse preenchido

de vida, ou seja: a criança herda algo valioso; ou, exatamente o contrário, o nome constitui um ponto de partida vazio de tudo e, por isso mesmo, cheio de novas expectativas.

À medida que a personalidade se forma, o nome passa para segundo plano. Verifica-se uma sobreposição da personalidade ao nome e este passa a ser uma referência oficial. Sónia Garrucho recorda a frase do nobel da literatura José Saramago, «conheces o nome que deram, não conheces o nome que tens».

Quando começam a falar, as crianças usam a terceira pessoa, recorrendo, por isso, ao nome para se referirem a elas próprias. Com o aprimorar do discurso, o nome próprio passa a ‘eu’, e esta transição é um exemplo concreto da metamorfose do nome próprio imposto a uma configuração incivil

autoatribuída, por outras palavras, um ato de rebeldia. A importânciA dA escolhA do nome do bebé A escolha do nome é um reflexo da identidade do casal e, por isso, é importante. Na maioria das vezes, o processo começa por uma lista: Maria, Leonor, Afonso, João, Martim, Beatriz, Carolina, Mariana, Santiago, Tomás, Inês, Rodrigo, Gabriel. Durante, aproximadamente, nove meses há um nome na barriga. E isso contribui para a imaginação do bebé, uma etapa fundamental que ocorre a partir do segundo trimestre. «Há muitas Marias no mundo» e isto não diz nada. Mas cada Maria, individualizada e conhecida, carregada de identidade e irrefletida no nome é única… É Maria porque os pais decidiram.

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bebébebé

O significado do nome depende do valor que lhe atribuímos. Muitas vezes não é mais do que um nome, noutras é tudo, é uma identidade.

“A escolha do nome é um reflexo da identidade do casal.

À medida que a personalidade se forma, o nome passa para segundo plano.

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A AdAptAção Ao pApel de pAi envolve AlterAções

psicológicAs importAntes. sAibA o que mudA com

o nAscimento do bebé.

novemeses.pt novemeses.pt

Onascimento de um bebé leva também ao nascimento de um pai e de uma mãe. Os efeitos do nascimento

de um filho na vida pessoal e social desencadeiam uma série alterações psicológicas, marcadas por sentimentos ambivalentes. O homem experiencia um conjunto de emoções diferentes, em que a felicidade e o orgulho convivem, por exemplo, com a insegurança e o receio de não cumprir bem o novo papel de cuidador. Este misto de emoções nota-se sobretudo numa fase inicial, após o nascimento do bebé.

De acordo com a Psicóloga Helena Martins, ainda não existem bases científicas consolidadas que expliquem o impacto da gravidez no homem. «Apesar de ser crescente o número de estudos que se focam nas vivências masculinas da gravidez, ainda não está claro quais os processos experienciados por estes ao nível psicológico e emocional», explica. Contudo, sabe-se que o envolvimento emocional dos pais atravessa mudanças sequenciais. «Numa primeira fase tendem a experienciar reações naturais de desconforto, stress e ambivalência ao longo da fase que se estende desde a suspeita de uma possível gravidez até à sua confirmação.

vivência da gravidezDepois da confirmação da gravidez, apesar de esta ainda não ser experienciada como algo real, questões práticas ligadas ao orçamento familiar, às mudanças nas rotinas e aos planos familiares podem tornar o homem mais introspetivo, podendo notar-se algum distanciamento emocional. «O nascimento de um filho é um acontecimento de vida que inevitavelmente traz consigo mudanças e reestrutura a vida dos pais, e na maior parte dos casos a notícia de uma gravidez é vivenciada com felicidade pelo futuro pai, e é descrita como uma experiência muito gratificante, o que irá contribuir para o envolvimento deste na gravidez», sugere Helena Martins. memória e relaçõesNuma fase em que os sinais físicos da gravidez ainda não são evidentes, mas já existe uma idealização da vida depois do nascimento do bebé, é possível que o homem recupere memórias e emoções sobre a sua própria infância e relacionamento com o pai. Alguns homens consideram mesmo que tornar-se pai implica abandonar a ideia de ser filho. Nos homens que já são pais, esta reflexão engloba ainda outra vertente:

Na maior parte dos casos a notícia de uma gravidez é vivenciada com felicidade pelo futuro pai.

escrito por iolanda veríssimodepoimentos de Helena martins, psicóloga clínica.

www.novemeses.ptmais cOnTeÚdOs eXclUsivOs

14 15parentalidade parentalidade

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«ocorre geralmente também uma reflexão sobre a forma como tem desempenhado o papel de pai até ao momento, e são geradas expectativas sobre como será o novo bebé e a relação que irá estabelecer com este, bem como a forma como os restantes membros da família o receberão, estando presente igualmente a preocupação com o aumento de responsabilidade». TOmada de cOnsciênciaDe acordo com Helena Martins, apesar de atualmente os pais procurarem ter um envolvimento cada vez maior em todas as fases da gravidez, a transição masculina para a parentalidade processa-se de uma forma mais gradual ao longo do tempo, sendo formada progressivamente a conceção de uma figura cuidadora. «Embora ambos os membros do casal se identifiquem como estando grávidos, geralmente desde o início da gravidez, e o homem procure ter um papel ativo desde essa altura (participando nas consultas de vigilância da gravidez, elaborando planos quanto ao futuro do bebé, por exemplo), a gravidez só toma

forma (é materializada) e confirmada para os pais após esta começar a ser visível, por volta das 14 semanas», esclarece Helena Martins. A psicóloga lembra que, para esta tomada de consciência, contribui o facto de os sinais físicos de que o bebé existe serem agora mais concretos (audição dos batimentos cardíacos fetais, visualização das imagens das ecografias, etc.). O momento de visualização da primeira ecografia é, muitas vezes, descrito pelos pais como um ponto de viragem no processo de adaptação à nova realidade. nOvOs afeTOsA gravidez é também tempo de aprendizagem e ajustamento. O investimento emocional que esta etapa envolve acaba por ser muito compensatório para o homem que, à medida que desenvolve laços afetivos com o filho, experiencia uma sensação de pleno bem-estar. segUnda viagemÉ natural que a gravidez traga emoções fortes mesmo nos pais de segunda viagem. «Numa segunda

gravidez, embora ocorram mudanças, estas não são tão marcadas e concernem maioritariamente à integração de um novo membro na família e à forma como isso se irá repercutir na relação que o pai terá com este e com cada membro da família», sugere Helena Martins. De acordo com a especialista, estas mudanças já não são propriamente algo novo para um pai que já experienciou o processo gravídico e, por norma, se não existirem complicações na gravidez, esta é vivenciada com maior tranquilidade. Contudo, a ansiedade não deixa de estar presente - embora em menor grau - visto que, apesar de tudo, é um novo filho.

alTerações na relaçãO dO casalA relação amorosa também pode passar por alterações significativas. Durante a gravidez pode haver uma diminuição do desejo sexual por ambos os elementos do casal. É necessário que o casal encontre novas formas de se relacionar intimamente. O primeiro ano após a gravidez é um ano de transformação. Ser pai e mãe, sem

novemeses.pt

O envolvimento do pai já não é visto apenas como um benefício para a mãe e para o bebé, mas como uma benesse para o próprio pai.

deixar de ser casal, é um dos desafios mais difíceis. Cada casal é único e tem as suas próprias dinâmicas, mas na eventualidade de haver uma fase de indisponibilidade e recolhimento físico após o parto, esse período deve ser respeitado, e poderá ser mais curto se o casal conversar sobre o que sente e sobre o que pode fazer para alterar essa situação. Esta é uma fase que exige ainda da parte do homem uma maior disponibilidade para acarinhar e cuidar da companheira. faTOres qUe faciliTam a TransiçãOSegundo Helena Martins, há diversos fatores que podem influenciar positivamente a forma como o homem vive a gravidez e o período a seguir ao parto. «O suporte social percebido pelo futuro pai como estando disponível para esta nova fase de vida poderá ser um fator facilitador da transição e que em diversos estudos surge relacionado de forma mais geral com níveis mais altos de sensação de bem-estar», introduz a especialista. A existência de uma “rede de apoio social”, em que os profissionais de saúde desempenham um papel relevante, e a realização de um curso de preparação para o parto são meios de

proporcionar uma maior sensação de segurança ao pai.

síndrOme de cOUvadeDurante a gravidez, o homem pode vivenciar sintomas físicos e psicológicos que são comumente observados na mulher durante o período de gestação. Apesar de ser um fenómeno ainda pouco conhecido, esta perturbação psicossomática é denominada síndrome de couvade. Os sintomas físicos e psicológicos mais mencionados - tanto por pais de primeira viagem como por homens que já foram pais - incluem náuseas, dor abdominal, alterações do apetite, aumento de peso, azia e sensação de inchaço, cãibras nas pernas, dores de costas, irritação urogenital, ansiedade, preocupação, depressão, redução da líbido, inquietação e alterações nos padrões de sono. «Os sintomas estão cronologicamente relacionados com a gravidez e podem surgir ao longo de toda a gestação, parecendo serem mais comuns no primeiro e no terceiro semestre», explica Helena Martins, acrescentando que, geralmente, estes sintomas desaparecem de forma gradual com o nascimento ou pouco depois, durante o período do pós-parto.

A transição masculina para a parentalidade processa-se de uma forma mais gradual ao longo do tempo.

É natural que a gravidez traga emoções fortes, mesmo nos pais de segunda viagem.

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novemeses.pt novemeses.pt

Aescolha do local onde se prevê a realização do parto é um passo importante para que os

pais se sintam seguros e encarem o momento do nascimento de forma mais real. Conhecer os meios técnicos e humanos disponíveis, assim como as comodidades ao dispor durante o internamento, pode ajudar a reduzir a ansiedade em relação a esta etapa. Atualmente, uma grande parte das unidades de saúde permitem a realização de visitas guiadas às instalações das unidades neonatais, com a explicação do funcionamento dos serviços e esclarecimento de dúvidas. De acordo com Filipa Grencho, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, a visita ao local de parto, quando possível, é sobretudo útil para superar o receio do desconhecido. «É importante, nem que seja só para conhecer o espaço físico e o circuito que se percorre desde a admissão até ao puerpério», refere a profissional de saúde. o que esperar da visita Geralmente, a visita programada ao local de parto inclui uma explicação do circuito de admissão no hospital/maternidade, com a descrição dos serviços disponíveis na área da neonatologia. Conforme a organização da unidade de saúde, nesta ocasião é permitida a visita ao bloco de partos, quartos de dilatação e local de internamento, sendo também um momento para que a grávida esclareça dúvidas e fique a saber o que deve levar para a maternidade. O pai do bebé ou outra pessoa significativa escolhida pela grávida podem acompanhar a futura mãe nesta visita.

estabelecer prioridades Na atribuição do local de parto, normalmente a grávida é direcionada para o hospital de referência na sua área geográfica. Contudo, os pais são livres de escolher outro local para o parto. Os aspetos a ter em consideração na escolha dependem das prioridades de cada casal. Escolher uma instituição onde existam serviços diferenciados, com unidades de cuidados neonatais capazes de fazer face a eventuais complicações do parto, é muito importante. Proximidade, privacidade e conforto são outros aspetos que devem ser analisados na visita, sobretudo se estes constituírem uma prioridade para os pais. Durante a visita, devem procurar também saber quais as regras e dinâmicas das visitas durante o internamento. Outra das valências que Filipa Grencho aponta como vantajosa para mãe e bebé é a possibilidade de o trabalho de parto e o parto decorrerem no mesmo espaço. «Vários estudos sugerem que esta situação é ideal e dá mais segurança e relaxamento à mãe, contribuindo para a libertação de hormonas que favorecem o desenvolvimento do trabalho de parto», explica. Outro fator que pode aumentar o sentimento de segurança da grávida é o facto de o parto poder ser realizado pelo obstetra que a acompanhou ao longo da gravidez. procurar referências Apesar de a escolha do local de parto ser pessoal, pode ser útil recolher impressões junto de familiares e amigos que tenham passado recentemente pela experiência, assim como pedir ao profissional de saúde o esclarecimento desta e outras dúvidas sobre o parto.

gravidez

Conhecer os meios técnicos e humanos disponíveis, assim como as comodidades no internamento, pode ajudar a reduzir a ansiedade.

“Reduz o medo e a ansiedade

Torna a ideia do momento do nascimento mais real

Permite o esclarecimento de dúvidas

Vantagens da visita

Por iolanda veríssimoDepoimentos de filipa Grencho, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e

Obstetrícia.

Saiba quE aSPEtOS DEvE tEr EM cOnSiDEraçãO na EScOlha DO lOcal OnDE

tErá O SEu bEbé.

Visita ao local do parto

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Aescolha do local onde se prevê a realização do parto é um passo importante para que os

pais se sintam seguros e encarem o momento do nascimento de forma mais real. Conhecer os meios técnicos e humanos disponíveis, assim como as comodidades ao dispor durante o internamento, pode ajudar a reduzir a ansiedade em relação a esta etapa. Atualmente, uma grande parte das unidades de saúde permitem a realização de visitas guiadas às instalações das unidades neonatais, com a explicação do funcionamento dos serviços e esclarecimento de dúvidas. De acordo com Filipa Grencho, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, a visita ao local de parto, quando possível, é sobretudo útil para superar o receio do desconhecido. «É importante, nem que seja só para conhecer o espaço físico e o circuito que se percorre desde a admissão até ao puerpério», refere a profissional de saúde. o que esperar da visita Geralmente, a visita programada ao local de parto inclui uma explicação do circuito de admissão no hospital/maternidade, com a descrição dos serviços disponíveis na área da neonatologia. Conforme a organização da unidade de saúde, nesta ocasião é permitida a visita ao bloco de partos, quartos de dilatação e local de internamento, sendo também um momento para que a grávida esclareça dúvidas e fique a saber o que deve levar para a maternidade. O pai do bebé ou outra pessoa significativa escolhida pela grávida podem acompanhar a futura mãe nesta visita.

estabelecer prioridades Na atribuição do local de parto, normalmente a grávida é direcionada para o hospital de referência na sua área geográfica. Contudo, os pais são livres de escolher outro local para o parto. Os aspetos a ter em consideração na escolha dependem das prioridades de cada casal. Escolher uma instituição onde existam serviços diferenciados, com unidades de cuidados neonatais capazes de fazer face a eventuais complicações do parto, é muito importante. Proximidade, privacidade e conforto são outros aspetos que devem ser analisados na visita, sobretudo se estes constituírem uma prioridade para os pais. Durante a visita, devem procurar também saber quais as regras e dinâmicas das visitas durante o internamento. Outra das valências que Filipa Grencho aponta como vantajosa para mãe e bebé é a possibilidade de o trabalho de parto e o parto decorrerem no mesmo espaço. «Vários estudos sugerem que esta situação é ideal e dá mais segurança e relaxamento à mãe, contribuindo para a libertação de hormonas que favorecem o desenvolvimento do trabalho de parto», explica. Outro fator que pode aumentar o sentimento de segurança da grávida é o facto de o parto poder ser realizado pelo obstetra que a acompanhou ao longo da gravidez. procurar referências Apesar de a escolha do local de parto ser pessoal, pode ser útil recolher impressões junto de familiares e amigos que tenham passado recentemente pela experiência, assim como pedir ao profissional de saúde o esclarecimento desta e outras dúvidas sobre o parto.

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Conhecer os meios técnicos e humanos disponíveis, assim como as comodidades no internamento, pode ajudar a reduzir a ansiedade.

“Reduz o medo e a ansiedade

Torna a ideia do momento do nascimento mais real

Permite o esclarecimento de dúvidas

Vantagens da visita

Por iolanda veríssimoDepoimentos de filipa Grencho, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e

Obstetrícia.

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tErá O SEu bEbé.

Visita ao local do parto

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Como gerir as visitas após parto?

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Após o parto, a mãe passa por uma série de mudanças físicas e psicológicas, sendo este um período sensível de adaptação

à nova realidade de ter um filho. A forma como se idealiza o nascimento do bebé pode ser bastante diferente da realidade com que os pais se deparam após o parto. A gestão equilibrada das visitas é um dos cuidados que facilitam este período de transição, salvaguardando a privacidade da mãe e permitindo que os pais tenham o tempo e disponibilidade necessários para receber o apoio adequado nos primeiros cuidados ao bebé (amamentação, muda da fralda, banho, etc.). O período de internamento é também crucial para prestar os primeiros cuidados de saúde ao bebé, com a avaliação dos reflexos, medição do comprimento e do perímetro cefálico, entre outros procedimentos de observação geral da saúde do recém-nascido. Por isso, é essencial que as visitas não deixem a mãe e o bebé demasiado cansados, e que os próprios profissionais de saúde tenham espaço para prestar cuidados à mãe e ao bebé, bem como para auxiliar os pais na aprendizagem dos cuidados ao seu bebé.

misto de emoçõesCansaço e sensibilidade mas, ao mesmo tempo, excitação e alegria são emoções

que normalmente convivem no período após o nascimento. A vivência desta fase depende de vários fatores, como a forma como decorreu o parto, o facto de a mãe ter dores ou dificuldades de mobilidade, o sucesso no início da amamentação, entre outros. dinâmiCa imaginada e dinâmiCa real De acordo com Filipa Grencho, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, a forma como se encaram as visitas na maternidade varia de casal para casal e pode alterar-se no tempo. «Por vezes, para os pais é difícil gerir esta situação porque, tal como existe o “bebé ideal” e o “bebé real”, também há uma “dinâmica imaginada” e uma “dinâmica real”. E se antes de termos o bebé até achamos que, sim, queremos ter toda a gente lá a conhecer o nosso bebé, depois começamos a perceber que não é fácil gerir isto tudo», explica a enfermeira. boas prátiCasDe acordo com Filipa Grencho, as visitas durante o internamento devem limitar-se aos familiares e amigos próximos. Ao longo de todo o internamento, devem ser respeitadas as rotinas da mãe e do bebé, assim como as próprias rotinas do hospital/maternidade e dos profissionais

a prestação dos primeiros Cuidados ao bebé e a adaptação à

nova realidade exigem tempo e disponibilidade dos pais. saiba

Como fazer uma gestão equilibrada das visitas durante o

internamento e em Casa.

Escrito por iolanda veríssimoDepoimentos de fil ipa grencho, Enfermeira Especialista em saúde Materna e obstetr ícia.

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de saúde. Outro dos aspetos a ter em atenção é a duração das visitas. Geralmente as pessoas são aconselhadas a ficarem o mínimo de tempo possível junto da mãe e do bebé, para que estes tenham tempo para descansar e aprender um com o outro. Por exemplo, a mãe pode privilegiar estar sozinha com o bebé quando o está a amamentar ou a adormecer. o papel do pai De acordo com Filipa Grencho, neste contexto o pai desempenha um papel importante, cabendo-lhe a ele a principal gestão das visitas: limitar o tempo que as pessoas ficam, proteger a mãe da agitação das conversas, opiniões, telefonemas constantes - mesmo que rápidos - e outro tipo de interrupções. «O pai acaba por ser o elo de ligação com o mundo exterior, mas também é possível recorrer à equipa de saúde para ajudar nesta gestão», refere a enfermeira, lembrando que é natural que por vezes os pais se sintam preocupados com a possibilidade de ferir suscetibilidades.

dar a notíCiaA decisão sobre como informar os amigos e familiares do nascimento do bebé deve ser dos pais. «Uma dica que pode funcionar é enviar uma mensagem quando o bebé nascer, dizendo que estão disponíveis para receber visitas a partir de determinada data, ou que gostariam de receber a visita dessas pessoas em casa, dentro de algumas semanas».

tempo para o CasalApesar de o pai (ou de outra pessoa significativa escolhida pela grávida para a acompanhar) ter um horário de visitas alargado, o facto de haver muitas visitas pode limitar o tempo que o casal está efetivamente reunido e em comunicação. Deve haver espaço para que a nova “tríade” partilhe este momento tão especial. No caso de haver mais filhos, é importante que a família possa estar algum tempo junta. no dia do partoAs visitas no dia do nascimento do bebé não são recomendáveis ou devem limitar-se aos familiares próximos, como avós e irmãos. Contudo, a disponibilidade para receber pessoas no dia do parto depende da vontade dos pais. presentes e mimosPresentear o bebé e a mãe é uma forma de dar as boas-vindas e levar boa disposição para a visita. No entanto, há presentes menos recomendados para esta ocasião. «As pessoas devem presentear, é simpático, mas evitar as flores, por causa de eventuais alergias do bebé, e géneros alimentares, sem averiguar se a mãe tem alguma restrição alimentar», esclarece Filipa Grencho. Caso haja um irmão mais velho, a possibilidade de ser este a levar uma prenda para o novo elemento da família resultará num momento ternurento.

pegar ao ColoÉ natural que as pessoas queiram agarrar o bebé ao colo, mas devem evitar fazê-lo se isso causar desconforto à mãe. Apesar de ser um gesto de carinho, é de evitar pegar e beijar as mãos do bebé, por causa do risco de transferência de bactérias. As pessoas que demonstrem algum sinal de doença, como tosse ou constipação, não devem ter contacto com o recém-nascido.

visitas em CasaNo que toca às visitas após o internamento, mais uma vez, deve imperar a vontade dos pais e o bom

senso. Filipa Grencho lembra que neste aspeto «não há receitas», mas recomenda que o primeiro mês seja reservado aos familiares e amigos próximos, deixando outras visitas para mais tarde, a partir do segundo mês após o parto. Além disso, «os pais devem tentar não concentrar todas as visitas nos mesmos dias, até porque correm o risco de estar a estimular demasiado o bebé. «Para quem acabou de vir ao mundo é muita informação. Quando o bebé está de colo em colo, até pode parecer tranquilo durante o dia, mas à noite pode ficar irritado. A forma de se manifestar quando está confuso e desconfortável é chorar. Às vezes, estes períodos

ao fim do dia em que os bebés choram e nada os consola, muitas vezes têm a ver com os estímulos que recebem ao longo do dia». ajuda de familiaresPor vezes, os pais recebem ofertas de ajuda de familiares para os cuidados ao bebé. As ajudas são bem-vindas, mas devem centrar-se no trabalho doméstico. «Se a mãe precisar de ajuda com algumas questões específicas ligadas ao bebé, claro que deve perguntar e recorrer, mas os comentários e conselhos sobre se o bebé tem fome, sono, etc., são de evitar pois podem deixar a mãe insegura», explica a especialista.

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Restringir as visitas aos

familiares e amigos próximos

Respeitar as rotinas da mãe

e do bebé

Pedir apoio à equipa de saúde, se tiver dificuldades no controlo das

visitas.

boas práticas para gerir as

visitas

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O facto de andar de colo emcolo pode hiperestimular

o bebé, o que o deixará agitado ao fim do dia.

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por vezes para os pais é difícil gerir esta situação porque, tal como existe o “bebé ideal” e o “bebé real”, também há uma “dinâmica imaginada” e uma “dinâmica real”.

o pai acaba por ser o elo de ligação com o mundo exterior

“ “Filipa Grencho é Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Paço de Arcos, onde acompanha grávidas em contexto de consulta de enfermagem de vigilância da gravidez. Trabalhou como parteira no Bloco de Partos - Urgência de Obstetrícia e Ginecologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria.

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Texto Iolanda Veríssimo Com base nas orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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O leite materno é o alimento mais completo para o bebé nos primeiros meses de vida. Para além de fornecer

a quantidade ideal de vitaminas, proteínas e gordura, favorece uma digestão fácil e contém anticorpos que ajudam o organismo a combater vírus e bactérias. A extração e conservação do leite materno são gestos comuns facer à impossibilidade de amamentar o bebé diretamente, seja por questões de saúde, ou, por exemplo, pela necessidade de regressar ao trabalho.

RetIRaR o leIte mateRno Existem vários métodos para retirar o leite materno: manualmente, com recurso a uma bomba manual ou através de uma bomba elétrica. Cada mãe deve optar pelo método e material com que se sente mais confortável. De acordo com a DGS, «as máquinas e os cones, quando adaptados à mama, deverão permitir a maior eficácia, com um mínimo de desconforto», havendo vários modelos disponíveis no mercado. Para facilitar a extração do leite, escolha o momento e local mais adequados, concentrando os seus pensamentos no bebé (coloque uma fotografia dele junto a si, por exemplo). É importante que esteja confortavelmente instalada e relaxada. Ouvir música ou beber uma bebida morna poderão ajudá-la a descontrair. Para estimular a extração do leite, aplique nos seios uma compressa embebida em água morna e massaje suavemente o peito com movimentos circulares. Alternar a mama e o horário na extração podem faciliar a saída do leite.

extRação manualRetirar o leite materno com a mão – massajando e comprimindo o peito - exige prática e coordenação. Contudo,

com o tempo, pode ser um método tão rápido como a extração com recurso a uma bomba manual ou elétrica. É uma competência muito útil para todas as mães, sobretudo quando a extração do leite não constitui uma rotina, sendo apenas necessária em situações pontuais.

BomBas tIRa-leIteExistem bombas tira-leite manuais e elétricas. À semelhança da extração manual, a utilização da bomba manual requer a realização de uma massagem no início do processo. Nesta bomba, o movimento de extração é acionado manualmente pela mãe, com uma ou duas mãos, de forma ritmada e regular. A bomba tira-leite elétrica geralmente simula a massagem inicial, bastando ajustar a mama à bomba. Escolha um funil adequado ao tamanho do peito e adapte o nível de vácuo e a velocidade da extração até onde se sentir confortável. A extração nunca deve ser dolorosa, por isso, se sentir dor, interrompa o processo e peça apoio a um profissional de saúde. laVagem e esteRIlIzaçãoUse água quente corrente e sabão para lavar todas as peças da bomba tira-leite (exceto o motor e o transformador, no caso da bomba elétrica). Enxague com cuidado antes de esterilizar ou ferver estes materiais. Também poderá colocar as peças na parte superior da máquina de lavar. Para limpar a válvula esfregue-a suavemente entre os dedos, com água quente e sabão.

Para a esterilização, poderá recorrer a um esterilizador a vapor ou ferver as peças em água, durante cerca de cinco minutos. Os tubos de silicone e tampas das bombas elétricas não necessitam de ser lavados ou esterilizados. Deixe os

Como ConseRVaR o leIte mateRno?

saIBa Como RetIRaR e ConseRVaR o leIte mateRno, o melhoR alImento que pode daR ao seu BeBé.

bebé bebé

Cada mãe deve optar pelo método e material com que se sente mais confortável.

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materiais arrefecerem antes de lhes tocar novamente e lave as mãos sempre que os manusear. aRmazenamento e ConseRVação O leite materno pode ser conservado em sacos de plástico esterilizados, próprios para o efeito, em biberão esterilizado ou noutros recipientes próprios para alimentos. Os sacos de plástico são aconselháveis apenas para curtos períodos de tempo (72h), enquanto o biberão e outros recipientes de plástico rígido ou vidro, com tampa, são indicados para períodos mais alargados. O leite pode ser conservado por 48 horas no frigorífico ou até dois a três meses no congelador. Para descongelar, o ideal será colocar o leite no frigorífico a 4 ° C. O leite materno pode ser dado à temperatura ambiente ou ligeiramente morno. Se precisar de o aquecer mais rapidamente, ponha-o sob água corrente - primeiro fria e depois morna, servindo-o imediatamente. Lembre-se de que o microondas não deve ser utilizado para descongelar ou aquecer o leite materno. Depois de descongelado este deve ser consumido nas 24 horas seguintes e não pode ser recongelado.

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MassageM ManualAntes de começar a extração, lave bem as mãos. Procure relaxar e massaje suavemente a mama com os nós dos dedos. Faça um “C” com a sua mão, colocando o polegar acima da aréola e o indicador abaixo. Pressione a mama contra as costelas, com a ajuda dos dedos, e em seguida alivie a pressão. Repita este gesto de forma regular.

BoMBas tira-leiteEscolha um funil adaptado ao tamanho do peito. Se usar bomba manual, antes de colocar a bomba massaje o peito com movimentos circulares. Ajuste o nível vácuo, aumentando-o até se sentir desconfortável. Alterne uma e outra mama e varie a hora do dia em que amamenta. Interrompa o processo se sentir dor.

lavageM e esterilizaçãoLave os materiais utilizados na máquina de lavar loiça, ou sob água corrente e sabão. Em seguida, enxuge as peças e proceda à esterilização. Pode usar um esterilizador a vapor ou ferver as peças em água, durante cerca de cinco minutos.

arMazenaMento e ConservaçãoConserve o leite em pequenas porções. Nunca junte leite ainda morno ao leite já congelado. Coloque nos recipientes a data de cada congelação e consuma em primeiro lugar o leite conservado há mais tempo. Pode guardar o leite retirado no frigorífico durante 48 horas, período após o qual ainda pode ser congelado.

desCongelaçãoNunca use o microondas para descongelar ou aquecer o leite materno. O ideal será permitir que o leite descongele lentamente no frigorífico. Se for para consumo imediato, poderá acelerar a descongelação colocando o recipiente sob água morna corrente. Não recongele o leite materno já descongelado.

para retirar e ConservarreCoMendações