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    Filosofia do Yoga: Textos Clássicos

    O Yoga de Patañjali

    Roberto de A. Martins

    Curitiba, PR 

    2012

    Parte 1

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    Quando se fala sobre Yoga, atualmente, a imagemque nos vem à mente é a de uma academia como esta

    Yoga

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     No entanto, a origem do Yoga é muito diferente...

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    O Yoga foi

    desenvolvido naÍndia há mais dedois mil anos,como um métodode transformação

    espiritual que éutilizado até hoje.

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     Na Índia há mais de dez milhões de Sadhus, pessoas

    que abandonam a vida social e que se dedicam apenasà busca do seu desenvolvimento espiritual.

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    Yoga na Índia:muitas abordagens

    diferentes

    Bhakti Yoga – 

    devoção à divindadeKarma Yoga – yoga

    da ação

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    Yoga na Índia:Jñana Yoga – 

    caminho filosófico(estudos)

    Método associadoao Vedanta e aoSankhya

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    Yoga na

    Índia:Hatha Yoga – 

     práticasexternas einternas queexigem grandeesforço físico

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    Yoga na Índia:Tantra Yoga – 

    utilização de rituais,mantras, imagens emuitas outrastécnicas para entrarem contato com a

    divindade

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    Yoga na Índia:

    Raja Yoga – método tradicional, muitas práticas internas,ênfase em meditação e samadhi

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    Raja-Yoga: uma das abordagens mais tradicionais doyoga, método descrito nos Aforismos do Yoga (Yoga-

    Sutra) escritos por Patañjali (talvez do século III a. C.)

    O yoga tradicional de Patañjali

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    R a ja-Yoga = “Yoga Real” ou “Yoga Régio”

    Marajá = Maha-Raja (grande rei)Patañjali não deu este nome ao seu método.

    O nome Raja-Yoga aparece em textos posteriores(obras sobre Hatha-Yoga e Upanishads do Yoga)

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    Yoga: técnicas internas

    A ênfase principal do Yogatradicional de Patañjali é o uso

    de técnicas mentais deconcentração (dharana) emeditação (dhyana), procurando-se chegar ao samadhi.

    Ramakrishna

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    Yoga: técnicas internas

    Os aspectos físicos, como posturas (asana) e

    respiração (pranayama) possuem importânciasecundária, no Yoga de

    Patañjali.

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    Yoga: técnicas internasTrata-se de um método criado

     para desenvolver as capacidadeshumanas internas que vão alémdo poder mental, produzindo

    estados alterados de consciênciae abrindo novas portas deconhecimento, para que a pessoa

     possa adquirir vivênciasimportantes e caminhar emdireção à sua libertação

    espiritual.

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    Este encontro

    Vamos explicar as bases do

    Yoga tradicional dePatañjali, comparando essaabordagem com outras, e

    fazer práticas introdutóriasde concentração emeditação, permitindo queos participantes vivenciemalguns dos aspectos maisimportantes desse método.

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    Meditação

    |Na tradição

    ocidental, meditaré pensar, refletirsobre algum

    assunto. Osfilósofos, porexemplo,

    “meditam” sobreo assunto queestão estudando.

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    Meditação, na tradição indiana (dhyana), é uma

     prática pela qual se “desliga” o funcionamento normaldo pensamento e se entra em um estado alterado damente muito especial.

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     No yoga existem váriostipos de práticas de

    meditação.Muitas vezes se pensaque “meditar” é apenas

    acalmar a mente e ficarse sentindo bem.

    Mas não é isso.

    Acalmar a mente éapenas uma etapa

     preliminar.

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    Vejamos algumas coisas básicas sobre a preparação

     para práticas de meditação

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    Prática zero

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    Sistema Samkhya-Yoga

    O Yoga descrito por Patañjali é considerado umdos seis sistemas filosóficos clássicos da Índia

    • Purva-Mimamsa

    • Uttara-Mimamsa (Vedanta)• Vaisheshika

    • Nyaya• Samkhya

    • Yoga

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    Os seis sistemas clássicos indianos estãoassociados em pares que se complementam.

    Purva Mimamsa

    Vedanta

    Vaisheshika

    Nyaya

    Sankhya

    Yoga

    {

    {

    {

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    Samkhya A fundamentaçãoteórica do Raja-Yoga éfornecida por um dossistemas filosóficostradicionais indianos,chamado Sankhya.

    Acredita-se que essafilosofia foisistematizada pelo

    sábio Kapila,aproximadamente 500anos antes da eracristã.Kapila

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    Patañjali

     Não se sabe praticamentenada sobre Patañjali, o autordo texto fundamental do

    Raja-Yoga.Provavelmente viveu noséculo III a.C.

    Com o passar do tempo,Patañjali se tornou um

     personagem mitológico.

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    Yoga-SutraO texto fundamental do Raja-Yoga é curto e

    muito obscuro, difícil de entender, estudadogeralmente com ajuda de comentários.

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    Yoga-Sutra

    “Yoga-Sutra”costuma ser traduzido

     por “Aforismos doYoga”SUTRA = fio, cordão

    (aquilo que une ascontas de um japa-mala ou de um colar)

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    Conceito de YogaDe acordo com os dicionários de sânscrito,“Yoga” se origina do verbo yuj que significa“unir, prender, juntar, etc.”.

    A palavra latina “jugum” e a inglesa “yoke” sãoanálogas (e possuem a mesma raiz indo-européia).

    Em português, temos “jugo”, “conjunção”,“junção”, “juntar”, etc. que também provêm damesma raiz.

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    Yoga segundo Patañjali No Yoga-Sutra, a palavra “yoga” e seusderivados aparecem em poucos lugares. Logo noinício do texto, temos:

    YS I.1 Eis aqui a exposição do Yoga.2 Yoga é o controle das atividades da mente.3 Então o Observador se estabelece em sua

    própria natureza.4 Em caso contrário ele adquire a aparênciadas atividades.

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    YogaYS I.2 Yoga é o controle das atividades damente.3 Então o Observador se estabelece em sua

     própria natureza.4 Em caso contrário ele adquire a aparência dasatividades.

    YS II.41 A capacidade do Yoga leva à visão doseu próprio Eu (Atman).

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    Conhecer o Eu (Atman)Em certo sentido, o objetivo do

    Yoga tradicional é o auto-conhecimento, mas não no sentidoocidental dessa expressão.

    Para entender o que o Raja-Yogaentende por auto-conhecimento, é

     preciso estudar um pouco dafilosofia Sankhya, que fornece a base teórica para o método de

    Patañjali.

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    Muitos textos indianos antigosfalam sobre a relação entre Sankhyae Yoga, como por exemplo oBhagavad Gita:

    “Os ignorantes falam sobre Sankhyae Yoga como diferentes, mas osábio não. Aquele que se aplica deforma adequada a um deles, obtémos resultados de ambos. O estadoque é obtido pelos Sankhyas étambém atingido pelos Yogins. Osque vêem corretamente percebem

    que o Sankhya e o Yoga são um.”( Bhagavad Gita 5.4-5).

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    O Sankhya ensina a existênciade duas realidades eternas:

    Purusha e Prakriti.Purusha [que significa

    literalmente “homem”] é o

    centro da consciência

    Prakriti é a natureza, fonte de

    toda existência material ede todo o dinamismo douniverso.

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    O ser humano tem um corpo,constituído por matéria eforças vitais, que pertencem a

    Prakriti; mas tem tambémconsciência (Purusha), queconstitui o núcleo mais interno

    que pode ser alcançado pela percepção espiritual.

    Purusha é o Eu mais interno, e éeterno (como a Natureza), deacordo com o pensamento

    Sankhya.

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    Os dois conceitos mais importantes do Sankhya são

    estes, Prakriti e Purusha.Eles se opõem e se complementam.

    Tudo o que existe no universo contém ambos.

    Eterno

    Masculino

    PassivoConsciente

    Imutável

    Eterna

    Feminina

    Ativa Não consciente

    Mutável

    PURUSHAPRAKRITI

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    Prakriti e Purusha costumam ser comparados a umadançarina e ao expectador imóvel que vê sua dança.A dançarina representa o dinamismo da Natureza; o

    expectador representa a consciência passiva.

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    Porém, para que a comparação fosse perfeita, oexpectador (Purusha) não poderia ter um corpo,deveria ter apenas consciência; e a dançarina(Prakriti) não poderia ter consciência, deveria ser

    apenas um poder cego, inconsciente.

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    Prakriti e Purusha Nem Purusha nem Prakriti são

    deuses (Devas) e sim os dois princípios originais da realidade,anteriores e mais fundamentais

    do que todos os deuses (Devas).Há, no entanto, semelhançasentre Prakriti e a Grande Deusa(Maha Devi = Shakti), e entrePurusha e Shiva, na tradição

    tântrica.

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    Shakti e Shiva

     Na tradição tântrica, a Grande

    Deusa (Maha Devi) é a Senhorade todos os Poderes (Shakti), eseu companheiro, Shiva, não

    tem nenhum poder, a não ser osque a Deusa lhe concede.

    Shiva é essencialmente passivo,

    um observador, e a Shakti éativa, produzindo todo ouniverso (incluindo os Devas).

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    Cada ser humano possui uma

    consciência (Purusha), que éaquela parte, dentro de nós,que presencia e capta cada

    coisa que sentimos, que vemos,que pensamos.

    Temos também um corpo, queé movido pelas forças naturais(gunas), de Prakriti.

    O auto-conhecimento do Raja-Yoga leva ao conhecimento dePurusha, que é o Eu mais

     profundo, o Atman.

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    Purusha e Prakriti

    A Natureza (Prakriti) contémtoda a dinâmica do universo,incluindo tudo o que move

    cada ser humano, os animaise os outros seres.

    Mas essa não é a nossa

    essência, segundo o Sankhyae segundo o Yoga dePatañjali.

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    YogaYS I.2 Yoga é o controle das atividades da

    mente.3 Então o Observador se estabelece em suaprópria natureza.

    4 Em caso contrário ele adquire a aparênciadas atividades.

    YS II.41 A capacidade do Yoga leva à visão doseu próprio Eu (Atman).

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    SamkhyaSK 19 Purusha tem o papel de testemunha. É

    liberto, é indiferente, percebe mas não age.20 Por sua união conjunta, o corpocaracterístico inconsciente aparece como se

    fosse consciente; e pela atividade dos poderes,aquele que está isolado (Purusha) aparececomo se agisse.

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    Podemos procurar perceber, na

     prática, a existência de Purushadentro de nós, distinguindo-o dePrakriti.

    Isso pode ser feito de diferentesformas, em diferentes níveis, até

    levar às vivências mais profundas.De acordo com a tradição deSankhya, quem consegue manter

     permanentemente a distinção entrePurusha e Prakriti atinge a

    libertação espiritual.

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    Primeira prática...

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    Purusha e Prakriti

    Prosseguindo com a doutrina Samkhya:

    SK 10 Aquilo que é observável [manifesto]tem uma causa lógica, é impermanente,limitado, móvel, múltiplo, contingente, é

    dotado de características que brotam e sedissolvem, é composto, obedece a leis externas.O não-observável [não manifesto] é o

    contrário.

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    SK 11 Aquilo que éobservável tem três poderes(Guna), é desprovido de

    discriminação, é objeto, écomum, é inconsciente eprodutivo.

    Aquilo que não é observáveltambém o é.

    O princípio masculino é ocontrário [desses aspectos] eé semelhante [ao não-

    observável].

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    Purusha e Prakriti

    Purusha não possui poderes (Guna), tem

    consciência e discriminação, é o sujeito (e não oobjeto), é um observador, não é ativo. Prakriti eseus produtos são o contrário disso.

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    SK 19 Purusha tem o papel de testemunha. É

    liberto, é indiferente, percebe mas não age.20 Por sua união conjunta, o corpo característicoinconsciente aparece como se fosse consciente; epela atividade dos poderes (Guna), aquele que estáisolado (Purusha) aparece como se agisse.

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    Os poderes (Guna) de Prakriti

    De acordo com o  Samkhya existem três poderesbásicos ( guna) da Natureza, que são conceitos

    que não têm correspondente no pensamentoocidental.

    SATTVA RAJAS TAMAS(luz) (força) (inércia)

    agradável desagradável sem sentimentoilumina age restringe

    leve móvel pesadoluminoso estimulante escuro

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    Os poderes (Guna) de Prakriti

    Em cada coisa do universo e em cada atividade

    humana há predomínio de algum dos três poderesde Prakriti.

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    Os três DevasNa tradição religiosa hinduísta, o universo é regido por trêsdivindades (Devas) masculinas, que estão associados aos

    três Gunas e às suas três Shaktis (poderes):Brahma - criadordo universo

    (Rajas)Vishnu - quemantém e dirige o

    universo (Sattva)Shiva - que destróio universo(Tamas)

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    Os três Devas

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    Os três grandes Devassão apenasmanifestações dos

    Poderes (Gunas) doPoder Cósmico (Shakti).

     No Tantra, esse PoderCósmico é consciente(não é simplesmente umconjunto de forçasdinâmicas), ou seja, éMaha Devi.

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    Perceber Prakriti

    Podemos perceber em

    nós e no universo ànossa volta esse Poder

    que gera todos osmovimentos, todas asações, todas as coisas,

    e que é diferente daConsciência que

    apenas observa.

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    Segunda prática...

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    Para se compreendero que ocorre durante

    uma meditação(dhyana) é necessáriocompreender aconcepção indianasobre a natureza do

    ser humano e sobre oAbsoluto.

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     No pensamento indiano o ser humano é

    constituído por muitos níveis, uns dentro dosoutros (como uma matryoshka) – alguns dosquais não têm equivalente no pensamento

    ocidental.

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    Segundo a tradição

    indiana, as principaiscamadas do ser humano, defora para dentro, são:

    • corpo material• corpo energético ( pranas)

    • órgãos sensoriais e de ação• a mente (manas) ememórias (incluindo o

    karma)• buddhi e a individualidadedivina

    • o Eu (atman) e o Absoluto

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    Nosso estado mental “normal”lida com os quatro primeirosníveis:

    • corpo material

    • corpo energético ( pranas)[parcial]

    • órgãos sensoriais e de ação

    • mente (manas) e memórias(incluindo o karma) [parcial]

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Mesmo no nível mais“físico”, o yoga nos ensina aexistência de forças e

    estruturas com as quais nãoestamos em contato no dia-a-dia:

    • corpo material• corpo energético ( pranas,chakras, nadis)

    • órgãos sensoriais e de ação

    • mente (manas) e memórias

    (incluindo o karma)

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    Em nosso estado de consciênciacomum, não temos acesso aosníveis mais profundos:

    • buddhi e a individualidade divina• o Eu (atman) e o Absoluto

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    As práticas demeditação nospossibilitam entrar emcontato com os nossos

    níveis mais internos,que não conhecemos ouque apenas

    vislumbramos, no nossoestado normal deconsciência.

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    Também nos permitem perceber, fora de nós,uma realidade diferente da que costumamos ver.

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    Conhecer seus níveis mais internos

    não significa apenas “conhecer a simesmo”, pois segundo a tradiçãoindiana o ser humano é, em sua

    essência, idêntico ao Absoluto, e aose conhecer o microcosmo adquire-se também conhecimento sobre omacrocosmo.

    Segundo a tradição indiana, a

    meditação nos dá acesso a umafonte de conhecimento queultrapassa os limites humanos

    comuns.

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Pela meditação podem

    ser abertas as portas parao conhecimento que foiatingido por todos osantigos sábios, pois foiassim (e não apenas

     pensando e lendo) queeles atingiram aquilo quenos transmitiram.

    Para aquele que sabemeditar, todos os livros etextos deixam de ter

    importância.

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    A da meditação a pessoa

     pode atingir estadosalterados de consciênciaque ultrapassam muito os

    limites do ser humanocomum, e que podemensinar muito a respeito

    da própria pessoa e detoda a realidade,transformando sua vida eabrindo as portas de umdesenvolvimento

    espiritual profundo.

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Podemos assimultrapassar nossoslimites usuais,entrando em contatodireto com outros

    níveis dentro e fora denós, preenchendo oanseio de encontrar

    “algo mais” além denossos estadoscomuns e de nossas

    vivências do dia-a-dia.

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    A carruagem

    A Katha-Upanishad faz uma comparaçãointeressante:

    KU I.3.3 Pense no Eu (Atman) como osenhor da carruagem, o corpo como a

    própria carruagem, a inteligência(Buddhi) como o condutor da carruageme a mente (Manas) como as rédeas.

    4 Os sentidos são os cavalos, os objetosdos sentidos são os caminhos. OContemplador está preso (yukta) ao

    corpo, aos sentidos e à mente.

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    Atman = senhor da carruagem =Purusha

    corpo = carruagem

     buddhi = condutor da carruagemmanas = rédeas

    indriya = cavalosobjetos dos sentidos = caminhos

    “O Contemplador está preso(yukta) ao corpo, aos sentidos e

    à mente.”

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    KU I.3.5 Naquele que não temsabedoria (Vijñana), cuja menteestá sem controle, nele os sentidos

    e os órgãos estão descontrolados,como cavalos que não obedecemao condutor.

    6 Naquele, no entanto, que temsabedoria, cuja mente estásempre controlada, seus sentidose seus órgãos estão dominados,como cavalos obedientes ao

    condutor.

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    Controle da mente

    Um aspecto central doRaja-Yoga é o controle da

    mente.Há muitos modos de

    controlar a mente, sem precisar “brigar com oscavalos”.

    É preciso deixar que os pensamentos fluam, massem lhes dar importância – 

    assim eles vão cessando.

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    Terceira prática...

    i h d

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    O caminho do Yoga

    Embora o núcleo do Yoga tradicional de Patañjaliseja o controle da mente, esse ramo do Yoga é

    constituído por oito tipos de atividades (os“membros” do Raja-Yoga):

    1. Yama 2. Niyama

    3. Asana 4. Pranayama

    5. Pratyahara 6. Dharana

    7. Dhyana 8. Samadhi

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    1. Yama

    2. Niyama

    3. Asana

    4. Pranayama

    5. Pratyahara6. Dharana

    7. Dhyana8. Samadhi

    O i b d j

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    Os oito membros do Raja-Yoga

    Os dois primeiros membros são proibições(Yama) e obrigações (Niyama) que procuramdiminuir as tendências violentas (Rajas) eestimular o surgimento de luz (Sattva) na pessoa.

    1. Yama 2. Niyama

    3. Asana 4. Pranayama

    5. Pratyahara 6. Dharana

    7. Dhyana 8. Samadhi

    O i b d R j Y

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    Os oito membros do Raja-Yoga

    Os dois membros seguintes são as posturas(Asana) e o controle da respiração (Pranayama),

    que no caso do Raja-Yoga são considerados como preparatórios para as práticas internas.

    1. Yama 2. Niyama

    3. Asana 4. Pranayama

    5. Pratyahara 6. Dharana

    7. Dhyana 8. Samadhi

    O i b d R j Y

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    Os oito membros do Raja-Yoga

    Os dois membros seguintes são a inversão dossentidos (Pratyahara) e a concentração

    (Dharana), que são práticas internas nas quais secomeça a controlar diretamente a mente.

    1. Yama 2. Niyama

    3. Asana 4. Pranayama

    5. Pratyahara 6. Dharana

    7. Dhyana 8. Samadhi

    O i b d R j Y

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Os oito membros do Raja-Yoga

    Por fim, a meditação (Dhyana) e o estado deunião (Samadhi), que envolvem o despertar e o

    uso da Buddhi, completam as práticas do Raja-Yoga.

    1. Yama 2. Niyama

    3. Asana 4. Pranayama

    5. Pratyahara 6. Dharana

    7. Dhyana 8. Samadhi

    Y b õ

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Yama = abstenções

     Na parte ética (ou de comportamento), o Raja Yogaindica cinco proibições ou abstenções (Yama):

    • não ferir (respeitar os outros seres)

    • não mentir (ser autêntico)

    • não roubar• não ser sensual (não ficar procurando prazeres)

    • não ter cobiça (contentar-se com pouco)Essas cinco proibições ou abstenção procuramcontrolar os impulsos egoístas de Rajas.

    Ni b i õ

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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     Niyama = obrigações

    Os Yama são essencialmente negativos (reduzirRajas), mas existem também cinco obrigações

    (Niyama) que são positivas (para aumentar Sattva):• purificação (do corpo e da mente)

    • contentamento (satisfação com o presente)• austeridades (esforço, ascetismo, superar a dor)

    • estudo próprio (svadhyaya)

    • devoção ao Senhor (Ishvara-pranidhana)

    São práticas que vão aperfeiçoando a pessoa.

    Ni b i õ

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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     Niyama = obrigações

    O caminho do Raja-Yoga incluinecessariamente um

    relacionamento dedevoção, respeito ededicação a um ser

    divino que guia ocaminho do yogue.

    A t

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Asana = posturas

     No Hatha-Yoga há muitas posturasdiferentes, que têm diversas

    finalidades. No Raja-Yoga, não háuma preocupação com diferentes

     posturas:

    YS II.46 A postura (Asana) deveser firme e fácil.

    47 Pela renúncia a todo esforço e amente unida ao infinito.

    48 Assim a dualidade não cria

    dificuldades.

    A t

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Asana = posturas

     No Raja-Yoga a postura serveessencialmente para

    eliminar obstáculos às práticas internas; nãoé necessário realizar“posturas difíceis”.

    N R j Y t ã dá i d

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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     No Raja-Yoga as posturas são secundárias, e podem ser

    utilizadas ajudas para manter a postura adequada (comoos cintos e os banquinhos de meditação).

    Os cintos (yoga-patta)são tradicionais naÍndia e no Tibet; os

     banquinhos surgiram

    na China.

    Q t áti

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Quarta prática...

    P t l d i ã

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Pranayama = controle da respiração

    Os Yoga-Sutra falam muito pouco sobre o controleda respiração (Pranayama).

    YS II.49 Após isso [após haver adotado umapostura firme e confortável], deve-se cortar a

    inspiração e a expiração pelo Pranayama.50 Sutil e lenta, a atividade [de respiração] écontrolada [ou cortada] dentro, fora e no meio,determinada em relação a lugar, tempo enúmero.

    P t l d i ã

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Pranayama = controle da respiração

    51 O quarto processo transcende o interno e oexterno.

    52 Como resultado, o véu que oculta a luz sedesfaz.

    53 A mente (Manas) se torna apta à concentração(Dharana).

    A finalidade principal do Pranayama, no Raja-Yoga,

    é preparar a mente, facilitando a concentração.

    Q i t áti

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Quinta prática...

    Prat ahara in ersão dos sentidos

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Pratyahara = inversão dos sentidos

    Há apenas duas frases nos Yoga-Sutra que sereferem a Pratyahara (inversão dos sentidos):

    YS II.54 Quando os órgãos são desligados de seusobjetos e se tornam semelhantes à mente, isso éPratyahara (inversão dos sentidos).55 Disso resulta um controle total sobre os

    órgãos.

    Pratyahara inversão dos sentidos

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Pratyahara = inversão dos sentidos

    Isso envolve destacar-se das sensações, abolindo osdesejos e não sendo controlado pelos sentidos.

    Há uma comparação clássica com a tartaruga (ou jabuti) que recolhe seus membros dentro da casca.

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Sexta prática

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Sexta prática...

    Raja Yoga

  • 8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1

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    Raja-Yoga