RobertoMartins Curitiba 2012 1
-
Upload
linneu-rezende -
Category
Documents
-
view
212 -
download
0
Transcript of RobertoMartins Curitiba 2012 1
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
1/94
Filosofia do Yoga: Textos Clássicos
O Yoga de Patañjali
Roberto de A. Martins
Curitiba, PR
2012
Parte 1
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
2/94
Quando se fala sobre Yoga, atualmente, a imagemque nos vem à mente é a de uma academia como esta
Yoga
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
3/94
No entanto, a origem do Yoga é muito diferente...
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
4/94
O Yoga foi
desenvolvido naÍndia há mais dedois mil anos,como um métodode transformação
espiritual que éutilizado até hoje.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
5/94
Na Índia há mais de dez milhões de Sadhus, pessoas
que abandonam a vida social e que se dedicam apenasà busca do seu desenvolvimento espiritual.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
6/94
Yoga na Índia:muitas abordagens
diferentes
Bhakti Yoga –
devoção à divindadeKarma Yoga – yoga
da ação
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
7/94
Yoga na Índia:Jñana Yoga –
caminho filosófico(estudos)
Método associadoao Vedanta e aoSankhya
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
8/94
Yoga na
Índia:Hatha Yoga –
práticasexternas einternas queexigem grandeesforço físico
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
9/94
Yoga na Índia:Tantra Yoga –
utilização de rituais,mantras, imagens emuitas outrastécnicas para entrarem contato com a
divindade
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
10/94
Yoga na Índia:
Raja Yoga – método tradicional, muitas práticas internas,ênfase em meditação e samadhi
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
11/94
Raja-Yoga: uma das abordagens mais tradicionais doyoga, método descrito nos Aforismos do Yoga (Yoga-
Sutra) escritos por Patañjali (talvez do século III a. C.)
O yoga tradicional de Patañjali
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
12/94
R a ja-Yoga = “Yoga Real” ou “Yoga Régio”
Marajá = Maha-Raja (grande rei)Patañjali não deu este nome ao seu método.
O nome Raja-Yoga aparece em textos posteriores(obras sobre Hatha-Yoga e Upanishads do Yoga)
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
13/94
Yoga: técnicas internas
A ênfase principal do Yogatradicional de Patañjali é o uso
de técnicas mentais deconcentração (dharana) emeditação (dhyana), procurando-se chegar ao samadhi.
Ramakrishna
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
14/94
Yoga: técnicas internas
Os aspectos físicos, como posturas (asana) e
respiração (pranayama) possuem importânciasecundária, no Yoga de
Patañjali.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
15/94
Yoga: técnicas internasTrata-se de um método criado
para desenvolver as capacidadeshumanas internas que vão alémdo poder mental, produzindo
estados alterados de consciênciae abrindo novas portas deconhecimento, para que a pessoa
possa adquirir vivênciasimportantes e caminhar emdireção à sua libertação
espiritual.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
16/94
Este encontro
Vamos explicar as bases do
Yoga tradicional dePatañjali, comparando essaabordagem com outras, e
fazer práticas introdutóriasde concentração emeditação, permitindo queos participantes vivenciemalguns dos aspectos maisimportantes desse método.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
17/94
Meditação
|Na tradição
ocidental, meditaré pensar, refletirsobre algum
assunto. Osfilósofos, porexemplo,
“meditam” sobreo assunto queestão estudando.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
18/94
Meditação, na tradição indiana (dhyana), é uma
prática pela qual se “desliga” o funcionamento normaldo pensamento e se entra em um estado alterado damente muito especial.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
19/94
No yoga existem váriostipos de práticas de
meditação.Muitas vezes se pensaque “meditar” é apenas
acalmar a mente e ficarse sentindo bem.
Mas não é isso.
Acalmar a mente éapenas uma etapa
preliminar.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
20/94
Vejamos algumas coisas básicas sobre a preparação
para práticas de meditação
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
21/94
Prática zero
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
22/94
Sistema Samkhya-Yoga
O Yoga descrito por Patañjali é considerado umdos seis sistemas filosóficos clássicos da Índia
• Purva-Mimamsa
• Uttara-Mimamsa (Vedanta)• Vaisheshika
• Nyaya• Samkhya
• Yoga
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
23/94
Os seis sistemas clássicos indianos estãoassociados em pares que se complementam.
Purva Mimamsa
Vedanta
Vaisheshika
Nyaya
Sankhya
Yoga
{
{
{
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
24/94
Samkhya A fundamentaçãoteórica do Raja-Yoga éfornecida por um dossistemas filosóficostradicionais indianos,chamado Sankhya.
Acredita-se que essafilosofia foisistematizada pelo
sábio Kapila,aproximadamente 500anos antes da eracristã.Kapila
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
25/94
Patañjali
Não se sabe praticamentenada sobre Patañjali, o autordo texto fundamental do
Raja-Yoga.Provavelmente viveu noséculo III a.C.
Com o passar do tempo,Patañjali se tornou um
personagem mitológico.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
26/94
Yoga-SutraO texto fundamental do Raja-Yoga é curto e
muito obscuro, difícil de entender, estudadogeralmente com ajuda de comentários.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
27/94
Yoga-Sutra
“Yoga-Sutra”costuma ser traduzido
por “Aforismos doYoga”SUTRA = fio, cordão
(aquilo que une ascontas de um japa-mala ou de um colar)
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
28/94
Conceito de YogaDe acordo com os dicionários de sânscrito,“Yoga” se origina do verbo yuj que significa“unir, prender, juntar, etc.”.
A palavra latina “jugum” e a inglesa “yoke” sãoanálogas (e possuem a mesma raiz indo-européia).
Em português, temos “jugo”, “conjunção”,“junção”, “juntar”, etc. que também provêm damesma raiz.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
29/94
Yoga segundo Patañjali No Yoga-Sutra, a palavra “yoga” e seusderivados aparecem em poucos lugares. Logo noinício do texto, temos:
YS I.1 Eis aqui a exposição do Yoga.2 Yoga é o controle das atividades da mente.3 Então o Observador se estabelece em sua
própria natureza.4 Em caso contrário ele adquire a aparênciadas atividades.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
30/94
YogaYS I.2 Yoga é o controle das atividades damente.3 Então o Observador se estabelece em sua
própria natureza.4 Em caso contrário ele adquire a aparência dasatividades.
YS II.41 A capacidade do Yoga leva à visão doseu próprio Eu (Atman).
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
31/94
Conhecer o Eu (Atman)Em certo sentido, o objetivo do
Yoga tradicional é o auto-conhecimento, mas não no sentidoocidental dessa expressão.
Para entender o que o Raja-Yogaentende por auto-conhecimento, é
preciso estudar um pouco dafilosofia Sankhya, que fornece a base teórica para o método de
Patañjali.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
32/94
Muitos textos indianos antigosfalam sobre a relação entre Sankhyae Yoga, como por exemplo oBhagavad Gita:
“Os ignorantes falam sobre Sankhyae Yoga como diferentes, mas osábio não. Aquele que se aplica deforma adequada a um deles, obtémos resultados de ambos. O estadoque é obtido pelos Sankhyas étambém atingido pelos Yogins. Osque vêem corretamente percebem
que o Sankhya e o Yoga são um.”( Bhagavad Gita 5.4-5).
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
33/94
O Sankhya ensina a existênciade duas realidades eternas:
Purusha e Prakriti.Purusha [que significa
literalmente “homem”] é o
centro da consciência
Prakriti é a natureza, fonte de
toda existência material ede todo o dinamismo douniverso.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
34/94
O ser humano tem um corpo,constituído por matéria eforças vitais, que pertencem a
Prakriti; mas tem tambémconsciência (Purusha), queconstitui o núcleo mais interno
que pode ser alcançado pela percepção espiritual.
Purusha é o Eu mais interno, e éeterno (como a Natureza), deacordo com o pensamento
Sankhya.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
35/94
Os dois conceitos mais importantes do Sankhya são
estes, Prakriti e Purusha.Eles se opõem e se complementam.
Tudo o que existe no universo contém ambos.
Eterno
Masculino
PassivoConsciente
Imutável
Eterna
Feminina
Ativa Não consciente
Mutável
PURUSHAPRAKRITI
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
36/94
Prakriti e Purusha costumam ser comparados a umadançarina e ao expectador imóvel que vê sua dança.A dançarina representa o dinamismo da Natureza; o
expectador representa a consciência passiva.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
37/94
Porém, para que a comparação fosse perfeita, oexpectador (Purusha) não poderia ter um corpo,deveria ter apenas consciência; e a dançarina(Prakriti) não poderia ter consciência, deveria ser
apenas um poder cego, inconsciente.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
38/94
Prakriti e Purusha Nem Purusha nem Prakriti são
deuses (Devas) e sim os dois princípios originais da realidade,anteriores e mais fundamentais
do que todos os deuses (Devas).Há, no entanto, semelhançasentre Prakriti e a Grande Deusa(Maha Devi = Shakti), e entrePurusha e Shiva, na tradição
tântrica.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
39/94
Shakti e Shiva
Na tradição tântrica, a Grande
Deusa (Maha Devi) é a Senhorade todos os Poderes (Shakti), eseu companheiro, Shiva, não
tem nenhum poder, a não ser osque a Deusa lhe concede.
Shiva é essencialmente passivo,
um observador, e a Shakti éativa, produzindo todo ouniverso (incluindo os Devas).
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
40/94
Cada ser humano possui uma
consciência (Purusha), que éaquela parte, dentro de nós,que presencia e capta cada
coisa que sentimos, que vemos,que pensamos.
Temos também um corpo, queé movido pelas forças naturais(gunas), de Prakriti.
O auto-conhecimento do Raja-Yoga leva ao conhecimento dePurusha, que é o Eu mais
profundo, o Atman.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
41/94
Purusha e Prakriti
A Natureza (Prakriti) contémtoda a dinâmica do universo,incluindo tudo o que move
cada ser humano, os animaise os outros seres.
Mas essa não é a nossa
essência, segundo o Sankhyae segundo o Yoga dePatañjali.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
42/94
YogaYS I.2 Yoga é o controle das atividades da
mente.3 Então o Observador se estabelece em suaprópria natureza.
4 Em caso contrário ele adquire a aparênciadas atividades.
YS II.41 A capacidade do Yoga leva à visão doseu próprio Eu (Atman).
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
43/94
SamkhyaSK 19 Purusha tem o papel de testemunha. É
liberto, é indiferente, percebe mas não age.20 Por sua união conjunta, o corpocaracterístico inconsciente aparece como se
fosse consciente; e pela atividade dos poderes,aquele que está isolado (Purusha) aparececomo se agisse.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
44/94
Podemos procurar perceber, na
prática, a existência de Purushadentro de nós, distinguindo-o dePrakriti.
Isso pode ser feito de diferentesformas, em diferentes níveis, até
levar às vivências mais profundas.De acordo com a tradição deSankhya, quem consegue manter
permanentemente a distinção entrePurusha e Prakriti atinge a
libertação espiritual.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
45/94
Primeira prática...
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
46/94
Purusha e Prakriti
Prosseguindo com a doutrina Samkhya:
SK 10 Aquilo que é observável [manifesto]tem uma causa lógica, é impermanente,limitado, móvel, múltiplo, contingente, é
dotado de características que brotam e sedissolvem, é composto, obedece a leis externas.O não-observável [não manifesto] é o
contrário.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
47/94
SK 11 Aquilo que éobservável tem três poderes(Guna), é desprovido de
discriminação, é objeto, écomum, é inconsciente eprodutivo.
Aquilo que não é observáveltambém o é.
O princípio masculino é ocontrário [desses aspectos] eé semelhante [ao não-
observável].
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
48/94
Purusha e Prakriti
Purusha não possui poderes (Guna), tem
consciência e discriminação, é o sujeito (e não oobjeto), é um observador, não é ativo. Prakriti eseus produtos são o contrário disso.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
49/94
SK 19 Purusha tem o papel de testemunha. É
liberto, é indiferente, percebe mas não age.20 Por sua união conjunta, o corpo característicoinconsciente aparece como se fosse consciente; epela atividade dos poderes (Guna), aquele que estáisolado (Purusha) aparece como se agisse.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
50/94
Os poderes (Guna) de Prakriti
De acordo com o Samkhya existem três poderesbásicos ( guna) da Natureza, que são conceitos
que não têm correspondente no pensamentoocidental.
SATTVA RAJAS TAMAS(luz) (força) (inércia)
agradável desagradável sem sentimentoilumina age restringe
leve móvel pesadoluminoso estimulante escuro
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
51/94
Os poderes (Guna) de Prakriti
Em cada coisa do universo e em cada atividade
humana há predomínio de algum dos três poderesde Prakriti.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
52/94
Os três DevasNa tradição religiosa hinduísta, o universo é regido por trêsdivindades (Devas) masculinas, que estão associados aos
três Gunas e às suas três Shaktis (poderes):Brahma - criadordo universo
(Rajas)Vishnu - quemantém e dirige o
universo (Sattva)Shiva - que destróio universo(Tamas)
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
53/94
Os três Devas
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
54/94
Os três grandes Devassão apenasmanifestações dos
Poderes (Gunas) doPoder Cósmico (Shakti).
No Tantra, esse PoderCósmico é consciente(não é simplesmente umconjunto de forçasdinâmicas), ou seja, éMaha Devi.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
55/94
Perceber Prakriti
Podemos perceber em
nós e no universo ànossa volta esse Poder
que gera todos osmovimentos, todas asações, todas as coisas,
e que é diferente daConsciência que
apenas observa.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
56/94
Segunda prática...
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
57/94
Para se compreendero que ocorre durante
uma meditação(dhyana) é necessáriocompreender aconcepção indianasobre a natureza do
ser humano e sobre oAbsoluto.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
58/94
No pensamento indiano o ser humano é
constituído por muitos níveis, uns dentro dosoutros (como uma matryoshka) – alguns dosquais não têm equivalente no pensamento
ocidental.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
59/94
Segundo a tradição
indiana, as principaiscamadas do ser humano, defora para dentro, são:
• corpo material• corpo energético ( pranas)
• órgãos sensoriais e de ação• a mente (manas) ememórias (incluindo o
karma)• buddhi e a individualidadedivina
• o Eu (atman) e o Absoluto
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
60/94
Nosso estado mental “normal”lida com os quatro primeirosníveis:
• corpo material
• corpo energético ( pranas)[parcial]
• órgãos sensoriais e de ação
• mente (manas) e memórias(incluindo o karma) [parcial]
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
61/94
Mesmo no nível mais“físico”, o yoga nos ensina aexistência de forças e
estruturas com as quais nãoestamos em contato no dia-a-dia:
• corpo material• corpo energético ( pranas,chakras, nadis)
• órgãos sensoriais e de ação
• mente (manas) e memórias
(incluindo o karma)
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
62/94
Em nosso estado de consciênciacomum, não temos acesso aosníveis mais profundos:
• buddhi e a individualidade divina• o Eu (atman) e o Absoluto
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
63/94
As práticas demeditação nospossibilitam entrar emcontato com os nossos
níveis mais internos,que não conhecemos ouque apenas
vislumbramos, no nossoestado normal deconsciência.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
64/94
Também nos permitem perceber, fora de nós,uma realidade diferente da que costumamos ver.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
65/94
Conhecer seus níveis mais internos
não significa apenas “conhecer a simesmo”, pois segundo a tradiçãoindiana o ser humano é, em sua
essência, idêntico ao Absoluto, e aose conhecer o microcosmo adquire-se também conhecimento sobre omacrocosmo.
Segundo a tradição indiana, a
meditação nos dá acesso a umafonte de conhecimento queultrapassa os limites humanos
comuns.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
66/94
Pela meditação podem
ser abertas as portas parao conhecimento que foiatingido por todos osantigos sábios, pois foiassim (e não apenas
pensando e lendo) queeles atingiram aquilo quenos transmitiram.
Para aquele que sabemeditar, todos os livros etextos deixam de ter
importância.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
67/94
A da meditação a pessoa
pode atingir estadosalterados de consciênciaque ultrapassam muito os
limites do ser humanocomum, e que podemensinar muito a respeito
da própria pessoa e detoda a realidade,transformando sua vida eabrindo as portas de umdesenvolvimento
espiritual profundo.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
68/94
Podemos assimultrapassar nossoslimites usuais,entrando em contatodireto com outros
níveis dentro e fora denós, preenchendo oanseio de encontrar
“algo mais” além denossos estadoscomuns e de nossas
vivências do dia-a-dia.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
69/94
A carruagem
A Katha-Upanishad faz uma comparaçãointeressante:
KU I.3.3 Pense no Eu (Atman) como osenhor da carruagem, o corpo como a
própria carruagem, a inteligência(Buddhi) como o condutor da carruageme a mente (Manas) como as rédeas.
4 Os sentidos são os cavalos, os objetosdos sentidos são os caminhos. OContemplador está preso (yukta) ao
corpo, aos sentidos e à mente.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
70/94
Atman = senhor da carruagem =Purusha
corpo = carruagem
buddhi = condutor da carruagemmanas = rédeas
indriya = cavalosobjetos dos sentidos = caminhos
“O Contemplador está preso(yukta) ao corpo, aos sentidos e
à mente.”
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
71/94
KU I.3.5 Naquele que não temsabedoria (Vijñana), cuja menteestá sem controle, nele os sentidos
e os órgãos estão descontrolados,como cavalos que não obedecemao condutor.
6 Naquele, no entanto, que temsabedoria, cuja mente estásempre controlada, seus sentidose seus órgãos estão dominados,como cavalos obedientes ao
condutor.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
72/94
Controle da mente
Um aspecto central doRaja-Yoga é o controle da
mente.Há muitos modos de
controlar a mente, sem precisar “brigar com oscavalos”.
É preciso deixar que os pensamentos fluam, massem lhes dar importância –
assim eles vão cessando.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
73/94
Terceira prática...
i h d
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
74/94
O caminho do Yoga
Embora o núcleo do Yoga tradicional de Patañjaliseja o controle da mente, esse ramo do Yoga é
constituído por oito tipos de atividades (os“membros” do Raja-Yoga):
1. Yama 2. Niyama
3. Asana 4. Pranayama
5. Pratyahara 6. Dharana
7. Dhyana 8. Samadhi
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
75/94
1. Yama
2. Niyama
3. Asana
4. Pranayama
5. Pratyahara6. Dharana
7. Dhyana8. Samadhi
O i b d j
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
76/94
Os oito membros do Raja-Yoga
Os dois primeiros membros são proibições(Yama) e obrigações (Niyama) que procuramdiminuir as tendências violentas (Rajas) eestimular o surgimento de luz (Sattva) na pessoa.
1. Yama 2. Niyama
3. Asana 4. Pranayama
5. Pratyahara 6. Dharana
7. Dhyana 8. Samadhi
O i b d R j Y
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
77/94
Os oito membros do Raja-Yoga
Os dois membros seguintes são as posturas(Asana) e o controle da respiração (Pranayama),
que no caso do Raja-Yoga são considerados como preparatórios para as práticas internas.
1. Yama 2. Niyama
3. Asana 4. Pranayama
5. Pratyahara 6. Dharana
7. Dhyana 8. Samadhi
O i b d R j Y
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
78/94
Os oito membros do Raja-Yoga
Os dois membros seguintes são a inversão dossentidos (Pratyahara) e a concentração
(Dharana), que são práticas internas nas quais secomeça a controlar diretamente a mente.
1. Yama 2. Niyama
3. Asana 4. Pranayama
5. Pratyahara 6. Dharana
7. Dhyana 8. Samadhi
O i b d R j Y
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
79/94
Os oito membros do Raja-Yoga
Por fim, a meditação (Dhyana) e o estado deunião (Samadhi), que envolvem o despertar e o
uso da Buddhi, completam as práticas do Raja-Yoga.
1. Yama 2. Niyama
3. Asana 4. Pranayama
5. Pratyahara 6. Dharana
7. Dhyana 8. Samadhi
Y b õ
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
80/94
Yama = abstenções
Na parte ética (ou de comportamento), o Raja Yogaindica cinco proibições ou abstenções (Yama):
• não ferir (respeitar os outros seres)
• não mentir (ser autêntico)
• não roubar• não ser sensual (não ficar procurando prazeres)
• não ter cobiça (contentar-se com pouco)Essas cinco proibições ou abstenção procuramcontrolar os impulsos egoístas de Rajas.
Ni b i õ
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
81/94
Niyama = obrigações
Os Yama são essencialmente negativos (reduzirRajas), mas existem também cinco obrigações
(Niyama) que são positivas (para aumentar Sattva):• purificação (do corpo e da mente)
• contentamento (satisfação com o presente)• austeridades (esforço, ascetismo, superar a dor)
• estudo próprio (svadhyaya)
• devoção ao Senhor (Ishvara-pranidhana)
São práticas que vão aperfeiçoando a pessoa.
Ni b i õ
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
82/94
Niyama = obrigações
O caminho do Raja-Yoga incluinecessariamente um
relacionamento dedevoção, respeito ededicação a um ser
divino que guia ocaminho do yogue.
A t
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
83/94
Asana = posturas
No Hatha-Yoga há muitas posturasdiferentes, que têm diversas
finalidades. No Raja-Yoga, não háuma preocupação com diferentes
posturas:
YS II.46 A postura (Asana) deveser firme e fácil.
47 Pela renúncia a todo esforço e amente unida ao infinito.
48 Assim a dualidade não cria
dificuldades.
A t
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
84/94
Asana = posturas
No Raja-Yoga a postura serveessencialmente para
eliminar obstáculos às práticas internas; nãoé necessário realizar“posturas difíceis”.
N R j Y t ã dá i d
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
85/94
No Raja-Yoga as posturas são secundárias, e podem ser
utilizadas ajudas para manter a postura adequada (comoos cintos e os banquinhos de meditação).
Os cintos (yoga-patta)são tradicionais naÍndia e no Tibet; os
banquinhos surgiram
na China.
Q t áti
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
86/94
Quarta prática...
P t l d i ã
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
87/94
Pranayama = controle da respiração
Os Yoga-Sutra falam muito pouco sobre o controleda respiração (Pranayama).
YS II.49 Após isso [após haver adotado umapostura firme e confortável], deve-se cortar a
inspiração e a expiração pelo Pranayama.50 Sutil e lenta, a atividade [de respiração] écontrolada [ou cortada] dentro, fora e no meio,determinada em relação a lugar, tempo enúmero.
P t l d i ã
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
88/94
Pranayama = controle da respiração
51 O quarto processo transcende o interno e oexterno.
52 Como resultado, o véu que oculta a luz sedesfaz.
53 A mente (Manas) se torna apta à concentração(Dharana).
A finalidade principal do Pranayama, no Raja-Yoga,
é preparar a mente, facilitando a concentração.
Q i t áti
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
89/94
Quinta prática...
Prat ahara in ersão dos sentidos
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
90/94
Pratyahara = inversão dos sentidos
Há apenas duas frases nos Yoga-Sutra que sereferem a Pratyahara (inversão dos sentidos):
YS II.54 Quando os órgãos são desligados de seusobjetos e se tornam semelhantes à mente, isso éPratyahara (inversão dos sentidos).55 Disso resulta um controle total sobre os
órgãos.
Pratyahara inversão dos sentidos
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
91/94
Pratyahara = inversão dos sentidos
Isso envolve destacar-se das sensações, abolindo osdesejos e não sendo controlado pelos sentidos.
Há uma comparação clássica com a tartaruga (ou jabuti) que recolhe seus membros dentro da casca.
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
92/94
Sexta prática
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
93/94
Sexta prática...
Raja Yoga
-
8/17/2019 RobertoMartins Curitiba 2012 1
94/94
Raja-Yoga