Rosa Maria Nascimento Souza O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO ... · (Mestrado em Enfermagem) -...

114
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR Rosa Maria Nascimento Souza O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO E AS FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM Rio de Janeiro 2009

Transcript of Rosa Maria Nascimento Souza O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO ... · (Mestrado em Enfermagem) -...

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR

Rosa Maria Nascimento Souza

OO TTRRAABBAALLHHOO NNOO CCEENNTTRROO CCIIRRÚÚRRGGIICCOO EE AASS FFUUNNÇÇÕÕEESS

PPSSIICCOOFFIISSIIOOLLÓÓGGIICCAASS DDOOSS TTRRAABBAALLHHAADDOORREESS DDEE EENNFFEERRMMAAGGEEMM

Rio de Janeiro

2009

1

Rosa Maria Nascimento Souza

O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO E AS FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS

DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como um dos requisitos à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune

Rio de Janeiro

2009

2

Souza, Rosa Maria Nascimento

O trabalho no centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem / Rosa Maria Nascimento Souza. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola de Enfermagem Anna Nery, 2009.

113 f.

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – UFRJ / Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2009. Orientador: Regina Célia Gollner Zeitoune

1. Funções Psicofisiológicas. 2. Organização do Trabalho. 3. Condições de Trabalho. – Teses. I. Zeitoune, Regina Célia Gollner (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação, Enfermagem. III. Título.

CDD 613.70

3

O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO E AS FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM

Rosa Maria Nascimento Souza

Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Aprovada em:

__________________________________________________ Presidente - Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune

EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________ 1º Examinador - Profª. Drª. Maria Yvone Chaves Mauro

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

__________________________________________________ 2º Examinador - Profª. Drª. Rachel Ferreira Savary Figueiró

EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________ Suplente - Profª. Drª. Angela Maria Mendes Abreu EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________ Suplente - Profª. Drª. Francimar de Jesus Moreira de Moura

UGF – Universidade Gama Filho

Rio de Janeiro

2009

4

DEDICATÓRIA

A minha família: Albérico, Nélia, Ângelo, Ana

Cláudia, muito obrigada pelo carinho e incentivo.

Vocês são os amores da minha vida!!!!

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir a conclusão de mais uma meta na minha vida.

À Direção do Hospital, à Divisão de Enfermagem e à Chefia de Enfermagem

do Centro Cirúrgico (CC), que compreenderam a importância da realização da

pesquisa e autorizaram a sua execução.

A todos que se dispuseram a participar, como sujeitos do estudo.

A Daniele, Janaína, Margarida, Sabrina, Valesca e colegas de trabalho, pelo

apoio e amizade.

Aos meus treinadores, que traçaram metas preventivas para a manutenção

das minhas funções psicofisiológicas, em especial a Carol, Cátia, Alex, Eraldo, Joel,

Marcos e Robson.

Aos Professores, Mestrandos, Doutorandos, Alunos e Funcionários da Escola

de Enfermagem Anna Nery, em especial aos Docentes do Departamento de

Enfermagem em Saúde Pública (DESP) e aos funcionários da pós-graduação: Sônia

Xavier e Jorge Anselmo, pela disponibilidade e atenção que demonstraram no

decorrer deste processo.

Aos Professores Doutores que aceitaram o convite e fizeram parte das

Bancas Examinadoras: Ângela Maria Mendes Abreu, Francimar de Jesus Moreira de

Moura, Maria Yvone Chaves Mauro, Rachel Ferreira Savary Figueiró e Sergio Lima,

contribuindo de modo tão especial para o enriquecer o estudo.

À Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune pela orientação, disponibilidade,

confiança, atenção, dedicação, carinho, incentivo e conhecimentos que

acrescentaram muito para o desenvolvimento deste trabalho, e especialmente pela

sua amizade no decorrer destes anos. Foi maravilhoso!!!!

6

“Sim, nós podemos. Sim, nós podemos mudar. Sim, nós

podemos.” Barack Obama

Presidente dos Estados Unidos da América

(Extraído do seu discurso após vencer as eleições primárias do Partido Democrata, na Carolina do Sul)

7

RESUMO

SOUZA, Rosa Maria Nascimento. O trabalho no centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

O presente estudo teve como objeto o trabalho da enfermagem e as funções psicofisiológicas desta equipe em centro cirúrgico. Entende-se por funções psicofisiológicas o conjunto das funções psíquicas e fisiológicas do ser humano. Fundamentada nos princípios da saúde do trabalhador, adquiridos no curso de especialização de enfermagem do trabalho, a autora começou a avaliar a atividade do trabalhador e posteriormente no setor fechado do hospital de forma mais apurada. Vale ressaltar que o Centro Cirúrgico é um local onde oferece muitos riscos a saúde do trabalhador: químicos, físicos, biológicos, ergonômicos, risco de acidente incluindo os psicossociais. Foram traçados os seguintes objetivos: caracterizar, com base na percepção dos trabalhadores de enfermagem, a organização e as condições de trabalho no centro cirúrgico; descrever, na percepção dos sujeitos do estudo, funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de um centro cirúrgico; analisar funções psicofisiológicas destes trabalhadores quanto às implicações para a sua saúde.Os sujeitos do estudo foram 50 trabalhadores da equipe de enfermagem – enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. O instrumento de coleta de dados foi um formulário com questões que caracterizava a clientela, permitindo graduar suas funções psicofisiológicas e avaliava a organização e as condições de trabalho. O levantamento ocorreu durante o plantão do profissional de forma que não interferisse na rotina de trabalho no centro cirúrgico. O tratamento dos dados foi realizado com distribuição de frequência absoluta e percentual e discutidos a partir da base teórica inserida no presente estudo. A pesquisa atendeu aos princípios básicos da bioética presentes na Resolução 196/96 CNS/MS, que são pautados na autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. A partir dos resultados da presente investigação foi possível concluir que quanto à organização de trabalho, a remuneração, o treinamento para realização de tarefas, a responsabilidade excessiva, o esforço físico e a longa jornada de trabalho foram considerados elementos críticos. Já nas condições de trabalho os entrevistaram avaliaram como principais fatores problemáticos o risco de acidentes, poluição ambiental e a presença de poeira. As principais alterações nas funções psicofisiológicas de acordo com a amostra do estudo foram ansiedade e irritação, na função psíquica e na parte fisiológica as principais queixas foram quanto à presença de edema em membros inferiores, pressão alta, alergia respiratória, dores abdominais. Palavras chave: Funções Psicofisiológicas. Organização de Trabalho. Condições de Trabalho.

8

ABSTRACT

SOUZA, Rosa Maria Nascimento. The work on a chirurgical unit and the psycho-physiological functions of the nursing workers. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

The object of this study is the work of nursing and the psycho-physiological functions of this team on a chirurgical unit. It is understood as psycho-physiological functions the totality of psychical and physiological functions of the human being. Based on the work health principles acquired on Nursing of the work specialization course, the author evaluated the activity of the worker, on the closed sector of the hospital, on a more detailed way. We must emphasize that the chirurgical unit is a place that offers many risks to the worker health: chemical, physical, biological, ergonomic, accidents-related and psychosocial risks. We drew the following aims: to characterize, based on the nursing workers perception, the organization and the work conditions on a chirurgical unit; to describe, on the perception of the study subjects, the psycho-physiological functions of the nursing workers in a chirurgical unit; to analyze the psycho-physiological functions of this worker regarding the implications for the worker health. 50 workers of the nursing team, - nurses, nurses assistants and technicians-, composed the individuals of the study. The data collection instrument was a formulary involving questions characterizing the clients, allowing the adjustment of their psycho-physiological functions, evaluating the organization and the work conditions. The collecting happened during the duty so that it does not interfere on the work routine on the chirurgical unit. The data treatment was carried out with absolute frequency distribution from the theoretical basis inserted on the current study. The research will meet the pillars of bioethical basic principles found at the Resolution 196/96 CNS/MS, based on the autonomy, charity, non-maleficency and justice. From the current research, it was possible to conclude that the organization and the work conditions of the study sector interfere on the psycho-physiological of the workers inserted on the chirurgical unit. Keywords: Psycho-physiological Functions. Work Organization. Work Conditions.

9

RESUMEN

SOUZA, Rosa Maria Nascimento. El trabajo en el centro quirúrgico y las funciones psicofisiológicas de los trabajadores de enfermería. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

El presente estudio tuvo como objeto el trabajo de la enfermería y las funciones psicofisiológicas de este equipo en centro quirúrgico. Se entiende por funciones psicofisiológicas el conjunto de las funciones psíquicas y fisiológicas del ser humano. Fundamentada en los principios de la salud del trabajador, adquiridos en el curso de especialización de enfermería del trabajo, la autora empezó a evaluar la actividad del trabajador y en el sector cerrado del hospital de forma más detallada. Vale resaltar que centro quirúrgico es un lugar que ofrece muchos riesgos a la salud del trabajador: químicos, físicos, biológicos, ergonómicos, riesgos de accidentes y psicosociales. Se han trazado los siguientes objetivos: caracterizar, con base en la percepción de los trabajadores de enfermería, la organización y las condiciones de trabajo en el centro quirúrgico; describir, en la percepción de los sujetos del estudio, las funciones psicofisiológicas de los trabajadores de enfermería de un centro quirúrgico; analizar las funciones psicofisiológicas de este trabajador en cuanto a las implicaciones para la salud del trabajador. 50 trabajadores del equipo de enfermería, - enfermeros, auxiliares y técnicos de enfermería -, han compuesto los sujetos del estudio. Como instrumento de colecta de datos se utilizó un formulario con preguntas que caracterizan la clientela permitiendo graduar sus funciones psicofisiológicas y evalúan la organización y las condiciones de trabajo. El levantamiento ocurrió en el horario de guardia de forma a que no interfiriera en la rutina de trabajo en el centro quirúrgico. El tratamiento de los datos se realizó con distribución de frecuencia absoluta y porcentual. Los datos han sido discutidos a partir de la base teórica insertada en el presente estudio. La investigación va a atender a los pilares de los principios básicos de la bioética, presentes en la Resolución 196/96 CNS/MS, que están pautados en la autonomía, beneficencia, no maleficencia y justicia. A partir de la presente investigación, fue posible concluir que la organización y las condiciones de trabajo del sector de estudio interfieren en las funciones psicofisiológicas de los trabajadores insertados en el centro quirúrgico. Palabras clave: Funciones Psicofisiológicas. Organización de Trabajo. Condiciones de Trabajo.

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aspectos sociodemográficos dos sujeitos do estudo (n = 50) ...................................................................................... 42

Tabela 2 Distribuição das respostas dos sujeitos de estudo conforme a Organização de Trabalho (n = 50) .................. 47

Tabela 3 Distribuição das respostas dos sujeitos da pesquisa segundo a condição de trabalho da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico (n = 50) ..................... 57

Tabela 4 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função cardiovascular (n = 50) .............................. 65

Tabela 5 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo conforme a função respiratória (n = 50) ............................. 73

Tabela 6 Distribuição das respostas dos sujeitos sobre os fatores prejudiciais à atividade da função gastrintestinal (n = 50)...................................................................................... 77

Tabela 7 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com as refeições e a função gastrintestinal (n = 50) 79

Tabela 8 Distribuição da classificação do peso dos sujeitos do estudo de acordo com o Índice de Massa Corporal (n = 50)

82

Tabela 9 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo segundo a função renal (n = 50) ........................................ 84

Tabela 10 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função endócrina (n = 50) ..................................... 87

Tabela 11 Distribuição das respostas dos trabalhadores de enfermagem sobre a função neurológica (n = 50) ............. 89

Tabela 12 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com a função psíquica (n = 50) .............................. 92

11

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ...................................................................... 121.1 Considerações Iniciais ............................................................................. 121.2 Questões Norteadoras ............................................................................. 151.3 Objetivos .................................................................................................. 161.4 Justificativa do Estudo ............................................................................. 161.5 Relevância do Estudo .............................................................................. 19CAPÍTULO II – BASE TEÓRICA .................................................................. 212.1 Considerações sobre o Trabalho em Centro Cirúrgico ........................... 212.2 Funções Psicofisiológicas ........................................................................ 252.3 Organização de Trabalho ........................................................................ 292.4 Condições de Trabalho............................................................................. 322.5 Considerações sobre a Saúde do Trabalhador ....................................... 36CAPÍTULO III – METODOLOGIA ................................................................. 403.1 Tipo do Estudo ......................................................................................... 403.2 Cenário do Estudo ................................................................................... 403.3 Amostra do Estudo .................................................................................. 413.4 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................. 433.5 Coleta de Dados ...................................................................................... 443.6 Análise dos Dados ................................................................................... 443.7 Aspectos Éticos ....................................................................................... 45CAPITULO IV - ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 464.1 Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico ............. 464.2 Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico.................. 564.3 Funções Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do

Centro Cirúrgico ...................................................................................... 654.3.1 Função Cardiovascular ......................................................................... 654.3.2 Função Respiratória .............................................................................. 724.3.3 Função Gastrintestinal .......................................................................... 774.3.4 Função Renal ................................................................................................ 844.3.5 Função Endócrina ................................................................................. 874.3.6 Função Neurológica ............................................................................. 894.3.7 Função Psíquica ................................................................................... 92CAPÍTULO V – CONCLUSÃO ...................................................................... 96REFERÊNCIAS ............................................................................................. 99APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................... 105APÊNDICE B – Formulário ............................................................................ 106APÊNDICE C – Carta de Apresentação para realizar a pesquisa no Hospital .................. ....................................................................................... 111ANEXO - Aprovação do Comitê de Ética ..................................................... 113

12

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

A presente investigação teve como objeto de estudo o trabalho da

enfermagem e as funções psicofisiológicas na percepção da equipe de enfermagem1

de um centro cirúrgico.

As dimensões no trabalho de enfermagem estudadas foram a organização e

as condições de trabalho. Quanto às funções psicofisiológicas, tomou-se como base

o conjunto das funções psíquicas e fisiológicas do ser humano.

No intuito de contextualizar o objeto de estudo, cabe dizer que o primeiro

contato da autora deste trabalho com as questões relacionadas com a saúde do

trabalhador ocorreu no final do curso de graduação em 2002, no Núcleo de Pesquisa

Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST) do Departamento de

Enfermagem de Saúde Pública (DESP) da Escola de Enfermagem Anna Nery

(EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando foram realizadas

as primeiras investigações na área de saúde do trabalhador, embora não

relacionadas à saúde do trabalhador de enfermagem.

Anos mais tarde, a partir da experiência de trabalho em setores fechados, a

princípio em unidade de terapia intensiva (UTI) e atualmente no centro cirúrgico (CC)

de uma maternidade, o cotidiano do trabalhador passou a ser melhor observado,

despertando interesse na realidade vivida pela equipe de enfermagem em centro

cirúrgico, considerando as características do ambiente, suas demandas próprias,

características específicas e riscos ocupacionais.

1 Entende-se como equipe de enfermagem os seguintes trabalhadores: enfermeiro(a), técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem. No presente estudo, os termos equipe de enfermagem, trabalhadores de enfermagem, profissionais de enfermagem estão sendo usados como sinônimos.

13

Através dessa experiência, foi possível observar que o centro cirúrgico é um

setor fechado onde atividades complexas são desenvolvidas, concentrando

diferentes profissionais (equipe de enfermagem, médicos, equipe de limpeza entre

outros trabalhadores) que devem atuar de forma interdependente. É um setor onde

as ações desenvolvidas visam preservar a vida do paciente.

Vale ressaltar que o referido setor tem um ritmo de trabalho muito próprio,

exigindo do trabalhador o uso de um paramento específico: é preciso portar um

pijama cirúrgico. Isto leva o trabalhador a ter que substituir sua roupa pessoal pela

roupa cirúrgica e sempre que se fizer necessário sair do setor, retirar o uniforme do

centro cirúrgico. Este ritmo acaba fazendo com que o trabalhador se mantenha

horas contínuas confinado em ambiente fechado, que possui elementos que podem

levar a riscos à sua saúde.

Quanto aos riscos existentes no centro cirúrgico, Ferreira (2003) destacou o

ruído como um problema relevante neste setor. A autora ressalta que o ser humano

é muito sensível tanto para os pequenos como para os grandes ruídos, indicando

medidas importantes para eliminar ou amenizar o ruído como alternativa para

preservar a integridade física dos trabalhadores, sujeitos da pesquisa.

Os ruídos no centro cirúrgico podem ser provenientes de diferentes fontes -

desde aqueles decorrentes das conversas das pessoas até os produzidos pelos

instrumentais utilizados em determinadas cirurgias, como as ortopédicas e algumas

plásticas. Estes se caracterizam não pela intensidade, mas pela frequência. Assim,

os trabalhadores ficam muito expostos, tornando-se vulneráveis a desenvolver

estresse, entre outros distúrbios.

No caso do estresse, este é um problema emocional citado por muitos

pesquisadores que avaliaram a saúde do trabalhador de enfermagem em centro

14

cirúrgico. Segundo Martino e Misko (2004), a equipe de enfermagem realiza um

trabalho cansativo, desgastante devido à estreita convivência com a dor e o

sofrimento dos pacientes. O envolvimento demasiado do profissional com as

intercorrências, sofridas pelo paciente, propicia um estado de ansiedade que,

futuramente, tende a diminuir sua capacidade de tomar decisões comprometendo,

dessa forma, a sua saúde.

Uma outra situação inerente ao trabalho do profissional de enfermagem é a

alteração no sono, que pode estar relacionada ao trabalho em turnos, sobretudo

entre aqueles que trabalham no turno noturno, alterando seu relógio biológico.

Martino e Misko (2004), ao avaliarem os trabalhadores de enfermagem do setor em

estudo, concluíram que a alteração do relógio biológico pode levar ao desequilíbrio

no estado emocional.

A duração das cirurgias, principalmente as que necessitam de maior tempo de

dedicação da equipe, faz com que os horários de alimentação sejam alterados. O

trabalhador, antes de se dirigir ao refeitório da instituição ou mesmo a outro local

onde faz suas refeições, precisa retirar a roupa cirúrgica2, usada especificamente no

setor, o que pode também se caracterizar como fator limitante, uma vez que é

preciso um tempo para substituir a vestimenta para ir almoçar, resolver questões

pessoais ou mesmo para atender às suas necessidades fisiológicas.

Outros aspectos do trabalho no centro cirúrgico são as exposições constantes

ao ar condicionado, gases anestésicos e a postura de pé por longos períodos,

fatores estes que podem levar o trabalhador ao adoecimento ao longo do tempo,

muitas vezes não identificado como relacionado ao trabalho.

2 A roupa cirúrgica, de acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), é um pijama completo, gorro, máscara, sapatilha e capote.

15

Estes, entre outros fatores existentes no contexto do trabalho no centro

cirúrgico, devem ser considerados ao se discutir a saúde do trabalhador de

enfermagem inserido neste cenário de prática profissional, uma vez que este passa

boa parte da sua jornada de trabalho dentro do setor. As saídas são em caso de

extrema necessidade, mesmo assim de forma rápida a fim de não sobrecarregar os

que permanecem no setor.

Assim sendo, tendo a prática mostrado que o trabalhador de enfermagem, no

centro cirúrgico, tem características próprias, e entendendo que estas podem levar a

comprometimento a saúde do trabalhador de enfermagem, ao desconhecimento de

como atividades peculiares ao setor podem intervir nas funções psicofisiológicas, o

objeto do estudo foi delineado no sentido de conhecer estas funções nos

trabalhadores de centro cirúrgico, na possibilidade de reafirmar as inquietações de

que o trabalho neste setor pode alterar as funções psicofisiológicas.

Neste cotidiano vivido pelos trabalhadores de enfermagem que atuam em

centro cirúrgico, e a partir do objeto do presente estudo, foram elaboradas três

questões a fim de dirigir esta investigação.

1.2 Questões Norteadoras

• Como se dá a organização e as condições de trabalho da equipe de

enfermagem no centro cirúrgico?

• A organização e as condições no centro cirúrgico de trabalho produzem

alterações nas funções psicofisiológicas nos trabalhadores de enfermagem na

ótica destes profissionais?

• As alterações psicofisiológicas interferem na saúde dos trabalhadores de

enfermagem daquele setor?

16

1.3 Objetivos

Considerando as questões do estudo, foram traçados objetivos para o

desenvolvimento desta investigação:

• Caracterizar, com base na percepção dos trabalhadores de enfermagem, a

organização e as condições de trabalho no centro cirúrgico;

• Descrever, na percepção dos sujeitos do estudo, funções psicofisiológicas

dos trabalhadores de enfermagem de um centro cirúrgico;

• Analisar funções psicofisiológicas destes trabalhadores quanto às implicações

para a sua saúde, na perspectiva da saúde do trabalhador.

1.4 Justificativa do Estudo

O estudo justificou-se devido à problemática apresentada inicialmente e por

existir uma lacuna de conhecimento acerca do objeto proposto.

Na literatura, encontro-se alguns estudos, apresentados a seguir, que tiveram

como sujeitos e cenários os trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico.

Contudo, não foram identificados estudos que contemplassem simultaneamente as

questões relacionadas com as funções psicofisiológicas, a organização e as

condições de trabalho da equipe de enfermagem neste cenário.

Nos trabalhos consultados, pode-se observar que existiam estudos sobre

elementos que compõem as funções psicofisiológicas de forma isolada como, por

exemplo, o impacto do ruído na saúde do trabalhador, o estresse, as afecções

osteomusculares, a saúde mental dos trabalhadores inseridos no centro cirúrgico,

entre outros temas.

Nas pesquisas nas bibliotecas virtuais nacionais – Bireme, Minerva, entre

outras – usando como descritor a palavra “psicofisiológica”, não foram encontrados

17

estudos que abordassem este tema envolvendo a saúde do trabalhador de

enfermagem inserido no centro cirúrgico.

Dos trabalhos científicos encontrados nas bases de dados nacionais,

destacam-se alguns autores a seguir.

Ferreira (2003), ao avaliar as condições de trabalho com ênfase nos riscos

que o centro cirúrgico propicia ao trabalhador, verificou que o ruído é um elemento

relevante, podendo ocasionar alterações em sua saúde, não apenas no campo

auditivo, mas em outras áreas, como em sua saúde mental.

A autora refere ainda que os trabalhadores de enfermagem, sobretudo

aqueles que são escalados para circular em salas3, têm seus horários de

alimentação mais prejudicados e a recorrência pode levar a problemas no trato

digestivos, por transtornos gástricos. Muitas vezes, dependendo da hora que chegue

no refeitório para almoçar, o trabalhador pode não encontrar mais comida ou quando

encontra pode estar alterada pelo manuseio dos que antes se serviram dela.

Rocha e Bonzatti (2000), ao discutirem sobre a saúde dos enfermeiros do

centro cirúrgico, consideram o trabalho cansativo por exigir que o trabalhador

permaneça a maior parte da sua jornada de trabalho de pé, com incessantes

movimentações corporais e muitos deslocamentos. Neste contexto, o profissional

pode desenvolver alterações no sono, fadiga, entre outros problemas de saúde.

Martino e Misko (2004) ressaltaram que o desgaste mental, a crise existencial

e a ansiedade são estados emocionais que também permeiam a vida do profissional

de enfermagem atuante em centro cirúrgico, por conta da proximidade com o

sofrimento e a morte. Complementando, Stumm, Macalai e Kirchner (2006) relatam

que o ritmo de trabalho da equipe de enfermagem neste setor favorece a ocorrência

3 Circular em salas com o objetivo de suprir as necessidades materiais de cada sala de cirurgia.

18

de muitos prejuízos a saúde, como a síndrome de burnout4, acompanhada de

doenças coadjuvantes.

Carvalho et al. (2004), ao estudarem o estresse ocupacional em

trabalhadores de enfermagem que realizam suas atividades em setores fechados

(bloco cirúrgico e centro de terapia intensiva), observaram que 93,5% apresentaram

sintomas físicos de ansiedade e estresse.

Oler et al. (2005) desenvolveram um estudo sobre a qualidade de vida dos

trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico. Foram estudados a capacidade

funcional, os aspectos físicos, emocionais, a saúde mental, o estado geral de saúde,

a vitalidade e os aspectos sociais. Concluíram que, das questões investigadas, as

que apresentaram maior vulnerabilidade à saúde do trabalhador eram a presença de

dor, a queda da vitalidade e as interferências nos aspectos social, físico e saúde

mental.

Peniche (2005) ressaltou que o setor possui características que podem deixar

os trabalhadores vulneráveis a alterações emocionais, como a ansiedade, podendo

influenciar no desempenho de suas atividades. A autora concluiu que 42,11% da

amostra estudada apresentou manifestações clínicas de ansiedade relacionadas ao

comportamento.

Meirelles (2002), ao pesquisar o nível de estresse dos trabalhadores da

equipe de enfermagem de um centro cirúrgico oncológico, concluiu que os referidos

profissionais trabalhavam sob a influência deste distúrbio em sua rotina de trabalho,

proveniente das relações pessoais conflituosas, sobrecarga de trabalho, carga

horária excessiva e recursos humanos inadequados.

4 Burnout é uma palavra de origem inglesa, sua tradução literal é queima após desgaste, ou seja, aquilo que deixou de funcionar por conta da exaustão. Na presente pesquisa entende-se como uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional.

19

Schimidt e Dantas (2006), ao investigarem a qualidade de vida no trabalho

entre os profissionais de enfermagem em centro cirúrgico, concluíram que, de uma

forma geral, os enfermeiros consideravam-se insatisfeitos, ou eram neutros, sendo a

baixa remuneração um fator relevante para a insatisfação.

Schwartz e Baldin (2005), ao pesquisaram sobre o impacto do trabalho na

saúde da equipe de enfermagem atuante em centro cirúrgico, verificaram que esta

classe está vulnerável a sofrer acidentes de trabalho, doenças ocupacionais,

afecções osteomusculares, depressão, obesidade, entre outras patologias.

Sendo assim, pode-se dizer que há carência de investigações que

contemplem as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem com

vistas à organização e condições de trabalho em centro cirúrgicos reunidas num só

estudo, o que justificou esta investigação.

1.5 Relevância do Estudo

A relevância do estudo ficou caracterizada pelas possibilidades de

contribuições que o mesmo pode trazer. Neste sentido, entendeu-se que o estudo

das funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico

possa contribuir para a organização e o controle das condições de trabalho neste

setor, para fundamentar discussões entre sindicatos e associações de classe, em

prol da melhoria do ambiente de trabalho de uma forma holística, visando à

manutenção da saúde dos trabalhadores.

Dessa forma, conhecendo a percepção do trabalhador de enfermagem de

centro cirúrgico sobre a organização e as condições do trabalho e as funções

psicofisiológicas, é possível conhecer o cotidiano desses trabalhadores e, com isso,

20

gerar dados que possibilitarão discussões entre pesquisadores e profissionais que

atuam para a melhoria do processo de trabalho.

Além disso, o estudo permitirá ainda que sindicatos de classe, associações de

enfermagem e órgãos afins discutam sobre os fatores presentes no trabalho

executado em centro cirúrgico, que possam levar à morbidade nos trabalhadores

através das alterações psicofisiológicas e, com isto, propor medidas para que a

organização e as condições de trabalho venham a se coadunar com a qualidade de

vida no trabalho.

Por fim, o presente estudo ampliou as discussões sobre a temática

apresentada, podendo-se inferir que seus resultados apontaram objetos de futuras

investigações, dando suporte às discussões da linha de pesquisa do Núcleo de

Pesquisa Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST) do Departamento de

Enfermagem de Saúde Pública (DESP) da EEAN/UFRJ no qual o projeto está

inserido.

21

CAPÍTULO II

BASE TEÓRICA

2.1 Considerações sobre o Trabalho em Centro Cirúrgico

O Centro Cirúrgico é um setor do hospital destinado a procedimentos

cirúrgicos de baixa, média ou alta complexidade, que podem ser eletivos, de

emergência ou de urgência.

As cirurgias eletivas, segundo Figueiredo, Leite e Machado (2006), são

marcadas com antecedência. O paciente não está em risco de vida. São

classificadas como: curativa - com a finalidade de retirar algo que não está fazendo

bem ao corpo; paliativa - para proporcionar uma melhora às condições orgânicas do

cliente; ou de reconstrução - a fim de reconstruir tecidos danificados.

Nas cirurgias de urgência e emergência, o tempo de preparação do cliente e

do ambiente operatório é reduzido a 24 horas aproximadamente, ou sua realização é

imediata por conta do risco de vida a que o paciente está exposto. Nestes casos, a

atenção de toda equipe envolvida na cirurgia deve ser redobrada.

O centro cirúrgico fica localizado em áreas isoladas do hospital, onde exista

pouca circulação de pessoas, com a finalidade de minimizar a incidência de

infecções hospitalares. O acesso a esse setor é restrito ao paciente e aos

profissionais que nele atuam, salvo em maternidades onde, algumas vezes, é

permitido o acesso de um familiar.

De acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), o centro cirúrgico

comporta secretaria, sala de cirurgia, sala de profissionais, sala de materiais/

equipamentos, sala de limpeza de materiais, laboratório, banheiros, expurgo e copa.

22

A área física da sala de cirurgia deve ser de 25m2, com exceção dos locais

destinados à realização de cirurgia cardíaca e ortopédica. Nesse caso, a sala

cirúrgica deve ter uma dimensão de 30 a 36m2. O formato da sala deve ser redondo

de forma que não tenha quinas; as paredes e o piso, sem ralos, cobertos com

revestimento lavável. As portas devem ser do tipo “vai e vem“ para facilitar o trânsito

de macas e equipamentos. O setor pode possuir janelas, desde que sejam

hermeticamente fechadas (FIGUEIREDO; LEITE; MACHADO, 2006).

Os profissionais que atuam nesse setor são: equipe de enfermagem e

médica, técnicos de laboratório, de radiologia e funcionários da limpeza. A

enfermagem atua em todos os momentos da cirurgia, ou seja, nos períodos pré,

trans e pós-operatório, sendo a primeira a chegar ao local onde será realizada a

cirurgia e a última a sair.

No dia do procedimento, cabe ao profissional de enfermagem deixar a sala

preparada para a cirurgia, checando se os materiais estão funcionando plenamente,

separando as bandejas usadas na cirurgia, os materiais de uso descartável e

também receber o paciente no centro cirúrgico.

O período transoperatório, também chamado perioperatório, inicia-se quando

o paciente entra na sala de operação e é posicionado na mesa cirúrgica. O trabalho

é realizado de forma multidisciplinar, atuando de maneira interdependentemente.

Neste momento, de acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), cabe à

enfermagem efetuar os registros no prontuário, desde a entrada até a saída do

paciente, aferir sinais vitais, repor os materiais durante a cirurgia e estar atento às

solicitações dos profissionais que estão atuando diretamente no paciente.

No período pós-operatório, o paciente é encaminhado para a sala de

recuperação pós-anestésica, onde os sinais vitais são monitorados até que ele se

23

encontre em condições de ser transferido para outro setor, que pode ser fechado,

como a unidade de terapia intensiva, ou para a enfermaria, onde dará continuidade

ao tratamento.

Terminada a cirurgia, as ferramentas utilizadas deverão ser lavadas e

encaminhadas para o setor de esterilização, com a finalidade de serem preparadas

para outras cirurgias. A equipe de limpeza deve fazer a desinfecção do local

deixando a sala pronta para outro procedimento.

Ao longo do plantão, a equipe de enfermagem deve permanecer no local,

usando roupas apropriadas, compostas por pijama, touca, sapatilha, capote e óculos

de proteção. Ao sair do setor, o profissional dever mudar a roupa, para evitar

contaminação. Pequenas refeições e descanso devem ser feitos no setor, quando

há possibilidade e tempo.

O profissional de enfermagem de centro cirúrgico deve ter como característica

principal um bom relacionamento interpessoal. Ao longo do trabalho, o enfermeiro

passa por muitas situações conflituosas no trabalho em equipe e, através do diálogo,

deve tentar contornar os problemas vivenciados. Para Stumm, Macalai e Kirchner

(2006), o conflito mais comum ocorre entre as equipes médica e de enfermagem,

pelo fato de que os primeiros julgam que suas solicitações devem ser atendidas de

maneira dogmática e imediata.

A equipe de enfermagem, principalmente o enfermeiro, vem assumindo no

hospital a parte administrativa e burocrática, considerando seu perfil de formação.

Com isto, cabe a ele a organização do centro cirúrgico de uma forma holística, o que

inclui a elaboração da escala de pessoal, distribuição das cirurgias nas salas, prover

e prever materiais, checar se as normas e rotinas foram executadas - como, por

exemplo, se a desinfecção das salas foi efetuada de acordo com as normas da

24

comissão de controle de infecção hospitalar, disposição de ferramentas a serem

utilizadas durante a cirurgia, entre outras atribuições.

O isolamento social é outra característica do profissional que atua nesse

setor. Para evitar a contaminação do espaço físico, ele deve sair do centro cirúrgico

o mínimo possível. E nas poucas vezes em que sair, deve retornar rapidamente ao

setor a fim de não desfalcar a equipe. No tempo livre entre uma cirurgia e outra,

quando acontece, as atividades de relaxamento e descontração antiestresse devem

ser realizadas neste mesmo local.

Outro aspecto a ser considerado é a remuneração do profissional de

enfermagem que, segundo Stumm, Macalai e Kirchner (2006), de uma forma geral, é

inadequada, fazendo com que o profissional necessite ter mais de um vínculo

empregatício para suprir os seus compromissos financeiros. Sendo assim, no

momento que deveria estar descansando de um trabalho está envolvido em outro,

muitas vezes com a mesma precariedade.

Oler et al. (2005) complementam a opinião dos autores e ressaltam outros

problemas que a enfermagem vivencia, como a grande carga de trabalho, por conta

do aumento do volume de cirurgias e o número reduzido de profissionais atuantes

no setor, a manipulação de substâncias tóxicas, o trabalho em turnos que, entre

outras intercorrências, deixam os profissionais vulneráveis a frustrações, transtornos

físicos, psicológicos, afetando a qualidade de vida de cada um.

Esta realidade, vivida no trabalho em centro cirúrgico, pode interferir nas

funções psicofisiológicas e, por conseguinte, na saúde do trabalhador.

25

2.2 Funções Psicofisiológicas

As funções psicofisiológicas envolvem as funções psíquicas e fisiológicas do

ser humano voltadas para a clínica. Conforme Carvalho (2001), para avaliar a

função psíquica, deve-se levar em consideração a irritação, a insônia, a crise de

choro, a amnésia, a depressão, a intolerância, a ansiedade e a angústia. Rodrigues

(1998) também ressalta que os distúrbios no sono, a irritabilidade e o mau humor

são problemas que acometem o trabalhador em sistema de turnos.

Já as funções fisiológicas do ser humano englobam os sistemas neurológico,

cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, renal e endócrino.

A função neurológica, baseada em Aires (1999), coordena dezenas de bilhões

de neurônios, gerenciando funções primitivas, tais como reações reflexas a

estímulos simples do meio ambiente, até funções complexas como controle de

movimentos delicados e precisos, mecanismo de atenção do meio externo, entre

outras funções.

A avaliação desta função ocorre, segundo Netina (2003), a partir do estado

mental (estado de consciência, memória, cognição, afeto e conteúdo), função dos

nervos cranianos (atividade dos 12 nervos cranianos), função cerebelar (rastrear a

coordenação), função motora (geralmente testada junto com o sistema esquelético),

função sensorial (deve ser testada a sensibilidade ao tato, dor, vibração e posição) e

os reflexos tendinosos profundos.

Quanto à função cardiovascular, de acordo com Aires (1999), esta é

responsável por transportar e distribuir substâncias essenciais aos tecidos, bem

como produtos oriundos do metabolismo. Neste contexto, a avaliação da função

cardiovascular, segundo Netina (2003), engloba a presença de: dor torácica,

dispnéia, palpitações, fadiga, frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura,

26

respiração, hipotensão postural, cianose, icterícia, edema em membros inferiores e

ausculta cardíaca.

Com relação à função respiratória, Aires (1999) coloca que esta tem como

missão suprir o organismo com oxigênio (O2), bem como remover o produto gasoso

proveniente do metabolismo celular. Para avaliar esta função, cabe investigar a

ocorrência de dispnéia, dor torácica, tosse, hemoptise, frequência respiratória,

cianose e ausculta respiratória.

No que se refere à função gastrintestinal, para Netina (2003), esta é

responsável pela ingestão e propulsão do alimento, digestão e absorção dos

nutrientes. De acordo com o autor, deve-se avaliar: hábitos alimentares, dor

abdominal, dispepsia, icterícia, náusea e vômito, diarréia, constipação, disfagia. Os

achados relevantes desse sistema são: desidratação, lesões orais, falta de dentes,

sangramentos, peso corporal, características das fezes, esteatorréia.

A função renal, de acordo com Aires (1999), tem como objetivo promover a

manutenção do volume e de composição do fluido extracelular do indivíduo nos

limites fisiológicos. Para identificar o funcionamento desta função, segundo Netina

(2003), deve-se avaliar distúrbio nos rins, alterações na micção quanto à quantidade

ou coloração da urina, dor, irritação do trato urinário ou obstrução no trato urinário e

incontinência urinária.

A função endócrina é responsável pela reprodução, desenvolvimento e

crescimento, manutenção do meio interno e externo, armazenamento e utilização de

substratos com metabolismo energético (AIRES, 1999).

Netina (2003) afirma que para conhecer o funcionamento do sistema

endócrino, deve-se avaliar o funcionamento da hipófise, tireóide, paratireóides,

supra-renais, ilhotas pancreáticas, ovários e testículos. A avaliação do

27

funcionamento das referidas glândulas ocorre usualmente a partir de exames

laboratoriais.

Para avaliar as funções fisiológicas, podemos consultar os ritmos biológicos.

O ser humano, ao longo de seu processo evolutivo, desenvolveu uma forma de

adaptação aos fatores cíclicos ambientais, fazendo uma distribuição temporal de

suas tarefas ao longo do dia e da noite, do mês ou do ano. A repetição periódica

desses eventos biológicos recebe o nome de ritmos biológicos (AIRES, 1999).

Os ritmos biológicos são classificados em três grupos: os circadianos (que

levam cerca de um dia, entre 20 a 28 horas para completar um ciclo); os ultradianos

(que realizam mais de um ciclo em um dia); e os infradianos (que levam mais de 28

horas para realizar um ciclo). Estes dados são de grande valia para a análise da

ocorrência dos fenômenos fisiológicos no ser humano.

A partir da cronobiologia (ramo da biologia que se ocupa da dimensão

temporal da matéria viva através dos ritmos biológicos), é possível constatar que a

maioria dos fenômenos fisiológicos apresenta flutuações regulares e periódicas ao

longo das 24 horas. Dessa forma, tais fenômenos são pautados de acordo com os

ciclos circadianos.

A ordenação temporal dos fenômenos biológicos, ao longo do tempo e o

respeito do período de sono e vigília, são fatores importantes para a manutenção de

uma vida saudável. Sendo assim, quando um trabalhador se submete a trabalhos

em sistema de turnos, que infrinjam o horário de repouso e atividade, pode

comprometer sua saúde e expectativa de vida.

Os seres humanos foram preparados para exercer sua atividade no horário

diurno, reservando o horário noturno para o repouso. A partir dessa premissa,

observa-se como os sistemas do corpo humano exercerão suas atividades. Aires

28

(1999) refere que podemos observar o seguinte comportamento das funções

fisiológicas:

a) Nas secreções hormonais, os corticosteróides adrenais (responsáveis por

preparar o organismo para a vigília e a interação com o meio ambiente) têm seu pico

de produção e secreção no final da noite de sono, início do despertar. Em

contrapartida, a insulina é produzida e liberada em maior quantidade pela manhã e

no início da tarde. Os estímulos estressantes têm sua produção e liberação

inversamente proporcional à produção e liberação de corticosteróides adrenais;

b) Na função renal, a excreção urinária de potássio, cálcio e hidrogênio são

máximos pela manhã, enquanto a de sódio é maior à tarde, assim como a resposta

diurética à ingestão de água é maior pela manhã do que à tarde;

c) Na termorregulação, a temperatura corporal central apresenta seu valor

máximo em torno das 17-18 horas, enquanto o valor mínimo ocorre no segundo

terço de sono noturno;

d) Os parâmetros hematológicos apresentam valores de máximos de

hemácias, hemoglobina e hematócrito por volta das 12 horas. Enquanto o número

total de glóbulos brancos apresenta maior valor no período de repouso, por volta das

23-24 horas;

e) No sistema cardiovascular, a frequência cardíaca, o débito cardíaco, o

volume sistólico, a pressão arterial e o volume circulante apresentam valores

máximos por volta das 17-18 horas, enquanto o tempo de ejeção ventricular, o

intervalo entre as sístoles e a resistência capilar apresentam valores máximos entre

5-8 horas da manhã;

f) No sistema respiratório, a capacidade respiratória é mínima à noite e de

madrugada, e máxima durante o dia.

29

Pode-se ver que os sistemas, ao longo do dia, apresentam flutuações,

considerando que o ser humano trabalha durante o dia e descansa durante a noite.

Dessa forma, quando o trabalhador inverte o binômio sono-vigília faz com que os

sistemas tenham que se adaptar a uma nova rotina. Esse processo de adaptação

pode gerar muitos agravos à sua saúde.

O trabalho em esquema de turno é um fator relevante para conseguir obter

um padrão de sono satisfatório, sobretudo para os trabalhadores que exercem suas

atividades no período noturno.

2.3 Organização do Trabalho

A organização de trabalho diz respeito a como o trabalho deve ser distribuído

e de que maneira deverá ser executado. De acordo com Mendes (2005), a

organização de trabalho aborda como o trabalho é elaborado, levando em

consideração a estruturação e a formalização, respeitando o recurso humano e

como as tarefas serão desenvolvidas.

Alguns aspectos devem ser observados como alternativa para constituir uma

organização do trabalho. Estes aspectos devem levar em conta a divisão de tarefas,

considerando o tempo e o espaço, o sistema que permita a comunicação entre as

atividades, ações e operações, o estabelecimento de rotinas, procedimentos e

produção, a supervisão e o controle, e ainda a captação e o treinamento para o

trabalho (SILVA FILHO, 1997).

A organização do trabalho reúne um conjunto de normas que determinam

como o trabalho deverá ser executado num ambiente. Tem por finalidade dividir o

trabalho, o conteúdo, a tarefa, o sistema hierárquico, as modalidades de um

comando, enfim, tem como meta gerenciar como o trabalho deve ser executado

30

atendendo as necessidades de maneira harmônica, tanto do empregado como do

empregador (DEJOURS, 1992).

Frequentemente, a organização do trabalho é elaborada por quem o está

coordenando. Dessa forma, o planejamento é elaborado por uma pessoa

(coordenador) para ser executado por outra (empregado), atendendo às

necessidades do paciente (KREISCHER, 2007). Sendo assim, o executor das

tarefas deve trabalhar de acordo com as atividades prescritas pelo seu coordenador.

Na maioria das vezes, o executor das tarefas não participa da organização do

planejamento das atividades, o que inibe o trabalhador de opinar sobre alternativas

que possam melhorar o desenvolvimento de sua tarefa.

Ao longo da jornada de trabalho, algumas intercorrências, previsíveis ou não,

podem ocorrer, levando a equipe de trabalho a desempenhar atividades que não

estavam no rol de tarefas a serem desenvolvidas. Ou seja, o trabalho prescrito vai

se distanciando do trabalho real, sobrecarregando os trabalhadores pelas múltiplas

tarefas a serem realizadas.

Quanto mais diferentes forem os dois trabalhos (o prescrito e o real), mais

vulneráveis ficam os trabalhadores para desenvolver doenças, tanto físicas quanto

psíquicas. Tal situação é comumente observada quando numa equipe de trabalho

temos um ou mais funcionários afastados (seja por doença, licença, férias, entre

outras situações) e não há reposição de pessoal; sendo assim, para que não haja

declínio na produtividade, os trabalhadores que permanecerem deverão trabalhar

mais caracterizando uma sobrecarga de trabalho.

A sobrecarga de tarefas incide de forma negativa na saúde do trabalhador,

podendo levá-lo a desenvolver problemas, tanto de ordem psíquica quanto

31

fisiológica, além de atingir seus princípios, como no caso do assédio moral, por

exemplo.

No passado, a organização do trabalho ficava centrada na produção e, por

conseguinte, no lucro; haja vista as propostas implementadas por Taylor, Ford, entre

outros que visavam apenas o lucro. Estes empresários incentivavam seus

trabalhadores a aumentar a produtividade oferecendo aumento de salários e

prêmios, entre outros benefícios, sem se preocupar com a saúde do trabalhador

nem nas condições de trabalho.

No caso da enfermagem, os benefícios geralmente são dados através de

folgas ou valores correspondentes ao dia de plantão. Muitas vezes, o profissional em

questão é solicitado para dobrar o plantão, ou seja, permanecer no local de trabalho

por mais 12 horas (período que corresponde a um plantão) e ser beneficiado com

um tempo maior de folga, ou por um soldo a mais no salário. Em contrapartida, irá

se expor aos riscos oriundos do trabalho.

No decorrer da jornada laboral, o organismo do profissional está sujeito a

apresentar alterações que podem comprometer a sua saúde e o seu rendimento,

tais como: modificações fisiológicas, intensificação no movimento, declínio na

qualidade e velocidade do rendimento, modificação no controle e coordenação

motora, entre outras (MAURO et al., 2004). Movimentos mais lentos e imprecisos,

queda no rendimento e produtividade, exaustão física e mental, são alguns dos

sinais apresentados por trabalhadores sobrecarregados.

Mendes (2005) relata que, com o passar dos anos, a visão do trabalho com

organização adequada, centrava-se no trabalho executado, na saúde do trabalhador

e na satisfação no trabalho desenvolvido. O trabalhador doente pode significar um

32

futuro afastamento e, consequentemente, uma sobrecarga de trabalho para os

trabalhadores que permanecem em atividade.

Nesta perspectiva, para discutir as funções psicofisiológicas dos profissionais

de enfermagem do centro cirúrgico, faz-se necessário conhecer tanto organização

como as condições de trabalho, entendendo que ambas exercem influências

significativas nas funções psicofisiológicas do trabalhador.

2.4 Condições de Trabalho

A condição de trabalho engloba não apenas o espaço físico, onde o

trabalhador está inserido para realizar suas práticas laborais, mas também tudo

aquilo que influencia o seu trabalho.

De acordo com Wisner (1987), a condição de trabalho abrange o posto de

trabalho, seu ambiente especificamente e as relações entre salário e produção. O

autor ainda relata que duração da jornada de trabalho, horários de trabalho,

repouso, refeitório, alojamento nos locais de trabalho, serviço médico e modalidades

de transporte, são fatores que devem ser considerados na avaliação das condições

de trabalho.

Quanto ao posto de trabalho propriamente dito, Fischer e Paraguay (1991)

apresentam como fatores de avaliação do posto de trabalho: frio, iluminação,

ventilação, espaço de trabalho, poluição ambiental, risco de acidentes, poeiras e

calor, entre outros.

A condição do trabalho tem íntima relação com o espaço físico, onde o

trabalhador está inserido, ao seu arranjo arquitetônico, respeitando seu corpo,

livrando o trabalhador dos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos,

proporcionando-lhe um ambiente saudável.

33

De acordo com Dejours (1992), o arranjo ambiental é de vital importância para

a manutenção da saúde do trabalhador. Sendo assim, alguns aspectos devem ser

levados em consideração, tais como os físicos (temperatura, pressão, irradiação), o

ambiente químico (gases, vapores) e biológico (vírus, bactérias), e as condições de

higiene e segurança.

Os profissionais que atuam no centro cirúrgico convivem com muitos dos

aspectos apresentados por Dejours (1992). A temperatura baixa no setor é

imprescindível para a realização de cirurgias; contudo, pode fazer com que o

profissional desenvolva uma hipotermia e vasoconstrição, dentre outros problemas.

A irradiação proveniente dos aparelhos de raio X pode comprometer a fertilidade e

favorecer a ocorrência de abortos, entre outros prejuízos à saúde do trabalhador.

O contato com gases anestésicos, fármaco presente nos procedimentos

cirúrgicos, ao longo do tempo, pode provocar muitos malefícios à saúde, dentre os

quais cefaléia, fadiga, irritabilidade, abortos espontâneos, doenças hepáticas, renais,

anomalias congênitas na prole dos trabalhadores, diminuição de fertilidade,

cânceres e outras patologias.

A equipe de enfermagem atuante em centro cirúrgico convive constantemente

com essas condições de trabalho. Seus integrantes realizam um trabalho contínuo,

desgastante, exaustivo, executado a partir de uma relação interpessoal com seu

cliente. Todavia, o trabalho desenvolvido pode despertar alegria, satisfação e prazer,

fatores importantes para a permanência na profissão (MARTINS; ZEITOUNE, 2007).

Na atividade realizada em centro cirúrgico, uma vez que o trabalhador

permanece nele pelo menos por 8 horas, quando não por 12 horas, a preocupação

com as condições de trabalho deve levar em consideração tanto o momento em que

o trabalhador está realizando suas práticas laborativas, como o seu descanso,

34

proporcionando-lhe, assim, um ambiente seguro, reduzindo a possibilidade de

desenvolver doenças de origem ocupacional.

No período em que o referido profissional se encontra no seu local de

trabalho, é comum vê-lo assumindo posturas e posições que por si já são suficientes

para deixar qualquer trabalhador vulnerável a doenças osteomusculares. A posição

ortostática é adotada na maior parte da jornada de trabalho para prestar cuidados ao

paciente, tais como: puncionar acessos, aferir sinais vitais, realizar a higiene e fazer

curativos, atividades estas que podem contribuir para o desenvolvimento de

problemas de saúde.

As condições de trabalho podem levar os profissionais de enfermagem a

serem vítimas de problemas de saúde, apresentando dores lombares e em

membros inferiores, estresse, alteração de humor, transtorno de sono, varizes e

problemas oculares, dentre outros. A posição ortostática utilizada na maior parte da

jornada de trabalho, o mobiliário inadequado, os movimentos repetitivos e outras

posturas que ferem a Ergonomia (MAURO; VEIGA, 2008) também são fatores que

prejudicam a saúde do trabalhador.

A realização de movimentos repetitivos é um fator muito importante quando

avaliamos a ocorrência das doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho

(DORT). Os movimentos repetitivos dos profissionais de enfermagem podem ser

facilmente observados, por exemplo, durante o preenchimento de impressos

(prontuários, livros de ordem e ocorrência, rótulos, entre outros), na aferição de

pressão arterial (inflar o manguito acoplado à pêra), ao puxar e empurrar maca, ao

transportar o paciente, ao sustentar e ao transportar maletas de ferramentas

utilizadas em centro cirúrgico.

35

A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina; vale ressaltar

que sua força muscular é bem inferior à masculina. Dessa forma, a realização

dessas atividades pelas mulheres tende a ser muito prejudicial à sua saúde,

deixando-as mais propensas a desenvolverem patologias de ordem osteomuscular.

O ambiente de trabalho também tem a sua parcela de contribuição para a

ocorrência desses agravos. Condições de trabalho inadequadas podem deixar o

profissional vulnerável a vários problemas de saúde de ordem fisiológica e/ou

psicológica. A princípio, expõe o trabalhador a risco, mas, com o passar do tempo,

pode causar acidentes, dando origem a doenças de cunho ocupacional. Neste caso,

o trabalho passa a ser patológico.

No ambiente hospitalar, vários fatores ergonômicos estão relacionados com

problemas ambientais e organizacionais que podem contribuir para que os

profissionais de enfermagem desenvolvam lesões osteomusculares. Recursos

tecnológicos inadequados, mobiliário impróprio, falta de equipamentos específicos

para movimentar pacientes, escassez de recursos humanos e falta de reciclagem

profissional são exemplos dos problemas vivenciados pelos referidos trabalhadores

(LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Sendo assim, um ambiente com condições de trabalho adequadas deve

oferecer recurso pessoal e material suficiente, mobiliário e espaço apropriado às

características antropométricas dos trabalhadores e atender às normas de

biossegurança, entre outros requisitos.

36

2.5 Considerações sobre a Saúde do Trabalhador

O fim do feudalismo e o advento do capitalismo foram momentos históricos

marcados pelo deslocamento de grande massa de trabalhadores do campo para a

cidade, em busca de oportunidades de emprego.

Nessa ocasião, o comércio adquire importância vital por ser uma das

principais portas de entrada para o mercado de trabalho. Na época, a preocupação

com a saúde dos trabalhadores não era uma questão relevante para os

trabalhadores e muito menos para os empregadores, cuja principal meta era atender

as necessidades do mercado. Sendo assim, o trabalho em turno e noturno se

expande de maneira notável.

Do final do século XIX até quase metade do século seguinte, a patologia do

trabalho concentrou-se nos casos de doenças ocupacionais, seja por sua gravidade

real ou pelas necessidades dos sistemas de seguro (MENDES, 2005). Em torno de

1930, segundo o mesmo autor, nota-se um deslocamento do olhar clínico para um

olhar epidemiológico, voltado para a observação do comportamento de morbidade e

mortalidade dos trabalhadores, enquanto classes, categorias profissionais, não mais

pautadas na observação caso a caso.

A mudança ressaltada por Mendes (2005) é baseada em quatro forças. A

primeira é caracterizada pelo ingresso de pesquisadores externos com a finalidade

de conhecer o cotidiano dos trabalhadores e, a partir dos dados levantados,

identificar a causa do adoecimento e morte dos trabalhadores.

A segunda força origina-se a partir do instrumental de abordagem. À medida

que algumas patologias mais dramáticas desaparecem, técnicas mais apuradas

precisam ser implementadas. Dessa forma, a saúde passa a ser acompanhada com

base em dados epidemiológicos.

37

A terceira força é de natureza demográfica. A partir do aumento da

expectativa de vida, algumas patologias passam a ser detectadas ao longo dos

anos; ou seja, uma doença profissional como, por exemplo, um câncer ocupacional,

só poderia ser detectada quando o trabalhador estivesse aposentado.

A quarta força fundamenta-se no critério utilizado para definir o dano à saúde.

Neste caso, é ressaltado que uma investigação depende não apenas de uma base

científica, mas de outros dados que deverão ser considerados, como a cultura de um

país, a região, a política e a dinâmica de forças dos diferentes autores sociais

envolvidos.

Assim, a saúde do trabalhador teve uma trajetória histórica que perpassou

pela medicina do trabalho e pela saúde ocupacional, chegando à proposta da saúde

do trabalhador, que tem como meta a realização de uma atividade livre de

adoecimento ou morte, em decorrência do trabalho desenvolvido (MENDES, 2005).

A estratégia foi reunir filósofos, teólogos, cientistas sociais, políticos,

planejadores, engenheiros, profissionais de saúde, entre outras categorias, em prol

da transformação progressiva da organização do trabalho, das condições de

trabalho, dos processos de trabalho e meio ambiente a fim de resgatar o sentido

maior do trabalho, ou seja, trabalho sem sofrimento, doença, dor ou morte.

Na transformação surgiu um novo paradigma para a saúde do trabalhador,

em que se resgata a proposta de promoção à saúde. Neste sentido, tem-se a

Declaração de Alma Ata (OPAS, 1978) que levanta a importância da promoção à

saúde no seu sentido global, ou seja, bem estar físico, mental e social, promovendo

a saúde antes que a doença se instale. Nesse documento foi proposto que

governos, profissionais de saúde, membros de organizações internacionais

trabalhassem em prol da saúde.

38

Na Carta de Ottawa, documento formulado a partir da primeira Conferência

Internacional de Saúde (OPAS, 1986), as propostas presentes na Declaração de

Alma Ata foram reiteradas. Esta declaração enfatiza que a promoção à saúde é de

responsabilidade dos profissionais da área, governo, organizações e da população.

E, além disso, o cuidado com o ambiente deve fazer parte da promoção à saúde.

Os requisitos para uma vida saudável ultrapassam os limites do corpo.

Incluem, também, o bem-estar físico, a habitação, a educação, a renda, o

ecossistema saudável, os recursos sustentáveis, a justiça social e a equidade.

A referida Carta de Otawa (OPAS, 1986) ilustra que a promoção à saúde

deve estar inserida no contexto do trabalho, proporcionando condições de vida

segura, estimulante e satisfatória para o trabalhador.

Por fim, a Carta de Ottawa tem como objetivo a construção de políticas

públicas saudáveis, a criação de ambientes favoráveis à saúde, o desenvolvimento

de habilidades, o reforço da ação comunitária e a reorientação dos serviços de

saúde. Estes documentos foram de grande valia para a conduta dos profissionais no

que se refere à promoção da saúde.

Recentemente no Brasil, os trabalhadores de saúde receberam o amparo de

uma Norma Regulamentadora (NR) voltada para a saúde e segurança do trabalho

dos mesmos. A NR 32 tem como objetivo implementar medidas visando a proteção,

a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuam em serviços de saúde. Estes

serviços contemplam qualquer edificação que tenha como finalidade prestar

assistência à saúde da população (BRASIL, 2005).

Sendo assim, a criação e manutenção de um ambiente saudável que não

comprometa a saúde do trabalhador, a partir de uma organização e de condições de

39

trabalho adequadas, é uma missão cuja responsabilidade é tanto do governo,

quanto do empregado e do empregador.

40

CAPITULO III

METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem

quantitativa. De acordo com Triviños (1987), o estudo de natureza descritiva tem

como foco principal o desejo de conhecer uma comunidade e seus traços

característicos, onde o pesquisador deve levantar a priori uma série de informações

sobre o assunto que deseja pesquisar.

A finalidade deste estudo foi descrever com a possível exatidão os fatos e

fenômenos de uma determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987), qual sejam, o trabalho

da equipe de enfermagem em um centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos

trabalhadores.

A investigação exploratória favoreceu ao pesquisador a possibilidade de

ampliar sua experiência sobre o assunto.

3.2 Cenário do Estudo

O estudo teve como cenário um centro cirúrgico de um Hospital Universitário

(HU) localizado na cidade do Rio de Janeiro. A escolha teve como critério as

características do centro cirúrgico, como a grande demanda de cirurgias, muitas

salas de cirurgia e uma equipe de enfermagem composta por enfermeiros, técnicos

e auxiliares de enfermagem.

O centro cirúrgico, instalado no 12º andar do hospital, possuía 21 salas de

operação, sendo que apenas 15 estavam em operação e 6 desativadas. O HU

desenvolvia cirurgias de esôfago, estômago, pâncreas, vias biliares, fígado, baço,

41

cirurgia endócrina, entre outras, estando em fase de implantação a cirurgia

bariátrica, conforme divulgado no portal da internet do hospital

3.3 Amostra do Estudo

A amostra do estudo foram os trabalhadores da equipe de enfermagem -

enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem - que atuavam no centro cirúrgico

do hospital escolhido como cenário de investigação.

Durante a coleta de dados, 18 trabalhadores encontravam-se afastados por

férias, licença maternidade, doença, dentre outros motivos; sendo assim, a

população de trabalhadores do estudo era de 85 profissionais. Assim sendo, 50

fizeram parte da pesquisa, equivalendo a aproximadamente 60% da população.

Foram utilizados como critérios de inclusão da amostra desta investigação serem

trabalhadores de enfermagem, inseridos no centro cirúrgico, que aceitassem

participar voluntariamente da pesquisa mediante assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), independente do horário de

trabalho (diarista, plantonista diurno ou noturno) do tempo de atuação no setor, da

formação e de ser funcionário público ou terceirizado.

Na tabela 1, a seguir, estão apresentados os dados sociodemográficos da

amostra do estudo.

42

Tabela 1 – Aspectos sociodemográficos dos sujeitos do estudo (n = 50) Ocupação

Variáveis

Enfermeiro Técnico de Enfermagem

Auxiliar de Enfermagem

Sexo • Feminino • Masculino

4 1

33 2

8 2

Idade • 27 a 35 anos • 36 a 45 anos • 46 a 55 anos • 56 a 65 anos

0 0 4 1

10 8

12 5

2 3 4 1

Estado conjugal • Solteiro • Casado • Separado • Viúvo • Outro

2 2 1 0 0

10 17 4 2 2

2 5 1 0 2

Vínculo com o hospital • RJU5 • Terceirizado

5 0

19 16

9 1

Turno • Diurno • Noturno

4 1

30 05

8

02 Escala de trabalho

• 12 X 36 • 12 X 60 • Outro

0 5 0

15 16 4

3 4 3

Tempo de formação • Até 10 anos • 11 a 20 anos • 21 a 30 anos • a partir de 30 anos

0 1 4 0

14 5

13 3

4 2 2 2

Tempo de atuação no CC • até 10 anos • 11 a 20 anos • 21 a 30 anos • a partir de 20 anos

1 1 3 0

19 6 9 2

7 1 1 0

Outro emprego • Sim • Não

2 3

16 19

4 6

Setor de atuação no outro emprego • Centro cirúrgico • Pediatria • Cardio intensiva • Hemodiálise • Maternidade • Emergência • Vigilância Sanitária • Clínica médica • Esterilização

0 1 1 0 0 0 0 0 0

9 0 0 1 1 3 0 1 0

0 0 0 0 0 0 1 1 2

Atividade durante a folga • Assistir Televisão • Acessar Internet • Praticar Esporte • Atividade Religiosa • Ler Jornal • Outra

4 3 0 2 2 2

21 18 3

15 11 18

4 3 1 4 5 7

5 Regime Jurídico Único

43

A Tabela 1 mostra a distribuição dos trabalhadores de enfermagem

enfocando os aspectos sociodemográficos. Os enfermeiros, em sua maioria, eram

funcionários públicos, trabalhavam no turno diurno, em escala de 12 horas

trabalhadas para 60 horas de descanso, tinham entre 21 e 30 anos de experiência

na enfermagem e igual tempo no centro cirúrgico e não acumulavam outro vínculo

empregatício.

Os técnicos de enfermagem, em sua maioria, eram funcionários públicos do

hospital, trabalhadores diurnos, em escala de 12 horas trabalhadas para 60 de

descanso, com até 10 anos de formação, e igual período de experiência em centro

cirúrgico, sem outro vínculo empregatício, em idêntico setor.

Os auxiliares de enfermagem eram, em sua maioria, também funcionários

públicos, trabalhadores diurnos, em escala de 12 horas trabalhadas para 60 horas

de descanso, até 10 anos de formação, mesmo período de experiência em centro

cirúrgico, atuavam apenas no hospital cenário deste estudo.

3.4 Instrumento de Coleta de Dados

O instrumento de coleta de dados foi um formulário abrangendo questões que

caracterizavam a clientela bem como a percepção dos trabalhadores em relação à

organização e condições de trabalho e suas funções psicofisiológicas (Apêndice B).

Os sujeitos de pesquisa graduaram as condições e organização do trabalho

como: nunca, às vezes, frequentemente e sempre, obtendo-se o nível de exposição

aos agentes que compõem a condição e a organização de trabalho, desde a

ausência total (nunca) até a presença constante (sempre), passando pelos conceitos

(às vezes e frequentemente) que classificaram, respectivamente, a ausência ou

presença da exposição de forma irregular.

44

3.5 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no próprio hospital, após a autorização do

mesmo, mediante a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa de (CEP) sob

protocolo nº 002/09 (Anexo), nas dependências do centro cirúrgico, durante o

plantão do sujeito da pesquisa, de forma que não interferisse na sua rotina de

trabalho. Entendeu-se que o trabalhador pôde, com mais segurança ou veracidade,

apontar na sua percepção as funções psicofisiológicas e demais questões

investigadas, uma vez que estavam vivenciando o dia de trabalho.

Antes de realizar a coleta de dados, efetuou-se contato com a enfermeira que

coordenava as atividades de enfermagem realizadas no centro cirúrgico com a

finalidade de apresentar a pesquisa, ressaltando os benefícios que esta poderia

trazer para a saúde do trabalhador, para a formação do enfermeiro e para a melhora

da organização e condições de trabalho. A partir daí, estabeleceu-se horários para

a realização da coleta dados, visando preservar a rotina de trabalho no setor.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi entregue aos

trabalhadores pela própria pesquisadora. Após a concordância do sujeito com a

assinatura do referido termo, iniciou-se a coleta de dados com o preenchimento do

formulário.

3.6 Análise dos Dados

O tratamento dos dados foi realizado com distribuição de frequência absoluta

e percentual. A partir dos percentuais de cada resposta que englobou a organização

e as condições de trabalho e as funções psicofisiológica dos trabalhadores, os

dados foram analisados e discutidos, fundamentados na base teórica eleita no

presente estudo e outros estudos que também balizaram a referida discussão.

45

3.7 Aspectos Éticos

A pesquisa atendeu aos pilares dos princípios básicos da bioética presentes

na Resolução 196/96 CNS/MS (BRASIL, 1996), que são pautados na autonomia,

beneficência, não maleficência e justiça.

A autonomia foi garantida a partir da apresentação do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, onde foram apresentados aos sujeitos do estudo

os objetivos da presente investigação, bem como seus benefícios, esclarecendo que

a participação na pesquisa não acarretaria nenhum risco (beneficência e não

maleficência), que a participação era voluntária e que não haveria custos nem

remuneração para os mesmos.

Quando da entrega do TCLE, foi ressaltado que caso não quisessem

participar, não seriam injustiçados quanto à sua avaliação no trabalho (justiça). A

assinatura do TCLE deu-se nas duas vias do documento: uma, que ficou com o

pesquisador para fins de divulgação dos dados da pesquisa, e outra com o sujeito,

para que o mesmo pudesse acompanhar o andamento da pesquisa.

A autora do presente estudo comprometeu-se a encaminhar uma cópia do

relatório final do estudo à chefia do centro cirúrgico do Hospital Universitário para

conhecimento e divulgação. Ressalta-se que, além deste relatório, os resultados do

estudo também serão divulgados sob a forma de artigos a serem veiculados em

periódicos específicos.

O anonimato dos sujeitos foi garantido; o do hospital ficou vinculado ao

consentimento do mesmo por meio de carta de autorização, encaminhada à

instituição, permitindo a realização da pesquisa em suas dependências. Foi

autorizada a pesquisa, contudo sem mencionar o nome do hospital.

46

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo consta a análise e discussão dos resultados do estudo a partir

dos objetivos, estando assim estruturado:

4.1 - Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico;

4.2 - Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico; e

4.3 - Alterações Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do

Centro Cirúrgico.

4.1 Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico

Quanto à organização de trabalho, esta enfoca como o trabalho deve ser

distribuído e de que forma deve ser executado. Os elementos que compõem essa

organização englobam como as tarefas serão divididas, seu conteúdo, o sistema

hierárquico, as modalidades de comando, enfim, a execução do trabalho de uma

maneira que atenda às necessidades do empregado e do empregador (DEJOURS,

1992). A Tabela 2, a seguir, mostra a distribuição das respostas dos sujeitos do

estudo a esse respeito.

47

Tabela 2 – Distribuição das respostas dos sujeitos de estudo conforme a Organização de Trabalho (n=50)

Variáveis Nunca Às vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Satisfação com o trabalho realizado 1 2 10 20 18 36 21 42 Remuneração adequada 15 30 15 30 13 26 7 14 Trabalho Monótono 31 62 17 34 2 4 0 0 Responsabilidade excessiva 13 26 19 38 6 12 12 24 Pressão de chefia por produtividade 27 54 20 40 2 4 1 2 Ritmo de trabalho intenso 2 4 21 42 11 22 16 32 Pausas durante o trabalho 0 0 28 56 15 30 7 14 Jornada de trabalho longa 11 22 17 34 14 28 8 16 Divisão de tarefas adequada 2 4 21 42 13 26 14 28 Conteúdo da tarefa adequado 0 0 16 32 17 34 17 34 Sistema hierárquico adequado 1 2 15 30 17 34 17 34 Modalidade de comando adequada 1 2 18 36 22 44 9 18 Tempo suficiente para realização das tarefas

0

0

12

24

16

32

22

44

Treinamento para realização de tarefas 7 14 20 40 11 22 12 24 Comunicação entre as atividades, ações e operações são adequadas

0

0

18

36

19

38

13

26

Sistema de comunicação interna eficiente 2 4 15 30 14 28 19 38 Esforço físico intenso 3 6 26 52 11 22 10 20 Ritmo de trabalho adequado 1 2 14 28 22 44 13 26 Bom relacionamento com os colegas de trabalho

1

2

4

8

12

24

33

66

Bom relacionamento com a chefia direta 0 0 2 4 21 42 27 54 Realização de horas extras 26 52 23 46 0 0 1 2

Quanto à organização, os resultados da Tabela 2 mostram que os

profissionais de enfermagem estão satisfeitos com o trabalho realizado. Não foi

considerado monótono, não receberam pressão da chefia quanto à produtividade e

frequentemente realizavam pausas. As posturas e posição corporais, a divisão e o

conteúdo da tarefa, o sistema hierárquico, a modalidade de comando, o tempo para

realização das tarefas, o espaço físico e o sistema de comunicação foram

considerados adequados.

A remuneração, o treinamento para realização de tarefas, a responsabilidade

excessiva, o esforço físico e a longa jornada de trabalho foram considerados

elementos críticos quanto à organização de trabalho, na opinião dos sujeitos.

Batista et al. (2005), ao discorrerem sobre os fatores de motivação e insatisfação do

profissional de enfermagem, referiram que a remuneração financeira figura entre os

48

principais fatores de insatisfação no trabalho, já que uma remuneração financeira

satisfatória, poderá garantir melhores condições de sobrevivência e moradia,

impulsionando o trabalhador a realizar objetivos pessoais e buscar a felicidade até

mesmo no plano profissional.

Sendo assim, se a remuneração for considerada insuficiente, pode acarretar

frustrações ou então levar o trabalhador a procurar um segundo vínculo

empregatício para complementá-la. Com isso, ele pode vir a desenvolver patologias

de ordem física e psicológica, uma vez que acumulará um volume maior de trabalho

a fim de garantir uma remuneração que lhe permita honrar seu sustento e o de seus

dependentes e também seus compromissos financeiros.

Magnago et al. (2007) ressaltaram, na organização de trabalho, os fatores

ambientais e as sobrecargas de segmentos como elementos relevantes que podem

afetar a saúde do trabalhador de enfermagem, levando-o a desenvolver patologias

de ordem musculoesquelética desencadeando, dessa forma, um problema para o

empregador que terá déficit pessoal, bem como para os demais funcionários do

setor, por conta do aumento do volume de trabalho.

O ritmo de trabalho intenso é outro fator citado por muitos autores como um

elemento crítico no ambiente de trabalho que pode levar o indivíduo inserido nesse

meio a desenvolver problemas de saúde. Este dado foi confirmando na presente

pesquisa; contudo, não de maneira significativa. De acordo com a Tabela 2, 42%

avaliaram o ritmo de trabalho como às vezes intenso, 32% sempre, 22%

frequentemente e 4% nunca.

O centro cirúrgico é um setor onde o paciente permanece por um período

curto; porém, as atividades que nele são desenvolvidas revestem-se de

complexidade, tendo como objetivo curar ou pelo menos proporcionar uma melhora

49

(cirurgias paliativas) no quadro de saúde do paciente. Sendo assim, os profissionais

que atuam neste setor são muito requisitados e detém uma grande carga de

responsabilidade. Nesta pesquisa, 38% consideraram às vezes possuir

responsabilidade excessiva, 26% nunca, 24% sempre e 12% frequentemente.

De acordo com Osório (2006), as responsabilidades conferidas a este

profissional fazem com que ele desenvolva suas atividades num ritmo frenético,

muitas vezes atuando numa função que não é exatamente a de sua

responsabilidade, com isso ficando estressado, ansioso, angustiado, ou seja,

vulnerável a desenvolver várias patologias.

Contudo, o ritmo frenético comumente visto no setor de estudo não foi um

fator impeditivo para o trabalhador sentir-se realizado com a atividade desenvolvida.

Mesmo com todos os problemas oriundos da intensidade do trabalho, os sujeitos do

estudo mostraram-se realizados.

A satisfação no trabalho proporciona uma sensação de bem-estar proveniente

do reconhecimento profissional. Esse fator é de grande relevância para que o

trabalhador mantenha a qualidade na atividade desenvolvida, uma vez que ele

recebe um feedback positivo. Neste estudo, 42% responderam estar sempre

satisfeitos com o trabalho realizado, 36% frequentemente, 20% às vezes e 2%

nunca.

Com relação à satisfação no trabalho, Del Cura e Rodrigues (1999) colocam

ser esta mais facilmente expressada em fatores intrínsecos (que englobam

reconhecimento, responsabilidade e autonomia) do que nos fatores extrínsecos

(nível salarial, qualidade da supervisão, condições de trabalho, jornada de trabalho

entre outros).

50

Os fatores extrínsecos muitas vezes foram tidos como pontos críticos do

trabalho no presente estudo. O trabalho em sistema de turnos, por exemplo,

favorece a ocorrência de alterações do sono, distúrbios gastrintestinais, declínio de

desempenho físico, distúrbios mentais, neurológicos, psiquiátricos, entre outras

intercorrências (COSTA; MORITA; MARTINEZ, 2000).

O trabalhador inserido no sistema de turno frequentemente modifica sua

rotina em prol da atividade a ser desenvolvida. Haja vista os trabalhadores noturnos

que alteram a programação biológica e permanecem acordados e trabalhando,

quando o corpo humano está programado para ficar em repouso.

Conforme visto no referencial teórico, muitos sistemas fisiológicos

apresentam declínio da sua atividade no período noturno, como, por exemplo, as

capacidades respiratória, renal e cardiovascular (AIRES, 1999). O trabalho realizado

no momento de declínio da atividade desses sistemas vai gradativamente

comprometendo a saúde do trabalhador, favorecendo a ocorrência de patologias

relacionadas ao trabalho, tanto psíquicas como fisiológicas.

O sistema de trabalho em turnos também compromete as atividades no

período de descanso. As folgas entre um plantão e outro podem ser em horários

incompatíveis para honrar compromissos com amigos, praticar atividade física,

participar de eventos religiosos, entre outros. Sendo assim, o trabalhador pode não

ter tido tempo suficiente para descansar a ponto de deixá-lo preparado para

enfrentar uma nova jornada de trabalho.

No caso do trabalhador que tem mais de um vínculo empregatício, o tempo

de descanso é menor e a sobrecarga de trabalho é maior. A dupla jornada é uma

característica muito comum entre os trabalhadores da enfermagem; dessa forma, é

possível observar com mais frequência o desgaste nesta categoria.

51

No estudo em análise, 34% consideraram a jornada de trabalho às vezes longa,

28% frequentemente, 22% nunca e 16% sempre (Tabela 2).

Esse quesito é de grande relevância para avaliarmos a saúde do trabalhador.

Os agravos gerados pelo tempo dispensado durante o trabalho da equipe de

enfermagem favorecem a ocorrência de vários problemas de saúde, além de

comprometer a assistência prestada à clientela, uma vez que o profissional

encontra-se submetido a uma rotina de trabalho exaustiva, favorecendo uma

assistência fragmentada, acúmulo de serviços, conflitos na passagem de plantão,

atrasos, sobretudo entre aqueles profissionais que saem de uma instituição para

outra. Esse quadro leva o trabalhador à vulnerabilidade física por esgotamento,

apatia, cansaço, estresse, insatisfação, entre outros problemas (SILVA, 2006).

A realização de horas extras — 52% responderam nunca realizar, 46% às

vezes e 2% sempre (Tabela 2) — é uma prática pouco adotada pelos sujeitos do

presente estudo, uma vez que boa parte deles possui mais de um vínculo

empregatício, não havendo tempo suficiente para que se comprometam a realizar

horas extras, tanto assim que 46% a responderem que às vezes realizam horas

extras, ou seja, esporadicamente, o que foi considerado relevante para prejudicar

suas funções psicofisiológicas.

Para minimizar o impacto dos riscos oriundos da jornada, os trabalhadores

têm como alternativa a realização de pausas durante o período em que se

encontram em atividade. A Tabela 2 mostra que 56% responderam às vezes

fazerem pausas durante o trabalho, 30% frequentemente e 14% sempre.

Nesta perspectiva, 56% dos entrevistados responderam que às vezes

realizam pausas durante o trabalho (Tabela 2). Este hábito é de grande valia para a

manutenção da saúde dos trabalhadores, uma vez que a atividade desenvolvida por

52

este profissional envolve um esforço físico, sendo uma forma de minimizar os efeitos

do trabalho e, consequentemente, comprometer menos a própria saúde.

As pausas durante a jornada de trabalho podem ser interpretadas como

estratégias defensivas para amenizar o sofrimento, o desgaste oriundo do trabalho,

tornando-o mais exequível (DEJOURS, 1992). Esse mecanismo é uma alternativa

para a manutenção da saúde do trabalhador.

Neste breve período de pausa, o trabalhador pode fazer uma higiene mental,

distanciando-se do(s) elemento(s) que agride(m), gera(m) sofrimento, ansiedade e

muitas vezes interfere(m) na atividade a ser desenvolvida. Para o empregador,

sobretudo para aqueles que adotam a filosofia taylorista, esta pausa pode ser

interpretada como vadiagem por comprometer a produtividade do trabalhador.

Quanto ao tempo dedicado à realização das tarefas, este foi considerado

adequado. De acordo com a Tabela 2, 44% responderam sempre ter tempo para

realizar suas tarefas, 32% frequentemente e 24% às vezes. Neste caso, o

trabalhador tem liberdade de planejar as atividades a serem desenvolvidas. Uma

vez realizadas, não há necessidade da chefia ficar exigindo de seus trabalhadores a

produtividade.

Quanto ao relacionamento dos funcionários com a chefia direta 54%

responderam ter bom relacionamento com a chefia direta, 42% frequentemente e

4% às vezes. Sendo assim, 96% avaliaram o relacionamento com a chefia como

frequentemente ou sempre bom, contribuindo para a não ocorrência de casos de

assédio moral.6

6 Humilhação no trabalho ou terror psicológico que ocorre quando se estabelece uma hierarquia autoritária, colocando o subordinado em situações humilhantes. O assédio moral, magoa o trabalhador gerando uma sensação de impotência, comprometendo sua saúde física e mental, podendo levar à incapacidade e, por vezes, até ao suicídio - Projeto de Lei nº 4.326 (BRASIL, 2004).

53

O bom relacionamento com os colegas de trabalho permite que se

estabeleçam redes sociais onde os trabalhadores possam ter apoio mútuo, dividindo

tarefas, alegrias, sofrimentos, ajudando a suportar as emoções vivenciadas na

jornada de trabalho. Neste estudo, 66% responderam ter bom relacionamento com

os colegas de trabalho, 24% frequentemente, 8% às vezes e 2% nunca.

A partir do bom relacionamento entre os colegas de trabalho, a divisão de

tarefas tende a ficar mais humanizada. Caso um trabalhador não esteja se sentindo

bem, os demais tendem a solucionar o problema poupando aquele que não esteja

apto para trabalhar. Essa atitude é construída a partir de um bom relacionamento

entre colegas de trabalho, relatado por 90% dos sujeitos entrevistados.

Outro benefício que pode ser resgatado desse bom relacionamento é a

divisão de tarefas. A Tabela 2 mostrou que 42% consideraram a divisão de tarefas

as vezes adequadas, 28% sempre, 26% frequentemente e 4% nunca. Neste caso,

podemos ver que o estado físico e emocional do trabalhador é levado em

consideração na divisão das tarefas a serem desenvolvidas no decorrer da jornada.

De uma forma geral, esta foi considerada adequada para 54% dos entrevistados. O

equilíbrio na divisão de trabalho colabora para que o trabalhador não se sinta

sobrecarregado.

O conteúdo da tarefa mostra as atividades que devem ser desenvolvidas pelo

profissional ao longo da jornada de trabalho. Neste estudo 34% avaliaram o

conteúdo da tarefa como sempre adequado, outros 34% frequentemente e 32% as

vezes. Dessa forma, o trabalhador necessita realizar tarefas que não estavam

determinadas previamente, ou seja, as tarefas prescritas distanciam-se das reais. E

quanto mais uma tarefa divergir da outra, mais o trabalhador ficará vulnerável a

desenvolver problemas de saúde, sobretudo os de ordem psíquica (OSÓRIO, 2006).

54

O recurso humano insuficiente resulta em que o trabalhador assuma a tarefa

do outro, podendo ser de um colega de trabalho que desenvolva as mesmas

atividades ou não. Quando falta um profissional de enfermagem, aqueles que estão

presentes terão um volume maior de tarefas dentro da sua área. Contudo, se a falta

for de outro profissional como, por exemplo, o maqueiro (pessoa responsável por

transportar o paciente de maca da enfermaria / quarto até o centro cirúrgico), haverá

uma grande possibilidade do profissional de enfermagem acumular os serviços do

ausente.

No caso de cirurgias suspensas, em geral é o profissional de enfermagem

que entra em contato com os familiares para esclarecer o que ocorreu, aumentando,

com isso, a sua carga de responsabilidades. Tarefas como estas poderiam ser

executadas por outros profissionais, como o assistente social, por exemplo.

No cotidiano da enfermagem, pode-se observar que esta categoria tende a

acumular as atividades prescritas como solução dos imprevistos que ocorrem na

jornada de trabalho. No centro cirúrgico, por exemplo, muitas vezes o profissional de

enfermagem necessita solucionar problemas que não são exatamente de sua

responsabilidade, aumentando a própria carga de trabalho e o desgaste físico e

emocional das pessoas envolvidas, como foi dito anteriormente.

As atividades reais, com o passar do tempo, vão se agregando às atividades

prescritas, aumentando gradativamente a responsabilidade dos trabalhadores. Caso

esse crescimento ocorra de maneira desordenada, sem que o trabalhador venha

sendo preparado para tal, pode fazer com que se sinta incapacitado para realizar as

tarefas que lhe são conferidas.

A responsabilidade excessiva leva o profissional a estar constantemente

pensando sobre as atividades a serem desenvolvidas, até mesmo no seu período de

55

descanso. Uma alternativa para minimizar esta sobrecarga é dividir a

responsabilidade entre os demais profissionais do setor, oferecer treinamento para

que mais pessoas possam atuar numa atividade, de uma forma mais equilibrada.

O treinamento para realização de tarefas é uma opção inteligente para dividir

o trabalho, preparando o trabalhador para resolver os mais diversos problemas que

possam ocorrer na jornada de trabalho, além de ser uma maneira de valorizá-lo,

visto que o empregador estará investindo no seu crescimento profissional. Nesta

pesquisa, 40% responderam às vezes receber treinamento para realizar tarefas,

24% sempre, 22% frequentemente e 14% nunca.

De acordo com os entrevistados, a realização de treinamento é uma prática

pouco adotada no setor em estudo, já que 40% responderam que acontece

esporadicamente (Tabela 2).

Outro aspecto importante no contexto do trabalho são as falhas na

comunicação oral e escrita entre os trabalhadores, que podem facilitar a ocorrência

de erros na assistência prestada, trazendo transtornos tanto para a equipe quanto

para o paciente. Sendo assim, é de vital importância que as informações sejam

transmitidas de forma clara e correta (SILVA, 2007). No centro cirúrgico, por

exemplo, é importante que as informações sobre o quadro do paciente, as

intercorrências durante a cirurgia e as prescrições de medicações sejam

transmitidas de forma precisa, para não comprometer o trabalho executado por

todos os profissionais envolvidos.

Outro benefício que pode ser extraído de um sistema de comunicação eficaz

é a possibilidade de sanar problemas à distância, caso o trabalhador tenha que se

deslocar do seu posto de trabalho e necessite transmitir informações. Sendo assim,

56

é relevante que os meios de comunicação funcionem de forma adequada, livre de

distorções entre emissor e receptor de informações.

No estudo 38% consideraram a comunicação entre as atividades, ações e

operações frequentemente adequadas, 36% às vezes e 26% sempre. Quanto ao

sistema de comunicação interna 38% avaliaram como sempre eficiente, 30% às

vezes, 28% frequentemente e 4% nunca. Sendo assim, o sistema de comunicação

foi classificado como adequado para a maioria dos respondentes. Considerando que

o setor apresenta grandes dimensões físicas e atende às necessidades de todo

hospital, é de grande valia que o sistema de comunicação seja eficaz.

Dessa forma, a satisfação com o trabalho, as pausas durante o trabalho, a

divisão e o conteúdo das tarefas, a modalidade de comando, o tempo destinado à

realização das tarefas, a comunicação entre as atividades, o relacionamento com os

colegas de trabalho e com a chefia, a comunicação interna e a responsabilidade que

é dada a cada funcionário foram considerados positivos quanto à organização do

trabalho.

Vale ressaltar também que os trabalhadores não sentiram pressão da chefia

por produtividade e horas extras. A remuneração, a responsabilidade excessiva, a

jornada de trabalho, o esforço físico e o treinamento foram considerados pontos

negativos quanto à organização de trabalho.

4.2 Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico

As condições de trabalho abrangem o espaço físico onde o trabalhador está

inserido para realizar suas práticas laborais e tudo aquilo que influencia o seu

trabalho. Os elementos usados para avaliação das condições de trabalho no centro

57

cirúrgico, cenário deste estudo, englobaram iluminação, temperatura, ventilação,

poluição, risco de acidentes e dimensões do espaço físico.

Nesta perspectiva, estão apresentados na Tabela 3, a seguir, os resultados

do estudo no que se refere às condições de trabalho.

Tabela 3 - Distribuição das respostas dos sujeitos da pesquisa segundo a condição de trabalho da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Iluminação adequada 0 0 20 40 17 34 13 26 Temperatura fria 0 0 12 24 22 44 16 32 Temperatura quente 14 28 34 68 2 4 0 0 Ventilação adequada 6 12 11 22 19 38 14 28 Adequação do espaço as características antropométricas

1

2

7

14

11

22

31

62

Risco de acidentes 11 22 19 38 7 14 13 26 Poluição ambiental 21 42 16 32 7 14 6 12 Poeira 14 28 25 50 7 14 4 8

A partir do exposto sobre estas condições de trabalho, observou-se que a

amostra considerou o ambiente com iluminação adequada, temperatura tendendo

para o frio, mas com esporádicas ocorrências de temperaturas altas, sendo ventilado

e adequado para as características antropométricas.

De acordo com as respostas, o centro cirúrgico é um setor que apresenta

risco de acidente, poluição ambiental e poeira; contudo, a ocorrência é muito

variada. O risco de acidente foi considerado como às vezes presente para 38% dos

respondentes, 26% sempre, 22% nunca e 14% frequentemente. Balsamo e Felli

(2006) ressaltam que o hospital é um ambiente que abarca muitos riscos de

acidentes ocupacionais. As referidas autoras complementam que o grupo de

profissionais que mais está vulnerável a acidentes é a enfermagem.

58

No trabalho em hospitais, os profissionais comumente se encontram expostos

a risco de acidentes (biológicos, físicos, mecânicos, fisiológicos e psíquicos) que

podem comprometer a saúde.

O contato com secreções corporais do paciente, por exemplo, pode levar o

trabalhador a se contaminar e a desenvolver patologias. O manejo de materiais

pérfurocortantes favorece a ocorrência de acidentes biológicos. No centro cirúrgico,

o uso desses materiais é imprescindível, seja num teste de glicemia capilar, numa

punção venosa ou na administração de anestésicos, e sua manipulação incorreta

favorece os acidentes, principalmente quando ocorre contaminação com secreção

corporal do paciente. Neste caso, o trabalhador atingido deverá passar por uma

série de exames com a finalidade de analisar se foi acometido por alguma patologia.

O tempo de espera dos resultados do exame pode deixar o trabalhador apreensivo

quando à possibilidade de desenvolver doenças que não têm cura, como a hepatite

C, AIDS, dentre outras.

Outros fatores relevantes nas atividades desenvolvidas no centro cirúrgico

são: o trabalho em posição ortostática ao longo da maior parte do plantão; o

transporte de paciente em macas; a condução da maca para a mesa cirúrgica e

vice-versa; o transporte de caixas cirúrgicas (que contêm instrumentos utilizados

durante a cirurgia); e a distância percorrida no local de trabalho. São exposições a

cargas físicas que podem levar o trabalhador a desenvolver enfermidades,

sobretudo as osteomusculares.

Nesta perspectiva, têm-se as agressões físicas cometidas pelo paciente como

tentativa de estrangulamento, socos, chutes, tapas, lançamento de objetos, que são

exemplos de riscos mecânicos a que os profissionais de enfermagem estão

expostos no seu posto de trabalho (CARVALHO; FELLI, 2006). Esse

59

comportamento violento pode repercutir tanto na saúde física como psicológica do

trabalhador.

Esta pode até ser, na percepção do usuário e de outros profissionais, uma

questão pouco comum; contudo, na prática isto acontece com mais frequência do

que se pensa ou percebe. Trata-se de uma prática que expõe o trabalhador ao risco

psíquico, levando-o a sentir-se inferiorizado, humilhado, temendo passar novamente

pela mesma situação. Tem-se ainda o estresse, que é outro fator de grande

relevância, prejudicial à saúde do trabalhador. Somando a esta realidade, há

trabalhadores com outro vínculo empregatício, também convivendo com dor, morte,

sofrimento, dentre tantos outros sentimentos, o que contribui para agravar a

situação.

Outra questão no contexto do trabalho no centro cirúrgico é a exposição à

carga química representada pelos gases anestésicos, que podem oferecer vários

danos à saúde do trabalhador. Esta proximidade com o referido fármaco possibilita o

desenvolvimento de patologias como cânceres, doenças renais e hepáticas, risco

aumentado para abortos espontâneos, entre outras. Como agravante, a equipe que

manipula gases anestésicos também está submetida ao risco de fogo e explosão

(OLIVEIRA, 2009).

Os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho podem ser reduzidos se o

trabalhador adotar medidas preventivas, como o uso correto de Equipamentos de

Proteção Individual (EPI), desenvolvimento de atividades em ambientes que

ofereçam espaço adequado para minimizar a exposição, o controle e a medição dos

gases, entre outras ações importantes, para a prevenção de doenças e promoção da

saúde do trabalhador.

60

Na vertente dos acidentes de trabalho, tem-se a iluminação inadequada que

pode levar a acidentes. De acordo com a Tabela 3, 40% dos respondentes

consideraram a iluminação às vezes adequada, 34% frequentemente e 26% as

vezes.

Um ambiente com iluminação deficiente ainda favorece ao estresse através

do desgaste visual, dificulta a leitura das prescrições, graduação da seringa, rótulo

da medicação, gotejamento de soro, facilitando a ocorrência de erros humanos e

acidentes (ALMEIDA; PAGLIUCA; LEITE, 2005).

Complementado o ponto de vista das autoras, o ambiente com iluminação

precária e umidade são as principais fontes de fadiga nos trabalhadores de

enfermagem (CARVALHO; FELLI, 2006). A falta de iluminação tende a mascarar

obstáculos, propiciando que os ocupantes do ambiente se acidentem com mais

facilidade. Além disso, o trabalhador que se encontra inserido nesse meio fica

vulnerável a desenvolver problemas oftalmológicos.

Ainda sobre o ambiente físico, vale ressaltar que o espaço adequado às

características antropométricas permite ao trabalhador desenvolver suas tarefas

com maior conforto e habilidade. Nesse caso, o ambiente não fere os princípios da

ergonomia, porque se ajusta às necessidades do homem, e não o contrário,

possibilitando ao trabalhador realizar suas atividades laborais com maior satisfação.

A forma como o mobiliário está organizado nesse espaço também pode

interferir no desenvolvimento das tarefas. Quando disposto de maneira inadequada,

pode interferir no deslocamento dos trabalhadores, havendo possibilidade de se

machucarem nas quinas dos móveis no momento em que passarem por eles, entre

outros problemas.

61

A adoção de algumas medidas pelos enfermeiros durante a jornada de

trabalho, como posturas corretas, observância das condições dos mobiliários,

instalação de equipamentos ergonomicamente planejados para os profissionais,

minimizam a incidência de afecções musculoesqueléticas (MUROFUSE;

MARZIALE, 2005).

O transporte de caixas pesadas, contendo materiais e instrumentos a serem

utilizados durante as cirurgias, a condução de macas da sala de recuperação pós-

anestésica (RPA) para a sala de cirurgia e vice-versa, e a transferência do paciente

da maca para a mesa operatória ou para o leito são atividades desenvolvidas pela

equipe de enfermagem. Essas atividades podem fazer com que os trabalhadores

assumam posições contrárias aos princípios ergonômicos, propiciando o

aparecimento de afecções musculoesqueléticas.

O levantamento de peso, por longos períodos, implica na contratura estática

dos segmentos do corpo ou na imobilização de segmentos corporais, podendo

desencadear dorsalgias no trabalhador (MUROFUSE; MARZIALE, 2005). Cabe

lembrar que essas atividades são rotineiras no trabalho dos profissionais deste

estudo.

Outra posição que pode levar a problemas osteomusculares é a posição do

dedo em gatilho, muito comum nos profissionais que manipulam tesouras, sobretudo

em centro cirúrgico. A exposição prolongada pode levar a ocorrência de

tenossinovite (MUROFUSE; MARZIALE, 2005).

Elias e Navarro (2006), ao discorrem sobre o impacto das condições de

trabalho na saúde dos trabalhadores de enfermagem, ressaltaram que o hospital por

si já é considerado um ambiente insalubre, penoso e perigoso. Os profissionais que

lá atuam ficam expostos a várias patologias de ordem física e psíquica, tais como

62

transtorno mental, ansiedade, depressão, lesões por esforços repetitivos, entre

outras. A exposição a condições de trabalho precárias contribui para as

possibilidades de adoecimento.

Quanto à temperatura, 44% avaliaram como frequentemente fria, 32%

sempre e 24% às vezes (Tabela 3). Como medida de proteção, o trabalhador acaba

tomando posições que minimizem os efeitos da baixa temperatura sobre seu corpo,

podendo, dessa forma, limitar alguns movimentos e provocar contraturas

musculares, ocasionando desconfortos osteomusculares.

A temperatura fria, que no Centro Cirúrgico é mais baixa em relação ao

ambiente externo, pode levar o indivíduo a desenvolver uma vasoconstrição e

consequente redução da circulação sanguínea periférica e tremores, entre outras

afecções. À medida que a temperatura cai, o trabalhador desenvolve um mal-estar

geral, passando a manifestar diminuição da destreza manual e confusão mental,

entre outras intercorrências (CARVALHO, 2001).

O trabalhador exposto ao ambiente frio sofre dois efeitos fisiológicos: uma

vasoconstrição periférica, a fim de diminuir a perda de calor, seguida por tremores

para aumentar a produção de calor. A permanência em ambientes com baixa

temperatura possibilita que o trabalhador seja acometido por hipotermia, eritema

pérnio (processo inflamatório na pele dos membros induzido pelo frio), podendo

chegar à geladura ou frostbite (lesão pelo frio que atinge as extremidades)

(MENDES, 2005).

Estes efeitos são mais comuns em trabalhadores que têm o ambiente de

trabalho com baixas temperaturas. Contudo, vale lembrar que indivíduos têm

reações diferentes entre si e podem ser mais sensíveis que outros, o que significa

63

que a temperatura não precisa chegar ao limite máximo ou mínimo para causar

desconforto.

A finalidade da temperatura fria no centro cirúrgico é controlar ou limitar a

quantidade de partículas suspensas no ar, seja de origem microbiana ou não, uma

vez que as mesmas podem dar origem a reações inflamatórias e a problemas

maiores. Sendo assim, para reduzir o risco de infecção no sítio cirúrgico,

recomenda-se que os contaminantes do ar sejam impedidos de se dispersar, e uma

das alternativas para que isso ocorra é o uso de aparelhos de ar condicionado

(AFONSO, 2006).

Contudo, para que esse aparelho proporcione o bem-estar de todos (tanto de

pacientes como de trabalhadores), é preciso que seja objeto de manutenção

frequente, englobando limpeza do filtro, avaliação da temperatura, nível de ruído

entre outros, inclusive de conforto e desconforto.

O uso de aparelhos condicionadores de ar é de vital importância, uma vez

que a ventilação ambiental oferece taxas insatisfatórias de renovação de ar,

proporcionando, neste caso, a colonização de microorganismos. As infecções

causadas por esses microorganismos podem comprometer tanto a saúde do

paciente quanto à de quem lhe presta cuidados.

Dessa forma, os trabalhadores podem, a longo prazo, apresentar sintomas da

síndrome do edifício doente, que engloba: pneumonia, rinites, sinusite, fadiga, entre

outras intercorrências. Alguns exemplos de fungos são: Aspergillus fumigatus –

causadora de micose inalatória típica – Aspergillus niger – onicomicose, peritonite e

endocardite – e Aspergillus tamarii – causadora de infecções oculares (MOBIN;

SALMITO, 2006).

64

Outro aspecto relevante é o ruído de todos equipamentos presentes no centro

cirúrgico, que também pode afetar a saúde dos ocupantes do setor. Os níveis

elevados de ruído podem provocar danos à saúde do trabalhador, além de

comprometer sua performance intelectual, dificultando a realização de atividades

complexas (MARZIALE; CARVALHO, 1998). No caso específico do centro cirúrgico,

o ruído pode não ser intenso a ponto de causar danos na acuidade auditiva mas, por

ser constante, gera desconforto auditivo e torna-se fator estressante.

O nível alto de ruído dificulta a comunicação entre os trabalhadores que estão

atuando no mesmo local e a concentração na atividade que está sendo executada.

A exposição prolongada, sem efetiva proteção, pode levar a uma diminuição gradual

da acuidade auditiva, podendo evoluir para uma perda total (BAGGIO; MARZIALE,

2001). A perda auditiva pode ser irreversível e motivar o afastamento do profissional,

dessa forma prejudicando o empregado e o empregador.

A presença de poluentes ambientais é outro fator de destaque, já que pode

comprometer a saúde do trabalhador. Os poluentes podem ser provenientes de um

aparelho de ar condicionado, pelo filtro não estar funcionando adequadamente,

como foi referido, permitindo que contaminantes atravessem a barreira e atinjam o

ambiente; mas, também, podem ter origem nos calçados dos trabalhadores, nas

rodas de equipamentos, vassouras úmidas e substâncias orgânicas, por exemplo.

Esses contaminantes, ao se disseminarem no ambiente, podem desencadear

doenças nos trabalhadores, como referem Santos, Lacerda e Garziano (2005).

Em síntese, de uma forma geral, as condições de trabalho foram

consideradas satisfatórias pelos sujeitos do estudo. Nesta perspectiva, cabe dizer

que a necessidade de mantê-las é de vital importância para a manutenção da saúde

do trabalhador, visto que livre de riscos laborais tende a trabalhar com maior

65

satisfação, motivação, prevenindo riscos à saúde e garantindo uma boa assistência

ao cliente.

4.3 Funções Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do Centro

Cirúrgico

As funções psicofisiológicas compreendem as funções psíquicas e fisiológicas

do ser humano, sendo essas últimas voltadas para a clínica, pois englobam os

sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, renal, endócrino e neurológico.

Na função psíquica, foram avaliadas a frequência da irritação e mau humor,

insônia, crise de choro, amnésia, depressão, intolerância, ansiedade e angústia,

além dos distúrbios no sono.

4.3.1 Função Cardiovascular

A função cardiovascular tem como meta o transporte e a distribuição de

substâncias essenciais aos tecidos, bem como produtos oriundos do metabolismo. A

Tabela 4, a seguir, apresenta os dados sobre a avaliação desta função pelos

sujeitos do estudo.

Tabela 4 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função cardiovascular (n=50)

Variáveis

Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Dor torácica 31 62 15 30 2 4 2 4 Alteração na temperatura 24 48 22 44 1 2 3 6 Palpitações 26 52 19 38 3 6 2 4 Fadiga 14 28 28 56 5 10 3 6 Alteração na frequência cardíaca 22 44 22 44 3 6 3 6 Pressão alta 28 56 13 26 5 10 4 8 Edema em membros inferiores 24 48 15 30 8 16 3 6 Cianose 44 88 5 10 0 0 1 2 Icterícia 49 98 0 0 0 0 1 2

66

Os sujeitos revelaram, de forma geral, um bom funcionamento cardiovascular.

Contudo, alguns fatores podem predispor os profissionais a desenvolverem

problemas cardíacos, como alteração na temperatura e na frequência cardíaca,

fadiga e edema em membros inferiores.

A ocorrência da dor torácica entre os respondentes apresentou baixa

frequência. Na Tabela 4, 62% responderam nunca ter sentido dor torácia, 30 às

vezes 4% frequentemente, e outras 4% sempre. Estes dados apresentados são

determinantes para que medidas sejam tomadas a fim de prevenir o agravamento

destes e a ocorrência de novos casos, já que a dor torácica pode ser um dos

primeiros sinais de doenças sérias como angina pectoris, infarto agudo no

miocárdio, dentre outras (BRASIL, 2001).

A dor torácica pode resultar do esforço físico ou do estresse emocional, da

exposição ao tempo quente ou frio e da ingestão de refeição pesada, entre outros

fatores (NETINA, 2003). Quase todos os fatores listados fazem parte do cotidiano do

trabalho do profissional de enfermagem. Dessa forma, é de vital importância que os

trabalhadores sejam monitorados a fim de que seja possível conter o aumento dos

casos.

O esforço físico realizado no centro cirúrgico foi classificado como às vezes

intenso para 52% dos entrevistados, 22% frequentemente, 20% sempre e 6% nunca,

conforme apresentado na Tabela 2. Tal esforço permite que os trabalhadores fiquem

sujeitos a desenvolver problemas osteomusculares e afecções cardíacas, dentre

outras patologias. Sendo assim, o aumento do número de recursos humanos e da

maior disponibilidade de equipamentos que auxiliem no transporte de pacientes,

contribuirá para minimizar o risco relacionado ao esforço físico dos trabalhadores.

67

O centro cirúrgico é um ambiente que necessita estar frio, mantendo o

ambiente adequado aos procedimentos cirúrgicos nele realizados. Ao serem

questionados sobre alteração na temperatura, alguns sujeitos do estudo queixaram-

se da variação de temperatura de um ambiente para outro. A exposição à

temperatura fria por longo tempo pode causar problemas vasculares e doenças

cardíacas, dentre outras enfermidades, como já referido.

A palpitação é outro sinal de alerta para a ocorrência de doenças cardíacas.

Nesta variável 52% responderam nunca ter sentido palpitações, 38% às vezes, 6%

frequentemente e 4% nunca. Na presença de palpitações, o indivíduo tem a

sensação de que o coração está pulando no tórax. Essa sensação pode ser

atribuída às arritmias cardíacas (NETINA, 2003).

Outros fatores que podem dar origem às arritmias cardíacas são: a isquemia,

doença de chagas, doença reumática, fumo, ingestão excessiva de álcool e cafeína

entre outras causas (MENDES, 2005). Sendo assim, é importante que se investigue

a história pregressa de saúde do trabalhador, para identificar se ele foi acometido

por alguma enfermidade que possa favorecer esta patologia.

A cianose, doença citada por 2% dos entrevistados como sempre presente,

10% às vezes e 88% nunca (Tabela 4), apresenta como sinais a coloração azulada

da pele, e também pode estar relacionada com a exposição prolongada em

ambientes com baixas temperaturas. Observa-se nesta doença a redução do fluxo

sanguíneo dos membros resultante da vasoconstrição, podendo levar a afecções

cardiorespiratórias (NETINA, 2003).

Quanto à presença de edema em membros inferiores, Belczak et al. (2008)

consideram um importante fator de queda na qualidade de vida, pelo grande

68

desconforto, cansaço precoce e sensação de peso que, dessa forma, propiciam a

queda no rendimento profissional.

A equipe de enfermagem no centro cirúrgico trabalha boa parte da jornada de

pé, uma postura que favorece o aparecimento de edema, fato confirmado por

Belczak et al. (2008) quando relatam que o edema em membros inferiores está

muito relacionado à postura adotada pelo funcionário durante a jornada de trabalho.

Os referidos autores ressaltam que as alterações volumétricas, durante toda a

atividade laborativa, têm como agravante o ortostatismo prolongado ou a posição

sentada por períodos extensos.

Quanto à presença de edema, 48% dos entrevistados responderam nunca

apresentar, 30% às vezes, 16% frequentemente e 6% nunca (Tabela 4).

A elevação dos membros inferiores é uma alternativa para minimizar a

ocorrência de edema; com isso, há uma redução da pressão gravitacional, fazendo

com que o membro se esvazie e estabilize as pressões em nível microcirculatório

equilibrando o volume intra com o extravascular. Mas para atender a esta

recomendação, o profissional precisaria de intervalos durante a jornada de trabalho,

períodos em que poderia executar o dito procedimento.

A fadiga foi outro aspecto destacado pelos profissionais de enfermagem

como um problema de ordem cardiovascular. De acordo com Santa Rosa et al.

(2007), a fadiga é expressa por uma sensação de cansaço subjetiva de natureza

emocional, que acomete pessoas de todas as faixas etárias. O cansaço pode surgir

em decorrência de esforços físicos intensos, presença de estressores ocupacionais,

tais como jornadas prolongadas, problemas de relacionamento interpessoal,

trabalho em turnos, dupla jornada de trabalho, atividades extras a exemplo do

69

trabalho doméstico, entre outras causas. Dessa forma, a condição de vida e trabalho

tem uma grande participação sobre as causas da fadiga.

A fadiga foi avaliada como às vezes presente para 56% dos entrevistados,

28% nunca, 10% frequentemente e 6% sempre (Tabela 4). A fadiga ocorre a partir

da baixa do débito cardíaco. Neste caso, o coração é incapaz de fornecer sangue

para suprir as necessidades metabólicas aumentadas das células. Sendo assim, à

medida que a cardiopatia progride, a fadiga é precipitada por menos esforço

(NETTINA, 2003).

A alteração na frequência cardíaca também é considerada um sinal de alerta

para a ocorrência de patologias cardíacas. Esta alteração foi avaliada como nunca

presente para 44% dos entrevistados outros 44% às vezes, 6% frequentemente

igual percentagem sempre (Tabela 4). As situações vivenciadas no trabalho e que

levam o trabalhador a sentir ansiedade, estresse e preocupação, favorecem o

aumento da frequência cardíaca (SMELTZER; BARE, 1998).

Por fim, a hipertensão arterial, doença caracterizada por valores pressóricos

superiores a 140mmHg (sistólica) e 90mmHg (diastólica), cuja etiologia pode estar

ligada a diversos fatores, tais como: genéticos, ambientais, estilo de vida, estresse

decorrente do trabalho, ingestão elevada de sódio, entre outros (BRASIL, 2001).

De acordo com a avaliação da ocorrência de pressão alta, pudemos observar

que 56% responderam nunca ter apresentado, 26% às vezes, 10% frequentemente,

8% sempre (Tabela 4). Sendo assim, é relevante que haja medidas preventivas com

a fim de controlar os níveis pressóricos dos trabalhadores, evitando que os casos

detectados se agravem. Vale ressaltar que a hipertensão arterial destaca-se como a

principal causa de aposentadoria por invalidez no país (BRASIL, 2001).

70

Vários agentes de natureza psíquica, presentes no ambiente de trabalho,

contribuem para o aumento de casos de elevação da pressão arterial. Dentre eles,

destacam-se: carga psíquica do trabalho, trabalho em turnos, conflitos interpessoais,

responsabilidade excessiva, condições de trabalho, entre outros (MENDES, 2005).

Todos esses fatores estão presentes no cotidiano do profissional em estudo.

As atribuições do profissional de enfermagem, que são muitas, podem levá-lo

a um desgaste emocional. As enfermeiras do centro cirúrgico do HU, além de

prestarem assistência direta ao paciente, supervisionar a equipe que atua no centro

cirúrgico, organizar o trabalho do setor, mediar a equipe multiprofissional, uma vez

que a enfermagem permanece no hospital nas 24 horas do dia, ainda é responsável

por fazer a visita ao paciente que passará por uma cirurgia no dia seguinte. Estas

atividades ilustram a sobrecarga de atividades a que este profissional está

submetido.

A exposição a níveis elevados de ruídos também pode predispor os

trabalhadores a iniciar repostas cardiovasculares similares àquelas que ocorrem no

estresse agudo, motivando aumento da pressão arterial e alterações hormonais e

bioquímicas (MENDES, 2005). Os profissionais que atuam no centro cirúrgico,

principalmente os que frequentemente estão envolvidos com as cirurgias cardíacas,

sofrem com o ruído das ferramentas utilizadas no referido setor (sobretudo em

cirurgias ortopédicas), fato já referido quando das discussões sobre as condições de

trabalho neste setor.

O volume de trabalho atribuído ao profissional em questão pode tornar-se um

desencadeador de estresse, sendo considerado um fator de risco para várias

doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, as arritmias cardíacas, as

71

doenças coronarianas, o infarto no miocárdio e, até mesmo, a morte súbita

(MENDES, 2005).

O tempo exíguo de descanso entre uma jornada e outra, comentado

anteriormente, dificulta que o profissional cuide da própria saúde, levando-o a ter um

estilo de vida considerado sedentário.

As medidas de prevenção das doenças cardíacas de origem ocupacional

envolvem mudanças nas condições e organização de trabalho e de hábitos de vida.

Sendo assim, cabe tanto ao empregado como ao empregador aderirem a essas

mudanças com a finalidade de diminuir a ocorrência de novos casos de patologias

cardíacas e controlar as existentes.

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) complementa esta informação

sugerindo como alternativa de prevenção: o controle de elementos relacionados à

organização de trabalho geradores de estresse e sobrecarga psicofisiológica,

diminuição do ritmo de trabalho e de exigência de produtividade sobre os

trabalhadores, melhoria das relações interpessoais, valorizando a cooperação entre

os trabalhadores.

Outra função investigada no presente estudo foi a respiratória, responsável

por suprir o organismo com o oxigênio (O2) e remover o produto gasoso proveniente

do metabolismo celular. Os entrevistados foram questionados a respeito da

ocorrência de desconfortos ou patologias já instaladas sobre a função respiratória.

Os dados obtidos foram confrontados com as características das condições e

organização do trabalho, a fim de encontrar relação entre eles.

Vale ressaltar que o aparelho respiratório apresenta um contato muito

próximo com o meio ambiente; sendo assim, as condições do ar ambiente são de

72

grande valia para avaliar a vulnerabilidade que o indivíduo apresenta em relação ao

desenvolvimento de patologias respiratórias.

O ar ambiente apresenta gases na forma líquida e gasosa, sendo a primeira

mais frequente, variando as pressões parciais dos gases oxigênio (O2), nitrogênio

(N2) e dióxido de carbono (CO2) – constituintes do ar. Os agentes químicos podem

ser dispersos no ar, poluindo o ambiente, possibilitando que os trabalhadores

desenvolvam doenças ocupacionais, tais como asma, bronquite, pneumoconioses,

entre outras enfermidades (MENDES, 2005).

Essas doenças ocorrem porque os gases penetram livremente no sistema

respiratório e, dependendo do grau de solubilidade nos líquidos orgânicos,

acarretam vários prejuízos à saúde do trabalhador. Os gases hidrossolúveis, por

exemplo, normalmente causam irritação nas vias aéreas superiores.

Quanto ao ar ambiente do centro cirúrgico, é mister ressaltar que neste setor

o trabalhador tem um contato muito próximo com gases anestésicos e produtos de

limpeza (tanto do ambiente como dos utensílios utilizados durante o procedimento

cirúrgico).

4.3.2 Função Respiratória

Na tabela 5, a seguir, pode-se acompanhar as repostas dadas pelos sujeitos

do estudo a respeito deste sistema, e conhecendo a etiologia das doenças

respiratórias, as condições e organização de trabalho do centro cirúrgico, foi

possível refletir sobre o impacto deste ambiente na saúde dos trabalhadores nele

inseridos.

73

Tabela 5 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo conforme a função respiratória (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Falta de ar 32 64 16 32 1 2 1 2 Tosse seca 31 62 15 30 2 4 2 4 Tosse produtiva 36 72 14 28 0 0 0 0 Alteração na frequência respiratória 29 58 16 32 3 6 2 4 Secreção sanguinolenta ao tossir 49 98 1 2 0 0 0 0 Bronquite 43 86 3 6 2 4 2 4 Asma 44 88 2 4 2 4 2 4 Alergia Respiratória 33 66 6 12 2 4 9 18

Dentre as variáveis apresentadas na Tabela 5, a dispnéia, a tosse seca, a

tosse produtiva, a alteração da frequência respiratória, a secreção sanguinolenta ao

tossir, a bronquite, a asma e a alergia respiratória não resultaram em queixas

elevadas. Contudo, algumas variáveis apresentaram frequências que alertam para a

possibilidade de ocorrência de afecções de ordem respiratória.

A falta de ar é caracterizada por uma sensação respiratória desagradável ou

desconfortável, normalmente causada por uma dissociação do comando motor e da

resposta mecânica da função respiratória. Esta patologia pode indicar a presença de

embolia pulmonar, pneumotórax, infarto do miocárdio, entre outras doenças

(NETINA, 2003).

De acordo com a Tabela 5, 64% dos respondentes avaliaram a falta de ar

como nunca presente, 32% às vezes, 2% frequentemente e igual percentagem

sempre presente. Muito embora este número não represente a maioria, é um fator

relevante para que medidas preventivas sejam tomadas a fim de conter o

agravamento dos casos existentes, uma vez que a falta de ar pode mascarar

problemas, tanto respiratórios como cardíacos.

A tosse seca pode indicar uma infecção viral no trato respiratório, enquanto a

tosse produtiva pode ser o sinal de uma bronquite. Já a tosse que apresenta escarro

espumoso rosáceo pode indicar presença de edema pulmonar (NETINA, 2003).

74

Conforme a Tabela 5, 62% responderam nunca ter apresentado tosse seca,

30% às vezes, 4% frequentemente e outros 4 % sempre. Quanto à tosse produtiva

72% responderam nunca ter apresentado e 28 % às vezes. Estes dados que servem

de alerta para traçar medidas preventivas visando conter o agravamento dos casos,

bem como a ocorrência de outros.

O uso de substâncias como o éter pode ser apontado como uma das causas

para a ocorrência da tosse seca. O éter etílico é usado como agente de uso

hospitalar, e como agente anestésico pode deixar o trabalhador propenso a

desenvolver irritação nos olhos e no trato respiratório, tendo como reflexo a tosse.

Além dessas enfermidades, ainda pode causar depressão do sistema nervoso

central, narcose, ressecamento e rachaduras na pele (MENDES, 2005).

Para Mendes (2005), a irritação nasal pode ser sentida a partir de uma

exposição a 200 partes por milhão (ppm). Vale ressaltar que o uso de éter etílico

para indução anestésica varia em torno de 100.000 a 150.000ppm, e que a

exposição contínua a esta substância favorece o agravamento de casos.

Já a presença de secreção sanguinolenta ao tossir, pode indicar várias

patologias, tais como infecção pulmonar, carcinoma de pulmão e anormalidades da

artéria ou veia pulmonar (NETTINA, 2003; SMELTZER; BARE, 1998). Na amostra

do presente estudo, 98% responderam nunca ter apresentado e apenas 2% às

vezes.

Outra variante utilizada para avaliar a função respiratória foi a ocorrência da

bronquite. Esta patologia é caracterizada por uma infecção do trato respiratório

inferior, originada por agentes virais bacterianos ou por microplasma. O cigarro e a

exposição à poluição são as principais causas dessa enfermidade. As manifestações

clínicas englobam: dispnéia, febre, tosse produtiva, dor torácica, roncos, estertores,

75

entre outras (NETTINA, 2003; SMELTZER; BARE, 1998). Esta patologia não

apresentou grande frequência na presente amostra, 86% dos entrevistados

responderam nunca ter apresentado, 6% às vezes, 4 % frequentemente e outros 4%

sempre (Tabela 5).

A asma é caracterizada por uma obstrução intermitente ou reversível das vias

aéreas, resultando em dispnéia, tosse e sibilos. A asma pode ser alérgica

(provocada por elementos alérgicos, como poeira, ácaro, alimentos), idiopática

(proveniente de resfriados, infecções do trato respiratório, poluentes ambientais), ou

mista (forma mais comum), apresentando característica das duas anteriores

(SMELTZER; BARE, 1998).

Para que a asma seja considerada de origem ocupacional, é preciso que haja

uma substância que se caracterize como indutora da referida patologia. Os

elementos que mais comumente causam essa patologia são o ambiente frio e o

organo fosforado, entre outros (CARVALHO, 2001).

Embora no presente estudo a ocorrência de asma tivesse apresentado uma

frequência baixa, visto que 88% dos entrevistados responderam nunca terem

apresentado asma, 4% às vezes, 4% frequentemente e 4% sempre. Dessa forma, é

relevante acompanhar os casos existentes, bem como ficar alerta quanto à

ocorrência de novos casos (Tabela 5).

Outro fator importante para avaliar a presença de doenças respiratórias é a

temperatura fria do centro cirúrgico. A exposição contínua do trabalhador a uma

temperatura baixa pode fazer com que ele desenvolva vasoconstrição, levando-o a

realizar movimentos com maior dificuldade, uma vez que tende a se proteger do frio.

De acordo com Teixeira et al. (2005), os ocupantes de recintos fechados

estão vulneráveis a um alto percentual de sintomas persistentes, como alergia, dor

76

de cabeça, irritação nos olhos e das mucosas, dores de garganta, tonturas, náuseas

e fadiga em geral, não atribuíveis a fatores pessoais de sensibilidade ou doença, e

que desaparecem pouco tempo depois da saída do recinto, ficando evidente que

estavam relacionados com as condições ambientais do local em questão.

Outro problema ao qual os trabalhadores estão expostos é a falta de

ventilação natural. Por se tratar de um centro cirúrgico, o ambiente necessita de

isolamento do ar ambiente como forma de proteção de agentes externos.

Os aparelhos de ar condicionado também podem configurar um elemento

agressivo à saúde do trabalhador. A poeira orgânica proveniente desses aparelhos

favorece a três grandes grupos de doenças: bronquite e broncopneumonia, asma e

síndrome do edifício doente.

Os sistemas de ar condicionado, com suas centrais e dutos espalhados pelas

indústrias, hospitais, escritórios, enfim, nas edificações hermeticamente fechadas,

possibilitam a proliferação de doenças no ambiente através do próprio sistema de ar

condicionado central. Com o passar dos anos, este vem sendo um assunto de

preocupação mundial devido ao elevado percentual de pessoas doentes em recintos

com ar condicionado central (TEIXEIRA et al., 2005).

Segundo Almeida et al. (1999), os problemas mais comuns associados à

ventilação contemplam a entrada insuficiente de ar externo nos recintos, a má

distribuição e mistura de ar interno e a dificuldade de filtração causada por

ventilação inadequada dos sistemas de ventilação. Tais intercorrências deixam o

ambiente insalubre e facilitam a proliferação de doenças de origem respiratória.

Em ambientes fechados, com pouca ou nenhuma renovação do ar, a

qualidade do ar tende a ficar comprometida, devido à acumulação dos poluentes

gerados internamente que não têm como ser eliminados, ou porque esses locais não

77

possuem janelas para obter a renovação do ar. O centro cirúrgico conta com outro

problema que é o trabalho próximo a anestésicos.

A higiene ocupacional – ciência do reconhecimento, avaliação, da prevenção

e dos riscos originados no local de trabalho que podem colocar em risco a saúde do

trabalhador e do bem estar dos indivíduos que estão inseridos neste ambiente –

ocupa-se inicialmente em sanar os problemas que envolvem esse ambiente de

trabalho (MENDES, 2005).

À medida que os estudiosos e leigos tomaram a ciência que a poluição do ar,

água e solo, bem como o descarte inadequado de resíduos tóxicos poderiam gerar

danos irreversíveis a saúde começaram a planejar alternativas que protegessem o

local onde conviviam. Sendo assim, resolveram tomar medidas que ultrapassassem

o ambiente de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e,

principalmente, minimizando os riscos à saúde do trabalhador.

4.3.3 Função Gastrintestinal

Dando continuidade à análise das funções fisiológicas, será discutida a

gastrintestinal, responsável pela digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes

na corrente sanguínea. A Tabela 6, apresenta variáveis que englobam as lesões

orais, a falta de dentes, o sangramento bucal e a esteatorréia.

Tabela 6 - Distribuição das respostas dos sujeitos sobre os fatores prejudiciais à atividade da função gastrintestinal (n=50)

Variáveis

Sim Não f % f %

Lesões orais 2 4 48 96 Falta de dentes 37 74 13 26 Sangramento bucal 2 4 48 96 Esteatorréia 0 0 50 100

78

A falta de dentes foi um problema que apresentou uma frequência alta de

resposta (74%) entre os sujeitos entrevistados. De acordo com Vargas e Paixão

(2005), a principal causa dessa ausência está relacionada à cárie e à doença

periodontal. Essa falta pode acarretar vários problemas de saúde de ordem física ou

psicológica.

A ausência de dentes dificulta a digestão, uma vez que a mastigação, a

produção de saliva e o suco gástrico ficarão comprometidos, dessa forma,

sobrecarregando os demais órgãos que fazem parte do sistema gastrintestinal,

favorecendo a ocorrência de patologias ligadas a este sistema.

A falta de dentes também irá interferir na escolha dos alimentos durantes as

refeições. Alimentos que possuam uma consistência mais dura ou alimentos fibrosos

serão preteridos. A opção será por alimentos fáceis de serem engolidos sem

necessidade de mastigação. Com isso, o indivíduo poderá escolher alimentos que

não possuam ingredientes adequados à sua nutrição.

A fala também pode ficar prejudicada com a falta de dentes, dificultando a

compreensão de algumas palavras. A pessoa que tem falta de dentes tende a se

comunicar pouco, a se isolar das pessoas, envergonhada por causa da aparência

física. Outro comportamento adotado pelas pessoas acometidas pela dentição

incompleta, é evitar sorrir, principalmente na presença de pessoas estranhas. Tal

atitude favorece o desenvolvimento de patologias psíquicas como isolamento,

depressão, ansiedade, entre outras.

O tempo reduzido que os profissionais de enfermagem têm para cuidar de si

pode fazer com que a própria saúde seja relegada a segundo plano. A má

conservação dos dentes é um indício de que a saúde bucal não é prioritária. A dupla

jornada, que é característica entre os trabalhadores dessa classe, pode ser uma

79

razão para que não encontrem horários compatíveis para realizar visitas periódicas

aos dentistas, com isso prejudicando a conservação dos dentes.

Dando continuidade avaliaremos a seguir as refeições e a função

gastrintestinal de acordo com o ponto de vista dos entrevistados.

Tabela 7 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com as refeições e a função gastrintestinal (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Refeições em horários regulares

8

16

28

56

7

14

7

14

Refeições balanceadas 10 20 22 44 9 18 9 18 Dores abdominais 25 50 20 40 5 10 0 0 Indigestão 21 42 25 50 4 8 0 0 Náuseas 35 70 13 26 2 4 0 0 Vômitos 42 84 7 14 1 2 0 0 Diarréia 33 66 17 34 0 0 0 0 Constipação 19 38 25 50 1 2 2 4 Disfagia 38 76 11 22 1 2 0 0

De acordo com a Tabela 7, a maioria dos entrevistados não se queixou de

náuseas, vômitos ou disfagia.

Sabe-se que os trabalhadores apresentam dificuldades para realizar refeições

balanceadas em horários regulares, sob a justificativa de que ritmo de trabalho do

centro cirúrgico pode ser considerado um fator impeditivo para tal. Isto ocorre

porque, na maioria das vezes, o tempo dedicado a uma cirurgia excede o previsto

fazendo com que os horários das refeições sejam alterados.

O tempo que os profissionais de enfermagem têm para se ausentar do setor a

fim de fazerem suas refeições, é curto; sendo assim, elas são consumidas

rapidamente. Vale ressaltar que quanto menor for o tempo dedicado às refeições,

maiores são as chances de o indivíduo desenvolver problemas gástricos, tais como

úlceras pépticas, dispepsias e disfunções intestinais (CARVALHO, 2001).

80

No entorno do cenário do estudo, as opções de restaurantes são poucas,

dificultando o consumo de refeições balanceadas, fator importante para maior

eficiência das funções do organismo e da produtividade do trabalhador.

Ainda na perspectiva dos hábitos alimentares, o vínculo empregatício

(estatutário ou terceirizado) que os profissionais mantêm com o hospital, determina

como será fornecida a refeição. Os estatutários recebem um vale alimentação, o que

lhes dá a opção de escolha do local para realizarem suas refeições; enquanto os

terceirizados recebem a alimentação fornecida pelo próprio hospital.

A dor abdominal é um sintoma relevante que pode ser indício de uma doença

gastrintestinal. As causas dessa dor englobam a qualidade das refeições, o repouso,

a defecação e as disfunções vasculares (SMELTZER; BARE, 1998). Quanto a

presença de dores abdominais 50% dos entrevistados respondeu nunca ter

apresentado, 40% às vezes, 10% frequentemente (Tabela 7).

Com relação à indigestão, 50% dos profissionais entrevistados responderam

apresentar às vezes esta disfunção, 42% nunca e 8% frequentemente (Tabela 7). A

patologia em questão caracteriza-se por um desconforto abdominal causado

principalmente pela ingestão de alimentos gordurosos, que permanecem no

estômago por mais tempo que as proteínas e os carboidratos.

Um fator relevante, para a análise das causas que levam esses trabalhadores

a sentirem dores abdominais e indigestão, pode estar relacionado com a refeição.

Conforme dados apresentados na Tabela 7, os trabalhadores nem sempre realizam

refeições equilibradas, e em decorrência da organização de trabalho, nem sempre é

possível realizá-las nos horários previstos.

Ainda na perspectiva dos hábitos alimentares, a constipação intestinal é um

problema que está relacionado com a diminuição da frequência das evacuações. Os

81

sintomas englobam dificuldade para evacuar, sensação de evacuação incompleta,

distensão abdominal, desconforto, mal-estar geral ou dor abdominal, e é resultante

do baixo consumo de fibras, uso de determinados medicamentos, anormalidades

estruturais do cólon, reto e ânus, distúrbios metabólicos, doenças neurológicas,

entre outras causas (NAVARRO-RODRIGUEZ; SÁ; MORAES FILHO, 2008). Este

pode ser outro elemento proveniente de uma alimentação desequilibrada, conforme

sugere a Tabela 7.

Outras variáveis usadas para avaliar a função gastrintestinal foram a

ocorrência de náuseas e vômitos. O ato de eliminar vômito normalmente é precedido

por náuseas; as causas englobam odores, atividade ou ingesta de alimentos

(SMELTZER; BARE, 1998). De acordo com a Tabela 7, 70% responderam nunca

sentir náuseas, 26% às vezes e 4 % frequentemente. Quanto aos episódios de

vômitos 84% responderam nunca apresentar, 14% às vezes e 2 % às vezes.

Fatores ambientais como o odor dos produtos de limpeza ou de medicações

podem desencadear a ocorrência tanto de um como do outro desconforto. O iodo,

por exemplo, elemento usado como antisséptico e germicida, pode deixar o

trabalhador vulnerável a desenvolver irritação na pele, olhos e membranas mucosas,

faringite, bronquite e problemas gastrintestinais (BRASIL, 2001).

Com relação à diarréia, outra variável do quadro da função gastrintestinal

houve uma frequência significativa de sujeitos que responderam apresentar

ocasionalmente esta patologia.

A diarréia é definida como a perda de água e eletrólitos pela passagem de

evacuações não formadas (NETINA, 2003). Sua ocorrência pode estar ligada tanto a

fatores fisiológicos como psicológicos. Na Tabela 6, pode-se ver que um número

82

significativo de profissionais apresenta esta patologia, onde 66% responderam

nunca apresentar; contudo, 34% às vezes apresentam.

Complementando a avaliação da função gastrintestinal, foi solicitado que os

sujeitos do estudo informassem seu peso e altura a fim de que fosse possível

calcular o índice de massa corporal. Com o resultado deste cálculo, foi possível

avaliar a existência de problemas nutricionais entre os trabalhadores (Tabela 8).

Tabela 8 - Distribuição da classificação do peso dos sujeitos do estudo de acordo com o Índice de Massa Corporal (n=50)

Variáveis

Sempre f %

Peso normal 17 34 Sobrepeso 22 44 Obesidade grau I 9 18 Obesidade grau II 1 2 Obesidade mórbida 1 2 Total 50 100

Os resultados foram obtidos a partir das informações referidas pelos

trabalhadores de enfermagem sobre o seu peso corporal e altura.

Os dados antropométricos dos profissionais de enfermagem do centro

cirúrgico do HU apontaram alta frequência de sobrepeso e obesidade, refletindo o

quadro atual de prevalência de excesso de peso.

De acordo com Sousa et al. (2007), o sobrepeso e a obesidade são doenças

crônicas que acometem todas as faixas etárias e todos os grupos socioeconômicos.

A obesidade é uma doença crônica, fator de risco para muitas outras doenças

debilitantes e de alto custo social, como diabetes do tipo 2, hipertensão arterial,

acidentes vasculares cerebrais, cardiopatias, dislipidemias e alguns tipos de câncer.

Orsi et al. (2008) complementam ressaltando que o aumento do peso corpóreo

compromete a função respiratória.

83

A função psíquica do indivíduo que apresenta obesidade também leva a

prejuízos. O trabalhador portador dessa patologia tende a apresentar dificuldade de

integração social, baixa estima, estigmatização, além de diminuição da capacidade

funcional e da produtividade (ORSI et al., 2008).

A etiologia dessa enfermidade é ampla, envolvendo fatores genéticos,

ambientais, sendo um dos principais o estilo de vida sedentário e a grande

disponibilidade de alimentos ricos em gordura (HALPERN; MANCINI, 2002).

A clientela estudada é caracterizada por indivíduos que apresentam uma

significativa ocorrência de sobrepeso e obesidade grau I. Esse dado apresentado na

Tabela 8 é relevante porque serve de alerta para a implantação de medidas

preventivas para minimizar a ocorrência de novos casos e diminuir a frequência de

fatores complicadores.

A alimentação deficiente, a falta de atividade física regular, a vida sedentária

são alguns fatores que favorecem a ocorrência da obesidade e, por sua vez, das

doenças correlacionadas citadas anteriormente. O indivíduo com sobrepeso ou

obesidade tende a ficar mais cansado, apresentar respiração ofegante ao percorrer

longas distâncias, que é o caso do cenário de estudo em questão.

As articulações também ficam comprometidas em indivíduos portadores de

obesidade. O peso que incide sobre as articulações entre as pessoas portadoras

desta patologia favorece o surgimento de problemas osteomusculares, vasculares

entre outras intercorrências.

Outro fator que contribui para o aumento dos casos de obesidade é o trabalho

em turnos. O trabalhador que realiza suas atividades nessa escala, normalmente

adapta a ela seus hábitos de vida. O trabalho em turnos propicia alterações

dietéticas, ganho ponderal, uso da alimentação como atenuante de conflitos sociais

84

e desgaste psíquico (MENDES, 2005) favorecendo, neste caso, a ocorrência da

obesidade.

4.3.4 Função Renal

Outra função investigada no presente estudo foi a renal, que tem por

finalidade a remoção dos produtos finais do metabolismo e do sangue, sendo os rins

um dos principais órgãos do sistema. No interior deste órgão haverá a filtração e,

em seguida, a excreção dos restos metabólicos na urina. Sendo assim, o aspecto da

urina pode evidenciar problemas que envolvem o sistema renal e / ou outros órgãos

sistêmicos.

A Tabela 9 apresenta a avaliação da função renal pelos sujeitos do estudo,

sendo as variáveis compostas de características da urina (quanto à presença de

sangue na urina, quantidade ou ausência) e do processo de eliminação

propriamente dito (quanto à dor, eliminação noturna, dificuldade, incontinência e

eliminação involuntária durante o sono).

Tabela 9 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo, segundo a função renal (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Hematúria 50 100 0 0 0 0 0 0 Poliúria 40 80 8 16 1 2 1 2 Oligúria 28 56 18 36 2 4 2 4 Anúria 46 92 4 8 0 0 0 0 Disúria 42 84 8 16 0 0 0 0 Nictúria 37 74 11 22 1 2 1 2 Estrangúria 49 98 1 2 0 0 0 0 Incontinência urinária 43 86 6 12 0 0 1 2

De acordo com a resposta dos sujeitos, não houve uma frequência elevada

de patologias ligadas ao sistema renal; contudo, alguns fatores expressos nas

85

variáveis servem de alerta para a possibilidade de ocorrência de algumas patologias,

como no caso da oligúria, nictúria, poliúria e disúria.

A poliúria é caracterizada pelo grande volume de urina desproporcional ao

padrão usual de micção. Essa intercorrência é comum em diabéticos, portadores de

doença renal crônica e aqueles que fazem uso de diuréticos. Dentre os

respondentes, observa-se na Tabela 9 que 80% mencionaram nunca apresentar

essa intercorrência, 16% às vezes, 2 % frequentemente e outros 2 % sempre.

A oligúria é definida como um pequeno volume de urina, abaixo do esperado.

Pode ser resultado de uma insuficiência renal aguda, choque, desidratação,

desequilíbrio hidroeletrolítico (NETINA, 2003). O ritmo de trabalho no centro

cirúrgico, muitas vezes, contribui para que o trabalhador decline da ingesta hídrica.

Outros fatores que dificulta a ingesta são a ausência de bebedouro no centro

cirúrgico e a localização dos pontos hidratação, todos distantes do setor.

Sendo assim, para que o trabalhador possa utilizar os bebedouros, faz-se

necessário que ele saia do centro cirúrgico, retire a roupa específica do setor e vá

até o ponto de hidratação; ao voltar, precisará solicitar um novo paramento cirúrgico

a fim de que possa retomar suas atividades laborais. Embora a ingesta hídrica em

quantidade suficiente seja importante para o bom funcionamento dos rins, diante da

exigência de tantos procedimentos para se ausentar do setor, ele acaba desistindo

de se hidratar, o que pode resultar em dano renal severo.

Este é um problema que merece especial atenção, visto que durante a coleta

de dados a amostra relatou ter problemas quanto à ingesta hídrica ao longo do dia

de trabalho no centro cirúrgico do HU, o que pode torná-los vulneráveis ao

desenvolvimento de patologias renais.

86

A disúria representa a dor ou a dificuldade de urinar, fazendo com que o

indivíduo tenha uma sensação de queimação, proveniente de uma infecção ou

inflamação no trato urinário (NETTINA, 2003). Na Tabela 9, constata-se que essa

intercorrência apresentou um resultado significativo de frequências esporádicas

dentre os respondentes (16%). Sendo assim, é importante investigar se as

condições ambientais estão, de alguma forma, contaminando o trabalhador, fazendo

com que ele desenvolva algum quando infeccioso.

Quanto à nictúria, ou seja, a micção excessiva à noite, apresenta como

causa metabólica a redução da capacidade renal, a insuficiência cardíaca, a

diabetes mellitus, entre outras (NETTINA, 2003). Este problema afetou de forma

esporádica 22% dos profissionais entrevistados, conforme apresenta a Tabela 9.

Esse problema, além de servir de alerta para o funcionamento do sistema renal,

endócrino e cardiovascular, afeta também a qualidade do sono do trabalhador.

A incontinência urinária é caracterizada pela eliminação involuntária de urina.

Pode ser causada por fatores anatômicos, fisiológicos, patológicos que atingem o

trato urinário. Na Tabela 9, é possível observar que a maioria dos respondentes não

apresenta este problema renal, já que 86% relataram nunca ter passado por esse

problema.

O rim é um dos principais órgãos do sistema urinário. Ele é responsável por

excretar substâncias químicas e drogas presentes no organismo. Através da urina

pode-se avaliar se o indivíduo foi acometido por alguma intoxicação. O

funcionamento adequado do rim permite que o sistema urinário apresente doses

potencialmente prejudiciais à saúde do trabalhador (MENDES, 2005).

Dessa forma, os contaminantes do ambiente absorvidos pelo organismo

através da inalação, ingestão ou absorção cutânea, migram para a corrente

87

sanguínea e, posteriormente, são excretados através da urina, razão pela qual é de

grande importância avaliar o aspecto da urina dos trabalhadores.

O ritmo de trabalho intenso, as cirurgias de alta complexidade e de alto risco

tendem a fazer com que adiem as idas ao banheiro. Com isso, o funcionamento dos

rins tende a ficar comprometido, deixando a urina mais concentrada e favorecendo a

formação de cálculos renais.

4.3.5 Função Endócrina

Dando continuidade à análise das funções fisiológicas, discute-se a seguir, a

função endócrina, que é responsável pela reprodução, desenvolvimento e

crescimento, manutenção do meio interno, armazenamento e utilização de

metabólicos energéticos (AIRES, 1999).

A Tabela 10 teve como proposta apresentar o funcionamento de algumas

glândulas que compõem o sistema endócrino, com o objetivo de avaliar se as

condições e a organização de trabalho interferem neste sistema.

Tabela 10 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função endócrina (n=50)

Variáveis

Sim Não Não sabe f % f % f %

Diabetes 3 6 44 88 3 6 Hipertireoidismo 0 0 44 88 6 12 Hipotireoidismo 2 4 40 80 8 16 Alteração nos hormônios sexuais 10 20 31 62 9 18

Nesta função, os sujeitos do estudo foram questionados se eram portadores

de diabetes, hipertireodismo, hipotireoidismo e quanto à alteração dos hormônios

sexuais. Em relação às três primeiras variáveis, a maioria dos entrevistados

88

respondeu negativamente. Contudo, um número relevante de sujeitos (20%)

afirmou sofrer alteração nos hormônios sexuais.

À medida que o indivíduo vai envelhecendo, há um declínio no nível

hormonal. Com isso, homens e mulheres apresentam manifestações de ordem física

e psíquica. No homem, o declínio da testosterona acarreta a perda da libido,

diminuição da massa muscular, perda de energia, depressão, doenças

cardiovasculares, entre outros sintomas (ROHDEN, 2008). Nas mulheres, o declínio

do hormônio sexual começa por volta dos 40 anos, idade da maioria das mulheres

do estudo, conforme Tabela 1. Da mesma forma que os homens, pode-se perceber

que as mulheres também ficam vulneráveis a várias perturbações de ordem

comportamental, física, psíquica e social (ROHDEN, 2008).

De acordo com Veras e Nardi (2005), há grande prevalência de sintomas

depressivos que vêm sendo observados em mulheres peri ou pós-menopausadas,

mostrando que as queixas físicas e psíquicas são maiores nos três a quatro anos

antes da interrupção total da menstruação, ou seja, na perimenopausa.

Os sintomas do humor mais prevalentes durante a perimenopausa são

irritabilidade, desesperança, ansiedade, humor lábil ou deprimido, desmotivação,

dificuldade de concentração e sono interrompido durante a noite.

O perfil da população estudada apresenta idade crítica para a ocorrência

desses distúrbios. Sendo assim, o estado emocional pode estar relacionado tanto

com trabalho propriamente dito, como com as manifestações comuns ao declínio do

nível de hormônios sexuais.

Algumas alterações hormonais podem estar relacionadas a situações de

estresse vivenciadas no cotidiano do trabalho. Segundo Mendes (2005), as cargas

psicossociais laborais podem levar o indivíduo a desenvolver patologias de ordem

89

hormonal como, por exemplo, elevação do colesterol e obesidade, dentre outras

doenças.

4.3.6 Função Neurológica

Dando sequência à análise das funções fisiológicas, a Tabela 11 apresenta a

avaliação da função neurológica. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento

de doenças neurológicas, destacaram-se: fatores mecânicos (responsáveis por

traumatismos e lesões de nervos), elementos físicos (radiações ionizantes, por

exemplo), agentes biológicos (contaminação por vírus e bactérias), agentes

químicos (mercúrio, manganês, anestésicos), organização de trabalho (que pode

desencadear estresse, distúrbios do sono) (MENDES, 2005).

Tabela 11 - Distribuição das respostas dos trabalhadores de enfermagem sobre a função neurológica (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %

Alerta ao longo do dia 2 4 13 26 12 24 23 46 Boa memória 1 2 18 36 15 30 16 32 Alucinações 47 94 1 2 0 0 2 4 Facilidade de relatar eventos 8 16 9 18 10 20 23 46 Sustos com ruídos inesperados 23 46 21 42 3 6 3 6 Acidente vascular cerebral 49 98 1 2 0 0 0 0 Neuralgia 48 96 1 2 1 2 0 0 Enxaqueca 23 46 20 40 4 8 3 6 Epilepsia 49 98 1 2 0 0 0 0

A Tabela 11 apresenta a resposta dos sujeitos de estudos quanto à

ocorrência de patologias ou manifestações que sejam indícios de doenças

neurológicas. A partir desses dados, foi possível confrontar a etiologia da doença

com o ambiente de trabalho (considerando suas condições e organização).

A função neurológica, conforme consta na Tabela 11, mostrou como os

sujeitos de estudo avaliam este sistema a partir das seguintes variáveis: boa

90

memória, estar alerta ao longo do dia, nunca ter apresentado alucinações, ter

facilidade de relatar eventos, não ter sofrido AVC nem neuralgia ou epilepsia. Muitos

sujeitos expressaram que se assustam com ruídos inesperados e tem enxaqueca.

De acordo com Pahim, Menezes e Lima (2006), a enxaqueca é um tipo de

cefaléia que se apresenta como sintoma de uma dor tipo latejante ou pulsátil.

Indivíduos enxaquecosos normalmente relatam dificuldade para realizar atividades

da vida diária e apresentam piora em ambientes com nível alto de ruído, presença

de luz - características típicas do centro cirúrgico - e atividade física. A enxaqueca

acarreta sofrimento individual, prejuízo econômico para o trabalhador (despesas

com consultas médicas e medicamentos) e para a instituição hospitalar (pela

redução da produtividade e sobrecarga de trabalho dos demais membros as

equipe).

As mulheres adultas jovens são as principais vítimas da enxaqueca. Sua

ocorrência pode estar relacionada à variação do nível hormonal. Muitas se queixam

de enxaqueca antes, durante ou logo após o período menstrual, fase em que há

alteração nos níveis do estrógeno (PAHIM; MENEZES; LIMA, 2006). A maior parte

da amostra do presente estudo é constituída por mulheres, confirmando as

informações ressaltadas pela autora.

A Tabela 11 apresenta dados relevantes para a saúde do trabalhador, como a

necessidade de o profissional estar sempre alerta, que pode causar fadiga mental e

repercutir no desempenho de outras atividades, tanto no trabalho como no contexto

familiar.

O estado de alerta é variável ao longo do dia. À noite, por exemplo, é comum

o indivíduo apresentar um declínio tanto no estado de alerta quanto na interpretação

de fatos. Sendo assim, os trabalhadores inseridos no sistema de trabalho em turnos,

91

sobretudo aqueles que trabalham no turno da noite, são mais vulneráveis a

desenvolver problemas no desempenho de suas atividades.

Dentre os trabalhadores entrevistados, a maioria classificou ter um estado de

alerta sempre ou frequentemente adequado: 46% e 24%, respectivamente (Tabela

11).

Quanto ao estado mental, outras agressões à saúde observadas no trabalho

em turnos envolvem variação de humor, nervosismos, dificuldade de realizar um

trabalho habitual, perturbação na memória, entre outras (MENDES, 2005). Sendo

assim, a jornada de trabalho pode interferir na saúde dos profissionais de

enfermagem, que têm como característica estar trabalhando durante as 24 horas do

dia.

A Tabela 11 ilustra que os entrevistados apresentaram frequências relevantes

de prejuízo ao estado mental. A atividade desenvolvida por estes profissionais

requer dos mesmos uma boa concentração, estado de alerta adequado, facilidade

de relatar eventos, entre outras características.

Outra variável da tabela que retrata a função neurológica é a ocorrência de

Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença caracterizada por uma disfunção

neurológica com duração em torno de 24 horas, proveniente da ruptura do

suprimento sanguíneo para o cérebro. Os fatores de risco para esta patologia

envolvem hipertensão, obesidade, diabetes mellitus e colesterol elevado, entre

outros (NETTINA, 2003).

Na Tabela 11, a ocorrência de AVC apresentou baixa frequência: 2%

afirmaram ter apresentado o problema. Entretanto, a alta frequência de indivíduos

obesos na presente pesquisa indica uma vulnerabilidade para desenvolver esta

patologia neurológica.

92

O AVC instalado pode favorecer a ocorrência de epilepsia – distúrbio

caracterizado por convulsões que podem causar prejuízos funcionais. Assim como o

AVC, a epilepsia apresentou uma baixa ocorrência: apenas 2% dos entrevistados

informaram ter apresentado esse quadro (Tabela 11). Sendo assim, é importante

traçar medidas preventivas a fim de minimizar a ocorrência de casos que deixem o

trabalhador vulnerável a essa patologia.

4.3.7 Função Psíquica

Dando prosseguimento a avaliação das funções psicofisiológicas, apresenta-

se a Tabela 12, com variáveis que mostram como é percebida a função psicológica

pelos trabalhadores de enfermagem inseridos no centro cirúrgico.

Tabela 12 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com a função psíquica (n=50)

Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % F % f % f %

Sentir-se irritado 10 20 35 70 3 6 2 4 Crises de choro 32 64 15 30 2 4 1 2 Amnésia 37 74 12 24 1 2 0 0 Sentir-se deprimido 22 44 27 54 1 2 0 0 Intolerante 21 42 26 52 1 2 2 4 Ansiedade 8 16 32 64 4 8 6 12 Angustia 16 32 32 64 0 0 2 4 Irritar-se facilmente 25 50 22 44 2 4 1 2 Mau humor 28 56 20 40 2 4 0 0 Insônia 27 54 18 36 3 6 2 4 Acordar várias vezes durante o período que está dormindo

20

40

19

38

6

12

5

10

Dificuldade de voltar a dormir depois que acorda

28

56

17

34

3

6

2

4

Sentir-se sonolento ao longo do dia 8 16 35 70 5 10 2 4 Sono satisfatório para necessidades 7 14 30 60 3 6 10 20

A Tabela 12 apresenta a avaliação da função psíquica pelo trabalhador. Nesta

função, foi possível constatar que, de uma forma geral, as crises de choro, a

amnésia e o mau humor não figuram entre os problemas psíquicos.

93

Os demais problemas referidos foram: irritação, depressão, angústia,

insônia, acordar várias vezes no período em que está dormindo, dificuldade de voltar

a dormir, sonolência e sono insatisfatório, todos fatores relevantes que podem gerar

problemas para a saúde do trabalhador e para a instituição, uma vez que podem

afetar a eficiência do trabalho realizado.

O ritmo de trabalho num centro cirúrgico é frenético. Muitas vezes, o

trabalhador está correndo contra o tempo a fim de que o material esteja na sala para

que o procedimento cirúrgico seja realizado. Às vezes, o material pode estar em falta

no setor ou estar apresentando funcionamento inadequado, e mesmo assim é

preciso usá-lo. São algumas das queixas que o trabalhador ouve e tem que

continuar trabalhando, muitas vezes improvisando uma forma de solucionar o

problema para atender a demanda.

A necessidade de realizar uma dupla jornada de trabalho reduz o tempo de

descanso e faz com que o trabalhador acumule o cansaço do outro emprego, dessa

forma, sacrificando o próprio sono com horas mal dormidas quanto à qualidade e

quantidade, assim comprometendo o seu desempenho profissional.

O trabalho em turnos é um fator relevante que pode ser o grande responsável

pelas alterações no sono, sobretudo entre os trabalhadores que atuam no horário

noturno, uma vez que eles alteram o ciclo biológico, trabalhando num período em

que o organismo deveria estar em descanso.

De acordo com Mendes (2005), o trabalho em turnos desencadeia uma série

de alterações no sono, dentre elas: redução na duração do sono principal, aumento

na sonolência, aumento dos cochilos durante a jornada de trabalho, dificuldade de

realizar sono diurno por conta de fatores ambientais (ruído, desconforto térmico,

entre outros), confirmando, portanto, os dados apresentados na Tabela 12.

94

A ansiedade foi um problema que apresentou frequência relevante entre os

trabalhadores entrevistados, já que 64% afirmaram sua ocorrência de forma

esporádica (Tabela 12). Pode estar relacionada com a organização do trabalho, ou

seja, ao trabalho em turnos, por exemplo. De acordo com Mendes (2005), o trabalho

em turnos pode levar o trabalhador a desenvolver fadiga crônica, nervosismos, mau

humor, ansiedade, depressão, entre outras perturbações psicológicas.

As neuroses traumáticas, ou seja, as angústias que se originam a partir da

vivência intensa de uma ameaça localizada, constituem uma agressão ao psiquismo,

podendo fazer com que o trabalhador desenvolva alterações psicossociais, como

irritabilidade, distúrbios do sono e pesadelos, entre outras intercorrências (MENDES,

2005).

Na Tabela 12, observa-se um número relevante de sujeitos que afirmou

apresentar esporadicamente problemas como irritabilidade, depressão, intolerância,

ansiedade e angústia, que podem estar relacionados com a neurose pós-traumática.

Outro problema, destacado na Tabela 12, que teve uma frequência relevante

de respostas foi a esporádica depressão (54%) dos entrevistados. Os quadros

depressivos relacionados ao trabalho geralmente revelam-se de forma sutil. A

pessoa que se encontre num quadro depressivo normalmente se retrai, fala menos

que o habitual, não tem disposição para realizar atividades de entretenimento. A

etiologia pode estar relacionada com a sobrecarga de trabalho, prolongamento da

jornada de trabalho, pouco tempo dedicado ao sono e mudanças organizacionais,

entre outras razões (MENDES, 2005).

Os fatores apontados neste estudo vão ao encontro de resultados

encontrados por outros estudiosos do tema, como, por exemplo, Oler et al. (2005),

95

Peniche (2005), Schartz e Baldin (2005), entre outros quando também investigaram

questões relacionadas com a saúde do trabalhador de enfermagem.

96

CAPÍTULO V

CONCLUSÃO

Diante das evidências resgatadas através da investigação sobre a

organização e condições de trabalho e seu impacto nas funções psicofisiológicas

dos trabalhadores de enfermagem inseridos no centro cirúrgico, foi possível chegar

a algumas conclusões.

Os trabalhadores deste estudo são mulheres, confirmando a tendência do

sexo feminino na profissão. Ainda quanto à questão sociodemográfica, a maioria

encontra-se em idade economicamente ativa, possibilitando a ocorrência do outros

vínculos empregatícios, levando a um tempo maior de exposição aos riscos oriundos

do trabalho.

Ainda sobre a organização de trabalho, foi possível observar que a baixa

remuneração, a responsabilidade excessiva, a grande duração da jornada de

trabalho e a falta de treinamento foram pontos críticos, podendo ser responsável

pelas agressões à saúde do trabalhador sobretudo quanto à função psíquica.

Quanto à função psíquica, as principais alterações observadas, a partir das

respostas da amostra da presente investigação, foram quanto ao padrão de sono,

ansiedade e irritação.

Outro ponto levantado no presente estudo foram as condições de trabalho do

centro cirúrgico. O referido setor possui problemas relevantes, principalmente quanto

a iluminação, a temperatura e quanto aos riscos de acidentes. Os problemas

apresentados, pelos sujeitos do estudo, levam a inferir que os trabalhadores estão

propensos a desenvolver afecções à saúde por conta da adaptação a este ambiente.

Nesta investigação, a parte fisiológica contemplou as funções cardiovascular,

97

respiratória, gastrintestinal, endócrina, renal e neurológica. Em todas foi possível

observar inadequações quanto ao funcionamento em diferentes frequências, sendo

que as três primeiras foram objeto do maior número de queixas.

Na função cardiovascular, as informações dos respondentes apontaram

vulnerabilidade a edema em membros inferiores, hipertensão arterial e fadiga, o que

é procedente considerando que os trabalhadores de enfermagem passam a maior

parte da jornada de trabalho em posição ortostática.

Na função respiratória, os problemas que figuraram com maior frequência

foram tosse, asma e alergia respiratória. No setor estudado, os trabalhadores

convivem muito próximo a gazes anestésicos, entre outras medicações que podem

desencadear afecções respiratórias.

Quanto à função gastrintestinal, os pontos críticos envolveram a inadequação

da refeição e a frequência de constipação intestinal entre os trabalhadores. O ritmo

de trabalho do setor estudado colabora para que a refeição não seja realizada em

horário regular e, com isso, os trabalhadores ficam propensos a desenvolver

intercorrências gastrintestinais, dentre elas a constipação.

Sendo assim, pode-se concluir que a organização e as condições de trabalho

de enfermagem do centro cirúrgico interferem de fato nas funções psicofisiológicas.

É de grande valia que o desenvolvimento do trabalho e as condições do ambiente

sejam continuamente avaliados, de modo a oferecer aos trabalhadores inseridos no

setor a possibilidade de alcançarem melhor qualidade de vida.

A partir dos resultados obtidos neste estudo, apresentam-se as sugestões a

seguir:

À direção do hospital: levantar os riscos inerentes ao trabalho no centro

cirúrgico, a fim de desenvolver alternativas que visem à manutenção da saúde do

98

trabalhador, reduzindo os riscos e, por conseguinte, as doenças relacionadas ao

trabalho;

Aos chefia de enfermagem: contribuir com informações que ajudem na

organização do trabalho, minimizando, dessa forma, os riscos para a saúde dos

trabalhadores e ressaltar sobre a importância do treinamento de pessoal;

Aos trabalhadores de enfermagem: refletir a partir da exposição deste

trabalho sobre a responsabilidade sobre a própria saúde, desenvolvendo ações que

contribuam para a manutenção das funções psicofisiológicas, realizar educação

continuada sobre alimentação e fazer atividades de relaxamento sempre que

possível, durante a jornada de trabalho;

Aos sindicatos: contribuir com informações levantadas a partir dessa pesquisa

para balizar discussões referentes a propostas de legislações relacionadas com a

saúde do trabalhador.

99

REFERÊNCIAS

AFONSO, May Socorro Martinez et al. Condicionamento de ar em salas de operação e controle de infecção: uma revisão. Rev. Eletr. Enf., Goiânia, v.8, n.1, p. 134-143, 2006.

AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 2.ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1999.

ALMEIDA, Cristiana Brasil de; PAGLIUCA, Lorita Marlena Freitag; LEITE, Ana Lourdes Almeida e Silva. Acidentes de trabalho envolvendo os olhos: avaliação de riscos ocupacionais com trabalhadores de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 5, p. 708-716, set./out. 2005 .

ALMEIDA, Fernanda V. et al. Contaminação atmosférica num centro cirúrgico por compostos orgânicos voláteis e dióxido de carbono. Rev Bras Anestesiol, v. 49, n. 3, p. 190-195, maio/jun. 1999.

BAGGIO, Maria Cristina Ferreira; MARZIALE, Maria Helena Palucci. A participação da enfermeira do trabalho no programa de conservação auditiva. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 5, p. 97-99, set./out. 2001.

BALSAMO, Ana Cristina; FELLI, Vanda Elisa Andres. Estudo sobre os acidentes de trabalho com exposição aos líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário. Rev. Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v.14, n.3, p. 346-353, maio/jun. 2006.

BATISTA, Anne Aires Vieira et al. Fatores de motivação e insatisfação no trabalho do enfermeiro. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v.39, n.1, p. 85-91, mar. 2005.

BELCZAK, Cleusa Ema Quilici et al. Influência do turno laboral na formação de edema dos membros inferiores em indivíduos normais. J. Vasc. Bras., v.7, n.3, p. 225-230, set. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 196. Brasília: Ministério da Saúde, 1996.

______. Ministério da Saúde. Doenças Relacionadas ao Trabalho. Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos, n. 114. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

______. Ministério da Justiça. Projeto de Lei nº 4.326, sobre o Dia Nacional de Luta contra o Assédio Moral. Brasília: Ministério da Justiça, 2004.

100

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 32. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2005.

CARVALHO, Dacléa Vilma et al. Enfermagem em Setor Fechado - Estresse Ocupacional. REME, v. 8, n. 2, p. 290-294, abr./jun. 2004.

CARVALHO, Geraldo Mota de. Enfermagem do Trabalho. São Paulo: EPU, 2001.

CARVALHO, Marissol Bastos de; FELLI, Vanda Elisa Andres. O trabalho de enfermagem psiquiátrica e os problemas de saúde dos trabalhadores. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 61-69, jan./fev. 2006.

COSTA, Ester de S.; MORITA, Ione; MARTINEZ, Miguel A. R. Percepção dos efeitos do trabalho em turnos sobre a saúde e a vida social em funcionários da enfermagem em um hospital universitário do Estado de São Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 553-555, abr./jun. 2000.

DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: um estudo da psicopatologia do trabalho. 5. ed. Ampliada.Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. São Paulo: Cortez - Oboré, 1992.

DEL CURA, Maria Leonor Araújo; RODRIGUES, Antonia Regina Furegato. Satisfação profissional do enfermeiro. Rev. Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 4, p. 21-28, p. 21-28, out. 1999.

ELIAS, Marisa Aparecida; NAVARRO, Vera Lúcia. A relação entre o trabalho, a saúde e as condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de um hospital escola. Rev. Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v.14, n.4, p. 517-525, jul./ago. 2006.

FERREIRA, Luiza Maria Bastos. Ruídos no centro cirúrgico: ecos do ambiente na saúde do trabalhador de enfermagem. 2003. 150 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.

FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; LEITE Joséte Luzia; MACHADO, Wiliam César Alves. Centro cirúrgico: atuação, intervenção e cuidados de enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2006.

FISCHER, Frida Marina; PARAGUAY, Ana Isabel Bruzzi Bezerra. Condições de trabalho, organização de trabalho e suas repercussões sobre a saúde dos trabalhadores na indústria petroquímica: relatório técnico de pesquisa. São Paulo: [S.I.: s.n.], 1991.

HALPERN, Alfredo; MANCINI, Marcio C. Manual de obesidade para o clínico. São Paulo: Rocca, 2002.

101

KREISCHER, Elaine Diana. A percepção dos enfermeiros sobre a organização do trabalho no centro cirúrgico de um hospital universitário. Rio de Janeiro: [s.n.], 2007.

LEITE, Patricia Campos; SILVA, Arlete; MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa. A mulher trabalhadora de enfermagem e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 287-291, jun. 2007.

MAGNAGO, Tânia Solange Bosi de Souza et al. Distúrbios músculo-esqueléticos em trabalhadores de enfermagem: associação com condições de trabalho. Rev. Bras. Enferm., v. 60, n.6, p.701-705, nov./dez. 2007.

MARTINO, Milva Maria Figueiredo de; MISKO, Maira Deguer. Estados emocionais de enfermeiros no desempenho profissional em unidades críticas. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 38, n. 2, p.161-167, jun. 2004.

MARTINS, Elizabeth Rose Costa; ZEITOUNE, Regina Célia Gollner. As condições de trabalho como fator desencadeador do uso de substâncias psicoativas pelos trabalhadores de enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enferm, Rio de Janeiro, v.11, n.4, p. 639-644, dez. 2007.

MARZIALE, Maria Helena Palucci; CARVALHO, Emília Campos de. Condições ergonômicas do trabalho da equipe de enfermagem em unidade de internação de cardiologia. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 1, p. 99-117, jan. 1998.

MAURO, Maria Yvone Chaves et al . Riscos ocupacionais em saúde. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 338-345, set. 2004 .

MAURO, Maria Yvone Chaves; VEIGA, Andréia Rodrigues. Problemas de saúde e riscos ocupacionais: percepções dos trabalhadores de enfermagem de unidade materna infantil. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v.16, n.1, p. 64-69, jan./mar. 2008.

MEIRELLES, Naluzia de Fátima. Estresse ocupacional e o centro cirúrgico oncológico no contexto da enfermagem. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002

MENDES, René. Patologia do Trabalho. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

MOBIN, Mitra; SALMITO, Maria do Amparo. Microbiota fúngica dos condicionadores de ar nas unidades de terapia intensiva de Teresina, PI. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 39, n. 6, p. 556-559, nov./dez. 2006

MUROFUSE, Neide Tiemi; MARZIALE, Maria Helena Palucci. Doenças do sistema osteomuscular em trabalhadores de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 3, p. 364-373, maio/jun. 2005.

102

NAVARRO-RODRIGUEZ, Tomás; SÁ, Cláudia Cristina de; MORAES-FILHO, Joaquim Prado P. Constipação intestinal funcional. Rev Bras Med, v. 65, n. 9, p. 266-272, set. 2008.

NETINA, Sandra Maria. Prática de Enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

OLER, Fabiana G. et al. Qualidade de vida da equipe de enfermagem do centro cirúrgico. Arq Ciênc Saúde, v. 12, n. 2, p. 102-110, abr./jun. 2005.

OLIVEIRA, Carlos Rogério Degrandi. Exposição ocupacional a resíduos de gases anestésicos. Rev. Bras. Anestesiol., Campinas, v. 59, n. 1, p. 110-124, jan./fev. 2009.

OPAS. Declaração Alma Ata. Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. Alma-Ata, URSS, 6-12 de setembro de 1978. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Alma-Ata.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2007

______. Carta de Ottawa. Primeira Conferência Internacional sobre Promoção a Saúde. Ottawa, novembro de 1986. Disponível em: <http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Ottawa.pdf >. Acesso em: 05 nov. 2007.

ORSI, Juliana Vianna de Andrade et al. Impacto da obesidade na capacidade funcional de mulheres. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 54, n. 2, p. 106-109, mar./abr. 2008.

OSORIO, Claudia. Trabalho no hospital: ritmos frenéticos, rotinas entediantes. Cad. psicol. soc. trab., v.9, n.1, p.15-32, jun. 2006.

PAHIM, Luciane Scherer; MENEZES, Ana M. B.; LIMA, Rosângela. Prevalência e fatores associados à enxaqueca na população adulta de Pelotas, RS. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.40, n.4, p. 692-698, ago. 2006.

PENICHE, Aparecida de Cássia Geane. A influência da ansiedade na atividade profissional do circulante de sala de operações. Acta Paul. Enferm., São Paulo, v.18, n.3, p.247-252, set. 2005.

ROCHA, Adelaide de Mattia; BONZATTI, Jeane Aparecida Gonzalez. Os padrões funcionais de saúde de enfermeiros de centro cirúrgico de um hospital paulista. SOBECC, São Paulo, ano 5, n. 1, jan./mar. 2000.

RODRIGUES, Valdo Ferreira. Principais impactos no trabalho em turnos. Rev Un Alfenas, Alfenas, v. 4, p. 199-207, 1998.

103

ROHDEN, Fabíola. O império dos hormônios e a construção da diferença entre os sexos. Hist. Cienc. Saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, suppl., p. 133-152, 2008.

SANTA ROSA, Patricia Lima Ferreira et al. Percepção da duração do sono e da fadiga entre trabalhadores de enfermagem. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v.15, n.1, p. 100-106, jan./mar. 2007.

SANTOS, Alice Medeiros Lutz; LACERDA, Rúbia Aparecida; GRAZIANO, Kazuko Uchikawa. Evidência de eficácia de cobertura de sapatos e sapatos privativos no controle e prevenção de infecção do sítio cirúrgico: revisão sistemática de literatura. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 1, p. 86-92, jan./fev. 2005.

SCHIMIDT, Denise Rodrigues da Costa; DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti. Qualidade de vida no trabalho de profissionais de enfermagem, atuantes em unidades do bloco cirúrgico, sob a ótica da satisfação. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 54-60, jan./fev. 2006.

SCHWARZ, Rosangela Zimmerman; BALDIN, Nelma. Saúde do trabalhador de enfermagem diante do trabalho em centro cirúrgico. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 10, n 4, p. 26-30, out./dez. 2005.

SILVA FILHO, João Ferreira da; JARDIN, Silvia Rodrigues. A Danação do trabalho: relações do trabalho e o sofrimento. Rio de Janeiro: Te Corá, 1997.

SILVA, Ana Elisa Bauer de Camargo et al. Problemas na comunicação: uma possível causa de erros de medicação. Acta Paul. Enferm., São Paulo, v. 20, n. 3, p. 272-276, jul./set. 2007.

SILVA, Bernadete Monteiro da et al. Jornada de trabalho: fator que interfere na qualidade da assistência de enfermagem. Texto Contexto-Enferm., Florianópolis, v. 15, n. 3, p. 442-448, jul./set. 2006.

SMELTZER, Suzane C.; BARE, Brenda G. Tratado de enfermagem médico- cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998.

SOUSA, Ruth Maria Rocha de Pádua et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre funcionários plantonistas de unidades de saúde de Teresina, Piauí. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n. 5, p. 473-482, set./out. 2007.

SOUZA, Norma Valéria Dantas de Oliveira; LISBOA, Márcia Tereza Luz. Compreendendo as estratégias coletivas de defesa das trabalhadoras de enfermagem na prática hospitalar. Esc. Anna Nery Rev. Enferm, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p. 425-435, dez. 2002.

104

STUMM, Eniva Miladi Fernandes; MACALAI, Rubia Teresinha; KIRCHNER, Rosane Maria. Dificuldades enfrentadas por enfermeiros em um centro cirúrgico. Texto Contexto-Enferm., Florianópolis, v. 15, n. 3, p. 464-471, jul./set. 2006.

TEIXEIRA, Dimas Barbosa et al. Síndrome dos edifícios doentes em recintos com ventilação e climatização artificiais: revisão de literatura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE, 8, 2005,.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VARGAS, Andréa Maria Duarte; PAIXAO, Helena Heloísa. Perda dentária e seu significado na qualidade de vida de adultos usuários de serviço público de saúde bucal do Centro de Saúde Boa Vista, em Belo Horizonte. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 1015-1024, out./dez. 2005.

VERAS, André B.; NARDI, Antonio E. Hormônios sexuais femininos e transtornos do humor. J Bras Psiquiatr, Rio de Janeiro, v. 54, n.1, p. 57-68, jan./mar. 2005.

WISNER, Alain. Por dentro do trabalho. Ergonomia: Método & Técnica. Tradução de Flora Maria Gomide Vezzá. São Paulo: FTS, 1987.

105

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada Funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico, que tem como objetivos:

• Identificar na percepção dos profissionais de enfermagem as condições e a organização do trabalho no centro cirúrgico com vistas às funções psicofisiológicas;

• Descrever na percepção dos trabalhadores as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem,de um centro cirúrgico;

• Discutir as estratégias utilizadas pelos trabalhadores de centro cirúrgico, para lidar com as condições e organização do trabalho, considerando suas funções psicofisiológicas;

• Analisar as funções psicofisiológicas do trabalhador no centro cirúrgico e as estratégias utilizadas pela equipe de enfermagem na perspectiva das implicações para a saúde do trabalhador.

A sua participação não envolve nenhum custo para sua pessoa e para sua atividade profissional. Você não receberá remuneração para participar da pesquisa. As despesas oriundas da pesquisa serão de responsabilidade da mestranda. Sua identidade será mantida no anonimato. Você tem total liberdade de recusar a participar. Caso aceite participar, você poderá, a qualquer momento, obter informações a respeito do andamento da pesquisa bem como retirar seu consentimento mesmo que tenha antes se manifestado favorável entrando em contato com as pesquisadoras ou com o Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF tel: (21) 2562 2480. Os resultados do estudo serão apresentados em eventos e artigos científicos, trazendo como benefícios a melhoria na formação do enfermeiro nas questões sobre a saúde do trabalhador que entende-se ser importante fator para a qualidade da assistência de enfermagem além de propor estratégias de condições e organização de trabalho que venham a coadunar com a qualidade de vida no trabalho. Serão garantidos os aspectos éticos, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Regional de Saúde (CNS).

Pesquisadoras:

_________________________ _________________________ Rosa Maria Nascimento Souza Regina Célia Gollner Zeitoune

Rua Afonso Cavalvante, 275 [email protected] Cidade Nova/ RJ - orientadora

Tel: (21) 22938899 r: 215

Rio de Janeiro, ______de ________________ de 2009

Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e de que estou

de acordo em participar do estudo proposto.

______________________________________________ SUJEITO DA PESQUISA

106

APÊNDICE B – FORMULÁRIO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DO CURSO DE GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA DE ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR

Nº da pesquisa: ___________

Caracterização da Clientela

A) Características Pessoais

1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Idade: ________ anos completos 3. Estado Conjugal Atual: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outro 4. Escolaridade ( ) fundamental ( ) ensino médio ( ) graduado ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado B) Características Profissionais 1. Formação ( ) Enfermeiro ( ) Técnico de enfermagem ( ) Auxiliar de enfermagem 2. Qual é a sua ocupação: __________________________________

3. Vinculo com o hospital: ( ) RJU ( ) terceirizado 4. Escala de trabalho: ( ) 12/36 hora ( ) 12/60 horas ( ) outro. Qual? ______ 5. Horário do turno de trabalho de trabalho? ( ) diurno ( ) noturno ( ) outro qual?________________________

107

6. Tempo de formação (em anos)___________________________ 7. Tempo de atuação no Centro Cirúrgico (em anos) ______________ 8. Tem outro emprego? ( ) sim ( ) não Em caso afirmativo, qual setor de atuação? ______________________________

I. Característica das Condições de trabalho no ponto de vista do trabalhador

sempre frequentemente às vezes nunca

O centro cirúrgico tem Iluminação adequada?

O centro cirúrgico é frio?

O centro cirúrgico é quente?

O centro cirúrgico é ventilado?

O espaço é adequado para as suas características antropométricas?

Possui risco de acidentes (por quedas batidas ou explosões)?

Apresenta poluição ambiental?

Apresenta poeira?

108

II. Característica da Organização de trabalho no ponto de vista do trabalhador

sempre frequentemente às vezes nunca

Você está satisfeito com o trabalho realizado?

Você considera sua remuneração adequada?

Você considera seu trabalho Monótono?

Possui responsabilidade excessiva?

Você já sofreu pressão de chefia por produtividade?

Ritmo de trabalho do seu é intenso?

Você realiza pausas durante o trabalho?

O esforço físico no trabalho realizado é intenso?

A jornada de trabalho é longa? Divisão de tarefas adequada? Conteúdo da tarefa adequado? Sistema hierárquico adequado? Modalidade de comando adequada?

Você tem tempo suficiente para realização das tarefas?

Recebe treinamento para realização de tarefas?

Comunicação entre as atividades, ações e operações são adequadas?

Ritmo de trabalho é adequado ? Sistema de comunicação interna é eficiente?

Você possui bom relacionamento com os colegas de trabalho?

Realiza horas extras?

O que você costuma fazer nos seus horários de folga? ( ) ver televisão ( ) acessar internet ( ) praticar esporte ( ) dedicar a alguma atividade religiosa ( ) ler jornal ( ) outra atividade. Qual? ___________________________________

109

III. Funções Psicofisiológicas

Responda as questões, a seguir, sobre funções psicofisiológicas, considerando a seguinte legenda: N (nunca), A (às vezes), F (frequentemente), S (Sempre). Função Cardiovascular: N A F SSente dor torácica? Sente alteração na temperatura? Sente palpitações? Sente-se fadigado? Observa alteração na frequência cardíaca? Tem pressão alta? Observa edema em membros inferiores? Apresenta cianose? Apresenta icterícia? Função Respiratória: N A F SSente falta de ar? Apresenta tosse seca? Apresenta tosse produtiva? Percebe alteração na frequência respiratória? Apresenta secreção sanguinolenta quando tosse? Bronquite? Asma? Alergia Respiratória?

FunçãoGastrintestinal: Peso?________kg Altura?______m N A F SRealiza refeições em horários regulares? Faz refeições balanceadas? Sente dores abdominais? Sente indigestão? Náuseas? Vômitos? Diarréia? Constipação? Disfagia? Tem lesões orais? ( ) Sim ( ) Não Falta de dentes? ( ) Sim ( ) Não Sangramentos na boca? ( ) Sim ( ) Não Apresenta esteatorréia? ( ) Sim ( ) Não

110

Função Renal N A F SApresenta sangue na urina? Apresenta grande volume de urina, desproporcional a ingesta hídrica? Apresenta pequeno volume de urina ao longo do dia? Já apresentou ausência de urina? Apresenta dor ou dificuldade na micção? Apresenta micção excessiva à noite? Apresenta micção lenta e dolorosa? Apresenta eliminação involuntária de urina?

Função Neurológica N A F SApresenta-se alerta ao longo do dia? Tem boa memória? Tem alucinações? Tem facilidade de relatar eventos? Assusta-se facilmente com ruídos inesperados? Acidente vascular cerebral Neuralgia Enxaqueca epilepsia

Função Psíquica N A F SSente-se irritado? Apresenta crises de choro? Amnésia? Sente-se deprimido? Intolerante? Sente-se ansioso? Sente angustiado? Irrita-se facilmente? Apresenta mau humor? Tem insônia? Acorda varias vezes durante o período q está dormindo? Tem dificuldade de voltar a dormir depois que acordou? Sente-se sonolento ao longo do dia? O período que passa dormindo é satisfatório para suas necessidades? Função Endócrina É diabético? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Tem hipertireoidismo? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Tem hipotireoidismo? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Alteração nos hormônios sexuais? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe

111

APÊNDICE C - CARTA DE APRESENTAÇÃO

Eu, Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune, professora do Departamento de

Enfermagem de Saúde Pública da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade

Federal do Rio de Janeiro venho, por meio desta, apresentar Rosa Maria Nascimento Souza, aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery

(EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a fim de solicitar autorização

para a coleta de dados necessária à sua dissertação intitulada “Funções psicofisiológicas

dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico”, de autoria da referida aluna inscrita

no Curso supra citado, sob minha orientação.

O referido estudo tem como objetivos:

• Identificar na percepção dos profissionais de enfermagem as condições e a

organização do trabalho no centro cirúrgico com vistas às funções psicofisiológicas; • Descrever na percepção dos trabalhadores as funções psicofisiológicas dos

trabalhadores de enfermagem,de um centro cirúrgico;

• Discutir as estratégias utilizadas pelos trabalhadores de centro cirúrgico, para lidar

com as condições e organização do trabalho, considerando suas funções

psicofisiológicas; • Analisar as funções psicofisiológicas do trabalhador no centro cirúrgico e as

estratégias utilizadas pela equipe de enfermagem na perspectiva das implicações

para a saúde do trabalhador. A coleta de dados será realizada pela própria mestranda de acordo com a

disponibilidade dos trabalhadores, após o período de trabalho e o aceite dos mesmos em

participar do estudo. Serão garantidos o anonimato dos sujeitos e todos os outros direitos

relativos a pesquisa com seres humanos descritos nas Normas de Pesquisa em Saúde do

Conselho Nacional de Saúde 196/96.

Será garantido também o anonimato do hospital se assim ficar acordado, a partir da

autorização da realização da pesquisa junto aos trabalhadores, que serão sujeitos da

pesquisa.

A presente solicitação justifica-se pela necessidade de tê-la para que o projeto seja

encaminhado ao Comitê de Ética da EEAN/UFRJ para análise e aprovação do mesmo no

que se refere aos aspectos éticos da pesquisa.

112

Cabe esclarecer que os resultados serão utilizados na defesa da dissertação, na

apresentação em eventos científicos e periódicos científicos e que o estudo pretende trazer

contribuições para a saúde do trabalhador de enfermagem bem como para os profissionais

que atuam nos serviços de saúde do trabalhador.

Comprometemos de que após aprovação pelo referido Comitê de Ética,

encaminharemos ao Hospital o Parecer de aprovação do mesmo e na conclusão um

exemplar da dissertação.

Sem mais para o momento, contando com vossa aquiescência coloco-me a disposição

para maiores esclarecimentos, se necessário.

Cordialmente

Rio de Janeiro, novembro de 2008.

Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune

Contatos: Regina Célia Gollner Zeitoune Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ Rua Afonso Cavalcanti 275 – Cidade Nova Rio de Janeiro Telefones: (21) 2293.8999/8148/0528 ramal 215 ou 315 ( Gabinete da Direção) E-mail: [email protected]

113

ANEXO - Aprovação do Comitê de Ética