revp03_vol3n5
-
Upload
noebauermarcos -
Category
Documents
-
view
610 -
download
4
Transcript of revp03_vol3n5
REV NET - DTA Online
DTA
DIVISÃO DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR
RREEVV NNEETT
ESTUDOS Avaliação doscomercializad
Estudo do perEspeciais de MSão Paulo, coe metodologia Embalagem paMigração de mutilizados em Tempo x temppelo serviço d DISCUSSÃInvestigação eocorrido no m ESTATÍSTFebre Tifóide 1960-2003 DISCUSSÃInvestigação d COMENTÁSurto alimenta - Janeiro de 2 Publicação bime
Epidemiológica (3081-9804, Fax
Uma Revista Eletrônica de Epidemiologia das DoençasTransmitidas por Alimentos
Vol. 3, No. 5, 1 de Setembro de 2003
Pg.
níveis de histamina em sardinhas frescas as na CEAGESP de São Paulo 151
fil dos participantes do curso de “Normas Técnicas anipulação de Alimentos” do município de
mo instrumento para avaliação da linguagem 160
ra alimentos: análise e segurança 169 etais presentes em corantes e pigmentos
embalagens para alimentos 175
eratura de preparações quentes servidas e alimentação escolar de Cajamar, SP 182
O DE CASO pidemiológica e sanitária de um surto de diarréia unicípio de Pontal, SP 189
ICAS - Casos confirmados autóctones, estado de São Paulo, 194
O DE CASO e um surto de diarréia em creche - Limeira, SP, 2002 195
RIOS r ocorrido no município de São João da Boa Vista, SP 002 202
stral da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, Centro de Vigilância CVE). Av. Dr. Arnaldo, 351 - 6º andar - sala 607, São Paulo, SP 01246 - 000, Tel. 11 11 3066-8258, e-mail: [email protected]
INGLÊS PORTUGUÊS
REV NET - DTA Online Vol. 3, No. 5, 1 de setembro de 2003
Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos Publicação bimestral da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Av. Dr. Arnaldo, 351 - 6º andar - sala 607, São Paulo, SP 01246 - 000, Tel. 11 3081-
DIVISÃO DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR
DTA RREEVV NNEETT
Acesso eletrônico
Disponível em versão eletrônica para a Internet no site do
CVE:
URL: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/dta_menu.htm
Centro de Vigilância Epidemiológica Carlos Magno C. B. Fortaleza, Diretor São Paulo, SP, BR Editores Maria Bernadete de Paula Eduardo, Editor Geral São Paulo, São Paulo, BR Alexandre J. da Silva, Editor Associado Internacional Atlanta, Geórgia, USA Jeremy Sobel, Editor Associado Internacional Atlanta, Geórgia, USA Eliseu Alves Waldman, Editor Associado São Paulo, São Paulo, BR Hillegonda Maria Dutilh Novaes, Editor Associado São Paulo, São Paulo, BR Elizabeth Marie Katsuya, Editor Assistente São Paulo, São Paulo, BR Letícia Maria de Campos, Editor Assistente São Paulo, São Paulo, BR Lilian Nunes Schiavon, Editor Assistente São Paulo, São Paulo, BR Maria Lúcia R. de Mello, Editor Assistente São Paulo, São Paulo, BR
A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA é publicada bimestralmente pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, do Centro de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Divulga resultados de pesquisas originais, revisões, discussão de caso (p. ex., investigação de surtos), estatísticas, comentários, notas científicas e outros eventos. É uma revista especializada na área de doenças transmitidas por alimentos e campos relacionados, com ênfase em epidemiologia. Vem sendo publicada desde 2001 (primeiro número em novembro de 2001): nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro. As opiniões expressadas pelos autores contribuintes à REVNET DTA não refletem necessariamente a opinião da Divisão de Doenças de Transmissão e Alimentar e do Centro de Vigilância Epidemiológica ou das instituições a que pertencem os autores. Envie seu artigo para: [email protected] e-mail:
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 150
ESTUDOS
Avaliação dos níveis de histamina em sardinhas frescas comercializadas na CEAGESP de São Paulo(a)
Rosymaura Baena Moreno¹, Elizabeth F. da Silva Torres², José Machado Moita Neto³
¹Instituto Adolfo Lutz - IAL, São Paulo, SP, Brasil; ²Faculdade de Saúde Pública – USP, São
Paulo, SP, Brasil; ³Departamento de Química, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI,
Brasil. (a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo
O pescado é fonte de proteínas, vitaminas e minerais, porém, de rápida deterioração, na qual enzimas
descarboxilantes produzidas por bactérias formam as aminas biogênicas. A mais estudada é a histamina por causar
intoxicações, após o consumo de peixes com alto teor dessa substância. Desde 1997, a vigilância sanitária brasileira
passou a preconizar a quantificação dessa amina biogênica em pescado fresco como índice de qualidade, aplicando a
técnica oficial. Há falta de dados relevantes sobre esse índice nos pescados comercializados em São Paulo e portanto
objetivamos avaliar os níveis de histamina em pescado fresco como índice de qualidade, aplicando a técnica oficial. 40
amostras, formadas por lotes de 10 unidades de sardinha verdadeira (Sardinella brasilienses), comercializada na
CEAGESP foram preparadas e analisadas em triplicata pelo método fluorimétrico, recomendado pela AOAC (2000) e
pela legislação brasileira. A média das concentrações de histamina encontrada nas amostras foi de 4,14 ± 1,92 mg de
histamina livre por 1000 g de amostra, sendo baixa em relação ao limite estabelecido que é de 100 mg de histamina
livre por 1000 g de pescado. Constatou-se ser o método satisfatório e os níveis de histamina obtidos estavam dentro do
limite permitido pela legislação brasileira.
Palavras-chave: Aminas biogênicas; histamina; intoxicações alimentares por escombrídeos;
escombrotoxicoses; método fluorimétrico.
Introdução
O pescado, dentre os produtos alimentícios de origem animal, constitui-se em uma
importante fonte de proteínas, ácidos graxos ômega 3, vitaminas e minerais, e é também um
dos mais susceptíveis à deterioração (1,2,3,4,5,6).
O processo de deterioração do pescado fresco pela ação bacteriana é decorrente,
sobretudo, da utilização inicial dos compostos nitrogenados não protéicos e, em seguida, até
de proteínas como substrato (7).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 151
Nos peixes, durante a deterioração, as aminas biogênicas são formadas por ação de
enzimas descarboxilantes de aminoácidos produzidas por bactérias. Dentre as aminas, a
histamina é a mais estudada (8,9).
Em amostras de atum, cavalinha, cação, corvina, pescada e camarão sete-barbas, na
flora bacteriana superficial nota-se a predominância de Proteus morganii, Víbrio spp.,
Aeromonas, espécies formadoras de histamina (7, 10).
A intoxicação por histamina tem sido observada após o consumo de peixes com altos
teores desta amina. A sintomatologia desenvolvida pela intoxicação apresenta distúrbios
hemodinâmicos, neurológicos, cutâneos, gastrintestinais, em alguns casos até choque
anafilático. Poliaminas potencializam o efeito tóxico da histamina (11,12,13,14).
Os níveis de histamina variam de espécie para espécie e de peixe para peixe dentro de
uma mesma espécie e até mesmo em diferentes partes do mesmo peixe e pode ser
incrementado por condições inadequadas de captura, armazenamento e processamento. Além
disto, algumas destas aminas são termo-resistentes, podendo estar presentes no produto, após
o processo de esterilização (15, 16,17,4).
Aminas biogênicas quando presentes em concentrações acima de 100 mg/100g de
alimento, em peixes, conferem risco à saúde pública. Por isso, estudos que possam delimitar a
presença destas ou valores máximos detectáveis são necessários. Além de que sua presença
pode ser considerada como índice de qualidade e das condições higiênicos-sanitárias durante
o manuseio do alimento (7, 18).
A Resolução GMC nº 40/94 do MERCOSUL e a Portaria nº 185/97 do Ministério da
Agricultura do Brasil (19), estabelecem o controle dos níveis de histamina em peixes frescos,
pertencentes às famílias Scombridae, Scomberesocidade, Coryphaenidae, Clupeidae e
Pomatomidae, até então não previsto nas normas técnicas. O tema é pouco abordado em
eventos científicos, portanto a crescente pesquisa que terá como objetivos: avaliar mediante o
proposto em ambas as legislações acima citadas tanto a utilização do método fluorimétrico
como também os níveis de histamina em amostras coletadas de um determinado pescado que
estariam sendo comercializadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo (CEAGESP) em São Paulo e, posteriormente, consumidas pela população local.
Material e Métodos
O material utilizado foi a espécie de pescado pertencente à família Clupeidae,
respectivamente representada por sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis), de origem
marinha (20) tendo sido adquirida para o estudo na CEAGESP no final do segundo semestre
de 1999, sendo o critério de escolha baseado no consumo, no baixo custo e na grande entrada
para comercialização no Entreposto, segundo dados do Boletim Anual da CEAGESP de 1997
(21).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 152
O cálculo do tamanho da amostra foi baseado nos resultados obtidos por Soares e
Glória (22), prevendo-se uma perda de cerca de 10% das amostras durante o processamento
das análises, estimou-se um tamanho final de 40 amostras de lotes de 10 unidades para cada
amostra de Sardinha Verdadeira (Sardinella brasiliensis), comercializadas frescas e adquiridas
para o presente estudo na CEAGESP, 16 amostras foram procedentes do Estado do Rio de
Janeiro, 13 do estado de São Paulo e 11 do estado de Santa Catarina.
Os peixes foram adquiridos no início da manhã, assim que chegaram ao CEAGESP e
imediatamente adicionados em embalagens plásticas, tipo “zippy”, colocados em recipientes
isométricos contendo gelo triturado e transportados ao laboratório do Instituto Adolfo Lutz,
onde, cada unidade de peixe foi limpa e lavada, removidas suas escamas, cauda e nadadeiras,
descabeçadas, evisceradas e também foram retiradas as vértebras e, então, estas unidades já
na forma de filés abertos foram moídas e homogeneizadas por três vezes.
Das amostras homogeneizadas, foram preparados extratos para determinação do teor
de histamina da seguinte forma: as amostras foram pesadas em béquer de 125 mL de
polipropileno, cerca de 10 g de amostra homogeneizada em triplicata e foram adicionados 50
ml de metanol (MeOH) e, imediatamente, homogeneizadas por dois minutos. O
homogeneizado foi transferido para uma proveta de 10 mL e levado ao banho-maria a 60º C
por 15 minutos. Após esfriar para 25º C, filtrou-se a solução em papel de filtro para um balão
volumétrico de polipropileno de 100 mL e completou-se o volume para 100 ml com MeOH,
sendo guardado sob refrigeraçÃo (23).
O método fluorimétrico baseia-se no acolpamneto da histamina encontrada no extrato
da amostra purificado com resina de troca iônica (Dowex I-x8, 50-100 mesh) com o-ftalaldeído
a 0,1% (dissolvido em metanol PA), formado um composto fluorescente, efetuado em meio
alcalino (NaOH 1N), adicionando-se ácido fosfórico 3,57 N, antes da leitura por
espectrofotofluorimetria, em fotofluorímetro Perkin-Elmer, modelo 203 ou 204, com lâmpada de
mercúrio, média pressão com excitação de 350 nm e leitura de emissão de 444 nm (23).
Para purificação das amostras, usou-se um tubo cromatográfico de polipropileno de
200x7 mm, com controle de escoamento na razão maior que 3 mL/minuto que foi preparado
com lã de vidro e resina de troca iônica, formando uma camada de 8 cm sempre adicionada de
água com nível acima da resina.
Usaram-se as seguintes soluções-padrão: Solução “estoque” de histamina 1 mg/mL
que foi preparada pesando-se exatamente 169,1 mg de histamina 2HCl (ácido clorídrico) e
dissolvida em 100 mL de HCl 1 N; Solução intermediária de histamina 10 µg/ml que foi
preparada a partir de 1 ml da solução “estoque” em 100 ml de HCl 0,1 N; Soluções-padrão de
histamina em diferentes concentrações: 0,25 µg/5 mL; 0,5 µg/5 mL; 1,0 µg/5 mL; 1,5 µg/5 mL e
2,0 µg/5 mL que foram preparadas usando-se respectivamente 0,5 mL, 1 mL, 2 mL, 3 mL e 4
mL da solução intermediária em 100 mL de HCl 0,1 N.
A curva-padrão foi preparada usando-se 5 mL de cada solução-padrão, em duplicata,
adicionadas de 10 mL de HCl 0,1 N e 3 mL de NaOH 1 N e misturadas.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 153
Verificou-se que alguns trabalhos descritos na literatura recomendam a adição de
Triton-X-100 (detergente não iônico), à solução de hidróxido de sódio 1 N e manter o pH entre
12,5 e 13,5, com agitação por 5 minutos (24,25). Adicionou-se, então, Triton-X-100 a 1%.
Após 5 minutos, foi acrescentado 1 mL de o-ftalaldéido e a solução foi homogeneizada,
imediatamente, após 4 minutos foram adicionados 3 mL de ácido fosfórico 3,57 N com imediata
homogeneização. O branco foi preparado com a utilização de 5 mL de HCl 0,1 N no lugar de 5
mL do padrão de histamina, devendo o procedimento ser igual ao já descrito. O aparelho foi
zerado com água destilada e a leitura foi feita num prazo de 1 hora, tempo no qual ocorreram o
desenvolvimento e a estabilidade da fluorescência. Na execução da técnica, observou-se a
necessidade de avaliar condições para formação do complexo fluorescente e sua estabilização,
pelo tempo de 1 hora ao menos (26,27,28).
Para a determinação de histamina no extrato das amostras com metanol, a coluna foi
lavada com água e o filtrado foi descartado. Imediatamente, 1 mL do extrato das amostras
adicionado de 4 mL de água foi escoado pela coluna e coletado em um balão volumétrico de
polipropileno de 50 mL, contendo 5 mL de HCl 1N, a coluna foi lavada várias vezes com água
até perfazer 50 mL do filtrado total coletado (em vez de 35 mL, como é descrito no método da
(23) em balão de polipropileno 50 mL e deste foi retirada uma alíquota de 5 mL e foram
adicionads 10 mL de HCl 0,1 N e a leitura seguiu procedimento igual à da curva padrão,
começando com base na adição de 3 mL de NaOH 1N. A equação da reta da curva padrão foi
considerada para os cálculos.
As determinações para o estudo de recuperação foram feitas em 9 replicadas de 10 g
de amostra cada, sendo o pescado fresco, previamente, homogeneizado, em duas diferentes
fases de adição de volume da solução-padrão de histamina, sendo a fase I sem qualquer
adição de volume da solução-padrão de histamina e a fase II adicionada com a metade do
valor do volume equivalente a concentração de histamina da fase I, para o cálculo da %R a
fórmula %R = [(CF– CN)/CA] x 100, onde CF = Concentração média de histamina medida na fase
II com adição de volume da solução-padrão de histamina, CN = Concentração média de
histamina medida na fase I sem adição de volume da solução-padrão de histamina, CA =
Concentração de histamina correspondente ao volume da solução-padrão de histamina
adicionado, sendo este valor calculado e não medido pelo método. Foram estimadas as médias
da concentração de histamina e seus respectivos intervalos com 95% de confiança para o
conjunto dos peixes.
Resultados e Discussão
Realizou-se a leitura das diferentes concentrações das soluções-padrão, já
previamente preparadas e construiu-se o gráfico da curva padrão de histamina, plotando os
dados obtidos que podem se visto na Figura 1.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 154
FIGURA 1 – Gráfico da curva padrão de histamina
Gráfico da Curva Padrão de Histamina
0,000
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
0,000 0,500 1,000 1,500 2,000
ug Histamina Livre / 5 mL
Inte
nsid
ade
EF
y = 46,50x R2 = 0.9989
nota: Histamina livre = Hm L
µg Histamina livre/5 mL
A curva-padrão apresentou boa correlação linear (R2 = 0,9989) entre a leitura e a
concentração de histamina nas soluções-padrão.
Os resultados obtidos no estudo de recuperação da técnica da AOAC (23) foram
calculados para 10 g de peixe devidamente homogeneizados e usando a equação da reta y =
46,59x e a fórmula, %R = [(CF – CN)/CA} x 100, para o cálculo da recuperação da fase II, com
adição de volume de solução-padrão de histamina, assim foi obtido um resultado de 99,022%
de recuperação, considerada como um resultado satisfatório (26), mostrando ser reprodutível,
preciso e sensível, de fácil execução e custo moderado, indicado para a determinação de
histamina em análises de rotina.
Ao se submeter as amostras em triplicata ao método de análise escolhido, foram
obtidos valores médios de concentração de histamina livre para as mesmas, expressos nos
dados da Tabela 1.
TABELA 1 – Amostras procedentes do Estado do Rio de Janeiro, estado de São Paulo e do
Estado de Santa Catarina e respectivos valores de concentração de histamina livre, obtidos
após análise.
Esta dos Am ostra s* XM±DP**Rio de Janeiro 16 3,62±1,88São Paulo 13 9,57±9,05Santa Catarina 11 15,81±37,8
*(O número de amostras por Estado proveniente de várias Cidades)/**(Concentração de desvio-padrão de histamina
livre encontrada nas médias das amostras, procedentes por Estado em mg/ 1000g de peixe).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 155
Dentre as 40 amostras, os desvios relativos das amostras A-22, A-39 e A-40
procedentes do estado de São Paulo e a A-23 do Estado de Santa Catarina, superaram 5%,
portanto, essas amostras foram expurgadas da média por razões estatísticas. Sendo assim,
foram calculados a média e o respectivo desvio-padrão para 36 amostras e o valor encontrado
foi 4,14±1,92 mg de histamina livre/1000 g de peixe.
Os dados da Tabela 2 trazem o resumo dos parênteses estatísticos do conjunto das
amostras e dos subconjuntos Santos, Angra dos Reis e Itajaí.
TABELA 2 – Parâmetros estatísticos das 36 (todas) amostras e dos subconjuntos das
amostras procedentes das cidades de Santos (SP), Angra dos Reis (RJ) e Itajaí (SC).
Am ostra s Nº de a m ostra s Mé dia De svio-pa drã oTodas 36 4,14 1,92Santos (SP) 7 4,6 1,17Angra dos Reis 8 3,04 1,42Itajaí (SC) 9 4,55 2,27
A comparação entre as médias dos subconjuntos das amostras das cidades de Santos
e Angra dos Reis, por meio do teste t, mostra que há diferença significativa dessas médias.
A aplicação do teste t entre as médias dos subconjuntos das amostras das cidades de
Angra dos Reis e Itajaí e entre as médias dos subconjuntos das amostras das cidades de Itajaí
e Santos não mostraram diferenças significativas entre essas médias.
De acordo com dados apresentados na literatura, as concentrações de histamina
determinadas neste estudo, para este conjunto de amostras, não são consideradas tóxicas (29,
30,31,32,33,34,35,36,37).
Comentários e Conclusões
Possivelmente os valores encontrados, dentro do limite estabelecido por lei, devam-se,
em parte, às boas práticas de manipulação (transporte, conservação e comercialização)
naquele entreposto. Dessa forma, contraria a expectativa inicial de que São Paulo por não ser
uma cidade litorânea, poderia apresentar níveis tóxicos de histamina nos pescados aqui
comercializados.
Para se ter uma avaliação melhor da qualidade do pescado comercializado em São
Paulo, talvez fosse interessante, por parte da Vigilância Sanitária ser feito um plano de
amostragem de retirada de análise de pescado com propensão à formação de histamina,
durante todo o ano.
Esse controle seria realizado não somente no entreposto, mas também em todos os
locais, onde o pescado fosse comercializado e ou processado, afinal, não são conhecidas as
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 156
reais condições desses locais de produção e comercialização, menos ainda quais são as
condições de transporte dos pescados.
Quanto à metodologia aplicada para a quantificação de histamina, em uma próxima
etapa, é importante a participação em um estudo interlaboratorial.
Os resultados obtidos nesse trabalho permitem as seguintes conclusões:
Quanto ao método utilizado para a análise, constatou-se ser satisfatório para a rotina
laboratorial.
Para este conjunto de amostras de sardinha verdadeira, verificou-se que os teores de
histamina (em mg hml/1000 g de amostra) estavam dentro dos limites estabelecidos pela
legislação brasileira.
Referências bibliográficas
1. Leitão MFF. Deterioração microbiana do pescado e sua importância em saúde pública. Hig
Aliment 1984; 3: 143-52.
2. Beraquet NJ, Lindo MMK. Transformações bioquímicas “post mortem” em pescado. Bol Inst
Tecnol Aliment 1985; 22: 169-92.
3. Castro LAB de Bioquímica do pescado I – Composição química. Bol Tec Inst Pesca 1988;
2: 1-16.
4. Sassaki LA, Ribeiro P. Intoxição histamínica por pescado. Hig Aliment 1991; 5 (18): 20-3.
5. Ashie INA, Smith, JP, Simpson BK. Spoilage and shelf life extension of fresh fish and
shellfish. Crit Rev Food Sci Nutr 1996; 36 (182): 87-121.
6. Germano PML, Germano MIS, Oliveira CAF. Aspectos da qualidade do pescado de
relevância em saúde pública. Hig Aliment 1998; 12 (53): 30-7.
7. Leitão MFF. Microbiologia e deterioração do pescado fresco e refrigerado de origem fluvial
ou marinha. In: Controle de qualidade do pescado. Santos (SP): Leopoldianum; 1988. p.
40-58.
8. Baldini VLS. Aminas biogênicas e a deterioração do pescado. Bol Inst Tecnol Aliment 1982;
19: 389-402.
9. Rodriguez-Jerez JJ, Mora-Ventura MT, Civera T. Istamina e prodotti ittici: um problema
attuale-parte I: fattori implicati. Ind Aliment 1994; 33: 299-307.
10. Germano PML, Oliveira JCF, Germano MIS. O pescado com causa de toxinfecções
bacterianas. Hig Aliment 1993; 7 (28): 40-5.
11. Maga JÁ. Amines in foods. Crit Rev Food Sci Nutr 1978; 10: 373-403.
12. Smith TA. Amines in food. Food Chem 1980/ 1981; 6: 169-200.
13. Karolus JJ, Lenblanc DH, Marsh AJ, Mshar R, Furgalack TH. Presence of histamine in the
bluefish, Pomatomus saltatrix. J Food Prot 1985; 48: 166-8.
14. Bjeldanes LF, Schtz DE, Morris MM. On the aetiology of scombroid poisoning: cadaverine
potentiation of histamine toxicity in the guinea pig. Food Cosmet toxicol 1978; 16: 157-9.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 157
15. Karmas E, Mietz JL. Polyamine and histamine content of tuna fish and the relationship to
decomposition. Liebensmitt Wiss Technol 1978; 11: 333.
16. Kim JS, Bjeldanes LF. Amine content of toxic and wholesome canned tuna fish. J Food Sci
1979; 44: 922-3.
17. Leitão MFF, Baldini VLS, Sales AM. Histamina em pescados e alimentos industrializados.
Colet Inst Tecnol Aliment 1983; 13: 123-30.
18. Halász A, Baráth A, Simon-Sarkadi L, Holzapfel W. Biogenic amines and their production by
microrganisms in food. Trends Food Sci Tecnol 1994; 5: 42-9.
19. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria nº 185, de 13 de maio de 1997:
considerando a Resolução Mercosul GMC nº 30/94, aprova o Regulamento Técnico de
Identidade e Qualidade de Peixe Fresco (inteiro e eviscerado), Diário Oficial da União,
Brasília (DF), 19 maio 1997. Seção 1, p. 10283.
20. Nomura H. Dicionário de peixes do Brasil. Brasília (DF): Editora; 1984.
21. [CEAGESP] Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Departamento
de Entrepostos. Seção de Economia e Desenvolvimento. Pescado. Bol Anu 1997: 261-305.
22. Soares VFM, Glória MBA. Histamine levels in canned fish available in Belo Horizonte,
Minas Gerais, brazil. J Food Compos Anal 1994; 7: 102-9.
23. [AOAC] Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of AOAC
International. [CD-ROM] 17Th ed. sl; 2000. AOAC Official Method 977. 13; Histamine in
Seafood, Fluorimetric Method.
24. Soares VFM, Glória MBA. Comparação de técnicas fluorimétricas para a determinação de
histamina em pescado. In: Anais do 6o Encontro Nacional de Analistas de Alimentos; 1990;
Curitiba (PR). Curitiba (PR); 1990. P. 60.
25. Soares VFM. Teores de histamina em pescado congelado e em conserva comercializado
em Belo Horizonte, MG. Belo Horizonte (MG); 1992. [Dissertação de Mestrado – Faculdade
de Farmácia da UFMG].
26. Staruszkiewicz WF. Fluorimetric determination of histamine in tuna: collaborative study. J
AOAC 1977; 60:1131-6.
27. Taylor SL, Lieber ER. Specificity and sensitivity of seven histamine detection methods. J
Food Sci 1977; 42: 1584-6.
28. Guzmán ESC. Métodos químicos para análise de pescado. In: Controle de qualidade de
pescado. Santos (SP): Leopoldianum; 1988. p. 196-209.
29. Yeannes MI, Casales MR. Influencia del proceso em el nivel de histamina em productos
pesqueros [Influence of processing on histamine in fish products]. Alimentaria 1995; 262:
93-8.
30. Rawles DD, Flick GJ, Martin RE. Biogenic amines in fish and shelfish. Adv Food Nutr Res
1996; 39:329-64.
31. Veresbaranji A, Kelemen-Masic D, Curcic R. [Fluorimetric determination of histamine a
mounts of canned fish]. Tehnologija-Mesa 1997; 38: 216-7.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 158
32. Galvan PJV, Belda JF, Vano AG, Climent FC. Histamina en pescado fresco y
semiconservas [Histamine fresh and semi-preserved fish]. Aliment Equipos Tecnol 1997;
16: 91-4.
33. Fletcher GC, Summers G, Van Veghel PWC. Levels of histamine and histamine-producing
bacteria in smoked fish from New Zealand markets. J Food Prot 1998; 61: 1064-70.
34. Pacheco-Aguilar R, Lugo-Sánchez ME, Villegas-Ozuna RE, Robles-Burgueño R. Histamine
quantification in Monterey sardine muscle and canned products from northwertern Mexico. J
Food Compos Anal 1998; 11:188-95.
35. Sebastio P, Ambroggi F, Baldrati G, Gola S, Saccani G, Draisci R, Lucentini L. II rischio
igienico-sanitario correlato alla presenza d’istamina nella filiera produttiva delle
semiconserve di acciughe (Engraulis encrasicholus L.) [The hygienic-sanitary risk
associated whith the presence of histamine in the manufacture of anchovy semipreserves
(engraulis encrasicholus L.)]. Ind-Conserve 1998; 73: 192-205.
36. Hernández-Herrero MM, Roig-Sagués AX, Rodríguez-Jerez JJ, Mora-Ventura MT.
Halotolerant and halophilic histamine-forming bacteria isolated during the ripening of salted
anchovies (Engraulis encrasicholus). J Food Prot 1999; 62: 509-14.
37. Lima AS, Glória MBA. Aminas bioativas em alimentos. Bol SBCTA 1999; 33: 70-9.
Endereço para correspondência: Rosymaura Baena Moreno; Instituto Adolfo Lutz; e-
mail: [email protected]
____________________________________________________________
INFORMAÇÕES online SOBRE
DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR DISPONÍVEIS NO INFORME NET DTA:
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/dta_menu.htm
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 159
ESTUDOS
Estudo do perfil dos participantes do curso de “Normas Técnicas Especiais de Manipulação de Alimentos” do município de São Paulo, como instrumento para avaliação da linguagem e metodologia(a)
Suely Stringari de Souza¹; Helena Dias de Oliveira¹; Ana Marisa Tenuta Perondi¹; Maria Teresa G. Rocha Campos¹ ¹Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria Municipal de Abastecimento – Departamento de Inspeção Municipal de Alimentos – Seção Técnica de Educação Sanitária. (a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em sessão oral e pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo
O Departamento de Inspeção Municipal de Alimentos da Secretaria Municipal de Abastecimento de São Paulo vem
implementando um programa de educação continuada através do Curso de Normas Técnicas Especiais de
Manipulação de Alimentos, para proprietários ou responsáveis por estabelecimentos do varejo alimentício, desde 15 de
setembro de 1997. O presente estudo objetivou conhecer o perfil do público alvo através de pesquisa realizada no
período de 15 de maio a 06 de novembro de 2001, em amostra de 832 pessoas. A análise demonstrou que entre os
participantes houve predominância de indivíduos do sexo masculino, com idade entre 30 e 40 anos, naturais do estado
de São Paulo e com o 2º grau completo. A maioria é de proprietários do estabelecimento, há no máximo 3 anos, não
tendo, anteriormente, exercido atividade ligada à área de alimentos e nem recebido treinamento específico. Quanto ao
estabelecimento, o ramo de atividade mais freqüente foi o de restaurante, apresentando, até no máximo, 9
funcionários. A constante renovação e falta de preparo para o exercício da atividade, aumenta o risco de ocorrência de
Doenças Transmitidas por Alimentos entre os consumidores. Desta constatação infere-se a necessidade de uma
abordagem ampla sobre a legislação sanitária e responsabilidade do proprietário quanto a saúde da população,
incentivando-o a buscar aprofundamento técnico para a implantação das boas práticas operacionais nos
estabelecimentos comerciais de alimentos.
Palavras-chave: boas práticas de manipulação de alimentos; educação sanitária; vigilância sanitária de
alimentos.
Introdução
Nos centros urbanos, o hábito de alimentar-se fora da residência vem
aumentando. Este comportamento, é conseqüência da diminuição do tempo disponível para o
preparo dos alimentos, da distância entre os domicílios e os locais de trabalho e das
dificuldades de transporte e locomoção, próprias dos grandes centros (1).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 160
Neste contexto, os estabelecimentos de preparo e comércio de alimentos
representam um papel importante na qualidade da alimentação da população humana.
Cabe aos serviços de Vigilância Sanitária minimizar os riscos de transmissão de
doenças causadas pelo consumo alimentar. Germano (2) define Vigilância Sanitária como o
“conjunto de medidas que visam a elaboração, a aplicação, o controle e a fiscalização,
respeitada a legislação pertinente, de normas e padrões de interesse da saúde individual e
coletiva, relativas ao ambiente, serviços e trabalho”.
Além das atividades de controle e fiscalização, cabe aos órgãos de Vigilância
implementar políticas públicas de promoção e proteção da saúde.
A 1a Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, definiu
promoção da saúde como o “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria
da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste
processo”. Identifica-se a eficiência da educação em saúde em uma comunidade quando os
indivíduos passam a ter maior controle sobre a própria vida e saúde (2).
A Promoção de Saúde só se concretiza em estilos de vida em políticas saudáveis
se ações educativas ocorrerem simultaneamente (3).
A Secretaria Municipal do Abastecimento de São Paulo (SEMAB), por meio do
Departamento de Inspeção Municipal de Alimentos (DIMA) promove desde 15.09.1997, o curso
de Normas Técnicas Especiais de Manipulação de Alimentos, desenvolvido pela Seção
Técnica de Educação Sanitária.
A Lei Municipal n.º 11.728 de 22/02/1995 alterada pela Lei n.º 12.150 de
19/07/1996, regulamentada pelo Decreto n.º 37.063 de 15/09/1997, institui a obrigatoriedade de
participação de proprietários ou responsáveis por estabelecimentos do comércio varejista de
alimentos no curso, e responsabilizou o DIMA por sua execução.
O curso de “Normas Técnicas Especiais de Manipulação de Alimentos” objetiva a
sensibilização dos proprietários do comércio varejista de alimentos quanto a importância da
qualidade dos produtos preparados e distribuídos em seus estabelecimentos, definindo suas
responsabilidades com relação a população.
Seus pressupostos apoiam-se na visão de educação como um processo
generalizado e contínuo de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes do
indivíduo, por meio de atividades formais ou informais. Estas devem propiciar condições para o
acúmulo de conhecimentos, formação de consciência crítica e competências, que levem o
homem a buscar as transformações necessárias na construção de uma sociedade mais justa
equitativa (4, 2).
O curso é ministrado no anfiteatro do Departamento de Inspeção Municipal de
Alimentos (DIMA) da Secretaria Municipal de Abastecimento (SEMAB). A metodologia
empregada buscou utilizar linguagem e técnicas apropriadas ao público alvo.
Com o intuito de aprimorar e adequar a metodologia, além da análise dos
questionários de avaliação distribuídos ao final de cada ciclo, decidiu-se pesquisar entre os
participantes, o perfil deste profissional.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 161
Material e Método
O perfil foi pesquisado através da avaliação de 832 questionários distribuídos
entre os participantes de 19 turmas do Curso de Normas Técnicas Especiais de Manipulação
de Alimentos, no período de 15.05 a 06.11.2001. A distribuição foi precedida da explicação do
objetivo da pesquisa e as questões foram respondidas livremente, sem interferência das
autoras e de forma anônima.
Na devolução dos formulários já preenchidos, foi observado, sem constranger o
participante, se a ausência de resposta era conseqüente a problemas de analfabetismo. Este
dado entretanto, pode ter sido prejudicado tendo em vista a subjetividade da medida.
O questionário formulado para pesquisa visava identificar as características sócio-
demográficas do participante, seu tempo de atividade com alimentos e treinamento específico
na área, além de dados referentes ao estabelecimento comercial, como ramo de atividade e
número de funcionários.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 mostra a predominância do sexo masculino em 49,64% dos
participantes. Setenta e dois participantes (8,65%) não responderam a essa pergunta.
Tabela 1 - Distribuição dos participantes segundo o sexo, São Paulo – SP – 2001.
SEXO NÚMERO PORCENTAGEM
Masculino
Feminino
Não responderam
413
347
72
49,64
41,71
8,65
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED.SANITÁRIA
Na Tabela 2, observa-se a predominância da faixa etária localizada entre 30 e 40
anos, seguida da de 20 e 30 anos, com 29,81% e 29,21% respectivamente.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 162
Tabela 2 - Distribuição dos participantes, segundo a faixa etária, São Paulo – SP – 2001.
FAIXA ETÁRIA NÚMERO PORCENTAGEM
≤ 19
20 |- 30 30 |- 40 40 |- 50
≥ 50
Não responderam
18 243 248 184 101 38
2,16 29,21 29,81 22,11 12,14 4,57
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED.SANITÁRIA
A Tabela 3 mostra que a maioria dos participantes é brasileira (90,87%) e natural do
Estado de São Paulo (56,01%). A região Sudeste está representada com 62,14% dos
participantes, seguida da região Nordeste com 22,72%.
Tabela 3 - Distribuição dos participantes segundo a Natalidade, São Paulo - SP - 2001.
LOCAL DE NASCIMENTO NÚMERO PORCENTAGEM
BRASIL SUDESTE SP MG, RJ, ES NORDESTE SUL CENTRO-OESTE NORTE OUTROS PAÍSES PORTUGAL CHINA JAPÃO OUTROS NÃO RESPONDERAM
756
717
466
51
189
37
7
6
48
33
6
4
5
28
90,87
62,14
56,01
6,13
22,72
4,45
0,84
0,72
5,76
3,96
0,72
0,48
0,60
3,37
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
Quanto ao grau de escolaridade, a Tabela 4 mostra predominância de pessoas
com o 2º grau completo (19,71%), seguida de 2º grau incompleto (16,23%). Não respondera,
71 pessoas (15,99%). Foram identificados 4 analfabetos (0,48%) entre as pessoas inquiridas
na devolução dos formulários. Esta constatação indica a possibilidade de utilização de
dinâmicas com leitura e interpretação de textos.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 163
Tabela 4 - Distribuição dos participantes, segundo o grau de escolaridade, São Paulo-SP-2001.
GRAU DE ESCOLARIDADE NÚMERO PORCENTAGEM
Não alfabetizado 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Não responderam
4
156
80
135
164
89
133
71
0,48
18,75
9,62
16,23
19,71
10,69
15,99
8,53
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
Na Tabela 5 observa-se que o ramo mais freqüente é o de restaurante (27,16%)
seguido do de lanchonete (16,11%).
Tabela 5 - Distribuição dos estabelecimentos participantes segundo o ramo de atividade – São
Paulo – SP – 2001.
RAMO DE ATIVIDADE NÜMERO PORCENTAGEM
Restaurante Lanchonete Padaria Supermercado Açougue Bar e lanches Mercearia Laticínios Outros Não responderam
226
134
68
59
37
69
51
14
108
66
27,16
16,11
8,17
7,09
4,45
8,30
6,13
1,68
12,98
17,93
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
A Tabela 6 mostra que os proprietários aparecem em maior número (50,48%),
seguidos dos gerentes (30,29%). Não responderam 41 participantes (4,93%).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 164
Tabela 6 - Distribuição dos participantes, segundo a função no local de trabalho – São Paulo –
SP – 2001.
FUNÇÃO NÚMERO PORCENTAGEM
Proprietário Gerente Funcionário Não responderam
420
252
119
41
50,48
30,29
14,30
4,93
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
A grande maioria dos estabelecimentos possui até 9 funcionários (62,14%)
(Tabela 7).
Tabela 7 - Distribuição dos estabelecimentos participantes, segundo o número de funcionários
São Paulo – SP – 2001.
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS NÜMERO PORCENTAGEM
0 |- 10 10 |- 20 20 |- 30 30 |- 50 50 |- 100
≥ 100
Não responderam
517
103
51
37
29
13
82
62,14
12,38
6,13
4,45
3,48
1,56
9,86
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
A Tabela 8 demostra que a maior parcela dos participantes está no ramo de alimentos, no
máximo até 4 anos (34,74%), seguido de 164 pessoas de 4 a 8 anos (19,71%) e 103 pessoas
de 8 a 12 anos de atividade na área (12,38%).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 165
Tabela 8 - Distribuição dos participantes segundo o tempo de trabalho no ramo de alimentos
São Paulo – SP – 2001.
TEMPO EM ANOS NO RAMO
DE ALIMENTOS
NÚMERO PORCENTAGEM
0 |- 4
4 |- 8
8 |- 12
12 |- 16
16 |- 20
20 |- 24
≥24
Não responderam
289
164
103
53
25
22
46
130
34,74
19,71
12,38
6,37
3,00
2,64
5,53
15,63
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
A Tabela 9 mostra que a maioria dos participante (72,35%) veio de outras áreas
profissionais diversa da do ramo de alimentos, apenas 22,48% do total sempre trabalhou com
alimentos.
Tabela 9 - Distribuição dos participantes, segundo atividade profissional anterior – São Paulo –
SP – 2001.
ATIVIDADE NÚMERO PORCENTAGEM
Sempre trabalhou c/ alimentos Estudante Indústria Serviços Profissional liberal Comércio Ensino Serviço público Agricultura Sem atividade anterior Outros Não responderam
187
1
64
95
53
175
17
20
41
117
19
43
22,48/
0,12
7,69
11,42
6,37
21,03
2,04
2,40
4,93
14,07
2,28
5,17
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 166
Na Tabela 10 verifica-se que a grande maioria dos participantes (76,08) nunca
recebeu qualquer treinamento na área de alimentos. Cento e sessenta e quatro pessoas
(19,71%) fizeram cursos e destes, apenas 9,13%, em higiene na manipulação de alimentos.
Tabela 10 - Distribuição dos participantes, segundo treinamento na área de alimentos - São
Paulo – SP – 2001.
TREINAMENTO NÚMERO PORCENTAGEM
Nunca recebeu treinamento 633 76,08
Treinamento 164 19,71
- Higiene na manipulação de alimentos
76 9,13
- Outros 88 10,58
Não responderam 35 4,21
TOTAL 832 100,00 FONTE: SEMAB/DIMA/ED. SANITÁRIA
Conclusão
O perfil do comerciante de alimentos da cidade de São Paulo avaliado através dos
participantes do Curso de Normas Técnicas Especiais de Manipulação de Alimentos apresenta
como principais características: predominância do sexo masculino; natural do estado de São
Paulo; faixa etária entre 30 e 40 anos; com 2º grau completo. A maioria dos participantes é
proprietária dos estabelecimentos, está no mercado de alimentos há no máximo 3 anos, tendo
exercido anteriormente outra atividade profissional, e nunca havia recebido treinamento na
área de alimentos.
O perfil dos estabelecimentos avaliados através da mesma pesquisa, demonstrou ser a
maioria de restaurantes de pequeno porte, com até 9 funcionários.
A observação que a maioria dos participantes era proveniente de outros setores do
mercado estando no ramo de alimentos há no máximo 3 anos, é provavelmente reflexo das
mudanças econômicas ocorridas no país. Com a dispensa em massa de funcionários de
empresas, sem opção de readmissão, e com o incentivo das redes de Fast Food para a
abertura de franquias, parte da mão de obra migrou para atividades autônomas ligadas a
alimentação, sem treinamento e/ou experiência na área. Este fato aliado ao pequeno porte dos
estabelecimentos, acarreta em alguns casos, um curto período de permanência no mercado.
A constante renovação e falta de preparo para o exercício da atividade, aumenta o
risco de ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos entre os consumidores.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 167
Desta constatação infere-se a necessidade de uma abordagem ampla da legislação
sanitária, da responsabilidade do proprietário sobre a saúde da população, incentivando-o a
buscar aprofundamento técnico para implantação das boas práticas operacionais nos
estabelecimentos comerciais de alimentos.
Referências bibliográficas
1. Germano, PML. Germano, MIS. A Vigilância Sanitária de Alimentos como fator de
Promoção da Saúde. O Mundo da Saúde São Paulo, v.24, n.1, jan/fev., 2000.
2. Germano PML; Germano MIS. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. São Paulo:
Livraria Varela, 2001.
3. Pereira, IMTB; Penteado, RZ; Marcelo, VC. Promoção da Saúde e Educação em Saúde:
uma parceria saudável. O Mundo Saúde, São paulo, v. 24, n.1, jan/fev. 2000.
4. Gouveia, ELC. Nutrição – Saúde e Comunidade. 2a ed. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 1999
Endereço para correspondência: Suely Stringari de Souza; DIMA/SEMAB; e-mail:
______________________________________________________________________
Missão Publicar artigos originais que contribuam para o conhecimento e desenvolvimento da Epidemiologia e Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Água e Alimentos e campos relacionados.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 168
ESTUDOS
Embalagem para alimentos: análise e segurança (a)
Marisa Padula1
¹Centro de Tecnologia de Alimentos - CETEA, Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL,
Campinas, SP, Brasil. (a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo Uma razão mais comum pela qual um consumidor rejeita um produto alimentício é a alteração de seu odor e/ou sabor.
Esta alteração pode estar relacionada com as transformações do próprio alimento como envelhecimento, oxidação de
lipídeos e de componentes responsáveis pelo aroma característico, escurecimento não enzimático, escurecimento
enzimático, reações de oxidação induzidas pela luz, aglomeração e desenvolvimento microbiológico. Estas alterações
podem ainda estar relacionadas com a absorção de odores estranhos do ambiente, perda de odor característico por
permeação, ou ainda, pela interação embalagem/alimento. Este trabalho apresenta a legislação brasileira que
regulamenta a embalagem de alimentos e descreve as análises realizadas pelo CETEA/ITAL na área de embalagens e
alimentos. Os esforços do CETEA/ITAL estão direcionados na implantação de metodologias de referência na área de
migração e participação ativa junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nas atividades relacionadas à
atualização das normas de embalagem.
Palavras-chave: avaliação de alimentos; normas de embalagem; embalagem; segurança de alimentos
Introdução
A razão mais comum pela qual um consumidor rejeita um produto alimentício é a
alteração de seu odor e/ou sabor. Esta alteração pode estar relacionada com as
transformações do próprio alimento como envelhecimento, oxidação de lipídeos e de
componentes responsáveis pelo aroma característico, escurecimento não enzimático,
escurecimento enzimático, reações de oxidação induzidas pela luz, aglomeração e
desenvolvimento microbiológico. Estas alterações podem ainda estar relacionadas com a
absorção de odores estranhos do ambiente, perda de odor característico por permeação, ou
ainda pela interação embalagem/alimento.
Teoricamente, nenhuma embalagem é livre do potencial de transferir odor e/ou sabor
estranho ao produto alimentício. Embalagens de cartão, papel, embalagens plásticas e
embalagens metálicas revestidas com vernizes sanitários podem, por diversas razões, vir a
alterar o odor e/ou sabor do alimento. As embalagens de vidro são as que correriam menos
riscos de contaminar o alimento por serem mais inertes. Porém, toda embalagem de vidro
envolve um sistema de fechamento, metálico ou plástico, que pode ser um ponto de alteração
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 169
sensorial do alimento. A maioria dos alimentos interage em diferentes níveis com os materiais
de embalagem, sendo os principais mecanismos de interação entre a embalagem e produto, a
migração, a permeação e a absorção.
Migração
Várias são as substâncias que podem migrar da embalagem para alimentos, como:
monômeros, oligômeros, aditivos, solventes de vernizes, solventes de impressão e laminação,
produtos de degradação térmica, metais pesados entre outros. São compostos que possuem
normalmente baixo peso molecular e, portanto, possuem mobilidade no material e podem então
interagir com os diversos produtos alimentícios causando contaminação toxicológica ou mesmo
contaminação sensorial.
A alteração sensorial dos alimentos pode ser associada aos vários mecanismos de
interação com a embalagem, como permeação de odores estranhos do ambiente, perda de
componentes do aroma por permeação, absorção pela embalagem de componentes
específicos ou alteração sensorial devido a migração de componentes da embalagem para o
alimento.
Este último mecanismo de contaminação sensorial do alimento pode alterar
sensivelmente as características de odor/sabor do alimento que acondiciona, causando sua
rejeição. Muitas vezes a rejeição ocorre antes que um problema toxicológico seja observado.
A interação da embalagem com alimentos é dependente de muitas variáveis, como a
natureza do migrante, sua mobilidade, volatilidade e constituição química e também da
natureza química do alimento. Outros parâmetros como tempo, temperatura e superfície de
contato, também interferem na interação embalagem/alimento.
A contaminação toxicológica é controlada pela legislação de embalagem para produtos
alimentícios. As legislações que tratam da adequação de materiais de embalagem para contato
com alimentos, visam assegurar a saúde do consumidor através do controle sobre
contaminação química de produtos alimentícios devido à migração de componentes da
embalagem.
A base dessas regulamentações está na restrição ao uso de substâncias
potencialmente tóxicas na composição do material. Tal restrição normalmente é feita através de
Listas Positivas que apresentam as substâncias que podem ser empregadas na formulação do
material para contato com alimentos, assim como as restrições específicas em termos de limite
de composição (concentração máxima de substância permitida no material), de limites de
migração específica detectada em simulantes de alimentos e de restrições de uso, quando a
substância é aprovada para contato com apenas algumas classes de produtos.
Também é comum na legislação a definição de um limite de migração total, que apesar
de não envolver diretamente aspectos toxicológicos, é um controle do potencial de
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 170
contaminação indireta do produto alimentício e do potencial de interação material de
embalagem/produto.
Legislação
A legislação brasileira de embalagem para contato direto com alimentos foi atualizada
com a formação do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL. Assim como as demais legislação
no mundo, a legislação brasileira apresenta as Listas Positivas e solicita os ensaios de
migração total e migração específica e limites de composição quando necessários. A Legislação Brasileira, continua a ser atualizada, sempre que possível, pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA.
As normas publicadas pela ANVISA desde 1999, em vigor no Brasil são as seguintes:
� Resolução no 105 de 19 de maio de 1999, D.O.U. de 20 de maio de 1999 – Disposições
Gerais para Embalagens e Equipamentos Plásticos em Contato com Alimentos e seus
Anexos.
� Portaria no 177 de 4 de março de 1999, D.O.U. de 8 de março de 1999 - Disposições
Gerais para Embalagens e Equipamentos Celulósicos em Contato com Alimentos.
� Resolução RDC no 103 de 1 de dezembro de 2000, D.O.U. de 5 de dezembro de 2000 –
Inclusão na Lista Positiva de Aditivos para Materiais Plásticos destinados à elaboração de
Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos e suas restrições.
� Resolução RDC no 18 de 12 de janeiro de 2001, D.O.U. de 16 de junho de 2001 - Inclusão
na Lista Positiva de Aditivos para Materiais Plásticos destinados à elaboração de
Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos e suas restrições.
� Resolução RDC no 91 de 11 de maio de 2001, D.O.U. de 13 de junho de 2001 – Critérios
Gerais e Classificação de Materiais de Embalagens e Equipamentos em Contato com
Alimentos. Nesta Resolução foram incluídas as Resoluções MERCOSUL referentes aos
critérios gerais de atualização das Listas Positivas de componentes de embalagens e
equipamentos para contato com alimentos e os critérios gerais para Adesivos na
Fabricação de Embalagens e Equipamentos.
� Resolução RDC no 122 de 19 de junho de 2001, D.O.U. de 26 de junho de 2001 –
Regulamento Técnico sobre Ceras e Parafinas para Contato com Alimentos.
� Resolução RDC no 123 de 19 de junho de 2001, D.O.U. de 26 de junho de 2001 –
Regulamento Técnico sobre Embalagens e Equipamentos Elastoméricos em Contato com
Alimentos.
� Resolução RDC no 124 de 19 de junho de 2001, D.O.U. de 26 de junho de 2001 –
Regulamento Técnico sobre Preparados Formadores de Películas à base de Polímeros
e/ou Resinas destinados ao revestimento de Alimentos.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 171
� Resolução RDC no 178 de 17 de outubro de 2001 – Inclusão na Lista Positiva de Aditivos
para Materiais Plásticos destinados à elaboração de Embalagens e Equipamentos em
Contato com Alimentos e suas restrições.
� Resolução RDC no 233 de 12 de dezembro de 2001 – Inclusão na Lista Positiva de Aditivos
para Materiais Plásticos destinados à elaboração de Embalagens e Equipamentos em
Contato com Alimentos e suas restrições.
� Resolução RDC no 137 de 10 de maio de 2002 – Inclusão na Lista Positiva de Aditivos para
Materiais Plásticos destinados à elaboração de Embalagens e Equipamentos em Contato
com Alimentos e suas restrições.
As Portarias da Secretaria de Vigilância Sanitária publicadas antes de 1999 e que
ainda estão em vigor são:
� Portaria no 28 de 18 de março de 1996, D.O.U. de 20 de março de 1996 – Disposições
sobre Embalagem e Equipamentos Metálicos em Contato com Alimentos.
� Portaria no 27 de 18 de março de 1996, D.O.U. de 20 de março de 1996 – Disposições
sobre Embalagem e Equipamentos de Vidro e Cerâmica em Contato com Alimentos.
� Portaria no 177 de 4 de março de 1999, D.O.U. de 8 de março de 1999 – Disposições
Gerais para Embalagens e Equipamentos Celulósicos para Contato com Alimentos.
� Portaria no 987 de 8 de dezembro de 1998 sobre Embalagens Descartáveis de PET
Multicamada destinadas ao Acondicionamento de Bebidas não Alcoólicas Carbonatadas.
Análises O CETEA/ITAL especializou-se na avaliação qualitativa da composição de materiais
plásticos e celulósicos para contato com alimentos, para verificação do atendimento às
disposições da Legislação Brasileira no que se refere às Listas Positivas de matérias-primas e
aditivos para embalagens plásticas e celulósicas e para vernizes sanitários. Este avaliação é
um trabalho bastante requisitado por fornecedores de matérias-primas e embalagens que
desejam demonstrar o atendimento aos requisitos da Legislação e a segurança que estas
embalagens oferecem.
Muitas metodologias analíticas foram implantadas nos laboratórios do CETEA para
determinação da migração específica de monômeros e para identificação e quantificação de
aditivos em materiais plásticos, voltadas à verificação do atendimento de materiais de
embalagem aos requisitos da Legislação publicada pela ANVISA. Essas metodologias foram
utilizadas em muitas situações para avaliação da conformidade de embalagens nacionais
destinadas ao contato com alimentos, materiais plásticos, celulósicos e vernizes sanitários.
As análises realizadas hoje pelo CETEA/ITAL são descritas a seguir:
a) Determinação do aditivo antioxidante Butil-hidroxi-tolueno – BHT em poliolefinas;
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 172
b) Determinação do aditivo antioxidante Irganox 1076 (3-(3,5–diterc-butil-4-hidroxifenil)
propionato de n-octadecila) em poliolefinas;
c) Determinação do aditivo antioxidante Irganox 1010 (Pentaeritritol
tetrakis (3(3,5-di-terc-butil-4-hidroxi-fenil) – propionato) em poliolefinas;
d) Determinação do aditivo deslizante Erucamida em poliolefinas;
e) Determinação do aditivo deslizante Oleamida em poliolefinas;
f) Determinação do aditivo absorvedor de UV Tinuvin 234 (2-(2-hidroxi-
3,5-bis(1,1-dimetilbenzil)fenil) benzotriazol) em PET;
g) Determinação do aditivo absorvedor 326 (2-(5-cloro-2H-benzotriazol-
2-il)-6-(1,1-dimetiletil)-4-metilfenol) em PET;
h) Determinação do aditivo Tinuvin P (2-2’-hidroxi-5’-
metilfenil)benzotriazol) em PET;
i) Determinação da migração específica de ácido tereftálico
(monômeros do polietileno tereftalato – PET) para simulantes de alimentos;
j) Determinação de BADGE (2,2-bis(4-hidroxifenil)propano-bis(2,3-
epoxipropil)eter), contaminante de verniz epoxi para embalagens metálicas;
k) Determinação de mono e dietilenoglicol (monômeros do polietileno
tereftalato – PET) por cromatografia gasosa;
l) Determinação de aminas aromáticas em pigmentos para colorir
materiais plásticos, por espectrofotometria uv-visível;
m) Determinação de metais pesados em pigmentos e corantes para
embalagens;
n) Determinação da migração especíica de metais pesados em
embalagens metálicas e no resíduo migrado;
o) Determinação da migração total com o simulante gorduroso óleo de
oliva;
p) Determinação da migração total com simulantes que podem ser
evaporados.
O procedimento desenvolvido para diagnóstico de odor/sabor estranho envolve a
análise de uma seqüência de amostras, incluindo insumos e materiais com e sem o problema
observado por cromatografia gasosa, a identificação dos componentes voláteis suspeitos e a
correlação com os resultados obtidos em avaliações sensoriais do produto acondicionado. Para
tanto, utiliza-se a técnica de cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas
(CG/MS) para identificação dos compostos. A análise crítica dos resultados e o conhecimento
do histórico das amostras são então utilizados para diagnóstico do odor estranho observado.
Análises sensoriais são realizadas para confirmar o potencial de alteração do sabor/odor do
produto pela embalagem e para correlacionar com os resultados da análise cromatográfica.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 173
Conclusão A pesquisa na área de embalagens para contato direto com alimentos está cada vez
mais sofisticada. Continuamente novos aditivos, materiais e insumos são desenvolvidos e
análises toxicológicas e de migração são exigidas para estabelecer a segurança de uso desses
novos componentes e estabelecer os limites de migração específica ou limites de composição
ou ainda restrições de uso, quando necessários.
Da mesma forma, as exigências analíticas por métodos mais sensíveis, com limites de
detecção cada vez menores e ao mesmo tempo menos complicados são uma realidade. O
estabelecimento de metodologias de referência validadas e aceitas não só no Brasil como no
Mercosul, Estados Unidos e Europa tem também tornado a pesquisa na área de embalagem
mais complexa e com maior demanda em recursos.
Os esforços do CETEA/ITAL estão hoje direcionados na implantação de metodologias
de referência na área de migração e participação ativa junto à ANVISA nas atividades
relacionadas à atualização das normas de embalagem.
Bibliografia consultada
1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA. Alimentos – Legislação específica de
alimentos. Embalagens. (online). Disponível da URL:
http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/embalagens.htm. [Acessado em
07/agosto/02].
2. Sarantópoulos, CIGL et al. Embalagens plásticas flexíveis: principais polímeros e avaliação
de propriedades. Campinas: CETEA/ITAL, 2002. 267p.
Endereço para correspondência: Marisa Padula; Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL; e-mail: [email protected] ____________________________________________________________________________ Política Editorial : A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA tem como objetivo promover o desenvolvimento e a divulgação de estudos e a compreensão de fatores
envolvidos na transmissão de doenças veiculadas por alimentos e, assim, contribuir para sua prevenção, redução ou
eliminação. Com um escopo voltado para a epidemiologia, vigilância e clínica das doenças infecciosas veiculadas por
alimentos (incluída a água), são aceitas as contribuições de profissionais de saúde pública, da economia, demografia,
ciências sociais e outras disciplinas, da universidade, da área médica, da indústria e comércio, etc.. Dúvidas sobre a
adequação de artigos propostos podem ser dirimidas junto ao Editor nos telefones 55 11 3081-9804, 55 11 3066-8258
(Fax) ou por e-mail: [email protected]. A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por
Alimentos - REVNET DTA é publicada em português e inglês e destaca os seguintes tipos de artigos: resultados de
estudos/pesquisas de natureza empírica, observacional, experimental ou conceitual, revisões históricas e políticas,
discussão de casos (p. ex., investigação de surtos), estatísticas epidemiológicas, comentários, notas científicas e
outros eventos. Propósitos e requisitos para cada tipo de artigo seguem descritos, em detalhe, abaixo. Informações
sobre a aceitação e publicação serão enviadas por fax aos autores, tão breve quanto sejam resolvidas e editadas.
____________________________________________________________________________
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 174
ESTUDOS
Migração de metais presentes em corantes e pigmentos utilizados em embalagens para alimentos(a)
Paulo Tiglea¹; Lúcia Tieco Fukushima Murata¹; Neus Pascuet¹; Maria Rosa da Silva de Alcântara¹; Maria Cecilia Depieri Nunes¹; Eliani Rosa Ribeiro¹; Odair Zenebon¹ ¹Instituto Adolfo Lutz - IAL, São Paulo, SP, Brasil.
(a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo
Entre os aditivos presentes na formulação de embalagens plásticas para alimentos incluem-se as substâncias que
conferem coloração, classificadas como corantes ou pigmentos, dependendo de sua solubilidade ou não no polímero.
Sua adição em materiais para embalagens satisfaz uma exigência estética, além da proteção contra os efeitos da luz,
tanto na embalagem como no alimento. Os metais que podem estar presentes como contaminantes das substâncias
corantes e portanto nas embalagens, podem migrar para o alimento, apresentando riscos à saúde. O objetivo deste
projeto é verificar e monitorar os teores de chumbo, cádmio e zinco nestes produtos, e validar a metodologia analítica
segundo os Regulamentos Técnicos do Mercosul (Resolução ANVS 105/99). A quantificação dos mesmos foi feita por
espectrofotometria de absorção atômica com chama. Das 144 amostras analisadas até o momento, 2% estão em
desacordo; porém, os altos teores de metais nelas encontrados justificam o controle contínuo que deve ser feito nestes
produtos.
Palavras-chave: análise de alimentos; migração de metais pesados de embalagens para alimentos; embalagem
de alimentos; segurança de alimentos.
Introdução Os metais são componentes integrantes do meio ambiente e das matérias vivas. O
desenvolvimento tecnológico referente ao uso de metais foi de grande importância no contexto
sócio-econômico da humanidade. Por outro lado, contribuiu, decisivamente, para a poluição
ambiental, sendo o homem a sua principal vítima.
Embora alguns metais presentes nos alimentos, sejam essenciais para o bom
funcionamento do organismo humano, outros podem ser bastante nocivos à saúde, causando
efeitos tóxicos agudos ou crônicos.
Entre os aditivos presentes na formulação de embalagens plásticas para alimentos,
incluem-se as substâncias que conferem coloração e que, podem ser classificadas como
corantes ou pigmentos, dependendo de sua solubilidade ou não no polímero.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 175
A adição de corantes e pigmentos em materiais para embalagens satisfaz uma
exigência de ordem estética, além de servir como proteção contra os efeitos da luz, tanto na
embalagem como no alimento.
Dentre os metais que podem estar presente como contaminantes das substâncias
corantes destacam-se o chumbo e o cádmio.
O chumbo e o cádmio são metais pesados que constituem um sério risco à saúde
humana, mesmo em pequenas quantidades, devido a seu acúmulo progressivo no organismo.
Outro metal de relevante importância toxicológica é o zinco, que dependendo da
concentração, pode ser prejudicial à saúde.
Os compostos à base de sais de chumbo e cádmio têm sido largamente empregados
como substâncias corantes para diversos tipos de aplicação, devido a seu alto poder de
cobertura, baixo custo e excepcional estabilidade à luz e às altas temperaturas, principalmente
quando usados em plásticos, onde a substância corante deve resistir à temperatura de
elaboração do material; algumas resinas, em especial, requerem temperaturas ao redor de
300ºC. Quando presentes em embalagens para alimentos, entretanto, esses compostos podem
migrar para o conteúdo, apresentando riscos para a saúde.
O objetivo deste projeto é verificar e monitorar os teores de chumbo, cádmio e zinco
presentes nos corantes e pigmentos utilizados na elaboração de embalagens para alimentos e
validar a metodologia analítica segundo os Regulamentos Técnicos do Mercosul (Res. 105/99
da ANVS).
Material e Método
A preparação da amostra para a determinação de chumbo, cádmio e zinco foi realizada
por extração direta desses elementos com diferentes ácidos inorgânicos diluídos, e a
determinação desses metais foi efetuada por espectrofotometria de absorção atômica com
chama.
As amostras estudadas são os corantes, pigmentos e concentrados de cor isolados, na
concentração máxima de uso, utilizados na coloração de embalagens para alimentos.
Validação do método 1. Exatidão do método Para avaliar a exatidão dos métodos, foi usado o método da adição de padrão, devido
à falta de material de referência certificado mesmo no mercado internacional.
Foram feitas adições de 3 (três) concentrações de padrão de chumbo, cádmio e zinco
nas amostras de corantes e pigmentos.
Para o cálculo da taxa de recuperação (TR) foi utilizada a fórmula:
TR = Ap – A .100 %
P
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 176
Ap – resultado da análise da amostra “spiked”
A – resultado da análise da amostra original
P – concentração do padrão adicionado
TR – taxa de recuperação
Tabela 1 – Concentração dos padrões usados nos testes de recuperação
Elemento Concentração dos padrões (mg/L) Pb 0,4 - 0,8 - 1,6 Cd 0,2 - 0,4 - 0,8 Zn 0,2 - 0,4 - 0,8
Foram escolhidas essas concentrações tendo em vista os baixos níveis de metais
geralmente encontrados nas amostras de corantes e pigmentos.
Foram feitas quatro repetições e foi obtida uma recuperação média de 104%, 98%,
92% para o chumbo, cádmio e zinco respectivamente.
2. Precisão do método A precisão do método foi calculada pelo coeficiente de variação obtido pela repetição de
10 amostras. Os valores obtidos encontram-se na Tabela 2.
cv = s . 100
x
Tabela 2 - Valores dos coeficientes de variação para o chumbo, cádmio e zinco
Elemento Cv % Pb 8 Cd 1 Zn 1
3. Limite de Detecção (LD) e Limite de Quantificação (LQ) Os limites de detecção e quantificação foram determinadas usando a recomendação da
IUPAC.
LD = 3s e LQ = 10s,
onde s = desvio padrão, para o cálculo do LD e LQ, foram usados os desvios obtidos no item
2. Os valores obtidos para LD e LQ estão na Tabela 3.
Tabela 3 - Valores dos limites de detecção e quantificação para o chumbo, cádmio e zinco, na
solução preparada da amostra.
Elemento LD(mg/L) LQ(mg/L) Pb 0,12 0,4 Cd 0,01 0,07 Zn 0,02 0,04
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 177
Na amostra o limite de quantificação deve ser multiplicado pelo fator de diluição que é
de 25 vezes.
4. Faixa Linear A faixa linear de trabalho utilizada para cada elemento encontra-se na Tabela 4.
Tabela 4 - Concentração dos metais da curva de calibração
Elemento Concentração(mg/L) Pb 0,5 a 2,0 Cd 0,2 a 1,0 Zn 0,2 a 1,0
Verificou-se que os métodos testados são adequados para o monitoramento dos metais em
estudo.
Resultados e Discussão
Das 164 amostras analisadas observamos que 2% estão em desacordo com os limites
estabelecidos pela legislação em vigor ( Resolução 105/99).Segundo esta legislação os
corantes e pigmentos não devem conter os elementos analisados em quantidades superiores
as seguintes concentrações:
Elemento Concentração(%) Chumbo (solúvel em HNO3 1 N) 0,01
Cádmio (solúvel em HCl 1N) 0,01 Zinco (solúvel em HCl 1N) 0,20
Apenas uma amostra apresentou nível de chumbo acima do limite permitido pela
legislação em vigor e duas amostras com nível de zinco acima.
Os resultados obtidos, representados nos gráficos abaixo respectivamente para
chumbo, zinco e cádmio, são animadores levando-se em conta que 98% das amostras
analisadas, apresentaram teores dos metais analisados, muito abaixo dos limites estipulados
pela legislação. Isto demostra uma maior preocupação dos fabricantes no sentido de se
enquadrarem dentro dos padrões exigidos não só pela legislação nacional, como também
pelas legislações internacionais, uma vez que estas estão restringindo cada vez mais a
presença de metais nocivos.
A limitação restrita, presente nas legislações, da presença destes metais em
corantes e pigmentos utilizados na elaboração de embalagens e equipamentos destinados a
entrar em contato com alimentos, visa não só os aspectos toxicológicos, já amplamente
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 178
conhecidos, quanto da ingestão em excesso destes metais prejudiciais à saúde humana, como
também o seu impacto ambiental.
Mesmo tendo uma quantidade de apenas 2% de amostras em desacordo, com a
legislação em vigor , os altos teores de chumbo e zinco nelas encontrados, justificam o controle
contínuo que deve ser feito, principalmente por laboratório de Saúde Pública, como é o nosso
caso, em corantes e pigmentos utilizados na elaboração de embalagens e equipamentos
destinados a entrar em contato com alimentos. Salienta-se ainda, que este controle deve ser
ampliado para a quantificação de outros metais além dos que foram objetos deste estudo.
Os resultados podem ser observados a partir das Figuras abaixo:
TEORES DE CHUMBO ENCONTRADOS NAS AMOSTRAS ANALISADAS
73%
10%
7%
1%
7%1% 1% Não Detectado
0 a 5 ppm
5 a 10 ppm
10 a 20 ppm
20 a 30 ppm
30 a 100 ppm
5000 a 6000 ppm
TEORES DE ZINCO ENCONTRADOS NAS AMOSTRAS ANALISADAS
82%
2%3% 2%2%
3%
2%
1%
3%
0 a10 ppm10 a 20 ppm20 a 50 ppm
50 a 100 ppm100 a 500 ppm500 a 1000 ppm1000 a 2000 ppm
2000 a 5000 ppm5000 a 10000 ppm
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 179
B 1
d
o
2
3
R
4
C
5
O
6
7
8
p
A
9
A
1
e
A
TEORES DE CÁDMIO ENCONTRADOS NAS AMOSTRAS ANALISADAS
88%
5%
1%3%
2%1%Não Detectado
0 a 5 ppm
5 a 10 ppm
10 a 20 ppm
20 a 50 ppm
50 a 100 ppm
ibliografia consultada
. Brasil. Leis, decretos, etc. – Resolução 105/99 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
o Ministério da Saúde Diário Oficial, Brasília, 20 de mai. 1999. Seção I, pt 1, p.1-20. Aprova
s regulamentos técnicos para embalagens e equipamentos para alimentos ...
. Boeckx RL. Lead poisoning in children. Anal. Chem. 1986; 58(2): 275 A - 287 A.
. Commission of the European Communities. Criteria (dose/effect relationships)for cadmium.
eport of a Working Group of Experts. Oxford, Pergamon Press, 1978. p. 15-120.
. Dulka, JJ, Risky T. Ultratrace metals in some environmental and biological systems. Anal.
hem 1976; 48 (8): 640 A - 653 A.
. Encyclopaedia of occupational health and safety. 3rd ed. Geneva: Occupational Labour
ffice,;1983, v. 2.
. Friberg, L et al. Handbook on the toxicology of metals. Amsterdam: Elsevier, 1979.
. Garlanda T. Migration des matières colorantes.Ann. Inst. Super Sanitá. 1972; 8:461-73.
. Garrido NS et al. Avaliação dos níveis de Arsênio, chumbo e cádmio em corantes e
igmentos utilizados em embalagens para alimentos no período de 1982 a 1989. Rev. Inst.
dolfo Lutz 1991; 51(1/2): 63-68.
. Garrido NS et al. Determinação de chumbo e cádmio em artigos escolares. Rev. Inst.
dolfo Lutz 1990; 50(1/2): 291-96.
0. Joint FAO/WHO Expert Committe on Food Additivies, 41ª, Geneva,1993.Toxicological
valuation of certain food additives and contaminants; Geneva: OMS/ IPCS, 1993. (WHO Food
dditives Series, 32).
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 180
11. Martell AE. Chemistry of carcinogenic metals. Environ. Health Perspect. 1981; 40: 207-26.
12. McCowin GL. Non-migrating polymer colors don’t require FDA approval. Food Chem.
News 1988; 29-32.
13. Piotrowski JK, Coleman DO. Environmental hazards of heavy metals: summary evaluation
of lead, cadminum and mercury. London: MARC/GEMS, 1980. p.1-18. (MARC report nº 20).
14. Sax NI. Dangerous properties of industrial materials. 5th ed. New York: Van
Nostrand/Reinhold; 1979. p. 388-90, 455-9, 765-71.
15. Schwartz PS. Food packaging regulation in the United States. Food Additives and
Contaminants 1988; 5(1): 537-41.
16. World Health Organization/WHO. Arsenic. Genéve: WHO; 1981. 174p. (Environmental
Health Criteria, 18).
17. Zenebon O. Migração de chumbo e de cádmio de recipientes cerâmicos Estudo visando
a sua regulamentação bromatológica. São Paulo, 1986.[Dissertação (mestrado) - Faculdade
de Ciências Farmacêuticas, USP] .
Endereço para correspondência: Paulo Tiglea; Instituto Adolfo Lutz; e-Mail:
_____________________________________________________________________________________
Discussão de caso: apresentação de investigação epidemiológica ou de outras ações
programáticas desenvolvidas para o controle e prevenção das doenças transmitidas por
alimentos e segurança de alimentos, com discussão crítica dos resultados, limitações, medidas
tomadas e outras recomendações (p. ex., discussão de investigação de surto; programas de
monitorização da doença diarréica aguda, ações de saneamento e meio ambiente, ações de
vigilância sanitária, regulamentos introduzidos, programas educativos, etc.). Deve ter de 2.000
até no máximo 3.500 palavras, incluídas as referências, que não devem exceder a 40.
Recomenda-se o uso de subtítulos no corpo principal do texto, assim como ilustrações,
gráficos, tabelas e fotografias. O Resumo/Abstract deve ter no mínimo 150 e no máximo 250
palavras.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 181
ESTUDOS
Tempo x temperatura de preparações quentes servidas pelo serviço de alimentação escolar de Cajamar, SP (a)
Jeanice de Azevedo Aguiar¹; Mara Aparecida Alves da Silva¹; Ana Cristina da Silva¹; Luisa Madalena Russo¹; Silvana Cordeiro da Silva Fernandes¹. ¹Prefeitura do Município de Cajamar, São Paulo, Brasil. (a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo
Os serviços de alimentação escolar têm apoio técnico restrito em quase todo Brasil. No controle de qualidade, o
binômio tempo/temperatura lidera os métodos de preservação, podendo garantir ou comprometer a sanidade do
alimento. Com objetivo de controlar qualidade em cozinhas descentralizadas de Cajamar, SP, foi realizado
acompanhamento deste binômio, sendo pesquisadas 30 escolas públicas e aferidas 123 preparações quentes. A
média de tempo entre o término do preparo e início da distribuição foi de 21 minutos; a temperatura ao final do preparo
apresentou valores entre 67,5 a 98,6°C; ao início da distribuição esteve entre 54 e 93°C e ao final, após 15 minutos no
máximo, a faixa de temperatura foi de 34 a 73,7°C. Em geral, o binômio tempo/temperatura para todas as refeições
estudadas, apresentou-se em conformidade com o estabelecido pela Portaria CVS/SP N° 6, não sendo observadas
temperaturas inferiores a 60°C, por mais de 3 horas.
Palavras-chave: tempo x temperatura de alimentos; segurança de alimentos; serviço de alimentação escolar.
Introdução
Atualmente, é incessante a busca pela qualidade em todos os setores da atividade
humana. Em sistemas de alimentação coletiva na busca pela qualidade, o objetivo é fornecer
refeições equilibradas sob o ponto de vista nutricional e sanitário (1,2).
É impossível produzir e distribuir alimentos, sem praticar controles que norteiam a
qualidade e para que funcionem efetivamente, é necessário um sistema de trabalho que se
baseia no monitoramento, desde a matéria prima até o consumo do prato pronto (3).
O monitoramento do binômio tempo e temperatura, que segundo Bernard (4) e Silva
(5), consiste nos dois fatores mais pesquisados em todo o mundo e controla, elimina ou diminui
o número de microrganismos na suas diversas fases até o consumo. O fator temperatura e a
possibilidade de diminuição de tempos e de técnicas de manipulação de alimentos mais
aprimorados são os únicos meios que os profissionais da cozinha, podem utilizar eficazmente,
no combate aos microrganismos.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 182
O tempo necessário para a destruição de células e esporos sob determinadas
condições diminui conforme a temperatura aumenta (6). O calor destrói parte ou toda
microbióta bacteriana e terminada a sua ação pode ocorrer a “recontaminação”. Por este
motivo, os produtos submetidos a um tratamento pelo calor devem ser consumidos logo em
seguida, a fim de impedir ou retardar um novo processo de contaminação (7).
Segundo o ICMSF (8), o monitoramento do tempo/temperatura é um critério que
precisa ser estabelecido para cada alimento em Unidade de Alimentação e Nutrição a fim de
atender um dos Pontos Críticos de Controle e diminuir o risco de intoxicação alimentar.
O fornecimento de alimentos seguros é relevante sob o ponto de vista da saúde pública
visto que alimentos contaminados representam perdas econômicas, mas sobretudo colocam
em risco a saúde da população (9).
No que tange a alimentação escolar, a Lei Federal N.° 8913 (10), requer que os
Estados e Municípios tenham um nutricionista junto ao programa, porém Sturion e col. (11),
mencionam que em cerca de 20,4% das cidades brasileiras, este profissional atua mais
efetivamente na elaboração dos cardápios, revelando que o apoio técnico na grande parte do
Brasil é restrito. Além disso, não existem leis e normas específicas para condições higiênico-
sanitárias na produção e distribuição de refeições nas escolas. Há alguns manuais elaborados
pelo Ministério da Educação e pelas Secretarias de Estado da Educação dos respectivos
Estados, mas não são específicos (12,13).
Estes fatos minimizam o estabelecimento de controles necessários, que garantam a
sanidade das refeições servidas, não sendo valorizada a verba destinada a este programa pelo
Governo Federal, que chega próximo a 1 bilhão de reais/ano (14), sem considerar os recursos
agregados pelos Estados e Municípios, situação que torna obrigatório o registro, não só da
movimentação dos alimentos, mas também dos cuidados operacionais dispensados ao serviço.
Reconhecendo os riscos que as doenças de origem alimentar oferecem à saúde e a
relevância social do fornecimento de refeições nas escolas, o trabalho em questão tem a
finalidade de avaliar se a temperatura final de preparação dos alimentos, assim como as do
início e final de distribuição estão em acordo com as exigências da Portaria N.° 6 CVS/SP (15),
associando os dados com o tempo de exposição a esta temperatura nas escolas de ensino
público do Município de Cajamar.
Material e Método
A pesquisa foi realizada em 30 unidades educacionais públicas, sendo 2 creches, 7
escolas de ensino infantil, 14 escolas de ensino fundamental e 7 de ensino fundamental e
médio, na cidade de Cajamar, Estado de São Paulo.
O preparo das refeições ocorre em cozinhas da própria escola, chamado de sistema
descentralizado, sendo servidas no período das 8:30 h até 10:10 h e das 14:00 h às 15:40 h.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 183
Devido à inexistência de balcões térmicos nas cozinhas escolares foi determinado pelo
Setor Municipal de Alimentação Escolar, que as preparações estivessem prontas com 20
minutos no máximo, de antecedência ao consumo, cumprindo orientações da Legislação
vigente.
O cardápio é elaborado com refeições à base de alimentos in natura e beneficiados. Os
primeiros são provenientes de fornecedores, que primam pela qualidade e entregues
diariamente no depósito central e em seguida distribuídas às escolas, sempre com um dia de
antecedência ao consumo. Os beneficiados são entregues quinzenalmente nas escolas, sendo
que as condições de transporte para os dois casos, obedecem às indicações da Portaria N.° 6
CVS/SP (15).
Diariamente três supervisoras de merenda (técnicas em nutrição), fazem visitas nas
escolas, de forma que duas delas ficam em duas unidades distintas por cerca de 2 horas e
meia a 3 horas e a terceira, visita as demais escolas de um mesmo bairro.
As supervisoras preenchem relatórios pré-elaborados, anotando dados sobre a
situação local, inclusive tempo/temperatura, sendo estes uma fotografia descritiva do
funcionamento da cozinha naquele período. Na “visita volante”, a supervisora verifica se há
problemas e resolve apenas os imediatos, ficando os demais para solução posterior. Cabe
salientar que, as merendeiras não têm prévia informação sobre as visitas.
Durante as “visitas localizadas” nos meses de abril a julho de 2002, com anotação de
tempo e temperaturas das refeições, medidas no centro geométrico do alimento, conforme
Quadro 1 (tipo de formulário para anotações), havendo espaço para registro de 5 visitas
(número máximo de “visitas localizadas” por mês em cada escola). O termômetro utilizado foi o
digital, portátil, tipo baioneta, com capacidade para medir de –50ºC à 150ºC e precisão de 0,1°
C, sendo limpos com toalha de papel e álcool etílico a 70% a cada alimento avaliado.
Quadro 1 - Quadro para anotação de tempo e temperatura (formulário) nas diversas etapas
após a cocção de preparações, em escolas públicas da cidade de Cajamar/SP, no período de
abril à julho de 2002.
Dia Cardápio Tempo entre o término do
preparo e início da
distribuição
Temperatura ao final do
preparo
Temperatura ao início da distribuição
Temperatura ao final da distribuição
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 184
Resultados e Discussões
O tempo entre o término do preparo e início da distribuição apresentou valor médio de
21 minutos, com tempos: mínimo e máximo de 8 e 34 minutos respectivamente, descritos no
Quadro 2.
Quadro 2 - Média dos resultados de tempo e temperatura nas diversas etapas após o cocção
de preparações, em escolas públicas da cidade de Cajamar/SP, no período de abril à julho de
2002.
Preparação Número de preparaçõe
s pesquisada
s
Tempo do término da
preparação e início da
distribuição em minutos
Temperatura Final de
Preparo em °C
Temperatura ao Início da Distribuição
em °C
Temperatura Final da
Distribuição em °C
Arroz 9 21 97,7 92,5 57 Arroz com Legumes e Frango
13 16 76,2 70,2 52,5
Carne de Panela 8 21 96,5 73,1 52,9 Feijão 9 23 96,1 72,1 58,7 Frango Refogado 9 26 97,0 91,6 66,5 Leite com Chocolate 10 21 74,0 64,4 45,1 Macarrão com Molho a Bolonhesa
10 14 67,5 65,6 45,1
Macarrão com Molho de Frango
10 8 68,0 62,5 45,2
Molho de Carne Moída para Pão
9 34 95,9 54,4 40,8
Molho de Salsicha para Pão
13 27 98,6 62 34
Risoto de Salsicha com Legumes
9 14 70,2 64,7 49,2
Salsicha ao Sugo 12 20 94,9 85,5 52,9 Sopa Macarrão com Legumes e Carne
10 24 96,4 93,3 73,7
Média final Total - 123 21 86,8 73,2 51,8
Os períodos de tempo encontrados foram inferiores aos observados por Silva e col.,
(13), na pesquisa realizada em escolas estaduais da cidade de São Paulo, que foi de até 3
horas de antecedência ao consumo. Marchioni & Zacarelli (16), observaram que refeições
transportadas levavam um tempo entre 90 e 120 minutos, do recebimento da refeição até o
consumo. As temperaturas encontradas ao final do preparo nesta pesquisa, estiveram entre
67,5 e 98,6° C, sendo que em estudo de Souza e col. (17), foi de 80 a 99° C, em identificação e
pontos críticos, em unidade de alimentação e nutrição hospitalar; já Pereira & Maculevicius
(18), estudaram temperaturas médias inicial e final de pratos em unidade de nutrição e
dietética, com faixa inicial entre 75 a 90°C, em alguns dos pesquisados.
Quanto às temperaturas no início da distribuição, os valores médios observados em
Cajamar, foram de 54 a 93° C, com extensão bem maior entre os valores mínimo e máximo,
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 185
quando comparados às do parágrafo anterior. Marchioni & Zacarelli (16) observaram
temperaturas abaixo de 60° C em 16 casos (35%) dos 46 pesquisados para refeição escolares
transportadas, enquanto Silva e col. (13) encontraram temperatura inferior a 50° C em escolas
estaduais de São Paulo. Souza e col. (17), observaram temperatura neste momento, de 37 a
58° C. No final da distribuição, após 15 minutos no máximo do seu início, as temperaturas
médias observadas foram menores em virtude da própria manipulação decorrente da
distribuição dos alimentos. Neste momento, há troca de calor entre o alimento e o ambiente
(16). A temperatura mínima observada foi de 34° C e a máxima de 73,7° C, enquanto Pereira &
Maculevicius (18), observaram temperatura média final de 60 a 80° C em preparações quentes,
que permaneciam em balcões térmicos. Na Argentina, Tessi e col. (19), verificaram que a
temperatura estava inadequada para saladas cozidas, com faixa entre 30° e 35°C.
O Quadro 2, acima, mostra as preparações e os aspectos pesquisados durante o
período de estudo. Na correlação de tempo/temperatura, as preparações mais críticas foram os
molhos de carne e salsicha para pão, com tempos entre o término do preparo e a distribuição
de 34 e 27 minutos respectivamente. No início da distribuição, as temperaturas observadas
para as referidas preparações foram de 40,8 e 34°C, inferiores a 60° C, porém por um período
menor que 3 horas.
Já ao final da preparação, a temperatura atingida foi maior que os 74°C determinados
pela Legislação, com exceção do macarrão com molho a bolonhesa e com molho de frango,
com 67,5 e 68°C respectivamente. É válido salientar que os molhos em questão passaram por
cocção durante o preparo, atingindo temperaturas superiores a 93°C, sendo resfriados quando
da mistura com o macarrão cozido.
Pela Portaria N.° 6 CVS/SP, item 19.9, da cocção, “os alimentos devem atingir no
mínimo 74° C no seu centro geométrico ou combinação de tempo e temperatura com 65° C por
15 minutos ou 70°C por 2 minutos”. O item 19.13, da distribuição, diz que “os alimentos
quentes, podem ficar na distribuição ou espera a 65°C ou mais, por no máximo 12 h ou a 60°C
por no máximo 6 h ou abaixo de 60°C por 3 h. Os alimentos que ultrapassarem os prazos
estipulados, devem ser desprezados” (15).
A aplicação do controle de qualidade dos alimentos, relativos a alimentação escolar,
deve ser considerada como de importância prioritária, pois é a partir desta prática que se pode
garantir uma refeição segura aos alunos, além dos benefícios à Saúde Pública. Contudo, a
falta de um número maior de bibliografias sobre o assunto, demonstra que a discussão deste
tema, não tem sido considerada como relevante por parte dos muitos profissionais do setor. A
avaliação do tempo/temperatura, por ser um trabalho contínuo, permite a rápida correção dos
perigos e riscos encontrados in loco. A aplicação deste método é importante, porém outros
cuidados são necessários para complementação, como as inspeções das etapas de
preparação dos alimentos, bem como do processo de higienização posteriormente.
Para garantir resultados fidedignos durante as inspeções é de grande importância que
os profissionais envolvidos em todo processo, estejam capacitados. Hazelwood & McLean (20),
Gonçalves (21), Trigo (3), Chesca e col. (7) mencionam que, em todos os processos de
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 186
contaminação, o indivíduo é o participante central, não toma parte diretamente em todos eles,
porém conhecendo seus mecanismos pode evitá-los ou reduzir suas conseqüências a
expressões mínimas.
Tendo em vista este pensamento é que são realizados periodicamente em Cajamar, ou
sempre que necessário, treinamentos diversos com as merendeiras que associados à “visitas
localizadas” e “volantes”, por pessoal capacitado, há o cumprimento das orientações
transmitidas. Ações para o controle de qualidade em alimentos são necessárias e dentre elas,
estão o treinamento e reciclagem periódica com os profissionais envolvidos na produção de
alimentos e monitoramento das condições dos manipuladores de alimentos (22). O treinamento
dos funcionários é importante para que compreendam, porque o controle é necessário e qual a
importância no monitoramento (8).
Durante esta pesquisa foram poucos os trabalhos encontrados relativos ao controle de
qualidade em alimentação escolar, fato constatado também por Pipitone (23). Esta é uma área
carente de informações, devendo os profissionais da área aplicar pesquisas no sentido de
aprimorar o Programa de Alimentação Escolar.
Conclusão
As temperaturas ao final de preparo atenderam a Portaria N° 6 CVS/SP, item 19.9, da
cocção e as temperaturas do início e final da distribuição estiveram de acordo com a mesma
portaria, item 19.13, da distribuição, concernentes ao binômio tempo/temperatura.
Referências bibliográficas
1. Eley AR. Microbiological Food Poisoning, 2ª edition, London: Chapmam & Hall; 1992.211p.
2. Ferreira SMR. Controle de Qualidade em Sistema de Alimentação Coletiva. Revista
Higiene Alimentar 200; 15 (90/91): 35-48.
3. Trigo VC. Manual Prático de Higiene e Sanidade das Unidades de Alimentação e
Nutrição. São Paulo: Varela; 1999.
4. Bernard DT. Harzard Analysis and Critical Control Point System in Food Microbiology –
Fundamentals and Frontiers, Edited by Michael P. Doyle, Larry Rua Beuchat, Thomas J.
Montville, New York, 1997.
5. Silva Jr. EA. Da. Manual de Controle Higiênico Sanitário em Alimentos. São Paulo: Varela;
2001.
6. Franco BDGM. & Landgraf M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu; 1996.
7. Chesca AC et al. Avaliação das Temperaturas de Pistas Frias e Pistas Quentes em
Restaurantes da Cidade de Uberaba/MG. Revista Higiene Alimentar 2001; 15(87): 38-43.
8. ICMSF/Comissão Internacional para Especificações Microbiológicas dos Alimentos.
APPCC na qualidade e segurança microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela; 1997.
377 p.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 187
9. Nascimento M. Irradiação de Alimentos. Revista Higiene Alimentar 1995; 19 (38): 5-8.
10. Brasil. Leis, decretos, etc. Decreto Lei n° 8913 de 12 de julho de 1994. Dispõe sobre a
Municipalização da Merenda Escolar. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de julho de 1994.
Seção I, n° 132 b.
11. Sturion, GL. et al. Programa de Alimentação Escolar – Quem Assume as Atribuições
Fundamentais, Anais do XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Fortaleza, 2000.
12. Calil RM; Aguiar JA. Nutrição e Administração nos Serviços de Alimentação Escolar. São
Paulo: Editora Marco Markovitch; 1999.80 p.
13. Silva C. et al. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da Merenda Escolar. Revista
Higiene Alimentar 2000; 14 (71): 24-31.
14. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Manual do Conselho de Alimentação Escolar - CAE. Brasília: FNDE; 1999.
15. Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Centro de Vigilância Sanitária/CVS. Portaria
CVS, n° 6, de 10 de março de 1999. Dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre os
Parâmetros e Critérios para o Controle Higiênico-sanitário em Estabelecimentos de
Alimentos. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 12 de março de 1999.
16. Marchioni, DM, Zacarelli, EM. Avaliação da temperatura em refeições transportadas de
um Programa de Alimentação Escolar. Revista Higiene Alimentar 1999; 13 (65): 19-25.
17. Souza et al. Identificação de pontos críticos em uma unidade de alimentação e nutrição
hospitalar: subsídios para implantação do sistema HACCP. Revista de Higiene Alimentar
2001; 15 (84):25-43.
18. Pereira SC, Maculevicius J. Estudo da Temperatura dos Alimentos no Sistema de
Distribuição Centralizada: análises estatísticas dos pontos críticos de controle de
qualidade final do produto. Revista Higiene Alimentar 1999; 13 (64): 9-20.
19. Tessi MA. et al. Microbiological Quality and Safety of Ready-To-Eat Cooked Foods from a
Centralized School Kitchen in Argentina, Journal of Food Protection 2002; 65 (4): 636-642.
20. Hazelwood D, McLean A. Manual de Higiene para Manipuladores de Alimentos. São
Paulo: Varela;1995.
21. Gonçalves PMR. Toxinfecções Alimentares: uma revisão. Revista Higiene Alimentar 1998;
12 (53): 38 - 44.
22. Goes JA et al. Capacitação dos Manipuladores de Alimentos e a Qualidade da
Alimentação Servida. Revista Higiene Alimentar 2001; 15(82): 20-22.
23. Pipitone MAP. Notas sobre o programa de alimentação escolar como objeto de pesquisa.
Revista Salusvita 1999; 18 (1): 97-106.
Endereço para correspondência: Jeanice A. Aguiar; Prefeitura do Município de Cajamar; e-
mail: [email protected]
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 188
DISCUSSÃO DE CASO Investigação epidemiológica e sanitária de um surto de diarréia ocorrido no município de Pontal - SP (a)
¹Claudia Ramos Cabral Coelho; ²Rosa Maria Longo Pereira; ³Arnaldo Elmec
¹Vigilância Sanitária da Direção Regional de Saúde de Ribeirão Preto-DIR XVIII, Ribeirão Preto,
São Paulo, Brasil; ²Vigilância Epidemiológica da Direção Regional de Saúde de Ribeirão Preto-
DIR XVIII, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil; ³Centro de Vigilância Sanitária-CVS (a) Trabalho apresentado na I Mostra Estadual de Experiências Bem Sucedidas em Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar e Segurança de Alimentos (I EXPO-EPI DTA) e II Simpósio de Segurança Alimentar, em pôster, em 23 e 24 de setembro de 2002, no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, Capital.
Resumo
Entre os dias 9 de março a 2 de abril de 1998, ocorreu em Pontal, SP, um surto de diarréia, acometendo 354 pessoas
do município e do seu distrito Cândia. Os pacientes apresentaram os sintomas de dor abdominal, febre e diarréia com
muco e sangue e procuraram atendimento médico no hospital e posto de saúde do município. A investigação
epidemiológica foi acompanhada de investigação sanitária que avaliou as condições de saneamento ambiental do
município, com ênfase ao Sistema Público de Abastecimento de Água. Após uma série de ações realizadas na
investigação, concluiu-se tratar de um surto de shiguellose, uma vez que foi isolada Shigella flexneri em 10 das 13
amostras coletadas. Considerando que nas entrevistas realizadas não foi verificada fonte única de alimentação e o
veiculo de transmissão ser a água ou alimento contaminado, e considerando que o Sistema Público de Abastecimento
de Água apresentava condições de operação inadequadas distribuindo água com presença de coliformes fecais e
ausência de cloro, tudo leva a crer que o surto foi de origem hídrica.
Palavras-chave: Doenças transmitidas por água e alimentos; Surto de diarréia; Shigella flexneri; investigação de
surtos; Vigilância epidemiológica.
Introdução
No período de 09 de março a 02 de abril de 1998 constatou-se a ocorrência de um
surto de diarreia no município de Pontal. O número de casos levantados pela Secretaria da
Saúde de Pontal foi de 354 casos, ocorrendo em 337 domicílios e com coeficiente de
incidência de 133,6/10.000 habitantes. Foi detectado o aumento do número de casos e os
indivíduos apresentavam os seguintes sintomas: diarréia com muco, pus e sangue, dor
abdominal e febre.
O município de Pontal está localizado a nordeste do Estado de São Paulo, a 39 km de
Ribeirão Preto e 350km de São Paulo. A população segundo o Censo de 1997 do IBGE era de
26.497 habitantes, sendo que o distrito de Cândia, onde ocorrera o surto, ficava a 16 km da
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 189
sede do município. O número de imóveis, incluindo o distrito de Cândia e Vila Valter Becker era
de 6.528. Segundo informações obtidas da população, na semana anterior ao surto foram
lançados, nas lavouras de cana de açúcar ao redor da cidade, produtos para maturação da
cana, através de avião. No dia 21.03.98, sábado à tarde, houve vento forte e, em sequência,
uma chuva torrencial, com duração de aproximadamente 4 horas.
As equipes de vigilâncias epidemiológica e sanitária da DIR XVIII, após notificação no
dia 24 de março de 1998 pelo município, desencadearam a investigação do surto em conjunto
com os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde com o objetivo de avaliar a extensão do
surto, identificar o veículo provável no processo de transmissão da doença, determinar os
fatores de risco para o desenvolvimento da doença e propor medidas de prevenção e controle.
Material e Método
Na tentativa de identificar o veiculo provável de transmissão da doença, realizamos o
seguinte trabalho de investigação:
a) coleta de amostra de água do Sistema de Abastecimento Público em 07 pontos e
avaliação do teor de cloro, em 25.03.98, pela equipe do PROÁGUA (programa de
monitoramento da qualidade da água desenvolvido pelas equipes de vigilância sanitária);
b) coleta de amostras de fezes de 13 pacientes, sendo 10 sintomáticos e 03
assintomáticos para realização de coprocultura e parasitológico no Instituto Adolfo Lutz (IAL),
de Ribeirão Preto;
c) pesquisa de cólera em 03 pacientes, em virtude de serem provenientes de áreas de
transmissão de cólera, da Região Nordeste do país;
d) pesquisa para identificação dos produtos utilizados na pulverização da plantação de
cana para abreviar a maturação da mesma junto a duas usinas de cana-de-açúcar;
e) coleta de amostras de sangue dos pacientes para exame devido a suspeita de
intoxicação química pelos produtos de maturação determinando a concentração da enzima
acetilcolinesterase;
f) entrevista com pacientes para identificação de fonte comum para o desenvolvimento
da doença (estudo epidemiológico descritivo);
g) coleta dos registros de casos nas Unidades de Saúde do município, digitação e
tabulação dos casos;
h) plotação dos casos em mapa com superposição da área física de abrangência dos
poços do Sistema de Abastecimento Público de Água.
Resultados e Discussão
Das análises de água realizadas pelo IAL-Ribeirão Preto, obtiveram-se os
seguintes resultados (Tabela 1):
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 190
Tabela 1 - Resultados dos laudos de análise de água realizados pelo IAL de Ribeirão Preto -
surto em Pontal, 1998
Bacteriológico LAUDO IAL
Concentração Cloro(mg/l) Coliforme Total Coliforme Fecal Bac.Heterotróficas
416/98 0,3 A A --
417/98 0,4 A A --
418/98 0,0 NA NA --
419/98 0,0 NA NA 6,1x10 UFC/ml
420/98 0,0 NA A 6,0 UFC/ml
421/98 0,3 A A --
422/98 0,1 NA A -- Legenda: A: atende aos padrões NA: não atende aos padrões
Os resultados dos 13 exames de fezes foram: nove amostras positivas para Shigella
flexneri; uma amostra positiva para Shigella flexneri e Aeromonas caviai; uma amostra positiva
para Vibrio furnissii e 02 amostras negativas para bactérias. Os resultado do exame
parasitológico de fezes das 13 amostras foram: 11 amostras negativas; uma postiva para
Shistosoma mansoni e uma positiva para Ascaris lombricóides.
As três amostras testadas para cólera apresentaram resultados negativos.
Constatou-se que os produtos utilizados na pulverização da plantação de cana-de-
açúcar para abreviar a maturação foram: em uma das usinas utilizou-se ETEFOM (fito-
hormônio faixa azul) e na outra o ETHREL-240 (amadurecedor, Ac. 2 cloro-epil e fosfotimo).
Os resultados das amostras de sangue para acetilcolinesterase: duas amostras
apresentaram valores na faixa normal; três amostras apresentaram discreta diminuição dos
valores normais, que não é significativa para efeito de intoxicação por inseticidas organofosfa-
rados e carbamatos.
A partir das entrevistas realizadas pela equipe de vigilância epidemiológica municipal,
não se conseguiu verificou fonte comum de alimentos, nem atividades de aglomeração de
público que pudesse representar um elo entre os pacientes. Foram coletadas nas Unidades de
Saúde, informações referentes aos 354 casos de pacientes que procuraram os serviços de
saúde como: nome do paciente, endereço, bairro, idade, ocupação e data dos primeiros
sintomas. Os dados foram digitados e tabulados, verificando-se que pela freqüência dos casos
(em percentuais) que a doença atingiu todas as faixas etárias, sendo o maior percentual na
faixa etária de 20 a 50 anos, conforme Tabela 2.
A distribuição de casos no tempo pode ser observada pela Figura 1, que indica o início
do surto no dia 23.03.98, com uma concentração maior de casos no dia 26.03.98, e uma
diminuição dos casos a partir desta data, sugerindo o esgotamento de pessoas suscetíveis. No
dia 30.03.98 houve um aumento de casos, provavelmente devido à contaminação pessoa-a-
pessoa.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 191
Na análise dos dados que antecederam ao dia 25.03.98, antes do pico do número de
casos, verificou-se a predominância da freqüência de casos, levando-se em conta a ocupação,
na faixa etária de 0 a 19 anos, classificada como menor, conforme Tabela 3.
Tabela 2 - Número e percentuais de casos de diarréia ocorridos em Pontal, por faixa etária, no
período de 09.03 a 02.04.1998
FAIXA ETÄRIA NÚMERO DE CASOS %
MENORES DE 01 ANO 15 4,24
01 A 04 ANOS 41 11,58
05 A 09 ANOS 29 8,19
10 A 14 ANOS 29 8,19
15 A 19 ANOS 32 9,04
20 A 29 ANOS 65 18,36
30 A 49 ANOS 76 21,47
50 ANOS E + 65 18,36
IGNORADO 2 0,56
TOTAL 354 100,00
Tabela 3 - Número e percentuais de casos de diarréia que antecederam o dia 25.03.1998 por
ocupação
OCUPAÇÃO
NÚMERO DE CASOS
%
Almoxarife 1 2,63
Aposentado 1 2,63
Auxiliar administrativo 1 2,63
Desempregado 1 2,63
Do lar 4 10,53
Doméstica 1 2,63
Estudante 1 2,63
Feitor 1 2,63
Guincheiro 1 2,63
Ignorado 8 21,06
Lavrador 2 5,26
Menor 15 39,48
Servente 1 2,63
Total 38 100,00
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 192
Figura 1 - Distribuição dos casos de diarréia em Pontal
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110N
úmer
o de
cas
os
09/mar
12/mar
18/mar
19/mar
23/mar
24/mar
25/mar
26/mar
27/mar
28/mar
29/mar
30/mar
01/abr02/abr
ignorado
dias
Casos de diarréia em Pontal - DIR-XVIII-Período 09/03 à 02/04/1998
Na análise do mapa com os casos plotados segundo área de influência dos poços de
abastecimento de água, observou-se a ocorrência de casos abrangendo toda a cidade.
Conclusões
Frente aos resultados dos exames de coprocultura realizados pelo Instituto Adolfo Lutz,
que isolou a bactéria Shigella flexneri na maioria das culturas realizadas, e esta ser proveniente
da ingestão de alimentos ou águas contaminadas, e tendo em vista que nas entrevistas
realizadas não foi detectado algum tipo de alimento comum e, considerando a ausência de
cloro residual e a presença de coliformes fecais na água do Sistema de Abastecimento Público,
há indícios de que o surto em questão foi de origem hídrica.
Ao município foi recomendado que tomasse medidas para diminuir a vulnerabilidade do
Sistema Público de Distribuição de Água, como: manter a rede de distribuição de água
pressurizada, manter a cloração exigida nas pontas de rede igual a 0,2 mg/l, melhorar as
condições do reservatório existente, cobrir o “Cisternão” para evitar penetração de corpos
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 193
estranhos, cumprir a Resolução SS-293/96, adequando a cloração e fluoretação das águas,
realizar análises mensais e semestrais da água e classificar e divulgar os resultados do
monitoramento da qualidade da água.
O município deverá também readequar suas equipes de Vigilância Epidemiológica e
Sanitária para investigação de surto, face à municipalização das ações em Saúde Pública.
Bibliografia consultada
1. Brasil. Portaria GM/36 de 19 de Janeiro de 1990. Diário Oficial da União de 23 de janeiro
de 1990. Brasília; 1990.
2. Hobbs BC, Roberts D. Toxinfecções e controle higiênico-sanitário de alimentos. São Paulo:
Ed. Varela;1999.
3. Sampaio AO. Prevenção da cólera: benefícios à saúde decorrentes das ações de
saneamento. São Paulo: CVS; 1991.
4. São Paulo. Resolução SS-293 de 25 de outubro de 1996. Diário Oficial do Estado de São
Paulo.
Endereço para correspondência: Claudia Ramos Cabral Coelho; DIR XVIII - Ribeirão Preto;
e-mail: [email protected] e [email protected].
____________________________________________________________________________
ESTATÍSTICAS - MORBIDADE POR FEBRE TIFÓIDE NO ESTADO DE SÃO PAULO
Figura 1 - Febre Tifóide - Casos confirmados autóctones, estado de São Paulo, 1960-2003*
0
100
200
300
400
500
600
700
800
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
Núm
ero
de C
asos
Fonte: DDTHA/CVE-SES-SP (*) 2003 - dados provisórios
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 194
DISCUSSÃO DE CASO
Investigação de um surto de diarréia em creche - Limeira, SP, 2002 Renata M. Ritti 1; Agnes Hanashiro1; Luiz Cláudio M. Alencar1; Tânia C. C Venditti1; Benvinda A. G. Vieira1; Nilo Furtado1; Maria Bernadete P. Eduardo2
1Curso de Especialização em Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmitidas por
Alimentos, Faculdade de Saúde Pública - USP, SP, Brasil
2Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, Centro de Vigilância Epidemiológica
- CVE/SES-SP, SP, Brasil
Resumo Em 13 de setembro de 2002, a direção da creche municipal de Limeira - SP notificou à vigilância epidemiológica do
município um aumento do número de crianças apresentando diarréia no dia anterior. Identificou-se um surto de diarréia
envolvendo 30 crianças e quatro funcionários da creche municipal. A investigação iniciou-se em 19 de setembro e se
baseou em vistoria ao local e entrevista com mães de crianças afetadas e funcionários da creche. Um estudo do tipo
caso-controle ou coorte retrospectiva ficou prejudicado em vista da idade das crianças e do tempo transcorrido após o
início dos sintomas. Os alimentos suspeitos foram: a carne e a sopa servidas na creche; porém, essas hipóteses não
puderam ser confirmadas laboratorial ou estatisticamente.
Palavras-chave: Surto de diarréia em creche; Doenças transmitidas por alimentos; Vigilância epidemiológica;
Investigação de surtos.
Introdução
A vigilância epidemiológica do município de Limeira, SP, foi notificada no dia 13 de
setembro de 2002 sobre a ocorrência de um surto de diarréia na creche municipal com início no
dia anterior. Esta creche dispõe de 48 funcionários e atende cerca de 290 crianças de 0 a 6
anos, as quais permanecem em período integral (7 às 17h) e recebem quatro refeições diárias
preparadas no local. Baseando-se nas informações prestadas pela enfermeira da instituição, a
vigilância identificou 30 crianças e quatro adultos (funcionários) envolvidos no surto.
Em 19 de setembro, a equipe do curso de Especialização em Vigilância Epidemiológica
dirigiu-se ao local para auxiliar nas investigações. Realizou-se uma vistoria na instituição e
entrevistou-se os funcionários e algumas mães dos alunos afetados.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 195
O artigo em questão tem como objetivo apresentar os resultados da investigação
realizada e comentar as dificuldades de esclarecimento de surtos quando não se deixa de
realizar a investigação epidemiológica em tempo oportuno.
Material e Método � Investigação epidemiológica
Considerou-se como caso todos os indivíduos que se alimentaram na creche no dia 11
de setembro e que apresentaram quadro diarréico no período de 48 horas subsequentes.
A equipe partiu das informações colhidas pela enfermeira e pela técnica de nutrição da
creche em relação às crianças afetadas e seus sintomas. Essas informações foram
complementadas com as fornecidas pelas monitoras das salas. Por ter se passado uma
semana após a ocorrência do surto, não foi possível entrevistar as crianças de faixa etária mais
elevada que poderiam contribuir com informações mais precisas sobre seu consumo de
alimentos no dia 11. A equipe também não teve acesso a todas as mães das crianças
afetadas, mas as entrevistas realizadas com algumas delas não acrescentaram novos dados
às investigações.
Em vista dos dados imprecisos e insuficientes, da ausência de análises laboratoriais
dos alimentos, do período de uma semana entre a ocorrência do surto e a visita ao local e pelo
fato desta ter ocorrido após a fiscalização realizada pela vigilância sanitária, a investigação
epidemiológica ficou bastante prejudicada.
Não foi possível o estudo de caso-controle ou coorte retrospectiva, por não se dispor
de dados relativos aos não expostos.
� Investigação sanitária
A equipe analisou os dados levantados pela vigilância sanitária que havia inspecionado
o local nos dias 12 e 13.09, bem como entrevistou as funcionárias responsáveis pelo preparo
das refeições que relataram os procedimentos empregados na manipulação dos alimentos.
� Investigação laboratorial
Foram colhidas apenas cinco amostras de fezes dos doentes, encaminhadas para o
laboratório do município, para testes bacteriológicos e para rotavírus. Não foram testadas para
parasitos. A vigilância sanitária não coletou amostras de alimentos, de água ou utensílios para
testes laboratoriais.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 196
Resultados e Discussão
Das 186 crianças que almoçaram no dia 11.09.02, 30 foram consideradas caso para o
surto, representando uma taxa de ataque de 16%. Dentre os 42 funcionários presentes no dia
11.09, 33 almoçaram sendo quatro considerados como caso, com uma taxa de ataque de
12%.
Os sintomas reportados foram diarréia com odor fétido e dor abdominal aguda em
100% dos casos, com febre em apenas um caso (3%). Não houve administração de
medicamentos na creche e nem a necessidade de internação hospitalar.
Os primeiros sintomas se iniciaram às 7:00h do dia 12.09. Considerou-se como
refeição suspeita o almoço, uma vez que os funcionários não tomam uma sopa servida na
parte da tarde. Dessa forma, calculou-se que o período de incubação variou de 15 a 30 horas
(Figura 1). A mediana do período de incubação foi de 26 horas e a moda de 27 horas com 10
casos (29,4%).
Figura 1 - Número de casos de diarréia entre crianças e adultos de uma creche, segundo período de incubação, Limeira, SP, 2002
0
2
4
6
8
10
12
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:30
21:00
22:00
22:30
23:00
23:30
24:30
:00
25:00
:00
26:00
:00
26:30
:00
27:00
:00
27:30
:00
28:30
:00
29:00
:00
30:00
:00
Período de incubação (horas)
Nº c
asos
Com base na curva epidêmica pode-se considerar a ocorrência de um surto epidêmico
causado por uma fonte comum, sendo que não havia registro de diarréias na semana anterior.
Os casos foram agregados por turma com as respectivas taxas de ataque (Tabela 1).
As crianças de 1 a 3 anos são servidas pelas monitoras. Já as de 4 a 6 anos (Pré 1, 2 e
3) servem-se sozinhas dos alimentos, o que dificulta a verificação precisa do que cada uma
consome. Os funcionários consomem a mesma refeição e em geral, a equipe da cozinha se
alimenta primeiro.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 197
A distribuição dos casos entre as crianças segundo a classe, mostrou uma maior taxa
de ataque nas que freqüentavam o Berçário 3 (Tabela 1). Entretanto, não foi possível
estabelecer uma associação entre o horário e local das refeições e a elevada taxa de ataque
desta classe.
As amostras clínicas de fezes coletadas foram negativas para bactérias
enteropatogênicas e rotavírus.
As instalações da creche encontravam-se em boas condições higiênicas e de
funcionamento. A higiene geral da cozinha foi considerada satisfatória e as funcionárias se
encontravam devidamente paramentadas.
Tabela 1 - Distribuição dos casos e respectivas taxas de ataque segundo classe
e funcionários, Creche municipal, Limeira, SP, 2002
Faixa N.º N.º pessoas Taxa de Classe
etária (anos) casos que almoçaram ataque (%) Berçário1 0 a 1 0 0* 0 Berçário 2 1 a 2 3 26 11,5 Berçário 3 2 a 3 15 32 47 Maternal 3 0** 29 0
Pré 1 4 5 27 18,5 Pré 2 5 2 47 4,2 Pré 3 6 5 48 10,4
Funcionários 21-50 4 33 12 Total 34 242 14
Fonte: Vigilância Epidemiologia de Limeira-SP
*refeição diferenciada
**dado não confirmado
As monitoras não puderam informar quais alimentos que cada criança consumiu
(inviabilizando o cálculo do risco relativo por alimento) ou de quantas apresentaram diarréia ou
outro sintoma e por quanto tempo. Da mesma forma, a técnica em nutrição ou de enfermagem,
por não estar presentes na data do surto, apresentaram dados vagos. Os dados coletados com
a equipe de manipuladoras de alimentos, pelo tempo decorrido, não contribuíram para o
esclarecimento do surto.
Dessa forma, as hipóteses de conclusão deste estudo foram geradas considerando
basicamente dados referentes aos sintomas predominantes, período de incubação e duração
da doença, alimentos envolvidos, taxas de ataque e infra-estrutura do local. A partir dessas
informações montou-se o fluxograma de produção das preparações e analisou-se os pontos
críticos (Figura 2). Em vista da falta de dados complementares e confiáveis, não foi possível
utilizar outros instrumentos epidemiológicos nesta investigação para implicar o alimento
suspeito.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 198
Temperatura ambiente
Batata, molho de tomate
Recebimento
Descongelamento
Pré-preparo
Cocção
Esfriamento
Distribuição nas mesas
Distribuição para as crianças
Armazenamento
Preparo da sopa
11/09- retira aparas, tempera
10/09- temperatura ambiente
10/09 – 10kg de carne bovina congelada em
cubos
Adição de outros
ingredientes
Temperatura ambiente
11/09- adição de outros
ingredientes e cocção
11/09- Temperatura ambiente
Figura 2 - Fluxograma de produção do picadinho de carne com batata em molho de tomate e sopa da
tarde
Como os casos foram apresentados distribuídos por todas as classes, não foi
considerado alguma influência da idade, classe, horário e local da refeição, mas uma fonte de
contaminação única.
Na análise do fluxo de produção das refeições, verificou-se que o preparo do almoço
inicia-se às 8:00 sendo finalizado às 10:00h. Após esse horário as preparações são mantidas
sob temperatura ambiente, sendo posteriormente porcionadas para serem servidas às 10:30 –
início do almoço. Os alimentos prontos permanecem em temperatura ambiente durante todo o
período do almoço e as sobras são reutilizadas no preparo da sopa do jantar.
O cardápio do dia 11.09 foi composto por: a) Café da manhã: leite branco (pó
reconstituído), pão tipo bisnaga; b) Almoço: arroz, feijão, salada de beterraba, picadinho de
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 199
carne bovina com batata ao molho de tomate; c) Merenda: banana in natura; d) Jantar: sopa
com arroz, picadinho (sobras do almoço) e cenoura.
Considerando as características de cada alimento e sua possível contaminação, tem-se
que: a) o pão tipo bisnaga industrializado é um alimento de baixo risco epidemiológico; b)
salada de beterraba cozida - geralmente não favorável à multiplicação microbiana, a não ser
que tenha havido falta de higiene no seu fatiamento após cocção, ou exposição prolongada em
temperatura ambiente; c) arroz e feijão - curto período de espera entre o final do preparo e o
consumo (máximo 2 horas) não suficiente para proliferação microbiana e a produção de
toxinas. Exceto as sobras de arroz adicionadas à sopa da tarde; d) banana in natura - alimento
de baixo risco epidemiológico; e) picadinho de carne com batata - o descongelamento da carne
realizado à temperatura ambiente por no mínimo 15 horas e a combinação de tempo x
temperatura pós-preparo tornam este alimento de alto risco epidemiológico propício para a
multiplicação microbiana; f) sopa - preparada com as sobras do arroz e do picadinho, apresenta
alto risco por não sofrer fervura, apenas sendo aquecida.
Assim, considerou-se que os alimentos de maior risco no episódio foram o picadinho e
a sopa da tarde e, pelas características clínicas do quadro apresentado, tempo de incubação e
outras variáveis epidemiológicas levantadas, que o agente etiológico possível, seria o
Clostridium perfringens, não testado pelo laboratório. As semelhanças entre as características
levantadas e a gastroenterite causada por este agente são apresentadas no Quadro 1, apenas
para discussão didática sobre a importância do quadro clínico como orientação e hipóteses
para a realização dos testes laboratoriais.
Quadro 1 - Comparação entre as características do surto e gastroenterite causada por
Clostridium perfringens
Características
Surto Limeira
Gastroenterite por C. perfringens
Período de incubação 26h 6-24h
Sintomas dor abdominal aguda, diarréia aquosa
dor abdominal, diarréia
Duração dos sintomas Cerca de 12h <24h
Carne bovina Preparações Alimentos envolvidos/
suspeitos em cubos cárneas
Desenvolvimento da toxina
descongelamento à temperatura ambiente,
carne cozida mantida em temperatura ambiente
descongelamento à temperatura ambiente, carne cozida mantida sob
temperatura entre 10º e 64ºC Conclusões
Segundo o CDC (1) para a confirmação de intoxicação por C. perfringens é necessário
o isolamento do organismo ou a demonstração da enterotoxina nas fezes de dois ou mais
doentes ou isolamento de 105org/g de alimento epidemiologicamente implicado no surto.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 200
Considerando a falta de dados laboratoriais necessários, além da ausência de
informações que permitissem a análise epidemiológica do surto, não foi possível a
comprovação das hipóteses geradas pela equipe quanto ao agente etiológico e aos alimentos
suspeitos.
Neste surto foram identificadas algumas limitações e procedimentos que prejudicaram
sua investigação, sendo as principais: a) perdas de casos envolvidos no surto; b) uso de
informações prestadas indiretamente à equipe ou por pessoas que não acompanharam todos
os casos ocorridos no dia; c) falta de informações precisas quanto ao total de pessoas
presentes na creche no dia da refeição suspeita; d) a colheita de exames de amostras de fezes
ficou restrita a um número insuficiente de casos, tendo sido detectada falha no seu
encaminhamento ao laboratório de análise, e não realização de testes para alguns agentes
etiológicos compatíveis com o quadro clínico apresentado; e) ausência de amostras de
alimentos para análises laboratoriais; f) ausência de dados das crianças não presentes na
creche, no dia 12, que poderiam ser casos; g) o intervalo de tempo entre a ocorrência do surto
e o início da investigação limitou a acesso às informações e comprometeu a investigação
epidemiológica; h) ausência de registros adequados na creche e não valorização dos
responsáveis quanto à importância de se acompanhar e registrar o consumo alimentar de cada
criança ou de se conhecer seus hábitos alimentares.
O trabalho apresentado é o resultado de uma investigação de um surto de diarréia
ocorrido em uma creche, que apesar de ter sido notificado, imediatamente, pela diretoria da
creche, ao nível local, não foi investigado em tempo oportuno. Sua divulgação tem o objetivo
de alertar as equipes municipais de que a inspeção sanitária, em geral, não é suficiente por si
só, para esclarecer um surto. Também tem o objetivo de enfatizar que a investigação
epidemiológica, incluindo informações através de entrevistas com doentes e não doentes ou
seus responsáveis, sobre quais alimentos foram consumidos ou não, acompanhada de
investigação laboratorial adequada (coleta de pelo menos 10 amostras de pacientes doentes e
com indicação ao laboratório, de quais testes devem ser realizados, em função do quadro
clínico e análise de sobras dos alimentos consumidos), é de fundamental importância para
determinar a causa de surtos e para a tomada de medidas corretas.
Bibliografia referenciada e consultada 1. Center of Diseases Control and Prevention/CDC. Appendix B - Guidelines for Confirmation
for Foodborne Disease Outbreaks. MMWR 1996; 45(SS-5);58-66. Available at
http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/0044239.htm
2. Jay JM. Modern food microbiology. 6th ed. Maryland: Aspen Publication; 2000.
3. Organização Pan Americana da Saúde/OPAS. HACCP: instrumento essencial para a
inocuidade de alimentos. Buenos Aires: OPAS/INPPAZ, 2001.
Endereço para correspondência: Renata M. Ritti; e-mail: [email protected]
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 201
COMENTÁRIOS
Surto alimentar ocorrido no município de São João da Boa Vista, SP - Janeiro de 2002
Luciana Yonamine¹ ¹Curso de Aprimoramento Profissional em Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por
Alimentos - IV Turma, Ano 2003, da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar -
DDTHA/CVE
Resumo
Em 01 de abril de 2002, o município de São João da Boa Vista, SP, notificou à DDTHA/CVE um surto de
diarréia envolvendo quatro pessoas de uma mesma família, ocorrido em janeiro de 2002. Os alimentos suspeitos foram
adquiridos através de um "marmitex", contendo arroz, peru, leitoa, lingüiça, carne de vaca, chester e “tutu de feijão”,
comprado em um restaurante da cidade e consumido no domicílio. Este trabalho tem como objetivo divulgar os
achados desta investigação e comentar as dificuldades e lacunas encontradas na investigação, a partir da análise do
relatório enviado pela equipe local e da discussão do episódio, bem como sistematizar os resultados para divulgar a
metodologia de investigação e incentivar as equipes locais a publicar suas investigações.
Palavras-chave: Surto de diarréia; Doenças transmitidas por alimentos; Vigilância epidemiológica; Investigação
de surtos.
Introdução
Em 01 de abril de 2002, a Vigilância Epidemiológica do município de São João da Boa
Vista, SP, notificou à DDTHA/CVE um surto de diarréia envolvendo quatro pessoas, membros
de uma mesma família em que todos adoeceram, ocorrido em 01.01.02. Os alimentos
suspeitos, adquiridos de um “marmitex”, eram arroz, peru, leitoa, lingüiça, carne de vaca,
chester e “tutu de feijão” que segundo os doentes, apresentava–se azedo. O “marmitex” foi
comprado em um restaurante da cidade e consumido no domicílio.
Por ocasião desta comunicação, a Vigilância Sanitária local realizou uma vistoria no
local de produção do “marmitex” (restaurante), observando que o estabelecimento não
apresentava boas condições de higiene. O relatório não informava sobre os resultados da
investigação epidemiológica, o que foi solicitado imediatamente pela DDTHA/CVE à Regional
de Saúde.
Este trabalho tem como objetivo divulgar os achados desta investigação, bem como,
comentar as dificuldades e lacunas, freqüentemente enfrentadas em investigações desta
natureza. É finalidade também, sistematizar os achados com vistas a divulgar a metodologia de
investigação e incentivar as equipes locais a publicar suas investigações.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 202
Material e Método
Este trabalho é um resumo feito a partir da análise do relatório final enviado pela
Vigilância Epidemiológica do município de São João da Boa Vista, SP, e da discussão dos
casos com a equipe que investigou o surto.
Resultados e Discussão
A Vigilância Epidemiológica informou que o “marmitex” foi consumido no dia 01.01.02,
durante o almoço, por quatro pessoas da família. Foram servidos os seguintes alimentos: arroz,
peru, leitoa, lingüiça, carne de vaca, chester e “tutu de feijão”. Os quatro doentes procuraram
atendimento ambulatorial em um mesmo hospital e evoluíram para a cura. Todos os quatro
comensais foram entrevistados.
Com base nos dados obtidos verifica-se a seguinte distribuição dos pacientes segundo
os sintomas apresentados (Tabela 1):
Tabela 1 - Distribuição dos pacientes segundo os sintomas apresentados
Sintomas Número % Diarréia 4 100,0 Febre 2 50,0
Vômitos 4 100,0 Náuseas 4 100,0
Fonte: Relatório de Investigação de Surto de DTA (formulário 05)
Todos os pacientes apresentaram os primeiros sintomas cerca de 1 hora e meia após a
ingestão dos alimentos.
A distribuição dos casos segundo a faixa etária foi a seguinte (Tabela 2):
Tabela 2 - Número e percentuais de casos do surto segundo a faixa etária e coeficientes de
incidência por faixa etária*
FAIXA ETÁRIA N º CASOS % N º COMENSAIS
COEF. INC.* (%)
10 a 19 anos 2 50,0 2 100,0 20 a 49 anos 2 50,0 2 100,0
Total 4 100,0 4 100,0 Fonte: Inquérito Coletivo de Surto de DTA (formulário 03)
(*) Coef. Inc. = coeficientes de incidência em percentuais.
A distribuição dos casos segundo o sexo pode ser observada pela Tabela 3:
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 203
Tabela 3 - Número e percentuais de casos do surto segundo o sexo e coeficientes de
incidência por sexo*
SEXO N º CASOS % N º COMENSAIS
COEF. INC.* (%)
Feminino 2 50,0 2 100,0 Masculino 2 50,0 2 100,0
Total 4 100,0 4 100,0 Fonte: Inquérito Coletivo de Surto de DTA (formulário 03)
(*) Coef. Inc. = coeficientes de incidência em percentuais.
Neste episódio, não foram coletada amostras de fezes e ou outros exames. Não foi
feito um levantamento entre os consumidores de "marmitex" do referido restaurante, para
detecção de outros casos similares na cidade, além da família envolvida. Também não foi feito
um inquérito detalhado sobre se todos comeram de todos os tipos dos alimentos contidos no
marmitex.
É importante que se indague o que cada um ingeriu. Para cada tipo de alimento, pode
ser obtida a seguinte distribuição dos comensais - doentes e não doentes, por alimento
consumido e respectivos indicadores: taxas de ataque (TA), risco relativo (RR) e risco atribuível
(RA)(Quadro 1). Não foi possível calcular os indicadores por falta desses dados
Quadro 1 - Taxas de Ataque, Risco Relativo e Risco Atribuível para cada alimento suspeito Almoço 01/01/03 12:30 h Domicílio Consumiram o alimento Não consumiram o alimento
Alimento Doentes Sadios Total TA (%) Doentes Sadios Total TA (%) RR RA
Arroz Tutu de feijão
Lingüiça Chester Leitoa
Peru Carne de
vaca
(formulário 04)
O critério de confirmação de ocorrência de surto foi o clínico epidemiológico, através de
informações dos pacientes, levando-se em consideração a descrição de que o "tutu de feijão"
estava azedo e que todos adoeceram ao mesmo tempo, ou seja 1 hora e meia após a ingestão
do "marmitex".
Foi realizada uma inspeção no estabelecimento comercial que vendeu o “marmitex”, e
segundo os relatórios da vigilância sanitária, o local apresentava precárias condições de
higiene no momento da vistoria. Não foram coletadas amostras de alimentos.
A Vigilância Sanitária do município orientou o estabelecimento para realizar uma
limpeza geral e fazer reparos na cozinha, segundo consta o relatório. No relatório final associa-
se o diagnóstico dos pacientes à doença veiculada por alimento.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 204
Conclusões
A falta de dados mais detalhados mostra que a investigação epidemiológica não se
ateve aos detalhes necessários para a implicação do alimento suspeito, embora, os alimentos
no "marmitex" pudessem, por estar acondicionados em um mesmo recipiente, estar todos
contaminados. Não foram realizados exames laboratoriais em pacientes e nem colhidas
amostras dos alimentos envolvidos. A não solicitação de coproculturas pelos médicos a seus
pacientes, com história alimentar comum, participantes de surto, indica a necessidade de maior
conscientização desses profissionais em relação às doenças transmitidas por alimentos. Este
tem sido um grande problema que dificulta o esclarecimento de surtos quanto a sua etiologia -
a falta de coleta ou a coleta de um número suficiente de amostras de fezes dos pacientes
envolvidos em surtos. Recomenda-se que sejam coletadas amostras de, no mínimo, 10
pessoas doentes em um surto (1).
Outro problema é a notificação ou envio tardios dos dados de surtos ao nível central, o
qual poderia estar assessorando tecnicamente, e em tempo oportuno, a investigação em nível
local e colaborando para que as causas fossem esclarecidas.
Vale comentar ainda, sobre os alimentos suspeitos que, carnes bovinas, suínas ou de
aves, aparecem como causadores de surtos em importante proporção, segundo os dados de
surtos de doenças transmitidas por alimentos (2) no estado de São Paulo. Por outro lado, o
feijão "azedo" relatado pelos comensais, as más condições de higiene do restaurante (e outros
erros prováveis na preparação dos alimentos), bem como, o tempo de incubação curto,
sugerem que pode ter sido o Bacillus cereus (sua toxina), o agente causador do surto.
A investigação de surtos deve ser aprimorada e ao incriminar um produto, deve
rastrear sua procedência, a forma de preparo e de consumo do alimento. A investigação
epidemiológica em questão, apesar de lacunas e da dificuldade em estabelecer o diagnóstico
etiológico, chama a atenção para os alimentos quanto ao local e sua forma de preparação,
para a possibilidade de contaminação por patógenos e para a necessidade de maior
conscientização dos manipuladores de alimentos quanto aos erros na cozinha e danos que
podem provocar à saúde da população. Também mostra a necessidade de se alertar os
médicos quanto à importância da coleta de exames e da notificação imediata à vigilância
epidemiológica quando da ocorrência de surtos devido a alimentos.
Além disso, durante a investigação, deve-se orientar os envolvidos para que guardem
as sobras dos alimentos suspeitos sob refrigeração até o momento de sua coleta pela vigilância
e envio ao laboratório. Cabe destacar ainda, a necessidade de que a Vigilância Sanitária alerte
os restaurantes para que guardem amostras de seus alimentos preparados, até 72 horas, e sob
devida refrigeração, conforme determina a legislação vigente, pois essa medida pode permitir,
junto aos dados obtidos na investigação epidemiológica, a análise dos alimentos, verificando se
foram eles que causaram ou não o surto.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 205
Caso você queira acrescentar ou corrigir algum dado sobre este surto ou comentar
aspectos deles escreva para [email protected], indicando no e-mail, em Assunto:
“Comentários para o REV NET DTA“.
Referências bibliográficas 1. CDC. Appendix B - Guidelines for Confirmation for Foodborne Disease Outbreaks. MMWR,
45(SS-5);58-66, Oct. 25 1996. Available at
http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/0044239.htm
2. CVE. Informe Net DTA - surtos de DTA de 1995 a 2001. DDTHA/CVE/SES-SP. São Paulo,
Brasil, 2002. Disponível em http://www.cve.saude.sp.gov.br <doenças transmitidas por
alimentos><dados estatísticos>.
____________________________________________________________________________
Política Editorial
A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA tem como
objetivo promover o desenvolvimento e a divulgação de estudos e a compreensão de fatores envolvidos na
transmissão de doenças veiculadas por alimentos e, assim, contribuir para sua prevenção, redução ou eliminação.
Com um escopo voltado para a epidemiologia, vigilância e clínica das doenças infecciosas veiculadas por alimentos
(incluída a água), são aceitas as contribuições de profissionais de saúde pública, da economia, demografia, ciências
sociais e outras disciplinas, da universidade, da área médica, da indústria e comércio, etc.. Dúvidas sobre a adequação
de artigos propostos podem ser dirimidas junto ao Editor nos telefones 55 11 3081-9804, 55 11 3066-8258 (Fax) ou por
e-mail: [email protected].
A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA é publicada em
português e inglês e destaca os seguintes tipos de artigos: resultados de estudos/pesquisas de natureza empírica,
observacional, experimental ou conceitual, revisões históricas e políticas, discussão de casos (p. ex., investigação de
surtos), estatísticas epidemiológicas, comentários, notas científicas e outros eventos. Propósitos e requisitos para cada
tipo de artigo seguem descritos, em detalhe, abaixo. Informações sobre a aceitação e publicação serão enviadas por
fax aos autores, tão breve quanto sejam resolvidas e editadas.
____________________________________________________________________________ Instruções aos autores
A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA adota normas
do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, conforme o documento "Requisitos Uniformes para
Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos publicado no New England Journal of Medicine 1997;336:309-16 e
disponível em inglês , da URL: http://www.icmje.org/index.html, e em português, no Informe Epidemiológico do
SUS 1999; 8(2):5-16, que podem ser consultados para informações mais detalhadas sobre o preparo de manuscritos.
Os manuscritos devem ser endereçados exclusivamente à REVNET DTA. Não serão aceitos textos (incluídas, figuras
ou tabelas) apresentados simultaneamente a outras revistas, com exceção de resumos ou registros preliminarmente
publicados em encontros científicos ou eventos similares.
Preparação do manuscrito: os artigos serão aceitos em português e inglês. Para o processamento de palavras utilizar
o MS Word. Inicie cada seção em uma nova página e nesta ordem: página do título, resumo/abstract, palavras-chave,
texto, agradecimentos, breve currículo do autor principal, referências, tabelas, figuras e apêndices. Os originais
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 206
deverão ser apresentados em espaço duplo, fonte Times New Roman, tamanho 12, em 3 vias impressas e uma cópia
em disquete 3,5 " e remetidos para o endereço da Revista - Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e
Alimentar/CVE SP - Av. Dr. Arnaldo, 351 - 6º andar - sala 607, São Paulo, SP, CEP 01246-000. O arquivo do texto em
MS Word, acompanhado de figuras e tabelas (quando for o caso), pode ser enviado por e-mail como arquivo anexado
para: [email protected]).
Na página de rosto devem constar título completo e título corrido do artigo, em português e inglês, nome (s) por
extenso dos autores e graduação, nome da (s) respectiva (s) instituição (ões), com endereço completo de todos os
autores (inclusive, telefone, fax e e-mail). Indicar para qual autor as correspondências devem ser enviadas. Incluir o
nome da instituição financiadora, caso o projeto tenha recebido subsídios. A inclusão de nomes de autores
imediatamente abaixo do título de artigos é limitada a 12; acima deste número, os autores devem ser listados no
rodapé da primeira página.
Os resumos em português e inglês e as palavras-chave e título não são contados no total de palavras do texto. Os
tamanhos do resumo e do corpo do texto estão especificados em cada tipo de artigo.
Incluir até no máximo 10 palavras-chave, nos idiomas português e inglês, de acordo com os termos listados no
"Medical Subject Heading Index Medicus".
Para as referências bibliográficas utilize algarismos arábicos, em numeração consecutiva de ordem de aparecimento
(incluindo texto, figuras e tabelas). A listagem final dos autores deve seguir a ordem numérica do texto, ignorando a
ordem alfabética de autores. Liste até os primeiros seis autores; quando ultrapassar este número utilize a expressão et
al. Comunicações pessoais, trabalhos inéditos, dados não publicados ou trabalhos em andamento, se citados, devem
constar apenas do texto e entre parêntesis. Não cite referências no resumo/abstract. Não use notas de rodapé para
referências. A precisão das referências listadas e a correta citação do texto são de responsabilidade do autor do
manuscrito.
Consulte o documento "List of Journals Indexed in Index Medicus" para abreviações aceitas; caso o jornal não esteja
listado, escreva o título por extenso. Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura zoológica e
botânica e outras abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
As tabelas e figuras devem ser criadas dentro do MS Word e devidamente numeradas, consecutivamente com
números arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. Fotografias, tabelas e gráficos, devem ser enviados
em páginas separadas, e ter padrões de boa qualidade que permitam sua reprodução em outras dimensões. Figuras
que apresentam os mesmos dados de tabelas não serão publicadas. Nas legendas de figuras, os símbolos, flechas,
números, letras e outros sinais devem ser identificados e seus significados devem ser claros. Para figuras tomadas de
outras publicações, os autores devem obter permissão por escrito para reproduzi-las. Estas autorizações devem
acompanhar os manuscritos apresentados para publicação.
Para a apresentação do manuscrito inclua uma carta indicando a categoria de artigo em que pleiteia a publicação
(pesquisa observacional, conceitual, revisão histórica, notas científicas, etc.).
Os artigos devem ser apresentados em português, acompanhados, preferencialmente, de uma versão completa em
inglês.
Agradecimentos às contribuições de pessoas que colaboraram intelectualmente para o trabalho, revisão crítica da
pesquisa envolvida, coleta de dados e outros que não se incluem como autores, devem aparecer na seção
Agradecimentos. É necessário informar que estas pessoas expressaram seu consentimento para esse tipo de citação.
Agradecimentos às instituições financiadoras e ou que forneceram outro tipo de suporte podem ser incluídos nesta
seção.
Tipos de artigos Estudos/Pesquisa: artigos sobre resultados de estudos/pesquisas de natureza empírica, observacional, experimental
ou conceitual, devem ter de 1.500 até no máximo 3.500 palavras, incluídas as referências, que não devem exceder a
40. Recomenda-se o uso de subtítulos no corpo principal do texto, assim como ilustrações, gráficos, tabelas e
fotografias. O Resumo/Abstract deve ter no mínimo 150 e no máximo 250 palavras.
Revisão histórica e política: revisões históricas e políticas abrangendo políticas de saúde, programas e sistemas de
vigilância, devem ter no máximo 5.000 palavras, incluídas as referências, que não devem exceder a 50. Recomenda-se
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 207
o uso de subtítulos no corpo principal do texto, assim como ilustrações, gráficos, tabelas e fotografias. O
Resumo/Abstract deve ter no mínimo 150 e no máximo 250 palavras.
Discussão de caso: apresentação de investigação epidemiológica ou de outras ações programáticas desenvolvidas
para o controle e prevenção das doenças transmitidas por alimentos e segurança de alimentos, com discussão crítica
dos resultados, limitações, medidas tomadas e outras recomendações (p. ex., discussão de investigação de surto,
programas de monitorização da doença diarréica aguda, ações de saneamento e meio ambiente, ações de vigilância
sanitária, regulamentos introduzidos, programas educativos, etc.). Deve ter de 2.000 até no máximo 3.500 palavras,
incluídas as referências, que não devem exceder a 40. Recomenda-se o uso de subtítulos no corpo principal do texto,
assim como ilustrações, gráficos, tabelas e fotografias. O Resumo/Abstract deve ter no mínimo 150 e no máximo 250
palavras.
Estatísticas: apresentação e discussão sumária de estatísticas epidemiológicas de relevância no controle das doenças
transmitidas por alimentos e de ações relacionadas.
Comentários: apresentação de notificações ou achados de estudos e/ou investigações epidemiológicas ou outras
ações programáticas na área, submetendo-se à discussão e comentários feitos pelos editores ou especialistas
convidados. Devem ter no máximo 1.000 palavras.
Notas científicas/cartas: apresentação de dados preliminares ou comentários sobre artigos publicados. Devem ter no
máximo 1.000 palavras e não comportam subdivisões em seções, nem figuras ou tabelas. Referências (não mais que
10) podem ser incluídas.
Eventos: aceitam-se divulgações de eventos científicos como simpósios, conferências, congressos e similares, bem
como, sumários de conferências, propósitos de encontros, anais, etc., relacionados às doenças transmitidas por
alimentos e à segurança de alimentos. Informações complementares
Estrutura do artigo: os artigos devem seguir a estrutura convencional: introdução, material e métodos, resultados e
discussão, embora outros formatos, de acordo com a temática, possam ser aceitos. A introdução deve ser curta,
definindo o problema estudado, declarando brevemente a importância do trabalho e salientando suas contribuições ao
conhecimento técnico-científico do tema em questão. Os métodos empregados, a população de estudo, as fontes de
dados e o critério de seleção, entre outros, devem ser descritos clara e completamente, e de forma concisa. Em
resultados, limitar-se à descrição dos resultados alcançados, sem incluir comparações ou interpretações. O texto deve
ser complementar e não repetitivo do que está descrito em tabelas e figuras. Na discussão, além de acrescentar as
limitações do estudo, devem ser apresentadas as comparações com outros achados na literatura, a interpretação dos
autores, suas conclusões e perspectivas para estudos e futuras pesquisas.
Autoria: o conceito de autoria é baseado na substancial contribuição de cada uma das pessoas listadas como autores,
relacionados com o conceito do projeto de pesquisa, análises e interpretação de dados, revisão crítica e escrita.
Manuscritos com mais de seis autores devem ser acompanhados por uma declaração especificando a contribuição de
cada um. Nomes que não cabem dentro desses critérios devem figurar em Agradecimentos. Critérios para aceitação do manuscrito: os manuscritos submetidos à revista REVNET DTA que estiverem de
acordo com as "instruções aos autores" e que estão em acordo com a política editorial serão enviados, para seleção
prévia, aos editores associados e/ou editores revisores. Cada manuscrito será submetido a três referências de
reconhecida competência no respectivo campo. O anonimato é garantido no processo de julgamento. A decisão com
respeito a aceitação é tomada pelo corpo editorial. Cópias com opiniões ou sugestões feitas pelos editores
associados/revisores serão enviadas aos autores, visando-se a troca de idéias e o aprimoramento do artigo, caso seja
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 208
necessário. Em cada artigo serão indicadas as datas do processo de arbitragem, incluindo-se as datas de recepção e
aprovação.
Manuscritos rejeitados: manuscritos que não forem aceitos não retornarão, a menos, que sejam reformulados por
seus autores e re-apresentados, iniciando-se um novo processo. Nós encorajamos todos a participar da revista e
estamos à disposição dos autores para esclarecer os critérios de publicação.
Manuscritos aceitos: cada manuscrito aceito ou condicionalmente aceito, com sugestões de alterações, voltará para o
autor para aprovação das alterações que podem ter sido feitas para a necessária compatibilização ao processo de
edição e estilo do jornal.
Princípios éticos: quando as pesquisas/estudos envolvem seres humanos, a publicação de artigos com seus
resultados está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos internacionais e da legislação nacional vigente. Tais
artigos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento, incluída na seção de material e métodos do artigo.
Uma carta indicando o cumprimento integral dos princípios éticos e da legislação vigente, devidamente assinada por
todos os autores, assim como, uma cópia de sua aprovação junto à Comissão de Ética deve ser enviada junto com o
artigo.
_______________________________________________________________________________________________
Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos Política de Correções: A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos almeja divulgar seus artigos sem erros. Caso algum erro ainda persista quando já disponível eletronicamente, seu corpo editorial:
1. Realiza as correções o mais rápido possível assim que toma conhecimento dos erros; 2. Publica as correções online no artigo divulgando uma nota de que o mesmo foi corrigido, assim como, a data
da correção. Para outras informações sobre correções, envie e-mail para [email protected] ______________________________________________________________________________________________
Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar - DDTHA-CVE/SES-SP 01.09.2003
Equipe técnica: Maria Bernadete de Paula Eduardo - Coordenação geral Elizabeth Marie Katsuya Joceley Casemiro Campos Maria Lúcia Rocha de Mello Mônica T. R. P. Conde Nídia Pimenta Bassit Dalva Maria de Assis - estagiária SES/FUNDAP/Ano 2003 Luciana Yonamine - estagiária SES/FUNDAP/Ano 2003 Maria Lúcia Vieira S. César - estagiária SES/FUNDAP/Ano 2003
OBS: este número foi revisado por Bruno Rocha Martins, estagiário SES/FUNDAP/Ano 2004, para adaptação ao novo formato eletrônico da revista, em novembro de 2004.
REVNET DTA . Vol. 3, No. 5, Setembro 2003 209