Rito Essencial · 3 Daí o foco na partilha e na fraternidade aquando da “viagem”, em vez de...
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O RITO
Instruções Gerais
O Rito Essencial (RE), apesar destas Instruções Gerais que podem
ser por alguns consideradas extensas1, pretende apresentar, tal
como a sua designação parece querer indicar, um Ritual que seja,
em primeiro lugar, simples, para que possa ser trabalhado por
todos aqueles que, tendo já percorrido um caminho, mais ou menos
longo2, numa ou em várias organizações ditas “tradicionais”, como
sejam a Maçonaria, o Martinismo, o Neo-templarismo, o Rosacrucia-
nismo, o Druidismo, e/ou outras, procuram um “movimento” que veja
simplificada a forma, para que, com isso, possa haver um maior
foco em relação ao conteúdo que cada um possa vir a trazer em
proveito do outro, através da partilha e da fraternidade. Dizemos
isto porque, apesar do interesse neste ou naquele Rito, nesta ou
naquela organização, interesse esse de grande importância, não o
queremos negar, pois a meditação (e a reflexão) no símbolo (ou até,
se quisermos, na doutrina) que cada um (dos Ritos/organizações)
oferece será sempre frutuosa e útil, apesar disto, dizíamos, existe
uma grande probabilidade de se chegar à conclusão de que o
melhor que se pode encontrar (nos diversos Ritos/organizações)
são mesmo as pessoas com quem aí nos cruzamos e o que estas
“trazem” consigo3.
Para além do susodito, o RE pretende, através do seu Ritual, abrir
um espaço onde impere uma prática meditativa, de “oração”, de
silêncio, visto que são estas as práticas mais favorecidas pela
presença num Templo. Por outro lado, a especulação filosófica, os
1 Extensas, em certa medida, porque se querem exaustivas.2 Considera-se um “caminho mais ou menos longo” qualquer coisa na casa da dezena e meia /
vintena de anos.3 Daí o foco na partilha e na fraternidade aquando da “viagem”, em vez de uma maior impor-
tância, que quase sempre se dá, ao “veículo” utilizado.
2
diálogos, debates ou conversas, ou até a apresentação de pranchas
sobre diversos temas, podem claramente dispensar a utilização de
um espaço consagrado (como é um Templo), podendo ter lugar em
espaços mais informais, sem nenhuma grande dificuldade.
Do ponto de vista prático, o RE pretende apenas apresentar um
Ritual específico, o que quer dizer que não pretende preconizar a
existência de graus, nem tão pouco de qualidades, para além
daquelas que distinguem os que estão responsáveis pela reali-
zação do Ritual em si. Não pretende “iniciar” ninguém, mas prefere
acolher quem já tenha passado pelas provas da iniciação4 em
qualquer uma das Organizações referidas supra, ou noutras. A
todos reconhece a mesma qualidade de “buscador” (que, diga-se, não
é um título a ser utilizado no Ritual), independentemente dos
graus que tenham atingido nos referidos movimentos ou noutros.
A forma de organização dos grupos que pretendam adoptar o RE é
totalmente da responsabilidade dos mesmos. Sugere-se, no entanto,
que se utilize a escolha democrática e anual (ou bianual) para os
cargos dos Oficiais. Local de reunião, cotizações, e outras formas
de organização são, como se disse, da total responsabilidade de
cada grupo.
O Ritual do RE pode ser praticado por homens e/ou mulheres, mas
cabe a cada grupo decidir qual o modelo que pretende utilizar: só
homens, homens e mulheres ou só mulheres. É uma escolha livre,
sobre a qual não deve recair qualquer espécie de crítica.
Toda e qualquer discussão que tenha como fim decidir a forma de
organização de cada grupo deve ter lugar fora do Templo, em
reuniões informais.
4 Para não dizer que será imperativo que tenham passado por essas provas. Cabe a cada grupo, que venha a utilizar o RE, esta decisão. Apesar de, por razão de não nos interessar veicular um grande número de dogmas, apenas sugerirmos que deve existir uma preferência nesse sentido, somos compelidos a indicar que essa deve ser uma preferência “muito forte”. Arriscamos mesmo a dizer que o RE interessará mais àqueles cuja vivência nos movimentos supra indicados já vai longa.
3
Note-se que o RE não tem “estrutura central”, Grão-Mestre, Corpos
Superiores, Capítulos, Soberanos Conselhos. Nada, nem ninguém, se
pode identificar como dirigente, ou difusor particular e único
deste Rito. Trata-se de um Rito cujo Ritual será praticado livre-
mente por quem achar que o mesmo lhe poderá ser útil.
E poderá ser útil, por exemplo, a quem se encontre apartado, por
pertencer a via distinta, daquele a quem reconhece como Irmão (ou
Irmã), mas do qual está distante, devido a imposições superiores,
nas quais não se revê, mas que opta por aceitar, por razões
pessoais e válidas, que não cabe a outros julgar. O RE vem a ser
um espaço neutro de reunião daqueles que de outra forma se
manteriam afastados de uma prática ritualística conjunta. Sabem
que essa prática ritualística conjunta é benéfica para ambos (e
para outros), mas circunstâncias exteriores, as quais muitas vezes
não têm mínimas hipóteses de alterar, fizeram com que viessem a
encontrar-se apartados. O RE permite a que (pelo menos) 3 Irmãos
possam vir a reunir-se ritualisticamente, sem que qualquer
influência “externa” venha a fazer-se sentir sobre os seus
trabalhos.
O Ritual do RE, tendo-se inspirado em rituais de várias proce-
dências, não pode (nem quer) ser considerado como pertencendo a
uma ou outra ”via” “corrente” em particular. Assim, a proibição da
participação no RE, por qualquer entidade externa, só pode ser
considerada como sendo absurda. Aqueles que entendam fazer uso
deste Rito, fazem-no de livre vontade, como também de livre
vontade o poderão ignorar totalmente.
Ainda, fará mais demonstração do carácter de quem o vier a
denegrir, do que da validade ou não do RE em si, que não pretende
ser mais do que aquilo que aqui despretensiosamente se
apresenta.
4
O RE apresenta-se despretensiosamente, como se acabou de dizer,
pois não arroga que a prática do seu Ritual tenha como resultado
o Despertar ou a Iluminação. Não arroga ser o veículo de um saber
ancestral, secreto, e/ou mágico. Não arroga que a sua prática ‘per
si’ tenha quaisquer resultados, sejam positivos ou negativos,
passe a subjectividade inerente a estes termos. Os resultados que
possam vir a surgir serão da “responsabilidade” do conteúdo
trazido por quem praticar o Ritual, ainda que, diga-se, a escolha
dos movimentos rituais, das palavras ditas, e dos Oficiais não
tenha acontecido ao acaso.
Será ainda importante referir, caso não tenha ficado claro, que o
RE não pretende substituir quaisquer Ritos que os Irmãos e Irmãs
estejam correntemente a praticar, nem tão pouco pede para que os
Irmãos e Irmãs os abandonem, ou que escolham este em detrimento
daqueles.
Por fim, para o esclarecimento de quaisquer outras dúvidas ou
questões sobre o RE que não estejam aqui referidas, deverá fazer-
se uso, primeira e unicamente, do bom senso.
5
Instruções Particulares
Decoração do Templo: Deve estar decorado de forma sóbria, se
possível sem qualquer ornamentação nas paredes. Estará
iluminado de forma pouco intensa, mas de maneira a que seja
possível a que todos os participantes se vejam mútua e clara-
mente; se possível, providenciar-se-á forma para que a iluminação
possa ser diminuída em alturas específicas da Cerimónia5. No
centro está um pequeno altar com uma vela e um volume da Lei
Sagrada6, que se abrirá no Evangelho de São João, antes da
Cerimónia; providenciar-se-á para que a vela também seja acesa
antes do início da Cerimónia, por quem a irá dirigir. A entrada
deverá ser a Ocidente.
Na parede do Oriente apôr-se-á um destes elementos, a ser
escolhido pelo grupo, de acordo com os seus interesses e
motivações: um Delta, uma Cruz templária, um \, uma Y, ou outro.
Cada um destes elementos pode ter o formato que se considerar
adequado, sendo que deve sempre prevalecer a sobriedade.
Oficiais: Os oficiais são apenas 3. Sugere-se os títulos de: Prior,
1.º Ajudante, que é também o Secretário7, e 2.º Ajudante, que é também
o Guardião do Templo. Estes títulos poderão ser substituídos por
outros, que melhor sirvam a índole ou a “nota” que o grupo
pretende “imprimir” nos seus trabalhos, como sejam Venerável,
Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante, por exemplo. Isto é, cabe a
cada grupo definir qual a “atmosfera” (se é que assim o podemos
5 No decorrer dos exercícios de meditação, por exemplo.6 Este volume da Lei Sagrada pode ser substituído por outra obra de cariz Tradicional e
Religioso “Sagrado”, como seja o Corão, a Tora, ou os Vedas, por exemplo. Mas nunca poderá ser substituído por uma obra “profana”, mesmo que seja de grande valor literário, ou por um livro em branco, por exemplo. Em todo o caso, não é, de forma alguma, o conteúdo da obra que está em causa, mas sim “o livro sagrado”, também enquanto símbolo da Sabedoria que encerra.
7 Poderá também, em caso de necessidade, acumular a função de Tesoureiro.
6
dizer) ou a “particularidade” que pretende para as suas reuniões.
Num espírito de liberdade, deixa-se esta decisão para o grupo8.
Lugares no Templo: O Prior senta-se a Oriente e tem diante de si
uma secretária. Sobre a secretária, terá um malhete, uma sineta e
uma vela que acenderá no decorrer da Cerimónia. Os Ajudantes
sentar-se-ão a Ocidente, o 1.º a Sudoeste e o 2.º a Noroeste. Diante
de si, terão cada um uma secretária, se possível de forma trian-
gular, com uma vela em cada uma. Estas velas acender-se-ão
durante a Cerimónia9.
Oriente
Nort
e
Prior
Sul
ÔÒÐ
MembroMembroMembroMembro(...)
Ô&Altar
MembroMembroMembroMembro
(...)
Ô2.º Ajudante (entrada)
Ô 1.º Ajudante
Ocidente
Insígnias: Os membros devem, nos dias das Cerimónias, se não o
fizerem sempre, optar por vestir-se elegante e sobriamente,
devendo imperar os tons escuros e neutros. O fato escuro ou o
balandrau será sempre uma opção válida, principalmente nos
grupos de índole marcadamente maçónica. Aceitam-se e sugerem-se
8 Surgindo, assim naturalmente, a dúvida de qual a Egrégora comum a todos os que praticam o RE, responderemos que é aquela criada, consciente ou inconscientemente, por todos os que procuram a prática do Bem e do Belo.
9 Em alternativa a esta disposição, e caso o Ritual venha a ser realizado num local em que não seja possível ou não estejam disponíveis as mesas necessárias, poderá usar-se uma outra versão, disponível em Anexo.
7
como paramentos cerimoniais (ou ritualísticos): as luvas brancas
sem símbolos, invariavelmente10; como elementos unificadores (e
não uniformizadores) dos seus membros, poderão os grupos optar
por: uma estola branca, ou uma túnica branca, ou um avental todo
branco, com a abêta abatida11. O Prior terá um solidéu, que pode ter
bordados os laços de amor, branco ou preto, conforme a prefe-
rência (do próprio ou do grupo). Os Oficiais, incluindo o Prior,
independentemente do pendor e índole do grupo, podem usar
colares totalmente brancos, ‘moiré’, com largura aproximada de 11
cm, sem qualquer joia pendurada.
Música: É (fortemente) sugerida a utilização de Música do decorrer
dos trabalhos do RE, nomeadamente na abertura e no fecho, mas
também no decorrer da Cerimónia, em alturas que o Prior entenda
pertinentes. Escusado será dizer que a Música deve ser harmo-
niosa e calma12, Clássica, de preferência, mas também Contempo-
rânea, naturalmente. Cabe ao Prior esta escolha. E caberá ao
grupo a escolha de temas que possam tocar sempre na mesma
ocasião (no início e no fim dos trabalhos, por exemplo), e que
sirvam como mote unificante.
Incenso: Trata-se uma vez mais de uma sugestão. Se todos os
elementos do grupo forem favoráveis à utilização de incenso,
existem fragrâncias que podem “ajudar à elevação” nos Trabalhos,
assim como à predisposição daqueles que aí estarão envolvidos.
Não estamos a dizer com isto que achamos que o uso de incenso é
factor determinante para o “sucesso” dos Trabalhos, mas pode ser,
como se disse acima, uma ajuda para “formar a atmosfera”
pretendida.
10 Ou seja, deverão usar-se em todas as circunstâncias, à excepção de aquando do uso da túnica branca; o uso desta dispensará o uso das luvas.
11 É importante, no entanto, que o decor escolhido seja o mesmo para todos, isto é, não estará um irmão com um avental branco, o outro ao lado com uma estola e um terceiro com uma túnica branca.
12 Salvo raríssimas excepções, no âmbito de exercícios muito particulares, por exemplo.
8
Designação: Cabe a cada grupo encontrar um Nome para se identi-
ficar a si mesmo, sendo que é, uma vez mais, opcional o desig-
nativo prévio (ao Nome propriamente dito); pode ser uma Loja (ou
Respeitável Loja), Oficina, Comenda, Colégio, Triângulo, Bosque, etc.,
etc., seguido do Nome escolhido. Uma designação abstracta, de uma
virtude, por exemplo, é preferível a uma designação concreta, de
uma personalidade histórica, por exemplo. Mas cabe ao grupo fazer
essa escolha. É importante, no entanto, que encontrem um Nome
identificativo, que ajudará à fomentação dos laços fraternos.
9
O RITUAL
Instruções Prévias
Antes da entrada dos membros, estando todos reunidos nos “passos
perdidos”, o Prior pedirá que se faça silêncio e de seguida
solicitará o auxílio dos dois Ajudantes, para que estes (e apenas
estes) o acompanhem ao interior do Templo. Aí chegados, avançam
até ao centro do Templo e dispõe-se em redor do Altar. O Prior
acende a vela aí disposta, fazendo o gesto pitagórico (se o
conhecer). De seguida, abre o livro e diz (se possível de cor):
Prior – Irmãos13, uni-vos a mim! Ao abrir o Volume da
Lei Sagrada, que as bênçãos do Grande Arquitecto
desçam sobre nós e sobre estes lugares. Que Ele dirija
os nossos trabalhos e que nós sejamos apenas o
veículo sagrado da Sua Luz. Assim seja!
Ajudantes – Assim seja!
O Prior e os Ajudantes, com movimentos informais mas solenes, vêm
depois juntar-se aos restantes Irmãos e Irmãs no exterior do
Templo. Aí, o Prior propõe um momento de silêncio e reflexão antes
do início dos trabalhos, que deve ser breve, mas solene. Dirige14
umas breves palavras inspiradoras e unificantes, numa voz suave
mas firme.
13 Esta e as futuras “falas” dos participantes no Ritual serão sempre adequadas aos géneros que estejam a assistir aos trabalhos. Isto é, se estiverem Irmãs presentes, estas devem ser sempre “referidas”, dizendo-se “Irmãos e Irmãs” ou vice-versa. Nesta primeira “fala”, imagi-nemos que os Ajudantes seriam um homem e uma mulher, o Prior, que naturalmente também poderá ser uma mulher, diria “Irmão e Irmã” ou “Irmã e Irmão”.
14 Ou nomeia um Irmão ou Irmã para o fazer em seu lugar.
10
De seguida, os Irmãos e Irmãs entram informal, mas ordeiramente e
em silêncio no Templo.
O cortejo é liderado pelo 2.º Ajudante (que é também, relembre-se, o
Guardião do Templo), seguido pelo 1.º Ajudante. Estes ficam imedia-
tamente nos seus lugares, enquanto que o Prior toma o seu lugar
a Oriente. Todos os restantes tomam os seus lugares, preenchendo
de forma equilibrada as colunas, mantendo-se de pé. Se necessário
for, o 2.º Ajudante dará as instruções de como os Irmãos e Irmãs
devem preencher as colunas, no sentido de as deixar, como se disse
acima, equilibradas em termos de número. Se o grupo achar por bem,
poderá intercalar homens e mulheres nas colunas.
Quando todos estiverem nos seus lugares, o 2.º Ajudante, movendo-se
de forma silenciosa, mas que deve ser notada por todos, irá fechar
a porta do Templo, de modo firme, mas sem estrépito; cumprindo as
funções de Guardião. Trata-se de um gesto com um profundo signi-
ficado simbólico.
11
Abertura dos Trabalhos
Quando todos estiverem de pé nos seus lugares, o Prior toma a
palavra e diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, saudemo-nos.
Todos saúdam o Prior (e só o Prior; isto é, não se saúdam entre si),
com uma pequena vénia. O Prior retira o seu solidéu e retribui a
saudação. Depois, volta a pôr o solidéu e diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, que esta chama, que aqui
vedes15, seja para nós a manifestação do Amor do Único.
Invoquemos a Sua presença, para que os nossos
trabalhos estejam repletos da sua Luz, Paz e
Harmonia.
O Prior toma a vela do seu candelabro (ou o candelabro, se for
mais conveniente), abandona a secretária pela sua direita, e vai
acender a vela com a do Altar. Ao chegar ao Altar, acende a vela e,
voltado para Ocidente, eleva a vela à sua frente, à altura da
face, e diz:
Prior – Luz!
Depois, retoma ao seu lugar na secretária, pelo lado contrário
àquele que usou para a abandonar, coloca a vela no candelabro
(ou poisa este). De seguida, com um gesto subtil16, dá indicação aos
Ajudantes, e estes em uníssono, tomam a vela (ou os candelabros)17,
15 Faz um gesto a indicar a vela do Altar.16 Que pode ser um simples acenar com a cabeça.17 É importante que ambos tomem a mesma decisão, ou seja, ambos levem apenas a vela ou ambos
levem o candelabro e nunca um levar apenas a vela e o outro o candelabro. A elegância dos gestos simétricos é aqui importante, como é aliás importante [a elegância] ao longo de todo o Ritual. É aconselhável um breve ensaio prévio, para aqueles que estejam a tomar contacto pela primeira vez com o Ritual.
12
abandonam as suas secretárias, o 1º Ajudante pela sua esquerda e
o 2.º Ajudante pela sua direita e, seguindo pelas suas colunas, vão
acender as velas, também em uníssono com a do Altar, como fez o
Prior. Depois das velas acesas, frente a frente, num gesto igual
ao do Prior, dizem alternadamente:
1.º Ajudante – Paz!
E de seguida, o 2.º Ajudante:
2.º Ajudante – Harmonia!
Depois, cruzam-se a Oriente, e regressam aos seus lugares,
voltando a cruzar-se a Ocidente. Isto deve ser feito em uníssono,
lenta e harmoniosamente. Voltam então aos seus lugares nas
secretárias, pelo mesmo lado em que as abandonaram e colocam a
vela no candelabro (ou pousam-no).
De seguida, o Prior dá um breve golpe de malhete e diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, tomai os vossos lugares!
Estando todos sentados, o Prior pede um momento de silêncio (que
não deve demorar menos de um minuto nem mais do que cinco):
Prior – Antes de iniciarmos os nossos trabalhos,
recolhamo-nos por breves instantes numa harmonia
silenciosa. Façamos silêncio em nós!
Ao dizer estas últimas palavras, agita suavemente e por uma vez
a sineta. Após o momento de silêncio, o Prior dá um breve golpe de
malhete e diz:
Prior – Irmão 1.º Ajudante, dá-nos a conhecer a Ordem
dos trabalhos deste dia.
13
O 1.º Ajudante, cumpre a indicação dada pelo Prior, referindo os
trabalhos previstos, que devem ter-lhe sido indicados previamente
(pelo próprio Prior), através de uma folha onde os mesmos constem,
para não haver lugar a quaisquer dúvidas ou percalços18.
1.º Ajudante – Irmãos e Irmãs, a Ordem dos trabalhos
previstos para este dia é a seguinte…19
O Prior fica responsável pela condução dos trabalhos. Sempre que
se finde um ponto da Ordem do dia, dá um golpe de malhete e segue
para o seguinte. Se um trabalho der lugar à intervenção dos
Irmãos e Irmãs, estes devem dar indicação gestual (levantando o
braço) directamente ao Prior, de que querem tomar da palavra. O
Prior dá a palavra ordenadamente a quem a peça. O Irmão (ou Irmã)
que tem a palavra deve levantar-se para falar, mas o Prior pode
dar a instrução, se assim o entender, para que o Irmão (ou Irmã)
fale sentado(a) no seu lugar. O Prior e os Irmãos Ajudantes,
quando tomam a palavra, e salvo indicação em contrário do Ritual,
falam sempre sentados nos seus lugares. Os Irmãos e Irmãs quando
tomam a palavra devem falar calma e claramente, mas sem
quaisquer formalidades para com os restantes Irmãos e Irmãs
presentes, que devem ser tratados pelos seus nomes próprios, assim
como o Prior e os Ajudantes. O espírito colegial, de igualdade e
fraternidade, deve imperar entre os Irmãos e Irmãs.
Fim da Abertura dos Trabalhos
18 Relembramos que é sugerido que os trabalhos incidam principalmente em exercícios de meditação, de visualização criativa através de meditações conduzidas pelo Prior, ou silêncios mais prolongados. Naturalmente que, apesar destas sugestões, é possível haver lugar para a troca de impressões acerca de temas de cariz eminentemente abstracto e filosófico, mas nunca temas que se centrem em aspectos concretos da vida profana. Esses não têm lugar em Templo, por razões óbvias. Todos e quaisquer “exercícios” devem ser imperativa-mente dirigidos pelo Prior, e nunca por um outro Irmão ou Irmã, ou pelos Irmãos Ajudantes. Se algum Irmão ou Irmã gostaria de ver feito um exercício em particular do seu conheci-mento, deve articular com o Prior para que o mesmo seja efectuado, se o Prior concordar. Voltamos a dizê-lo, todos e quaisquer “ exercícios” são dirigidos apenas e só pelo Prior.
19 Ou lê directamente a folha preparada previamente por si ou pelo Prior.
14
Encerramento dos Trabalhos
Os trabalhos devem encerrar sempre numa tónica de concórdia e
harmonia. As últimas palavras do Prior, antes do encerramento
propriamente dito, devem ir sempre nesse sentido.
Depois de dar um breve golpe de malhete diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, a obra deste dia chegou ao fim.
É hora de encontrarmos o repouso merecido, após os
nossos trabalhos. Mas antes de nos separarmos,
recolhamo-nos, novamente e por breves instantes, numa
harmonia silenciosa. Façamos silêncio em nós!
Tal como na abertura dos trabalhos, após dizer estas palavras, o
Prior agita suavemente e por uma vez a sineta. Este momento
silencioso, também tal como no início, não deve demorar menos de
um minuto nem mais do que cinco.
De seguida, após um breve golpe de malhete, o Prior diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, de pé. Retiremos as nossas
luvas20 e formemos a Cadeia de União.
O Prior abandona a sua secretária pela direita e vem até junto do
altar, ficando a Oriente. Os Ajudantes ficam a Ocidente, um ao lado
do outro. Os restantes Irmãos e Irmãs, tomam lugar na Cadeia de
União, sem circulação pelo Templo, isto é, fazendo o menor
percurso possível para a esta se juntarem, salvo indicação dada
pelo Prior. A Cadeia de União pode ser curta ou longa21, de acordo
com os número de membros presentes. Uma cadeia curta faz-se com
20 Caso as tenham. Caso contrário, diz apenas: “Formemos a Cadeia de União”.21 Há ainda outras formas de fazer a Cadeia de União, que podem ser adoptadas a gosto pelo
grupo, com o beneplácito de todos.
15
os braços cruzados, o braço direito sobre o esquerdo, dando a mão
direita sobre a esquerda do Irmão (ou Irmã) ao seu lado. A cadeia
longa faz-se com os braços ao lado do corpo, também com a mão
direita sobre a mão esquerda do Irmão (ou Irmã) ao seu lado. Se o
grupo se identificar com essa prática, pode optar por “intercalar”
homens e mulheres na Cadeia de União, sendo que tal deve ser
feito com o mínimo de movimentações e percalços possível.
Estando formada a Cadeia de União, o Prior diz:
Prior – Luz, Paz e Harmonia, com as bênçãos do Supremo
Arquitecto, assim seja!
Todos – Assim seja!
Desfaz-se a Cadeia de União. Os Irmãos e Irmãs voltam aos seus
lugares, ordeiramente e em silêncio. O Prior volta ao seu lugar
pela lado contrário àquele que utilizou para abandonar a secre-
tária. Todos voltam a calçar as luvas e mantêm-se de pé.
Estando todos de pé nos seus lugares, com as luvas calçadas, o
Prior diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, é hora de nos separarmos. Que
a Luz que iluminou os nossos trabalhos se mantenha
nos nossos corações.
Dito isto, o Prior e os Ajudantes, em uníssono, apagam as suas
velas com o auxílio de um abafador, ou com os dedos, mas nunca
soprando (a vela). O Prior, por fim, diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, saudemo-nos.
A saudação é feita como no início.
16
Todos abandonam o Templo, seguindo os Ajudantes e o Prior, pelas
suas colunas (sem fazer qualquer circulação no Templo). Nos
“passos perdidos”, todos dão o ósculo fraternal, com o qual se
encerram “verdadeiramente” os trabalhos.
O Prior vai, depois, informalmente, mas em silêncio, apagar a vela
do Altar e encerrar o volume da Lei Sagrada. Após o Ritual é
fortemente sugerido que os Irmãos e Irmãs se juntem para um
ágape, que deve ser, como manda a Tradição, frugal e fraterno.
Fim
17
Minuta da Ordem do Dia22
(Pode ser usada uma imagem / brasão / símbolo como ornamentação)
(Pode acrescentar-se abaixo o designativo do grupo)
Ordem do Dia
Irmãos e Irmãs,
Aos . . . . dias, do mês de . . . . . . . . . . do Ano de . . . . . . , reúne na
(Cidade / Vila / Localidade) de . . . . . . . . . . . . , o/a (designativo do
grupo) . . . . . . . . . . . . . . , com a seguinte Ordem de Trabalhos:
Primeiro;
Segundo;
Terceiro;
(…)
Final.
Tenho dito!
22 Este documento, apesar de ser visto apenas pelo 1.º Ajudante, pode ser ornamentado com a simbologia escolhida pelo grupo, sendo que, uma vez mais, deve procurar-se a sobriedade e a simplicidade.
19
Minuta da Convocatória23
(Pode ser usada uma imagem / brasão / símbolo como ornamentação)
(Pode acrescentar-se abaixo o designativo do grupo)
Convocatória
Serve a presente para convocar os Irmãos e Irmãs a estarem
presentes no próximo dia . . . . de (mês) . . . . . . . . . . de (ano). . . . . . ,
pelas . . . . . horas, no/em (local) . . . . . . . . . . . . . .
A Ordem de Trabalhos será a seguinte:
Primeiro;
Segundo;
Terceiro;
(…)
Final.
(Data e Assinatura)
O Secretário
23 Este documento, tal como o precedente, pode ser ornamentado com a simbologia escolhida pelo grupo, sendo que, como foi dito acima, deve procurar-se a sobriedade e a simplicidade. A Convocatória será enviada pelo Secretário a todos os Irmãos e Irmãs, a pedido e por indicação do Prior, que é, naturalmente, o responsável pelo conteúdo da sessão.
20
RITUAL SIMPLIFICADO
Instruções Prévias
Não sendo possível a realização do Ritual do RE num espaço como
o descrito acima, pode optar-se pelo Ritual Simplificado (RS), e
este ter lugar numa sala de uma casa particular, por exemplo, ou
em qualquer outro espaço semelhante. É importante, no entanto,
que o espaço que venha a ser escolhido esteja a salvo de
quaisquer interrupções ou distracções de qualquer espécie.
Esta versão do Ritual pode também servir a um grupo de Irmãos e
Irmãs que se encontrem em viagem, por exemplo, e que assim terão a
oportunidade de beneficiar de um momento solene e ritualístico,
sem grande aparato ou dificuldade.
As insígnias que são utilizadas no RE devem ser usadas também no
RS, sem excepções.
A disposição dos Oficiais, que são os mesmos, sofre uma ligeira
alteração, e é feita da maneira seguinte: O Prior a Oriente. À sua
frente uma secretária ou, preferencialmente, uma mesa baixa24, de
formato rectangular. Na mesa estará, para o Prior, um malhete e
uma vela no canto Sudeste; outra no canto Sudoeste, para o 1.º
Ajudante; e outra no canto Noroeste, para o 2.º Ajudante. No centro
da mesa, facultativamente25, o Volume da Lei Sagrada, aberto no
Capítulo de São João. Atrás do Prior, numa pequena mesa, estará
uma outra vela, que será acesa por este antes do início propria-
mente dito da Cerimónia.
24 Pode ser uma mesa de centro de sala coberta com um pano branco, por exemplo.25 Facultativamente, pois sabemos que nem sempre existirá a possibilidade de ter disponível a
referida Obra.
21
A disposição será mais ou menos a seguinte:
Oriente
Nort
eÔ
PriorSu
l2.º Ajudante
Ò Ô&
Ô Ô 1.º Ajudante
MembroMembroMembroMembro(…)
MembroMembroMembroMembro
(...)
Ocidente
Antes da entrada dos membros, estando todos reunidos, o Prior
pedirá que se faça silêncio. De seguida, dirige-se ao local
previsto para a Cerimónia, acende a vela aí disposta atrás do seu
lugar, fazendo o gesto pitagórico (se o conhecer). Abre também o
Livro.
O Prior vem depois juntar-se aos restantes Irmãos e Irmãs e, aí
chegado, propõe um momento de silêncio e reflexão antes do início
dos trabalhos, que deve ser breve mas solene. Dirige26 umas breves
palavras inspiradoras e unificantes, numa voz suave mas firme.
De seguida, os Irmãos e Irmãs entram informal, mas ordeiramente e
em silêncio na Sala. O Prior é o primeiro, seguido pelos Ajudantes.
26 Ou nomeia um Irmão ou Irmã para o fazer em seu lugar.
22
Todos os restantes tomam os seus lugares, preenchendo-os de forma
equilibrada27, mantendo-se de pé.
27 O número de lugares poderá ser verificado previamente ao início dos trabalhos, para que se use somente a quantidade de cadeiras estritamente necessária.
23
Abertura dos Trabalhos
Quando todos estiverem de pé nos seus lugares, o Prior toma a
vela28 atrás de si, que se encontra previamente acesa, e diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, que esta chama seja para nós
a manifestação do Amor do Único. Invoquemos a Sua
presença, para que os nossos trabalhos estejam
repletos da sua Luz, Paz e Harmonia.
Dito isto, o Prior acende a vela que se encontra diante de si
(aquela a Sudeste da secretária), e diz:
Prior – Luz!
O 1.º Ajudante recebe a vela da mão do Prior, acende aquela que se
encontra diante de si e diz:
1.º Ajudante – Paz!
Por sua vez, o 2.º Ajudante recebe a vela da mão do 1.º Ajudante,
acende aquela que se encontra diante de si e diz:
2.º Ajudante – Harmonia!
O Prior, por fim diz:
Prior – Assim seja!
Todos – Assim seja!
28 Ou o candelabro com a vela, conforme for mais prático.
24
O Prior recebe a vela da mão do 2.º Vigilante e poisa-a no mesmo
sítio de onde a tomou primeiramente. Depois, dá um breve golpe de
malhete e diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, tomai os vossos lugares!
Estando todos sentados, o Prior pede um momento de silêncio, que
não deve demorar menos de um minuto nem mais do que cinco:
Prior – Antes de iniciarmos os nossos trabalhos,
recolhamo-nos por breves instantes numa harmonia
silenciosa. Façamos silêncio em nós!
Após o momento de silêncio, o Prior dá um breve golpe de malhete e
diz:
Prior – Irmão 1.º Ajudante, dá-nos a conhecer a Ordem
dos trabalhos deste dia.
O 1.º Ajudante, cumpre a indicação dada pelo Prior, referindo os
trabalhos previstos, que devem ter-lhe sido indicados previamente
(pelo próprio Prior), através de uma folha onde os mesmos constem,
para não haver lugar a quaisquer dúvidas ou percalços29.
1.º Ajudante – Irmãos e Irmãs, a Ordem dos trabalhos
previstos para este dia é a seguinte…30
29 Relembramos que é sugerido que os trabalhos incidam principalmente em exercícios de meditação, de visualização criativa através de meditações conduzidas pelo Prior, ou silêncios mais prolongados. Naturalmente que, apesar destas sugestões, é possível haver lugar para a troca de impressões acerca de temas de cariz eminentemente abstracto e filosófico, mas nunca temas que se centrem em aspectos concretos da vida profana. Esses não têm lugar num espaço consagrado, por razões óbvias. Todos e quaisquer “exercícios” devem ser imperativamente dirigidos pelo Prior, e nunca por um outro Irmão ou Irmã, ou pelos Irmãos Ajudantes. Se algum Irmão ou Irmã gostaria de ver feito um exercício em particular do seu conhecimento, deve articular com o Prior para que o mesmo seja efectuado, se o Prior concordar. Voltamos a dizê-lo, todos e quaisquer “ exercícios” são dirigidos apenas e só pelo Prior.
30 Ou lê directamente a folha preparada previamente por si ou pelo Prior.
25
O Prior fica responsável pela condução dos trabalhos. Sempre que
se finde um ponto da Ordem do dia, dá um golpe de malhete e segue
para o seguinte. Se um trabalho der lugar à intervenção dos
Irmãos e Irmãs, estes devem dar indicação gestual (levantando o
braço) directamente ao Prior, de que querem tomar da palavra. O
Prior dá a palavra ordenadamente a quem a peça. O Irmão (ou Irmã)
que tem a palavra deve falar do seu lugar, sem se levantar. Os
Irmãos e Irmãs quando tomam a palavra devem falar calma e
claramente, mas sem quaisquer formalidades para com os restantes
Irmãos e Irmãs presentes, que devem ser tratados pelos seus nomes
próprios, assim como o Prior e os Ajudantes. O espírito colegial, de
igualdade e fraternidade, deve imperar entre os Irmãos e Irmãs31.
Fim da Abertura dos Trabalhos
31 Apesar do ambiente mais informal trazido pelo RS, as intervenções dos membros devem ser solenes e cuidadas, e não deve haver lugar a diálogos entre os Irmãos e Irmãs.
26
Encerramento dos Trabalhos
Os trabalhos devem encerrar sempre numa tónica de concórdia e
harmonia. As últimas palavras do Prior, antes do encerramento
propriamente dito, devem ir sempre nesse sentido.
Depois de dar um breve golpe de malhete diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, a obra deste dia chegou ao fim.
É hora de encontrarmos o repouso merecido, após os
nossos trabalhos. Mas antes de nos separarmos,
recolhamo-nos, novamente e por breves instantes, numa
harmonia silenciosa. Façamos silêncio em nós!
Este momento silencioso, tal como no início, não deve demorar
menos de um minuto nem mais do que cinco.
Após um breve golpe de malhete, o Prior diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, de pé. Retiremos as nossas
luvas32 e formemos a Cadeia de União.
A Cadeia de União, feita sem sair dos seus lugares33, excepto
aqueles que estão nos locais mais a Ocidente em ambas as
“colunas”, que se juntam para a fechar, pode ser curta ou longa34,
de acordo com os número de membros presentes. Uma cadeia curta
faz-se com os braços cruzados, o braço direito sobre o esquerdo,
dando a mão direita sobre a esquerda do Irmão (ou Irmã) ao seu
lado. A cadeia longa faz-se com os braços ao lado do corpo, também
32 Caso as tenham. Caso contrário, diz apenas: “Formemos a Cadeia de União”.33 Ou seja, a mesa será “envolvida” pela cadeia de união.34 Há ainda outras formas de fazer a Cadeia de União, que podem ser adoptadas a gosto pelo
grupo, com o beneplácito de todos.
27
com a mão direita sobre a mão esquerda do Irmão (ou Irmã) ao seu
lado.
Estando formada a Cadeia de União, o Prior diz:
Prior – Luz, Paz e Harmonia, com as bênçãos do Supremo
Arquitecto, assim seja!
Todos – Assim seja!
Desfaz-se a Cadeia de União. Os Irmãos e Irmãs retomam os seus
lugares em silêncio. Voltam a calçar as luvas e mantêm-se de pé.
Estando todos de pé nos seus lugares, com as luvas calçadas, o
Prior diz:
Prior – Irmãos e Irmãs, é hora de nos separarmos.
Devolvamos a este lugar o seu carácter profano. Que
a Luz que iluminou os nossos trabalhos se mantenha
nos nossos corações.
Dito isto, o Prior apaga a sua vela com o auxílio de um abafador.
Passa o abafador ao 1.º Ajudante, que imita o gesto do Prior. De
seguida, passa o abafador ao 2.º Ajudante, que procede da mesma
forma. Por fim, o 2.º Ajudante devolve o abafador ao Prior.
De seguida, todos abandonam a sala, seguindo o Prior e os
Ajudantes, pelas suas “colunas” (sem fazer qualquer circulação).
No exterior da sala, todos dão o ósculo fraternal, com o qual se
encerram “verdadeiramente” os trabalhos.
O Prior vai, depois, informalmente, mas em silêncio, apagar a vela
e encerrar o volume da Lei Sagrada35. Após o Ritual é fortemente
35 Se esteve presente.
28
sugerido que os Irmãos e Irmãs se juntem para um ágape, que deve
ser, como manda a Tradição, frugal e fraterno.
Fim
29
O RE em perguntas e respostas
Porque é que se usa a Bíblia e outros livros “do género” e não um
livro em branco, por exemplo, que é muito mais aglutinador?
A Bíblia, como todos sabem, está pejada de contradições, quando
interpretada literalmente. Nos outros “livros sagrados” passa-se
o mesmo, como não podia deixar de ser. O que importa é dimensão
“sagrada”, e não o conteúdo veiculado. Dimensão essa que um livro
em branco não poderá jamais atingir, mesmo com a melhor das boas
vontades.
Os que praticam Maçonaria, Martinismo, Rosacrucismo, Templarismo
são “maçons”, “martinistas”, “rosacrucianos”, “templários”. Os que
praticam o Rito Essencial serão os “essencialistas”?
Os que praticam o RE são “buscadores”, mas mesmo este termo deve
ser evitado ou usado poucas vezes. O que se procura (com o RE) é
chegar à essência de cada um. Essência essa que está “debaixo” ou
“oculta” por um sem número de camadas que vamos sobre nós
colocando, quando nos identificamos, por exemplo, com a nossa
profissão ou com o nosso gosto clubístico ou partidário. Ou seja,
não se trata de uma imposição moralista relativa nos seus
próprios termos, mas sim ao facto de no RE não haver lugar ao
acrescento de camadas, apenas ao seu desbaste. Pelo contrário e
infelizmente, nas organizações ditas tradicionais, ao invés de se
aceitar a proposta para que se ignore a ‘persona’, acaba por
surgir uma série de títulos, graus, qualidades, funções, que tende
a prolongar a viagem ‘egóica’, se não houver cuidados redobrados
e contínuos de auto-análise.
E a questão da Egrégora como fica?
A “questão da Egrégora” levantará sempre uma multiplicidade de
“novas questões”, pois é um tema dado a diversas interpretações,
30
deformadas muitas vezes pelos nossos próprios preconceitos. Como
se diz acima, a Egrégora em que se quer inscrever o RE é aquela
que, consciente ou inconscientemente, é criada ou, melhor dizendo,
alimentada pel’aqueles que procuram ter como prática o Bem e o
Belo. Ao falarmos de “Egrégora” estamos às portas da Crença, o que,
como tantas vezes somos recordados, não é passível de ser
discutido. Deixa-se, assim, uma resposta tendencialmente ambígua,
em relação a esta questão, pois não pode ser de outra forma.
Nunca fui iniciado em qualquer uma das organizações referidas,
mas gostaria de praticar o RE. Posso?
Esta é uma decisão do grupo. Ou seja, cabe ao grupo apurar se a
pessoa em questão vai beneficiar com a prática do RE. Trata-se de
um julgamento que será, como são todos, subjectivo. Mas, em última
análise, deve ser o grupo a decidir quais as pessoas que
considera “aptas” para o RE, passe o coloquialismo da expressão. É
certo que deixámos supra a consideração de que é (muito) prefe-
rível que tenham passado pelas provas da iniciação todos
aqueles que venham a fazer uso do RE. Mas acrescentamos que, por
exemplo, o baptismo pode muito bem ser uma (prova de) iniciação,
sem receio de exagero. Como se disse, cabe ao grupo a decisão.
Porque é que não se pode discutir no Templo o método organi-
zativo do grupo?
Nem o método organizativo do grupo nem tampouco qualquer outro
assunto de carácter profano. A palavra profano, que provem do
latim, vem da junção de duas palavras: ‘pro’ e ‘fanum’. ‘Pro’
significa “diante de” ou “perante”. ‘Fanum’ significa Templo ou
lugar sagrado. Assim, ‘profanum’ ou profano significa, literal-
mente, “diante do Templo” ou, se quisermos ser mais explícitos,
“fora do Templo”. Todo e qualquer assunto que não sirva um
carácter simbólico, iniciático, ou sagrado deve ser, a todo o custo,
31
evitado de ser discutido no Templo. Referências demasiadamente
concretas, relativas a aspectos da vida profana, devem também ser
evitadas, mesmo que pudessem servir para melhor ilustrar uma
qualquer reflexão que venha a ser partilhada.
Não existem já ritos e rituais suficientes? Para que é que serve
mais um?
Existem, de facto, muitos ritos e rituais; e alguns dos rituais que
se encontram em alguns ritos chegam mesmo a ser bastante
simples, como o quer ser o Ritual do RE. Em todo o caso, o RE não
pretende substituir os ritos já existentes. Tem por todos o
respeito que muito merecem. Apresenta-se não como uma alter-
nativa, mas sim como uma complementaridade ao que existe.
Apresenta um espaço de trabalho que pode ser usado por quem se
sinta confortável ao fazê-lo. Pretende ser, também, um aglutinador
ou “denominador comum” para quem de outra forma, por circuns-
tâncias várias, não tem hipótese de trabalhar ritualisticamente
em conjunto.
Sem a apresentação de trabalhos e sem debates, não serão os
rituais demasiadamente “vazios”?
Não se põe de parte a possibilidade de alguém apresentar um
trabalho particular, mas levanta-se alguma reserva quanto a
isso. Isto porque nos parece que a apresentação de um trabalho,
e/ou o debate sobre um qualquer assunto, podem dispensar a utili-
zação de um espaço consagrado, de um Templo. Mas, se ainda assim o
grupo quiser usar esse método de trabalho, sugere-se que as
pranchas ou os trabalhos apresentados procurem ser, em primeiro
lugar, breves, e que possam versar sobre assuntos “elevados”
(filosóficos, espiritualistas, iniciáticos, místicos) e nunca sobre
assuntos que remetam para “episódios concretos da vida profana”,
32
por muito que seja o interesse ou a actualidade que lhes possam
atribuir.
Não sou crente, mas tenho gosto por rituais. O RE será “para mim”?
Provavelmente, não. Se repararmos com cuidado nas palavras que
se encontram no Ritual, não parece que faça muito sentido que
alguém que não seja crente venha a estar interiormente dispo-
nível para invocar o “Único”, o “Grande Arquitecto”. É importante,
no entanto, que não se confunda o “crente” com o “religioso”. Pode
ser-se crente sem uma vivência religiosa; e pode ter-se uma
vivência religiosa, ou pelo menos comportamentos religiosos, sem
se ser crente. Mas isso levar-nos-ia por caminhos que por ora não
vale a pena percorrer. O que propomos, verdadeiramente, é uma
auto-análise, no sentido de que cada um que aqui aporte, procure
perceber “o que é que aqui o trouxe” ou “o porquê de aqui ter
chegado”. Depois dessa análise, se continuar (ou vier) a entender
que o RE lhe serve, pois que faça bom proveito(!).
33